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GEOGRAFIA REGIONAL: CONCEITOS BÁSICOS, ZONALIDADE VERTICAL E

HORIZONTAL

O Módulo de Geografia Regional I, debruça-se sobre a regionalização do planeta


terra em continentes, tendo em conta os critérios físicos – geográficos,
nomeadamente o climático, geológico, geomorfológico, hidrográfico, a
vegetação, entre outros.

A Geografia Regional enquadra-se na Geografia Geral, com a especificidade de


apresentar os critérios de regionalização quer seja natural quer seja
socioeconómica, analisar os diversos factores que concorrem na ocorrência da
heterogeneidade ou homogeneidade entre diversos espaços geográficos. O
presente capitulo apresenta noções básicas dos conceitos de geografia regional,
região, região natural, região económica. Estabelece-se também a relação
existente entre a geografia regional com outras áreas de saber cientifico. Faz-se
menção dos tipos de zonalidade, a vertical e a horizontal e os factores
associados.

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A Relação entre a Geografia Geral e Geografia Regional

A Geografia constitui um corpo metodológico de estudo de leis da distribuição de


fenómenos físicos naturais e humanos. A Geografia Geral produz explicações
universais. A investigação geográfica geral visa à produção de teorias sobre
fenómenos espaciais utilizando métodos científicos.

Geografia Regional – ramo da Geografia que se ocupa nas estratégias de estudo


da origem, evolução e dinâmica das partes específicas da superfície terrestre.
Emerge da aplicação das teorias da Geografia geral no estudo de espaços
específicos, baseando-se no pressuposto de que as leis geográficas ou os
processos geográficos estudados interagem de diferentes maneiras nas diferentes
partes do globo terrestre produzindo regiões com características específicas e
repetitivas na superfície terrestre.
Existe uma ligação dialética entre a Geografia Geral e a Regional. Para a
descoberta de leis gerais, a Geografia Geral necessita de acumular factos ou
dados empíricos a partir dos dados regionais, ou seja, a partir de estudos
regionais. Mas por outro lado, as características das regiões só possuem
significado científico se forem articulados com alguma teoria da geografia geral.

Um exemplo concreto é a teoria das mudanças ambientais globais que só é


possível ganhar validade científica com a acumulação de evidencias sistemáticas
ao nível das regiões, por exemplo, no que respeita ao clima deve-se acumular
evidencias de anomalias de precipitação em diferentes países ou regiões de modo
a construir teoria sobre mudanças ambientais globais através da generalização
dos resultados a uma escala planetária.

Temas de Actualidade em Geografia Regional

Os temas de actualidade em Geografia Regional visam a apreender as novas


tendências da evolução das regiões. Estas tendências podem explicação
predominantemente física ou económica.

Na actualidade dois conceitos explicativos são mais aplicados nomeadamente:

1. Mudanças ambientais globais, no sentido de explicar as tendências das


mudanças físicas; e
2. A globalização para explicar as tendências de mudanças induzidas pelo
homem.

As mudanças ambientais globais têm como factor principal o aquecimento que


altera os ritmos dos processos naturais provocando sempre surpresas e
imprevisibilidade nos processos naturais enquanto que a globalização tem como
resultado a uniformização dos componentes e a constante incapacidade de
controlar os processos económicos, sociais e culturais.

Os temas de actualidade em Geografia regional estudam as particularidades de


nível micro de cada região. Envolvem estudos cibernéticos, sistemas que podem
ser estudados pela informática no ponto de vista do seu maneio. Incidem no realce
da contraposição à tendência para a uniformização resultante da globalização e da
artificialização da vida.

Os temas de actuadade surgem também na perspetiva de busca de soluções face


a extensão das espécies causadas tanto pela Acão humana ou pelas mudanças
climáticas.

Regiões Naturais e os Objectivos do seu Estudo

As regiões naturais na linguagem biológica e ecológica são ecossistemas, ou


seja, são manifestações da biodiversidade e da geodiversidade na medida em que
proporcionam condições específicas para o desenvolvimento dos seres vivos.

O conhecimento de regiões naturais é de extrema importância na planificação do


desenvolvimento económico e sustentável de países, por isso, é necessário
proceder a regionalização dos países e de territórios de modo a estudar de
forma aprofundada as suas potencialidades de modo a utilizar cada território
de acordo com as suas as suas vocações.

Dada a influencia predominante das regiões naturais na vida humana, as


motivações, os objetivos do estudo das paisagens são diversos. Existem
motivações económicas, científicas que tem como objectivo de perceber as
especificidades da evolução da superfície terrestre, das especificidades da
contribuição de cada elemento da paisagem na evolução do conjunto e na
dinâmica do conjunto e das partes.

O estudo também tem como objectivo a avaliação dos recursos naturais, ou seja,
a quantificação dos recursos naturais existentes em cada região. Exemplo: áreas
cultiváveis, áreas de pastagens, etc. Também pode se estudar para efeitos de
conservação do património a diferentes níveis. O estudo das regiões é importante
para a educação ambiental pois revela-nos o carácter único da biosfera.
ZONALIDADE GEOGRAFICA

A zonalidade é a base de surgimento de de novas regiões geográficas. Uma das


características da Geografia Regional é o estudo da zonalidade, ou seja, estudo
das mudanças das características físico geográficas em algumas partes da
superfície terrestre. Um dos percursores da zonalidade foi o Duktchaev ao
descobrir que os solos da Rússia distribuíam-se em faixas paralelas ao equador e
que as suas características manifestavam as características do clima.

A existência de regiões geográficas, defendida pela geografia regional, resulta da


harmonia entre as condições naturais, as heranças históricas e a criação humana,
daí resultando um espaço com características individualizadas e únicas.

As regiões geográficas apresentam uma certa hierarquia. As de nível taxonómico


mais elevado são caracterizadas por uma elevada complexidade enquanto que
as regiões geográficas de nível taxonómico mais baixo são caracterizadas por
uma elevada homogeneidade ou uniformidade.

A zonagem geográfica subdivide-se em zonagem geográfica física e económica


ou humana.

 A física permite identificar e delimitar regiões naturais. Cada região natural


corresponde a uma paisagem característica que a expressão exterior ou a
panorâmica da região.
 A económica ou humana identifica e delimita regiões económica que são
espaços com uma identidade própria quanto a processos humanos. Em
alguns casos há uma coincidência de regiões naturais com as económicas
devido a influência determinante das condições naturais na formação das
regiões naturais.

A zonagem geográfica subdivide-se também em zonagem simples e complexa.

 A zonagem simples permite identificar e delimitar limites de ocorrência de


elementos das regiões e das paisagens.
 A zonagem complexa identifica espaços homogéneos quanto a combinação
de elementos, existindo elementos determinantes.

Esta estabelecido que as regiões naturais a nível planetário têm como factor
principal o clima enquanto os níveis intermédios têm como factor principal a
geodinâmica interna e as condições geológicas. As regiões de nível mais baixo
possuem como factor principal o relevo e a drenagem onde a geodinâmica interna
desempenha um papel importante.

As zonas climáticas e os biomas possuem uma distribuição em faixas contínuas


abraçando todo o globo terrestre ao longo dos paralelos. Por exemplo, em relação
aos biomas, do equador aos polos encontramos a floresta equatorial, savana,
desertos, floresta subtropical, deserto temperado, estepes temperados, floresta de
folha caduca temperada, taiga ou floresta conífera, tundra, neve perpétua.

Zonalidade Vertical e Horizontal

A zonalidade horizontal latitudinal ou planície é reflexo do carácter zonal da


distribuição da energia solar. Do equador para os polos diminui a intensidade da
radiação solar. Entretanto a precipitação não diminui uniformemente do equador
aos polos. Existem faixas de alta pressão com baixa precipitação e faixas de baixa
pressão com elevada precipitação.

Para além da zonalidade horizontal ou de planície manifesta-se na superfície


terrestre a zonalidade vertical ou de montanha que se manifesta da mudança das
características do sopé da montanha até ao cume. As zonas climáticas nas
montanhas dependem da localização geográfica dessa região montanhosa.
Depende também da altitude máxima dessa região montanhosa.

Na zonalidade vertical encontramos o mesmo tipo de zonas climáticas e biomas


de zonalidade horizontal, sobrepostas de sopé ao cume. Na parte mais elevada da
zonalidade vertical, devido a diminuição da temperatura com a altitude
encontramos zonas climáticas e biomas de altas latitudes. Por exemplo, no monte
Kilimanjaro, no seu topo coberto de neve e gelo, constitui uma representação das
zonas polares da zonalidade horizontal.
Para além da zonalidade vertical existe também a zonalidade longitudinal, a
mudança de condições naturais ao longo dos meridianos. Esta zonalidade deve-se
ao facto dos continentes serem banhados por duas costas oceânicas (oriental e
ocidental).

Ao longo dos meridianos modificam geralmente os índices de humidade e de


precipitação provocando uma mudança no tipo de clima e de vegetação do litoral
para o interior. A interação das diferentes zonalidades (vertical, horizontal e
longitudinal) provoca um quadro complexo de regiões naturais na superfície
terrestre. Cada região natural, com potencial específico de condições e de
recursos naturais.

As condições naturais são objecto, forças, situações e propriedades da natureza


que podem facilitar ou dificultar as actividades humanas para a satisfação das
necessidades materiais e espirituais. Enquanto que os recursos naturais são as
mesmas forças, objectos, situações, propriedades da natureza que o Homem
utiliza directamente na satisfação das suas necedades materiais e espirituais.

No processo de regionalização, podem ser aplicados diversas variáveis e que a


sua seleção depende dos objectivos a alcançar. No contexto da regionalização
física pode-se recorrer a solos, relevo, clima, geologia, etc. neste contexto, as
regiões serão definidas tendo em conta a homogeneidade ou a predominância do
elemento ou características em referencia

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