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As ideias de igualdade remontam desde as discussões filosóficas propostas na

Grécia antiga, onde os filósofos se reuniam nas ágoras 1 para tratar dos mais
variados temas afetos a vida em comum. Neste contexto, temos que Platão ao tratar
da desigualdade natural dos seres humanos, trouxe a público o debate sobre a
Igualdade.
Segundo Cristiane Aparecida Barbosa, Platão entende que a igualdade entre os
homens é algo inexistente, pois os homens são naturalmente desiguais, seja em
força, inteligência e outras características naturais, assim, “há uma desigualdade
natural que os distingue” (BARBOSA, 2004).
Nesta mesma linha de pensamento, Aristóteles, discípulo de Platão e fundador do
Liceu2 (BITTAR; ALMEIDA, 2022, 106) entende que as pessoas não são iguais, logo
receberam um tratamento diferenciado na medida de suas desigualdades.
Se as pessoas não são iguais, não receberão coisas iguais; mas isso é
origem de disputa e queixas (como quando iguais recebem partes
desiguais, ou quando desiguais recebem partes desiguais). Ademais, isso
se torna evidente pelo fato de que as distribuições devem ser feitas “de
acordo com o mérito de cada um”, pois todos concordam que o que é justo
com relação à distribuição, também o deve ser com o mérito em um certo
sentido. (ARISTÓTELES, 2013)

Essa ideia de igualdade foi amplamente discutida pelos mais variados filósofos,
segundo suas crenças, vivências, cultura e observações da sociedade. Desde a
Grécia antiga, passando por filósofos cristãos como Agostinho e Tomas de Aquino
tinham como parâmetro de igualdade as escrituras bíblicas que diziam que o
homem foi feito a imagem e semelhança de Deus, logo todos são iguais em sua
origem, “Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança.” (Gn1, 26a).
Nessa construção da igualdade, os iluministas também deram sua parcela de
contribuição.
Hobbes entendia a igualdade natural entre os homens e aceitava de bom grado,
contudo, também lhe era aceitável a desigualdade advinda da lei, sendo que tal
desigualdade era proveniente de um comum acordo estabelecido entre os homens
em troca de uma convivência pacífica e ordeira em sociedade.
Rousseau, contudo, sem desconsiderar o estado natural de igualdade entre os
homens, propôs através do seu “Contrato Social” a busca pela igualdade jurídica
entre eles:
1
Nome dado às praças gregas onde ocorriam discussões ligadas a vida da cidade.
2
Nome dado a escola filosófica fundada por Aristóteles em 335 ac.
Em lugar de a igualdade natural, o pacto fundamental substitui, ao
contrário, por uma igualdade moral e legítima a desigualdade física, que
entre os homens lançara a natureza, homens que podendo ser
dessemelhantes na foça, ou no engenho, tornam-se iguais por convenção e
por direito. (ROUSSEAU, 2000)

Para Rousseau, a igualdade está intrinsicamente ligada a liberdade dos homens,


segundo a qual homens livres teriam os mesmos interesses entre eles, acabando
por assim dizer com a desigualdade.
Em que pese a ideia de Rousseau tenha alcançado grande proeminência, ela faz
uma análise sob o viés da formalidade, pois analisa o ser humano apenas como
pessoa, por suas características, seus direitos e deveres, porém, não analisa o
contexto no qual está inserido (MACHADO; SPAREMBERGER, 2014). Desta feita,
com o avanço das sociedades, a ideia de Rousseau não consegue garantir que a
igualdade prevista no pacto fundamental seja mantida, e assim a desigualdade se
mostra cada vez mais presente.
Com a evolução da sociedade e o surgimento da Revolução Industrial, fica cada vez
mais latente as desigualdades que permeia a convivência em sociedade. Neste
contexto histórico um filósofo alemão surge com ideias revolucionarias que
mudariam para sempre a história da humanidade, seu nome Karl Marx.
Referencias
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 6. ed. São Paulo: Martin Claret, 2013.
BARBOSA, C. A. A desigualdade nos clássicos políticos: de Platão a Rousseau.
Educação e Filosofia, [S. l.], v. 18, n. 35/36, p. 145–163, 2008. DOI:
10.14393/REVEDFIL.v18n35/36a2004-589. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/589. Acesso em: 7 mar.
2023.
BITTAR, Eduardo Carlos B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do
direito. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN
9786559772698. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559772698/. Acesso em: 07 mar.
2023.
MAÇALAI, G.; STRÜCKER, B. O PRINCIPIO DA IGUALDADE ARISTOTÉLICO E
OS SEUS DEBATES ATUAIS NA SOCIEDADE BRASILEIRA. Anais do Congresso
Brasileiro de Processo Coletivo e Cidadania, [S. l.], n. 6, 2018. Disponível em:
https://revistas.unaerp.br/cbpcc/article/view/1258. Acesso em: 7 mar. 2023.
MACHADO, Eduardo Heldt; SPAREMBERGER, Raquel Fabiana Lopes. Princípio da
igualdade: evolução na filosofia jurídica e nas constituições brasileiras. Amicus
Curiae, v. 11, 2014. Disponível em:
<http://periodicos.unesc.net/index.php/amicus/article/viewFile/1713/1596>. Acesso
em: 07 mar 2023.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social: ou princípios do direito político. 3.
ed. São Paulo: Martin Claret, 2000. (A Obra Prima de Cada Autor). Tradução de
Pietro Nassetti.

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