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Departamento de Engenharia Mecânica

DEMEC

Módulo 3
Mecânica do Contato

Tribologia

Prof. Dr. Vinícius Carvalho Teles


TRIBOLOGIA

SUPERFÍCIE CONTATO

DESGASTE ATRITO LUBRIFICAÇÃO

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 2


Como é possível que as
superfícies se desgastem
se as tensões nominais
são baixas?

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 3


Fundamentos de Mecânica do Contato

SUPERFÍCIE REAL  LISA E PLANA  FORMA / ONDULAÇÃO / RUGOSIDADE

CONTATO ENTRE DUAS SUPERFÍCIES  CARGA SUPORTADA POR ALGUNS PICOS

Área de Contato Aparente


( Geometria das Superfícies,
limitada pelas dimensões)

Área Real de Contato


( Ar =  Ac função Fn e Ac)

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 4


Fundamentos de Mecânica do Contato

No módulo de atrito iremos ver


que a área de contato das
asperidades aumenta com o
movimento das superfícies.

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 5


Fundamentos de Mecânica do Contato

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 6


Fundamentos de Mecânica do Contato

BHARAT BHUSHAN, “Modern Tribology Handbook”, 2001, página 142.


Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 7
Se Fn  e/ou e   Contato elástico
Se Fn  e/ou e   Contato plástico

Situação real  AMBOS ACONTECEM


Atrito e desgaste = f(Ar)
Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 8
Desgaste de engrenagem

Dentes cementados

Engrenagem, acionamento de
cilindro de laminação, 6 meses
de uso

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 9


Trincas subsuperficiais - fadiga de contato
Proteção de Cromo duro

Dr. Vinícius Carvalho Teles Zum Gahr, Microstructure and Wear of Materials - Capítulo 4 slide 10
Contatos Hertzianos => (H. Hertz - 1882)

Na teoria de Hertz foi adotado algumas simplificações


➢Elástico
➢Circular (contato não conforme)
➢Superfície lisa
➢Ausência de atrito
Pq ?
Macroscópio Microscópio
➢ Rodas ➢ Asperidades
➢ Mancais ➢ Picos esféricos


Roda trilho
Dentes de
engrenagem
+ ➢ Contato = fila de pequenas esferas

➢ Polias etc
Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 11
Escala do contato

Contato macroscópico

Contato microscópico

As teorias de contato podem ser aplicadas em ambos os níveis

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 12


Exemplos de contato Mancal de rolamentos

Contato entre asperidades

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 13


Geometria do contato

➢ Esfera-plano

➢ Esfera-esfera

➢ Cilindro-cilindro (paralelo)

➢ Cilindro-plano

➢ Cilindro-cilindro
(perpendicular)

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 14


Teoria de Hertz => Esfera-plano

Empírico – depende de propriedades elásticas dos materiais


E1, E2, 1, 2:
1/3
3𝑤𝑅
𝑎= ➢ Caso seja um plano
4𝐸 ∗
R2 = infinito

1 1 1 ➢ Caso seja côncava o


= +
𝑅 𝑅1 𝑅2 valor de R2 é negativo

1 1 − 𝜐12 1 − 𝜐22
= +
𝐸∗ 𝐸1 𝐸2
1
p/ deformação elástica => 𝐴𝑟 ≈ 𝑤 3
𝐴𝑟 = 𝜋𝑎2 = 𝜋𝑅𝛿
Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 15
Teoria de Hertz

A distribuição da pressão no contato p/ r < a

p0 é a pressão máxima no centro

Como a distribuição de tensão no contato elástico não é uniforme ocorre a tensão máxima no centro que decresce até zero na borda
do contato:

Lembrar que w = p.A

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Teoria de Hertz Tensões compressivas na
superfície, exceto para r=a.

As componentes polares do campo de tensão na superfície z = 0, dentro


do círculo carregado (r < a) são (Johnson, 1985). Ponto de
máxima tensão
cisalhante.

Para E1 = E2 e 𝜐1 = 𝜐2 = 0,3. A tensão cisalhante máxima, 𝜏𝑚𝑎𝑥 , ocorre


a uma profundade z abaixo da área de contato.

𝜏𝑚𝑎𝑥 = 0,31𝑝0 𝑧 = 0,48𝑎

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 17


Teoria de Hertz => Cilindro - plano
Quando ocorre uma movimentação do
• Distribuição de tensão para um cilindro no plano. cilindro com atrito 0,2.

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 18


Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 19
Confirmação experimental da distribuição de tensões por
fotoelasticidade
➢ Materiais fotoelásticos, que são normalmente isotrópicos, tornam-
se birrefringentes quando tensionados.

➢ A amostra a ser analisada é posicionada entre dois polarizadores


perpendiculares. A luz polarizada que sai do primeiro polarizador é
dividida em dois feixes, com duas diferentes velocidades. O
segundo polarizador coleta estes dois feixes, que se estiverem em
fase produzirão interferência construtiva, ou destrutiva se
estiverem fora de fase.

➢ Como o nível de birrefringência é proporcional à tensão, áreas sob


diferentes níveis de tensões possuirão diferentes colorações.

Dr. Vinícius Carvalho Teles Williams, J.A., Engineering Tribology, 1996, pg 81. slide 20
Fotoelasticidade

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 21


Fadiga de contato

Dr. Vinícius Carvalho Teles Zum Gahr, Karl-Heinz Microstructure and Wear of Materials, 1987, cap. 4.2.3, pg. 99. slide 22
Fadiga de contato

Dr. Vinícius Carvalho Teles Zum Gahr, Karl-Heinz Microstructure and Wear of Materials, 1987, cap. 4.2.3, pg. 99. slide 23
Pista externa de rolamento autocompensador de rolos
Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 24
Pista externa de rolamento autocompensador de rolos
Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 25
Influência da forma do indentador

Será visto que o contato


entre as asperidades é
similar à de uma esfera.

Para alguns indentadores,


o valor da pressão de
contato tende ao infinito e
nesses pontos ocorre uma
singularidade.

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 26


Contato elástico-plástico

Na iminência da deformação plástica Rígido perfeitamente


elástico plástico
➢ A medida que a força normal entre esfera e plano aumenta, um ou outro
componente inicia o processo de deformação plástica.

➢ Se a esfera é rígida a deformação plástica fica confinada no plano e vice versa.

➢ A identação de uma esfera sobre um plano tem correlação com valores de


dureza.
elástico Elástico-plástico
➢ De acordo com o critério de Tresca a deformação plástica inicia quando a perfeitamente com
𝜏𝑚𝑎𝑥 = 0,5. 𝑌 (Y=limite de escoamento). plástico encruamento

➢ Assim, a deformação plástica inicia-se quando a 𝑝0 = 1,61. 𝑌 e a força que


causa o início da deformação plástica é:

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 27


Contato elástico-plástico

FLUXO PLÁSTICO - RESTRIÇÃO ELÁSTICA

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 28


Contato elástico-plástico
• Análise teórica para indentação de uma esfera
em plano.
• Rígido perfeitamente plástico
• Técnica do campo de linhas de
deslizamento

𝑝𝑚 = 𝐻 = 2,8𝑌 ~3𝑌

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 29


Contato elástico-plástico

𝑝𝑚 = 𝐻 = 2,8𝑌 ~3𝑌

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 30


Tensões compressivas na superfície, exceto para r=a.
Contato em materiais frágeis
• Materiais de alta resistência ao desgaste são
frequentemente muito duros, mas frágil:
• aços endurecidos,
• ferros fundidos ou
• cerâmicas.

• O contato resulta em deformações elástica, plásticas e em


trincas, caso o limite de resistência a tração seja
ultrapassado.
Indentador
Indentador
esféricos
piramidal

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 31


Contato em materiais frágeis

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 32


Contato em materiais frágeis

Trinca em forma de cone no vidro

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 33


Contato em materiais frágeis

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 34


Contato das asperidades

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 35


Contatos Múltiplos
• Uma das primeiras teorias estatísticas para o contato de superfícies rugosas foi apresentada por
Greenwood e Williamson em 1966.

Contato idealizado por uma camada de esferas -> modelo bastante simplificado

• Hertz
• interação entre esferas adjacentes
• alturas idênticas (z)
• raios idênticos

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 36


Contatos Múltiplos

Se W = carga total
w = carga por asperidade
n = número de asperidades em contato
W = n.w

Como: Ar = n.Ai Área real de contato

1 3 3/2
4 ∗ 4 ∗ 1 1 𝐴𝑟
𝑤= . 𝐸 . 𝑅2 . 𝛿 2 e 𝐴𝑖 = 𝜋𝑅𝛿 𝑊 = . 𝐸 . 𝑅 . 1/2 .
2
3 3 𝑛 𝜋𝑅

3/2
4 ∗ 1 𝐴𝑖
𝑊 = 𝑛. . 𝐸 . 𝑅2
3 𝜋𝑅
Logo, W  (Ar)3/2

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 37


Contatos Múltiplos: superfície + realista

Se a separação = d toda asperidade z > d está em contato a probabilidade de contato para uma asperidade z > d

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 38


Contatos Múltiplos: superfície + realista

Então a carga suportada por todas as asperidades => W = pr.Ar:


Número de contatos:

4

𝑊 = . 𝑁. 𝐸 . 𝑟 න (𝑧 − 𝑑)3/2 . 𝑝 𝑧 . 𝑑𝑧
∗ 1/2
3 𝑑
𝑛 = 𝑁 න 𝑝 𝑧 . 𝑑𝑧 N – número total de asperidades;
𝑑 (modelo Greenwood e Williamson ou GW)
n – número de contatos;

Se a carga suportada por uma asperidade: Apesar da pressão de contato aumentar com a força normal, a
pressão média na área de contato real permanece constante,
4 ∗ 1/2 pois à medida que a força aumenta uma maior quantidade de
𝑤 = . 𝐸 . 𝑟 . (𝑧 − 𝑑)3/2 (contato de Hertz)
3 asperidade entra no contato.
(r – raio da asperidade teórica)
Área real de contato:

𝐴𝑟 = 𝜋. 𝑁. 𝑟 න (𝑧 − 𝑑). 𝑝 𝑧 . 𝑑𝑧
𝑑

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 39


Quanto Plástico ? Quanto elástico ?
Índice de Plasticidade
1
σ∗ 2
≅ Δ → inclinação média do perfil;
1 r

𝐸∗ 𝜎∗ 2
𝜓= 𝐻 𝑟
H=dureza da superfície mais mole
𝜎 ∗ = desvio padrão da distribuição das asperidades

< 0,6  Contato elástico


 >1  Contato plástico + Pressão


Para metais -> - normalmente o contato é plástico, 𝐸𝐻 muito grande.
- se a superfície for muito polida pode haver conato elástico

Para cerâmicos e polímeros -> normalmente elástico 𝐸𝐻 muito pequeno

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 40


Índice de Plasticidade

Metais  0,1 <  < 100

 < 0,6  Contato elástico


 >1  Contato plástico + Pressão

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 41


Índice de Plasticidade

Amaciamento ou running

Dr. Vinícius Carvalho Teles J. A. Greenwood and J. B. P. Williamson Contact of Nominally Flat Surfaces, Dec. 6, 1966, pp. 300-319 slide 42
Exercícios aula 03

1.O que é a área de contato de Hertz?


2.Qual a diferença entre o contato esférico com o contato pontiagudo?
3.Descreva o modelo de Greenwood e Williamson para o contato com
asperidades múltiplas.
4.Qual o significado de Índice de Plasticidade?

Dr. Vinícius Carvalho Teles slide 43


Bibliografia

1. Hutchings, I. M., Tribology : Friction and Wear of Engineering Materials; CRC Press, Boca Raton, USA, 1992,
273 p.

2. Williams, J. A., Engineering Tribology, Oxford Science Publications, 1996, 488 p.

3. Bharat Bhushan, Introduction to Tribology, Second Edition, ISBN-13: 978-1119944539, John Wiley & Sons,
2013, 712 p.

4. Bharat Bhushan, Modern Tribology Handbook, ISBN-13: 978-0849384035, CRC Press LLC, Boca Raton, Florida ,
2000, 1690 p.

5. Johnson, K. L. Contact Mechanics, Cambridge, ISBN-13: 978-0521347969, Cambridge University Press, 468 p,
1985.

6. Zum Gahr, Karl-Heinz Microstructure and Wear of Materials. Em Tribology Series, vol. 10, Elsevier Science
Publishers B.V., Amsterdam, 1ª edição, 1987.

7. Ludema, Kenneth Friction, wear, lubrication: a textbook in tribology, C. CRC press, Boca Raton, 1ª edição, 1996.

8. J. A. Greenwood and J. B. P. Williamson Contact of Nominally Flat Surfaces, Proceedings of the Royal Society of
London. Series A, Mathematical and Physical Sciences, Vol. 295, No. 1442 (Dec. 6, 1966), pp. 300-319

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