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11/07/2017 Partida de motores elétricos

PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS DE INDUÇÃO UTILIZANDO O GRUPO


GERADOR COMO FONTE DE ENERGIA
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Ao adquirir um grupo gerador, muitos clientes relatam ao vendedor as suas necessidades, em termos de capacidade instalada e
potência necessária, em função de máquinas, equipamentos e iluminação, recebendo então, a indicação de um determinado
modelo, que no entendimento do vendedor, tem capacidade suficiente para suprir as necessidades da instalação. Na maioria dos
casos, a questão relacionada com a partida dos motores elétricos é aventada mas não tratada com as considerações técnicas
requeridas.

Como se sabe, os motores elétricos, ao serem ligados, instantaneamente, permitem que um grande fluxo de corrente elétrica circule
através dos seus enrolamentos. Isso ocorre porque, estando parado, não há força contra-eletromotriz que se oponha ao fluxo de
corrente. Ao iniciar as primeiras revoluções, com o surgimento da força contra-eletromotriz, o fluxo de corrente diminui e se
estabiliza no seu valor nominal. O valor máximo instantâneo da corrente solicitada durante a partida varia em função do tipo de
construção do motor e proporcionalmente a sua potência.
Para o dimensionamento do Grupo Gerador adequado a cada situação, a consideração dos motores elétricos existentes a serem
acionados é de fundamental importância, pois diversos problemas podem resultar do uso de um Grupo Gerador sub-dimensionado,
com implicações no funcionamento de outros componentes elétricos e eletrônicos também alimentados pelo mesmo Grupo
Gerador.

CORRENTE DE PARTIDA
Os motores elétricos são construídos obedecendo normas, segundo o uso a que se destinam, que os padronizam conforme
definições da NEMA ou da ABNT. (Deverá constar na plaqueta de identificação a letra correspondente ao seu padrão construtivo).

A NEMA define os códigos de letras conforme a tabela abaixo:

Letra Código KVA que o motor necessita para partida direta (por KVA)
A 0,00 a 3,14
B 3,15 a 3,54
C 3,55 a 3,99
D 4,00 a 4,49
E 4,50 a 4,99
F 5,00 a 5,59
G 5,60 a 6,29
H 6,30 a 7,09
J 7,10 a 7,99
K 8,00 a 8,99
L 9,00 a 9,99
M 10,00 a 11,19
N 11,20 a 12,49
P 12,50 a 13,99
R 14,00 a 15,99
S 16,00 a 17,99
T 18,00 a 19,99
U 20,00 a 22,39
V 22,40

Para a ABNT, 5 códigos são definidos, conforme a tabela seguinte:

Corrente de partida direta (Motores com enrolamento


Letra Código
tipo gaiola)
A ALTA Até 6 x IN
B NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
C NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
D NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
F BAIXA Até 4 x IN

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IN = Corrente Nominal do motor.
IP = Corrente de Partida do motor.

É comum encontrarmos motores com corrente de partida igual a 7 ou 8 vezes a corrente nominal.
Porém, para os motores de produção seriada, normalmente encontrados no mercado, a corrente de partida situa-se entre 5,5 e
7,00 vezes a corrente nominal. (5,5 x IN < IP < 7,00 x IN).
São três os métodos de partida mais utilizados no acionamento de motores elétricos de indução:

1) - Partida direta;
2) - Com chave estrela-triângulo e
3) - Com chave compensadora.

Além dos sistemas tradicionais de chaves estrela-triângulo e compensadora por autotransformador, começa a surgir no mercado
os sistemas de demarradores de estado sólido, conhecidos como softstart. Os Soft Starter fazem as mesmas funções de fornecer
corrente reduzida durante o período de partida do motor elétrico, porém a corrente é controlada por meio de SCR's (Retificadores
Controlados de Silício). Quando for o caso, observar que a partida de motores com estes dispositivos submete o alternador a uma
carga deformante (também chamada carga não linear), que poderá introduzir distorções não suportadas por outros consumidores.
(Os efeitos da distorção harmônica, resultante da utilização de SCR's, são abordados em outro estudo sobre Sistemas elétricos
de suprimento de energia para cargas de missão crítica

Para o primeiro caso, a corrente de partida deverá ser calculada por uma das tabelas acima ou medida durante um ciclo de partida
do motor.

No segundo caso, a corrente de partida é reduzida para 1/3. Assim, a corrente de partida for, por exemplo, de 6 x IN, com o uso da
chave estrela-triângulo, ficará reduzida para 2 x IN.

Diagrama típico - chave de partida estrela-triângulo

No terceiro caso, a corrente de partida depende do tipo de chave compensadora. Dois exemplos podem melhor esclarecer:
a) Com tape de 80%: a corrente será reduzida para 0,8 x 0,8 = 0,64 ou 64%.
b) Com tape de 65%: a corrente será reduzida para 0,65 x 0,65 = 0,4225 ou 42,25%.
Na figura abaixo, a partida é acionada com a corrente fluindo pelos contatos "S" (de "Start"). No momento seguinte, depois que o
motor alcançou velocidade próxima à nominal, os contatos são revertidos para "R" (de Run).

Chave compensadora de partida com auto-transformador de 3 taps (diagrama típico)

Com softstart, em geral, a redução de corrente é de 50%.

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Os motores para acionamento de máquinas centrífugas tais como, por exemplo, bombas e ventiladores, deverão ser projetados de
tal forma que seu torque de partida ainda permaneça acima da curva de torque da máquina acionada, no caso de ligação direta ou
estrela-triângulo, mesmo durante uma queda momentânea de tensão para 80% da tensão nominal.

Para o acionamento de máquinas alternativas, tais como bomba a pistão e compressores, como também agitadores, etc., será
sempre necessário um dispositivo de alívio para o período de partida, porque essas máquinas requerem um torque elevado já no
início da operação.

CAPACIDADE DO ALTERNADOR
Do ponto de vista do alternador, é necessário fazer algumas considerações, já que a sua capacidade de partir motores de indução
depende da impedância interna e do tipo de excitação empregado.

TIPO DE EXCITAÇÃO
Dois tipos são normalmente empregados: EXCITAÇÃO DINÂMICA e EXCITAÇÃO ESTÁTICA. Os alternadores com excitação
estática tem respostas mais rápidas às quedas de tensão causadas pela partida de motores elétricos. Em contrapartida, não
apresentam forma de onda senoidal perfeita dos valores de tensão, o que os tornam conta indicados para alimentação de
equipamentos eletrônicos sensíveis, especialmente os de telecomunicações. A diferença no tempo de resposta de correção de
uma variação de tensão deve-se ao fato de que, no alternador com excitação estática, apenas a constante de tempo do campo do
alternador precisa ser vencida pelo excitador, ao passo que, no alternador com excitação dinâmica (rotativa) ambas as constantes
de tempo, do campo do alternador e do campo do excitador, precisam ser consideradas.

Atualmente são oferecidos alternadores com excitação dinâmica dotados de recursos que auxiliam na capacidade de partida de
motores. O destaque é o sistema de excitação por magneto de ímã permanente (PMG), que oferece as melhores características
de excitação. Também são encontrados alternadores com sistema de excitação dotado de compound auxiliar, constituído por um
transformador de corrente cuja saída é conectada ao campo da excitatriz por meio de retificadores. Os alternadores com excitação
PMG podem suportar até 3 vezes a corrente nominal durante um curto intervalo e os compound até duas vezes a corrente nominal
sem que ocorra queda acentuada da tensão de saída do alternador.

EXCITAÇÃO DINÂMICA
A excitação dinâmica se faz por meio de um gerador de corrente contínua acoplado à extremidade do eixo do alternador.
Atualmente, todos os alternadores que utilizam este tipo de excitação, estão dotados, normalmente, de um pequeno alternador,
cuja saída de corrente alternada, que é gerada no rotor, é retificada e fornecida ao campo do alternador principal. Este sistema é
denominado comercialmente de tipo "Brushless" (ou sem escovas). O controle de tensão é feito através da corrente fornecida ao
campo do excitador, localizado na armadura, monitorada por um regulador eletrônico de tensão.

EXCITAÇÃO ESTÁTICA

A excitatriz estática consiste de uma ponte retificadora eletronicamente controlada, que utiliza a própria corrente gerada na
armadura para alimentar o campo do alternador. São utilizadas duas escovas, instaladas sobre anéis lisos, para conduzir a
corrente retificada desde a ponte retificadora até o campo do alternador.

IMPEDÂNCIA INTERNA
Quanto menor a impedância, maior a capacidade do alternador partir motores elétricos. Isto se deve ao fato de se verificar menor
queda de tensão nos terminais do alternador, quando da aplicação brusca da carga.
(Os alternadores nacionais de fabricação em série tem impedância transitória no eixo direto, X"d, na faixa de 26 a 30%).

CONCLUSÃO
Conhecidas as potências, sistemas de partida e características dos motores elétricos, bem como do alternador que se pretenda
utilizar, é possível calcular a potência necessária em função de uma queda de tensão instantânea admissível, determinada pelos
outros equipamentos também alimentados pelo Grupo Gerador, evitando-se assim os inconvenientes de desarmamento de chaves
e disjuntores, piscar de luzes e falhas de equipamentos eletrônicos sensíveis às variações de tensão.

No caso de alternadores trifásicos, a corrente nominal pode ser ligada quando da partida de motores elétricos trifásicos, sem que
haja uma queda de tensão superior a aproximadamente 18,0%. Aumentando-se a corrente de partida em mais 25% da corrente
nominal do alternador, deve-se contar com mais uma queda de tensão da ordem de 4,0%.

Isto significa que a um alternador em vazio podem ser ligados diretamente motores elétricos até uma ordem de grandeza de
aproximadamente 20,0% da sua capacidade nominal sem que o motor Diesel sofra uma queda de velocidade anormal nem que
haja queda de tensão transitória do alternador além de 20,0%, entre 0,1 e 0,5 segundos.

Quando se necessita partir motores cuja corrente de partida ultrapassa os limites das relações acima, é necessário estabelecer o
limite de queda de tensão admissível pelos demais consumidores.

Em resumo, para um projeto normal de grupo gerador, a sua potência ativa não deverá exceder a potência máxima admissível do
motor Diesel (levando-se em conta o rendimento do alternador). A corrente de partida de motores elétricos trifásicos não deverá
(inclusive a carga inicial do alternador) ser superior a 1,2 vezes a corrente nominal do alternador.

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A queda de tensão em alternadores durante a partida de motores pode ser calculada pela fórmula:

IP = Corrente de Partida
IG = Corrente nominal do alternador
X"d = Reatância do alternador.

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Atualizado em 07/04/2015

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