SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO APÓS LONGA PERMANÊNCIA EM JEJUM
A síndrome da realimentação (SR) é decorrente da reintrodução alimentar em pacientes
que permaneceram por um longo período em jejum ou nos que apresentam desnutrição considerável. Essa condição clínica ocorre em razão das alterações metabólicas, endócrinas e eletrolíticas no organismo dos indivíduos. O primeiro caso observado foi após a Segunda Guerra Mundial em 1945 que se manifestou em indivíduos complicações cardíacas e neurológicas após permanecerem um longo tempo em jejum (DOMINGUEZ, 2023). A incidência da SR oscila entre 1 a 34% pois interfere na população estudada, local e metodologia utilizada. Tal condição clínica pode ser potencialmente fatal devido aos distúrbios hidroeletrolíticos decorrentes da reintrodução alimentar via oral, parenteral ou enteral. Pode ser citado alguns fatores de riscos como: desnutrição, usuários de álcool, neoplasias, idosos, índice de massa corporal menor que 16kg/m2, baixos níveis de fósforo, potássio, magnésio, indivíduos que realizam uso de antiácidos e diuréticos, entre outros (SAKAI, COSTA, 2018). No início do jejum ocorre uma queda na glicemia a qual gera diminuição da insulina e aumento do glucagon. Desta forma, esse processo promove o inicio da glicogenólise no fígado e a lipólise de triglicerídeos nas reservas de gordura, induzindo a liberação de ácidos graxos e glicerol os quais servem como fonte de energia que no fígado são convertidos em corpos cetônicos. Conforme este processo ocorre, a glicogênese inicia sua função nos hepatócitos, impulsionando a síntese de glicose no organismo, diminuindo a taxa metabólica (SAKAI, COSTA, 2018). Quanto maior o tempo que o paciente permanece em jejum, maiores são os riscos. O início da nutrição pode gerar uma transição abrupta de um estado catabólico para um anabólico. Durante esse processo pode ocasionar alterações metabólicas quanto hormonais, em decorrência da elevação da glicemia sérica o que aumenta a insulina e diminui o glucagon, acarretando na síntese de glicogênio, proteínas e gorduras. Se a oferta dietética for excessiva no começo pode ocasionar a hiperglicemia com diurese osmótica, desidratação e acidose metabólica, lipogênese, esteatose hepática, entre outras alterações (DOMINGUEZ, 2023). É importante destacar que para evitar a SR é indicado que o suporte nutricional inicie com máximo 10kcal/kg/dia, e gradativamente ir aumentando os níveis para alcançar a dieta necessária. Em alguns casos, é indicado a administração de tiamina, vitamina B e suplementos vitamínicos para evitar deficiências vitamínicas associadas. A infusão de fluidos deve ser avaliada através do balanço hídrico para evitar excesso de volumes (ALVES, et al., 2021). Além disso, é importante enfatizar que a liberação da insulina após longos períodos de jejum ocasiona retenção de sódio o que causa vasoconstrição e expansão do volume celular. Diante disso, a monitorização com exames laboratoriais é um cuidado a ser realizado nestes pacientes para monitorização clínica, incluindo também avaliação dos sinais vitais com cautela e balanço hídrico diário com intuito de detectar precocemente quaisquer alterações advindas da SR (ALVES, et al., 2021).
Referências:
ALVES, Ana Carolina da Silva, et al. Síndrome da realimentação: a prevenção em foco.
Brazilian Journal of Health Review, v.4, n.6, p. 26925-26936, nov/dez, 2021. Disponível em: file:///C:/Users/55469/Downloads/admin,+BJHR+Novembro+-264.pdf. Acesso em 21 agos. 2023.
DOMINGUEZ, Nathália Leal, et al. Risco de síndrome de realimentação e desfechos
clínicos em pacientes de prontos-socorros do Distrito Federal. Rev. Assoc. Bras. Nutr, v. 14, n. 1, p. 1-19, 2023. Disponível em: https://rasbran.emnuvens.com.br/rasbran/article/view/2956/441. Acesso em 20 agos. 2023.
SAKAI, Alan Felipe; Costa, Natalia. Síndrome de realimentação: da fisiopatologia ao manejo.
Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 20, n. 2, p. 70-2, out, 2018. Disponível em: 32493-Texto do artigo-106935-1-10-20180719.pdf. Acesso em 20 agost. 2023.
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