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(JANEIRO, 2018)
Universidade Nova de Lisboa
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
i
Abstract
ii
Índice
Resumo .............................................................................................................................. i
Abstract............................................................................................................................ ii
Índice ............................................................................................................................... iii
Índice de Tabelas ............................................................................................................ v
Siglas e Abreviaturas ..................................................................................................... vi
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO .................................................................................... 1
1.1. Introdução geral ....................................................................................................... 2
1.2. Conceitos de hepatomegalia e esplenomegalia ....................................................... 3
1.3. Anatomia e fisiologia do fígado e do baço .............................................................. 3
1.4. Mecanismo fisiopatológico ..................................................................................... 7
1.4.1. Mecanismo fisiopatológico inflamatório ......................................................... 7
1.4.2. Mecanismo fisiopatológico congestivo ........................................................... 8
1.4.3. Mecanismo fisiopatológico infiltrativo ........................................................... 8
1.4.4. Mecanismo fisiopatológico obstrução biliar ................................................... 8
1.5. Etiologia da hepatomegalia e/ou esplenomegalia.................................................. 10
1.5.1. Schistosomose ............................................................................................... 10
1.5.2.Malária ............................................................................................................ 13
1.5.3. Tuberculose ................................................................................................... 15
1.5.4. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ........................................ 17
1.5.6 Hepatocarcinoma ............................................................................................ 20
1.5.7. Insuficiência cardíaca congestiva .................................................................. 21
1.5.8. Doença hepática crónica por infeção por vírus de hepatite B (VHB) ........... 22
1.6.Justificação ............................................................................................................. 24
1.7. Questão de investigação e objetivos ..................................................................... 25
1.7.1. Questão de investigação ............................................................................... 25
1.7.2. Objetivo geral ............................................................................................... 25
CAPÍTULO II – MATERIAL E MÉTODOS ............................................................ 26
2.1. Tipo de estudo ...................................................................................................... 27
iii
2.3. População em estudo ............................................................................................. 27
2.4. Critérios de exclusão ............................................................................................. 27
2.5. Variáveis ................................................................................................................ 28
2.6. Colheita de dados .................................................................................................. 30
2.7. Análise estatística .................................................................................................. 30
2.8. Considerações éticas .............................................................................................. 30
CAPÍTULO III – RESULTADOS............................................................................... 31
CAPÍTULO IV - DISCUSSÃO .................................................................................... 49
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................... 55
CAPÍTULO VI – REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 59
CAPÍTULO VII – ANEXOS ........................................................................................ 67
iv
Índice de Tabelas
v
Siglas e Abreviaturas
vi
BIL- bilirrubinas
C.E- consulta externa
CNO- centro nacional de oncologia
CAA- Antigénio Circulante Anódico
CAA- Antigénio Circulante Catódico
IgG- Imunoglobulinas
IgM- Imunoglobulinas
IFA- Imunofluorescência
ELISA- Enzyme-linked immnosorbent assay
US- Ultrassonografia
WHO- World Health Organization
MINSA- Ministério da Saúde de Angola
PEN- Plano estratégico nacional
TCD4- Linfócitos TCD4
HbSS- Hemoglobina S
HbS- Hemoglobina S
Freq- Frequência
DP- Desvio padrão
AgHBs- Antigénio
P.P- Pesquisa de plasmodium
OQP- Pesquisa de ovos, quistos e parasitas nas fezes
TAC- Tomografia Axial Computorizada
Rx- Raio x
EDA: Endoscopia Digestiva Alta
DHC- Doença Hepática Cronica
Sind.- Síndrome
Obstr.- Obstrução
vii
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1 Introdução geral
2
1.2. Conceitos de hepatomegalia e esplenomegalia
O fígado do adulto normal pesa entre 1400 a 1600 g, representando 2,5% do peso
corporal (Crawford, 2000).
O fígado é classicamente dividido em lóbulos hexagonais de 1 a 2 mm de diâmetro
orientados ao redor de tributária terminal da veia hepática (vénulas hepáticas terminais
ou veias “centrais”) (Crawford, 2000). O fígado contém 50.000 a 100.000 lóbulos
individuais (Guyton e Hall, 2011). O lóbulo é composto, principalmente por diversas
placas celulares (duas das quais são mostradas na fig.1) que se irradiam a partir da veia
central como os raios de uma roda. Cada capa hepática, em geral, tem a espessura de
duas células e entre as células adjacentes situam-se os pequenos canalículos biliares,
que drenam os dutos biliares, nos septos fibrosos que separam os lóbulos hepáticos
adjacentes. Nos septos existem pequenas vénulas portais que recebem o sangue,
principalmente do efluxo do trato gastrointestinal, por meio da veia porta. A partir
dessas vénulas, o sangue flui para os sinusoides hepáticos, lisos e ramificados, que
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existem entre as placas hepáticas, e daí para a veia central. Desse modo, as células
hepáticas estão, continuamente expostas ao fluxo venoso porta (Guyton e Hall, 2011).
As arteríolas hepáticas estão igualmente presentes no septo interlobular. Essas arteríolas
fornecem sangue arterial para os tecidos septais, entre os lóbulos adjacentes, e muitas
das pequenas arteríolas também drenam, direitamente, para os sinusoides hepáticos
mais frequentemente, drenando para os localizados a cerca de um terço da distância do
septo interlobular, conforme mostrado na fig.1 (Guyton e Hall, 2011).
Além dos hepatócitos, os sinusoides venosos são revestidos por dois outros tipos de
células: (1) as células endoteliais típicas e (2) as grandes células de Kupffer (também
denominadas células reticuloendoteliais), que são macrófagos residentes que revestem
os sinusoides e são capazes de fagocitar bactérias e outras matérias estranhas no sangue
dos sinusoides hepáticos (Guyton e Hall, 2011)
O revestimento endotelial dos sinusoides tem poros extremamente grandes, alguns deles
com quase 1 micrómetro de diâmetro. Abaixo desse revestimento, situados entre as
células endoteliais e as hepáticas, existem estreitos espaços teciduais denominados
espaços de Disse, também conhecidos como espaços perissinusoidais. Os milhões de
espaços de Disse ligam-se aos vasos linfáticos nos septos interlobulares. Por isso, o
excesso de líquido, nesses espaços, é removido pelos linfáticos (Guyton e Hall, 2011)
O fígado desempenha várias funções, nomeadamente (1) filtração e armazenamento de
sangue; (2) metabolismo dos carbohidratos, proteínas, gorduras, hormonas e produtos
químicos estranhos; (3) formação de bílis; (4) armazenamento de vitaminas e de ferro; e
(5) formação de fatores de coagulação (Guyton e Hall, 2011).
Resposta Imune
O fígado é um componente importante do sistema imune, apesar de não ser classificado
como um órgão de função primariamente imunológico. Componentes da resposta imune
inata e adaptativa estão presentes ou são sintetizados no fígado.
Além das funções de síntese, o fígado tem uma grande população de células residentes
com importantes funções imunológicas. As células de Kupffer, macrófagos tissulares e
as células NK (natural Killer) fazem parte do sistema nuclear fagocítico e sua principal
função é remover, por fagocitose, microrganismos e corpos estranhos da corrente
sanguínea.
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O fígado, por ser um órgão muito vascularizado, é altamente povoado por diversas
células imunes durante processos infeciosos e inflamatórios sistémicos. Tais células
podem lesar o órgão no contexto da resposta imune, mesmo não sendo ele o alvo da
agressão inicial. Dessa forma, o fígado constitui um importante local de regulação do
sistema imune o que, de certo modo o torna mais suscetível e vulnerável à resposta
imune, como por exemplo, os processos sépticos (Schinoni, 2006)
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O baço, no adulto, pesa cerca de 150 g e mede 12 cm de comprimento, 7 cm de largura
e 3 cm de espessura e está envolvido por uma fina cápsula brilhante de tecido
conjuntivo, representando para o sistema circulatório o que os gânglios linfáticos
representam para o sistema linfático (Aster e Kumar, 2000).
Os maiores componentes esplénicos são o compartimento linfoide (polpa branca) e um
sistema de filtração (polpa vermelha) (fig.2). A polpa branca consiste em bolsas peri
arteriais linfáticas de células T com centros germinativos embebidos. A polpa vermelha
é constituída por cordões esplénicos (cordões de Billroth), células reticulares fixas,
macrófagos móveis e sinusoides esplénicos. Uma zona marginal rica de células
dendríticas (apresentadoras de antigénios) separa a polpa branca e vermelha. A cápsula
esplénica contém músculo liso e contrai-se em resposta à epinefrina. Aproximadamente
10% do sangue libertado do baço flui rapidamente através de uma rede vascular
fechada. Os outros 90% fluem mais lentamente através de um sistema aberto (cordões
esplénicos), onde é filtrado através de fendas de 1-5 µm antes de entrar nos sinusoides
esplénicos (French e Camitta, 2005)
O baço desempenha as seguintes funções fisiológica: (1) remoção dos eritrócitos
senescentes e defeituosos; (2) síntese dos anticorpos na polpa branca; (3) remoção da
circulação das bactérias recobertas por anticorpos e eritrócitos também revestidos por
anticorpos (Henry e Longo, 2013).
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Fig.2. Baço (corte) Fonte: www.Slideshare.com.pt
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1.4.2. Mecanismo fisiopatológico congestivo
O mecanismo fisiopatológico da HM congestiva é resultante da congestão venosa
sistémica, quer por falha da bomba cardíaca quer por síndrome de insuficiência venosa,
o que leva à congestão hepática, ascite e estase jugular. Isto ocorre devido à
incapacidade cardíaca de bombear o sangue vindo do corpo para a artéria pulmonar, o
que provoca o acúmulo de sangue difusamente pelo corpo, com aumento da pressão na
veia cava superior e inferior e acúmulo de sangue nos vasos intra-hepáticos, podendo
provocar hepatomegalia.
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Tabela 1- Mecanismo fisiopatológico de hepatomegalia, esplenomegalia ou
hepatoesplenomegalia e etiologias relacionadas (exemplos)
Hepatomegalia, Esplenomegalia e/ou HSM
Mecanismo fisiopatológico Causas Doenças
Inflamação Infeções Parasitas: Malária,
Schistosomose,
Leishmaniose
Vírus: Hepatite A,
B,C,CMV
Bactérias: Febre Tifoide,
Endocardite, sepsis
Fungos: Histoplasmose
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1.5. Etiologia da hepatomegalia e/ou esplenomegalia
1.5.1. Schistosomose
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As manifestações clínicas dependem da espécie etiológica, da fase de desenvolvimento
do parasita no hospedeiro definitivo, da intensidade do parasitismo e da resposta
imunológica. A schistosomose compreende duas fases:
A fase aguda carateriza-se por dermatite cercariana que se observa no local de
penetração da cercaria, com edema, hiperemia e prurido. Pode ocorrer também a
síndrome de Katayama, que é a reação de hipersensibilidade sistémica contra a
migração dos schistosómulos e/ou início da produção dos ovos e é caraterizada por
febre, artralgias e erupção cutânea. Muitos doentes recuperam espontaneamente entre 2-
10 semanas, mas alguns desenvolvem diarreia, dor abdominal, toxemia e
hepatoesplenomegalia.
Nas regiões potencialmente endémicas a hepatomegalia com ou sem esplenomegalia
está presente em 30% ou mais dos adolescentes e crianças infetadas, mas muito menos
em adultos (Mohamed Ali et al., 1999; Gryeels e Striland, 2013), devido ao fato de se
verificar que a prevalência da infeção aumenta gradualmente durante a infância,
atingindo o máximo entre os 10 e os 15 anos e diminuem posteriormente com a idade.
Pensa-se que o declínio da intensidade da infeção nos indivíduos adultos se deve ao
desenvolvimento de resistência adquirida após a infeção e/ou à menor exposição dos
adultos aos focos de transmissão, devido à mudança de hábitos sociais, à fibrose tissular
que retém os ovos nos tecidos, impedindo-os de serem eliminados, à morte de uma
grande proporção de vermes adultos e ainda a fatores intrínsecos individuais (Belo,
1999)
Vários estudos atribuem a causa de hepatomegalia e/ou esplenomegalia à infeção por S.
mansoni, sendo uma morbilidade que afeta adultos e maioritariamente as crianças em
idade escolar (Rakotonirina et al., 2010; Gouvras et al., 2013; Payne et al., 2013;
Kaatano et al., 2015).
A schistosomose por S. mansoni apresenta-se na forma intestinal e na forma hepática ou
hepatoesplénica.
Na schistosomose intestinal os ovos são depositados na parede intestinal, onde
provocam inflamação granulomatosa, congestão, edema, ulceração, e formação de
pólipos, causando sintomas e sinais tais como, dor e desconforto abdominal e diarreia
sanguinolenta (Barsoum, 2013).
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A schistosomose hepática e hepatoesplénica pode ser causada tanto pela inflamação
precoce ou pela fibrose hepática tardia (Gryseels et al., 2006).
Na schistosomose hepática inflamatória (SHI), há uma reação precoce aos ovos retidos
no espaço periportal pré-sinusoidal onde são produzidos muitos granulomas, sendo esta
a principal causa de HM nas crianças e adolescentes, muitas vezes associada a SM
hiperplásica e está fortemente relacionada com a intensidade da infeção (Bina e Prata,
2003). Os achados típicos incluem aumento do lobo esquerdo do fígado e SM nodular
(Gryeels e Striland, 2013). Diversos estudos sugerem que, em alguns indivíduos
infetados com S. mansoni, o desenvolvimento da hepatomegalia e/ou esplenomegalia
estará associada a um aumento de citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose tumoral
(FNT) e interferon gama (IFN-Y) e um predomínio de citocinas da resposta celular em
detrimento da produção de citocinas (IL-5 e IL-4) caraterística de uma resposta humoral
(Th2). A alteração da modulação da resposta imune poderá predispor ao
desenvolvimento da fibrose hepática e doença hepatoesplénica em alguns indivíduos
(Dunne e Pearce, 1999).
A SHI sem diagnóstico e tratamento precoce, com o passar dos anos evolui para a
schistosomose hepática crónica (SHC) numa minoria dos pacientes infetados. Assim,
ocorre uma massiva deposição difusa de colagénio no espaço periportal, levando a
fibrose de Symmer`s. A fibrose leva a oclusão progressiva da veia porta, hipertensão
portal, SM, circulação venosa colateral, ascite, shunt porto-cava e varizes
gastroesofágicas (Dunne e Pearce 1999; Wilson 2011; Barsoum, 2013).
Na fase crónica, a schistosomose origina hipertensão portal e HSM em 5% a 8% das
infeções não tratadas (WHO, 2012).
Em relação ao diagnóstico clínico destes doentes, deverá ser feita uma anamnese e
exame físico exaustivo, valorizando a origem e antecedentes de banhos no rio em zonas
endémicas. Os achados clínicos em residentes de zonas endémicas incluem dor e
desconforto abdominal, diarreia, ou, em muitas situações, os doentes são
assintomáticos, motivo pelo qual a doença poderá evoluir para a forma hepatoesplénica
com fibrose periportal. Entretanto, para suporte do diagnóstico clínico, recomenda-se o
exame parasitológico, serológico e a realização da ecografia do abdómen.
O diagnóstico parasitológico é baseado na deteção de ovos do S. mansoni em amostras
de fezes (Van Lieshout et al, 2000).
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Os testes serológicos são métodos indiretos, como os imunoenzimáticos (Enzyme-
linked immunosorbent assay – ELISA) e/ou os de imunofluorescência (direta ou
indireta). Estes testes são direcionados para deteção principalmente de IgG anti-
Schistosoma, podendo no entanto detetar outras classes de anticorpos (IgM). São
métodos sensíveis e específicos, no entanto a imunofluorescência tem desvantagens
relacionadas com o custo do equipamento e as condições específicas para sua realização
(Van Lieshout et al 2000).
Outros métodos serológicos são a deteção de Antigénio Circulante Anódico (CAA) e
Antigénio Circulante Catódico (CCA) que são utilizados para a deteção de antigénios
circulantes. Por estes métodos é possível classificar o tipo de antigénio circulante,
segundo a fase de desenvolvimento do parasita em antigénios de cercárias, de ovos e de
vermes adultos, sendo os mais utilizados os de ovos e de vermes adultos (Shane et al.,
2011;Coulibaly et al., 2013).
Reação cercariana (CHR) é um teste utilizado para evidenciar a presença de anticorpos
anti-parasitas na fase inicial da infeção. Esta prova é precocemente positiva, e só é
negativa em caso de cura espontânea ou após a medicação. É um teste sensível e
especifico no diagnóstico de infeção recente (Belo, 1999).
A ecografia abdominal é um exame adequado para o diagnóstico da patologia orgânica
relacionada com a schistosomose, e é especialmente útil para avaliar a evolução após a
terapêutica e/ou após a interrupção da exposição a espécies de Schistosoma e permite a
identificação da lesão hepática e esplénica e hipertensão portal.
A ecografia abdominal realizada com aparelhos portáteis, é o exame de eleição, não
invasivo e com baixo custo, muito útil para os países em desenvolvimento, dado que em
áreas muito remotas e de difícil acesso, a energia elétrica, muitas vezes, não está
disponível (Richter et al., 2001).
1.5.2.Malária
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A malária é uma patologia endémica e é predominantemente incidente nas regiões
tropicais e subtropicais. De acordo com a OMS, no ano 2000 a malária tinha sido
registada em 106 países.
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células B e à formação de crioglobulinas (agregados de IgM e imunocomplexos). Esse
processo imunológico estimula a hiperplasia reticuloendotelial e a atividade de
depuração do baço e consequentemente esplenomegalia (White e Breman, 2011).
1.5.3. Tuberculose
Em 2015, a OMS estimou que a incidência de casos de tuberculose (TB) foi de 10,4
milhões, cerca de 142 casos em 100.000 indivíduos. A maioria dos casos estimados
ocorreram na Ásia (61%), na região Africana (26%) e uma pequena proporção na região
Mediterrânica (7%), na região Europeia (3%) e na região Americana (3%). Em relação à
mortalidade, foi estimado que morreram cerca de 1,4 milhões de indivíduos com TB
sem o vírus de imunodeficiência humana (VIH). Destes, 84% na região Africana e no
Sudoeste da Ásia (OMS, 2016).
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Angola, é classificada como “alta endemia” pela prevalência e incidência anual de
novos casos que superam 240.0 por 100000 habitantes e pela sua expansão nacional que
afetam todas as camadas da população economicamente ativa. Assim, de acordo com
dados epidemiológicos disponíveis neste momento, em 2014 a taxa de incidência foi de
256.7 por 100 000 habitantes, ou seja, superior a 2013 e 2012 com 227.6 e 230 novos
casos por 100 000 habitantes, respetivamente. A taxa de prevalência em 2014 foi de
278.6 por 100000 habitantes, inferior respetivamente a 2013 e 2012, que foram 327.3 e
300 por 100000 habitantes, respetivamente (MINSA, 2014 e Plano Estratégico Nacional
da TB, 2013).
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estudos levados a cabo por Wu (2013) demonstraram a existência de casos raros de TB
hepática primária ao contrário da TB hepática secundária a TB intestinal e pulmonar.
Nestes doentes, apesar de em muitos casos serem assintomáticos e terem alteração
moderada da função hepática, a necropsia evidenciou a existência de granulomas com
células epitelioides e células gigantes de Langherans com necrose central de
caseificação (Brookes et al., 2006; Wu et al, 2013), o que permite efetuar o diagnóstico
diferencial de Sarcoidose.
A forma clínica, nos pacientes co-infetados com TB e VIH tem um comportamento
distinto, em dependência do grau de imunodepressão. A forma clássica (forma
pulmonar isolada) predomina quando os pacientes estão com grau de imunidade
elevada. À medida que a imunodepressão se vai acentuando, os pacientes vão
apresentando as formas disseminada e extrapulmonares. As formas extrapulmonares
mais frequentes são a ganglionar periférica seguida pela óssea, geniturinária, do sistema
nervoso central (SNC) e hepática, podendo afetar também a pleura, o peritoneu, o
pericárdio e outros locais (ânus, baço, ouvido e articulações) (Ahmad et al, 2005; Hijjar
et al., 2005).
O diagnóstico da TB é feito com base na história epidemiológica, quadro clinico e
exames complementares de diagnóstico nomeadamente, exame bacteriológico, exame
radiológico, prova tuberculínica e exame histopatológico (Hijjar et al., 2005).
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adultos foi de 9,2 (MINSA, 2015) A epidemia do VIH em Angola é predominante na
população adulta, jovens e mulheres, concentrando-se principalmente nas grandes áreas
urbanas, sobretudo nas regiões de garimpo, grandes rotas viárias, portos comerciais.
Em Angola, para controlo da pandemia do VIH/SIDA, decorre a implementação do V
Plano Estratégico Nacional de Luta contra a SIDA (V PEN-SIDA) que tem, a médio
prazo, as metas de zero novas infeções, zero estigma e discriminação e zero mortes
relacionadas com a SIDA no país (Relatório de Atividades de 2015 do INLS, 2016).
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1.5.5. Doença hepática alcoólica
A doença hepática alcoólica inclui três tipos de lesões principais, raramente existindo
lesão de forma única: (1) esteatose hepática; (2) hepatite alcoólica; (3) cirrose hepática
(Mailliard e Sorrell, 2008).
A esteatose hepática ocorre em 90% dos bebedores crónicos, é uma lesão mais precoce,
rapidamente reversível com abstinência alcoólica (Carithers e McClain, 2008). Ao
exame histológico é caracterizada por acumulação de gotículas lipídicas pequenas
(microvesiculares) dentro dos hepatócitos. Com ingestão crónica de álcool, o acúmulo
de lípidos cria grandes glóbulos macrovesiculares claros comprimindo e deslocando o
núcleo para a periferia dos hepatócitos (Crawford, 2000).
As manifestações clínicas da esteatose hepática são mínimas. A hepatomegalia, às
vezes acompanhada de dor pode ser o único achado clínico. (Mailliard e Sorrell, 2008).
A hepatite alcoólica apresenta-se em aproximadamente 10% a 35% dos bebedores
importantes (Carithers e McClain, 2008). Do ponto de vista histológico, caracteriza-se
por degeneração e balonização dos hepatócitos, presença de corpos hialinos alcoólicos
(corpos de Mallory) dentro dos hepatócitos lesados e um infiltrado circundante
composto por leucócitos polimorfonucleares. Na maioria dos casos pode-se encontrar
um infiltrado de gordura moderado ou intenso. Também se pode observar grau variável
de fibrose (Carithers e McClain, 2008).
A cirrose alcoólica é a forma final e irreversível de doença hepática alcoólica que
geralmente evolui de forma lenta e insidiosa. A taxa de mortalidade dos doentes com
hepatopatia alcoólica, simultaneamente com a cirrose aproxima-se a 60% após 4 anos
(Mark at el 2008). Inicialmente, o fígado cirrótico é pardo-amarelado, gorduroso e
aumentado, pesando mais de 2 kg. Após vários anos transforma-se em um órgão
castanho, pequeno e sem gordura, às vezes com peso abaixo de 1 kg (Crawford, 2000).
Ao exame histológico, observam-se septos fibrosos em desenvolvimento estendendo-se
através dos sinusoides da veia central para as regiões portais, bem como de um trato
portal a outro. A atividade regenerativa dos hepatócitos parenquimatosos aprisionados
produz micronódulos. À medida que os septos fibrosos dissecam e circundam os
nódulos, o fígado torna-se mais fibrótico, perde a gordura e diminui de tamanho
progressivamente. As ilhas do parênquima são substituídas por faixas cada vez maiores
de tecido fibroso e o fígado transforma-se em um padrão micronodular e macronodular
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(Crawford, 2000). O quadro clínico é caracterizado por ascite, edemas dos membros
inferiores e hemorragia digestiva alta, icterícia e encefalopatia. Ao exame físico pode-se
observar hepatomegalia e esplenomegalia. Outros achados físicos frequentes incluem
icterícia, eritema palmar, angiomas aracneiformes, aumento do volume das parótidas,
dedos em baquete de tambor, rarefação pilosa, ginecomastia, atrofia testicular e
amenorreia (Bacon, 2008).
1.5.6 Hepatocarcinoma
O quadro clinico é caracterizado por dor no hipocôndrio direito, astenia, perda de peso,
anorexia, saciedade precoce ou desconforto abdominal pós-prandial, icterícia e HM, SM
sobretudo quando acompanhado de um fígado cirrótico. Os fatores de riscos associados
ao HCC são: infeção crónica pelos vírus da hepatite B e C, cirrose de várias causas
(alcoólica, doença de Wilson, deficiência de alfa-1-antitripsina) e exposição alimentar a
aflatoxina B.
20
1.5.7. Insuficiência cardíaca congestiva
21
também pode causar aumento da pressão na veia porta e tributárias. A congestão resulta
em baço tenso e aumentado (SM) (Schoen, 2000).
O diagnóstico de ICC é feito com base nos sinais e sintomas clínicos e fatores de risco
e, para o diagnóstico da patologia de base e exames laboratoriais nomeadamente
hemograma, ureia, creatinina, glicémia, perfil eletrolítico, lipídico, teste da função
tiroideia e marcadores biológicos, nomeadamente, peptídio natriurético do tipo B
(BNP), o N terminal do pró-BNP, troponinas T e I, proteínas C reativa, receptores do
fator de necrose tumoral (FNT) e ácido úrico. Também é necessário a realização de
alguns exames complementares de imagem, tais como, radiografia do tórax,
ecocardiograma, eletrocardiograma (ECG) (Mann, 2008; Mann e Chakinala, 2013).
1.5.8. Doença hepática crónica por infeção por vírus de hepatite B (VHB)
A OMS estima que no mundo, no ano de 2015, viviam 257 (3,5 %) milhões de pessoas
com infeção crónica pelo VHB. Na região africana e Pacífico Ocidental estão 68% dos
infetados, estimando-se que a infeção por VHB tenha sido responsável por 1,34 milhões
de mortes. A infeção por VHB e a infeção por vírus de hepatite C (VHC) não tratada
levam a cirrose, que é responsável por 720.000 mortes por ano, e causa carcinoma
hepatocelular, responsável por 470.000 mortes em 2015 (OMS, 2017).
Os doentes com doença hepática crónica por VHB podem permanecer assintomáticos,
mesmo durante o período de reativação da hepatite. Quando existe uma cirrose
subjacente, a reativação da infeção por VHB pode causar icterícia franca e sinais de
insuficiência hepática (Perrillo e Nair, 2008).
O exame físico pode ser normal ou pode apresentar HSM. Em doentes com cirrose
descompensada são frequentes as aranhas vasculares, icterícia, ascite e edemas dos
membros inferiores (Perrillo e Nair, 2008). O fígado é caraterizado histologicamente
por uma hepatite da interface e necrose em ponte continuada que anunciam uma lesão
hepática progressiva. A marca da lesão hepática irreversível é o depósito de tecido
fibroso. No início, somente os tratos portais mostram fibrose aumentada, mas a fibrose
periportal ocorre com o tempo, seguida por conexão dos septos fibrosos entre lóbulos
(fibrose em ponte). A perda continuada de hepatócitos e a fibrose resultam em cirrose,
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com septos fibrosos e nódulos regenerativos de hepatócitos. Esse padrão de cirrose
caracteriza-se por nódulos de tamanho irregular separados por cicatrizes variáveis, mas
principalmente largas (Crawford, 2000).
1.5.9. Drepanocitose
A drepanocitose é uma doença genética que afeta as pessoas com origem na região
africana. Segundo Zumla e Cook (2003) e OMS (2006), em países como Camarões,
República do Congo, Gabão e Nigéria a prevalência está entre 20% a 30%, enquanto em
algumas partes do Uganda é alta atingindo 45%. Num estudo retrospetivo realizado em
415 crianças nigerianas com média de idades de 7,3 anos, a HM foi mais frequente entre
os pacientes homozigóticos para a drepanocitose (HbSS), com cerca de 88% das
crianças estudadas (Brown, 2012). Em outro estudo foram incluídos 220 indivíduos com
drepanocitose cuja média de idade foi de 24,7 anos, e concluiu-se que 21% dos
indivíduos evoluíram com SM e 59% HM (Olaniyi e Abjah, 2007)
23
Assim, os locais onde com mais frequência ocorrem os episódios vasoclusivos são
ossos, pulmões, cérebro, pénis, fígado e baço. As alterações que ocorrem a nível dos
eritrócitos resultam no sequestro maciço destas células levando ao aumento do volume
do baço (SM) e/ou do fígado (HM). Do ponto de vista histológico existe uma acentuada
congestão da polpa vermelha devida principalmente ao encarceramento de hemácias
falciformes nos cordões e seios esplénicos. Situações recidivantes de enfarto e hipoxia
tecidual ocasionam fibrose contínua e consequente auto-esplenectomia. Enfartes
secundários ao empilhamento das hemácias e anoxia também podem ocorrer no fígado
(Contran et al., 2000).
1.6. Justificação
A escolha deste tema deveu-se ao facto de ao longo dos anos que trabalhamos no
Serviço de Gastroenterologia do Hospital Américo Boavida termos a perceção de que
muitos doentes são admitidos neste Serviço por apresentarem hepatomegalia
esplenomegalia ou hepatoesplenomegalia de causas diversas. Algumas têm sido
identificadas e tratadas, outras ficam por se identificar, por escassez de alguns meios de
diagnóstico.
Procuramos, com este estudo, identificar e descrever as causas da HM, SM ou HSM,
assim como contribuir positivamente para a elaboração de um protocolo de abordagem
para melhorar o diagnóstico, atendimento e tratamento destas infeções nos doentes
internados no Hospital Américo Boavida, uma vez que há poucos estudos e pesquisas
sobre a temática em estudo, em Angola, e os que existem remontam à década de 70, do
século XX.
O estudo em causa também contribuirá para apoiar a introdução de métodos
complementares de diagnóstico, nomeadamente, testes serológicos para diagnóstico da
infeção por S. mansoni, histoplasmose, entre outros.
24
1.7. Questão de investigação e objetivos
25
CAPÍTULO II – MATERIAL E MÉTODOS
26
CAPÍTULO II – Material e Métodos
27
2.5. Variáveis
28
constatadas por exame físico
Ascite Acúmulo de líquido na cavidade peritoneal
evidenciado por exame físico
Esplenomegalia Aumento do tamanho do baço evidenciado por
exame físico ou ecográfico
Hepatomegalia Aumento do tamanho do fígado evidenciado por
exame físico ou ecográfico
Dados
laboratoriais
HGB Em g/dl
HTC Em %
WBC X103/µl
PLT X 103/µl
EOS Em %
LINF Em %
ALBUMINA Em mg/dl
TGO U/L
TGP U/L
BILD Em mg/dl
BILT Em mg/dl
HBSag Positivo ou negativo
HCV Positivo ou negativo
P. Plasmódio Positivo ou negativo
Exame de fezes (Exame parasitológico) positivo ou negativo
Teste de HIV Positivo ou negativo
Exame Imagiológico RX do tórax (valores: realizado/ não realizado)
Ecografia abdominal (Valores: realizado/ não realizado)
Eletrocardiograma (Valores: realizado/ não realizado)
(ECG)
Tomografia Axial (Valores: realizado/ não realizado)
Computorizada (TAC)
Endoscopia digestiva (Valores: realizado/ não realizado)
alta (EDA)
29
Diagnóstico final Doença diagnosticada, causa de HM, SM, HSM
Estado à saída Estado clínico no momento da alta hospitalar
(melhorado, curado, sem alterações, óbito)
Seguimento Destino dos doentes após a alta
30
CAPÍTULO III – RESULTADOS
31
CAPÍTULO III - RESULTADOS
3.1. Características Gerais dos doentes internados
Durante o triénio 2013-2015 foram registados 804 doentes com hepatomegalia (HM),
esplenomegalia (SM) ou hepatoesplenomegalia (HSM) nos serviços de Medicina e de
Gastroenterologia do Hospital Américo Boavida. Verificou-se que, neste período, o
número de doentes internados aumentou anualmente, com uma diferença positiva do
primeiro para o terceiro ano de 29,8%. O serviço de Medicina registou maior
percentagem de casos (n=453; 56,3%) (Tabela 3).
Tabela 3 - Distribuição de casos internados de HM, SM ou HSM por ano e por serviço,
no HAB de 2013 a 2015
Serviço
Ano Gastroenterologia Medicina
Freq % Freq % Freq % Ano % Total geral
2013 109 47,8 119 52,1 228 100 28,3
2014 137 48,9 143 51,0 280 100 34,8
2015 105 35,4 191 64,5 296 100 36,8
Total Geral 351 43,6 453 56,3 804 - 100
Freq - Frequência
32
Tabela 4 - Idade média e distribuição dos doentes internados com HM, SM ou HSM
segundo género, naturalidade e residência, HAB de 2013 a 2015 (N=804)
Caraterísticas
Idade (média ±desvio padrão) 37,27±16,47
n %
Género (N=804)
Masculino 400 49,75
Feminino 404 50,25
Naturalidade (N=756)
Luanda 314 41,5
Uíge 117 15,5
Malange 93 12,3
K. Norte 46 6,1
Bengo 43 5,7
Huambo 36 4,8
K. Sul 29 3,8
Bié 19 2,5
Benguela 19 2,5
Zaire 13 1,7
L. Norte 7 0,9
Huila 6 0,8
Moxico 5 0,7
Outros países 5 0,7
Cabinda 2 0,3
Cunene 1 0,1
Cuando Cubango 1 0,1
Residência em Luanda (N=670)
Viana 177 26,4
Cazenga 174 26,0
Cacuaco 88 13,1
K. Kiaxi 72 10,7
Sambizanga 69 10,3
Rangel 58 8,7
Maianga 13 1,9
Imgombota 11 1,7
Belas 5 0,8
Samba 3 0,4
33
Tabela 5 - Distribuição de doentes internados com HM, SM ou HSM segundo os
dias do início dos sintomas, HAB, 2013 a 2015 (N=724)
Os sinais e sintomas mais frequentes apresentados pelos doentes foram dor abdominal
538 (66,9%), febre 451 (56,1%), emagrecimento 352 (43,8%). Os achados clínicos mais
frequentes ao exame objetivo foram as mucosas descoradas em 557 indivíduos (69,3%)
e hepatomegalia em 400 indivíduos (49,8%). Quanto a fatores de risco para HSM, 236
(29,4%) doentes tinham hábitos etílicos; 164 (20,3%) doentes referiram ter efetuado
hemotransfusão; 144 (17,9%) doentes referiram ter tomado banho no rio; 35,1% dos
doentes tinham internamentos anteriores (ver Tabela 6).
Tabela 6 - Distribuição dos doentes internados com HM, SM ou HSM segundo sinais e
sintomas, achados clínicos, fatores de riscos e antecedentes no HAB de 2013 a 2015
(N=804)
Dados Clínicos n %
Sinais e Sintomas
Dor abdominal 538 66,9
Febre 451 56,1
Emagrecimento 352 43,8
Melena 133 16,5
Hematemese 129 16,0
Diarreia sanguinolenta 27 3,4
Achados Clínicos
Mucosas Descoradas 557 69,3
Icterícia 343 42,7
Ascite 348 43.3
Esplenomegalia 149 18,5
Hepatomegalia 400 49,8
Hepatoesplenomegalia 47 5,8
Fatores de risco
Hábitos Etílicos 236 29,4
Banho no Rio 144 17,9
Hemotransfusão 164 20,4
Antecedentes
Internamento antes 282 35,1
34
3.3 Exames complementares
3.3.1. Exames Hematológicos
Foram identificados resultados de hemograma de 789 doentes, sendo o valor médio de
hemoglobina 8,4±3,0 g/dl, hematócrito 27,3±9,5 %, leucócitos 11,7±27,6 x103/ µl e
plaquetas com valor médio de 205,2±163,9 x103/ µl plaquetas (Tabela 7). Medidas de
localização e dispersão de variáveis referentes ao hemograma podem ser observadas na
Tabela 7.
35
Os doentes que apresentaram ao exame objetivo hepatoesplenomegalia o valor médio
de hemoglobina era 8,4±2,7 g/dl, hematócrito 26,6±8,7%, leucócitos 20,1±46x103/µl e
plaquetas 151,7±97,9x103/µl plaquetas (Tabela 8).
36
Tabela 9 - Distribuição dos doentes internados com HM, SM ou HSM segundo os
resultados dos exames bioquímicos HAB 2013 a 2015
A fim de diagnosticar ou não a existência da hepatite, malária e infeção por HIV, foram
realizados os respetivos exames para diagnóstico. Foram positivos 78 (22%) exames
para AgHBs e 12 (4%) para o vírus da hepatite C; 109 doentes tiveram o teste positivo
para a pesquisa de Plasmodium spp e 63 para o VIH (Tabela 10).
37
3.3.3 Exames de imagem, ECG e endoscopia
38
Tabela 12 - Distribuição dos doentes internados com HM, SM ou HSM por diagnóstico
final e mecanismo fisiopatológico, HAB, 2013 a 2015
Mecanismo
Diagnóstico final Obstrução Total %
Inflamatório Infiltrativo Biliar Congestão
Malária 107 - - - 107 13,3
⃰ ⃰ ⃰SHE 106 - - - 106 13,2
DHC Alcoólica 83 - - - 83 10,3
Tuberculose e SIDA 48 - - - 48 6,0
Tuberculose 43 - - - 43 5,4
Doença hepática
41 - - - 41
crónica ⃰ VHB 5,1
Abcesso hepático 28 - - - 28 3,5
Sepsis 27 - - - 27 3,4
SIDA 18 - - - 18 2,3
Doença hepática
18 - - - 18
crónica 2,3
Endocardite infeciosa 8 - - - 8 1,0
Enterocolite infeciosa 8 - - - 8 1,0
Diabetes 4 - - - 4 0,5
Amebíase 3 - - - 3 0,4
Doença hepática aguda 2 - - - 2 0,2
Doença hepática
2 - - - 2
crónica V ⃰ HC 0,2
Hepatocarcinoma - 71 - - 71 8,8
⃰ ⃰ICC - - - 98 98 12,2
Drepanocitose - - - 39 39 4,9
Cavernoma da porta - - - 4 4 0,5
Lupus eritematoso
1 - - - 1
sistémico 0,1
Esplenomegalia
1 - - - 1
tropical 0,1
Abcesso interansas 1 - - - 1 0,1
Doença hepática VHB
1 - - - 1
e VHC 0,1
Leptospirose 1 - - - 1 0,1
Colangite esclerosante - - 1 1 0,1
Metástase hepática - 15 - - 15 1,9
Linfoma - 8 - - 8 1,0
Leucemia - 7 - - 7 0,9
Doença poliquística - 3 - - 3 0,4
Hemangioma - 1 - - 1 0,1
Colangiocarcinoma - 1 - - 1 0,1
Colestase biliar - - 2 - 2 0,2
Sind. Caroli - - 1 - 1 0,1
Trombose veia porta - - - 2 2 0,2
Total 551 106 4 143 804 100
***SHE= Schistosomose hepatoesplénica ⃰* ICC=Insuficiência cardíaca congestiva
*VHB=Vírus de hepatite B e VHC=Vírus de hepatite C
39
Quanto ao diagnóstico final, a malária foi o diagnóstico final predominante com 107
casos (13,3%), seguido de schistosomose hepatoesplénica (SHE) com 106 casos
(13,2%) e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) com 98 casos (12,2%) (Tabela 13)
Diagnóstico Final N %
Malária 107 13,3
SHE 106 13,2
ICC 98 12,2
Doença hepática crónica alcoólica 83 10,3
Hepatocarcinoma 71 8,8
Tuberculose e SIDA 48 6,0
Tuberculose 43 5,3
Doença hepática crónica e VHB 41 5,1
Drepanocitose 39 4,9
Abcesso hepático 28 3,5
Sepsis 27 3,4
SIDA 18 2,2
Doença hepática Crónica 18 2,2
Metástase hepática 15 1,9
Outros 62 7,7
Total 804 100
40
De acordo com a idade a maior percentagem dos indivíduos com patologia de causa
inflamatória encontram-se na faixa etária dos 30-39 anos (25%), seguida da faixa etária
dos 20-29 anos (23%). A maior percentagem de indivíduos com patologia de causa
infiltrativa encontra-se na faixa etária dos 50-59 anos (25%) e a maior percentagem de
indivíduos com patologia congestiva encontra-se na faixa etária dos 30-39 anos (22%)
(Tabela 14).
Verificou-se, também, que dos 400 doentes com hepatomegalia, 215 (53,8%) tinham
hepatomegalia de causa inflamatória, seguida de causa congestiva com 106 (26,5%).
Dos 149 doentes com esplenomegalia, 134 (89,9%) tinham esplenomegalia de causa
41
inflamatória. Dos 47 doentes com hepatoesplenomegalia, 35 (74,5%) tinham
hepatoesplenomegalia de causa inflamatória (Tabela 15).
A Tabela 16 mostra a relação entre diagnóstico final e a naturalidade dos doentes. Nos
314 indivíduos naturais de Luanda, a malária foi o diagnóstico feito em 75 (23,9%),
seguido da drepanocitose em 32 indivíduos (10,2%) e ICC em 25 (8%). Dos 43
indivíduos naturais do Bengo, a doença mais frequente foi a ICC (n= 9; 20,9%). Nos
117 indivíduos do Uíge, predominou a schistosomose hepatoesplénica, tendo sido
diagnosticada em 52 indivíduos (44,4%) seguido do hepatocarcinoma em 10 indivíduos
(8,5%). Nos 46 indivíduos naturais do Kuanza Norte, predominou a ICC (n=8; 17,4%)
seguido do hepatocarcinoma (n=7; 15,2%). Nos 93 indivíduos da província de Malange,
a doença mais frequentemente diagnosticada foi a ICC em 17 indivíduos (18,3%)
seguido do hepatocarcinoma em 13 (14%) (Tabela 16).
42
43
Tabela 16 - Diagnóstico final segundo naturalidade dos doentes observados no Hospital Américo Boavida. 2013 a 2015
Naturalidade
Doenças Luanda Bengo Uíge K. Norte Malange Outras Total
Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %
VHB: vírus de hepatite B; ICC: insuficiência cárdica congestiva; SHE: schistosomose hepatoesplénica: SIDA: síndrome de imunodeficiência adquirida
44
Dos 107 indivíduos que tinham malária, 58 (54,2%) tinham hepatomegalia; dos 106
indivíduos com schistosomose hepatoesplénica (SHE), 79 (74,5%) tinham
esplenomegalia; dos 98 indivíduos com insuficiência cardíaca (ICC) 86 (87,8%) tinham
hepatomegalia; dos 83 indivíduos com doença hepática crónica alcoólica, 27 (32,5%)
apresentavam hepatomegalia; dos 71 indivíduos com hepatocarcinoma (HCC), 59
(83,1%) tinham hepatomegalia; dos 39 indivíduos com drepanocitose, 19 (48,7%)
tinham hepatomegalia (Tabela 17).
45
doenças cancerígenas, que não são tratadas no HAB. Cento e vinte e dois (15,2%) dos
doentes faleceram (Tabela 18).
46
Tabela 19 - Distribuição dos doentes internados com HM, SM e/ou HSM segundo o
destino no HAB de 2013 a 2015
Destino após alta N %
C.E. Gastro 266 39,0
C.E. Medicina 189 27,7
C.E. Infetologia 72 10,6
C.E. Cardiologia 72 10,6
> 1 Consulta Medica 26 3,8
Transf. serv. médicos 18 2,6
CNO 14 2,1
Fuga 8 1,2
Transferido cirurgia 4 0,6
C.E Nefrologia 3 0,4
Alta familiares 3 0,4
Outros Hospitais 3 0,4
C.E. Hematologia 1 0,15
C.E. Cirurgia 1 0,15
C.E. Urologia 1 0,15
Exterior país 1 0,15
Total 682 100
C.E: consulta externa; CNO: Centro Nacional de Oncologia
Durante o período em estudo foram registados 122 óbitos. As causas dos óbitos foram
hepatocarcinoma (HCC) com 44 (36.0%) óbitos, doença hepática crónica alcoólica com
13 (10,7%) casos, SIDA associada à tuberculose com 13 (10,7%) indivíduos e
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) em 7 (5,7%). (Tabela 20).
47
Tabela 20 – Distribuição dos óbitos segundo diagnóstico final no HAB de 2013 a 2015.
Óbitos
Diagnóstico final
Freq %
Hepatocarcinoma 44 36,0
Tuberculose e SIDA 13 10,7
Doença hepática crónica alcoólica 13 10,7
ICC 7 5,7
SIDA 6 4,9
Tuberculose 6 4,9
Metástase hepática 5 4,1
Sepsis 5 4,1
Linfoma 4 3,3
SHE 4 3,3
Doença hepática crónica e VHB 4 3,3
Doença hepática crónica 3 2,5
Malária 3 2,5
Abcesso hepático 1 0,8
Drepanocitose 1 0,8
Leucemia 1 0,8
Enterocolite infeciosa 1 0,8
Colangite esclerosante 1 0,8
Total 122 100
ICC: insuficiência cardíaca congestiva; SHE: schistosomose hepatoesplénica; SIDA:
síndrome de imunodeficiência adquirida
48
CAPÍTULO IV - DISCUSSÃO
49
CAPÍTULO IV - DISCUSSÃO
As causas da hepatomegalia e/ou esplenomegalia não têm sido objeto de estudo, sendo
o último estudo em Angola realizado por Martins, em 1976, na província do Huambo,
detetando uma prevalência de esplenomegalia de 4,5% e uma prevalência de
hepatomegalia de 6%, em 10.000 doentes. O nosso estudo é de base hospitalar, e por
isso, não comparável, tendo como população de estudo indivíduos com esplenomegalia
(18,5%), hepatomegalia (49,8%) e hepatoesplenomegalia (5,8%) – Tabela 17.
50
esplenomegalia (cerca de dez porcento) relacionadas com a destruição das hemácias
parasitadas.
51
no espaço periportal, causando fibrose de “Symmer´s”. Esta fibrose leva à oclusão
progressiva da veia porta, hipertensão portal e esplenomegalia (Gryseels et al., 2013).
A doença hepática crónica alcoólica inclui três tipos de lesões principais, raramente
existindo lesão de forma única: esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose hepática
(Mailliard e Sorrell, 2008). Ao exame objetivo, o sinal mais frequente em doentes com
esteatose hepática e hepatite alcoólica é a hepatomegalia, que é detetável em mais de
75% destes doentes independentemente da gravidade da doença. Em doentes com
cirrose compensada, o exame físico pode ser normal, embora na maior parte dos casos
haja hepatomegalia e esplenomegalia evidentes. A taxa de mortalidade dos doentes com
hepatopatia alcoólica, simultaneamente com a cirrose aproxima-se a 60% após 4 anos
(Mailliard e Sorrell, 2008).
No presente estudo, a doença hepática crónica alcoólica foi a quarta causa de HM e/ou
SM com 83 (10,3%) dos casos. Dos doentes com este diagnóstico, um pouco mais de
um terço apresentava a HM (32,5%), cerca de trinta por cento SM e cerca de cinco por
cento HSM (Tabela 17).
52
A tuberculose é considerada uma das principais infeções oportunistas da SIDA e
constitui um fator de alto risco de morte em 75% das pessoas com SIDA (MINSA,
2015). De acordo com a OMS (2016), a taxa de incidência em pacientes co-infetados é
estimada em 11%, e a alta proporção foi registada em residentes na região Africana da
OMS, com mais de 50% no Sudoeste de Africa. A mortalidade foi estimada em 0.39
milhões de indivíduos. Madabhavi e colaboradores (2014), num estudo sobre as várias
manifestações da tuberculose extrapulmonar e relação com VIH-AIDS, encontrou uma
percentagem de 6,45% de casos com hepatomegalia e 3,22% de esplenomegalia. Por
outro lado, Terzic et al (2008), num estudo sobre hepatomegalia associada a doença
oportunista em doentes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) encontrou
uma percentagem de 60,7% de casos com hepatomegalia e Obajimi et al (2008), num
estudo sobre avaliação da ecografia abdominal em doentes com VIH/AIDS no Sudoeste
da Nigéria encontrou 13,5% de casos com esplenomegalia. No nosso estudo, mais de
metade (58,1%) dos doentes com TB tinha hepatomegalia (Tabela 17), verificando-se
uma percentagem ligeiramente mais baixa (50%) nos doentes co-infetados com TB e
SIDA.
Em Angola, em 2013, foram registados 503 doentes com infeção por VHB, que
causaram 15 mortes (Boletim epidemiológico 2014). Segundo este Boletim, em 2014
houve um aumento do número de doentes, com 2261 casos que resultaram em 52
mortes. A doença hepática crónica por VHB ocupou o oitavo lugar entre as doenças que
causaram HSM com cinco por cento dos diagnósticos (Tabela 13). Dois quintos dos
doentes com este diagnóstico apresentavam hepatomegalia e um terço esplenomegalia.
53
Em relação à área de residência, os doentes do município de Viana foram os que mais
ocorreram ao hospital, devido possivelmente à proximidade do hospital e grande
extensão da área deste município. Com efeito, a maioria dos doentes foi internada até
um mês após início dos sintomas, o que pode refletir o acesso aos serviços de saúde em
indivíduos em fase aguda/descompensada da sua doença.
Verificámos que a dor abdominal foi o sintoma mais referido (Tabela 6) e as mucosas
descorados o sinal mais observado, certamente relacionado com a anemia causada pela
malária, em que acontece hiperplasia do sistema monócito macrofágico e o sequestro
dos eritrócitos parasitados a nível do fígado e baço, provocando hepatoesplenomegalia
(Rey, 2008), mas também outras doenças infiltrativas ou congestivas poderão dar estes
sinais ou sintomas.
Quanto aos fatores de riscos, o banho no rio foi, certamente, o fator de risco associado à
SHE e os hábitos etílicos marcados a doença hepática crónica alcoólica (Tabela 6). O
fator de risco mais identificado foi os hábitos etílicos. Segundo a literatura, o álcool atua
no hepatócito desencadeando um processo patogénico que envolve a produção de
produtos químicos formados por complexos tóxicos de proteínas- aldeído, endotoxinas,
estresse oxidativo, atividade imunológica e libertação das citocinas proinflamatórias
(Mailliard e Sorrell, 2008).
54
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
55
CONCLUSÕES
Dos doentes internados com HM, SM e/ou HSM no HAB nos anos 2013 a 2015,
verificou-se uma percentagem idêntica de indivíduos do género masculino e feminino.
Este grupo de doentes era principalmente composto por jovens e adultos, naturais da
província de Luanda e residentes em municípios localizados próximo do hospital.
Três quartos dos doentes iniciaram os sintomas até um mês antes de serem internados;
os sinais e sintomas mais frequentes foram a dor abdominal e a febre. Os principais
achados clínicos do exame físico mais frequentes foram as mucosas descoradas e
hepatomegalia.
Relativamente aos fatores de risco de hepatomegalia e/ou esplenomegalia estudados
(hábitos etílicos, banho no rio, hemotransfusão) cada um deles foi mencionado por
cerca de um quinto dos doentes. Acresce que, cerca de um terço dos doentes já tinha
tido internamentos anteriores relacionados com a sua doença atual.
No hemograma, doentes com esplenomegalia mostraram ter, tendencialmente, HBG,
HTC e PTL baixas e WBC elevados; doentes com hepatomegalia e
hepatoesplenomegalia tinham, tendencialmente HGB e HTC baixos, WBC elevados e
PLT dentro dos valores normais. Quase todos os doentes apresentavam provas de
função hepática alteradas, com elevação dos valores de transaminases e bilirrubinas.
Os doentes estudados apresentavam HM/SM/HSM principalmente por mecanismo
fisiopatológico inflamatório, logo seguida do mecanismo fisiopatológico congestivo.
Os diagnósticos finais mais representados foram: malária (13,3%), SHE (13,2%), ICC
(12,2%) e doença hepática crónica alcoólica (10,3%). A maioria dos indivíduos com
malária, ICC e doença hepática crónica alcoólica apresentava hepatomegalia enquanto a
maioria dos indivíduos com SHE apresentava esplenomegalia.
Um quarto dos indivíduos com HM/SM/HSM por mecanismo inflamatório e por
mecanismo congestivo tinha 30-39 anos; um quarto dos doentes por mecanismo
fisiopatológico infiltrativo tem entre 50-59 anos, o que reflete o padrão destas
patologias nos diferentes grupos etários.
Dos doentes naturais do Uíge, cerca de 44,4% tinha SHE, pelo que deve ser um
diagnóstico a considerar em indivíduos naturais destas províncias com hepatomegalia.
56
Após o internamento a maioria dos doentes encontrava-se melhorado e/ou curado, tendo
sido encaminhados para consultas de especialidades em regime de ambulatório.
As principais causas de mortalidade foram hepatocarcinoma, co-infeção tuberculose-
SIDA e doença hepática crónica alcoólica.
57
RECOMENDAÇÕES
58
CAPÍTULO VI – REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ahmad, Z. and Shameen, M. (2005) ‘Manifestations of Tuberculosis in HIV Infected
Patients,’ pp. 302–5.
Booth, M., Vennervald, B. J., Kabatereine, N. B., Kazibwe, F., Ouma, J. H., Kariuki, C.
H., Muchiri, E., Kadzo, H., Ireri, E. and Kimani, G. (2004) ‘Hepatosplenic morbidity in
two neighbouring communities in Uganda with high levels of Schistosoma mansoni
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66
CAPÍTULO VII – ANEXOS
67
ANEXO 1 – Autorização da Comissão de Ética (HAB)
68
ANEXO 2 – Questionário
1 - Dados hospitalares
Ano:
Serviço:
Data de Entrada:
Data de Saída:
2 – Dados Demográficos
Nome:
Idade:
Sexo:
Naturalidade:
Profissão:
Residência:
3 - Dados clínicos
Inicio dos Sintomas:
Febre: Sim Não
Emagrecimento: Sim Não
Diarreia c/ Sangue: Sim Não
Hematemese: Sim Não
Melenas: Sim Não
Dor Abdominal: Sim Não
3.1 – Antecedentes
Hábitos Etílicos: Sim Não
Banho no Rio: Sim Não
Hemotransfusão: Sim Não
Internamento: Sim Não quantas? ______.
4 – Exame Físico
Mucosas: Coradas Descoradas
Adenopatias: Sim Não
Icterícia: Sim Não
Ascite: Sim Não
Hepatoesplenomegalia: Sim Não
Esplenomegalia: Sim Não
Hepatomegalia: Sim Não
Estigmas de doença Hepática Crónica: _______________________________________
5 – Dados Laboratoriais
Hemograma: HGB ____ HTC ___ WBC ___ PLT __ Eosinófilos ___ Neutrófilos ___
69
Albumina: ___ TGO ___ TGP ____ Bilirrubina Direta ___ Total _____
HBS ag: Pos. ____ Neg. ____ HCV: Pos. ____ Neg.____
Pesquisa de Plasmodium: Pos.___ Neg.___ Parasita:
Salmonela:
Schistosoma: Amostra de Fezes: Pos. ___ Neg. ____
Teste de HIV: Pos______Neg_______
7 – Tratamento.
Médico:___________________________________________________________
Cirúrgico: __________________________________________________________
8-Diagnóstico.
9-Estado a saída
Melhorado:
Curado:
Mesmo estado:
Óbito:
10 Seguimento
70