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INSTITUTO DE GESTÃO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE (IGCS)

DIAREIA

Sónia Isabel Mateus

Angoche
2023
Instituto De Gestão De Ciências De Saúde
(IGCS)

Técnico de Medicina Preventiva e saneamento do Meio (TMPSM)

Turma: P4

Sónia Isabel Mateus

Diarreia

Trabalho de caracter avaliativo do curso de


Técnico de Medicina Preventiva e saneamento do
Meio, 2o ano, que tem como tema Diarreia a ser
apresentado no estagio integral Rural,
suprevionados pela:
Tec. Samira Das Neves Gaita

Angoche
2023
Índice
1. Introdução .............................................................................................................. 4
2. Metodologia ........................................................................................................... 5
3. Sistema Digestivo ..................................................................................................... 6
3.1. Intestino grosso – Anatomia e Fisiologia .............................................................. 6
3. Definição de diarreia ............................................................................................. 6
3.1. Causas da Diarreia ............................................................................................. 7
3.2. Fisiopatologia da diarreia ................................................................................... 7
3.3. Modo de transmissão ......................................................................................... 7
4. Tipos de diarreia do ponto de vista clínico ............................................................ 7
4.1. Diarreia aguda .................................................................................................... 8
4.2. Diarreia Crónica ................................................................................................. 8
5. Diagnostico ............................................................................................................ 8
5.1. Diagnóstico clínico ............................................................................................ 8
5.2. Diagnóstico laboratorial ..................................................................................... 9
6. Tratamento ............................................................................................................. 9
6.1. Reidratação ........................................................................................................ 9
7. Medidas de prevenção ........................................................................................... 9
8. Medidas de Controlo ........................................................................................... 10
9. Conclusão ............................................................................................................ 11
10. Referencias Bibliografias ................................................................................. 12
1. Introdução
A falta de informação e em muitos casos a negligência de sintomas como a
diarreia, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, leva ao aumento da taxa de
morbilidade e mortalidade em crianças, adultos e idosos. Responsável pela perda de
produtividade no trabalho e consumo de recursos médicos, a diarreia é uma das queixas
mais frequentes dos doentes assistidos pelos médicos de clínica geral, sendo que cerca de
50% dos casos são encaminhados para especialistas (Braunwald et al., 2002).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF são registados,


por ano, cerca de 2 biliões de casos de diarreia em todo o mundo (World Gastroenterology
Organisation World Global Guideline - Diarreia aguda em adultos e crianças: uma
perspectiva mundial, 2012).

Nos países em desenvolvimento, a desnutrição, a escassez de água, bem como a


inexistência de saneamento básico e a falta de educação para a saúde contribui para uma
elevada incidência de diarreia (Thapar & Sanderson, 2004). Nestes países esta é
considerada uma das maiores causas de morbilidade e mortalidade infantil (Bhutta &
Hendricks, 1996; Guerrant, Hughes, Lima, & Crane, 1990). De acordo com OMS em “
2003 cerca de 1,87 milhões de crianças, abaixo dos 5 anos, morreram de diarreia” (Black
et al., 2010; World Health Organization. The treatment of diarrhoea: a manual for
physicians and other senior health workers, 2005).
2. Metodologia
Para o desenvolvimento deste Trabalho foram analisados várias diretrizes e relatórios da
Organização Mundial de Saúde, Colégio Americano de Gastroenterologia. Foram
realizadas em simultâneo diversas pesquisas no PUBMED, de modo a complementar a
informação dos relatórios mencionados. Relativamente à pesquisa de outros documentos
esta foi realizada nas plataformas informáticas disponíveis, como a plataforma da
Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia e em livros como “Fisiopatologia -
Fundamentos e Aplicações”, “Manual de Terapêutica Médica”, “Harrison - Medicina
Interna”,”Anatomia Geral – Moreno” e “Gray´s Anatomy”
3. Sistema Digestivo
O sistema digestivo consiste no tubo digestivo que se estende desde a boca até ao
ânus e os órgãos anexos (Santos et al., 2007; Seeley, Stephens, & Tate, 2004). É
importante falar no sistema digestivo porque é neste que ocorre a digestão. A digestão é
essencial porque transforma em substâncias simples, capazes de passarem as paredes do
tubo digestivo e serem absorvidas, as substâncias mais complexas constituintes dos
alimentos (Santos et al., 2007).

Ao longo do comprimento do tubo digestivo os alimentos ingeridos são sucessivamente


transformados física e quimicamente, para que possam ser absorvidos e os seus nutrientes
cedidos à circulação sanguínea e linfática. As substâncias que não são digeridas são,
posteriormente, excretadas. As transformações físicas e químicas devem- se aos sucos
digestivos e aos movimentos peristálticos da musculatura lisa das paredesdo tubo
digestivo (Santos et al., 2007).

3.1. Intestino grosso – Anatomia e Fisiologia


O intestino grosso é a porção do tubo digestivo, que se estende desde a válvula ileocecal
ao reto (Santos et al., 2007; Seeley et al., 2004). Os alimentos, já transformados,
necessitam de 18 a 24 horas para passar o intestino grosso, sendo os movimentos do cólon
mais lentos que os do intestino delgado. No cólon o quilo é convertido em fezes ou massa
fecal que, posteriormente, serão eliminadas (Seeley et al., 2004).

3. Definição de diarreia
A OMS define diarreia, como a “dejeção de fezes moles ou líquidas pelo menos
três vezes em 24 horas”, sendo a principal preocupação a consistência e não a frequência
(World Health Organization. The treatment of diarrhoea: a manual for physicians and
other senior health workers, 2005).

Segundo Branwald e colaboradores (2002) é considerado diarreia quando existe


eliminação superior a 200g/dia de fezes não moldadas ou líquidas. Contudo, a maior parte
dos doentes, considera a diarreia como uma diminuição da consistência das fezes
acompanhada de um maior número de dejeções diárias.

A diarreia pode estar relacionada com uma simples alteração intestinal ou ser
causada por bactérias, vírus, parasitas, medicamentos (iatrogénica), problemas intestinais
ou intolerâncias alimentares (National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney
Diseases, s.d.).
3.1.Causas da Diarreia
 Vírus: Rotavírus, Norovírus e Citomegalovírus
 Bactérias: Campylobacter, Clostridium, Escherichia coli, Salmonella, shigella,
Staphylococcus, Vibrio cholerae, Yersinia enterocolitica)
 Protozoários: Cryptosporidium, Giárdia lanblia, Entamoeba hystolytica
 Fungos: Candica albicans
 Nemotoide: Strongyloides stercoralis

3.2.Fisiopatologia da diarreia
Em termos fisiopatológicos, Pinto (2007) afirma que a diarreia pode ocorrer se
houver um aumento do volume de água que entra no cólon, ultrapassando os 6l; se houver
uma doença associada, quer por lesões da muscosa, quer por perturbações na motilidade,
podendo limitar a absorção de água; e se a quantidade de líquido que chega ao cólon
apresentar substâncias que aumentem a secreção de água e eletrólitos e que impeçam o
cólon de compensar esse excesso de água.

3.3.Modo de transmissão
O modo de transmissão é específico para cada agente etiológico, e pode acontecer
transmissão direta ou indireta:

 Transmissão direta – pessoa a pessoa (por exemplo, mãos contaminadas) e de


animais para pessoas.
 Transmissão indireta – ingestão de água e alimentos contaminados e contato
com objetos contaminados (por exemplo, utensílios de cozinha, acessórios de
banheiros, equipamentos hospitalares).

A contaminação pode ocorrer em toda a cadeia de produção alimentar, desde as atividades


primárias até o consumo (plantio, transporte, manuseio, cozimento, acondicionamento).
Os manipuladores de alimentos e locais de uso coletivo – tais como escolas, creches,
hospitais, hotéis, restaurantes e penitenciárias – apresentam maior risco de transmissão.
Ratos, baratas, formigas e moscas também contaminam alimentos e utensílios.

4. Tipos de diarreia do ponto de vista clínico


Dependendo da duração da diarreia de acordo com Ponce (2010), Braunwald e
colaboradores (2002), do ponto de vista clínico esta diferencia-se em dois tipos: aguda e
crónica.
É considerada diarreia aguda quando tem uma duração inferior ou igual a 2
semanas, e diarreia crónica quando tem uma duração superior ou igual a 4 semanas
(Braunwald et al., 2002).

4.1.Diarreia aguda
A diarreia aguda nos adultos é responsável por uma elevada taxa de morbilidade
em todo o mundo (Muller, Korsgaard, & Ethelberg, 2012). Ocorrem, cerca de 0,5-2
episódios/pessoa por ano de diarreia aguda em adultos nos países industrializados,
inferior ao número de casos que ocorrem nos países em desenvolvimento.

Normalmente a causa mais frequente de diarreia aguda nas crianças ocorre devido a uma
infeção viral, enquanto nos adultos deve-se a uma infeção bacteriana (World Diarreias
Gastroenterology Organisation World Global Guideline - Diarreia aguda em adultos e
crianças: uma perspectiva mundial, 2012).

De acordo com Braunwald e colaboradores (2002), cerca de 90% das causas de diarreias
agudas são de origem infeciosa, sendo os restantes 10% devido a intoxicações
alimentares, medicamentos, isquemia e outros distúrbios. A emissão de fezes líquidas
pode ser acompanhada de outros sintomas, tais como vómitos, dor abdominal, mal-estar
geral, febre e anorexia (Braunwald et al., 2002).

4.2.Diarreia Crónica
A diarreia crónica (emissão persistente de fezes não moldadas) tem uma duração igual ou
superior a 4 semanas, e necessita de uma avaliação mais cuidada para se excluírem
patologias mais graves. Devem-se excluir, de acordo com Ponce (2010), a síndrome do
cólon irritável e a incontinência fecal dado que não originam verdadeiras diarreias.

A diarreia crónica pode ser dividida em três categorias: aquosa; esteatorreica; e


inflamatória (Braunwald et al., 2002; Juckett & Trivedi, 2011; Ponce, 2010). A diarreia
quosa subdivide-se na secretória, osmótica e funcional; a diarreia esteatorreica, por sua
vez, subdivide-se na síndrome de má absorção e na má digestão. Na tabela seguinte está
descrito o diagnóstico diferencial dos tipos de diarreia crónica citados.

5. Diagnostico
5.1.Diagnóstico clínico
O primeiro passo para o diagnóstico é a realização da anamnese. Para isso,
algumas informações são fundamentais: idade do paciente, duração da doença diarreica
atual, características das fezes (consistência e presença de sangue ou muco), frequência e
volume das evacuações, associação da diarreia a vômitos, dor abdominal, febre (duração),
tenesmo (tentativa dolorosa de evacuar), cãibras. É importante também excluir as causas
não infecciosas de diarreia aguda: uso recente de medicações (laxativos, antiácidos,
antibióticos), ingestão de bebidas alcoólicas, excesso de bebidas lácteas.

5.2.Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico das causas etiológicas da DDA é laboratorial, por meio de exames
pa- radiológicos, cultura de bactérias e pesquisa de vírus em amostras de fezes. O
diagnóstico laboratorial é importante para que seja conhecido o padrão dos agentes
etiológicos circulantes sendo imprescindível, na vigência de surtos para orientar as
medidas de prevenção e controle, nesse caso, recomenda-se a pesquisa laboratorial para
todos os possíveis agentes etiológicos.

6. Tratamento
6.1.Reidratação
Segundo a OMS, o tratamento mais importante da diarreia é assegurar a reposição
de fluidos e eletrólitos. Nas últimas três décadas, conseguiu-se reduzir a taxa de
mortalidade associada graças à distribuição e ao uso generalizado de soluções de
reidratação oral (SRO). Nos casos de diarreia leve a reposição de líquidos e a toma de
SRO torna-se suficiente. No entanto, em casos de desidratação extrema a reidratação terá
de ser intravenosa (Braunwald et al., 2002).

As terapias de reidratação oral (TRO) são um método custo/efetivo de terapêutica não


farmacológica nas gastroenterites agudas, e reduz a necessidade de internamento tanto
nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento.

7. Medidas de prevenção
A vacinação é a principal medida de prevenção da diarreia por rotavírus.

Atualmente no Calendário de Nacional de Vacinação, o esquema vacinal consiste na


administração de 2 doses de vacina rotavírus humano, aos 2 e 4 meses de idade, sendo
que a primeira dose pode ser administrada a partir de 1 (um) mês e 15 dias até 3 (três)
meses e 15 dias. A segunda dose pode ser administrada a partir de 3 (três) meses e 15 dias
até 7 (sete) meses e 29 dias. Manter intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

A educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência de diarreia, é


fundamental. Devem-se orientar as medidas de higiene e de manipulação de água e
alimentos. Os locais de uso coletivo, tais como escolas, creches, hospitais, penitenciárias,
que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são
adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas.

 Lave as mãos diversas vezes ao dia, principalmente quando chegar da rua e antes
das refeições.
 Use água e sabão.
 Evite manusear alimentos de forma indevida.
 Certifique-se de que a caixa d’água de sua casa está limpa. Mesmo que esteja,
evite beber desta água.
 Beba água mineral de boa procedência ou água tratada e filtrada. Na dúvida, ferva.
 Não escove os dentes usando água da caixa.
 Não vá a praias impróprias para banhos, pois o contato com água contaminada
deixa a população vulnerável a bactérias.
 Ao tomar refrigerantes ou qualquer outra bebida em lata, lave-a bem antes de
consumir. Não coloque a latinha diretamente na boca sem tê-la lavado antes.
 Lave corretamente as frutas, verduras e legumes crus.
 Não tome medicamentos por conta própria.

8. Medidas de Controlo
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de
vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de
elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como escolas, creches, hospitais,
penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias
não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas. Ocorrências
em crianças de creches devem ser seguidas de precauções entéricas, além de reforçadas
as orientações às manipuladoras e às mães. Considerando a importância das causas
alimentares nas diarreias das crianças pequenas, é fundamental o incentivo à prorrogação
do tempo de aleitamento materno, comprovadamente uma prática que confere elevada
proteção a esse grupo populacional.
9. Conclusão
Conhecer os tipos de diarreias existentes, saber identificá-las, saber o seu tratamento e as
suas limitações é de extrema importância. Independentemente do agente etiológico, os
casos mais leves de diarreia sem complicações, tanto em crianças como em adultos,
devem ser tratados recorrendo às SRO, à ingestão de líquidos e uma dieta apropriada ao
estado do doente.

Tal como referido anteriormente nesta monografia, o farmacêutico é o profissional de


saúde mais próximo da comunidade e uma intervenção precoce por parte deste reduz a
desidratação, a desnutrição e outras complicações, além de reduzir o número de consultas
médicas, o internamento e os custos económicos relacionados e a taxa de mortalidade
(World Gastroenterology Organisation World Global Guideline – Diarreia aguda em
adultos e crianças: uma perspectiva mundial, 2012)
10. Referencias Bibliografias
BRASIL. Ministério da Saúde. Capacitação em Monitorização das Doenças Diarreicas
Agudas: manual do monitor. Brasília, 2010.

______. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação. Brasil, 2017.


Disponível em: <http:// portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-
mais-o-ministerio/197-secretaria- svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>. Acesso
em: 2 mar. 2017.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de
doenças transmitidas por alimentos. Brasília, 2010.158 p.

CENTERS OF DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Viral agents of


gastroenteritis public health importance and outbreak management. Morbidity and
Mortality Weekly Report Recommendations and Reports – MMWR, Atlanta, GA, v. 39,
n. RR-05, 27 Apr. 1990.

UNICEF; WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diarrhoea: why children are still dying
and what can be done, 2009. Disponível em:
<http://www.unicef.org/media/files/Final_Diarrhoea_Report_October_2009_final.pdf>.
Acesso em: 23 dez. 2022.

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