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AO JUÍZO DA ____ VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO–RJ.

THIAGO LÚCIO DA CUNHA, brasileiro, casado, técnico em radiologia, CTPS


nº. 91913, série 144-RJ, portador da carteira de identidade nº. 210899746 DETRAN, regularmente
inscrito no CPF nº.: 108.997.117-66, PIS nº. 129.79109.60-8, filho de Shirley da Cunha Lemos,
nascido no dia 20/09/1984, residente e domiciliado Rua Caracas, nº. 79, apto. 203, Bento Ribeiro,
Rio de Janeiro-RJ, CEP: 21.331-740, com endereço eletrônico: thiago091@msn.com, por seus
advogados regularmente constituídos, com endereço profissional na Rua Carolina Machado, nº 380,
sala 606, Madureira, CEP: 21351-021, endereço eletrônico thiago@camelecamel.com.br e
thiagocamel@hotmail.comlocal para onde deverão ser remetidas as notificações iniciais e de
prosseguimento, vem ajuizar:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de C.T.O. CLÍNICA TRAUMATO ORTOPEDICA LTDA, inscrita no CNPJ nº.


42.104.851/0001-24, estabelecida na Rua Américo Brasiliense, nº. 91, Madureira, Rio de Janeiro-
RJ, Cep: 21351-060, pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor:

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-I-

DAS PUBLICAÇÕES

Ab initio, propugna, que V. Exa. se digne determinar à Serventia para que faça
constar na capa deste feito e em todas as publicações advindas do mesmo, o nome do Dr.
THIAGO CAMEL DE CAMPOS, OAB/RJ 162.525, independente dos patronos que assinem
futuras petições referentes aos autos em epígrafe, com a devida juntada da procuração que segue em
anexo.

- II -

DOS FATOS

II.1. Da admissão / Função / Jornada de Trabalho / Remuneração / Dispensa:

II.1.1. O Reclamante foi admitido aos serviços da Reclamada no dia 01.02.2010,


para exercer a função de Técnico em Radiologia, tendo como último dia efetivamente trabalhado
02.05.2019, tendo como última remuneração R$ 3.339,00 (três mil, trezentos e trinta e nove
reais), sendo imotivadamente dispensado com verbas resilitórias quitadas no importe de R$
23.100,01 (vinte e três mil, cem reais e um centavo).

II.1.2. O Reclamante exercia seu labor prestando seus serviços na escala de 24


horas semanais de trabalho:

- das 07:00hs às 07:00h de quinta para sexta-feira.

- III -

DAS VERBAS

Que, quando da rescisão do contrato de trabalho a Rda não procedeu ao


pagamento, na totalidade, das seguintes verbas:

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III.1. Do Não Pagamento Do Piso Salarial:

O Reclamante, como profissional Técnico de Radiologia, tem por força de lei que
regulamenta a profissão, dois salários mínimos regionais + 40% de adicional de insalubridade, este
devendo incidir sobre dois salários, por lógica.

A Lei 7.394/85 – que regulamente o exercício da profissão de técnico em


radiologia – dispõe o seguinte, em seu art. 16 (in verbis):

“Art. 16 – O salário mínimo dos profissionais, que executam as


técnicas definidas no Art. 1º desta Lei, será equivalente a 2 (dois)
salários mínimos profissionais da região, incidindo sobre esses
vencimentos 40% (quarenta por cento) de risco de vida e
insalubridade.” (grifo ausente no original)

Acerca da matéria, o C. TST editou a Súmula nº 358, que assim dispõe (in
verbis):

"RADIOLOGISTA. SALÁRIO PROFISSIONAL. LEI Nº 7.394,


DE 29.10.1985 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O
salário profissional dos técnicos em radiologia é igual a 2 (dois)
salários mínimos e não a 4 (quatro)".

Na presente hipótese, o contrato de trabalho havido entre as partes vigeu de


01/02/2010 a 02/05/2019.

O salário mínimo profissional específico para os Técnicos em Radiologia, no


Estado do Rio de Janeiro, só passou a vigorar em abril de 2011, quando foi editada a Lei Estadual
nº. 5950/2011, produzindo efeitos a partir de 1º de abri de 2011 e nos anos posteriores pelas Leis
6163/2012, 6402/2013, 6702/2014, 6983/2015, 7267/2016, 7530/2017, 7898/2018 e 8.315/2019,
estabelecendo-se o piso da categoria de técnico em radiologia.

A guisa do exposto, no ano de 2016, por exemplo, o Autor recebeu como


salário-base R$ 1.760,00, quando o correto seria R$ 2.831,962 (2 x R$ 1.415,98 – Lei Estadual
nº. 6.702/2014) + 40% de insalubridade, totalizando a quantia de R$ 3.964,74.

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Com base nos parâmetros ora fixados, e compulsando os salários quitados pelo
Rte, verifica-se que a Reclamada não respeitou o salário profissional da região para o cálculo
da remuneração, conforme se depura pelos recibos de salário e legislações estaduais
supramencionadas.

Por oportuno, destaque-se que embora o artigo 16, da Lei nº. 7.394/85 tenha sido
declarado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Medida Cautelar na ADPF
151/DF, a referida decisão também determinou que os critérios estabelecidos pela Lei nº. 7.394/85
devem continuar sendo aplicados, até que sobrevenha norma que fixe nova base de cálculo, seja lei
federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam convenções ou acordos coletivos de trabalho, ou,
ainda, lei estadual, editada conforme delegação prevista na Lei Complementar nº 103/2000.

Nesse contexto, tem-se o entendimento deste Eg. TRT-1, a saber:

“RECURSO ORDINÁRIO. PISO SALARIAL DO


RADIOLOGISTA. O salário mínimo profissional específico para
os Técnicos em Radiologia, no Estado do Rio de Janeiro, só passou a
vigorar em abril de 2011, quando foi editada a Lei Estadual nº
5.950/2011, produzindo efeitos a partir de 1º de abril de 2011. Antes
da edição dessa norma, não havia, no Rio de Janeiro, piso salarial
específico para a categoria em questão. Assim sendo, a partir de 1º
de abril de 2011, deve ser observado o piso salarial regional, e não
o salário mínimo nacional. (PROCESSO nº 0011469-
76.2015.5.01.0030 (RO) - RELATOR: Des. JOSÉ ANTONIO
PITON)”

Nesse contexto, são devidas as diferenças salarias de todo o período laborado,


acrescidas do adicional de 40% de insalubridade, bem como seus reflexos no Aviso Prévio,
Férias+1/3, 13ºs salários integrais e proporcionais, FGTS e multa compensatória de 40% [quarenta
por cento]¸ observando o período imprescrito com projeção de aviso de 29/04/2016 a 28/06/2019;

III.2. Da Remuneração Mensal Do Autor – Das diferenças salariais devidas:

Que, conforme fundamentação supra, a Reclamada durante todo o contrato de


trabalho jamais observou e quitou ao Reclamante o piso salarial da função de técnico em radiologia,
de acordo com o fixado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, consoante fundamentação
supra, quitando os salários do Autor em valores inferiores aos referidos pisos, conforme a seguir se

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descreve, observando o período imprescrito em conformidade com o artigo 3º, da Lei nº.
14.010/2020:

Ano Piso salarial devido + 40% Salário quitado + 40% Diferença Devida
2016 R$ 3.964,74 R$ 2.464,00 R$ 1.500,74
2017 R$ 4.281,92 R$ 2.623,60 R$ 1.658,32
2018 R$ 6.780,95 R$ 2.671,20 R$ 4.109,75
2019 R$ 7.035,25 R$ 2.671,20 R$ 4.364,05

Deverão, portanto, todas as diferenças mensais devidas serem quitadas com


reflexo no Aviso Prévio, Férias+1/3, integrais e proporcionais, 13ºs salários integrais e
proporcionais, FGTS+ 40% [quarenta por cento], horas extras, adicional de insalubridade (40%),
observando o adicional noturno e o período imprescrito com projeção de aviso de 29/04/2016 a
28/06/2019.

III.3. Diferença do Adicional de insalubridade (40%) no piso salarial:

Acontece que, conforme se depreende pela fundamentação inserta nos itens III.1 e
III.2, o Reclamante tem direito a receber mensalmente a título de adicional de insalubridade o
percentual de 40% [quarenta por cento] sobre o piso salarial, conforme dispõe o artigo 16, da Lei
nº. 7.394/85 c/c 192, da CLT.

No entanto, a Reclamada quitava o respectivo adicional de insalubridade em valor


inferior ao devido, haja visto que o percentual incidia sobre o salário quitado e não sobre o piso
devido consoante fundamentação supra, logo, tem-se diferenças mensais de todo o contrato de
trabalho.

Deverão, portanto, todas as diferenças mensais devidas serem quitadas com


reflexo no Aviso Prévio, Férias+1/3, integrais e proporcionais, 13ºs salários integrais e
proporcionais, FGTS+ 40% [quarenta por cento], horas extras, observando o adicional noturno e o
período imprescrito com projeção do aviso prévio 29/04/2016 a 28/06/2019.

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III.4. Das Horas Extras Fictas - Da hora noturna reduzida – Do não pagamento - DSR:

O reclamante laborava na escala de 24 horas semanais, no horário de 07:00hs às


07:00h de quinta para sexta-feira.

O que gerava horas extras NÃO quitadas, em razão da redução da hora


noturna, que, por força do art. 73, §§ 1º e 2º, da CLT, a hora de trabalho noturno deve ser
computada como de 52 minutos e 30 segundos, considerando-se noturno o trabalho executado entre
as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.

Portanto, laborando o Rte das 07h de quinta-feira às 07h de sexta-feira, tem-se, na


verdade, 25 horas de trabalho, e não 24 horas, exatamente em decorrência da hora noturna prevista
no artigo 73, da CLT.

Além disso, devidas as horas extras, é devido o D.S.R sobre as mesmas, com seus
respectivos reflexos consoante Súmula 172 do TST.

Dessa forma, o Reclamante é credor de 1 horas extras por plantão, que deverá ser
acrescido de 50% (cinqüenta por cento), considerando-se as horas excedentes a 24ª (vigésima
quarta semanal), de todo o período imprescrito, de 29/04/2016 a 28/06/2019, em razão da redução
ficta da hora noturna, levando-se a efeito a real remuneração (fundamentação III.1 e III.2), com
reflexos em RSR, aviso prévio, férias+1/3 (integrais e proporcionais), 13º salários (integrais e
proporcionais), FGTS+40% e adicional noturno.

III.5. Do Adicional Noturno:

O Rte laborava além das 22h00min, em plantão de 24hs, devendo incidir o


respectivo adicional, observando a real remuneração e nas horas extras, além do pagamento (ou
diferenças – onde cada qual couber) de 57 dias de aviso prévio, férias+1/3 (integrais e
proporcionais), 13º salários (integrais e proporcionais), FGTS+40%.

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III.6. Do aviso prévio indenizado:

Em razão dos fatos alhures, o Reclamante, é credor de diferença de 57 (cinquenta


e sete) dias de AVISO PRÉVIO INDENIZADO, de acordo com a Lei 12506/2011, observando a
real remuneração percebida pelo Autor, conforme itens ‘III.1, III.2, III.3, III.4 e III.5’, bem com os
seus reflexos em, 13º salários, Férias + 1/3, FGTS+40%.

III.7. Das férias + 1/3:

É devido o pagamento de diferença das férias, do período imprescrito, integrais e


em dobro, 2014/2015, 2015/2016, 2016/2017, 2017/2018; integral 2018/2019; e proporcional
2019/2020 (5/12 avos), todas acrescida do terço constitucional, observando a projeção do aviso
prévio, levando a efeito a real remuneração percebida pelo Autor, conforme denunciado nos itens
‘III.1, III.2, III.3, III.4 e III.5’.

III.8. Do 13º salário:

É devido o pagamento de diferença de 13º salário, integral, de 2016, 2017 e 2018


e, proporcional, 6/12 avos de 2019, levando a efeito a real remuneração percebida pelo Autor e
projeção do aviso prévio, conforme denunciado nos itens ‘III.1, III.2, III.3, III.4 e III.5’.

III.9. Do FGTS + 40% (diferenças):

Deverá incidir diferenças de 8% de FGTS em D.S.R, aviso prévio, férias+1/3, 13º


salários, D.S.R, adicional noturno e nas diferenças ante ao pagamento a menor da remuneração,
portanto, incidindo nos itens “III.1, III.2, III.3, III.4, III.5, III.6, III.7 e III.8 ”, em razão do seu
pagamento a menor, consoante acima demostrado, o qual deverá se dar de forma indenizada
diretamente ao obreiro.

Finalmente, deverá, ainda, pagar diferença de multa de 40% sobre o saldo total
apurado do FGTS, que deverá ser pago de forma indenizada.

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- IV -

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA DA INCONSTITUCIONALIDADE DE TRECHO DO §4º


DO ARTIGO 791-A DA CLT
DA INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO
TRIBUNAL PLENO DO TRT-1 PROCESSO Nº: 0102282-40.2018.5.01.0000

De início cumpre informar que atualmente a Reclamante está


DESEMPREGADA, não possuindo qualquer renda que garanta sua subsistência.

Noutro giro, a Lei nº 13.467/2017 trouxe ao ordenamento jurídico-trabalhista


diversas alterações, dentre as quais se destaca a imposição do custeio de honorários periciais,
honorários advocatícios, despesas processuais, assim como custas à parte, ainda que beneficiária da
justiça gratuita, conforme disposições contidas no § 4º do art. 791-A da CLT.

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

(...)

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha


obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir
a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Ocorre que tais inovações violam de forma direta e literal o princípio


constitucional do acesso à justiça (art. 5º, XXXV da CF/88), dignidade da pessoa humana (art. 1º,
III da CF/88), da igualdade (art. 5º, caput, da CF/88), da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/88), do
devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF/88), assim como ao da gratuidade judiciária aos que
comprovem insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV da CF/88).

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Isto porque as inovações trazidas limitam injustificadamente o acesso do
trabalhador carente de recursos à justiça, impondo-lhe os riscos naturais de uma demanda
trabalhista, independentemente de sua condição financeira.

O fato de o empregado receber em Juízo verbas nitidamente alimentares não


quitadas na época própria não autoriza que parte dos valores a serem recebidos sejam retidos
para custeio dos custos do processo, haja vista que não lhe retira a condição de beneficiário da
justiça gratuita.

E, assim foi reconhecido pelo Tribunal Pleno do TRT-1, no julgamento do


processo nº. 0102282-40.2018.5.01.0000, a saber:

“INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. PARÁGRAFO 4º DO ARTIGO
791-A DA CLT, INTRODUZIDO PELA LEI 13.467/2017.
ACOLHIMENTO PARCIAL. É inconstitucional a expressão "desde
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
créditos capazes de suportar a despesa" contida no § 4º do artigo
791-A da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, por violar os direitos
fundamentais de assistência jurídica integral e gratuita aos
necessitados e de acesso à Justiça, previstos no art. 5º, incisos LXXIV
e XXXV, da Constituição da República.”

A justiça gratuita, vista como condição sine qua non para atendimento ao
princípio do acesso à justiça, ampla defesa e devido processo legal, abrange todos os custos
processuais, sejam eles custas, despesas processuais e honorários, independentemente do valor a ser
recebido nos autos do processo, dado o caráter alimentar das verbas postuladas nesta justiça
especializada.

Se o empregado postulante tivesse, à época da prestação de seus serviços,


recebido corretamente seus haveres no curso de seu contrato de trabalho, ainda teria direito à
gratuidade de justiça, haja vista que tal fato não lhe tiraria a condição de hipossuficiente.

É uma incoerência sem tamanho que acaba por privilegiar o empregador mal-
intencionado, restringindo sem precedentes o acesso ao Poder Judiciário pelo cidadão carente de
recursos.

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A norma trouxe no aspecto completo retrocesso social.

Negar a inconstitucionalidade ora suscitada é o mesmo que limitar o pleno acesso


à justiça ao trabalhador desprovido de recursos e violar de forma direta os dispositivos
constitucionais invocados.

Tanto é assim que o TRT da 4ª Região, através de seu Tribunal Pleno,


quando examinando Arguição de Incidente de Inconstitucionalidade, proc. 0020024-
05.2018.5.04.0124, em 13 de dezembro último, decidiu declarar incidentalmente a
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro
processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com
redação da Lei 13.467 de 13.07.2017, bem como se ratificou o entendimento quando do julgamento
da ação de nº. 002089825.2017.5.04.0641, a saber:

“AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI 13.467/17.


GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. Impositiva a concessão da
gratuidade da justiça àquele trabalhador que declarar não possuir
condições financeiras de fazer frente às despesas do processo, como
custas processuais e honorários periciais. Quanto aos honorários
advocatícios de sucumbência, harmonizando-se ao decidido pelo
Tribunal Pleno deste Tribunal no dia 13 de dezembro de 2018, em
Arguição de Incidente de Inconstitucionalidade, ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos
dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
extinguindo-se, passado esse prazo, a obrigação do beneficiário.”

Analisando por outro aspecto, o Diploma Processual Civil, código que regula
situações processuais entre particulares que não são subordinados entre si e que não estão em
posição evidentemente desvantajosa, como ocorre na relação laboral, dispõe que a gratuidade de
justiça abrange custas, despesas processuais e honorários.

Se os valores a serem recebidos não são levados em consideração na justiça


comum, para fins de deferimento da justiça gratuita, onde são discutidas parcelas não salariais e,
consequentemente, não necessárias à subsistência humana, como podemos assim fazê-lo quando
nos deparamos com verbas de cunho alimentar?

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Isto é, a legislação comum, em contramão histórica, hoje está mais benéfica ao
hipossuficiente economicamente que a legislação laboral que regula relações materiais onde uma
parte é subordinada de forma econômica e jurídica à outra.

Entretanto, observa a parte reclamante que o próprio CPC prevê em seu art. 15
que suas regras serão supletiva e subsidiariamente aplicadas às relações processuais trabalhistas,
destacando-se que o próprio art. 769 da CLT também prevê a possibilidade de aplicação subsidiária
das normas processuais civis.

Em razão de todo exposto, requer seja declarada a inconstitucionalidade


incidentalmente da expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
créditos capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, ou caso não seja
este o entendimento do r. Juízo, fica, desde já, requerida a suspensão da exigibilidade de
(eventual) sucumbência por força do art. 86, § Ú do CPC, para pagamento dos honorários
sucumbenciais.

-V-

DO PEDIDO

Cumpre informar, antes de se adentrar ao rol de pedidos, que a indicação dos


valores, conforme redação do artigo 840, § 1º, da CLT, consiste na mera estimativa, não servindo
de teto para a condenação, não se exigindo a exata quantificação e não se impondo que seja
utilizado como limite na fase de liquidação, até porque muitos dos documentos então em posse da
Rda o que impede a exatidão dos valores.

Dessa forma, REQUER:

[A] Deferimento da Gratuidade de Justiça, conforme fundamentação do item ‘IV’, devendo ainda,
ser declarada incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", constante do § 4º do
art. 791-A da CLT, por conseguinte, suspendendo a execução de eventual verba sucumbencial, ou
caso não seja este o entendimento do r. Juízo, fica, desde já, requerida a suspensão da exigibilidade

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de (eventual) sucumbência por força do art. 86, § Ú do CPC, para pagamento dos honorários
sucumbenciais, fundamentação ‘IV’;

1. Pagamento de diferenças mensais a título de piso salarial quitado a menor, de todo o período
imprescrito, de 29/04/2016 a 28/06/2019 (observando o art. 3º, da Lei nº. 4.010/2020), tendo
por base o piso salarial da categoria no Estado do Rio de Janeiro, com reflexos (estes –
reflexos – liquidados em itens próprios) em DSR, 90 (noventa) dias de aviso prévio,
férias+1/3 (integrais e proporcionais), 13º salários (integrais e proporcionais), FGTS+40%,
adicional de insalubridade(40%), adicional noturno e horas extras, fundamentação ‘III.1 e
III.2’, no valor estimado de R$ 63.961,16;

2. Pagamento de diferenças mensais a título de insalubridade (40%) quitado a menor, de todo


o período imprescrito, de 29/04/2016 a 28/06/2019 (observando o art. 3º, da Lei nº.
4.010/2020), tendo por base o piso salarial da categoria no Estado do Rio de Janeiro, com
reflexos (estes – reflexos – liquidados em itens próprios) em DSR, 90 (noventa) dias de
aviso prévio, férias+1/3 (integrais e proporcionais), 13º salários (integrais e proporcionais),
FGTS+40%, observando o adicional noturno e horas extras, fundamentação ‘III.3’, no
valor estimado de R$ 25.431,60;

3. Pagamento de 01 (uma) hora extra por plantão em razão da redução ficta da hora noturna,
acrescido de 50%, considerando-se as horas excedentes a 24ª (vigésima quarta semanal), de
todo o período imprescrito, de 29/04/2016 a 28/06/2019, levando-se a efeito a real
remuneração (fundamentação III.1 e III.2), com reflexos (estes – reflexos – liquidados em
itens próprios) em RSR, aviso prévio, férias+1/3 (integrais e proporcionais), 13º salários
(integrais e proporcionais), FGTS+40% e adicional noturno, fundamentação ‘III.4’, no
valor estimado de R$ 5.392,47;

4. Sendo devidas as horas extras é devido o D.S.R sobre as mesmas, observando a real
remuneração, fundamentação ‘III.4’, no valor estimado de R$ 2.420,66;

5. Pagamento de diferenças de adicional noturno, observando a real remuneração e horas


extras, consoante fundamentação ‘III.5’, no valor estimado de R$ 5.568,66;

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6. Pagamento de diferença de 57 (cinquenta e sete) dias de aviso prévio indenizado,
observando a real remuneração percebida pelo Rte, consoante fundamentação ‘III.6’, no
valor estimado de R$ 9.053,14;

7. Pagamento de diferença das férias, do período imprescrito, integrais 2014/2015, 2015/2016,


2016/2017, 2017/2018; integral 2018/2019; e proporcional 2019/2020 (5/12 avos), todas
acrescida do terço constitucional, observando a projeção do aviso prévio, levando a efeito a
real remuneração percebida pelo Autor, fundamentação ‘III.7’, no valor estimado de R$
23.519,77;

8. Pagamento de diferença de 13º salário, integral, de 2015, 2016, 2017 e 2018 e, proporcional,
6/12 avos de 2019, fundamentação ‘III.8’, no valor estimado de R$ 10.404,95;

9. Pagamento de 8% (oito por cento) de FGTS sobre os pedidos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8,


fundamentação ‘III.9’, no valor estimado de R$ 8.028,29;

10. Pagamento de multa de 40% (quarenta por cento) sobre o total apurado no pedido 14,
fundamentação ‘III.9’, no valor estimado de R$ 3.211,32;

11. Seja a Rda condenada ao pagamento de honorários advocatícios na proporção de 15% sobre
a condenação, no valor estimado de R$ 23.548,80;

- VI -

DOS REQUERIMENTOS PROBATÓRIOS E OFÍCIOS

Requer, ainda, intimação das Reclamadas para juntar aos Autos os documentos
abaixo solicitados, na forma da lei:

 Controles de frequência de todo o período laborado;


 Controle e demonstrativo das horas compensadas;
 Recibos Salariais;
 Comprovante dos depósitos do FGTS de todo o período;

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 Comprovante de recolhimento do INSS.

Diante das diversas irregularidades apontadas na causa de pedir, requer,


expedição de Ofícios aos Órgãos Regionais da Previdência Social; Receita Federal; Caixa
Econômica Federal; Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, para apuração
dos valores devidos e aplicação das penalidades cabíveis.

Assim sendo, requer, o reclamante, sejam notificadas as reclamadas para contestar


a presente ação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato.

Protesta pela produção das provas admitidas em direito, a saber: documental,


testemunhal e depoimento pessoal do representante legal e das reclamadas, sob pena de confissão,
além rotas de venda do Reclamante com a respectiva quilometragem gasta entre os roteiros,
incluindo o deslocamento até a sucursal no início e término da jornada, trazendo-as em
primeira audiência.

Declara este subscritor a autenticidade de todos os documentos colacionados à


presente demanda na forma do art. 830 da CLT.

Dá-se à causa para efeitos de alçada o valor de R$ 180.541,52 (cento e oitenta mil, quinhentos
e quarenta e um reais e cinquenta e dois centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 29 de abril de 2021.

THIAGO CAMEL DE CAMPOS


OAB-RJ 162.525

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1 – gratuidade

2- hora extra por escala

3 – hora extra ficta

4 – aviso prévio

5 – saldo de salario

6 – hora extra 50%

7 – hora extra 100%

8 – 13º proporcional

9 – fgts e multa

10 – multa 467

11 – inversão do ônus da prova

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