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A Cidade e a sua região

A cidade e sua região são componentes fundamentais de um conjunto econômico, social


e político, onde a unidade administrativa nem sempre coincide com a geográfica. O
desenvolvimento urbano está intrinsecamente ligado ao contexto regional, influenciado
por fatores como comunidades suburbanas, vias de comunicação, geografia natural e
características étnicas e culturais.

A cidade, quando integrada à sua região, garante seu abastecimento, enriquece-se com
recursos naturais e estabelece relações econômicas e políticas. Contudo, essa dinâmica é
suscetível a mudanças repentinas, seja por descobertas científicas, forças econômicas
globais ou evolução tecnológica.

As razões para o desenvolvimento das cidades estão em constante evolução,


influenciadas por mudanças na população, economia, transporte e políticas adotadas. O
crescimento desenfreado das cidades, impulsionado pelo avanço tecnológico, tem
impactos negativos, como o desequilíbrio entre áreas urbanas e rurais, o declínio do
artesanato, congestionamento urbano e abandono de terras no campo.

Em suma, o desenvolvimento urbano e regional é um processo complexo, moldado por


uma variedade de fatores e sujeito a constantes mudanças que afetam a vida cotidiana
das pessoas tanto nas cidades quanto nas áreas rurais.

Observações sobre habitação:

O crescimento urbano tem levado à alta densidade populacional em núcleos históricos e


áreas industriais, resultando na perda de espaços verdes e em condições habitacionais
precárias. É essencial respeitar as necessidades humanas, como acesso à luz solar e ar
fresco, ao planejar habitações e zonas urbanas.
Os subúrbios desorganizados comprometem o bem-estar público e privado, exigindo
uma abordagem integrada desde o início para garantir um desenvolvimento urbano
equilibrado. A construção de moradias deve considerar as características do terreno e
garantir acessibilidade ao sol, enquanto as vias de comunicação devem ser projetadas
para segurança e conveniência.

A criação de áreas verdes é fundamental, especialmente ao redor de edifícios altos, para


proporcionar um ambiente saudável. A cidade deve ser planejada com clareza e
flexibilidade para atender às necessidades da população, permitindo a criatividade dos
arquitetos e a iniciativa privada.

Observações sobre lazer:

As áreas livres dentro das cidades são frequentemente escassas e mal localizadas,
muitas vezes transformadas em construções devido ao desenvolvimento urbano. Quando
disponíveis, tendem a estar em áreas periféricas ou residenciais de luxo, excluindo a
maioria da população. É crucial que as áreas de lazer estejam acessíveis e conectadas à
cidade por transporte público eficiente, oferecendo mais do que simples gramados, mas
verdadeiros parques, bosques e praias para atividades saudáveis e entretenimento. O
planejamento cuidadoso do transporte pode garantir que essas áreas se tornem valiosos
locais de recreação para os habitantes urbanos, contribuindo para seu bem-estar.

Observações sobre o trabalho:

- A introdução das ferrovias e o aumento do tráfego fluvial no século XIX levaram as


indústrias a se estabelecerem ao longo dessas vias de transporte.

- No entanto, a falta de planejamento resultou na saturação das cidades existentes,


levando à rápida criação de cidades suburbanas.

- A mão-de-obra intercambiável enfrenta condições de transporte caóticas e horas de


pico críticas, com os sistemas de transporte público funcionando apenas em momentos
específicos do dia.

- A falta de um plano coerente para o desenvolvimento urbano resultou na instalação


aleatória de indústrias, muitas vezes sujeitas à especulação e à instabilidade econômica.
- Os escritórios comerciais concentraram-se nos centros urbanos, mas a falta de
organização propícia ao seu desenvolvimento natural levou à especulação e à
concentração do poder econômico em mãos privadas.

- As indústrias devem ser transferidas para locais estratégicos ao longo das principais
vias de transporte, tornando as cidades industriais lineares em vez de concêntricas.

- O artesanato, por sua natureza, deve ser acomodado em locais designados dentro da
cidade, enquanto os centros de negócios devem estar estrategicamente localizados para
facilitar a comunicação com os setores residenciais, industriais e de artesanato.

Observações sobre a circulação:

- As vias urbanas atuais foram desenvolvidas em torno das grandes vias de


comunicação, muitas vezes seguindo traçados sinuosos ditados pela topografia.

- O dimensionamento inadequado das ruas não é adequado para as novas velocidades


dos veículos mecânicos, resultando em problemas de congestionamento.

- A circulação moderna é complexa, especialmente em áreas onde os traçados suntuosos


se tornaram obstáculos para o tráfego eficiente.

- Em algumas cidades, a rede ferroviária se tornou um obstáculo à urbanização, isolando


bairros e cortando zonas inteiras.

- Análises estatísticas rigorosas são necessárias para entender a circulação na cidade e


sua região, a fim de identificar problemas e encontrar soluções.

- As vias de circulação devem ser classificadas de acordo com sua natureza e


construídas levando em consideração os diferentes tipos de veículos e suas velocidades.

- Medidas como separação de caminhos para pedestres e veículos, vias exclusivas para
cargas pesadas e organização de cruzamentos em níveis diferentes são sugeridas para
melhorar a circulação urbana.
O pedestre deve poder seguir caminhos diferentes do automóvel

- O pedestre deve ter caminhos separados dos automóveis, o que exigiria uma reforma
fundamental na circulação urbana.

- As avenidas de tráfego não teriam contato com as ruas menores, exceto nos pontos de
interligação.

- As grandes vias principais teriam prioridade e as zonas de vegetação serviriam como


isolamento para os leitos de grande circulação.

- As vias de tráfego não teriam motivo para se aproximar de construções públicas ou


privadas, estando bem diferenciadas das vias menores.

Patrimônio Histórico das Cidades

- Os valores arquitetônicos das cidades devem ser preservados como testemunhos


preciosos do passado, não apenas por seu valor histórico, mas também por sua virtude
plástica.

- Em casos excepcionais, pode-se considerar a transplantação de elementos incômodos,


desde que tenham alto significado estético ou histórico.

- O culto estrito do passado não deve ignorar as necessidades da justiça social, e o


crescimento urbano excepcional pode exigir sacrifícios para superar obstáculos.

- A introdução de estilos do passado em construções novas nas zonas históricas é


condenada, pois copiar servilmente o passado é criar um simulacro sem vida.

Pontos de doutrina

- A maioria das cidades enfrenta caos e não satisfaz as necessidades de sua população.

- O crescimento urbano desordenado é causado pelo domínio dos interesses privados.

- O desenvolvimento urbano carece de precisão e controle, negligenciando os princípios


do urbanismo moderno.
- A cidade deve garantir liberdade individual e benefícios da ação coletiva, organizando-
se em torno das quatro funções-chave: habitar, trabalhar, recrear-se e circular.

- O planejamento urbano deve considerar as necessidades humanas, regulando a


circulação e organizando as atividades de forma racional.

- A cidade deve ser estudada em conjunto com sua região para alcançar equilíbrio e
desenvolvimento harmonioso.

- A arquitetura desempenha um papel fundamental na organização e no bem-estar da


cidade, sendo responsável pela estrutura da moradia e pela beleza urbana.

Economia Geral

- O desenvolvimento do país requer uma ligação estreita entre arquitetura e economia.

- A noção de "rendimento" na vida moderna não se limita ao lucro comercial máximo,


mas sim a uma produção suficiente para satisfazer as necessidades humanas.

- O parcelamento desordenado do solo, resultado de divisões, vendas e especulação,


deve ser substituído por uma economia territorial baseada no reagrupamento.

- A propriedade fundiária deve ser mobilizada para o interesse geral, subordinando o


interesse privado ao coletivo.

- Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), fundados em 1928,


buscavam enfrentar os desafios da arquitetura moderna e promover o urbanismo
racional.

A Arquitetura e a opinião pública

- Os arquitetos devem influenciar a opinião pública e promover os recursos da nova


arquitetura.

- A moradia tem sido negligenciada pelas preocupações dos arquitetos, mas deve ser
uma prioridade.

A Arquitetura e o Estado

- Os arquitetos procuram trabalhar no interesse da sociedade moderna, contrastando


com as academias conservadoras.

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