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VIVÊNCIAS DO CLÃ DA LUA NOVA

NO ARAKITEMB O TI OÃE
VIVÊNCIAS DO CLÃ DA LUA NOVA
NO ARAKITEMBO TI OÃE
Ficha Catalográfica

O56c Omóayóotunjá.
Colha palavras: vivências do Clã da Lua Nova no
Arakitembo Ti Ossãe / autoras Omóayóotunjá, Mako’yìlé ;
ilustração e diagramação Vania Pierozan. – Triunfo:
Comunidade Kilombola Morada da Paz, 2022.
44 f. : il. color.

1. Quilombolas. 2. Quilombos. 3. Infância. 4. Caça


palavras. 5. Jogos com palavras. I. Título.

CDU 793.7
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Bibliotecária: Bruna Sant’Anna – CRB 10/2360)
AGRADECIMENTOS

Agoyê Mojubá!

Eu peço a benção ao Conselho de Ìyás e Bábàs da Nação


Muzunguê, Ìyalasé Yashodhan Abya Yala, Ìyá Kékérè e Ìyamorò
OmóAyóOtunjá, Babalawô Mhelkior ao BaOgan Bábà Kinnì, a todos
os Conselhos da Nação Muzunguê, a todas as Choupanas de Mãe
Preta, a todos os mais novos para que meu asé de escuta, de fala e de
escrita seja de muita amorosidade, compartilhamento e gratidão.
Neste tempo e nesta era sou Mako’yilè, zeladora da Comunidade
Kilombola Morada da Paz, Gba Oya Kan da CoMKola Kilombola Epè
Layiè, Ìyabasse da Nação Muzunguê, Guardiã da Coragem. Asé!

E com muita alegria que nós do Território de Mãe Preta e da


CoMKola Kilombola Epè Layiè estamos novamente aqui
materializando um sonho e fortalecendo várias caminhadas que
vieram de longe:

Primeira caminhada de nossas Divindades que nos orientam e


sustentam no propósito de vida.

Segunda caminhada de nossos ancestrais que lutaram e


morreram para que nesse momento pudéssemos ter voz, vez e vida.

Terceira caminhada por nossas Ìyás, Bábàs e Anciões.

Quarta caminhada por nossos Omorodê e Omadê (Infância e


Juventude em yorùbá).
Quinta caminhada pelas leis que são implantadas e que
precisamos pelear muito para que uma pequena parcela da população,
que inclui nós, da Comunidade Kilombola Morada da Paz, pratique e
vivencie, como é o caso da Lei 10.639/03, 11.645/08, Resolução n. 08
da Educação Quilombola do MEC, Educação das Relações Étnico-
raciais (ERER), Estatuto da Igualdade Racial.

E para finalizar, a sexta caminhada, a de estar de acordo com as


Leis Educacionais Federais (BNCC - Base Nacional Curricular
Comum), porém sem nos perdermos do Nosso Jeito de Ser e Viver, sem
nos perdermos do Eu Sou Kilombola, sem nos perdermos de nossas
Divindades e Ancestralidade, mantendo nossos Omorodê e Omadê
potencializados, esperançosos e com o propósito de continuidade da
salvaguarda da memória material e imaterial de nosso Território e do
Povo Afro (Afrobrasileiro e Africano).

Então somos muito gratos a todos, todas e todes que


contribuíram para que esse sonho se materializasse de forma tão
especial, como um jogo, que de forma lúdica-pedagógica alcançará
muitas crianças de 0 (zero) a 100 (cem) anos de idade.

Asé e muitas chuvas de Luz!!!!

Profunda Gratidão!!!!

Mako’yilé
Ìyabasse da Nação Muzunguê
Gba Oya Nkan e Educamor da CoMKola Kilombola Epè Layiè.
KARIGANGA WA KARIGANGA:
A HISTÓRIA DA COMKOLA KILOMBOLA EPÈ LAYIÈ
Desde que nós fundadores da Comunidade Kilombola Morada da Paz
nos reconhecemos enquanto seres sencientes na Terra, em busca de um
mundo melhor de respeito à diversidade e a todas as formas de vida,
entendemos que um dos nossos propósitos é zelar pela infância e pela
juventude.

Nosso primeiro passo em direção a infância foi no Cosmos (Grupo de


Aplicabilidade da mediunidade e de paranormalidade), que ficava situado no
bairro Menino Deus de Porto Alegre - RS, onde oferecíamos vivências de
capoeira, inglês, matemática com crianças em situação de rua e outras
crianças do bairro. Após nossa estada no Menino Deus, o Cosmos se mudou
para o Bairro Vila Nova em Porto Alegre, lá nos deparamos com um número
grande de crianças moradoras da rua, e passamos a desenvolver
atividades extracurriculares sob orientação das Divindades, aplicando uma
metodologia lúdica e de acolhimento.

Nesse espaço também começamos a vivenciar/estudar/refletir sobre


técnicas de plantio agroecológico e orgânicos e a possibilidade de nossos
filhos e filhas crescerem num espaço em contato com a natureza. Após esse
passo, caminhamos / dialogamos / construímos a nossa ida para o que
chamamos hoje de Comunidade Kilombola Morada da Paz (uma área rural
na divisa dos municípios de Montenegro e Triunfo, próximo da BR 386), sob
orientação e bênçãos de nossa Mãe Preta, nosso Pai Seu Sete e todas as
divindades que nos acompanham.
A partir disso, tudo foi crescendo, sendo sonhado e construído
coletivamente. Desde que nossos (as) filhos(as) estavam nas estrelas, nos
preparando para que pudéssemos gestá-los, se comunicavam conosco e
tinham asé de fala. Depois que eles nasceram, sempre em momentos
difíceis, de desafios intensos, nós chamávamos nossas crianças para
dialogar e muitas vezes elas nos traziam possibilidades tão simples. Por esse
motivo, a comunidade sempre teve um princípio muito forte de ouvi-las, ouvir
suas necessidades e aquilo que tinham a nos trazer. Alguns dos momentos
mais importantes foram desencadeado por questionamentos de nossas
crianças.

A vida rural demanda muitos afazeres, principalmente porque


vivíamos anteriormente em área urbana e não estávamos habituados ao
trabalho intenso, todos nós tivemos que nos ocupar das tarefas (preces
práticas). Até que nossas crianças nos chamaram atenção para o fato de que
não brincávamos mais com eles. Esse ponto de interrogação, essa
mensagem ficou ecoando em nosso okan (coração). Então criamos o
Brincando CoMPaz, onde nós, enquanto pais, progenitores, zeladores
trazíamos as brincadeiras da nossa infância para brincarmos com os nossos
filhos, nossos netos, nossos sobrinhos, nossas crianças da comunidade.
Isso foi muito bonito, pois começou dentro da comunidade e se expandiu
para as ruas, escolas de Triunfo, Montenegro e Porto Alegre. No nosso
distrito Vendinha, onde tínhamos um local de acolhimento da comunidade
que se chamava Morada Portal, fechávamos a rua e convidávamos os avós,
as crianças, os pais e as mães para brincar.

Como a maioria dos nossos filhos e filhas fazem aniversário nas férias
escolares, reuníamos os primos, os sobrinhos, os(as) filhos(as) de colegas
de serviço e também os amigos(as) das crianças para celebrar, esse era um
motivo para ter a casa cheia de crianças. Em um desses verões com muitas
crianças dentro do território, alguém disse: "parece uma colônia de férias".
‘‘

Como nossa Mãe Preta está sempre ‘‘presentemente presente, como ela diz,
nos orientou a criar oficialmente essa ação. E já são muitos anos de Colônia de
Férias Curumim-Omadê onde reunimos bebês, crianças e jovens para passar uma
semana vivenciando o jeito de ser e de viver do Kilombo Morada da Paz, podendo
brincar com a natureza e na natureza, tomando banho de açude, estar livre para
brincar no mato. Em primeiro momento eram bebês e crianças, mas muitas crianças
que chegaram com 9 anos em nosso território agora estão com 18 anos ou mais e
ainda participam. Outras chegaram através da colônia de férias e hoje são
moradores(as), fazem parte do cordão de contas da comunidade.

Com o olhar voltado para a infância e para as comunidades do entorno,


iniciamos uma caminhada de reconhecimento, de escuta dos mais velhos para
saber das histórias do lugar e assim encontramos uma comunidade localizada em
uma área que muitas vezes é esquecida, nem o município de Montenegro e nem o
município de Triunfo se comprometem em resolver suas questões. E a partir daí nos
inserimos nessa comunidade fazendo atividades com as mães e com as crianças.
Com as mães, fizemos o movimento de empreendedorismo sócio comunitário, de
empoderamento das mulheres para que com a sua força de trabalho elas mesmas
pudessem gerar sua renda. Enquanto elas estavam nessas vivências, fazíamos
brincadeiras com os filhos, diversas vivências como dança e musicalidade. Chegou
um momento que percebemos que precisava ser para além daquelas atividades
pontuais. Então nos inserimos nessa comunidade, primeiramente em um local
cedido pela igreja local e depois na casa de uma das moradoras. Nessa
comunidade realizamos também alfabetização com as(os) adultas(os), pois é uma
região onde há alto índice de analfabetismo. Esse projeto era chamado Pauzinho
Verde, (nome dado pelas crianças) e as vivências eram realizadas nos fins de
semana, possibilitando a participação das famílias nesses momentos lúdicos.
A infância e a brincadeira desde o princípio da comunidade são a maneira
com a qual o Território encontra sua leveza e também o fortalecimento das crianças
do kilombo, mas também de cada um de seus moradores. Por esse motivo
começamos a pesquisar brincadeiras étnicas, vivenciar brincadeiras, brinquedos e
jogos de localidades, territórios e povos que visitávamos. A partir daí começamos a
nos debruçar e refletir sobre o conceito da Etnoludicidade, que abriu portas para um
jeito de ser e viver lúdico, infantil e de vivências que colocou em pauta e em ação o
jeito de brincar dos territórios de comunidades tradicionais (índígenas, quilombolas,
ribeirinhos, ciganos). Quando surge o edital para Pontos de Cultura, percebemos
nele uma possibilidade de valorização do território enquanto espaço espiritual,
educativo, zelador das crianças e da infância e lançamos um projeto para concorrer
a este edital. Assim nasceu o Ponto de Cultura Omorodê, onde tínhamos
instituições ligadas a nós, que eram os territórios indígenas Mbya Guarani e uma
escola do município de Montenegro, local em que nossas crianças estudavam.

O Ponto de Cultura possibilitou muitas aprendizagens através da oficinas e a


criação de diversos projetos e movimentos culturais, um exemplo deles é o
Maracatu Omadê de Pijama que atualmente é o Semente de Baobá. Foi através das
oficinas de Maracatu (com o Guilherme Senna - Imusé do Grupo Maracatu
Trovão/POA-RS), depois de coco e criação de composições musicais (com o John
que atualmente é o Dona Conceição). E a partir dali várias portas se abriram para as
nossas crianças, até mesmo uma vivência de Maracatu com o Mestre Pitoco do
Estrela Brilhante de Recife.

Foi uma intensidade de vivências que o Ponto de Cultura possibilitou, que


também abriu diálogo para a dimensão étnica, cultural, histórica, social e lúdica
que fortaleceu nossa identidade, nossa musicalidade, nossa corporeidade, nosso
jeito de ser, estar e brincar e a partir daí nos lançamos para um universo dos
referenciais negros e indígenas. Até hoje o Ponto de Cultura é uma força viva.
Somos uma instituição que reflete e age sobre questões raciais, lúdicas, de
proteção à infância, pois entendemos que a infância é uma fase estruturante do ser
humano, onde devemos possibilitar a esses seres a força da sua identidade, as
descobertas daquilo que eles são e daquilo que eles vieram fazer enquanto seres
nesta Terra. Princípios como a verdade, a beleza, o respeito, a ética, a humildade, o
amor, o zelo, a solidariedade, a gratidão devem ser apresentados em todas as
etapas de sua vida para que possam realizar o que se propuseram aqui nesse
planeta. Com isso, nossas crianças foram crescendo e o número de crianças
também foi aumentando, e nós cada vez mais nos denominando kilombolas,
principalmente um kilombo com K pela salvaguarda da memória ancestral, do jeito
de ser e de viver do povo negro.
Através de um Prêmio da Fundação Palmares surge o Ipadê da Juventude.
Este prêmio era principalmente para responder com a juventude kilombola a
seguinte questão: "O que fazer para salvaguardar a memória ancestral de nossas
comunidades?" Foi através desse projeto bonito que conseguimos reunir diversos
jovens kilombolas de Territórios localizados no Rio Grande do Sul, principalmente
dos kilombos localizados no interior de Pelotas, onde eles participaram de várias
vivências nas quais eram protagonistas, produtores, construtores, usando de
recursos tecnológicos e digitais (celulares, computador, softwares, aplicativos,
programas, máquinas e câmeras digitais), para o registro dos saberes e fazeres que
seriam catalisadores(as) do conhecimento ao retornarem para as suas
comunidades. Foi um momento para potencializar as lideranças jovens dos
kilombos/quilombos e mostrar para eles que precisavam ser zeladores da memória
ancestral dos seus lugares.
Como na Colônia de Férias nós trabalhávamos com uma faixa etária de
bebês até 12 anos, com o Ipadê da Juventude passamos a atender jovens na faixa
etária dos 13 aos 20 anos. É um espaço para dialogar sobre as necessidades e
sonhos dos jovens/adolescentes (sexualidade, identidade, etnias, racismo,
trabalho, profissão, tecnologias e outros). Um dos objetivos do Ipádè da Juventude
é problematizar o uso das tecnologias digitais (celulares, redes sociais, internet), a
partir da seguinte reflexão: ‘‘como faço o uso dessas tecnologias como zelador da
memória e história do meu território e dos meus ancestrais?’’
Segundo os ìtans da Nação Muzunguê - Território de Mãe Preta - CoMPaz,
quando queremos nascer o processo ocorre da seguinte forma: nós escolhemos
nossos progenitores lá da estrela, quando Mãe Preta nos diz que estamos prontos
para descermos à Terra novamente, nos sentamos numa nuvem e ficamos
espreitando a Terra e os seres para escolhermos os que serão nossos progenitores
e a partir dali a gente escolhe esses seres. É permitido que nos aproximemos, e
vamos nos conhecendo, sentindo a energia desses seres. E aí chega o momento
apropriado que descemos para dentro do progenitor ou para dentro da progenitora
até o momento que somos concebidos, gestados e paridos. E aí começa a nossa
caminhada. Então conosco também estava acontecendo isso enquanto Território
Kilombola Morada da Paz, muitos seres foram chegando, se aproximando,
nascendo dentro do território com suas forças e legados, e nós estamos sentindo
cada vez mais a energia desses seres.

Um desses novos entes que estava também a nos conhecer foi a CoMKola
Kilombola Epè Layiè, um espaço educativo, com princípios e referenciais
educacionais afrocentrados. Por que uma CoMKola?

Uma CoMKola Kilombola, principalmente pela luta e empoderamento das


nossas crianças mais velhas. Freqüentaram escolas nas quais sofriam com o
racismo e não se enxergavam, não ouviam suas histórias, não viam nos livros
crianças negras e muitas vezes nem professores negros, e esse fator nos estimulou
a sonhar/gestar/materializar um espaço afrocentrado do sentir/acolher/pensar. E
para que esse sonho se tornasse realidade mais seres chegaram com suas forças
para constituirmos juntos o gestar, o conceber, o parir e o criar (as rodas do nascer e
do viver). E com toda essa potência de força, zelo, cuidado e unidade da
comunidade é concebida, gestada e parida a CoMKola Kilombola Epè Layiè.
E porque CoMKola, Mãe Preta? Por que não pode tirar a cola, o afeto, a
amorosidade. E nisso começamos encontrar muitos educadores, pessoas da área
de educação e profissionais que trabalhavam com a infância, antes mesmo da
CoMKola nós fizemos vivências com essas escolas da região, porque quando
nossas crianças entram nas escolas, nós também nos inserimos com nossas
vivências.

Fizemos um encontro na área da Pedagogia do Encantamento no qual


percebemos com as vivências nas escolas que estava faltando alguma coisa, um
brilho no olho, estava faltando um movimento dos professores e começamos, além
de levar as vivências nas escolas para as crianças e jovens, a escutar os
educadores. Como acompanhar o currículo que nos é enviado pelo MEC fazendo a
aplicabilidade numa realidade da zona rural, numa escola do campo onde há todo
um descaso com o profissional de educação? Começamos a refletir sobre qual
pedagogia queremos para nossa comunidade, para as nossas crianças e a
Pedagogia do Encantamento veio com muita força, e junto dela a CoMKola com
referenciais afrocentrados, usando a integralidade do nosso território, com
vivências na terra e os princípios que fortalecem e sustentam nossa comunidade.

Assim veio crescendo muito nosso sonho, e muitos estão sonhando conosco
nesta CoMKola Kilombola Epè Layiè ( que em yorùbá significa Terra Viva) para nós
que somos povo do campo, das matas e zeladores da terra, plantar, colher, regar,
esperar, ofertar amor, ofertar aquilo que se plantou é um ato de profunda
amorosidade e gratidão. A CoMKola veio dessa construção e vem sendo esculpida
a muitas mãos, assim como a nossa Bioconstrução com o propósito muito firme de
salvaguarda da memória ancestral de uma pedagogia de muita amorosidade,
escuta, consulta ativa para proposição de atividades.
Com o movimento da CoMKola e a partir dessas vivências vai crescendo
junto a inserção, em especial da nossa Ìyalasé Yashodhan Abya Ayala na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul na Educação do Campo, e ela vai
abrindo as portas pelo lado de dentro e vai fazendo as várias redes de
possibilidades dentro da universidade e construindo vários estudos em relação a
CoMKola enquanto nós vamos vivendo, estudando e construindo. Então
construímos vários diálogos sobre PPP (Projeto Político Pedagógico) e depois
também vieram os encontros dialógicos nos quais nós também convidamos
escolas e universidades, profissionais da educação, professores, educadores para
dialogar sobre esse jeito de ser e de viver da Comunidade kilombola Morada da
Paz, da CoMKola Kilombola Epè Layiè.

Quando veio a pandemia do covid-19, chegam mais


crianças para morar no Território e também acontece a
construção de uma Associação de Pais, Educadores e
Amigos Colaboradores da CoMKola que é a
APREMACOM para que possamos juntos
fortalecer ainda mais esse sonho, dialogar,
construir e manter essa força da terra, da
ludicidade, da educação amorosa, viva e latente
nos processos educativos. A Comkola hoje é um
campo de possibilidades, ações e seguimos,
temos muitos sonhos e projetos para avançar cada
dia mais em busca de uma educação Kilombola,
espiritual, comunitária, aberta para todas as crianças,
adultos que tiverem um coração puro e valoroso para
partilhar, trocar e viver o nosso jeito de ser e viver CoMPaz.
APRESENTAÇÃO DO JOGO
Oşùpá - Clã da Lua Nova é composto por mulheres, educamores da
Comkola, que sonham em compartilhar os saberes e fazeres que as divindades das
matas ensinam. Utilizando a etnoludicidade através desse Colha-Palavras que vai
nos levar aos caminhos que percorremos como mulheres espirituais do asè,
apresentamos e convidamos ao convívio com as ervas medicinais.

ALA VR AS ?
PO RQ UE COL HA -PA LAV RA S E NÃ O CAÇ A-P
Essa denominação foi ressignificada a partir do sentir pensar a palavra caça
do Jogo Caça-Palavras, como podemos reinventar nosso jeito de ser e viver -
porquê não reinventar as palavras !? Para quem é erva medicinal é melhor colher do
que caçar.

KOSÌ Sem folha não tem orisá e é através da folha que a vida se faz presente
no cosmos planetário, na anciã terra. Nós, somos da Nação Muzunguê,
EWE
por isso dialogamos com vocês a partir da nossa cosmo percepção de
KOSÌ mundo para um povo do Território de Mãe Preta - Comunidade
ORISÀ Kilombola Morada da Paz.

Esse jogo tem o propósito de trabalhar com os educamados


(estudantes) do Ensino Fundamental II (a partir do 6º ano), como
instrumento de aprendizagem no ensino das Ciências, da História e da
Geografia, Cultura Africana e Afro Brasileira possibilitando o estudo da
Lei nº 10.639/2003, a integração, observação, pesquisa, rodas de
conversas com os povos de matrizes africanas sobre o uso das ervas
medicinais, a construção de um espiral de ervas, a origem das ervas, a
língua, os orisás e os cuidados físicos e espirituais com o corpo, o estudo
do solos, os horários de colheita das ervas.
Na CoMKola as vivências com as ervas medicinais vem através do Rito do
Clã da Lua Nova que traz o poder, cuidado e utilização das ervas na cosmovisão da
Nação Muzunguê. O Rito da Lua Nova é uma ritualística realizada desde 2014 pelo
Clã da Lua Nova, composto por mulheres que se encontram sempre no quarto dia
da Lua Nova - fase em que o prana da erva está nas folhas. É um momento dedicado
ao estudo e práticas no cuidado com as ervas, que passa pelo sentir e perceber as
ervas, suas conexões com os chacras, pedras, planetas, orisás, origem.

Cada folha possui uma potência divina que está para além de seus usos
medicinais, cada folha atua em um campo energético que se conecta com pessoas,
espaços e entidades, um elemento sagrado e fundamental nos ritos. Utilizadas de
diversas formas, nos banhos de limpeza ou harmonização, fluídos, defumação, chá,
perfumes, incensos, sabonetes, sucos.

As vivências ocorrem num espaço que


chamamos de Arakitembo Ti Ossaim que para
o Território de Mãe Preta - Nação Muzunguê é
quando Ossaim trabalha com o tempo do
corpo que não é linear, mas é cíclico e tem

HI S T Ó R I A seus segredos para a cura que vem da força


interior. Ele é o pai das plantas. Segundo a
tradição, Ossaim possui o poder sobre todas

G O
as plantas e delas extrai as curas de todos os

d o J O males. Sendo assim regente das folhas sa-


gradas, plantas xamânicas, ervas medicinais
e litúrgicas. E o único ser que possui total
domínio sobre elas.
Olá amigos!
Eu sou Ewé Pipa Yo !
Uma Malva-Cheirosa!
Vamos colher palavras?
Elas estão escondidas
na horizontal, vertical
e diagonal.

VIVÊNCIAS DO CLÃ DA LUA NOVA


NO ARAKITEMBO TI OÃE
1
T I W I A L L O P I T A N G U E I R A G B T
C I L I M O E I R 0 L E D M M A M O N A E M
A O O C T A N S A G E M H W I T Y G L L A U
T T A O G A O S C U E S A M A R L I M L S G
I A L S A U E R V A C I D R E I R A V P M O
N P A N I U I H E E H I N P S E N A A S E E
G E V A S M R N S I O O M E G J C D Á M N D
A T A E L A O Y É S R F A M E H A L H I R A
D E N U W E G M C H T I M R E D V D H L A D
E D D R O E C E G T E E I I E I M E S R E A
M E A F R M N R M T L C R O A N R O S A S P
U O M A N J E R I C Ã O R L O U R O S M R S
L S D N H I D E E M S U A D A S I C E A R E
A A A D U R R A M A M E O L C I P R E S T E
T L F E S P A D A D E Y A N S Ã U O R O O U
A Á L S C A P I M C I D R Ó N A N Y L E N P

ALECRIM CIPRESTE HORTELÃ MAMONA Á


ARRUDA ERVA CIDREIRA LAVANDA TAPETE DE OSAL
MANJERICÃO DE M UL AT A
LIMOEIRO CATINGA
CAPIM CIDRÓ TANSAGEM MILRAMAS UM
MALVA CHEIROSA LOURO ESPADA DE OG
PITANGUEIRA MIRRA NSÃ
ROSAS ESPADA DE YA
SÁLVIA GUINÉ ORÔ
2

- -
- -
3

Â
LEIA O TEXTO E ENCONTRE AS PALAVRAS EM NEGRITO

O ORÔ É UM ARBUSTO QUE ATINGE CERCA DE 5 METROS DE ALTURA,


COM GALHOS FINOS E BROTAÇÃO ABUNDANTE. APRESENTA
FLORAÇÃO DE COR BRANCA, É AMPLAMENTE UTILIZADA NO RIO
GRANDE DO SUL E PARTE DO BRASIL, NOS CULTOS AFROS EM
BANHOS DE ERVAS, LAVAGEM DE OCUTÁS ENTRE OUTROS RITOS DE
INICIAÇÃO. PARA ALGUNS UMA PLANTA DE ORIGEM AFRICANA
(PROVAVELMENTE BENIN OU NIGÉRIA, QUE TERIA VINDO JUNTO COM
OS ESCRAVOS), PARA OUTROS UMA PLANTA JÁ ENCONTRADA NO
SOLO BRASILEIRO E FOI ADAPTADA SEU USO.
.
4
5 EwÉ O
SALVEM AS FOLHAS, ESTUDEM SUAS MORFOLOGIAS POIS ESSE REINO
CHAMADO VEGETAL É MUITO ESSENCIAL PARA A VIDA FÍSICA E ESPIRITUAL.
DIVIRTAM-SE COLHENDO PALAVRAS !

Manejo com as ervas medicinais deve ser com muito respeito e a licença às
Divindades das matas é muito importante e vital para que tudo transcorra com
harmonia, delicadeza e cuidado para não machucar suas estruturas: RAIZ - CAULE -
FOLHAS - FLORES - FRUTOS - SEMENTES.

.
SAIBA MAIS
SOBRE O CLÃ DO RITO DA LUA NOVA
E ENCONTRE AS PALAVRAS EM NEGRITO

Clã Oşùpá é um rito realizado por mulheres kilombolas de diferentes gerações:


Yaôs – iniciadas na ritualística africanista, Ìyalossae – guardiã do Aşé das ervas
sagradas, que têm a permissão, a bênção e são preparadas em ritual próprio para
cuidar e zelar das ervas medicinais da Comunidade Kilombola Morada da Paz
e celebram a relação de respeito, reciprocidade e de complementaridade com a
natureza. Estas mulheres são escolhidas pelo Conselho Sagrado de Ìyás e
Bábàs, onde recebem a licença dos Orisás Ossae, Ewá, e Iroco para que suas
mãos auxiliem no cuidado espiritual de todos os moradores do Kilombo de Mãe
Preta da Nação Muzunguê, daquelas pessoas ligadas ao Kilombo e de quem
mais necessitar. O Clã Oşùpá realiza o ritual no quarto dia da Lua Nova, este dia
foi escolhido pela potência de força que esta fase da lua exerce sobre as plantas, a
terra e a água. Os encontros iniciam-se no turno da manhã e seguem no turno da
tarde. O Clã inicia seu preparo no despertar: no primeiro momento é feito o
caminho de oração até a ciranda da fogueira. No segundo momento são
realizados os banhos de ervas – para limpeza e harmonização dos corpos
físicos, emocionais e espirituais – e depois as mulheres vestem seus Axós e
reúnem-se para ir ao templo da Nação Muzunguê onde o rito é realizado.
.
6
LEIA COM ATENÇÃO,
COLHA AS PALAVRAS QUE ESTÃO EM NEGRITO
E SE SOUBER A LETRA DA MÚSICA ABAIXO CANTEM.

As plantas não vivem só de terra e água!


A música é um dos aspectos afro-brasileiros mais potentes e emblemáticos.
Somos um povo que não vive sem dançar, sem cantar, sem sorrir e que isso
constitui a brasilidade com a marca do gosto pelo som, pelo batuque, pela
música e pela dança. As plantas se sentem mais fortes e cuidadas quando
colocamos música e irradiamos para elas. EXPERIMENTEM.

Se você é de rodar
Ou se é de bater tambor
Faça o favor,
Tome um banho de abo…
Mas pra se ter a certeza
Que banho só traz asé
Seja banho de cheiro,
banho de arruda,
banho de guiné.
É pois é o mais importante é a fé

(Banho de fé, Fundo de Quintal)


.
7

´
8
LEIA COM ATENÇÃO E COLHA AS PALAVRAS QUE ESTÃO EM NEGRITO.
LEVANTE AS MÃOS PARA O CÉU E FAÇA A ORAÇÃO QUE ESTÁ ABAIXO.

A potência da oração com fé remove obstáculos e reverbera para todos os seres


sencientes do universo onde as plantas se beneficiam e agradecem. Essa oração
foi nos dada de presente por uma entidade chamada Xamã Curumim, que cuida
das crianças - a semente.

Oração
do Xamã

Terra corpo
Terra vida
Não há dor
O que há em ti
É harmonia
NHANDERU
PACHAMAMA
NHANDERU
PACHAMAMA
9 VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA UMA VIVÊNCIA?

Então vamos pesquisar e fazer um, dois ou até três espirais de ervas, façam
combinações, vejam os materiais, as mudas podem ser de suas casas e ajudem
a melhorar o ar, a paisagem e o cuidado com nossos corpos na sua escola.

Canto
Salve as Folhas
Orin da Nação Jeje
interpretado por
Maria Bethânia

Sem folha não tem sonho


Sem folha não tem vida
Sem folha não tem nada
Quem é você
e o que faz por aqui
Eu guardo
a luz das estrelas
A alma de cada folha
Sou Aroni
Kosi Ewe Kosi Orisá
Ewe o Ewe Orisà
CAROS BRINCANTES, PESQUISADORES ALÉM DE COLHER PALAVRAS,
LEIAM COM ATENÇÃO, PROCUREM OS SIGNIFICADOS POIS A TAL
“MODERNIDADE” POSSIBILITA ATRAVÉS DAS FERRAMENTAS DIGITAIS
ESSA MOVIMENTAÇÃO QUE PODE SER EM GRUPOS.

É na oralidade, na musicalidade, na entrega e no zelo que o povo do Território


de Mãe Preta canta para saudar todas as formas de vida, todos os reinos.
Acreditamos que a Educação e a consciência ambiental como tudo deve estar
presente no cotidiano das pessoas sejam em suas casas, na escola, na rua, no
mundo. Então, professoras(es), educamores, estudantes, educamados
meditem sobre seus comportamentos diante da vida, pois como diz nossa
Ìyalasè Yashodhan Abya Yala: “sagrado é como você se comporta diante da
vida, mesmo quando ninguém está olhando.”

Durante os últimos séculos, o ser humano foi considerado o centro do Universo. O


homem acreditou que a natureza estava à sua disposição. Apropriou-se de seus
processos, alterou seus ciclos, redefiniu seus espaços. Hoje, quando se depara
com uma crise ambiental que coloca em risco a vida do planeta, inclusive a
humana, o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma reconstrução da
relação homem-natureza em outros termos. O conhecimento sobre como a
natureza se comporta e a vida se processa contribui para o aluno se posicionar
com fundamentos acerca de questões bastante polêmicas e orientar suas ações
de forma mais consciente (BRASIL, 1997, p. 22).
10
ERVAS MEDICIN AIS
MALVA CHEIROSA
Nome científico: Pelargonium graveolens
Nome yorùbá: Ewé Pipa Yo
Orisá regente: Pretos-velhos, Ibeji e Sangó.
Uma das principais ervas de harmonização. Utilizada em banhos de
harmonização e fluídos de harmonização. O seu aroma conforta o coração e traz
uma condição de serenidade para as pessoas.

ARRUDA
Nome científico: Ruta graveolens
Nome yorùbá: Atopeá Kun
Orisá regente: Pretos velhos e Esús.
A arruda é uma das principais ervas utilizadas nos banhos de limpeza, fluídos de
limpeza e defumação. Arruda é um erva muito peculiar com seu aroma intenso que
afasta todas as energias negativas.

MANJERICÃO
Nome científico:Ocimum basilicum
Nome yorùbá: Éwáowo
Orisá regente: Oxóssi e Yansã
O Manjericão é uma erva de limpeza, usada nos banhos de limpeza e fluídos. É
uma erva antibiótica, o chá das folhas auxilia no tratamento de tosses e resfriados,
melhora o sistema imunológico, pois é rica em vitaminas A, C e K, além de
manganês, cobre, cálcio, ferro e gorduras ômega-3. Nós usamos o manjericão
macerado para limpar feridas e matar bactérias e parasitas.
ALECRIM
Nome científico: Rosmarinus officinalis
Nome yorùbá: Ewéré
Orisá regente: Oxóssi e Ossain.
Usada nos banhos de limpeza, fluídos, defumação e chás. Ingerir um copo de água
com um ramo de alecrim diariamente auxilia a equilibrar campos energéticos. É
conhecida como a erva da alegria. É um poderoso estimulante natural, favorece as
atividades mentais e o desenvolvimento cognitivo. Possui propriedades
cicatrizantes nos casos de doenças de pele e ainda é utilizado como tempero na
alimentação.

PITANGUEIRA
Nome científico: Eugenia uniflora
Nome yorùbá: Ítá
Orisá regente: Yansã e Pomba Gira
A Pitangueira é uma das principais ervas de limpeza. Limpa os corpos, alinhando
com a força da sensibilidade do feminino. Utilizada nas batas de folhas para varrer,
levar todas as energias negativas. Como também, o chá das folhas da pitanga é
utilizado como antifebril, anti diarréica, diurética e estimulante

AMOREIRA
Nome científico: Morus nigra
Nome yorùbá: Móórá
Orisá regente: Esú feminino (giras)
É uma erva de limpeza, o seu chá da folha limpa o sangue, ajuda a controlar a
glicose no sangue e isso facilita a absorção dos carboidratos O chá da folha
também auxilia no equilíbrio hormonal das mulheres. Ela é rica em cálcio. Usada
para feitura de fluidos e banhos de limpeza.
ESPADA DE YANSÃ
Nome científico: Dracaena trifasciata
Nome yorúbá: Ewè Idá
Orisá regente: Yansã
É uma erva de limpeza e de proteção. Usada em banhos, fluidos e defumação.
Erva que corta e encaminha aos mundos de luz todas as energias deletérias dos
corpos. Seu banho traz força, regeneração, disposição e movimento. O chá não
pode ser ingerido e suas folhas possuem alta toxicidade.

CAPIM CIDRÓ CONHECIDO TAMBÉM COMO CAPIM SANTO


Nome científico: Cymbopogon citratus (DC.) Stapf
Nome yorùbá: Koríko Oba
Orisá regente: Osum, Ibeji
Usada em banhos de harmonização, fluídos de harmonização e escalda-pés. O
Capim-santo melhora a digestão e trata de alterações do estômago, possui ação
anti-inflamatória e analgésica, tratando de dores de cabeça, musculares, dores de
barriga, reumatismo e tensão muscular; protege a saúde do coração, auxilia no
regulamento do colesterol e pressão arterial; diminui inchaços e alivia os sintomas
da gripe.

BOLDO CONHECIDA TAMBÉM COMO TAPETE DE OSÁLA


Nome científico: Peumus boldus
Nome yorùbá: Ewé Bábà
Orisá regente: Osálá e Osum
Utilizado nos banhos de harmonização para trazer a paz interior, serenidade para
as pessoas. Também é usado para banhos de acento com intenção de limpeza dos
orgãos genitais. É uma planta muito utilizada como recurso caseiro principalmente
para estimular as funções do fígado e melhorar a digestão.
TANCHAGEM ou TANSAGEM
Nome científico: Plantago major
Nome yorùbá: Ewé Òpá
A tanchagem é uma erva de limpeza. O chá de tansagem é usado para ingestão,
limpa o sangue, trazendo outra condição para os corpos. Auxilia no tratamento das
alergias na pele e inflamações. É uma planta rica em flavonoides, alcaloides,
terpenoides, iridoides, mucilagem e outros compostos, o que garante as funções
antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória dessa planta.

LIMOEIRO
Nome científico: Citrus limon
Orisá regente: Esú
O limão é responsável por todo o processo da cura do corpos. Ele auxilia a
previnir as doenças. Utilizado muito nos chás e nos sucos. Como também,
auxilia nos processos de infecção, dor de cabeça, enxaqueca, problema
muscular, tosse, resfriado, asma, contra fungos (micose, tinea), limpeza de pele
oleosa, clareamento de cabelos e caspa.

LOURO
Nome científico: Laurus nobilis
Orisá Regente: Esú, Oxóssi, Osalá
É uma erva de limpeza forte e intensa, afasta as energias negativas. Com
propriedades anti-inflamatórias, antirreumáticas, diuréticas, digestivas, hepáticas,
expectorantes e estimulantes, a folha de louro é uma excelente opção para quem
sofre de problemas digestivos como gastrite, úlcera, gases e inflamações no fígado.
CIPRESTE
Nome científico: Cupressus sempervirens
Nome yorùbá: Péregunkô
Orisá Regente: Nanã, sagrado masculino
É uma erva de limpeza, uma das bases da nossa Defumação no Território de Mãe
Preta. São feitos banhos, fluidos de limpeza. Cipreste é uma erva que trabalha o
Sagrado Masculino, são feitos perfumes para os homens com esta erva. Como
também, é usada para o tratamento de problemas circulatórios, como varizes,
pernas pesadas, derrames nas pernas, úlceras varicosas e hemorroidas. Além
disso, também pode ser usado para auxiliar no tratamento da incontinência
urinária, problemas de próstata, colite e diarreia.

HORTELÃ
Nome científico: Mentha spicata
Orisá Regente: Osála
A hortelã ajuda também a tratar problemas digestivos, como má digestão,
flatulência, enjoo ou vômitos, por exemplo, mas a hortelã também tem efeitos
calmantes e expectorantes. Pode ser feito um chã de hortelã após as refeições.
Como também, a hortelã é usada como tintura com álcool de cereais para
ingestão. Auxilia no tratamento dos vermes.

LAVANDA
Nome científico: Lavandula officinalis
Nome em yorùbá: Àrùsò
Orisá Regente: Yemonjá, Caboclos e Jurema.
É uma erva de harmonização, usada em banhos de assento, escalda-pés, fluidos
e banhos. Ela é calmante, tranquilizante e tem um perfume muito especial. São
feitos perfumes muito especiais com ela.
ROSA
Nome científico: Rosa gallica L
Nome yorùbá: Ododo Ododo
Orisás Regentes: Pomba-gira
Belíssimas flores que trabalham o sagrado feminino. Usada para fazer tinturas,
perfumes para as mulheres, deixando um aroma maravilhoso e uma tintura
linda e forte. A rosa é Cardiotônica, adstringente, afrodisíaca, refrescante,
laxativa, calmante e digestiva.

MIRRA
Nome científico: Commiphora myrrha
Nome yorùbá: Ojia
A Mirra é uma forte erva de limpeza, limpa profundamente os corpos. Usada na
feitura de tinturas e banhos. Ela tem propriedades anti-sépticas,
antimicrobianas, anti-inflamatórias, anestésica e adstringentes, podendo ser
usada para dor de garganta, inflamação na gengiva, para infecções de pele,
acne ou para rejuvenescimento da pele

GUINÉ
Nome científico: Petiveria allliacea
Orisá regente: Pretos Velhos, Ogum e Oxóssi e Oya
O Guiné tem o poder de criar um campo de força de proteção. É uma das principais
ervas de limpeza do território. É usado nos banhos de limpeza, fluidos e
defumação. É uma erva que tem uma forte conexão com os orsás das matas, da
terra. O seu aroma forte ativa e acorda, dando condições de força e luz para as
pessoas. O infuso das folhas atua como antisséptico bucal. Já o infuso das raízes
auxilia na dor de dentes e artrite.
POEJO
Nome científico: Cunila microcephala
Nome yorùbá: Olátorijé
Orisá regente: Ibejis e Yemonjá
O chá de poejo atua no campo emocional, usada muito com as crianças. Tomar de
preferência à noite. Como também trabalha a limpeza de vias respiratórias,
tratamento de tosses crônicas e é antifebril. Sereniza a mente e o coração.

QUEBRA-TUDO
Nome Científico: Phyillanthus niruri
Nome yorùbá: Fo Ohun GboGbo
Orisá Regente: Omolu
É uma das principais ervas de limpeza. Usada na feitura de banhos de limpeza e
fluidos de limpeza. É uma erva muito forte, não utilizar ela sozinha. Trabalha com
um campo profundo, retirando todas as energias deletárias dos nossos
corpos.Lembrar sempre de fazer um banho de harmonização após o banho de
limpeza.

ESPADA DE OGUM
Nome científico: Dracaena trifasciata
Nome yorùbá: Junçá
Orisá regente: Ogum
Essa erva representa a força de Ogum, por isso é muito usada nos banhos e
fluídos da Nação Muzunguê. É importante tê-la na frente ou atrás da porta para
proteção do ambiente. O chá não pode ser ingerido e suas folhas possuem alta
toxicidade.
CATINGA DE MULATA
Nome científico: Tanacetum vulgare
Nome yorùbá: Makasa
Orisá Regente: Osalá, Osum e Yemonjá
É uma erva aromática de harmonização. O chá dessa planta auxilia no tratamento
de vermes, reumatismo, regularização do ciclo menstrual, problema nos rins;
taquicardia e epilepsia e no controle da asma. Outra forma de utilizar a Catinga de
Mulata é de forma externa, através de compressas para cuidar de psoríase,
furúnculos, feridas e piolhos.

ERVA CIDREIRA MAIS CONHECIDA COMO CIDRÓ


Nome científico: Aloysia citriodora palau
Nome yorùbá: Iranwole
Orisá regente: Osum, Ibejis
A erva cidreira é utilizada em banhos de harmonização, fluídos de harmonização e
escalda pés. É uma erva utilizada com os bebês, tranquiliza, acalma e aquece o
coração. Possui propriedades tranquilizantes e vermífugas, também auxilia na
digestão e infecções das vias urinárias.

NOTA

Em relação a grafia e nomenclaturas de alguns termos, destacamos que a


construção do nosso vocabulário e o resgate da língua yorùbá é um processo
vivenciado de forma muito particular na CoMPaz, através do qual nos
reconhecemos e temos construído o nosso jeito de ser, viver e resistir do nosso
território e do nosso povo.
1 P I T A N G U E I R A
2
C L I M O E I R 0 M A M O N A M
A T A N S A G E M A U
T T G S A M A R L I M L G
I A L U E R V A C I D R E I R A V O
N P A I H A S E
G E V A N O C Á D
A T A L É R H L A
D E N E T M E V D
E D D C E I I I A
M E A R L R A R O S A S P
U O M A N J E R I C Ã O R L O U R O S
L S M S A E
A A A D U R R A A C I P R E S T E
T L E S P A D A D E Y A N S Ã O R Ó
A Á C A P I M C I D R Ó

4
3

6
5
7 L A T N I U Q E D O D N U F
8
X N H A N D E R U
A X É M O S E É A C N P
É N I U G E D O H N A B D F M O T O I A
R A S Ã R E S V R C
O R I E H C E D O H N A B C A R E P H
T B E I R U Ç R M O A
A L L R D R Ã S A E M
T M I I I A A U O V N A
U B S S R T N M I T M
Q O A N Ç I D E A
U R R R A M A
E R B B R C H A R M O N I A
O O O B A E D O H N A B
A D U R R A E D O H N A B
A F
R A

9 10
J E J E A E
O D A D I U C I S
E E C L C
S S W N C S U O
T A E Ê A A I Z L
R D V D D S A O A
E U I I A A R
L M V V S I I
A N S P
S S O N H O S
P A I S A G E M K E
A R O N I
REFERÊNCIAS QUE SUSTENTARAM E INSPIRARAM
A CONSTRUÇÃO DESSE MATERIAL:

Ipádès de DesFormação Pedagógica e de Ekogestão da CoMKola Kilombola Epè Layiè

Ipádès das Yas e Babas da Nação Muzunguê

Ipàdès dos Educamores da CoMKola Kilombola Epè Layiè

Ipádès dos Educamados da CoMKola Kilombola Epè Layiè

Ipádès da APREMACOM (Associação de Progenitores, Educamores, Amigos e

Colaboramores da CoMKola Kilombola Epè Layiè)

Ipádès de Todos Nós da Nação Muzunguê - Território de Mãe Preta CoMPaz

TRINDADE, Azoilda Loretto e SANTOS, Rafael (org.). Multiculturalismo – mil e


uma faces da escola. Rio de Janeiro: DP & A, 2000.

OKARAN, Coletivo de Pesquisadoras e Pesquisadores Kilombolas. Um jeito de


ser e viver no Kilombo de Mãe Preta. São Leopoldo. Casa Leiria, 2020.

LIMA, Henrique Oliveira. Aprendendo botânica com plantas medicinais. Henrique


Oliveira Lima e Lucilene Paes, Manaus, 2019.

YALA, Yashodhan Abya et. al. Da raiz do embueiro às sementes de baobá-


CoMPaz: história, memória e resiliência; ilustrações de Vania Pierozan. São
Leopoldo: Casa Leiria, 2021.
TODOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A CONSTRUÇÃO DESSE JOGO:

Yashodhan Abya Yala (Ìyalasé da Nação Muzunguê e Mestra da Comkola Kilombola Epè
Layiè)
Omóayóotunjá (Ìya Kékérè, Ìyamorò da Nação Muzunguê e Educamor da Comkola Kilombola
Epè Layiè)
Mako’yìlé (Ìyabasse da Nação Muzunguê, Gba Oya Nkan e Educamor da Comkola Kilombola
Epè Layiè)
Bábà Kínnì (Baogan da Nação Muzunguê e Educamor da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Mhelkior Rocha Teixeira (Babalawô da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola
Epè Layiè)
Yashodhara Kan (Ojú Obá Da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola Epè
Layiè)
Bawoí (Ojú Obá, Yaô Alabé da Nação Muzunguê, Educamor Aprendiz e Educamado da
Comkola Kilombola Epè Layiè)
Nishtha Rocha Teixeira (Ojú Obá da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola
Epè Layiè)
Forilonã (Ekedi da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Atinuké (Ekedi da Nação Muzunguê e Educamor da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Opá Tenondé (Sentinela da Nação Muzunguê e Educamor da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Oranyian (Ogan, Ekedi Da Nação Muzunguê, Educamor e Ekogestor da Comkola Kilombola
Epè Layiè)
Kayodê Dornelles Rolin (Ogan Guardião da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola
Kilombola Epè Layiè)
Amon-nãh Rocha Teixeira (Ogan Alabé da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola
Kilombola Epè Layiè)
Bomany (Ogan Alabé da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Kavi (Ogan Alabê da Nação Muzunguê E Educamado da Comkola Kilombola Epè Layiè)
Dharamy Rocha Teixeira (Yaô da Nação Muzunguê e Educamado da Comkola Kilombola Epè
Layiè)
Akogum Compaz (Yaô Tebesè Da Nação Muzunguê, Educamor e Secretária da Comkola
Kilombola Epè Layiè)
Vania Pierozan (Ilustradora, Diagramadora e Colaboramor da Comkola Kilombola Epè Layiè)
VIVÊNCIAS DO CLÃ DA LUA NOVA
NO ARAKITEMBO TI OÃE

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