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EXMO.(A) SR.

(A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA
DE SÃO XXXXXXXX/UF

[NOME], [nacionalidade], [estado civil], [profissã o], inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-
XX e portador da C.I. X.XXX.XXX SSP/UF, endereço eletrô nico xxxxxxxxx@xxxx.com,
residente e domiciliado na [endereço completo com CEP], por seu advogado devidamente
constituído (procuraçã o anexa) [NOME DO ADVOGADO], advogado regularmente inscrito
na OAB/UF sob o nº XX.XXX, endereço eletrô nico xxx@xxxx.com, com endereço profissional
na [endereço completo com CEP], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento nos arts. 186 e 927 do Có digo Civil c/c art. 14 do Có digo de Defesa do
Consumidor c/c arts. 5º XXXII e 170, V da Constituiçã o Federal de 1988
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS,
em face de [NOME], pessoa jurídica de direito pú blico, inscrita no CNPJ sob o nº
XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na [ENDEREÇO COMPLETO COM cep], pelos seguintes
fatos e fundamentos jurídicos:
I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
A Requerente afirma, sob as penas da lei, neste ato e nos termos da declaraçã o de
hipossuficiência em anexo, que nã o pode demandar sem prejuízo do sustento pró prio e de
sua família. Vale ressaltar que a Requerente apesar de trabalhar, recebe pouco mais que um
salá rio mínimo e que juntamente com seu esposo, proveem o sustento de seus dois filhos
de 9 e 12 anos e uma sobrinha de 13 anos.
Portanto, requer a concessã o dos benefícios da justiça gratuita prevista no artigo 5º, inciso
LXXIV da Constituiçã o Federal de 1988.
II – DOS FATOS
A quase 9 anos, a Requerente insatisfeita com suas sobrancelhas e com a sua estética,
buscou à época um profissional de Tatuagem/Maquiagem Definitiva para redesenha-la. As
novas sobrancelhas mudaram sua perspectiva de vida, e a deixaram extremamente
satisfeita com o resultado.
Porém, ao longo destes anos, muitos fatores como a qualidade da tinta utilizada à época,
sol, cloro de piscina e outros, contribuíram para o enfraquecimento da tinta, fazendo com
que a Tatuagem/Maquiagem Definitiva fosse ficando desbotada e sem vida.
Sentindo entã o que era necessá rio buscar uma alternativa para voltar a se sentir bem,
sentir-se uma nova mulher, com mais força e entusiasmo para as batalhas da vida, em 2015
a Requerente começou a procurar vá rios profissionais da á rea para corrigir o
desbotamento de suas sobrancelhas, porém, todos recusaram a tal procedimento pela
dificuldade de remoçã o da Tatuagem/Maquiagem Definitiva.
Em 03 de novembro de 2016, a Requerente vinda de XXXXXXX/UF mudou-se para o
município de XXXXXXX/UF, e lá conheceu o Salã o XXXXXXXX, e desde entã o cultivou uma
boa relaçã o com o mesmo, tornando-se sua cliente.
Em janeiro de 2018, iniciou no salã o a esteticista XXXXXXX, que tã o logo conheceu a
Requerente e sempre de forma muito atenciosa e alegando ser profissional experiente da
á rea e com diversos diplomas afirmou que poderia, usando uma técnica chamada
Micropigmentação, corrigir as sobrancelhas da Requerente que na visã o dela, nã o estavam
assimétricas e estavam baixas de mais e nã o criavam um boa impressã o, precisando alterar
seu designer.
A Micropigmentação diferencia-se da Tatuagem/Maquiagem Definitiva no sentido de que a
primeira é realizada na camada mais superficial da pele, a epiderme, que é onde há
renovaçã o celular, enquanto a segunda os pigmentos ficam na derme, uma camada mais
profunda da pele, onde quase nã o há renovaçã o celular.
A proposta da esteticista XXXXXXX, seria a um custo de R$ 300,00 realizar com 3 seçõ es o
procedimento de Micropigmentação, criando uma nova sobrancelha e
removendo/cobrindo assim a sobrancelha que nã o mais agradava.
Deste modo e convicta de que a profissional, faria a nova sobrancelha, na segunda quinzena
de fevereiro de 2018, foi entã o realizada a primeira seçã o, onde ficou delimitado a nova
sobrancelha. Neste momento tornou-se claro que a nova sobrancelha nã o iria se sobrepor
completamente a outra, ficando mais levantada e mais larga, o que deixou a Requerente ao
final do procedimento com duas pontas de sobrancelhas conforme demonstrado na
imagem a seguir.Mesmo causando assombrosa estranheza na Requerente a Srta Maristela
Rubin, afirmou que essa seria a sobrancelha ideal para o rosto da Requerente e que faria a
posterior remoçã o das manifestas e aparentes partes da antiga sobrancelha.
Nesta mesma seçã o Vossa Excelência, a Srta Maristela Rubin, buscou entã o realizar a
cobertura utilizando-se do mesmo processo de Micropigmentação, porém, agora aplicando
tinta marrom, que por ó bvio nã o logrou êxito, dada a tinta preta utilizada pela
Tatuagem/Maquiagem Definitiva conforme demonstrado nas imagens abaixo.
Passado 20 dias deste primeiro procedimento, foi realizado um segundo, posteriormente
um terceiro e haveria um quarto procedimento se nã o fosse as fortes dores sentidas pela
Requerente, já que todos os procedimentos foram realizados com intervalos inferiores ao
indicado por profissionais habilitados da á rea, qual seja, 30 dias.
Ou seja, o período mínimo recomendado para cicatrizaçã o e novo procedimento é de 30
dias, porém, em um período compreendido entre segunda quinzena de fevereiro e início de
abril, algo em torno de 45 a 50 dias, 3 (três) procedimentos foram realizados. Em resumo,
foram realizados na metade do tempo mínimo exigido.
Deste momento em diante, percebendo que os procedimentos estavam a causar fortes
dores, incô modo, e sem obtençã o do resultado esperado, a Requerente entã o buscou outra
profissional da á rea para receber orientaçã o.
Neste momento ficou sabendo que a ú nica forma de remoçã o de Tatuagem/Maquiagem
Definitiva, seria por meio seçõ es a laser a um custo de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta
reais) por seçã o, sendo que na primeira, alegando impossibilidade financeira e abalo
psicoló gico, obteve um desconto de pouco mais de 40% vindo a pagar somente R$ 200,00
(duzentos reais), conforme comprovante anexo, sendo necessá rio mais 8 (oito) seçõ es,
além de produtos para a remoçã o completa da sobrancelha mal feita e a Micropigmentação
de uma nova sobrancelha, conforme orçamento anexo.
O Relató rio de Avaliaçã o e o Orçamento (anexos) produzidos pela Dermopigmentadora
XXXXXXX com 7 anos de prá tica, além de diversos cursos ministrados é esclarecedor ao
informar que o procedimento utilizado foi incorreto, nã o só pela técnica utilizada, quanto
pela período de recuperaçã o.
A remoçã o completa da sobrancelha se dá pelo fato de que se deve remover também
completamente a Tatuagem/Maquiagem Definitiva que está por debaixo a fim de evitar
problemas futuros.
A Srta XXXXXX, foi entã o notificada pela Requerente, e percebendo o erro cometido se
prontificou a custear as seçõ es de remoçã o, sendo a primeira seçã o realizada no dia 11 de
maio de 2018 conforme recibo em anexo.
Recorda-se a Requerente que na época trabalhava como vendedora na XXXXXXX e por
vá rios dias nã o pode ir trabalhar por causa da ferida causada e pelo constrangimento que
sofria ao ter de atender um clientes, ou mesmo em seu ambiente de trabalho, afinal era
requisito bá sico dos seus afazeres o contato com clientes, médicos, ou seja, o atendimento a
um enorme e diversificado pú blico.
O procedimento de remoçã o de Tatuagem/Maquiagem Definitiva que habitualmente,
apesar de doloroso, e de deixar a pele vermelha, e que nã o cria feridas profundas, tã o pouco
aparentes, foi extremamente invasivo dado a situaçã o em que a pele da Requerente se
encontrava conforme se demonstra na imagem abaixo.
Transcorridos 60 (sessenta) dias do primeiro procedimento, a Requerente novamente
procurou a Srta XXXXXX para que entã o fosse pago a 2º seçã o, e a mesma, sugeriu um novo
tipo de procedimento que poderia resolver de forma definitiva a questã o da “sobrancelha
fantasma”. O procedimento consistia em raspar a pele até ficar em carne viva e aplicar uma
pomada com um determinado tipo de á cido, o que ocasionou uma ferida maior ainda que
durou cerca de 2 (duas) semanas para cicatrizar, conforme as fotos abaixo.
Percebendo que nã o havia outra forma senã o a remoçã o pelo procedimento a laser, a
Requerente voltou a procurar a Srta XXXXXX que novamente se prontificou em realizar o
pagamento de outra seçã o, porém, apó s meses de intensas cobranças, a Requerente nã o
mais recebeu suporte da profissional; ainda nã o teve o seu problema resolvido; tã o pouco
recebeu alguma contrapartida dos Requeridos, exceto na primeira seçã o.
Cabe salientar que segundo a dermatologista especializada em tratamentos estéticos
Natalia Cymrot em entrevista à Revista Glamour, é importante sempre fazer uma avaliaçã o
com um dermatologista antes de realizar qualquer procedimento na pele:
“o procedimento nã o pode ser feito em pacientes com reaçõ es alérgicas ou infecçõ es
pró ximas ao local de aplicaçã o, e também nã o é recomendado para gestantes, portadores
de diabetes ou pacientes que fazem uso de medicamentos anticoagulantes, pois esse tipo de
medicamento prejudica a cicatrizaçã o da pele, além disso, a Micropigmentação também nã o
é indicada para pessoas que tenham histó rico de queló ides - aquelas cicatrizes em alto
relevo que aparecem na pele de algumas pessoas com predisposiçã o genética, sendo
importante sempre fazer uma avaliaçã o com um dermatologista antes de realizar qualquer
procedimento na pele.”
https://revistaglamour.globo.com/Beleza/noticia/2017/12/micropigmentacao-de-
sobrancelhasoqueecomo-funcionaequais-sã o-os-riscos.html
Nã o houve em nenhum momento alguma avaliaçã o sobre o estado da cliente.
Atualmente a Requerente encontra-se com duas sobrancelhas de cada lado (conforme
imagens abaixo) o que lhe causa enorme constrangimento, o que a fez inclusive aceitar a
mudança de cargo no seu ú ltimo trabalho de vendedora para monitora interna de alarmes,
com turno de 12 x 36 horas, e deste modo evitando o contato com o pú blico externo.
Sua vida desde entã o nã o é mais a mesma, e a Requerente precisa manter-se maquiada
constantemente o que gera um alto gasto em maquiagens e cuidados especiais, afim de
esconder sua anormalidade.
III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Na presente demanda deve ser aplicado o Có digo de Defesa do Consumidor (Lei nº:
8.078/80), no que tange a inversã o do ô nus da prova, constante do artigo 6º, inciso VIII do
CDC, haja vista a hipossuficiência do consumidor em face das grandes instituiçõ es
bancá rias.
Assim preceitua o artigo 6º do Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 6º - Sã o direitos bá sicos do consumidor:
VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências; (grifo nosso)
III.I – DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PRESTADOR DE SERVIÇOS
Como é do conhecimento deste Douto Juízo, expressa-se no art. 14 da Lei nº 8.078/90 -
Có digo de Defesa do Consumidor no sentido de que:
O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
Observa-se que o CDC adotou a teoria da responsabilidade objetiva do prestador de
serviços, nã o se exigindo, pois, comportamento culposo da empresa ou de seus
funcioná rios. Basta que haja dano, causado por agente agindo nessa qualidade, para que
decorra o dever do prestador do serviço de indenizar.
A jurisprudência nesse sentido, é pacífica. Confira-se:
APELAÇÃ O CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS
MORAIS, MATERIAIS E ESTÉ TICOS. CONSUMIDOR. FATO DO SERVIÇO. ESCOVA
PROGRESSIVA. CABELO DANIFICADO. FATO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
ART. 14 DO CDC. DEVER DE INDENIZAR. A responsabilidade pelo fato do serviço é objetiva,
sendo afastada somente quando comprovada a inexistência do defeito ou a culpa exclusiva
do consumidor ou de terceiro, conforme § 3º do art. 14 do CDC. Caso em que restou
suficientemente evidenciada a ocorrência de acidente de consumo, consistente em danos
ao cabelo da Requerente, em decorrência de procedimento estético realizado (escova
progressiva), nã o tendo a parte requerida, revel, demonstrado quaisquer das excludentes
do nexo causal. Inversã o do ô nus probató rio que, na hipó tese, decorre da lei ope legis.
DANOS MATERIAIS. COMPROVAÇÃ O. A concessã o de indenizaçã o por danos materiais está
condicionada à demonstraçã o do prejuízo concreto experimentado, consoante dicçã o do
art. 402 do Có digo Civil. Hipó tese em que restaram comprovadas as despesas suportadas
pela Requerente em razã o dos danos ocasionados pelo acidente de consumo, as quais
devem ser indenizadas. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃ O. Evidenciada a falha na prestaçã o
do serviço, caracterizado está o dano moral, que decorre do... pró prio evento danoso,
prescindindo de prova quanto ao prejuízo concreto, sendo presumível o abalo psicoló gico
decorrente dos danos no cabelo da Requerente em razã o do defeito no serviço oferecido
pela empresa ré. QUANTUM INDENIZATÓ RIO. Em atençã o aos parâ metros estabelecidos
pela doutrina e jurisprudência pá trias para a fixaçã o do montante indenizató rio, atento à s
particularidades do caso concreto, o quantum de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de
danos morais, acrescido de correçã o monetá ria e juros morató rios legais, se mostra
razoá vel e proporcional. DANO ESTÉ TICO. INOCORRÊ NCIA. O dano estético consiste em
lesã o capaz de causar desgosto complexo e abalo à auto-estima da vítima, devendo ter
efeito permanente ou de grande duraçã o. Hipó tese em que a parte Requerente nã o
evidenciou a configuraçã o do dano estético decorrente do acidente de consumo, por nã o
estar demonstrada a permâ necia daquele, ô nus que lhe incumbia, a teor do disposto no art.
373, I, do CPC. GRATUIDADE DA JUSTIÇA CONCEDIDA À PARTE RÉ . REVOGAÇÃ O. Benefício
da gratuidade da justiça concedido à empresa demandada, com base em declaraçã o de
imposto de renda de pessoa física, revogado, porque oportunizada a comprovaçã o da
incapacidade financeira da pessoa jurídica, nesta instâ ncia, esta quedou-se inerte. Apelo...
provido, no ponto. APELAÇÃ O PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelaçã o Cível Nº
70079332417, Décima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto
Lessa Franz, Julgado em 13/12/2018).
(TJ-RS - AC: 70079332417 RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Data de Julgamento:
13/12/2018, Décima Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia
21/01/2019)
APELAÇÃ O CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS. RECURSO DA RÉ SOLANGE DESERTO. AFRONTA AO ART. 511, DO
CPC. LEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA APARÊ NCIA. AGRAVO RETIDO. CERCEAMENTO
DE DEFESA. INOCORRÊ NCIA. FALHA NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO. MAQUIAGEM
DEFINITIVA. DANO MORAL CARACTERIZADO. QUANTUM MANTIDO. Do nã o conhecimento
do recurso da ré Solange 1. A parte recorrente deverá atender aos pressupostos
processuais intrínsecos e extrínsecos para o conhecimento do recurso interposto. Assim,
nã o sendo atendidos todos os requisitos extrínsecos de admissibilidade recursal do apelo
da ré Solange, em especial o preparo do recurso sub examine, nã o conhecer do mesmo é a
medida que se impõ e. 2. Desobediência ao disposto no art. 511, caput do CPC, cuja ausência
de preparo importa a deserçã o do recurso. Da legitimidade passiva da ré Daiane 3. No caso
em exame, em se tratando de contrato decorrente das relaçõ es de consumo, aplica-se a
teoria da aparência, de sorte que perante o consumidor é a parte ré a responsá vel pela
prestaçã o do serviço, razã o pela qual é parte legítima para figurar no pó lo passivo da
presente demanda, a teor do que estabelece o art. 3º, caput, do CDC. Do agravo retido:
inocorrência de cerceamento de defesa 4. No presente feito nã o merece acolhida a alegaçã o
de cerceamento de defesa, uma vez que a matéria discutida já foi devidamente instruída
através da prova documental e testemunhal trazida aos autos, sendo desnecessá ria a...
realizaçã o de perícia técnica. 5. Ademais, o Juiz é o destinatá rio das provas, cabendo a ele
aferir sobre a necessidade ou nã o de sua produçã o, devendo coibir a realizaçã o de prova
inú til a soluçã o da causa, em atendimento aos princípios da celeridade e economia
processual, a teor do que estabelece o art. 130 do CPC. Do mérito do recurso em exame 6.
Restou demonstrada a realizaçã o de maquiagem definitiva nos lá bios da parte Requerente,
realizada por profissional que trabalhava no estabelecimento das demandadas, bem como
que o resultado alcançado nã o foi o esperado. 7. Oportuno destacar que nã o é possível
exigir do consumidor prova mais robusta quanto ao nexo de causalidade, pois nã o há
dú vidas quanto ao fato da Requerente ter realizado micropigmentaçã o em seus lá bios no
salã o de beleza das demandadas e que tenha havido falha na realizaçã o de tal
procedimento, causando evidente dano estético em regiã o sensível do rosto. 8. Os
pressupostos ensejadores da responsabilidade civil estã o presentes no caso sub judice,
ante a falha na prestaçã o do serviço por parte da ré, que nã o ofereceu de forma satisfató ria
o serviço quanto à maquiagem definitiva contratada. 9. O artigo 186, do Có digo Civil,
preceitua que: aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Igualmente, reza o artigo 927, do diploma legal precitado: aquele que,... dano a outrem, fica
obrigado a repará -lo, hipó teses estas incidentes sobre os fatos descritos na exordial. 10. No
que tange à prova do dano moral, por se tratar de lesã o imaterial, desnecessá ria a
demonstraçã o do prejuízo, na medida em que possui natureza compensató ria,
minimizando de forma indireta as conseqü ências da conduta da ré, decorrendo aquele do
pró prio fato. Conduta ilícita da demandada que faz presumir os prejuízos alegados pela
parte Requerente, é o denominado dano moral puro. 11. O valor a ser arbitrado a título de
indenizaçã o por dano imaterial deve levar em conta o princípio da proporcionalidade, bem
como as condiçõ es da ofendida, a capacidade econô mica do ofensor, além da
reprovabilidade da conduta ilícita praticada. Por fim, há que se ter presente que o
ressarcimento do dano nã o se transforme em ganho desmesurado, importando em
enriquecimento ilícito. Quantum mantido. 12. No que tange a sucumbência, entendo que as
partes resultaram vencidas em proporçã o distintas, pois embora nã o concedida a
indenizaçã o por dano material pretendida, foi reconhecido o dano moral diante da falha na
prestaçã o do serviço, necessitando ser dada a prestaçã o jurisdicional neste ponto. Nã o
conhecido o primeiro recurso, afastada a preliminar suscitada, negado provimento ao
agravo retido e dado parcial provimento ao segundo apelo. (Apelaçã o Cível Nº
70063894992, Quinta Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do
Can.
(TJ-RS - AC: 70063894992 RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Data de Julgamento:
29/07/2015, Quinta Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia
03/08/2015)
III.II – DA FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E DO ATO ILÍCITO PERPETRADO
PELOS REQUERIDOS
Está manifesta a falha na prestaçã o de serviços por parte dos Requeridos, bastando para
isso uma simples aná lise das fotos juntadas nos autos, devendo os Requeridos responder
pela falha na prestaçã o dos serviços, nos moldes elencados no artigo 14 do Có digo de
Defesa do Consumidor:
Art. 14 CDC. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o
dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
É nítido que algo deu errado no procedimento. Independentemente de culpa ou dolo, os
Requeridos, como prestadores de serviços, respondem pelos danos causados à
consumidora, conforme assevera o artigo 14 do CDC.
E nã o é apenas a falha na prestaçã o e serviços que a conduta dos Requeridos se enquadra.
Analisando o artigo 186 do Có digo Civil, podemos constatar que a situaçã o ora narrada,
sofrida pela Requerente, também é um ato ilícito. Sim, a Requerente sofreu dano na parte
que uma mulher mais valoriza, a ESTÉTICA, principalmente se falando da estética facial.
Sobre as açõ es e omissõ es que violam direitos e causam danos a outrem, vejamos o que diz
o nosso Có digo Civil Brasileiro:
Artigo 186 – Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
(grifo nosso)
Comentando o artigo supracitado, Sílvio de Salvo Venosa, esclarece que:
Muito têm escrito os autores sobre o dano moral. Parece nã o haver mais dú vida de que o
dano moral, quando acompanhado de prejuízo de ordem material, deve ser indenizado.
Nã o há mais dú vida de que o dano moral deve ser indenizado em qualquer hipó tese, se
presentes os demais requisitos. O artigo 186 é específico ao mencioná -lo, secundando os
princípios da Constituiçã o de 1988”. (Sílvio de Sá lvio Venosa, Direito Civil, I, 3ª ediçã o,
editora atlas, 2003, pá g. 594.)
Inteligência do art. 927 do Có digo Civil, aquele que por ato ilícito, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará -lo.
Artigo 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará -lo.
Desta forma Vossa Excelência possui total respaldo para a condenaçã o dos Requeridos ao
pagamento dos danos causados aos Requerentes, sejam eles danos materiais ou morais.
III.III – DA REPARAÇÃO CIVIL PELO DANO MORAL
Excelência, a vá rios meses, a Requerente vive se escondendo com muita vergonha do que
se transformou a sua face, nã o havendo qualquer dú vida acerca da ofensa ao seu direito de
personalidade, o abalo a sua imagem e sua honra.
A Requerente foi ferida em seu mais profundo sentimento, no que uma mulher mais
valoriza em seu corpo, a sua face, a beleza facial, nã o havendo a mínima condiçã o de
interpretarmos tal acontecimento como mero dissabor do cotidiano.
A má prestaçã o de serviços por parte dos Requeridos trouxe grande abalo psicoló gico e um
grave dano a estética da Requerente, fazendo jus a Requerente a indenizaçã o por todos os
danos de ordem moral e pessoal sofridos, devendo os Requeridos indenizá -la.
A garantia da reparabilidade do dano moral é absolutamente pacífica tanto na doutrina
quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importâ ncia, que ganhou texto na Carta Magna,
no rol do artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias fundamentais faz-se oportuna
transcriçã o:
Inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaçã o
por dano material, moral ou à imagem.
Inciso X: sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua
violaçã o”.
Por esta norma, ressaltamos que o sistema positivo concede a devida proteçã o ao dano
moral, decorrente também de lesã o à honra e a dignidade das pessoas. Em aná lise a esta
norma, diz o constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA:
A Constituiçã o empresta muita importâ ncia à moral como valor ético-social da pessoa e da
família, que se impõ e respeito dos meios de comunicaçã o social (art. 22). Ela, mais que as
outras, realçou o valor da moral individual, tornando-a mesmo um bem indenizá vel (art. 5º,
V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputaçã o
que integram vida humana como dimensã o imaterial. Ela e seus componentes sã o atributos
sem os quais a pessoa fica reduzida a uma condiçã o de animal de pequena significaçã o. Daí
porque o respeito à integridade moral do indivíduo assume feiçã o fundamental. Por isso é
que o Direito Penal tutela a honra contra a calú nia, a difamaçã o e a injú ria.” Curso de
Direito Constitucional Positivo, 9ª ediçã o, 2ª tiragem. Editora Malheiros. Sã o Paulo, p. 184.
A Requerente, ainda terá que se submeter a 08 sessões à laser para corrigir as falhas e
refazer toda a sua sobrancelha. Processo esse que levará em torno de 18 meses para
ser concluído, considerando que a profissional habilitada somente executará um novo
procedimento a cada 60 (sessenta dias), quando a pele está apta para tal
procedimento.
Além dos inchaços, a sobrancelha ficou literalmente torta, ferindo ainda mais o ego e
tirando a dignidade da Requerente.
Casos aná logos vem sendo punido pelo judiciá rio, com a condenaçã o dos maus prestadores
de serviços ao pagamento de danos morais aos clientes ofendidos:
TJ-SP - Apelaçã o Com Revisã o CR 996597001 SP (TJ-SP)
Data de publicaçã o: 15/07/2008
Ementa: Açã o de reparaçã o por defeito na prestaçã o do serviço. Alisamento de cabelos
desastroso. Responsabilidade solidá ria do salã o e do cabeleireiro. Resultado estético ruim
aliado a ferimentos leves no couro cabeludo. Danos materiais e morais configurados.
Sentença condenató ria confirmada.
TJ-RS - Apelaçã o Cível AC 70052021706
RS (TJ-RS)
Data de publicaçã o: 11/04/2013
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. Caso em que a Requerente reclama indenizaçã o por danos materiais e morais em
razã o de defeito advindo da má prestaçã o de serviços de maquiagem definitiva nas
sobrancelhas. Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada. Prova carreada aos autos que
conforta a tese da parte Requerente, em nenhum momento rechaçada pela demandada.
Legitimidade passiva da demandada, que é proprietá ria do salã o de beleza onde realizada a
maquiagem definitiva. Danos materiais comprovados. Dano moral (estético) igualmente
comprovado, perceptível até mesmo ao leigo. Indenizaçã o nã o deve ser em valor ínfimo,
nem tã o elevada que torne desinteressante a pró pria inexistência do fato. Atençã o à s
particularidades das circunstâ ncias fá ticas. Valor da indenizaçã o fixada na sentença, a título
de dano moral, mantido. Sentença mantida por seus pró prios e jurídicos fundamentos.
Razõ es recursais que se limitam a reeditar os argumentos da contestaçã o, sem nada a
rechaçar os fundamentos da sentença. Preliminar rejeitada. Apelaçã o desprovida. Decisã o
unâ nime. (Apelaçã o Cível Nº 70052021706, Décima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 21/03/2013)
Nitidamente impõ e-se ao requerido a obrigaçã o de indenizar de acordo com os
mandamentos legais. A esse respeito, novamente vejamos o que determina o Có digo Civil
Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.
A partir da lesã o a integridade da Requerente, nasce a obrigaçã o para os Requeridos e o
direito para o autor de ver reparado seu prejuízo moral. De imediato, percebe-se que os
Requeridos deliberadamente atingiram a integridade moral do autor, pelo fato de lhe
causar lesã o em seu rosto, lhe prejudicando em seu trabalho e vida pessoal.
Em verdade, frisa-se que diante da conduta dos Requeridos a Requerente nã o se sente mais
à vontade em sair em pú blico, ou ficar muito pró xima a pessoas, por tamanho
constrangimento que o fato vem causando em sua vida, exceto quando muito maquiada
para esconder a falha, fato que nem sempre ocorre em virtude do alto custo de tais
produtos. Portanto, o Requerente teve tolhida sua vida social e comercial em virtude do
abalo psicoló gico com a conduta dos Requeridos e suas consequências.
Destarte, a alteraçã o de funçã o (anexo) comprova nitidamente que diante tal abalo, a
Requerente nã o mais conseguia sentir-se à vontade diante outras pessoas, pelo
constrangimento ao perceber que numa simples e rá pida conversa pessoal, o foco era
sempre suas sobrancelhas.
Pode-se afirmar, assim, que durante todo esse período até a presente data a Requerente
sempre buscou manter-se maquiada, a fim de disfarçar sua dupla sobrancelha, porém,
devido ao alto custo destes produtos nem sempre foi possível. Portanto, a Requerente
suportou sofrimento incomensurá vel, pois estava sempre a mercê de olhares curiosos e
comentá rios adversos ao que se esperava quando buscou a melhoria em suas sobrancelhas.
Diante disso, sobre a reparaçã o do dano moral, nossos doutrinadores sã o unâ nimes em seu
favor, senã o vejamos:
"... lesõ es sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimô nio ideal,
entendendo-se patrimô nio ideal, em contraposiçã o ao patrimô nio material, o conjunto de
tudo aquilo que nã o seja suscetível de valor econô mico." Wilson de Mello e Silva (1999)
"Sabe-se que na prá tica é deveras difícil a estimativa rigorosa em dinheiro que corresponda
à extensã o do dano moral experimentado pela família da vítima. O valor deverá ser
encontrado, levando-se em consideraçã o o fato, a má goa, o tempo, a pessoa ofendida, sua
formaçã o só cio-econô mica, cultural, religiosa, etc. Reflita-se sobre a fixaçã o de
um"quantum"indenitá rio a um pai pela morte, por ato ilícito, de um filho. É preciso
considerar o patrimô nio nã o apenas em funçã o das coisas concretas e dos bens materiais
em si, mas do acervo de todos os direitos que o titular possa dele desfrutar,
compreendendo em especial ao" homo medius ", além do impulso fisioló gico do sexo, a
esperança de dias melhores com satisfaçõ es espirituais, psicoló gicas e religiosas que a
família (mulher e filhos acima de tudo) pode proporcionar-lhe durante toda sua existência."
Irineu A. Pedrotti
"... dano moral é portanto, o constrangimento que alguém experimenta em conseqü ência de
lesã o em direito personalíssimo, ilicitamente produzido por outrem... Nã o obstante,
prevalece atualmente a doutrina da ressarcibilidade do dano moral." Orlando Gomes
(1995)
Sabe-se que a reparaçã o do dano moral é, em regra, pecuniá ria, ante a impossibilidade do
exercício do "jus vindictae", visto que ele ofenderia os princípios da coexistência e da paz
social. A reparaçã o em dinheiro serviria para neutralizar os sentimentos negativos de
má goa, dor, tristeza e angú stia, pela superveniência de sensaçõ es positivas de alegria e
satisfaçã o, pois possibilitaria ao ofendido algum prazer que, em certa medida, poderia
atenuar seu sofrimento. Ter-se-ia, entã o, como já compensaçã o da dor com a alegria.
O dinheiro seria tã o somente um consolo, que facilitaria a aquisiçã o de tudo aquilo que
possa concorrer para trazer ao lesado uma compensaçã o por seu sofrimento. O dano moral
pode ser demonstrado por todos os meios de provas admitidos em direito, inclusive pelas
presunçõ es estabelecidas para determinadas pessoas da família da vítima.
Da mesma forma, seja qual for a consequência advinda do ato ilícito, justifica-se a
indenizaçã o, pois, p. ex., em decorrência da lesã o a vítima perdeu pro um longo período e
ainda vem perdendo sua vida social.
Levando-se em conta, portanto, a extensã o das consequências do dano sofrido, a vítima do
ato ilícito faz jus ao direito de ser indenizado, eis que o dano moral está cristalino e
comprovado.
Somado a isso, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a esfera
personalíssima da pessoa (direitos da personalidade), violando, por conseguinte, a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem, bens jurídicos tutelados
constitucionalmente e de forma ilimitada.
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenizaçã o por dano moral
decorrente da violaçã o de direitos fundamentais, tais como a honra e a imagem das
pessoas. Vejamos:
Art. 5º (...)
X - sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua violaçã o;(...)
Excelência, nitidamente o requerido atingiu a integridade moral do autor no momento em
que lhe causou lesã o em seu rosto, retirando a possibilidade de convívio social, inclusive
obrigando-se a realizar carga horá ria diferenciada justamente para evitar o contato com
outras pessoas, esquivando-se dos constrangimentos que dia a dia a rodeavam.
Percebe-se claramente que a conduta praticada pelo requerido pode ser definida
confessadamente como ato ilícito e, portanto, geradora do dever de indenizar.
Dessa forma, o requerido violou a integridade moral da Requerente no momento em que
praticou tais condutas danosas, causando profundo sentimento de angú stia, dor e tristeza
na Requerente, razã o pela qual a Requerente merece ser ressarcida pela lesã o à sua
intimidade e à sua vida privada no quantum de R$ 38.880,00 (trinta e oito mil oitocentos e
oitenta reais) a título de dano moral, considerando os 14 meses de sofrimento e abalo
moral da Requerente, além dos 18 meses seguintes de procedimentos para correçã o.
III.IV – DA QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL
Dú vida que tem gerado grande discussã o na doutrina é a de, se o autor deve ou nã o
quantificar o valor da indenizaçã o do dano moral na petiçã o inicial. A esse respeito,
vejamos os ensinamentos de Fredie Didier Jr (2015, pá g. 581):
“O pedido nestas demandas deve ser certo e determinado, delimitando o autor quanto
pretende receber como ressarcimento pelos prejuízos morais que sofreu. Quem,
além do próprio autor, poderia quantificar a “dor moral” que alega ter sofrido? Como
um sujeito estranho e por isso mesmo alheio a esta “dor” poderia aferir a sua existência,
mensurar a sua extensã o e quantificá -la em pecú nia? A funçã o do magistrado é julgar se o
montante requerido pelo autor é ou nã o devido; nã o lhe cabe, sem uma provocaçã o do
demandante, dizer quanto deve ser o montante. Ademais, se o autor pedir que o magistrado
determine o valor da indenizaçã o, nã o poderá recorrer da decisã o que, por absurdo, a fixou
em um real (R$ 1,00), pois o pedido teria sido acolhido integralmente, nã o havendo como
se cogitar interesse recursal.”
Assim sendo, cumpre observar que o art. 292, inciso V do novo CPC (Lei nº. 13.105/15),
parece ir por este caminho, ao impor como o valor da causa o valor do pedido nas açõ es
indenizató rias, “inclusive as fundadas em dano moral”.
Portanto, o Requerente da presente demanda informa a Vossa Excelência que pretende
fundadamente a sua dor e abalo psicoló gico receber R$ 38.880,00 (trinta e oito mil
oitocentos e oitenta reais) a título de indenizaçã o por dano moral, sendo este o montante
que poderá minimizar os prejuízos morais provocados pela conduta do requerido,
considerando os 14 meses de sofrimento e abalo moral da Requerente, além dos 18 meses
seguintes de procedimentos para correçã o.
III.V – DA REPARAÇÃO CIVIL PELO DANO MATERIAL
Previamente compete afirmar que é consolidado o entendimento em nossa jurisprudência
que sã o cumulá veis as indenizaçõ es por dano material e dano moral oriundos do mesmo
fato, de acordo com a Sú mula nº 37 do STJ
Conforme relatado, o procedimento teve um custo de R$ 300,00 que foram pagos em
espécie no ato da primeira seçã o. De antemã o cumpre-se dizer que nã o há comprovaçã o do
pagamento, visto que corriqueiramente nã o os sã o fornecidos quando da realizaçã o de
procedimentos em Salõ es de Beleza e Estética, como cortes e cabelo, unhas, massagens e
procedimento estéticos.
De toda sorte, nã o pretende a Requerente, o enriquecimento, visto que pleiteia somente o
montante pago a época ainda que os valores atuais sejam superiores ao pleiteado.
É importante destacar que, mesmo que os Requeridos tenham pago pela primeira seçã o de
remoçã o a laser, se negaram a pagar pelas outras seçõ es, nã o prestando nenhuma
assistência, e quando a fizeram, tornaram pior a situaçã o.
Logo, a Requerente, terá de arcar com um custo de R$ 4.250,00 (quatro mil duzentos e
cinquenta reais) conforme orçamento anexo, para remoçã o total da sobrancelhas e a
realizaçã o de novo e correto procedimento para a Micropigmentaçã o de novas
sobrancelhas, além de excessivas despesas com maquiagens (que nã o serã o objeto de
cobrança pela impossibilidade de comprovaçã o), motivo pelo qual os Requeridos devem
indenizar os danos materiais causados a Requerente.
IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
i. O recebimento desta inicial, citando os Requeridos para se querendo, contestar os
fatos contra si alegados, sob pena dos mesmos presumirem como verdadeiros;
ii. A concessã o dos benefícios da assistência judiciá ria gratuita, por ser a Requerente
pessoa pobre na acepçã o jurídica do termo, nã o podendo arcar com as custas e
despesas processuais sem que comprometa o seu sustento e da família.
iii. A concessã o à requerente dos benefícios da inversã o do ô nus da prova, conforme
preceitua o artigo 6º do Có digo de Defesa do Consumidor;
iv. A admissã o de todas e quaisquer provas em direito admitidas, especialmente
documental, testemunhal e pericial, cujo rol e quesitos serã o oportunamente
apresentados;
v. Que julgue totalmente procedente a presente demanda em todos os seus termos,
determinando-se a devida condenaçã o do requerido ao pagamento da importâ ncia de
R$ 38.880,00 (trinta e oito mil oitocentos e oitenta reais) a título de indenizaçã o por
dano moral, nos termos da fundamentaçã o já apresentada nesta peça;
vi. A condenaçã o dos requeridos ao pagamento da importâ ncia de R$ 4.550,00 (quatro
mil quinhentos e cinquenta reais) a título de danos materiais suportados, conforme
fundamentaçã o exposta anteriormente;
vii. A condenaçã o do requerido ao pagamento de custas processuais e honorá rios no
percentual no quantum de 20% sobre o valor da condenaçã o, na forma do art. 85, § 2º
do CPC, considerando o grau de zelo profissional, o lugar da prestaçã o do serviço, a
natureza e a importâ ncia da causa, o trabalho realizado pelos advogados e o tempo
exigido para a prestaçã o do serviço;
Atribui-se à presente causa o valor de R$ 43.430,00 (quarenta e três mil quatrocentos e
trinta reais), nos termos do que dispõ e o art. 292, incisos V e VI do Có digo de Processo Civil.
Termos em que espera deferimento.
XXXXXXXXX/SC, 25 de março de 2019.
BRUNO LAUAR SCOFIELD
OAB/SC Nº 53.729

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