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BOGUN
Sim, o gato se chama Bogun; depois explico por quê. Não há nada como um nome inspirador
para estimular a criatura, e aquele nos parecia adequado. Gato cinzento, cor de nuvem escura,
olhos elétricos, pelagem de seda, de raça persa azul [...].
A princípio, como pesava apenas quatrocentos gramas (e trezentos deveriam ser apenas o
pelo) — não se lhe podia exigir muito. Afinal era apenas um baby, um filhote, desmamado [...].
Mas como já era [...] audacioso, cônscio1 de si! [...]
Por tudo isso ganhou o nome de Bogun. Bogun se chamava o mais valente de todos os
cossacos2, moço-herói de um romance de cavalaria que nós dois aqui em casa adorávamos, na
nossa adolescência. Bogun, bravo como um lobo, belo como um dia de sol [...]. Olhamos os olhos
amarelos do gato — iguais aos olhos do cossaco, que eram como dois topázios (assim dizia o livro)
— e achamos que ficava bem.
Hoje Bogun cresceu. Belo, não se nega. Mais belo até do que prometia quando filhote. [...]
Bogun é complicado e [...] imprevisto. [...] Por exemplo — de pequenino, parecia ter alma de
caçador. Era capaz de perseguir durante horas uma formiga ou um besourinho. Hoje ainda caça,
sim; mas só se interessa por cigarras e mariposas. [...] Às vezes acompanha de longe o voo dum
passarinho — mas é como um devaneio, sem desejo e sem impulso. [...] Ele só gosta de filé
malpassado, de risoto, de peixe magro — sem molho. Leite, só tépido. E gosta de banho, sim,
adora banhos! [...] Fica de olhos entrecerrados, ronronando sentado na bacia, enquanto o
ensaboam. Depois consente deliciado que o enxuguem na toalha felpuda, que o escovem, que o
ponham ao sol, a secar. Por fim, fofo, macio, perfumado, quente do sol, quase tirando faísca no
pelo cor de aço, vem se exibir orgulhosamente na sala, arqueia o dorso, ergue a cauda frocada —
para que todos vejam quanto ele é lindo e rico [...], e precioso, e inimitável.
Quando afinal satisfaz a vaidade, escolhe a cadeira de palhinha (detesta almofadas, acha-as
[...] quentes [...]) bem fina, bem fresca, boceja, encrespando a língua rósea e áspera, espreguiça-
se, estira elasticamente a garra afiada, repousa a cabeça entre as patas dianteiras e dorme. [...]
*Vocabulário:
1
cônscio: consciente.
2
cossacos: guarda de fronteira.
QUEIROZ, Rachel de. BOGUN. In: Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Editora Global, 2012. Adaptado para fins didáticos. Fragmento.
04.Nesse texto, no trecho “Isso é mesmo fantástico!” (13º parágrafo), o ponto de exclamação foi
utilizado para
A) demonstrar empolgação.
B) destacar ordem.
C) evidenciar indignação.
D) expressar medo.
Leia o texto abaixo.
No meu quarto
No meu quarto tem uma mesa
onde faço minhas aulas.
No meu quarto tem uma luz acesa
para ler contos de fadas.
No meu quarto guardo um segredo
entre meus livros favoritos,
há um caderno onde escrevo todos os meus medos
No meu quarto também tem muita planta
que serve de casa para fada
No meu quarto há um quadro
de um artista engraçado.
GADELHA, Laura Carvalho Paterno. No meu quarto. In: Medium. Disponível em: https://laurabarrettogadelha.medium.com/no-meu-quarto-c959f986cdea. Acesso em: 9
jul. 2021.
06.Sobre esse texto, entende-se que o eu lírico
A) faz coleção de obras de arte.
B) gosta de ler histórias de fantasia.
C) possui uma casa em uma floresta.
D) tem medo de ambientes escuros.
07.Nesse texto, no verso “... onde faço minhas aulas.”. (1ª estrofe), o termo destacado foi utilizado
para
A) apresentar dúvida.
B) demonstrar causa.
C) indicar tempo.
D) marcar lugar.
Aos 23 anos de idade, Giovanna Grigio está envolvida com seu primeiro trabalho
internacional. Lembrada pela personagem Samanta, em Malhação Viva a Diferença [...] e pela
protaginista Mili, em Chiquititas (SBT, 2013/2015), a atriz fará a versão internacional de Rebelde,
que [...] está em fase de gravação no México. [...]
Como tem sido essa temporada internacional?
Há quanto tempo está longe do Brasil? Estou há quase sete meses aqui no México e está
sendo uma das experiências mais loucas e lindas da minha vida. É realmente transformador.
Como foi a adaptação? Passou algum perrengue?
Até que foi bem de boa, eu tive tempo de estudar espanhol antes de vir e acho que ter o
idioma deixou tudo mais fácil. De qualquer forma eu vim morar em um outro país, né?
Qual o desafio de gravar em outro idioma?
No começo, era mais difícil. Eu não entendia tudo do texto, principalmente as gírias. Às vezes,
meu sotaque deixa as situações um pouco difíceis (risos), mas depois desse tempo eu já me
acostumei com isso. Agora já é mais natural. [...]
Você começou no meio artístico ainda menina e já adolescente encarou um papel de
protagonista. Sentiu-se pressionada em algum momento? Como lidou com as
responsabilidades?
Era muito nova para entender de fato toda a pressão que esse trabalho nos traz. Eu era muito
responsável, mas só hoje vejo o quanto tive que amadurecer rápido e as consequências que tive
na minha vida em relação a isso. Tanto positivas como negativas. Acho que tive sorte de ter uma
família que me apoia muito, que sempre me manteve com os pés no chão e que sempre cuidou
de mim com amor. [...]
BOURROUL, Beatriz. Giovanna Grigio sobre carreira internacional: “Nunca vi como um sonho impossível”. In: Quem, 2021. Disponível em: https://glo.bo/34JJqiN/. Acesso
em: 3 fev. 2022. Fragmento.
08.Nesse texto, no trecho “... que sempre me manteve com os pés no chão.” (final do último
parágrafo), o termo destacado refere-se à palavra
A) família.
B) sorte.
C) trabalho.
D) vida.
Leia os textos abaixo.
Devido à grande quantidade de lixo gerada todos os dias no mundo, a reciclagem vem se
tornado uma atitude indispensável para a manutenção da saúde das pessoas e também do
planeta.
De acordo com dados de um estudo realizado pela Associação Empresarial para Reciclagem
(CEMPRE), o Brasil produz mais de 240 mil toneladas de lixo por dia, dos quais 45% é reciclável.
No entanto, o país recicla apenas 2% do lixo urbano produzido.
A importância da reciclagem também está ligada ao desenvolvimento sustentável, que
engloba, não só o meio ambiente, mas também aspectos sociais e econômicos. Isso porque,
quando descartamos os produtos de forma adequada, agregamos valor ao processo e ao material,
já que melhoramos os índices de reaproveitamento, barateamos o custo de produção e
estimulamos o crescimento da reciclagem. [...]
Economicamente, a reciclagem motiva o aumento de riquezas, uma vez que as empresas
usam desse processo para redução de custos no processo produtivo, à medida que contribuem
para a preservação do meio ambiente. Com a fabricação de produtos reciclados, há a preservação
da natureza, redução da poluição e contaminação do solo, além da economia de energia. [...]
Disponível em: https://ury1.com/Dfizt. Acesso em: 30 dez. 2021. Adaptado para fins didáticos. Fragmento.
10.A tese defendida pelo autor desse texto está no trecho:
A) “... a reciclagem vem se tornado uma atitude indispensável para a manutenção da saúde das
pessoas e também do planeta.”. (1º parágrafo)
B) “... o Brasil produz mais de 240 mil toneladas de lixo por dia...”. (2º parágrafo)
C) “... o país recicla apenas 2% do lixo urbano produzido.” (2º parágrafo)
D) “... está ligada ao desenvolvimento sustentável, que engloba, não só o meio ambiente, mas
também aspectos sociais e econômicos...”. (3º parágrafo)
E) “... a reciclagem motiva o aumento de riquezas, ...”. (4º parágrafo)
Não subestime o poder de uma capa de livro impactante: contratar um designer criativo pode
ser a chave para o sucesso editorial
Caro escritor, deixe-me dizer-lhe algo importante: uma capa de livro é a sua primeira chance
de causar uma boa impressão e atrair potenciais leitores. Uma capa bem pensada pode despertar
curiosidade, inspirar emoção e criar uma conexão emocional com o leitor. É por isso que a
contratação de um designer criativo é fundamental para o sucesso do seu livro.
Um designer experiente tem o conhecimento técnico e a visão artística para criar uma capa
que capture a essência da sua história e transmita a mensagem certa. Eles têm a habilidade de
criar uma gradação perfeita entre cores, tipografia, imagens e layout para garantir que a capa do
seu livro seja visualmente atraente e facilmente reconhecível.
Não se engane, uma capa de livro medíocre pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso
editorial. Se você quer que o seu livro seja notado, destaque-se nas prateleiras das livrarias e seja
compartilhado nas redes sociais, é crucial ter uma capa que chame a atenção e gere interesse.
Um designer criativo pode ajudá-lo a alcançar isso na escolha das imagens e na forma de
representar a sua história e, ao mesmo tempo, ser humano, interpretando e compreendendo a
sua obra com empatia e sensibilidade. Mesmo utilizando recursos de AI, o designer é essencial
como mediador para a melhor opção literária e comercial.
Então, meu caro, não subestime o poder de uma capa de livro diferenciada e contrate um
designer criativo para criar a capa do seu livro. É a melhor maneira de garantir que a sua obra
tenha a chance de se destacar e alcançar o sucesso editorial que você merece.
Disponível em: https://bit.ly/3VolHvb. Acesso em: 24 abr. 2023. Adaptado para fins didáticos.
18.Nesse texto, no trecho “Caro escritor, deixe-me dizer-lhe algo importante: uma capa de livro é
a sua primeira chance de causar boa impressão...” (1º parágrafo), a linguagem utilizada é
A) científica.
B) coloquial.
C) formal.
D) regional.
E) virtual.
19.No título desse texto, a palavra “chave” significa
A) autoridade.
B) controle.
C) símbolo.
D) solução.
E) utensílio.
Leia o texto abaixo.
Três filhotes de onça-pintada são registrados onde onça capturada no Jardim Botânico foi solta
Há exatos quatro anos [...] uma onça-pintada macho foi avistada no Jardim Botânico da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Capturada 17 dias depois, o felino foi levado para
nova área florestal, mais ampla e segura. A UFJF torna público nesta terça, 25, um vídeo em que
aparecem dois filhotes de onça-pintada, gravado, em janeiro de 2023, pela equipe de
monitoramento no Parque Estadual do Rio Doce, local próximo de onde a onça de Juiz de Fora foi
introduzida.
Quando foi feito o vídeo, os filhotes estavam com cerca de um ou dois meses de idade. Mais
um filhote, de outra fêmea, com idade estimada de dois anos, também foi registrado. As gravações
são feitas por meio de armadilhas fotográficas, instaladas em árvores ou outros suportes,
acionadas automaticamente por meio de sensores de calor e movimento.
No entanto, não há como afirmar se os novos animais são frutos de reprodução do felino que
circulou em Juiz de Fora, pois é necessário realizar testes genéticos, para verificar a
correspondência de DNA [...]. Disponível em: https://ury1.com/Hahbn. Acesso em: 26 abr. 2023. Fragmento.
22.De acordo com esse texto, uma onça-pintada macho foi avistada no Jardim Botânico da
Universidade Federal de Juiz de Fora há
A) 17 dias.
B) dois anos.
C) dois meses.
D) quatro anos.
E) um mês.
24.Nesse texto, no trecho “... para ensinar valores morais...” (4º parágrafo), o termo destacado
estabelece uma relação de
A) comparação.
B) condição.
C) consequência.
D) finalidade.
E) proporção.
Leia os textos abaixo.
Texto 1
Trançar a vida é fitar os laços com quem corre ao seu lado
Paula Taitelbaum é uma poeta gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro [...] onde
encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim: “Pior do que uma voz que cala/É um
silêncio que fala”.
Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio
me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a
boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na
quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para
acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as
palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não
são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: “diz alguma coisa, diz
que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando”. É o silêncio de um mandando más
notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é
um presente. [...] Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não
incomoda, pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É
quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você
entende a mensagem.
MEDEIROS, Martha. A voz do Silêncio. In: Poesia galvaneana. Disponível em: https://bit.ly/3ozih8V. Acesso em: 12 jul. 2022. Fragmento.
Texto 2
Da Calma e do Silêncio
Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.
Chega Francolim, de galope, com um recado do Major para Sebastião: — É para esperar um
pouco, e não apertarem o gado na travessia...
— Está feio. Mas isto aqui não se compara com a passagem das boiadas no Jequitinhonha...
— Conheço. Atravessei aquele, com seiscentas cabeças de gado da Bahia... O mais difícil não
é pela largura, mas porque é rio bravo, de correnteza... A gente tinha de tocar adiante um lote de
bois mansos, mais acostumados, que não tivessem medo. Alguns até alugavam uns, ensinados, de
um sitiante da beira do rio... E a gente cruzava no batelão, vigiando a boiada nadar...
Chega o Major, chamando por Sebastião...
— Estou vendo que o vau agora está pior do que o resto. Melhor era destorcer mais para
baixo, onde deve de estar dando mais pé...
— Pé já não dá mesmo, em lugar nenhum, seô Major. E está desbarrancado, lá na outra
beirada, e não tem saidor... Melhor por aqui mesmo, patrão.
— Bem, mas vamos com paciência! [...]
Estacionados na rampa, esperavam que o gado tomasse coragem. A chuvinha agora era um
chuvisco rarefeito; mas três regos de enxurrada desciam também, borbotando e roncando, com
brutalidades fluviais. E a enchente crescia. [...]
Entupindo o declive do morro, a boiada permanecia parada. Muitos mugiam.
— Cou! Cou! Tou! Tou!...
Os primeiros se chegam para a beirada. Zé Grande entra n’água, no Cata-Brasa, que pega a
nadar. E, já no meio da torrente, o guieiro ainda se volta, tocando o berrante. Um junqueira
longicórnio estica o pescoço fino, arrebita o focinho, e pula, de rabo desfraldado. Então, há que os
cocorutos estremecem, para a frente e depois para trás. Despencou-se mais um cacho de reses.
Chapinham com estrupido, os mocotós golpeando como puxavantes. Perderam pé: os corpos
desaparecem, ficam de fora somente as beiçamas, as ventas polposas, palpando ar, e os pares de
chifres, como tentáculos de caramujos aquáticos. E aí toda a manada se precipita, com muita
pressa, transpondo a enchente brava do riacho [...].
O Major Saulo, que foi o derradeiro — depois de Sete-de-Ouros com João Manico, e mesmo
atrás de Francolim —, logo os alcança, contudo, pouco para lá da passagem.
— Viva, meu povo, não se perdeu nenhum!... Francolim, vai dizer a Sebastião que toquem
pelo caminho de baixo, no fim da vargem... [...]
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. Fragmento.
30.Nesse texto, no trecho “– Pé já não dá mesmo, em lugar nenhum, seô Major.” (6º parágrafo),
foi utilizada a linguagem
A) científica.
B) formal.
C) jurídica.
D) regional.
E) virtual.
31.Nesse texto, no trecho “... que foi o derradeiro...” (12º parágrafo), a palavra destacada substitui
A) Francolim.
B) João Manico.
C) Major Saulo.
D) Sebastião.
E) Zé Grande.
Quase não tenho encontrado com a minha filha. E olha que moramos na mesma casa. Nunca
pensei que meu bebê fosse conquistar tão rápido a independência: aos dois anos e meio de idade,
passa o dia inteiro sendo outras pessoas e fica chateadíssima ao ser tratada por seu nome.
“Não sou a Marieta! Eu sou o Lollo.” Demoramos muito a entender que se tratava de um
filhote do “101 Dálmatas” que aparece muito pouco no filme da Disney, quase um figurante.
Marieta passou um mês inteiro repetindo sua única fala: “eu tô com fome”, com as patinhas no
ar.
Na sua breve, porém intensa carreira de atriz, tem predileção por papéis pequenos, porém
não menos complexos, como o [...] Dunga, da “Branca de Neve”, ou Jacko Mollo, um morcego
coadjuvante numa das “Histórias da Mamãe Ursa”, da Kitty Crowther – autora que bem poderia
ter reeditados seus livros [...].
Na maior parte do tempo, claro, interpreta a própria mãe. [...]
Outro dia, interpretando a mãe à mesa, chegou a comer brócolis! A atriz, que tem horror a
qualquer coisa verde, fez esse sacrifício porque sabe que a personagem adora.
Não estou dizendo que já escolheu essa profissão [...]. Mas entendi, junto com ela, o barato
desse ofício [...].
Não sei qual é o momento da vida em que a gente decide que tem que ser uma pessoa só.
[...]
DUVIVIER, Gregório. Os 101 dálmatas que habitam a mesma criança. In: Folha de São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/2KHF3Lh. Acesso em: 21 dez. 2020. Fragmento.
32.No penúltimo parágrafo desse texto, no trecho “... o barato desse ofício...”, o termo destacado
significa
A) acessível.
B) comum.
C) difícil.
D) descuido.
E) prazer.
Texto 1
Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Texto 2
Antes que cases
Era um dia um rapaz de vinte e cinco anos, bonito [...], não rico, mas vantajosamente
empregado. Não tinha ambições, ou antes tinha uma ambição só; era amar loucamente uma
mulher e casar sensatamente com ela. Até então não se apaixonara por nenhuma. Estreara
algumas afeições que não passaram de namoricos modestos e prosaicos. [...]
A viveza da imaginação e a leitura de certos livros lhe desenvolveram o germe que a natureza
lhe pusera no coração. Alfredo Tavares (é o nome do rapaz) povoara o seu espírito de Julietas e
Virgínias, e aspirava noite e dia viver um romance como só ele o podia imaginar. Em amor a prosa
da vida metia-lhe nojo, e ninguém dirá certamente que ela seja uma coisa inteiramente agradável;
mas a poesia é rara e passageira – a poesia como a queria Alfredo Tavares, e não viver a prosa, na
esperança de uma poesia incerta, era arriscar-se a não viver absolutamente. [...]
Alfredo não exigia especialmente um sangue real [...]. O que ele pedia era o poético [...], com
quem iria suspirar uma vida mais do céu que da terra, à beira de um lago ou entre duas colinas
eternamente verdes. A vida para ele devia ser a cristalização de um sonho. Essa era nem mais nem
menos a sua ambição e o seu desespero. Alfredo Tavares adorava as mulheres bonitas. Um leitor
menos sagaz achará nisto uma vulgaridade. Não é; admirá-las, amá-las, que é a regra comum;
Alfredo adorava-as literalmente. Não caía de joelhos porque a razão lhe dizia que seria ridículo;
mas se o corpo ficava de pé, o coração ajoelhava. Elas passavam e ele ficava mais triste que dantes,
até que a imaginação o levasse outra vez nas asas [...].
Mas se a sua ambição era amar uma mulher, por que razão não amara uma de tantas que
adorava assim de passagem? Leitor, nenhuma delas lhe tocara o verdadeiro ponto do coração. [...]
Não seria porém difícil que uma das que ele simplesmente admirava, lograsse dominar-lhe o
coração; bastava-lhe um quebrar de olhos, um sorriso, um gesto qualquer. A imaginação dele faria
o resto. [...]
ASSIS, Machado de. Antes que cases. In: Domínio Público. Disponível em: https://bit.ly/3uJuw6x. Acesso em: 13 jul. 2022. Fragmento.
Seara Vermelha
Os colonos [...] da fazenda estavam espalhados pelas estradas da caatinga. Iam todos no
rumo do sul, em busca do país de São Paulo. Muitos outros haviam ido antes, os contratantes de
trabalhadores apareciam pelas fazendas, contavam histórias, diziam coisas de assombrar [...].
Cada trabalhador que chegava era fazendeiro em poucos anos [...].
Eram esses mesmos caminhos, essas trilhas abertas na caatinga, que Jerônimo e seu irmão
João Pedro trilhavam agora com suas famílias. Dinah, mulher de João Pedro, [...] contara as
pessoas e os bichos da [...] comitiva [...].
Ela, o marido e a filha, Gertrudes [...]. Puxara à mãe, era um touro no trabalho [...]. E a família
de Jerônimo. Ele, Jucundina, os dois filhos e os três netos [...]. Faziam onze mas Dinah contava
também Jeremias e Marisca.
Jeremias ia na frente, Jerônimo puxava do cabresto, às vezes entregava a Tonho. Ia carregado
com dois caçuás1, onde levavam quase tudo o que possuíam. O resto estava nas trouxas que
mulheres e homens conduziam [...]. Jeremias marchava no seu passo tardo, sem pressa [...].
Naquele primeiro dia eles fizeram cinco léguas compridas, que eram quantas os separavam
da fazenda Primavera. Chegaram com a noite quando Jeremias começava a empacar pelo
caminho. Noca ia atrás de todos, quase não se aguentava de cansada, a gata apertada contra o
peito.
*Vocabulário:
1
Caçuá: Cesto grande de cipó.
AMADO, Jorge. Seara Vermelha. São Paulo: Schwarcz, 2009. Fragmento.