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Modulo 1 – Química Orgânica

2. Grupos funcionais e características


das moléculas orgânicas
Função e grupos funcionais
Isomeria, isómeros de constituição, Isomeria
cis-trans. Carbono assimetrico. Estereoisomeria.
Polarização das ligações covalentes, cargas
parciais, momento dipolar das moléculas.
Interações intermoleculares: pontes de
hidrogénio, ligação dipolo-dipolo, forças de van
der Waals, ligações iónicas.
Influência nas propriedades físicas. Solubilidade.

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Função e grupos funcionais

Compostos do mesmo grupo funcional são


compostos orgânicos que têm elementos de estrutura
química semelhante que lhes confere comportamento
químico e propriedades também semelhantes.

Em compostos da mesma função são encontrados


arranjos iguais entre determinados elementos:

CH3-CHOH-CH3 CH3
|
CH3-CH-CH3 -OH
CH2OH-CH2-CH2-CH3 |
OH

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Função e grupos funcionais

Derivados
Halogenados

Alcoois

Éteres

Aminas

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Aldeídos

Cetonas

Ácidos
carboxilicos

Estéres

Amidas

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Função e grupos funcionais

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Isomeria, isómeros de constituição
Compostos diferentes com a mesma fórmula molecular
Isómeros de constituição diferem na forma como
os átomos se ligam entre si

C4H10

C4H10

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Isómeros de A
constituição:

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Isómeros de constituição:
-diferem na posição de elementos, grupos
substituintes, grupos funcionais

-diferem na posição de grupos substituintes:

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- diferem na posição de grupos funcionais:

CH3-CHOH-CH2-CH3 e CH2OH-CH2-CH2-CH3
-Reactividade química semelhante;
São alcoois: -Características físicas diferentes (por exemplo,
temperatura de fusão e de ebulição)

- diferem na posição da insaturação:


CH3-CH2-CH=CH2 e CH3-CH=CH-CH3

difere na posição
da insaturação e
dos substituintes
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Exemplo:
Formula molecular: C4H8O2

CH3-CH2-CH2-COOH ácido
HOH2C-CH=CH-CH2OH di-álcool
CH3-CHOH-CH2-CHO aldeído-álcool

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Isomeria cis-trans (geométrica):
-isomeria de especifica de alcenos e alguns ciclos

C
2-buteno
CH3CH=CHCH3

Dois grupos Dois grupos


CH3 no CH3 em lados
mesmo lado opostos

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Isomeria cis-trans
Força da ligação  = 3-6 kcal mol-1

Alcanos, ligação
C−C
covalente simples
(orbital molecular
sigma)

Força da ligação  = 63 kcal mol-1


Alcenos, ligação
C= C
covalente dupla
(orbital molecular
, orbital
molecular )
Há restrições à rotação
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Isomeria cis-trans
é gerada por restrição à rotação da ligação C=C que
origina isómeros quando há substituintes diferentes
nos atomos de C envolvidos na ligação

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No caso da dupla ligação os dois átomos de
carbono e os quatro átomos (ou grupos de
átomos) a eles diretamente ligados são
mantidos num mesmo plano pela dupla ligação

Se um dos carbonos da
dupla ligação tem 2
substituintes iguais não
há isomeria cis-trans

• CIS, os dois substituintes idênticos As formas CIS


estão “acima” da dupla ligação ou do e TRANS
mesmo lado do plano da dupla ligação. diferem nas
• TRANS, os dois substituintes idênticos propriedades
estão “em lados opostos” do plano da físicas e
dupla da ligação. químicas
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Que tipo de isómeros são:

1-buteno cis-2-buteno trans-2-buteno

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Exemplo de isomeros Cis e Trans:

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Exercicio: Identificar o tipo de isomeria
i) isomeria de constituição
ii) isomeria cis-trans

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Moléculas orgânicas no nosso dia-a-dia
Os ácidos gordos insaturados isomeria cis-trans
Nas gorduras naturais todas as ligações duplas são CIS

cis

cis

cis

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Estereoisomeria
(isomeria ótica)
Molécula quiral:
não se sobrepõe com
imagem no espelho

Moléculas quirais têm


um carbono assimétrico
Organic Chemistry Lesson: (C com 4 substituintes
Stereochemistry 1 http://www.youtube.com/watch?v diferentes)
=4-4K5OJv3ik
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Estereoisómeros
Compostos constituídos pelos mesmos tipos e
números de átomos, ligados entre si na mesma
sequência, mas com arranjos espaciais diferentes.

Se não existir
carbono assimétrico
são a mesma
molécula não há
estereoisomeria

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Identificar os carbonos assimétricos (centro
de quiralidade) das seguintes moléculas:

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Enantiómeros

Projecção
de Fisher
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Exemplos de enantiómeros

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Estereoisómeros são substâncias oticamente
ativas
-Apresentam diferente atividade ótica (capacidade de
desviar o plano da luz polarizada de forma carateristica)
-Desviam o plano da luz
polarizada num dado sentido
(direita ou esquerda) (+ ou -)

diferenciam-se pelo
desvio causado no
plano da luz luz não
polarizada que polarizada
incide numa
molécula
luz polarizada
(propagação da onda
apenas num plano)
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Enantiómeros D e L

Projecção
de Fisher

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Representação de Fisher
- Tem regras próprias

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Nos aminoácidos há estereoisomeria
- Os aminoácidos proteicos são isomeros L

Isomero L Isomero D

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I e II são enantiómeros

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Uma mesma molécula pode conter mais do que um
carbono assimétrico: o caso dos glúcidos

Glucidos
simples
são
isomeros D

A presença de ambos os enantiómeros


designa-se mistura racémica
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Uma mesma molécula pode conter mais
do que um carbono assimétrico

I e II são enantiómeros, Compare III e IV:


não são sobreponíveis São a mesma estrutura
ou são diferentes???
Compare a estrutura III com I e com II.
A estrutura III não tem relação objecto-imagem, nem com I nem
com II.
Dizemos que I e III (ou II e III) são diastereómeros.
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a) e b) são diastereómeros

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Estereoisómeria em ciclos:
Enantiómeros são estereoisómeros cujas moléculas são imagens
não sobreponíveis uma da outra

H Me Me H

Me H H Me

trans-1,2- trans-1,2-
Dimeticiclopentano (C7H14) Dimetilciclopentano (C7H14)

Diastereómeros são estereoisómeros cujas moléculas não são


imagem uma da outra num espelho

Me Me Me H

H H H Me
cis-1,2-Dimetilciclopentano trans-1,2-Dimetilciclopentano
(C7H14) (C7H14)

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Representação de dois isómeros do
ácido láctico

Representação
em perspetiva
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Moléculas orgânicas no nosso dia-a-dia

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Moléculas orgânicas no nosso dia-a-dia
- O caso dramatico da talidomida

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Moléculas orgânicas no nosso dia-a-dia

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Polarização das ligações covalentes
A polaridade de uma ligação covalente resulta da diferença de
eletronegatividade dos atomos que a formam
Escala de eletronegatividade de Pauling
Grupo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Período
H He
1
2,1
Li Be B C N O F Ne Éa
2
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 tendência de
3
Na Mg
0,9 1,2
Al Si P S Cl Ar
1,5 1,8 2,1 2,5 3,0
um átomo
K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
para atrair
4
0,8 1,0 1,3 1,5 1,6 1,6 1,5 1,8 1,9 1,8 1,9 1,6 1,6 1,8 2,0 2,4 3,0 os eletrões
5
Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe numa
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 1,9 2,2 2,2 2,2 1,9 1,7 1,7 1,8 1,9 2,1 2,5
ligação
Cs Ba Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
6 *
0,7 0,9 1,3 1,5 1,7 1,9 2,2 2,2 2,2 2,4 1,9 1,8 1,9 1,9 2,0 2,2
Fr Ra ** Rf Db Sg Bh Hs Mt Ds Rg Uub Uut Uuq Uup Uuh Uus Uuo
7
0,7 0,9

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Polarização das ligações covalentes
Ligação covalente apolar
-não constitui dipolo
elétrico
-forma-se entre átomos
com eletronegatividade
igual ou semelhante

Ligação covalente polar


Constitui um dipolo elétrico
Forma-se quando as
eletronegatividades dos elementos
ligados são bastante diferentes

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Polarização das ligações covalentes
a eletronegatividades dos
As ligações C-C e C-H
átomos ligados é semelhante,
não têm polarização não origina dipolos eléctricos
a eletronegatividades dos átomos
As ligações C-O e C-N
ligados é diferente, a ligação
têm polarização covalente origina dipolos eléctricos

A ligação covalente
polar origina um
dipolo elétrico

na ligação covalente polar + carga parcial positiva


surgem pólos distintos (elemento menos eletronegativo)
(representados pela letra )
- carga parcial negativa
(elemento mais eletronegativo)
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A ligação covalente polar ocorre:
- entre elementos de eletronegatividade diferente
- o mais eletronegativo apresenta maior capacidade de atrair o
par de eletrões
- cria-se nesse extremo uma maior densidade eletrónica

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Momento Magnitude do caráter polar da
dipolar ligação covalente

Momento dipolar = carga x distância


=ed

- Origina cargas parciais (), 0<||<1


- Origina a formação de dipolos
permanentes (na maior parte das
moléculas orgânicas)

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Tipo de ligação em função da diferença de
eletronegatividade entre os átomos

IÓNICA
Maior que 2

COVALENTE
(apolar – eletronegatividade
semelhante)

COVALENTE
(polarizada – diferente
eletronegatividade)

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Polarização das moléculas

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Polarização e momento dipolar das moléculas

A contribuição das ligações C-H é


desprezável, sendo o momento dipolar
praticamente devido à ligação C-Cl

μ=0

Os vetores dos momentos dipolares de


cada ligação podem anular-se, resultando
uma molécula sem momento dipolar μ = 1,87 D

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Explique porque é que a molécula CCl2 = CCl2
não apresenta momento dipolar

A soma dos vetores é zero pois anulam-se dois


a dois, tal como se pode observar na
representação:

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O MOMENTO
Molécula Geometria Momento
DIPOLAR das
dipolar
moléculas HF Linear 1,92
determina HCl Linear 1,08
propriedades HBr Linear 0,78
especificas HI Linear 0,38
H2O Angular 1,87
REATIVIDADE H2S Angular 1,10
ESTADO FÍSICO NH3 Piramidal 1,46
SOLUBILIDADE SO2 Angular 1,60

MOMENTO DIPOLAR DE ALGUMAS MOLECULAS ORGÂNICAS


Molécula  (D) Molécula  (D)
CH4 0 CHCl3 1,02
CH3 1,87 CCl4 0
CH2Cl2 1,55 NH3 1,47
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O caso da água:

Comparar
propriedades
físico-químicas
da água e outros
compostos:

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Solubilidade é determinada por interaçoes
intermoleculares

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As propriedades físicas dependem do tipo e
intensidade das forças intermoleculares
-Interações iónicas
-Interações dipolo-dipolo
-Pontes de hidrogénio
-Forças de van der Waals
Interações dipolo-dipolo
Ex: cetonas e aldeídos (grupo carbonilo é dipolo permanente)

C=O

**-17: Dipole Forces: https://www.youtube.com/watch?v=cERb1d6J4-


M&list=PLllVwaZQkS2op2kDuFifhStNsS49LAxkZ&index=17
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Forças de van der Waals (ou forças de
London)
Dipolos temporários
em moléculas não
polares causam
distribuição não (dipolos instantâneos-dipolos induzidos)
uniforme dos eletrões
num dado instante)
Ex: alcanos

dipolos temporários
geram forças atrativas
entre moléculas
(forças fracas)
**-16: London Dispersion Forces:
https://www.youtube.com/watch?v=1iYKajMsYPY&list=PLllVwaZQkS
2op2kDuFifhStNsS49LAxkZ&index=16
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Pontes de hidrogénio:
H ligado a um elemento fortemente eletronegativo

Ex: Comparação entre propriedades físicas


de 2 isómeros C2H6O:
etanol (Pebulição=78,5ºC) CH3CH2OH
éter dimetílico (Pebulição=-24,9ºC) CH3OCH3
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Pontes de hidrogénio:

Entre
moléculas
de ácido

Entre um
ácido e a
água

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Interações iónicas:
Forças de atração entre compostos com cargas
positivas (+) e negativas (-)

Ex:
solubilidade do
acetato de sódio

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Solubilidade de um sal iónico em água:
Solvatação do NaCl

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Ponte de
Interações iónicas Dipolo induzido
hidrogénio

Dipolo induzido Dipolo induzido Dipolo induzido

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Solubilidade de ácidos e álcoois em água
- H ligado a um elemento eletronegativo pode formar
pontes de hidrogénio

Solubilidade do etanol em água


CH3CH2OH

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É solúvel em água?

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**-16: London Dispersion Forces:
https://www.youtube.com/watch?v=1iYKajMsYPY&list=PLllVwaZQkS2op2kDuFifhStNsS
49LAxkZ&index=16
**-17: Dipole Forces: https://www.youtube.com/watch?v=cERb1d6J4-
M&list=PLllVwaZQkS2op2kDuFifhStNsS49LAxkZ&index=17
**-18: Intermolecular Forces: https://www.youtube.com/watch?v=-
QqTwJzi7Wo&index=18&list=PLllVwaZQkS2op2kDuFifhStNsS49LAxkZ
**-19: Covalent Bonding:
https://www.youtube.com/watch?v=Mo4Vfqt5v2A&index=19&list=PLllVwaZQkS2op2k
DuFifhStNsS49LAxkZ
**-20: Ionic Bonding:
https://www.youtube.com/watch?v=hiyTfhjeF_U&list=PLllVwaZQkS2op2kDuFifhStNsS
49LAxkZ&index=20

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