Você está na página 1de 28

TREINAMENTO

DE
PROFESSORES
Witness Lee

TREINAMENTO DE
PROFESSORES

CONTEÚDO

1. A Compreensão Adequada do Ensinamento

2. Receber a Palavra como o Espírito Vivo e Chegar ao Pleno Conhecimento da


Verdade

3. Aprender a Ensinar a Economia de Deus de Maneira Experiencial

4. Conhecer a Estrutura da Verdade, Ser Saturado com a Verdade, e Transformar


a Doutrina em Experiência

Este livro é composto de mensagens dadas pelo Irmão Witness Lee em


Anaheim, Califórnia no dia 23 e 25 de junho de 1984.

2
TREINAMENTO DE
PROFESSORES
CAPÍTULO UM
A COMPREENSÃO ADEQUADA DO ENSINAMENTO

Leitura bíblica: 2Tm 3:16-17; Jo 6:63; Ef 6:17

Nesta série de mensagens nós abordaremos algumas questões importantes


relacionadas a treinar os professores para servir os jovens na Escola da Verdade
de Verão. O que consideraremos aqui não só será útil àqueles que ensinam em
nossa escola de verão, mas a todos aqueles que falam pelo Senhor.

Precisamos ter a compreensão adequada das palavras do professor, do


ensinamento e da escola. Com respeito a essas palavras todos nós podemos ter
nosso “vocabulário” próprio. Vamos pôr fim aos diferentes vocabulários e ir às
Escrituras como o único vocabulário. A palavra ensino é encontrada em 2
Timóteo 3:16, onde temos dito que “toda Escritura é soprada por Deus e útil para
o ensino.” A única vez que a palavra ensino é usada no Novo Testamento está em
Atos 19:9. Esse versículo nos fala que quando “alguns foram endurecidos e não
se deixaram persuadir, falando mal do Caminho diante da multidão”, Paulo
“afastou-se deles e separou os discípulos, arrazoando diariamente na escola de
Tirano”. Tirano pode ter sido um professor, e Paulo pode ter alugado sua escola e
tê-la usado como um local de reunião para pregar e ensinar a palavra do Senhor
aos judeus e gentios durante dois anos (v. 10). Paulo referiu-se a algum tipo de
escola quando nos disse que ele foi “treinado aos pés de Gamaliel” (22:3), um
mestre da lei (5:34).

AS ESCRITURAS NOS ENSINAM O PRÓPRIO DEUS

A razão pela qual precisamos pôr de lado nosso vocabulário pessoal e


estudar as palavras das Escrituras é que as Escrituras nos ensinam as coisas de
Deus e as coisas concernentes a Deus. Podemos até mesmo dizer que as Escri-
turas nos ensinam o próprio Deus. “Quando alguns ouvem isso eles podem
perguntar, “Nós podemos ensinar Deus? Como Deus pode ser ensinado?” Os
seminários de hoje não ensinam Deus; eles somente ensinam sobre Deus. As
3
Escrituras, pelo contrário, nos ensinam Deus e também nos ensinam as coisas de
Deus. Há uma grande diferença entre ensinar sobre Deus e ensinar Deus.

AS ESCRITURAS SÃO O SOPRO DE DEUS

Porém, muitos cristãos não percebem o significado dessa diferença.


Quando leem a Bíblia, eles a leem da mesma maneira que leem um livro secular.
Isto é absolutamente errado. A Bíblia, especialmente o Novo Testamento, não nos
ensina a ler as Escrituras de maneira comum, secular. Antes, Efésios 6:17 e 18
nos diz que recebemos a palavra de Deus por meio de toda oração e súplica. A
razão pela qual precisamos receber a palavra de Deus por meio de oração é que,
de acordo com 2 Timóteo 3:16, as Escrituras são sopradas por Deus. Isso indica
que as Escrituras são sopradas de Deus. Deus soprou-Se nas Escrituras, e assim
nossa leitura das Escrituras deve ser nossa recepção do sopro de Deus. Quando
Deus sopra-Se, Ele exala a Si mesmo. Quando lemos as Escrituras, ou quando
recebemos as Escrituras, nós inalamos Deus. Ler a Bíblia, portanto, envolve
tanto o exalar de Deus quanto o nosso inalar. Isto é completamente diferente de
ler um livro de maneira secular. Infelizmente, muitos crentes leem a Bíblia da
mesma maneira como se estivessem lendo um livro escolar ou um jornal. Este é
um erro sério, e nós temos que evitar isso quando estamos cuidando dos jovens
na Escola da Verdade de Verão.

Nós não devemos administrar a Escola da Verdade de Verão de maneira


secular. De fato, não gosto da palavra escola. Usar essa palavra pode levar outros
a pensarem que pretendemos ensinar de maneira comum, de maneira secular.
Alguns podem ter o conceito de que até mesmo aqueles que cuidam da Escola da
Verdade de Verão devem ser professores escolares por profissão. Esse conceito é
errado. Ser um professor escolar não qualifica ninguém a servir em nossa escola
de verão. Não pense que por ter sido um professor escolar por muitos anos
qualifica alguém a ensinar em nossa escola de verão. Aqueles que servem na
Escola da Verdade de Verão não devem servir de acordo com sua habilidade
natural ou treinamento profissional. Nossa escola de verão não trata de qualquer
assunto secular, como matemática, história, geografia e ciência. Em vez disso,
nossa escola de verão é para o manuseio da verdade divina, isto é, a realidade do
Deus Triúno. O que pretendemos ensinar aos nossos jovens é a realidade do
Deus Triúno. Com respeito a isso, nossa habilidade natural de ensinar não é util.

A NATUREZA DA ESCOLA DA VERDADE DE VERÃO

Meu encargo nesta mensagem é mostrar qual é a natureza da Escola da


Verdade de Verão é. Uma vez que temos uma compreensão clara da natureza de
nossa escola de verão, saberemos o que fazer e como fazê-la.

Não Ensinar Teologia, mas Ministrar o Deus Triúno


como Alimento Espiritual

4
A natureza da Escola da Verdade de Verão na verdade não é uma questão
de ensinar, mas de ministrar ou servir. O propósito de nossa escola de verão é
ministrar algo aos jovens. Podemos usar um restaurante como ilustração. Um
restaurante não é para ensinar sobre comida, mas para servir comida. Aqueles
que servem num restaurante não dão meramente um cardápio às pessoas e então
as ensinam sobre comida. Antes, aqueles que servem suprem os outros com
diferentes pratos de comida para comer. O princípio deve ser o mesmo com o que
chamamos de a Escola da Verdade de Verão. De certo modo, nossa escola de
verão é um tipo de escola, mas de fato deve ser um “restaurante.” Nossa intenção
não é dar aos jovens um “cardápio” e então ensiná-los sobre Deus. Nossa
intenção é servir, ministrar, Deus como diferentes “pratos” para comer. Assim, a
natureza da Escola da Verdade de Verão é uma questão de ministrar, de servir, o
Deus Triúno para os jovens.

A situação dos seminários de hoje é muito diferente disso. Os instrutores


seminaristas prestam pouca atenção, se alguma, para ministrar alimento espiri-
tual aos alunos. Em vez de ministrar Deus, esses instrutores ensinam principal-
mente teologia, o mero conhecimento sobre Deus. Eles não ministram o próprio
Deus aos alunos. Não queremos que nossa escola de verão se assemelhe a uma
escola teológica ou seminário. Nossa escola deve ser na verdade um “restaurante”
que serve o Deus Triúno aos jovens santos.

Conduzir os Jovens ao Deus Triúno por meio de


Livros de Exercícios, os Quais São Baseados na Bíblia

Na Escola da Verdade de Verão nosso livro didático é a Bíblia, e todos os


nossos livros de exercícios são baseados na Bíblia. Nossa meta não é conduzir os
jovens aos livros de exercícios, mas conduzi-los ao Deus Triúno por meio dos
livros de exercícios. Nossos livros de exercícios devem ser um canal pelo qual os
jovens são conduzidos ao Deus Triúno. Se você perceber isso, então também
perceberá que não é suficiente meramente ensinar sua classe com o livro de
exercícios como se estivesse ensinando numa escola secular. Todos em sua classe
devem ganhar o Deus Triúno. Não conduza os jovens aos livros de exercícios —
leve-os ao Deus Triúno por meio do livro de exercícios. Os livros de exercícios são
um canal para aqueles a quem você está servindo para serem conduzidos a Deus
e para ganhar Deus. Isso significa que seu objetivo não é ensinar o livro de
exercícios, mas conduzir os jovens a Deus pelo canal dos livros de exercícios.
Essa é a natureza da Escola da Verdade de Verão.

Por meio do seu ensinamento, seu servir, na Escola da Verdade de Verão,


todos em sua classe deverão ser conduzidos a Deus. Você precisa orar e se
empenhar a respeito disso. Você precisa laborar para conduzir cada jovem em
sua classe para o Deus Triúno, de forma que até que você termine todas as lições,
os alunos em sua classe terão ganhado o Deus Triúno e terão sido enchidos com
Deus, não com mero conhecimento sobre Deus na letra.

5
A SINGULARIDADE DA BÍBLIA

Vimos que nosso livro didático é a Bíblia. Agora precisamos considerar


ainda mais o que é a Bíblia. Aparentemente a Bíblia é igual a qualquer outro livro
— uma composição de palavras. Considerando que todos os livros seculares são
iguais em natureza, a Bíblia é diferente de outros livros. A Bíblia é inigualável.

O Sopro Santo

Gostaria de mostrar novamente que 2 Timóteo 3:16 diz, “Toda a Escritura é


soprada por Deus.” As Escrituras são a respiração de Deus, ou o fôlego de Deus,
Deus está soprando de Si mesmo. As Escrituras, portanto, é o sopro de Deus, e o
sopro de Deus é o Espírito de Deus, pois Deus é Espírito (Jo 4:24). A palavra
grega para Espírito é pneuma que também é a palavra para fôlego. Assim, nós
podemos dizer que o Espírito Santo é o sopro santo (cf. Jo 20:22). Deus é
Espírito, e o Espírito é o sopro santo. Dizer que toda a Escritura é soprada por
Deus é dizer que a Bíblia é o sopro, a respiração, do próprio Deus que é Espírito.
Deus soprou-Se, e esse sopro de Deus é a Bíblia. Isto é o que 2 Timóteo 3:16 está
dizendo quando nos fala que as Escrituras são sopradas por Deus.

Espírito e Vida

Em João 6:63 o Senhor Jesus disse, “O Espírito é o que dá vida…as


palavras que Eu vos tenho dito são espírito e são vida.” A palavra que procede da
boca do Senhor Jesus é espírito, pneuma. Suas palavras são a corporificação do
Espírito que dá vida. Isso indica que a palavra que sai da boca do Senhor é a Sua
respiração, a respiração que procede Dele. Essa é uma indicação adicional de que
as palavras das Escrituras são sopradas por Deus.

A Espada do Espírito

Em Efésios 6:17 Paulo nos encarrega de tomar “a espada do Espírito, o


qual Espírito é a palavra de Deus.” O antecedente do qual é o Espírito, não a
espada, indica que o Espírito é a palavra de Deus. Quando lemos a Bíblia,
devemos tocar a palavra de Deus como o Espírito. Junto com 2 Timóteo 3:16 e
João 6:63, esse versículo revela que a Bíblia é o sopro de Deus. Considerando que
Deus é Espírito, o que Ele sopra também deve ser Espírito. Assim, as palavras da
Bíblia são o sopro do próprio Deus como o Espírito.

ÚTIL PARA ENSINAR, REPREENDER,


CORRIGIR E EDUCAR NA JUSTIÇA

Segunda Timóteo 3:16 não só diz que as Escrituras são o sopro de Deus,
mas também que as Escrituras é “útil para o ensino, para repreensão, para

6
correção, para educação na justiça”. Do lado de Deus a Bíblia é o sopro de Deus.
Do nosso lado a Bíblia é para recebermos beneficio em quatro questões — ensino,
convicção ou repreensão, correção e educação. A ordem aqui é significativa. Por
que o ensino e não instrução vem primeiro? Por que correção vem antes de
educação e repreensão antes de correção? E por que ensino vem primeiro? A
ordem é primeiro ensino e então repreensão, correção e educação.

Ensinamento — O Descortinar do Véu

O que é ensino? Como você entende da palavra ensino? Precisamos conhe-


cer a denotação dessa palavra quando é usada por Paulo.

Se tivermos a experiência espiritual correta e adequada, perceberemos que


no versículo 16 ensino é igual à revelação. Ensino é na verdade nada menos que
uma revelação divina. Desde que ensino é igual à revelação, quando você estiver
ensinando os jovens em sua classe na Escola da Verdade de Verão, você deve
apresentar a eles uma revelação.

Uma revelação é a abertura de um véu. Enquanto está ensinando os jovens,


você deve estar tirando um véu de forma que eles possam ver algo do Deus
Triúno. Determinado assunto pode estar escondido da visão, mas por meio do
seu ensinamento você deve abrir o véu gradualmente. Isso é ensino.

Quando estiver servindo na Escola da Verdade de Verão, você não deve


permitir que o véu permaneça sobre os olhos dos jovens. Antes, enquanto eles
estão te ouvindo, o véu deve ser descortinado pouco a pouco. Ensinamento é
descortinar o véu. Vá para a escola de verão com a finalidade de descortinar o
véu.

Agora podemos ver que para a Bíblia ser útil para o ensino significa que ela
é útil para desvendar, para descortinar o véu. Um véu não pode ser retirado de
repente; não pode ser descortinado todo de uma vez. Pelo contrário, o véu é
descortinado um pouco de cada vez. Repetidas vezes e em sessão após sessão,
você precisa descortinar o véu gradativamente. Se você fizer isso, sua maneira de
ensinar será um descortinamento. Esse tipo de ensinamento sempre apresenta
uma revelação aos outros. Aqueles que estão debaixo de tal ensinamento poderão
ver algo concernente ao Deus Triúno.

Essa compreensão do ensinamento aplica não só àqueles que ensinam na


Escola da Verdade de Verão, mas a todos aqueles que falam pelo Senhor. Quando
você falar algo na reunião da igreja, seu falar deve ser o descortinamento do véu.
Isso significa que seu falar deve apresentar uma revelação.

Repreensão Vem da Revelação que Recebemos

É significativo que no versículo 16, ensino é seguido por condenação ou


repreensão. A razão para isso é que ninguém pode ver algo de Deus sem ser

7
reprovado pelo que ele vê. Aqueles que estão debaixo de seu ensinamento verão
algo, e o que eles virem os condenarão, os reprovarão.

Sempre que virmos algo de Deus, percebemos nossos erros, males, faltas e
nossos pecados. O resultado é que somos reprovados; somos repreendidos. Essa
reprovação vem da revelação que recebemos. Porém, frequentemente em nossa
leitura das Escrituras, lemos sem receber qualquer revelação, e assim não há
nenhuma reprovação. Mas quando em nossa leitura das Escrituras recebermos
uma revelação, a revelação nos reprovará e nos repreenderá.

Correção

Repreensão é seguida pela correção. Ensino ou revelação, traz repreensão a


nós, e repreensão produz correção. Correção é uma questão de corrigir o que está
errado para o que é correto, trazer de volta alguém para o caminho correto, e
restaurar a um estado correto.

Educação na Justiça

Após termos sido corrigidos, receberemos educação — educação na justiça.


Considerando que Paulo aqui não usa qualquer modificador para ensino, repre-
ensão e correção, ele usa um modificador para educação e fala da educação na
justiça. Justiça é uma questão de ser correto. Consequentemente, a educação
aqui é para sermos corretos.

A razão pela qual somos repreendidos e reprovados é que estamos errados


em muitos aspectos e diferentes maneiras. Podemos estar errados com Deus, com
Cristo, e com o Espírito. Podemos estar errados com a igreja, com os irmãos e
irmãs, com nosso marido ou esposa, com nossos pais, com nossos filhos, com
nossos vizinhos, e até mesmo conosco mesmos. Nós podemos estar errados do
modo como gastamos nosso dinheiro, do modo como passamos nosso tempo, do
modo como nos vestimos, ou do modo como cortamos nosso cabelo. Porque
podemos estar errados em tantas coisas diferentes, nós somos reprovados pela
revelação que recebemos quando lemos as Escrituras.

Por causa de nossa experiência sabemos que frequentemente somos repro-


vados imediatamente após recebermos uma revelação. Posso testificar que repe-
tidas vezes fui reprovado por uma revelação que veio da leitura da Bíblia ou de
um ensinamento. Você não teve tal experiência? Porque somos pecadores e
injustos, precisamos da repreensão que vem por meio do ensinamento.

Podemos memorizar os versículos da Bíblia e recitá-los sem experimentar


qualquer repreensão. Mas quando recebermos uma revelação da Palavra, essa
revelação expõe nossa pecaminosidade e nos reprova. Não somos reprovados pelo

8
homem nem somos reprovados diretamente por Deus — somos reprovados pelo
ensinamento da Palavra. Quando somos reprovados dessa maneira, somos
corrigidos espontaneamente, e quando somos corrigidos nós temos a educação na
justiça. O resultado é que somos ajustados.

Nós podemos ser ajustados numa questão particular e nos tornarmos


corretos nessa questão. Porém, podemos não ser corretos nessa questão de uma
vez por todas. Por exemplo, suponha que um irmão esteja errado com sua
esposa. Sob a revelação da Palavra, ele é reprovado e ajustado. Ele se arrepende e
então se desculpa com sua esposa, e como resultado ele agora está correto com
ela. Mas alguns dias depois ele pode estar novamente errado com ela, e uma vez
mais ele precisará ser repreendido, corrigido e ajustado.

O HOMEM DE DEUS SE TORNA COMPLETO

No versículo 17 Paulo continua a dizer, “A fim de que o homem de Deus


seja completo, plenamente equipado para toda boa obra”. Um homem de Deus é
um homem-Deus, alguém que participa da vida e natureza de Deus (Jo 1:13; 2Pe
1:4), sendo um com Deus em sua vida e natureza (1Co 6:17) e por meio disso
expressando-O. Tal homem-Deus, tal homem de Deus, é produzido pelo sopro
Deus de Si mesmo. O sopro de Deus produz os homens-Deus.

Não um Homem Bom, mas um homem-Deus

Você pode ser um homem bom, mas não um homem-Deus. Isso significa
que com você há um o extra [Goød vs God]. Você deveria ter apenas um o, mas
em vez de um você tem dois. Quanto mais você recebe ensinamento, revelação,
mais esse o extra será cortado. Entretanto, é difícil libertar-se de uma vez por
todas do segundo o, pois isso é como a barba de um homem que aparece
novamente após ele ter-se barbeado ou como a grama que cresce novamente após
o gramado ter sido aparado. Por experiência sabemos que o segundo o sempre
volta. Talvez com você esse o extra só estivesse parcialmente cortado, e a parte
que foi raspada aguarda para voltar novamente. Se essa for a nossa situação,
então somos um homem de Deus — um homem-Deus — com um o extra. Nós
precisamos do ensinamento das Escrituras para raspar fora esse o muitas e
muitas vezes.

O Resultado do Ensino, Repreensão, Correção e Educação na Justiça

A palavra a fim de que no começo de 2 Timóteo 3:17 indica que esse


versículo é um resultado do versículo anterior. O resultado do ensino, repre-
ensão, correção e educação na justiça é que o homem de Deus seja completo.

Na Escola da Verdade de Verão você deve apresentar um ensinamento que


é uma revelação, o descortinamento do véu. Então os jovens em sua classe verão
algo de Deus, e o que eles virem os reprovará, os corrigirá, e proporcionará a eles
educação adequada na justiça para torná-los corretos tanto com Deus quanto

9
com o homem. O resultado, o desfecho, será que o homem de Deus se tornará
completo e equipado para toda boa obra.

O propósito da Escola da Verdade de Verão não é dar conhecimento mental


aos jovens. O objetivo de nossa escola de verão é apresentar ensinamento após
ensinamento, revelação após revelação, de forma que os jovens possam ver Deus,
possam se ver, e possam ser repreendidos, corrigidos e educados para serem
corretos com Deus e o homem para que o homem de Deus possa ser completo,
completamente equipado para toda boa obra. Tal pessoa será um verdadeiro
homem de Deus, um verdadeiro homem-Deus, inalando continuamente o Deus
Triúno e assim receber revelação, repreensão, correção e educação na justiça.

TREINAMENTO DE
PROFESSORES
CAPÍTULO DOIS

RECEBER A PALAVRA COMO O ESPÍRITO VIVO


E CHEGAR AO PLENO CONHECIMENTO DA VERDADE
Leitura bíblica: 2Tm 3:16-17; Jo 6:63; Mt 4:4; Ef 6:17-18; 1Tm 2:4

Temos visto que em natureza, as Escrituras, a Palavra sagrada, é o sopro


de Deus. A função das Escrituras e desvendar, descortinar o véu. O ensinamento
adequado sempre é um tipo de desvendar. Depois do desvendar, temos repre-
ensão, correção e educação na justiça “a fim de que o homem de Deus seja
completo, plenamente equipado para toda boa obra” (2Tm 3:17).

AS PALAVRAS DO SENHOR SÃO ESPÍRITO E VIDA

Vamos continuar a considerar um outro versículo importante relacionado à


natureza da Bíblia — João 6:63. Aqui o Senhor Jesus diz, “O Espírito é o que dá
vida…as palavras que Eu vos tenho dito são espírito e são vida.” Isso indica que
as palavras do Senhor são a corporificação do Espírito de vida. Quando recebe-
mos Suas palavras exercitando nosso espírito, nós obtemos o Espírito, que dá
vida.

Quando lemos a Bíblia, nós devemos receber vida; e quando ensinamos os


outros a respeito do Bíblia, eles devem receber vida. Se nós não recebemos vida
quando lemos a Bíblia, algo está errado. Em nossa leitura da Bíblia, pode não
pode haver espírito; e também em nosso ensinamento da Bíblia aos outros, pode
não haver espírito. Não haver espírito significa que não há vida. Podemos ler uma
porção da Bíblia, vários versículos ou alguns capítulos, sem receber o suprimento
de vida. A razão para essa falta de suprimento é que em nossa leitura da Palavra
10
não há espírito. Se nós não sentimos o Espírito quando estamos lendo a Bíblia,
devemos perceber que algo está errado, e então devemos nos ajustar.

No mesmo princípio, quando estamos ensinando os jovens na Escola da


Verdade de Verão, precisamos conferir se há algum espírito em nosso
ensinamento. Se não houver espírito, devemos mudar nossa maneira de ensinar.
Ensinar uma classe na Escola da Verdade de Verão não deve ser igual a ensinar
uma classe numa escola secular. Em uma escola secular não há necessidade de
espírito, mas em nossa escola de verão há a necessidade de muito espírito.

INALAR E EXALAR DEUS

Por experiência nós sabemos que para que haja muito espírito em nossa
leitura e ensino da Bíblia, precisamos de muita oração. Devemos ser uma pessoa
de oração. Em outras palavras, devemos ser uma pessoa que está continuamente
respirando o Senhor, uma pessoa que está sempre inalando Deus. Nossa leitura
da Bíblia deve ser um tipo de inalar, e nosso ensino da Bíblia deve ser um tipo de
exalar. Quando você estiver ensinando uma classe na Escola da Verdade de
Verão, você deve estar exalando Deus para seus alunos.

A Bíblia é o sopro de Deus; esse sopro é o Espírito; e o Espírito dá vida.


Quando você respira o Espírito, você recebe não somente o desvendar, repre-
ensão, correção e ensino — você recebe vida. Sempre que você toca o Espírito
quando está lendo a Bíblia, você recebe vida. Do mesmo modo, quando você está
ensinando na Escola da Verdade de Verão, você precisa tocar o Espírito. Você
deve ter a percepção de que não só está tocando o Espírito, mas também o
espírito de seus alunos. Você deve ter a percepção de que está exalando Deus e
que eles estão inalando Deus. Isto significa que há uma comunicação entre o seu
exalar e o inalar deles. Isto indica que seu modo de ensinar é correto, pois você
está exercitando ministrar vida aos jovens.

Ao ensinar a Bíblia a outros, você deve ser muito rígido com você,
ajustando-se muitas e muitas vezes. Durante um período de aula você pode
precisar ajustar-se várias vezes. Se você fracassar nas primeiras vezes que
ensinar, você deve voltar-se ao Senhor com muita oração. Ore ao Senhor,
inspirando Deus para dentro de você. Então, tendo se tornado uma pessoa de
oração, uma pessoa que inala Deus, volte-se para sua classe e exale o que você
recebeu de Deus.

NUTRIR OS OUTROS COM A PALAVRA


QUE PROCEDE DA BOCA DE DEUS

Em Mateus 4:4 o Senhor Jesus disse, “Não só de pão viverá o homem, mas
de toda de palavra que procede da boca de Deus.” Aqui vemos que a palavra que
procede da boca de Deus é nossa verdadeira comida. Isto indica que a Bíblia não
é apenas para dar vida, mas também para nutrir. Quando ensinar a Bíblia a
outros, você deve nutri-los. Espero que todos os jovens em sua classe tenham a
11
percepção de que eles não estão apenas sendo ensinados, mas também sendo
nutridos. Se eles serão nutridos ou não pelo seu ensino dependerá de você.

Os instrutores nos seminários de hoje podem alegar que estão ensinando a


Bíblia aos seus alunos. Contudo, muitos dos seminaristas estão morrendo de
fome. Eles não recebem nenhum nutrimento, porque seus instrutores ensinam a
Bíblia de modo errado. Eles ensinam a Bíblia da mesma maneira que os
instrutores nas escolas seculares ensinam questões como geografia, história,
ciência e matemática. Assim, não há nenhum nutrimento. Nossa maneira de
ensinar deve ser diferente. Quando ensinamos as Escrituras aos jovens na Escola
da Verdade de Verão, nós temos que nutrir os alunos com o suprimento de vida,
com palavras que procedem da boca de Deus.

Todos nós precisamos ser pessoas vivas, aqueles que são canais vivos com
as palavras de Deus que procede de nós. A palavra de Deus procede da boca de
Deus, e nós devemos também deixá-la proceder de nós como um canal. Pode
acontecer de nas reuniões determinado irmão ler a Bíblia ou ensinar usando a
Bíblia e nós não recebermos nutrimento, mas pode ser que outro irmão faça a
mesma coisa e seremos nutridos. A razão para essa diferença é que o primeiro
irmão leu ou falou sem qualquer espírito, mas o segundo irmão leu ou falou com
muito espírito. O princípio é o mesmo ao ensinar sua classe na Escola da
Verdade de Verão. Seu ensino deve ser no espírito e deve ser com espírito.
Quando estiver ensinando, você precisa ser um canal vivo por meio do qual a
palavra de Deus proceda. Se você for tal canal vivo, então os alunos em sua
classe receberão alimento espiritual para a nutrição deles.

A ESPADA DO ESPÍRITO MATA O INIMIGO

Vamos voltar agora para Efésios 6:17. Aqui Paulo nos incumbe de receber
“a espada do Espírito o qual Espírito é a palavra de Deus.” Quando eu era um
jovem cristão, não entendia como a palavra de Deus poderia ser uma espada.
Entendia o que significava ser iluminado pela Bíblia, por meio da leitura da Bíblia
eu era iluminado. Até certo ponto, através da Bíblia eu também era repreendido,
era corrigido, e era ensinado para ser correto com Deus e o homem. Mas não
sabia como a Bíblia poderia se tornar uma espada, uma arma ofensiva para lidar
com o inimigo. Para entender isso requer experiência espiritual.

É comum para os cristãos serem iluminados, repreendidos, corrigidos e


ensinados pela Bíblia, mas não muitos experienciam a palavra da Bíblia como
uma espada que mata o inimigo. A razão para essa falta de experiência é que nós
podemos receber a palavra da Bíblia para ensino, repreensão, correção, e
instrução sem tocar o Espírito. Até mesmo os incrédulos podem ser iluminados
pelo que eles leem nas Escrituras. Eles também podem ser repreendidos, podem
ser corrigidos, e podem ser ensinados pelo que a Bíblia diz a respeito de honra,
amor, humildade e honestidade. Porém, em sua leitura das Escrituras não há
nada de Espírito. Entretanto, se quisermos tomar a palavra da Bíblia como uma

12
espada para lutar com o inimigo, devemos tocar a Bíblia de uma maneira cheia
do Espírito.

A Palavra de Deus É a Espada Indiretamente

De acordo com a palavra de Paulo em Efésios 6:17, a palavra de Deus não é


a espada diretamente, mas indiretamente. Paulo fala de “a espada do Espírito o
qual Espírito é a palavra de Deus.” Aqui nós temos a palavra indireta. A espada
não é a palavra diretamente. Antes, a espada é o Espírito diretamente, e então o
Espírito é a palavra. Isso indica que se quisermos lidar com o inimigo, Satanás, a
Bíblia tem que se tornar o Espírito. Sem o Espírito pode ser possível ensinarmos
a partir da Bíblia que os jovens devem honrar seus pais e devem pedir perdão
pelo que tem feito de errado. Mas se quisermos usar a palavra da Bíblia como
uma espada para matar o inimigo, em nossa experiência a palavra deve ser o
Espírito.

Compreender Efésios 6:17 Experiencialmente

Nesta conjuntura eu gostaria de pedir a você que considerasse como, de


maneira prática, a palavra da Bíblia pode se tornar a espada do Espírito para
lutar contra o inimigo. Você pode dar uma ilustração disso ou um testemunho a
respeito disso? Efésios 6:12 revela que nossos inimigos são os espíritos malignos,
“os dominadores deste mundo tenebroso”, “as forças espirituais do mal nas
regiões celestiais”. Você pode testemunhar de sua experiência como tem matado
esses inimigos tomando a palavra como a espada? Para dar tal testemunho,
precisamos entender Efésios 6:17 experiencialmente manejando a Bíblia à
maneira do Espírito e não meramente de maneira mental. Estou preocupado de
que na Escola da Verdade de Verão vocês ensinem os jovens meramente de
maneira mental, como se estivessem ensinando numa escola secular. Todos nós
temos que aprender a ensinar a Bíblia à maneira do Espírito.

Efésios, um livro sobre a igreja como o Corpo de Cristo, fala sobre a vida do
Corpo, a unidade do Corpo (4:4), e o Corpo que é a plenitude Daquele que a tudo
enche em todas as coisas (1:23). Precisamos perceber que coisas como nossa
opinião, idéias, temperamento, emoção, vida natural e pontos de vista são
frequentemente usados pelos poderes das trevas no ar para danificar a vida do
Corpo. Como irmãos e irmãs na igreja, todos nós temos nossas emoções, idéias,
opiniões e vida natural, e todos nós temos nossos próprios pontos de vista.
Frequentemente somos ofendidos, não devido aos males causados pelos outros,
mas simplesmente devido a nossa emoção ou opinião. Uma cadeira não pode ser
ofendida, porque não tem sentimentos. Não importa como você trata uma
cadeira, ela não ficará ofendida. Porém, é fácil para os irmãos e irmãs na igreja
serem ofendidos.

Devido às suas emoções, as irmãs são facilmente ofendidas. Suponha que


um irmão mais velho fale uma palavra com uma irmã em particular e ela fica
ofendida por causa da sua emoção. Então o poder maligno nos ares vem para
13
tirar proveito da sua emoção, e ela determina não esquecer que foi ofendida.
Aparentemente o problema é a sua emoção. De fato o problema é que a sua
emoção foi assumida pela força maligna nos ares. Isso significa que o verdadeiro
inimigo não está na emoção dessa irmã, mas no espírito maligno nos ares que
tira proveito da sua emoção para danificar a vida da igreja. Por causa do uso da
sua emoção pelo inimigo, essa irmã tem um efeito negativo primeiro no seu
marido, e então continua a ter um efeito negativo em vários outros. Como
resultado, parte do Corpo é envenenado. Para que o inimigo seja derrotado nessa
situação, a irmã deve aprender a receber a palavra como o Espírito, o qual se
torna a espada para lidar com o inimigo.

Ser Preservado na Vida da Igreja e no Ministério


por Receber a Palavra como o Espírito

Isso é algo que aprendi através de muitos anos de experiência. Eu não sou
uma pessoa “marmórea” que não pode ser ofendida. Tenho sido ofendido frequen-
temente por outros na vida da igreja ou em minha vida familiar. Como tenho sido
capaz de passar através de todas as ofensas? Eu consigo passar por receber a
palavra como o Espírito. A palavra que recebo como o Espírito se torna então a
espada para matar o inimigo. Aparentemente a espada do Espírito mata minha
emoção; na verdade ela mata o espírito maligno nos ares que tira proveito de
minha emoção. Considerando que minha emoção é neutralizada diretamente, o
espírito maligno é destruído indiretamente. Dessa maneira tenho sido capaz de
suportar as ofensas.

Quando alguns ouvem isso eles podem dizer, “Irmão Lee, me mostre um
versículo que pode matar sua emoção diretamente e pode matar o poder maligno
nos ares indiretamente”. Esta não é uma questão de um versículo particular que
toca nossa emoção, mas uma questão de aplicar Efésios 6:17 de maneira
experiencial. Suponha que à noite eu seja ofendido por um dos presbíteros. Por
temer o Senhor, eu não ouso falar sobre isso com outros. Na manhã seguinte me
levanto para contatar o Senhor na Palavra. Não leio qualquer versículo que toque
a questão da minha emoção. Em vez disso, eu simplesmente começo a ler a Bíblia
com o exercício do espírito. Eu posso ler Gênesis 1:1: “No princípio, criou Deus os
céus e a terra.” Quando leio este versículo, recebo a palavra de maneira viva como
o Espírito, e o Espírito que é a palavra se torna a espada que mata minha emoção
diretamente e mata o poder maligno indiretamente. Espontaneamente, a ofensa
desaparece, e nenhum dano é causado à igreja. Entretanto, se permitirmos a
ofensa permanecer, isso causará sérios danos à vida da igreja. Creio que muitos
de nós temos experienciado receber a palavra de Deus dessa maneira.

Sem a palavra como o Espírito para ser a espada que mata, não haveria
maneira de sermos preservados na vida da igreja durante tantos anos. Por mais
de meio século, eu tenho viajado, visitando as igrejas, e contatado milhares de
santos. Sem a palavra como o Espírito para matar todos os inimigos, eu não
estaria ainda aqui ministrando. Se tivesse me permitido permanecer ofendido
14
com determinada igreja ou santo, eu teria acabado com o ministério. Fui preser-
vado na vida da igreja e no ministério pelo matar da palavra como o Espírito.

Um Antibiótico Espiritual

Suponha que um irmão em particular não esteja contente com a igreja na


sua localidade. Ele se muda para outra cidade, supondo que gostará da igreja lá.
Porém, depois de um curto período de tempo, ele fica infeliz com essa igreja local,
então ele se muda para outro lugar. Mas logo ele fica ofendido por algo ou alguém
nessa igreja e ele se muda então para outra localidade. Tal pessoa não pode
participar na edificação da igreja. Pelo contrário, porque não há o matar do
inimigo dentro dele, ele faz com que a igreja sofra prejuízo.

De acordo com a palavra de Paulo com respeito ao final de Efésios, um livro


concernente à igreja, precisamos receber a palavra de Deus de maneira viva, isto
é, receber a palavra como o Espírito. O Espírito então se tornará a espada mortal.
Essa espada primeiramente nos mata diretamente e então mata o poder das
trevas nos ares indiretamente. Podemos comparar esse tipo de matar ao efeito de
um antibiótico nos germes que causam doença em nosso corpo. Para que nosso
corpo seja protegido, os germes precisam ser destruídos por um antibiótico. A
palavra que recebemos de maneira viva como o Espírito é um antibiótico espiri-
tual que mata os “germes” dentro de nós. Quando os germes são destruídos, as
forças malignas nos ares não têm caminho para tirar proveito de nós. Então
podemos viver uma vida saudável de Corpo, uma vida da igreja saudável.

Essa foi a maneira de ser preservado na vida da igreja e em meu ministério


durante tantos anos. Aparte do matar por meio da palavra como o Espírito, meu
ministério teria sido terminado. Uma vez mais enfatizo que precisamos receber a
palavra de Deus de maneira viva, de forma que em nossa experiência o Espírito
se torne a espada mortal. Quando a palavra se torna o Espírito, o Espírito se
torna a espada — a espada do Espírito mata os germes em nós e os espíritos
malignos nos ares. Dessa maneira o Corpo, a vida da igreja, e nosso ministério
serão salvos. Isso permitirá que nosso ministério tenha uma vida longa. Porém, o
ministério de certos irmãos não durou muito tempo. Na situação deles foi o seu
ministério que foi morto e não o inimigo.

Vamos todos receber a palavra de Deus de maneira viva! Contanto que em


nossa experiência a palavra se torne o Espírito, a palavra não somente nos cura-
rá, mas também matará o inimigo.

Todos aqueles que ensinam na Escola da Verdade de Verão devem ajudar


os jovens não meramente para receber a palavra para o aprendizado de certas
verdades bíblicas, mas receber a palavra como o Espírito vivo. Quando receberem
a palavra como o Espírito vivo, na experiência deles o Espírito se tornará a
espada. Receber a palavra dessa maneira requer muita oração. É por isso que
precisamos ter o orar-ler adequado. Através do orar-ler a Bíblia, nós recebemos a
palavra de maneira viva como o Espírito.
15
O PLENO CONHECIMENTO DA VERDADE

Em 1 Timóteo 2:4 Paulo nos fala que Deus “deseja que todos os homens
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” Hoje parece que a
maioria dos cristãos só levam os outros à salvação de Deus; eles não vão além
para levá-los ao pleno conhecimento da verdade. O propósito da Escola da
Verdade de Verão não é só levar os nossos jovens à salvação de Deus, mas
também ao pleno conhecimento da verdade. Neste versículo verdade não significa
doutrina; significa realidade e denota todas as coisas reais reveladas na Palavra
de Deus que é principalmente Cristo como a corporificação de Deus e a igreja
como o Corpo de Cristo. Toda pessoa salva deve ter um pleno conhecimento, uma
compreensão plena, dessas coisas. Em nossa escola de verão, devemos nos
empenhar para levar os jovens ao conhecimento experiencial da realidade do
Deus Triúno. Para fazer isso, nós mesmos precisamos ser pessoas que estão
nessa realidade.

16
TREINAMENTO DE
PROFESSORES

CAPÍTULO TRÊS

APRENDER A ENSINAR A ECONOMIA DE DEUS


DE MANEIRA EXPERIENCIAL
Leitura bíblica: 1Tm 1:3-4; 2Tm 1:6-7; 2:2, 22,

Nos livros de 1 e 2 Timóteo podemos ver a maneira que devemos ensinar os


outros. Com respeito a ensinar, Paulo encarregou Timóteo, dizendo, “E o que de
mim ouviste através de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis, os quais
serão aptos para ensinar outros também” (2Tm 2:2). Vamos considerar o que
esses dois livros nos diz sobre ensinar de maneira experiencial.

NÃO ENSINAR DIFERENTEMENTE DA ECONOMIA DE DEUS

Em 1 Timóteo 1:3-4 Paulo falou com Timóteo, um dos cooperadores mais


íntimos dele, dizendo, “Quando parti da Macedônia, roguei-te que permanecesses
em Éfeso a fim de advertires a certas pessoas que não ensinem coisas diferentes
nem deem atenção a fabulas e genealogias sem fim, que geram discussões em vez
da economia de Deus na fé.” Isso indica que alguns estavam ensinando diferen-
temente da economia de Deus, a dispensação de Deus.

A Administração de Casa de Deus

A palavra grega para economia quer dizer “lei doméstica” o que implica dis-
tribuição. Esta palavra denota um gerenciamento doméstico, uma administração
doméstica, um governo doméstico, e, derivativamente, uma dispensação, um
plano, ou uma economia para administração (distribuição); consequentemente,
também é uma economia doméstica. A economia de Deus na fé é a Sua economia
doméstica, a Sua administração doméstica que é dispensar-Se em Cristo ao Seu
povo escolhido para ter uma casa que O expresse, a qual é a igreja (3:15), o Corpo
de Cristo. O ministério de Paulo centrava-se na economia de Deus (Cl 1:25; 1Co
9:17), enquanto que os ensinamentos diferentes dos dissidentes eram usados
pelo inimigo de Deus para distrair o Seu povo da Sua economia.
17
Não Distrair por Outras Coisas Bíblicas

O ensinamento no Novo Testamento está focalizado na economia de Deus, a


Sua dispensação. Porém, durante os séculos que se seguiram a conclusão da
Bíblia, houve muitos ensinamentos que não eram sobre a economia de Deus. Isso
deve ser uma advertência a nós. Precisamos aprender com a história a não
ensinar qualquer coisa diferente da dispensação de Deus.

Em 1 Timóteo 1 Paulo apresenta a economia de Deus em oposição aos dife-


rentes ensinamentos. Aqui de acordo com a palavra de Paulo alguns estavam
ensinando a lei e genealogias em lugar da economia de Deus. Na Bíblia a lei é um
assunto principal. O judaísmo foi edificado sobre a lei, e os judaizantes eram
zelosos pela lei e se doavam totalmente a ela. A Bíblia também contém muitas
genealogias, como a genealogia de Abraão e a genealogia de Davi. No versículo 4 a
palavra genealogias provavelmente se referem às genealogias do Antigo
Testamento enfeitadas com fábulas (Tt 3:9).

Há muitas outras questões na Bíblia, tais como história e as profecias, que


podem se tornar distrações para nós. Alguns são distraídos da economia de Deus
por meio de suas leituras dos Salmos ou Provérbios. Se quando lermos a Bíblia
nós não estivermos debaixo do controle de uma visão clara da economia de Deus,
poderemos ser distraídos não por heresias, mas por várias coisas encontradas na
Bíblia. Quando ouve isso você pode questionar se coisas bíblicas podem se tornar
distrações. É um fato da história que ao longo dos séculos quase todos os
cristãos foram distraídos da economia de Deus através de diferentes coisas bíbli-
cas.

Devemos dar atenção à incumbência de Paulo para não ensinar diferente-


mente da economia de Deus. Cremos que desde a época dos apóstolos a
economia de Deus não tem sido enfatizada tanto quanto tem sido enfatizada na
restauração do Senhor, especialmente nos últimos vinte anos. Deus tem um
grande plano — dispensar-Se em Sua Trindade para Seu povo escolhido. Esta é a
economia de Deus. Nosso ensinamento deve ser governado por uma visão clara
da economia de Deus. Tudo o que ensinamos deve estar relacionado à economia
de Deus.

A Economia de Deus É Nosso Único Encargo, Perspectiva e Visão

Quando você ensina na Escola da Verdade de Verão, você não deve ter
nenhum encargo, nenhuma perspectiva, ou qualquer visão diferente da economia
de Deus. Você precisa não só estar encarregado com a economia de Deus, mas
também encharcado e saturado com a economia de Deus. Em seu ensinamento
você deve conhecer somente uma coisa — a economia de Deus. Você deve ser
capaz de declarar, “A economia de Deus é meu encargo, minha perspectiva e
minha visão”. Todo o meu ser tem que estar saturado da economia de Deus, e eu
nada sei além disso.” Certamente, você ensinará muitas lições diferentes, mas
cada lição será estruturada com a economia de Deus. Somente quando tiver
18
clareza acerca desse assunto básico você saberá o que pretendemos fazer na
Escola da Verdade de Verão.

REAVIVAR A CHAMA DO DOM DE DEUS

Temos mostrado que em 2 Timóteo 2:2 Paulo encarregou Timóteo de


transmitir a homens fiéis as coisas que ele tinha ouvido de Paulo. Esses homens
fiéis deveriam ser aqueles que são aptos para ensinar outros. Para cumprir essa
comissão, o próprio Timóteo tinha que ser reavivado. Esta foi a razão de Paulo
lembrá-lo que “reavivasse a chama do dom de Deus” que estava nele (1:6).

A Vida Divina e o Espírito Divino

Nesta conjuntura precisamos fazer uma pergunta: Qual era o dom de Deus
que Timóteo foi encarregado de reavivar a chama? O povo pentecostal pode dizer
que esse era o dom de falar em línguas, mas isto é duvidoso, especialmente
devido ao fato de que nos escritos mais recentes de Paulo raramente são mencio-
nadas as coisas miraculosas. Acredito que, primeiro, o dom no versículo 6 é o
dom da vida eterna. Um dom, claro que, deve ser dado por alguém. Deus
seguramente nos deu algo, e a primeira coisa que Ele nos deu foi a vida divina.
Todos nós recebemos a vida eterna, a vida divina. Também creio que, segundo, o
dom aqui é o dom do Espírito divino. A vida eterna e o Espírito divino, ou o
Espírito eterno, são ambos o próprio Deus.

Introduzir o Vento ao Abrir Todo o Nosso Ser

Esta compreensão do dom no versículo 6 levanta uma outra questão: Como


é possível a nós reavivarmos o Espírito Santo? Os cristãos normalmente pensam
que o Espírito Santo nos reaviva, que o Espírito Santo reaviva nosso espírito. Nós
reavivamos o Espírito ou o Espírito nos reaviva? Com respeito a essa questão de
reavivar a chama do dom de Deus, podemos ainda estar debaixo da influência do
ensinamento cristão tradicional. De acordo com o ensinamento tradicional, é dito
aos crentes para pedir pelo Espírito, não reavivar o Espírito. Pedir por algo
implica que nós não o temos. Consequentemente, pedir pelo Espírito implica que
nós não temos o Espírito. Reavivar o Espírito, pelo contrário, implica que nós já
temos o Espírito. A “chama” do Espírito está em nós como a “churrasqueira”, mas
para que o fogo queime, há a necessidade de um “vento.” Para reavivar a chama é
preciso introduzir o vento. Essa ilustração pode dar a você uma idéia sobre o que
significa reavivar o Espírito como o dom de Deus dentro de nós.

Deus nos deu duas coisas preciosas — Sua vida divina e Seu Espírito
divino. Agora precisamos reavivar a chama do dom de Deus. O primeiro passo ao
reavivar o dom não é exercitar; o primeiro passo é abrir todas as “portas” e
“janelas.” Precisamos abrir todo nosso ser. Abra sua mente, emoção e vontade.
Abra toda sua alma, abra seu coração, e abra seu espírito. Todas as manhãs

19
precisamos ir ao Senhor e nos abrir a Ele. Porém, frequentemente nós podemos
gastar tempo com o Senhor sem abrir o nosso ser a Ele. Em tal situação o fogo
não queima.

Aqueles que ensinam na Escola da Verdade de Verão devem abrir todo o


seu ser — espírito, coração, alma, mente, emoção e vontade — para que assim “o
vento” possa entrar. O Espírito já está em você, mas você precisa reavivar a
chama, o Espírito, para acender. Estou um tanto preocupado que quando for
ensinar uma classe em nossa escola de verão, você seja uma pessoa fechada —
uma pessoa cujo ser é fechado ao vento. Você tem o Espírito e a vida eterna
dentro de você, mas porque está fechado o vento não pode entrar. Se for esse tipo
de pessoa, você ensinará os jovens somente de acordo com o seu conhecimento
ou de acordo com o que está impresso no livro de exercícios. Esse tipo de
ensinamento é mortificador. Antes de sair para ensinar, você deve primeiro
reavivar a chama do dom. quanto mais você se abre, mais o fogo queimará. O
vento do seu reavivar pode fazer com que o fogo queime por horas ou até mesmo
durante o dia todo.

Invocar o Nome do Senhor Jesus e Exercitar Nosso Espírito

Em 2 Timóteo 2:22 Paulo disse a Timóteo “segue a justiça, a fé, o amor e a


paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”. Se seu ser estiver fechado,
você precisa invocar o nome do Senhor Jesus. Quando invoca o Senhor, você abre
não somente a sua boca, mas também seu espírito e seu coração. Então o vento
entrará, e isso reavivará a chama da vida eterna e o Espírito eterno dentro de
você. Reavive a chama do dom que você recebeu de Deus. Deixe o dom se tornar
uma chama. Então vá ensinar os jovens não com uma mente “fria como gelo” mas
com uma chama. Se estiver muito sóbrio em sua mente, você será frio como gelo
quando para ensinar. Não seja frio! “Seja extremamente quente” com o dom que
foi reavivado em chama!

Até aqui, temos visto que devemos ensinar a economia de Deus e que
devemos reavivar a chama do dom de Deus, abrindo todo nosso ser e invocando o
nome do Senhor Jesus. Além disso, certamente precisamos exercitar nosso espí-
rito. Depois de encarregar Timóteo de reavivar a chama do dom de Deus, Paulo
continuou a dizer, “Porque Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de sobriedade” (1:7). O espírito aqui denota nosso espírito,
regenerado e habitado pelo Espírito Santo (Jo 3:6; Rm 8:16). Reavivar a chama do
dom de Deus está relacionado ao nosso espírito regenerado. De poder se refere a
nossa vontade; de amor, à nossa emoção; e de sobriedade, à nossa mente. Isso
indica que ter uma vontade forte, uma emoção amorosa, e uma mente sóbria tem
muito a ver com ter um espírito forte para o exercício do dom de Deus que está
em nós.

INTRODUZIDOS NUM ESPÍRITO DE ORAÇÃO

20
Todos nós devemos ser aqueles que ensinam a economia de Deus, que
reaviva a chama do dom de Deus, que invoca o nome do Senhor Jesus e que
exercita nosso espírito. Neste ponto precisamos considerar uma outra questão
crucial — ser pessoas de oração.

Não tenho dúvida que, como crentes em Cristo, vocês receberam a vida
eterna e o Espírito divino, mas estou preocupado de que você vá para sua classe
com “água gelada” em vez de uma chama. Temos enfatizado o fato de que para ter
uma chama você precisa deixar o vento entrar por meio de se abrir ao Senhor.
Todas as manhãs você precisa trazer o vento para reavivar a chama do dom de
Deus. Porém, suponha que você tenha tido um problema desagradável com seu
cônjuge, e agora parece impossível reavivar a chama. Pode levar vários dias para
você ser capaz mais uma vez de reavivar a chama por si mesmo, mas isso será
muito mais fácil fazer se você orar com um pequeno grupo de santos. Se orar por
si mesmo, você pode conservar a lembrança sobre a situação com seu cônjuge e
assim pode não ter caminho para reavivar a chama. Porém, se você orar com
outros, eles reavivarão a chama dentro de você. Por fim você também poderá orar
e reavivá-los. Então o vento entrará, e você terá uma chama.

Se quiser ir para sua classe na Escola da Verdade de Verão com uma


chama, você deve ser uma pessoa de oração. Se for tal pessoa, você introduzirá
um espírito de oração à sua classe. Você então será capaz de despertar o espírito
de oração dos jovens em sua classe. Todos devem ser despertados a orar. Isso
significa que você precisa criar uma atmosfera de oração. Não ensine a menos
que haja tal atmosfera em sua classe. Para ter uma atmosfera de oração, você
deve permitir um tempo adequado em cada sessão da classe para oração.

Você sabe o que é uma reunião viva? Uma reunião viva é uma reunião que
tem uma atmosfera de oração. Todos aqueles que falam pelo Senhor sabem que é
fácil falar numa reunião onde há uma atmosfera de oração. Caso contrário, será
muito difícil falar, pois você pode sentir como se estivesse falando num cemitério.

Gostaria de lembrá-los que ensinar na Escola da Verdade de Verão é abso-


lutamente diferente de ensinar numa escola secular. Não há necessidade de
reavivar a chama do dom de Deus para ensinar uma classe numa escola secular.
Mas para ensinar em nossa escola de verão, você deve ser uma pessoa de oração,
uma pessoa com uma chama que introduz uma atmosfera de oração.

NÃO ENSINAR DE MANEIRA DOUTRINAL,


MAS DE MANEIRA EXPERIENCIAL

Uma vez que reavivou a chama do dom de Deus, despertou o espírito de


oração e criou uma atmosfera de oração, você agora está pronto para ensinar.
Você não deveria ensinar de maneira doutrinal, mas de maneira experiencial.

Aplicar Todos os Pontos do Ensinamento à


Experiência Prática, Pessoal
21
Suponhamos que você esteja ensinando uma lição sobre a condição caída
do homem e a sua necessidade de salvação. Você não deve somente pedir aos
seus alunos para meramente memorizar e recitar todos os pontos relacionados à
condição caída do homem. Isso seria ensinar de maneira doutrinal. Se quiser
ensinar de maneira experiencial, você deve ajudar os jovens a perceber que eles
são caídos. Você pode pedir a eles que pintem um quadro da própria condição
caída deles, não apenas memorizar os vários pontos doutrinais. Tome, por
exemplo, a questão de mentir. Com respeito a isso, esses em sua classe devem vir
a perceber que, porque nasceram em pecado, não há necessidade de aprenderem
a mentir; eles mentem espontaneamente. Ensinar dessa maneira é não ensinar
segundo a doutrina, mas segundo a experiência.

Um dos pontos na lição sobre a necessidade do homem de salvação é que o


homem está debaixo da condenação de Deus. O homem pecou desobedecendo o
mandamento de Deus e assim veio para debaixo da Sua condenação. Se ensinar
de maneira doutrinal, você fará perguntas como as seguintes: Quais são os
mandamentos de Deus? O que significa ser condenado? Qual é o significado de
estar sob a condenação de Deus? Se quiser ensinar de maneira experiencial, você
deve ajudar seus alunos a perceber que eles pecaram desobedecendo manda-
mentos específicos. Além disso, você deve mostrar a eles que frequentemente
desobedecem as exigências da sua consciência. Você pode perguntar-lhes, “Vocês
podem dizer que nunca desobedeceram as suas consciências? Se vocês
desobedeceram as suas consciências, então seguramente vocês pecaram.” Ao
falar a eles dessa maneira, você os ajudará a perceber experiencialmente o que
significa estar sob o julgamento de Deus.

Aprenda em sua maneira de ensinar a tocar os outros experiencialmente.


Aplique cada ponto de seu ensinamento à situação pessoal e prática deles.

Não Dar Conferências, mas Falar de Maneira Pessoal

Quando estiver ensinando os jovens em sua classe, você deve frequente-


mente falar com eles de maneira pessoal e prática. Por exemplo, você pode dizer,
“Você não fica infeliz quando seu irmão ou a irmã tem algo que você não tem?
Você não odeia isso? Da mesma forma, você não ofendeu seus pais muitas vezes?
Você não tem uma profunda sensação de que é errado ofender seus pais? Você
não percebe que deve honrar, respeitar, considerar e amar seus pais?” Em vez de
apenas abordar os pontos no livro de exercício, fale com os jovens de maneira
muito pessoal. Cada ponto da lição deve ser apresentado de maneira que isso crie
uma impressão experiencial. Aplique cada ponto à situação atual deles.

Quando você ensinar uma classe na Escola da Verdade de Verão, não tome
o caminho de dar mensagens ou conferências. Em vez disso, você precisa ter
conversas pessoais com os jovens, ensinando cada ponto experiencialmente.
Quando estiver falando com eles, você deve ficar atento sobre cada um, prestando
atenção particular às expressões deles. Isso o ajudará a conhecer as necessidades

22
de seus alunos. Então na próxima aula você deverá se empenhar para satisfazer
essas necessidades. Enquanto o Senhor conduz você, você pode falar com alguém
em particular e então pedir-lhe que ore com você. Desse modo você os ajudará a
se abrirem, fortalecerá o espírito de oração deles, e os introduzirá na experiência
das verdades que está apresentando.

O princípio é o mesmo com a pregação do evangelho. Quando pregamos o


evangelho, não devemos apenas reunir as pessoas e dar-lhes uma mensagem.
Devemos ter um contato pessoal, direto, com as pessoas. Podemos dar uma men-
sagem, mas posteriormente, de acordo com a condição dos participantes, precisa-
mos falar com eles de maneira pessoal sobre as suas necessidade. Então devemos
orar com eles. Todos nós precisamos aprender a fazer isso.

Despertar um Espírito de Oração

A coisa mais difícil para nós fazermos ao ensinar de maneira experiencial é


conseguir pessoas que orem conosco. Você pode ser capaz de dar uma mensagem
e falar com outros, mas quando chegar ao ponto onde é necessário orar, você
pode estar sem o espírito de oração. Se você estiver sem o espírito de oração, você
não poderá despertar um espírito de oração em outra pessoa. Se você quer
despertar um espírito de oração na pessoa com quem está falando, você deve ser
uma pessoa que está cheia do espírito de oração.

Espero que haja muita oração em sua classe na Escola da Verdade de


Verão. A oração adequada realizará pelo menos três coisas. Impressionará os
jovens de maneira experiencial com os pontos da lição; despertará o espírito de
oração dentro deles; e isso os fará com que se tornem vivos. Aqueles que frequen-
tam tal escola de verão certamente se tornarão muito vivos.

Não vamos meramente treinar os jovens em nossa escola de verão com o


conhecimento da verdade. O mero conhecimento doutrinal é vão, e eu não confio
nisso. Antes, vamos impressionar os jovens com verdades como a realidade da
economia de Deus. Essa é a verdade na qual estamos encarregados de dar aos
nossos jovens. Para levar a cabo esse encargo, você precisa pôr em prática todos
os pontos que abordamos nesta mensagem. Seja governado por uma visão clara
da economia de Deus; reavive a chama do dom de Deus que está dentro de você;
e seja uma pessoa de oração com uma atmosfera de oração que pode despertar
um espírito de oração em outros. Como professor na Escola da Verdade de Verão,
você deve estar pronto para orar a qualquer momento. Então você poderá
ensinar.

23
TREINAMENTO DE
PROFESSORES

CAPÍTULO QUATRO
CONHECER A ESTRUTURA DA VERDADE, SER SATURADO COM
A VERDADE, E TRANSFORMAR DOUTRINA EM EXPERIÊNCIA

Leitura bíblica: 1Tm 2:4; 3:15; 2Tm 2:15, 25

Os livros de 1 e 2 Timóteo foram escritos para lidar com o declínio da igreja


e inocular os crentes contra esse declínio. Isto é especialmente verdade de 2
Timóteo, que foi escrito na época quando as igrejas estabelecidas por meio do
ministério de Paulo no mundo gentio estava num curso de degradação. Aquela
situação era uma prefigura da situação de declínio no cristianismo de hoje. Por
causa da influência desse declínio, precisamos treinar nossos jovens com tudo o
que Paulo ensinou Timóteo. Esse tipo de ensinamento será uma forte inoculação
contra o declínio e degradação da igreja. O fato de Paulo escrever acerca de “os
últimos dias” (2Tm 3:1) indica que seus escritos não só se aplicaria ao seu tempo,
mas também se aplicaria aos tempos nos quais vivemos. Todos nós precisamos
ser inoculados contra o declínio por conhecer a verdade revelada nesses dois
livros.

O PLENO CONHECIMENTO DA VERDADE

A questão da verdade é fortemente enfatizado em 1 e 2 Timóteo. Paulo nos


fala que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade” (1Tm 2:4). O declínio da igreja foi devido à falta do
conhecimento adequado da verdade. Em 1 Timóteo o declínio foi introduzido
sutilmente através dos diferentes ensinamentos (1:3), e em 2 Timóteo desen-
volveu-se abertamente e até mesmo piorou por meio de heresias (2:16-18). Para
lidar com tal declínio, a verdade deve ser mantida. Primeira Timóteo enfatiza que
Deus deseja que todos os Seus salvos tenham o pleno conhecimento da verdade e
que a igreja seja a coluna e base da verdade (3:15). Segunda Timóteo enfatiza que
a palavra da verdade deve ser exposta correta e retamente sem distorção (2:15) e
que aqueles que divergiram devem voltar à verdade (v. 25).

Infelizmente, a palavra verdade tem sido erroneamente compreendida.


Muitos leitores da Bíblia consideram verdade como uma questão de doutrina.
Especialmente em 1 Timóteo e 2 Timóteo, no Novo Testamento, verdade não se
refere à doutrina, mas às coisas reais reveladas no Novo Testamento a respeito de
Cristo e a igreja segundo a economia neotestamentária de Deus. Se quisermos ter
24
a compreensão adequada da palavra da verdade no Novo Testamento, precisamos
perceber que ela denota todas as realidades da economia divina como o conteúdo
da revelação divina, transmitida e manifestada pela Palavra santa (veja nota 6 em
1 João 1:6).

A ESTRUTURA DA VERDADE É O DEUS TRIÚNO


COM SUA REDENÇÃO TODO-INCLUSIVA

Antes de você começar a ensinar os jovens na Escola da Verdade de Verão,


você precisa receber a inoculação de Paulo e ser enchido, encharcado e saturado
com a verdade. Se você estudar 1 e 2 Timóteo cuidadosamente, verá que a
estrutura desses dois livros é de fato a estrutura da verdade e que a estrutura da
verdade é o elemento da inoculação de Paulo.

Qual é o elemento dessa inoculação? Qual é a estrutura da verdade? Por


meio de uma leitura cuidadosa de 1 e 2 Timóteo podemos perceber que a
estrutura da verdade é o Deus Triúno com Sua redenção todo-inclusiva. A
redenção de Deus implica, ou inclui, salvação. A redenção foi realizada por Deus.
Quando a redenção realizada por Deus é aplicada a nós, ela se torna salvação.
Assim, salvação é nossa experiência da redenção de Deus. A estrutura da verdade
divina é nada menos que o Deus Triúno mais a Sua redenção que se torna nossa
salvação.

Para ensinar os jovens de maneira viva, você precisa aprender todos os


aspectos da verdade nas Escrituras com respeito ao Deus Triúno — o Pai, o Filho,
e o Espírito. Isso significa que você precisa ser saturado com a verdade, a
realidade, da Trindade Divina. Além disso, você precisa mergulhar na verdade
acerca da redenção divina — como foi planejada pelo Pai, como foi realizada pelo
Filho, e como é aplicada pelo Espírito. Então você precisa ter uma visão clara de
como a redenção realizada pelo Deus Triúno se torna nossa plena salvação.

A PLENA SALVAÇÃO DE DEUS

O assunto geral das primeiras séries de lições na Escola da Verdade de


Verão é a plena salvação de Deus. A plena salvação de Deus é de fato igual à
verdade, porque o Deus Triúno com Sua redenção todo-inclusiva é a estrutura da
verdade. Pelos escritos de Paulo essa verdade se tornou uma inoculação contra o
declínio do cristianismo. Por um lado, podemos falar da estrutura da verdade; por
outro, podemos falar do elemento da inoculação. Essa inoculação é como uma
dose de remédio que contém vários elementos. Os elementos na “dose” ministrada
por Paulo como uma inoculação são o Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito
—e Sua redenção todo-inclusiva.

Ao ajudar os jovens a experienciar a plena salvação de Deus, você tem que


desvendar a eles a condição caída deles, que envolve pecado, Satanás, o mundo e
o sistema satânico. Essas coisas negativas estão relacionadas à condição atual
dos salvos. Se quisermos experienciar e desfrutar a plena salvação de Deus,
25
devemos considerar nossa condição e seu envolvimento, com o pecado, Satanás,
o mundo, e muitas outras coisas negativas.

PREPARAR-SE PARA ENSINAR AO SER SATURADO


COM A VERDADE DA ECONOMIA DE DEUS

Quando se preparar para ensinar, você não deve pôr sua confiança somen-
te no livro de exercícios nem no compêndio. Você precisa se aprofundar na
verdade a respeito da plena salvação de Deus. Isso significa que você precisa ser
saturado com um conhecimento completo, percepção e experiência do Deus
Triúno com Sua redenção todo-inclusiva em relação a todos os aspectos da
condição caída do homem. Se preparar para ensinar, não é adequado simples-
mente ler o livro de exercícios. Como um professor na Escola da Verdade de
Verão, você precisa ser encharcado e saturado com a verdade. Espero que você
seja impressionado com sua necessidade de aprofundar na verdade divina que é
a realidade do Pai, o Filho e o Espírito e de Sua redenção todo-inclusiva compre-
endida em relação à condição do homem caído.

Quando ouvir isso, você pode ficar aborrecido e sentir que não está qualifi-
cado para ensinar os jovens. Eu rogo a você que não se sinta dessa maneira. Sua
experiência pode ser limitada, mas a quantidade de experiência que você tem o
qualifica.

Em seu ensinamento não fale coisas estranhas para despertar a curiosi-


dade das pessoas. Também, não faça uma exibição de seu conhecimento sobre
outros assuntos, como história ou ciência. É vergonhoso fazer uma exibição. Você
deve estar focalizado na economia de Deus e deve ser restringido pela economia
de Deus. Durante todo o tempo de aula, o qual de fato é totalmente limitado,
devem ser usados para apresentar a verdade da economia de Deus.

Uma vez mais eu desejo mostrar que você precisa ser encharcado completa-
mente e saturado com a verdade divina. A escola de verão não só deve ser uma
escola para os alunos, mas também a todos os professores. Espero que você seja
o primeiro a aprender a verdade. Você não pode ensinar outros sem primeiro
ensinar a si mesmo. Do mesmo modo, você não pode ministrar determinada coisa
a outros sem você mesmo primeiro experimentar e desfrutar essa questão. Você
pode ministrar a outros somente o que você mesmo desfrutou. Caso contrário,
seu ensino será meramente doutrinal e assim será em vão.

ENSINAR DE MANEIRA EXPERIENCIAL EM VEZ


DA MANEIRA DOUTRINAL

Vamos agora continuar considerando a questão prática de ensinar de ma-


neira experiencial em vez da maneira doutrinal. Suponha você esteja ensinando a
lição dezessete sobre transformação. O livro de exercícios diz, “Transformação é o
resultado da santificação e está relacionada à alma do homem”. Pedir aos alunos
para meramente entender e memorizar os fatos é ensinar de maneira doutrinal.
26
Se você quiser ensinar de maneira experiencial, você deve ter comunhão com os
jovens e considerar por que a transformação é o resultado da santificação.
Fazendo isso você mudará seu ensino de doutrina para experiência. Essa
comunhão experiencial os impressionará profundamente.

Quando você fala dessa maneira sobre o porquê a transformação é o resul-


tado da santificação, um dos alunos pode oferecer uma explanação. Ele pode
dizer que santificação nos separa, nos muda, e faz com que nos tornemos santos
com a natureza santa de Deus e que o resultado é uma mudança metabólica, a
qual é transformação. Se alguém falar dessa maneira, você deve imediatamente
fazer-lhe certas perguntas: “E quanto a você? Você foi mudado com a natureza
santa de Deus? Seu ser tem-se tornado santo por meio da natureza divina?” essa
maneira de ensinar é experiencial.

Entretanto, se você não estiver encharcado na verdade a respeito da santifi-


cação e se não tiver qualquer experiência de santificação, você tem não tem
escolha a não ser ensinar as pessoas doutrinariamente. Você não será capaz de
fazer nada além de simplesmente repetir o que leu no livro de exercícios. Tendo
sido “educado” com a doutrina das letras, você então ensinará a doutrina que
transformação é o resultado da santificação e está relacionada à alma do homem.
Mas nem você nem os alunos conhecerão a verdade, a realidade, da santificação e
transformação. Considerando que não tem nenhuma experiência, você não pode
ministrar vida aos jovens em sua classe. Antes, você passará mero conhecimento,
como se estivesse ensinando numa escola teológica. Se você ensinar dessa
maneira, você arruinará a escola de verão e até mesmo danificará seus alunos.

TRANSFORMAR DOUTRINA EM EXPERIÊNCIA

A fim de ensinar de maneira experiencial, você deve transformar cada ponto


na lição de doutrina em experiência para ensinar de maneira experiencial.
Suponhamos que uma lição em particular tenha cinco pontos. Em sua prepa-
ração, você deve tentar transformar cada ponto de doutrina em experiência. Isso
requer prática. Depois de fazer tal transformação durante seu tempo de prepa-
ração, você deve falar então com os jovens sobre cada ponto nos moldes da
experiência. Quanto mais você falar dessa maneira, mais eles serão desvendados.
Eles verão uma visão que os exporá, e espontaneamente serão introduzidos na
experiência do próprio assunto que você tem apresentado.

Porém, se meramente ensinar à maneira de dar doutrinas por meio dos


materiais impressos, você não fará nada além de dar algum conhecimento às
mentes de seus alunos. Como resultado, eles não ganharão nada de maneira
experiencial. Além disso, o conhecimento que eles ganharão poderá danificá-los.
Mais tarde, em outra ocasião, quando ouvirem falar uma palavra sobre transfor-
mação, eles poderão dizer, “Eu já sei isso. Eu ouvi tudo sobre isso na Escola da
Verdade de Verão. Eu sei que transformação é o resultado de santificação e está
relacionado à alma de homem. Eu também sei que transformação significa que
27
uma certa substância muda em natureza e em forma.” Nós não devemos danificar
os jovens dando-lhes mero conhecimento. A fim de beneficiá-los com a verdade,
devemos sempre ensiná-los de maneira experiencial. Essa é uma questão muito
básica.

Nós também devemos falar de maneira experiencial na vida da igreja. Nas


reuniões, na comunhão, no pastorear os santos, e ao visitar os outros para
pregar o evangelho, precisamos aprender a não falar de maneira doutrinal, mas
de maneira experiencial. Falando dessa maneira, nós “abateremos dois pássaros
com uma só pedra” — o “pássaro” da experiência e o “pássaro” da doutrina.
Então aquele para quem você está falando adquirirá a doutrina junto com a
experiência. Espero que todos vocês se empenhem para praticar isso de agora em
diante.

No ministério na restauração do Senhor, nós não apresentamos nossos


ensinamentos à maneira de doutrina, mas à maneira de vida. Por isto nosso
estudo da Bíblia é chamado de estudo-vida. Porém, embora não damos ênfase a
doutrina, nossa maneira de ensinar transmite muito doutrina. Cada mensagem
de nosso estudo-vida das Escrituras transmite determinada quantidade de
doutrina, contudo a impressão causada no leitor não é a impressão de doutrina,
mas a impressão de experiência e desfrute de Deus, Cristo e o Espírito. Por fim, a
pessoa aprende alguma doutrina, mas ela é uma doutrina experiencial, uma
doutrina que é aprendida por meio de experiência.

Creio que ensinar na Escola da Verdade de Verão será uma boa oportu-
nidade para você aprender algo. Se tentar transformar cada ponto nas lições em
experiência, você mesmo será ajudado. Você pode perceber que não sabe como
transformar doutrina em experiência, porque é carente de experiência. Isso o
exporá, e então você saberá onde está. Você verá que pode conhecer muitas
coisas como doutrinas, mas não as conhece na experiência. Então quando estiver
preparando uma lição, você pode começar a conferir a si mesmo considerando
sua experiência. Você pode se perguntar ponto por ponto, “Eu tenho a experiên-
cia desse assunto? Minha experiência desse ponto é adequada? Eu sou capaz de
ensinar outros sobre esse ponto de maneira experiencial?” Você pode concluir
que sua experiência nem mesmo é adequada para um testemunho, muito menos
para ensinar uma classe de jovens. Isso pode levá-lo a orar, “Senhor, tenha
misericórdia de mim. Preciso de alguma experiência desse assunto.” Essa é a
maneira de se preparar para ensinar cada lição.

Gostaria de encorajá-lo a preparar-se não somente por si mesmo, mas com


outros que estarão ensinando jovens. Reúna-se com vários outros e confiram
cada ponto de cada lição de acordo com a experiência. Além disso, pratique
transformar os pontos doutrinais em experiência. Esta será uma boa preparação
para ensinar de maneira experiencial. Se você fizer isso, a escola de verão não só
será um grande benefício aos jovens, mas a toda a igreja. Vamos tomar esse
caminho para ensinar os jovens na Escola da Verdade de Verão.
28

Você também pode gostar