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LIDERANÇA CRISTÃ

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LIDERANÇA CRISTÃ

ÍNDICE

1. Introdução 03

2. I - O que é Liderança 04

3. II - Qualidades de um Líder Cristão 07

4. III - Líderes no Antigo Testamento 08

1.1- Período Antediluviano 09

1.2 - Período Patriarcal 11

1.3-Outros Líderes – Pós Patriarcal – Antigo Testamento 14

5. IV - Liderança no Novo Testamento 20

6. V - Liderança na Igreja 22

1. Líder Eficaz para a Igreja 24

1.2 - Liderando para todos 26

1.3 - Influência Interpessoal 27

1.4 - Líderes de Organizações e Departamentos da Igreja 28

1.5 - Comportamento do Líder à frente do seu grupo 29

1.6 - O líder, a Crítica e a Repreensão 30

7. VI - As Leis da Liderança 31

8. VI - Estilo de Liderança 34

9. VII - Liderança Cristã na Igreja Contemporânea 35

10. Conclusão 37

11. Bibliografia 38

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LIDERANÇA CRISTÃ
“Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jr
3:15)

INTRODUÇÃO
Quando Deus criou os céus e a terra, lá nos versículos 16,17 e 18, do primeiro capítulo de Gênesis, registra:
“Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez
também as estrelas. E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, para governarem o dia e a
noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom”.

Reparem que Deus fez os grandes luzeiros (sol e lua) e as estrelas, e disse: “...para governar ...fazerem
separação entre luz e trevas...”. O que me chama a atenção neste texto é a palavra governar. É claro, estes
astros não exprimem palavras, são objetos inanimados, mas Deus os colocou como referência, como luz e
para diferenciar a claridade e a escuridão, e de certa forma eles, principalmente, o sol e a lua, influenciam o
clima e as estações do ano terrestre, quer dizer governam, exercem os seus poderes sobre o homem, animais,
plantas e a vida em geral na terra. Há coordenação até na natureza. É a natureza comandada por Deus
preservando a vida no Planeta Terra. Ao homem Deus passou também o censo de coordenação, isto é, de
liderança.
Na seqüência da criação, quando Deus resolveu formar o homem, está escrito: “Também disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do
mar sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre a terra e sobre todos os répteis que rastejam
pela terra”. O que destacamos nesta passagem é a palavra domínio (algumas traduções falam em sujeitai-a; e
dominai).

Observamos nestes textos, que Deus é um Deus organizado e disciplinado, as suas ações, seus feitos, tanto
na natureza como no homem, reflete o equilíbrio, harmonia, boa administração, governo, coordenação e
porque não dizer a liderança. Deus foi criterioso na sua criação e O é também na preservação e na
manutenção da ordem.
Então, nas ações do homem, notadamente para o governo da Igreja, Deus requer as mesmas atitudes, e que
os seus servos ajam com zelo na sua obra. O Espírito Santo, com poder e sabedoria, estará sempre
escolhendo bons líderes, capacitando-os para o governo da Igreja, para que esta prossiga anunciando a Obra
da Redenção.
Reflexão:

O “não posso fazê-lo” jamais fez alguma coisa; o “eu vou tentar” tem feito maravilhas ( George O.
Burnham)

A liderança não é opcional.


Ela é o ingrediente essencial ao sucesso de qualquer organização. Deixe de lado a liderança e a confusão
substituirá a visão 9 Charles Swindoll)

11 mitos acerca da Liderança


1. Líderes nascem; não são feitos
2. Só devem existir líderes nas posições elevadas

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3. Os Líderes devem ter um carisma especial (aquela combinação especial de características que
capacitam a pessoa a conquistar a simpatia e o apoio do povo)
4. Liderança e gerenciamento são as mesmas coisas
5. O desenvolvimento e treinamento de liderança não se fazem necessários nas organizações cristãs;
são necessários apenas a oração, o estudo bíblico e a vida espiritual.
6. Devem existir Ordem e Estabilidade.
7. O líder é um renegado que, com atos corajosos magnetiza um bando de seguidores.
8. Os líderes devem ser insensíveis, distantes e analíticos.
9. Os líderes devem dirigir e manter constante e cuidadoso controle sobre os seus comandados,
servindo-se inúmeras diretrizes e procedimento, dando ordens em estilo militar.
10. Os líderes devem lidar com o que for imediato; o planejamento a longo prazo é errado, porque Tiago
4: 13-15 nos adverte.
11. As pessoas constituem o maior ônus da organização, e não o seu maior bem.

Jesus => Os 12 Discípulos ( Mt 10:1-4) => 70 Discípulos ( LC 10:1) => 120 Discípulos ( At. 1:15) =>
500 Discípulos 1 Coríntios 15:6 e Mateus 28:16-20 => 3000 Batizados (At. 2:41) => At. 5:14 Continua
crescendo

I - O QUE É LIDERANÇA

É dirigir, coordenar, guiar e orientar na condição de líder.

O dirigente de uma empresa tem o dever, e porque não dizer o poder, de escolher seus diretores e líderes
para que esta tenha o desempenho necessário para competir ou ter o sucesso desejado num mercado
competitivo. Ele preocupa-se em formar uma boa equipe para consecução de seus empreendimentos. Então,
ele vai escolher pessoas capazes, de boa formação secular e curricular, o melhor possível para a liderança.
Líderes, ainda que tenham excelentes qualidades para dirigir, não trabalham sozinhos. Precisam lidar com
seguidores, subordinados e pessoas de várias índoles. Devem manter-se com sobriedade e equilíbrio.

O líder é alguém que se sobressai por possuir uma capacidade inata de fazer com as pessoas o sigam. Nem
sempre é nomeado formalmente. Seus principais instrumentos, para fazer com que os seus liderados
trabalhem, é sua capacidade de motivação e influência que exerce no grupo ou equipe.

Líder é aquele que conduz, guia, orienta. “É aquele que vê mais que os outros, vê mais longe que os outros e
vê antes dos outros”

Chefe é aquele que com autoridade e hierarquia, dirige, governa.

Existe certa semelhança entre o Líder e o Chefe, porque ambos trabalham com grupo de pessoas. Mas há
uma sutil diferença. O primeiro trabalha exercendo a sua influencia, capacidade, qualidade e identificação
com o grupo. O segundo trabalha exercendo a autoridade e hierarquia, é mais pautado pela formalidade.
É claro que este também deve ser dotado de capacidade e qualidade. De fato, ambos lideram.
Para qualquer atividade de um grupo em qualquer área, sempre haverá a necessidade de coordenação e
orientação, ou mesmo a imposição de normas para disciplinar o comportamento do grupo. Na obra de Deus

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não é diferente. O Espírito Santo está à frente da Igreja para orientá-la e dirigi-la através dos seus lideres
(obreiros), pois é Ele quem vai apresentar a Igreja santa e majestosa ao seu noivo, Jesus Cristo.
Para a Igreja que estava nascendo, Jesus instituiu os seus pastores e líderes. Vejamos o caso de Pedro, o
discípulo. Ele negou Jesus, mas o próprio Jesus disse: “Pedro apascenta as minhas ovelhas...” (Jo 21:15 e
16). Apascentar também é liderar sob os cuidados do Espírito Santo. Jesus deu o maior exemplo de
liderança.
A Igreja do Senhor Jesus é provida do Espírito Santo, para torná-la imbatível e temível no reino das trevas.

A escolha e a capacitação estão sob os cuidados do Espírito Santo. É evidente que quando se fala que o
Espírito Santo escolhe, quer-se dizer que Ele orienta o Pastor, o Líder da Igreja para indicar a pessoa,
visando ao bom andamento da obra de Deus. Ele é quem prepara os seus escolhidos. A sabedoria e
capacidade humanas, naturalmente, não podem conduzir a obra de Deus (I Co 1:17-27). Mas Deus pode
direcionar a qualificação, o conhecimento da pessoa para o seu ministério. Foi o que aconteceu com Paulo.
Deus usou o seu conhecimento intelectual, político, religioso, inclusive o conhecimento da Lei e do
Judaísmo e de outros princípios, e os direcionou para sua obra.
A dependência do Espírito Santo e da sabedoria do alto é um fator essencial para um líder cristão, uma vez
que a sua escolha, certamente, foi ordenada por Deus, o dono da Igreja. Deus escolhe, capacita, dá a
sabedoria e entendimento para os lideres conduzirem o seu povo.

Deus não vai entregar a sua Igreja ou uma atividade de liderança da mesma a qualquer pessoa que não esteja
compromissada com a sua obra, pois, sendo um Deus zeloso, quer o melhor para servir e conduzir o seu
povo. Quem foi escolhido não deve apenas ficar amparado na escolha, antes, tem que buscar conhecimento
bíblico e correlato, aperfeiçoar-se desejando a orientação divina.

Deus chamou líderes no passado, no Antigo Testamento, no Novo Testamento e ao longo da História da
Igreja até os dias atuais, e continuará levantando verdadeiros líderes até a sua vinda para buscar a sua amada
Igreja.

II – QUALIDADES DE UM LÍDER CRISTÃO

Por orientação do Espírito Santo, o apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo em I Tm 3:1 e seguintes, dá as
seguintes características: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja”. Paulo
começa elogiando aquele que prefere o labor espiritual, depois ele descreve algumas características no texto
acima referido, onde destacamos algumas: temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro. O texto descreve
outras que são mais direcionadas.

Podemos ainda apontar as seguintes características:

Amor - O pilar, a raiz de todas as qualidades do cristianismo;

Fé - O sustentáculo da esperança

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Humildade - O próprio Jesus disse: “... aprendei de mim que sou manso e humilde...”
(Mt 11:19);

Mansidão - Jesus e Moisés, tinham essas qualidades;

Fruto do Espírito (Gl 5:22) ler a referência, e ainda:

Visão, paixão, justiça, honestidade, lealdade, responsabilidade, competência,


determinação, autodisciplina, empatia, perseverança, comprometimento,
conhecimento, companheirismo, dentre outras.

É impossível estar envolvido com a obra do Senhor sem as características acima enumeradas, uma vez que o
cristianismo foi sedimentado por líderes que se deixaram gastar para ver o crescimento do Reino de Deus. O
escritor aos hebreus, poeticamente, nos informa;”...homens dos quais o mundo não era digno...” (Hb 11:38).

A liderança cristã deve ser exercida com espírito de servo. Jesus quando falou aos seus discípulos expressou:
“Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, os que exercem autoridade são chamados
benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrario, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que
dirige seja como o que serve” (Lc 22:25-26). O próprio Jesus afirmou: “...O Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:45). Portanto, sejamos Líderes
servos.

No decurso da história da Igreja, o Espírito Santo tem levantado grandes lideres, e nos dias atuais contamos,
também, com líderes que continuam apascentando o rebanho do Senhor Jesus, o Bom Pastor. Tanto é
verdade que a Igreja continua poderosa e operosa, enfrentado lutas e sendo vitoriosa.

Nos primeiros dias e séculos da Igreja, a coragem, a determinação e a abnegação, foram marcantes para
pavimentar e fortalecer a fé. Notadamente com a companhia do Espírito Santo, que, sem dúvida, encontrou
homens dispostos a pagarem o preço para tão nobre e difícil missão de levar avante as Boas Novas. Esses
heróis nos deixaram grandes exemplos os quais devemos seguir, para que o Espírito Santo, também possa
nos usar. Basta apresentarmos com o coração voltado para a obra do Senhor Jesus, que certamente nos
capacitará para sermos um líder exemplar, através do Espírito Santo.

II - LIDERES NO ANTIGO TESTAMENTO

O propósito deste capítulo é apresentar como, na antiguidade, agiram os homens que Deus usou, na sua
instrumentalidade, para desenvolver o que planejou, desde os tempos eternos, para a redenção humana.

1. Período Antediluviano

No período antediluviano, a Bíblia relata a história humana de maneira bem resumida, todavia faz o registro
das gerações desde Adão até Noé. Neste período os nomes que se destacaram foram Abel, Enoque e Noé.
Caim se destacou, mas pelo lado negativo, como homicida, e chegou até construir uma cidade (Gn 4:17)
Adão, o primeiro homem, criado diretamente por Deus, tinha tudo para se firmar como um grande líder da

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raça humana, visto que Deus o colocou como “governante, como dominante” de tudo sobre a terra, mas não
correspondeu. Pelo contrário, desobedeceu, pecou. Em vez de influenciar, foi influenciado.

Podemos fazer menção ao nome de Abel, visto que Deus se agradou da sua oferta, como expressa em Gn
4:4: “E Abel também trouxe dos primogênitos das ovelhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e
para a sua oferta”. Notamos que Deus se agradou de Abel, aceitou o seu culto. Jesus falando aos escribas e
fariseus chama Abel de justo (Mt 23:35) ; Podemos ainda nos reportar ao livro de Hb 11:4, em que o escritor
diz: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era
justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala”. Deus deu testemunho
dos seus atos, deixou a sua marca.

Enoque (Gn 5:21-24), parece que foi o melhor homem das primeiras gerações. Numa sociedade quase que
totalmente pecaminosa, Enoque procurou agradar a Deus: “Andou Enoque com Deus e já não era, porque o
Senhor o tomou para si” (Gn 5:24). O escritor aos Hebreus diz: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver
a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes de sua trasladação, alcançou
testemunho de que agradara a Deus” (Hb 11:5). Ora, Enoque casou teve filhos e filhas, inclusive Matusalém,
o homem que mais viveu sobre a face da terra. Certamente Enoque evidenciou-se como líder, visto que
andava em comunhão com Deus e fazia a Sua vontade. Judas, no seu livro, no verso 14, também faz menção
ao nome de Enoque.

Devemos observar que não basta ter comunhão e andar com Deus para ser um líder cristão. Muitos membros
do Corpo de Cristo andam em comunhão, fazem a vontade de Deus e não são lideres. São Salvos. Para a
Obra de Deus, os líderes são chamados. Deus sempre vê alguma coisa no homem que nós não vemos. Deus
não olha a aparência, como por exemplo na escolha de Davi (1 Sm 16:7). Normalmente, o líder se destaca,
aparece, é notado. Abel, Enoque e Noé foram destaques para Deus. Isso é tão evidente que estão registrados
na Bíblia como homens importantes e que agradaram a Deus.

Podemos observar que na ponta, nas últimas gerações antes do dilúvio, aparecem os nomes de Enoque, seu
filho Matusalém, Lameque e Noé, seu filho, bem como os filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. Deus encerrou,
deu cabo dos homens, das gerações pecaminosas, preservando Noé e sua família. Noé como homem que
andava com Deus (Gn 6:9), conseguiu atravessar, transpor o dilúvio. Deus o preservou pela sua misericórdia
e pelo que viu em Noé. Por isso está escrito em Gn 6:8: “Porém Noé achou graça diante do Senhor”.

Os estudiosos entendem que as contagens do capítulo 5 do livro de Gênesis levam a crer ter havido 1.656
anos de Adão até o Dilúvio.

1.2 Período Patriarcal

Nesse período, parece que Deus retoma o rumo da Historia, direcionando-a para a implantação definitiva do
Plano da Redenção Humana, contando com a “participação” de três homens que Ele “selecionou” para
formar a Nação de Israel:
Abraão - Deus chama Abrão (Gn 12) mais ou menos 400 anos depois do dilúvio, para ser o precursor,
porque não dizer, o fundador da uma grande nação que mais tarde se chamaria Israel, da qual Deus
concretizaria o Plano da Redenção. O nome Abrão significa Pai exaltado. Abraão significa Pai de uma

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multidão.
Por que, no meio de tantos homens, Deus chamou Abrão? Ora, Deus conhece a quem chama. Naturalmente
Ele viu em Abrão um líder com o qual poderia contar para o Seu propósito. Deus, mais adiante, fez grandes
promessas a Abrão (Gn 13:14-18). Não restam dúvidas que, como homem, Abrão teve as suas falhas, mas
Deus acompanhava tudo. Todavia ele se houve como um verdadeiro líder, mostrando as suas qualidades
como sendo humilde, determinado, inclusive liderou o resgate de Ló, seu sobrinho (Gn 14:12 e seguintes).
Está registrado, no mesmo capítulo, logo após a batalha vitoriosa de Abrão, o aparecimento de
Melquizedeque, Sacerdote do Deus Altíssimo, confirmando assim a chamada de Abrão. Deus ainda reforça
a promessa a Abrão e depois muda o seu nome de Abrão para Abraão.

A história de Abraão nos faz acreditar que ele foi um grande líder, onde, só pelo fato de obedecer a Deus,
largando a parentela, vivendo em lugares inóspitos, peregrinando, mas sem desanimar, sendo provado mas
aprovado e, por fim, recebendo o título de Pai da Fé. Consta, também, no pódio dos heróis da fé, registrado
na carta aos Hebreus (11).
Isaque - Filho de Abraão, se destacou desde pequeno, convivendo em meio ao conflito da família, por causa
do seu meio irmão, Ismael. Quando já moço, foi pedido em sacrifício, onde Deus provou Abraão. Isaque
mostrou firmeza e obediência quando seu pai foi posto em prova, sendo ele, Isaque, o próprio objeto do
holocausto. Assim, desde criança Deus o acompanhava, fazendo dele um líder na era patriarcal,
qualificando-o, inclusive, na tipologia de Cristo.

Isaque casou-se com Rebeca, por iniciativa de seu pai, porém apaixonou-se à primeira vista. Eles tinham
conhecimento e comunhão com Deus, confiavam no seu Senhor. Conforme Gn 25:21/23, “E Isaque orou
insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca,
sua mulher concebeu”. Observando os relatos bíblicos a respeito de seus filhos Esaú e Jacó, fica
subentendido que o casal falhou como pais. Mas tudo estava no controle de Deus. Em Gn 25:22, Rebeca faz
uma indagação a Deus sobre o que estava acontecendo com sua gravidez, uma vez que ”Os filhos lutavam
no seu ventre...?”, Deus ouviu e assim registra a Bíblia Sagrada: “Respondeu o Senhor: duas nações há no
teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho
servirá o mais moço”.

Apesar de tudo, Isaque foi próspero. Basta ver os incidentes por causa da sua mulher e dos poços em Gerar e
a aliança com Abimeleque, rei dos filisteus (Gn 26). Ele sempre foi obediente e pacífico, Deus o abençoou, e
de acordo com a Bíblia, Gn 35:28/29: “Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos. Velho e farto de dias,
expirou Isaque e morreu, sendo recolhido ao seu povo; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram”. Teve
Isaque o privilégio de viver longos anos, farto de dias, e seus filhos o sepultaram no túmulo da família.

Jacó - O nascimento de Jacó, foi a resposta das orações de seus pais, Isaque e Rebeca. Inicialmente, não
importa se o nome Jacó significasse suplantador, e de certa forma o foi. No episódio do oportunismo para
tirar a vantagem da primogenitura de seu irmão Isaú (Gn 25-27/34). Em outra ocasião, com ajuda de sua
mãe, conseguiu receber de Isaque as bênçãos que eram de Isaú (Gn 27). O próprio Esaú reconheceu que Jacó
era enganador, como exclamou em Gn 27/36: “Disse Esaú: Não é sem razão que se chama ele Jacó?. Pois já
duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora usurpa a benção que era minha...”. Por
causa disso Jacó fugiu, mas Deus estava acompanhando esses fatos. Na visão da escada (Gn 28:10/22), o
Senhor aparece e fala, e faz promessas para ele.

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Jacó também foi enganado por Labão, e com muita fadiga e tempo casou com suas filhas Lia e Raquel.
Depois de muitos anos, Jacó retorna a terra de seus pais; se reconcilia com Esaú; Deus muda o seu nome de
Jacó para Israel, o qual seria pai de uma grande nação, que levaria o seu próprio nome Israel.

As promessas de Deus ao seu avô, Abraão, ao seu pai Isaque e a ele próprio, Israel, se cumpriram de
maneira prodigiosa. Esses três patriarcas são citados constantemente em muitas passagens na Bíblia, desde o
Antigo até o Novo Testamento. O próprio Jesus fez citação desses patriarcas: “Digo-vos que muitos virão do
Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó” (Mt 8:11).

Os patriarcas, apesar das dificuldades da época, souberam administrar os conflitos; não deixaram de adorar e
confiar em Jeová; sabiam da necessidade de fé pessoal em Deus que os guiasse por toda a vida e que os
encorajassem com as promessas divinas. Uma vez que a vontade de Deus se tornasse conhecida só restava o
caminho da obediência. Mesmo vivendo em peregrinação, quase nômades, mantiveram-se firmes,
obstinados e determinados nas suas missões, e conservaram suas identidades com Deus, o Deus que lhes fez
as Promessas.

A Nação Israelita, o cristianismo, a própria história da humanidade, podemos dizer que firmaram suas bases
nos patriarcas, visto que deles procederam os judeus, e dos judeus o cristianismo, através de Jesus,
descendente de Judá.

Não obstantes as fraquezas e limitações que são próprios do homem, que lições podemos tirar desses
patriarcas? - Podemos observar: humildade, coragem, mansidão, obediência a Deus, perseverança, fé e
outras, quando nos detemos mais sobre a vida dos patriarcas.

1.3 Outros Lideres Pós-patriarcal - Antigo Testamento

José – Filho do patriarca Jacó (Israel) com Raquel.

Pelas notas escriturísticas, José era o filho mais amado de Jacó, se não o preferido. Ele possuía um caráter
imaculado, era um jovem de boa aparência e desenvolvia um dom natural de liderança. José sabia
administrar bem as situações adversas. Vendido pelos seus irmão e levado ao Egito foi para casa de Potifar.
Diz a Bíblia: “...tudo o que fazia o Senhor prosperava em suas mãos” (Gn 39:3) e depois lançado na prisão
(Gn 39/40), manteve um comportamento sóbrio e temente a Deus.

Quando apresentado a Faraó para interpretações dos sonhos, José se mostrou humilde e confiante em Deus
conforme Gn 41:61: “Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a
Faraó”. Com estas palavras José se colocou em posição confortável diante do monarca, mostrou firmeza e
coragem, e ainda deu conselhos a Faraó sobre o que fazer para se defender da seca revelada em sonhos (Gn
41:33-36). O monarca reconheceu que José tinha algo que o diferenciava dos outros sábios e assim está
registrado na Bíblia: “Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem
há o Espírito de Deus?”. Toda a corte se dobrou diante do servo do Senhor. Pois, na realidade, Deus estava
com José.

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José soube administrar o longo período de fome sobre aquela região. Sua influencia, coragem, firmeza,
perseverança, fé e humildade, dentre outras qualidades, fizeram de José um grande líder. Foi ele, o agente de
Deus para a preservação do seu povo, quando estabeleceu a ponte para a formação do Estado de Israel,
fazendo o assentamento da casa de seu pai Jacó nas terras do Egito, onde por cerca de quatrocentos anos
eclodia a Nação Israelita. “Mas os filhos de Israel foram fecundos, e aumentaram muito, e se multiplicaram,
e grandemente se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles” (Ex-1:7).

Moisés – Filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi.


Moisés nasceu em um período de muita aflição tendo em vista a multiplicação do povo hebreu, já
escravizado no Egito.

“Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José. Ele disse ao seu povo: Eis que o
povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Eis, usemos de astúcia para com ele, para
que não se multiplique, e seja o caso que, vindo guerra, ele se junte com os nossos inimigos, peleje contra
nós e saia da terra” (Gn 1:6, 9 e 11). O rei ainda deu ordens para matar toda criança do sexo masculino que
nascesse dos hebreus. “As parteiras, porém temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o rei do
Egito; antes, deixaram viver os meninos” (Gn 1:17). É como um paradoxo, embora escravizados e sendo
afligidos, Deus contudo estava no controle da situação e trabalhava pelo seu povo. E nesse tempo de
angustia Deus levantou Moisés.
A vida de Moisés e obras são os assuntos principais, não somente do livro de Êxodo, mas também de
Levítico, Números e Deuteronômio. Moisés se destacou como um dos maiores, se não o maior dos homens
do Velho Testamento e do mundo pré-cristão. O historiador Flavio Josefo conta que Moisés comandou um
exército no sul. Por certo deve ter alcançado poder reputação e habilidade consideráveis. Era um homem
bem preparado e capaz de enfrentar situações adversas.

Moisés sendo criado na corte real do Egito, recebendo a melhor educação que um príncipe deveria receber
no reino, não se deixou impressionar com o refinado conhecimento. Todavia em sua mente estava a
instrução que sua mãe Joquebede lhe dera a respeito do seu povo e do conhecimento de Deus. Certamente
Joquebede lhe contou sobre a origem de Israel e as promessas que Deus tinha feito aos seus ancestrais, e que
Deus os livraria daquela opressão.

Pelo que expõe Estevão no seu discurso antes de ser apedrejado, conforme At 7:20-25, Moisés parecia ter a
intuição de que ele seria usado por Deus para ser o libertador de Israel. E de fato, Deus o usou naquela árdua
missão de levar a cabo, não obstante a rebeldia e desobediência do povo.

Apesar de ser criado no palácio real, Moisés sabia que pertencia ao povo hebreu, e, certamente, estava
sempre em contato com eles, até que certo dia não suportando ver um dos seus irmãos sendo maltratado por
um egípcio, matou-o. Ao tomar conhecimento de que fora descoberto fugiu. Era Deus preparando-o para
uma das mais, se não a mais difícil de todas as tarefas jamais realizada por um homem.
Moisés saiu do Egito com cerca 600 mil homens – Gn 12:37: “Assim, partiram os filhos de Israel de
Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar mulheres e crianças”.
Alguns estudiosos acreditam que toda a multidão era de aproximadamente 2 milhões de pessoas.

Sempre em uma grande multidão há grupos de oposição e críticos, e com Moisés não foi diferente, até seus
irmãos o questionaram (Gn 12). Mas ele se mostrou sóbrio e Deus tomou partido da situação a favor de

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Moises. Diz o versículo 3 do mesmo capítulo: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os
homens que havia sobre a terra”. Essa qualidade, e outras de Moisés, agradavam a Deus que sempre estava
com ele e lhe dava graça para levar adiante Seu Plano.

O líder Moisés, como homem, tinha suas limitações, mas sempre mostrava firmeza diante de situações
difíceis. Teve a humildade de aceitar o conselho do seu sogro Jetro, consoante Ex 18:13-27. Como
verdadeiro líder, Moisés soube ouvir e interpretar.
Moisés é reverenciado como libertador, legislador, intercessor e porque não acrescentamos, o maior líder da
sua época. Não era fácil naquele período da História, onde não existia uma escala de ordem moral ética
firme, um homem libertar milhares de escravos, dando-lhes dignidade e nacionalidade. É bem verdade que
Moisés era amparado por Deus. Mas se Deus o escolheu e o capacitou é porque sabia quem era Moisés e que
poderia contar com ele.

Moisés não apenas aprendeu com Deus as habilidades de liderança mas ensinou-as aos outros, virtude que
todo o líder deve seguir. Havia um contraste muito acentuado entre Moisés e Faraó, Moisés inspirava e
capacitava, isto é, passava a outros as lições; Faraó controlava e manipulava.

Outros líderes

Há muitos outros personagens do Velho Testamento, como Josué, sucessor de Moisés; Calebe, homem
guerreiro e destemido; Débora, juíza e profetisa, mulher que julgou Israel e os livrou das mãos de Jabim, rei
de Canaã; Gideão; Esdras; Neemias; Rute; Daniel e ainda muitos outros que surgiram como profetas,
sacerdotes e reis, os quais exerceram a liderança influenciando povos de sua época.

Davi – Não poderíamos deixar de mencionar Davi, homem que segundo a Bíblia narra: “E, quanto este foi
registrado, lhes levantou como rei Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de
Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade” (At 13:22). Como já falamos
inicialmente, não existe perfeição no homem, mas Deus, segundo o seu designio e soberania, usa quem Ele
quer, como quer, para execução da Sua Obra. E com Davi não foi diferente. Ele tinha, dentre tantas
qualidades, a humildade. É considerado, até hoje, o maior rei de Israel.

Davi começou a despontar sua liderança ainda jovem, quando foi ungido.
Por que nos parece que Deus escolhe líderes que parecem desqualificado? Considere-se as seguintes razões:

1) Para obter a atenção do mundo.

2) Para levar glória a Ele.

3) Para conservar a mensagem simples.

4) Para promover confiança nEle.

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5) Para encher-nos com o Seu Poder.

6) Para mostrar a Sua Soberania.

Daniel - Outro líder jovem escolhido por Deus para mostrar o Seu Poder, a Sua Glória e a Sua Soberania
sobre os “poderosos” da Terra. Temente a Deus, Daniel exerceu sua liderança sobre os jovens cativos de
Judá junto à corte do rei Nabucodonosor, ao ponto de influenciar o oficial do rei quanto à alimentação.

Mostrou o jovem líder: caráter, competência, convicção, coragem, compromisso e compaixão. Ele chegou a
ser governador no reino de Nabucodonosor (Dn 2:49).
Concluindo este capítulo, devemos salientar que os personagens citados até agora tiveram pouca ou
nenhuma referência e escola para praticar e levar adiante as suas tarefas, a não ser a fé, a obediência, a
humildade, a perseverança dentre outras virtudes. É verdade que alguns cometeram o que se pode chamar de
“alguns deslizes” mas, pela misericórdia de Deus, não comprometeram a missão que lhes fora dada. Eles
sempre estavam voltados para Deus e para Suas Promessas. Sem dúvida, nos legaram muitas lições.

III – LIDERANÇA NO NOVO TESTAMENTO

As promessas da Redenção e do nascimento do Messias vêm desde o Éden (Gn 3:15) e se estendem por todo
o Velho Testamento. O profeta Isaias descreve com muita clareza o nascimento, a crucificação e a
ressurreição de Jesus. Porém Isaias profetiza também a respeito de João Batista, segundo narra São Marcos
em seu Evangelho: “Conforme está escrito na profecia de Isaias: Eis aí envio diante de tua face o meu
mensageiro, o qual preparará o teu caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas” (Mc 1:2-3).

João Batista - primo de Jesus preparou o caminho para o Messias, Sua pregação era sem rodeios e
contundente, falava com autoridade quando convocava o povo ao arrependimento. Assim pregava João
Batista até apresentar Jesus como “...o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo)” (Jo 1:19).

João Batista exerceu uma liderança corajosa, convicta e decisiva. Ele aplicou a lei da influência, da qual
adiante nos reportaremos, e convenceu muita gente. João Batista não persuadiu, mas convenceu, pois
apresentava firmeza e segurança nas suas palavras. Ele também aplicou a lei do respeito, pois foi humilde
quando falou de Jesus.
Como Mensageiro de Deus, João Batista cumpriu o que lhe estava determinado e, ao seu tempo, demonstrou
uma liderança corajosa.

Jesus – Obviamente, sem qualquer comparação ou crítica, o maior de todos os líderes, dentro das escrituras
e fora dela, em todos os tempos, foi o Senhor Jesus, no qual toda a liderança cristã está baseada, tanto na sua
escola como no seu exemplo.
Jesus foi submisso e obediente ao Pai. Deu exemplo de humildade, amor, compaixão, justiça e mansidão.
Jesus exerceu seu ministério com sabedoria e autoridade. É notório que o Espírito do Senhor estava com Ele,
como diz Lc 4:18: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres;

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enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos”. Ma Jesus exerceu o seu ministério como homem. Ele foi cem por cento homem e cem por cento
Deus, todavia padeceu e sofreu como homem.
Jesus se intitulou como o Bom Pastor. No Evangelho de João, capítulo 10, Ele dá uma aula sobre o que é ser
pastor e o que é ser mercenário. Em outras palavras, o verdadeiro pastor e o falso pastor, uma vez que as
ovelhas conhecem a voz do seu pastor. Em determinado momento, chagou a exclamar: “Eu sou o bom
pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”, e ainda: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim” (Jo 10:11 e 14). É claro que Jesus estava usando ovelhas animais para
fazer uma comparação de como um bom pastor, um líder cuida e protege suas ovelhas, e se necessário, até
dá a sua vida por elas. Quem lidera, quem pastoreia trabalhando na obra do Senhor, tem que ser conhecido e
conhecer suas ovelhas; cuidar com zelo, com amor, mansidão, compaixão e compreensão.
Se as ovelhas seguem o seu pastor, é porque ele atende as necessidades delas. As ovelhas, isto é, as pessoas
se sentem bem com o seu líder. Ele exerce influencia sobre seus liderados ou sua equipe.

Liderando uma equipe de 12 homens, seus discípulos, Jesus atraiu para si, praticamente todo o Estado Judeu,
inclusive as autoridades religiosas. O seu modo de agir e de falar contagiava as pessoas e as deixava
desejosas de sempre estar com Ele, pois Sua Palavra e Seu ensino satisfaziam aos anseios do povo. É claro,
Jesus encontrou oposição, foi criticado e questionado, mas de todas as situações tirou proveito e se saiu
muito bem, ao ponto de afirmarem: “Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7:46).
Falar sobre o que Jesus fez, de seus atos, sua influência, seus ensinos neste breve ensaio, é tarefa difícil,
senão impossível, mas podemos ver que ao longo do seu ministério, três anos apenas, Jesus nos deixou
grandes lições sobre liderança. Então, toda a liderança cristã deve estar baseada nos ensinos e exemplo que
Jesus deixou registrados na Bíblia Sagrada, a Bendita Palavra de Deus.

O LÍDER COMO PASTOR

Eu tinha terminado de almoçar com Bob Guyton, diretor executivo de uma importante instituição bancária.
Quando saímos do refeitório dos executivos, passamos por uma série de escritórios. O banqueiro parou para
cumprimentar a recepcionista, e perguntou-lhe sobre a saúde do marido, que ele sabia estar hospitalizado.
Depois, quando chegamos ao elevador, cumprimentou, pelo nome, dois funcionários do banco que o
estavam esperando lá. Finalmente, já em frente ao banco, chamou o guarda pelo nome e perguntou pela
esposa, citando também o nome dela. Centenas de pessoas devem ter trabalhado naquele banco; no entanto,
aquele executivo de posição tão elevada sabia o nome de cada uma delas! Saí dali boquiaberto, não tanto por
constatar sua boa memória, mas, principalmente, por ele saber todos aqueles nomes. Ele conhecia não
apenas os executivos, mas também os que costumamos chamar de “João-Ninguém”. E pelo que dizia a cada
um, pude perceber que ele sabia muito mais do que apenas seus nomes; ele os conhecia como pessoas, como
indivíduos com suas diferentes personalidades e seus próprios problemas. Recordo-me de ter, naquele
momento, pensado que o Bob era, de certo modo, um “bom pastor”. Jesus disse: “Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim e eu conheço
o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.14-15).

Conhecendo as Ovelhas

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Embora ocupado e cheio de responsabilidades, aquele executivo conhecia suas “ovelhas”. Ele demonstrava
interesse por elas e por suas famílias. Há muito eu já sabia de sua capacidade nos negócios, mas esse
incidente fez me apreciá-lo numa perspectiva nova, muito mais ampla. Ao contrário, um outro episódio veio
a revelar-me outro tipo de “pastor”.

Um certo domingo, a saída do culto, eu estava ao lado do pastor de uma igreja muito prestigiada. Ele
apertava a mão de cada um dos membros, cumprimentando-os amavelmente com um sorriso e um cordial
“como tem passado”? Pelo menos umas doze vezes o pastor disse: “Ah, muito bem”, antes que a pessoa
tivesse tido tempo sequer de responder. Imediatamente sua mão era estendida para a pessoa seguinte da fila,
sempre com o mesmo sorriso e a mesma saudação. Quando chegou a vez de uma senhora de idade, o pastor
disse: “Espero que a senhora esteja passando bem hoje”. A senhora, baixinha e de fisionomia bastante triste,
respondeu rapidamente: “Meu marido ficou doente durante a noite de quinta-feira e eu tive que chamar a
ambulância. Ele ainda está na UTI...”. “Sim, é muito bom vê-la aqui esta manhã”, disse o pastor
alegremente. “É sempre uma satisfação tê-la aqui para o culto.” E imediatamente estendeu a mão para a
pessoa seguinte. Quase não pude acreditar no que tinha ouvido. Senti-me constrangido porque o pastor não
tinha sequer ouvido o que ela havia dito; fiquei chocado com tanta insensibilidade, e magoado pelo que
havia sido feito àquela senhora. Meio desajeitada mente, tentei remediar a situação, embora, sendo um
visitante, não desejasse me envolver demais. “Como se chama seu marido?” perguntei. “Gostaria de incluí-
lo em minhas orações todos os dias desta semana”. Não é minha intenção julgar o pastor. Posso
compreender que, com uma congregação de mais de 2000 pessoas, assistentes e auxiliares sobrecarregados,
e levando sobre os ombros o peso de tamanho fardo, provavelmente o pastor não tem como conhecer cada
pessoa da fila.

Pode acontecer, também, que ele estivesse com problemas pessoal naquele dia, ou ansioso a respeito de
algum evento que estava para acontecer. Mas, mesmo assim, saí da igreja com uma impressão totalmente
diferente da que me fora deixada pelo banqueiro. Este conhecia suas ovelhas. O pastor não conhecia as suas.
Pior ainda, senti que ele não fazia questão de conhecê-las. Quando Jesus falou sobre seu relacionamento
com suas ovelhas, deu a impressão de saber muito mais do que os seus nomes. Para Jesus, conhecê-las
significa amá-las.

Pastores sem Amor?

Um coração sem amor não conhece as suas ovelhas. Para aqueles pastores sem amor, as ovelhas não passam
de números em um fichário, membros registrados nos livros, empregados na folha de pagamento, estatística
de que possam se orgulhar. Talvez seja nesses termos que tais pastores se refiram a suas ovelhas:

“Nosso rol de membros cresceu 20% este ano”.

“Temos mais empregados e fazemos o dobro dos negócios que o nosso mais forte concorrente está
fazendo”.

“Levantamentos indicam que 83% dos canadenses reconhecem nossos produtos”.


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Vivemos numa sociedade que dá maior ênfase aos números. Programas de TV variam de acordo com o
ibope; as pessoas julgam os méritos da igreja local pelo seu tamanho; uma companhia considera-se bem-
sucedida se os produtos de baixa cotação conseguem uma saída superior à do último relatório. O resultado
disso é que bons programas de TV saem do ar por causa dos números. Nas igrejas, o ensino, a comunhão
entre os irmãos, a espiritualidade e a adoração muitas vezes não parecem tão importantes quanto o total de
membros. E a qualidade dos produtos e dos serviços de uma companhia fica em segundo plano
relativamente aos lucros.

O Estilo de Jesus

Líderes que só se preocupam com estatísticas nem chegam perto do estilo de liderança de Jesus.

Ele conhece intimamente suas ovelhas. Seu amor por elas não é um conceito abstrato nem pode ser
substituído por clichês do tipo “eu amo meu povo”.

Seu amor pelas ovelhas, embora coletivo, é, também, individualizado; ele conhece seu rebanho porque
conhece cada membro individualmente.

Como é que as ovelhas de Jesus o conhecem? Não é através de um encontro casual, não é apenas
intelectualmente, nem é por entenderem algumas verdades sobre sua liderança — mas por sentirem o amor
que o Bom Pastor tem por elas.

Na qualidade de ovelha, Posso ter dúvidas e sentir medo; mas quando vejo o Líder, o Pastor, minhas dúvidas
e receios se dissipam. Correspondo ao amor e ao cuidado que o Pastor tem por mim. Vejamos como eram os
pastores e as ovelhas do tempo de Jesus. Os pastores da Palestina punham a segurança de suas ovelhas
acima da sua. No Velho Testamento, por exemplo, Davi matou um leão com suas próprias mãos quando esse
predador tentou atacar suas ovelhas. Conhecendo esse cuidado e esse compromisso dos pastores com seus
rebanhos, podemos compreender melhor a metáfora que Jesus usou ao chamar-se de O Bom Pastor. O Bom
Pastor colocou as necessidades das suas ovelhas em primeiro lugar, chegando ao extremo de dar sua vida
por elas. Jesus citou Zacarias 13.7 quando predisse sua morte a seus discípulos. “Esta noite todos vós vos
escandalizareis comigo; porque está escrito”: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas” (Mt
26.31). Mas, contraditoriamente, foi a morte do

Bom Pastor que garantiu a segurança de suas ovelhas.

Ele, voluntariamente, deu sua vida pelo seu rebanho.

E isso ressalta outro princípio próprio do estilo de liderança de Jesus.

BONS PASTORES CONHECEM SUAS OVELHAS;


BONS LÍDERES CONHECEM SEUS SEGUIDORES.

Se esse conceito nos parece estranho, a razão disso, provavelmente, seja que a maioria de nós considera líder
a pessoa que está na frente, o estadista de alto escalão, o grande general, aquele que puxa o desfile —
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alguém bem distante dos seus seguidores. Assumir o “comando” é apenas um dos aspectos da liderança,
porque os verdadeiros pastores servem e dão tudo de si mesmos.

Jesus Cristo chama os líderes para servirem, embora a maioria de nós prefira comandar e deixar que as
ovelhas nos sigam, se quiserem. Apesar de ele nos chamar de servos, preferimos dar ordens.

Os Pastores Vivem Constantemente se Movimentando

Os bons pastores estão sempre á procura de melhores oportunidades e pastos mais verdes para onde
conduzir seus rebanhos. Levam suas ovelhas para Águas tranqüilas onde a violência, as pressões e as
facções não as perturbam. Mas nem todos os pastores agem com tal sabedoria.

Vamos tomar como exemplo uma das maiores cadeias de lojas dos Estados Unidos. Ela já foi uma das mais
importantes, quase encabeçando a lista das melhores, mas decaiu principalmente porque não conseguiu se
manter à frente das mudanças trazidas pelos tempos modernos.

Os diretores da sua maior concorrente, entretanto, estudaram com toda atenção a elevação do poder
aquisitivo dos compradores e elevaram o padrão de suas lojas.

Esta cadeia permaneceu forte, mesmo tendo diversificado suas atividades. Atualmente o grupo tem banco,
imobiliária e seguradora, mas mantém ainda o ramo de vendas a varejo, e vem obtendo sucesso em todas
essas operações.

Os diretores dessa segunda cadeia de lojas alcançaram tal sucesso porque estavam “com tudo”. Na
linguagem comercial isto significa ser inteligente, atualizado, estar aberto as mudanças e ser sensível às
necessidades das pessoas. Ao promover o bem-estar e progresso do seu rebanho, o verdadeiro pastor está ao
mesmo tempo “com tudo” (mostra inteligência, percepção, atualização) e “conosco” (mantém o contato
individual com o rebanho). A propósito, um dos títulos de Jesus é Emanuel, que significa “Deus conosco”.
Isso significa que, ao mesmo tempo em que nos lidera, ele jamais nos deixa ou abandona, por mais difícil
que seja o caminho que temos de trilhar. O verdadeiro desafio dos líderes hoje é combinar essas duas
qualidades. Precisamos desse toque da intimidade, ao mesmo tempo em que dizemos: “Vamos em frente!”
As palavras finais de Jesus aos discípulos, contém tanto uma coisa como a outra. Ele os enviou dizendo:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os
dias até a consumação dos séculos”. (Mt 28.19,20).

Eles estariam indo em frente — mas Jesus caminhando lado a lado com eles.

Os Riscos de ir em Frente

Jesus tinha um plano de ação. Ele nunca pretendeu que seus seguidores permanecessem amontoados num
grupinho em Jerusalém. No entanto, ou eles não entenderam bem a Grande Comissão, ou, então, não
quiseram obedecê-la imediatamente. Diz o Livro dos Atos que os discípulos permaneceram em Jerusalém.

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Talvez ficassem satisfeitos de continuar lá para sempre, mas o Bom Pastor não ia permitir que seu rebanho
se enfraquecesse num lugarzinho do Oriente Médio. Lucas explica: “Naquele dia levantou-se grande
perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os Apóstolos, foram dispersos pelas regiões da
Judéia e Samaria” (At 8.1) Talvez os apóstolos jamais tivessem saído, arriscando-se pelo mundo, se Jesus
Cristo não tivesse permitido que a perseguição os espalhasse para longe. Com a partida deles, a fé foi-se
estendendo por todo o mundo civilizado, fazendo com que no ano de 325 AD o cristianismo se tornasse à
religião oficial do Império Romano. Transpondo esse conceito para o mundo dos negócios ou da igreja,
vemos que o estilo de liderança de Jesus implica em riscos. O líder põe-se diante de seus seguidores,
empregados, acionistas ou membros da igreja, visualiza o potencial existente num novo empreendimento e
diz: “Vamos em frente”.

O Pastor Visionário

Em meados dos anos 70, um jovem vendedor de produtos farmacêuticos, chamado Stan, visitava médicos e
hospitais, empenhado na realização de seminários sobre saúde destinados ao publico em geral. Alguns anos
mais tarde a idéia de Stan se tornou uma pratica-padrão adotada por muitos dos hospitais americanos. Mas
Stan tinha outra idéia além dessa: medicina preventiva. Ele surgiu com um plano brilhante de trabalhar com
as empresas a fim de incentivar os empregados a prevenir as doenças. Suas pesquisas revelaram que os
empregados faltavam muitos dias no ano, acarretando com isso prejuízos financeiros para as empresas, e que
muitas dessas faltas poderiam ser eliminadas. Montou um plano de ação bem flexível, incentivando as
pessoas a perderem peso e praticarem exercícios físicos. Isso iria custar dinheiro às empresas, mas ele podia
provar que, a longo prazo, a medida acabaria representando uma economia de gastos. Stan levou seu plano a
mais de 700 empresas. Mas nenhuma delas queria se arriscar. Todas apresentavam varias razões para dizer
que não viam valor algum naquele programa. No começo da década de 80, porém, algumas das grandes
companhias começaram a aderir ao seu conceito de medicina preventiva. O problema que Stan teve de
enfrentar é comum.

Líderes dotados de visão. Eles têm a capacidade de enxergar além, de imaginar coisas que as ovelhas
precisam ver para crer. Eles podem prever as curvas do caminho, os desvios, as mudanças de rota. Às vezes,
tem de abrir caminho, não importa se os outros estejam vendo a passagem ou não. O versículo-chave aqui
encontra-se no Evangelho de Lucas: “E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser
assunto ao céu, manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc 9.51). Como se
pode ver nos versículos seguintes, os discípulos não entenderam o que estava acontecendo. Eles estavam
pensando em mandar fogo para destruir a cidade. Jesus, porém, estava antevendo o calvário. Embora os
líderes precisem ser visionários, percebendo o que os outros ainda não viram, é necessário que tenham
cuidado para não andarem depressa demais. Os pastores, mesmo os dotados de visão, devem ter sempre no
coração o bem-estar do rebanho. Nada me soa pior aos ouvidos do que ver os membros de determinada
igreja referirem-se ao pastor, visionário e ambicioso, nesses termos: “Ele está construindo um império”.

Construir um império é muito perigoso. Uma das firmas pioneiras na produção de computadores veio a falir
por ter ultrapassado suas próprias limitações. Um dos representantes da companhia disse mais tarde: “Ele (o
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inventor e presidente) queria ser o maior, mas não fez questão de ser o melhor. Não se preocupou quando os
empregados se demitiram, porque pensou que iria encontrar outros tão bons como aqueles.”

Equilíbrio

Qualquer que seja nossa área de liderança, não podemos prescindir de estar com nossos companheiros de
trabalho, empregados, membros da nossa igreja ou comunidade, membros da família, de modo a fazê-los
sentir que nos importamos com eles. Não podemos ser o melhor amigo de todo mundo, mas podemos estar
abertos e nos colocarmos à disposição das pessoas. O presidente de uma grande cadeia de restaurantes, por
exemplo, adota uma “política de porta aberta”. Qualquer pessoa da empresa pode falar comigo quando
quiser’, diz ele; e seus empregados sabem que é verdade. Ele é um homem muito ocupado, mas não tão
ocupado que não possa ouvir os outros. Sua empresa, ligada a um ramo em que as mudanças gerenciais
chegam a 50% ao ano, apresenta, em igual período, um índice inferior a 5% de rotatividade de pessoal. Mas
um bom líder sabe como manter um relacionamento equilibrado com seus liderados, de modo a impulsioná-
los para a frente.

A maioria das pessoas preferem descansar um pouco, permanecer confortavelmente onde estão. Assim que
se adaptam a um estilo de vida, não se sentem motivadas a ir além ou tentar coisas novas. O verdadeiro líder
diz com freqüência: “Adiante! Marche!”. Jesus sabia como manter esse equilíbrio. De um lado, ele prometeu
aos discípulos que eles teriam sua presença e consolo através do Espírito Santo. Mas, ao mesmo tempo, fez
com que olhassem além daquela pequena cidade do Oriente Médio e visualizassem o mundo todo. Lucas
registra suas palavras, que esclarecem bem esses dois princípios: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós
o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra” (At 1.8).

O que Caracteriza um Bom Pastor?

Como cresci no Oriente Médio, pude observar bem de perto o carinhoso relacionamento que existe entre o
pastor e suas ovelhas. Na cultura ocidental e preciso viajar um bocado para se encontrarem ovelhas, e
mesmo quando as encontramos, as técnicas modernas de criação em massa não nos ajudam muito a
compreender a imagem vívida que Jesus usou para explicar seu estilo de liderança.

A recompensa que o pastor tem de seu trabalho é ver suas ovelhas satisfeitas, bem alimentadas, saudáveis e
em segurança. Ele gasta sua energia não para ser considerado um bom pastor, mas para proporcionar ao
rebanho o melhor pasto, a erva mais fresca, para encontrar água límpida, para guardar ração para o inverno.
O bom pastor não mede esforços para preparar um abrigo contra as tempestades. Está sempre alerta contra
os inimigos cruéis, contra as doenças e os parasitas a que as ovelhas são tão suscetíveis.

De madrugada até ao anoitecer, esses bons pastores dedicam todo o seu tempo ao bem estar de seu rebanho.
Nem chegam, sequer, a descansar durante a noite; dormem com um olho e os dois ouvidos bem abertos,
prontos para proteger suas ovelhas ao menor sinal de perigo.

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Quando Jesus se intitula o Bom Pastor, ele não está apenas se proclamando um líder a mais. Muitos dos
líderes religiosos de seu tempo diziam-se pastores de Israel, mas Jesus viu sua hipocrisia, seu egocentrismo,
sua incapacidade para liderar e defender seu rebanho. O que Jesus realmente estava dizendo era: “Eu sou o
Pastor por excelência! Sob minha liderança vocês vão encontrar proteção, companheirismo, sustento”. Toda
a responsabilidade recai sobre seus ombros largos. Seu imenso coração é todo ternura. Não há superioridade
nem frieza. Suas ovelhas não vão ter um pastor assistente para atender o telefone. Ele é o Bom Pastor. Amar
as ovelhas é o seu estilo.

CORAGEM

Maomé tem atualmente milhões de seguidores pelo mundo a fora, e o islamismo é uma das religiões que
crescem mais rapidamente. Logo que começou, entretanto, o número de convertidos era muito pequeno.
Quase ninguém entendia o que Maomé estava dizendo. Nos seus escritos ele abriu o coração sobre a bênção
que era encontrar alguém que cresse nele. E prometeu para os primeiros adeptos uma infinidade de bênçãos.
Tem surgido um sem número de líderes, religiosos ou seculares, sempre prontos a subornar seus primeiros
seguidores. Estou usando a palavra “subornar” aqui no sentido de que eles pagam pela adesão com
promessas de bênçãos ou favores, ou tentando convencê-los de que são pessoas especiais. Essa é a maneira
mais freqüente para se iniciar qualquer tipo de movimento, negócios ou outras atividades que demandem
crescimento numérico. Esses líderes, depois de se empenharem com afinco para conseguirem os primeiros
adeptos, estimulam-nos, despertam neles um grande entusiasmo, de modo a fazer com que o movimento se
auto-propague. Mas Jesus não fez grandes promessas quando começou seu ministério. Segundo a Bíblia,
quando chamava seus seguidores, limitava-se a dizer-lhes: “Segue-me” (Jo 1.43). Mais surpreendente ainda
é o fato de que ele não usava qualquer tipo de influência para promover sua causa. João conta a história de
Nicodemos chegando à noite para visitar Jesus. Ele descreve Nicodemos como sendo um dos fariseus, “um
dos principais dos judeus” (Jo 3.1). Do que ficou escrito podemos inferir que Nicodemos pertencia à
hierarquia judaica. Ao mencionar que ele era um fariseu, membro de uma seita religiosa das mais
conservadoras, cujo nome significa “aqueles que são separados”, João tenciona chamar a atenção dos
leitores para o fato de que aquele homem que estava procurando Jesus não era uma pessoa qualquer.
Imaginem que dividendos renderia tê-lo como um dos primeiros a se converter! Com que orgulho Jesus
poderia ter-se jactado: “Tenho discípulos no alto escalão”. Não é estranho que Jesus não tenha dado a
Nicodemos uma recepção maior e mais importante do que a qualquer outro? Ele não tentou nenhum tipo de
persuasão e nem fez nenhuma promessa; não dispensou, tampouco, palavra alguma de elogio ou que
demonstrasse ter reconhecido o “status” daquele homem. Jesus ouviu as palavras gentis de Nicodemos:
“Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes,
se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2).

Quando Nicodemos parou de falar, Jesus não disse:

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“O senhor chegou ao lugar certo. Continue fazendo o melhor que puder”. A presença de um dos grandes de
Israel também não intimidou o Senhor. Ele não disse aquilo que muitos dos líderes cristãos atuais dizem
quando falam com não-cristãos, principalmente aos que vêm de outras religiões como o budismo, o
islamismo, o hinduísmo ou o espiritismo: “Você” conhece uma parte da verdade e nós estamos com a outra
parte, e, afinal, estamos todos lutando juntos”. Jesus olhou de frente para aquele líder religioso, competente
e conceituado, e disse-lhe apenas: “É preciso nascer de novo”. Não disse a Nicodemos aquilo que ele queria
ouvir, nem o elogiou por ter vindo vê-lo, ou ouvi-lo. Tampouco procurou influenciá-lo para que se tornasse
um dos seus discípulos. Em vez disso, transgrediu todas as boas normas de marketing, fazendo a Nicodemos
uma exigência espiritual.

Nada de Transigências

De acordo com os padrões de muitos dos líderes atuais, Jesus cometeu um grande erro quando falou com
Nicodemos.

Qualquer curso de marketing de que já ouvi falar ensina que a primeira coisa que o vendedor tem de fazer é
ser agradável com o comprador em perspectiva; é instruído a usar de lisonja ou adulação, a procurar algum
ponto positivo ou de interesse do outro, e tecer comentários favoráveis em torno dele. Aprende também a
mostrar cordialidade e abertura. E, acima de tudo, deve manter sempre um sorriso.

Muitos líderes, quando diante dos chefões e os poderosos deste mundo, tendem a diluir suas convicções —
ou, pelo menos, falar delas com o maior cuidado, enfeitando-as e tornando-as o mais aceitável possível.
Evitam ao máximo desapontar as pessoas principalmente no primeiro encontro. Jesus não respeitou essas
regras. A hora escolhida por Nicodemos para encontrar-se com Jesus indica que um homem na sua posição
havia de sentir-se envergonhado de ser visto em público com aquele novo rabi controvertido, de nome
Jesus. Os fariseus se aproximavam de Jesus de uma maneira condescendente, quase que ostensiva.
Nicodemos representa muita gente na nossa sociedade de hoje que julga estar prestando enorme honra ao
cristianismo quando declara:

“Nós — autoridades nas letras, árbitros do bom-gosto, representantes da opinião pública, jornalistas,
escritores de revistas e outras publicações, comentadores e editores da TV, líderes dos movimentos sociais e
filantrópicos — reconhecemos que Jesus foi um grande Mestre”.

Todavia, por mais ostensiva e condescendente que a atitude de Nicodemos tenha sido, a sua percepção
mesquinha de quem era Jesus não mudou uma vírgula na atitude de “braços-abertos” do Senhor. Nem
deveria a atitude de condescendência de nossa sociedade tornar-nos superiores ou amargos.

Como foi que Jesus conseguiu, ao mesmo tempo confrontar Nicodemos com coragem sem, contudo, deixar
de amá-lo? Vamos examinar bem de perto que estilo de liderança Jesus revelou naquela noite. Na qualidade
de um jovem rabi de Nazaré, sem nenhum diploma ou respaldo das autoridades, Jesus se deparou com uma
oportunidade rara de penetrar bem no centro do Sinédrio. Não poderia haver nada mais agradável para um
jovem e ardente líder espiritual do que ter, por parte dos homens sábios e influentes, o reconhecimento de
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ser ele também um mensageiro de Deus. Só depois de anos de ministério, ele poderia vir a receber
reconhecimento e elogios a valer, mas não no inicio. Jesus poderia ter sido absorvido pela lisonja. Poderia
ter dito: “Estou honrado com sua presença aqui”, ou então, “é um grande privilégio para mim”, ou, ainda,
“estou satisfeito que tenha reconhecido que fui enviado por Deus”. Isso faria muito sentido se o que o jovem
rabi estivesse procurando fosse apenas reconhecimento. Falando da maneira com que falou, Jesus mostrou
coragem, audácia e compaixão. Não se preocupou em ir contra o “sistema” e nem ridicularizou Nicodemos.
Alguns líderes tentam construir seus impérios rebaixando, ridicularizando, zombando, usando de sarcasmo,
mantendo secreta uma grande animosidade. Jesus não usou de nenhum desses recursos.

Aqui Jesus demonstrou que seu estilo de liderança é tão versátil quanto precisa ser para cada ocasião que
surge. Quando a multidão estava reunida no templo, Jesus não hesitou em expressar publicamente sua ira
para com os vendilhões que haviam profanado a casa do Senhor. Mas com Nicodemos agiu mansamente. Na
quietude da noite não hesitou em manter um debate firme, contudo paciente, com ele. Não faz muito tempo,
assisti pela televisão a um debate entre um líder cristão e um conhecido humanista. Fiquei triste ao ver o
líder cristão muito mais empenhado em conquistar a aceitação do público do que apresentar com firmeza as
palavras de Cristo. Quanto mais insistentes se tornavam às perguntas do auditório, mais enfraquecida se
tornava à mensagem de Cristo por ele transmitida. A sociedade recebe de braços abertos os elementos da
igreja que aceitam sem relutância todos os tipos de crença. Nossa cultura é receptiva aos líderes de igreja
que não fazem exigências morais rigorosas. O mundo atual parece sempre disposto a receber uma
cristandade sem força moral, irresoluta, que vê Deus em tudo e tudo em Deus. Mas esse não é o estilo de
liderança de Jesus. O estilo de liderança de Jesus exige coragem — para falar a verdade em amor. Há uma
diferença entre amor e transigência. Se alguma coisa aprendemos do estilo de Jesus, é que a verdade vem
acima de tudo. Jesus nunca lançou mão de meios escusos para conseguir “vender mais”. Ele não facilitou as
coisas com promessas. Às vezes, chegou mesmo a desencorajar candidatos a segui-lo, mostrando as
dificuldades e o preço do discipulado. Não desejava que abraçassem a nova fé ignorando o que o futuro
reservava para os seus seguidores.

Os Espinhos da Coragem

Uma amiga nossa trabalhou vinte anos como agente no setor de reserva de passagens de uma das maiores
companhias aéreas do mundo. Nos dois últimos anos, por três vezes teve problemas com seus supervisores
por causa da sua honestidade.

Como a companhia começou a controlar as chamadas feitas de fora, descobriram que Bárbara tentava
passar aos clientes informações completas sobre o serviço e os preços. Se um cliente precisasse voar dentro
de determinado horário e a companhia não tivesse nenhum vôo marcado para a ocasião, ela procurava
informação com as companhias rivais e a passava ao cliente. Certa feita chegou mesmo a dizer a um dos
clientes que, naquele vôo, seria mais econômico para ele viajar por outra companhia.

Bárbara sentia que era preciso demonstrar integridade, embora estivesse também interessada em que sua
companhia tivesse lucro. Ela poderia ter perdido o emprego. Mas conseguiu mantê-lo até se aposentar

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porque a companhia recebia cartas de clientes falando bem a seu respeito. Todos eles faziam questão de
agradecer à companhia pela honestidade encorajadora daquela funcionária. Uma das cartas dizia: “Já viajei
muito e nunca vi ninguém sugerir outra companhia a não ser que eu insistisse muito. Ela forneceu aquela
informação voluntariamente. Quero que os senhores saibam que daqui por diante viajarei exclusivamente
pela sua companhia.”

Até à aposentadoria continuou ouvindo palavras de desagrado do seu supervisor. Mas ela disse que até
preferia ter anotações depreciativas em sua ficha pessoal do que agir desonestamente com as pessoas.
Infelizmente, essa companhia aérea não incentivou seus funcionários a seguirem o exemplo de Bárbara —
mas permitiu que ela trabalhasse dentro de seu próprio esquema, porque compreendeu que estava sendo
beneficiada com isso. Se esse esquema traz vantagens ou não, o fato é que os verdadeiros líderes têm um
posicionamento definido em relação aquilo em que crêem . Esta é a opinião de um líder sobre o assunto: “Se
transijo com um princípio para agradar alguém, como é que vou estabelecer os meus padrões”?

A Coragem de Cristo

Em lugar algum da Bíblia vemos Jesus pedir a seus seguidores que tenham uma grande coragem. Em
nenhum lugar Ele disse: “Jamais transijam com seus valores”. Ele não precisava dizê-lo! Seu exemplo era
suficiente.

No segundo capitulo de João, por exemplo, nosso Senhor manteve seu posicionamento contra todos os
líderes judeus do seu tempo, porque eles haviam transformado sua casa numa casa comercial. Ele os enxotou
com açoites e virou suas mesas. Repreendeu-os duramente por sua corrupção. Numa ocasião, quando eu
estava ensinando sobre esse texto, um jovem promissor aluno, homem de negócios, interrompeu: “Sempre
achei isso aí a coisa mais tola do mundo. Ele fez isso, mas no dia seguinte o pessoal voltou, colocou as
mesas de volta no lugar e continuou a fazer a mesma coisa”. Antes que eu pudesse replicar, uma jovem
dona-de-casa retrucou: “Às vezes temos que agir simbolicamente. Jesus não podia limpar o templo todos os
dias. E nem pretendia fazê-lo. Ele poderia ter passado todo o seu ministério procurando meios de derrubar as
mesas e enxotar os vendilhões.

“Mas ele usou aquela ação como um meio para atingir toda a nação judaica; com aquele ato tão significativo
ele mostrou a todos aquilo em que cria e o que ele próprio representava”.

Eu, certamente, não teria tido melhor resposta do que essa.

Não precisamos de mais moralistas na nossa sociedade atual; o mundo está cheio deles. Precisamos, sim, de
líderes que nos conduzam corajosamente, que conheçam a verdade e a proclamem sem medo. Não
precisamos que nos digam quais são as nossas abnegações; precisamos da coragem de Cristo para fazer
aquilo que já sabemos muito bem que devemos fazer.

Coragem na Luta

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Certo líder disse: “Os líderes escolhem suas próprias batalhas. Mas não podem vencer todas elas. Estão
sujeitos a perder algumas durante a campanha, mas podem vencer a guerra”.

A liderança é, muitas vezes, uma batalha, e a luta requer coragem. Ter coragem não significa nunca sentir
medo ou vacilar; não quer dizer que você nunca vai se sentir confuso, nem perguntar: “Oh Deus! será que é
certo o que estou fazendo?” Ter coragem é fazer o que é certo, independente das conseqüências.

Martinho Lutero, o ardente reformador do século XVI, foi um homem de muita coragem. Ele desafiou a
igreja daquela época, o papa e outros líderes religiosos e seculares. Em 1521 apareceu diante da Dieta
Germânica, na cidade de Worms, e, embora tivesse a promessa de ser protegido, sabia muito bem que estava
arriscando a vida. A mesma promessa tinha sido feita a João Huss um século antes, e ele tinha sido
queimado na fogueira. Os líderes da igreja prometeram a Lutero perdoá-lo caso se arrependesse dos “erros”
e voltasse à “fé verdadeira”. Lutero sabia que essa promessa tinha pouco valor, porque para eles uma
promessa feita a um herético não precisava ser cumprida. Ele conhecia a história dos dois séculos anteriores,
quando mulheres de cristãos tinham sido torturadas, e muitos outros mortos durante a infame Inquisição
Espanhola. Lutero conseguiu chegar à corte em segurança, mas foi-lhe negada a oportunidade de defender
suas teses. Em vez disso, apresentaram-lhe uma lista dos “erros” nelas contidos. Mesmo sabendo que a corte
podia decidir sobre sua vida ou morte, quando instado a dizer se se retrataria, sua resposta foi:

“A menos que eu esteja convencido do erro através do testemunho das Escrituras (já que não deposito fé na
autoridade insustentável do papa e dos concílios, porque está claro que eles tem errado muitas vezes e que,
também, muitas vezes tem entrado em contradição uns com os outros), e com as Escrituras para as quais
apelei, não poderei me retratar e nem me retratarei de nada, porque agir contra a própria consciência não
é certo, nem nos é permitido. Por isso mantenho minha posição. Não posso agir de outra forma. Que Deus
me ajude. Amém”. (T.S. Lindsay, A History of the Reformation, Charles Scribner’s Sons, p.257).

Através dos séculos homens de Deus tem assumido seu posicionamento.

Mantiveram-se firmes em nome da verdade, da integridade e da justiça, qualquer que tenha sido o seu
campo do trabalho.

A Coragem em Ação

Alguns anos atrás, havia na Austrália um líder cristão — vamos chamá-lo de Jim — , que trabalhava para o
governo. Logo na sua primeira semana do trabalho, seu superior perguntou-lhe se ele gostaria de “fazer
umas horas extras”. Como precisasse de dinheiro, Jim disse que sim.

Na primeira noite, seus companheiros sentaram-se a uma mesa para jogar cartas. Quando perguntou pelo
trabalho que devia fazer, sou supervisor disso: “Que trabalho? Hora extra é ficar por aqui ‘fazendo cera’ e
bater o ponto depois do expediente”.

Jim não se deixou intimidar. Em vez disso, o que fez foi repreendê-lo :

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“Se estamos sendo pagos para trabalhar, temos de trabalhar”.

Os outros empregados não só se aborreceram com Jim, como até começaram a persegui-lo. Primeiro
impediram que ele fizesse qualquer hora extra; depois, a chefe deu-lhe as piores tarefas. Naquele escritório
Jim começou a ficar conhecido por “bíblia”, “pastorzinho”, “fanático” e por mais uma porção de apelidos
pejorativos. Jim se manteve firme. O chefe disse: “Você é um cara legal — esquece esse negócio de
lealdade. Faz como os outros e você vai ganhar muito mais dinheiro.” “Tenho que trabalhar se estou sendo
pago para isso. Jogar cartas nas horas de trabalho, quando estamos ganhando extra, não condiz com minhas
convicções”.

A situação acabou se tornando insuportável e Jim teve de deixar o trabalho. Antes de sair, o chefe do
departamento chamou-o ao escritório e disse-lhe que sua posição tinha mudado a atitude de outros
empregados. As pessoas tinham começado a falar em um nível de consciência muito mais alto do que jamais
se ouvira naquela empresa. A coragem de Jim tinha feito dele um líder. Sua recusa em agir como os demais
foi honrada por Deus, que desde então o tem abençoado abundantemente, quer no setor financeiro, quer na
vida espiritual. Foi o próprio Deus que prometeu: “aos que me honram, honrarei” (1 Sm 2.30).

O Preço da Coragem

Os cristãos que estão em cargos de chefia sabem que um posicionamento definido pode significar prejuízo
financeiro, e até mesmo perda de emprego. Os empregadores podem acusá-los de deslealdade. Mas um líder
corajoso sabe que agradar a Deus deve ser a prioridade máxima em sua vida. O apóstolo Paulo lutou com o
problema de agradar a Deus ou conquistar a aprovação dos outros. A epístola aos gálatas mostra isso
claramente.

Paulo tinha transmitido aos gálatas a mensagem evangélica de que Deus salva através da fé em Cristo — e
que isso era tudo. Depois que ele saiu da Galácia, apareceu um grupo de mestres dizendo aos membros da
igreja que era preciso que eles cressem em Jesus e se submetessem à circuncisão. Paulo se lhes opôs:
“Absolutamente não!” Ele sabia que aqueles homens estavam ensinando um “evangelho diferente” (Gl 1.6).

Insistiu com o povo para não dar ouvidos aqueles cristãos judaizantes e concluiu dizendo:

“Porventura procuro eu agora o favor dos homens, ou o de Deus? Ou procuro agradar os homens? Se
agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.10).

Essas palavras exigiram coragem. Elas provocaram controvérsia, causaram ira nas pessoas. Paulo
provavelmente perdeu um bocado de amigos com esse debate. Mas ele se manteve firme por uma questão de
princípio. Hoje podemos nos alegrar porque Paulo tornou clara para sempre que a base da vida de um crente
é a fé em Jesus Cristo. Não temos que “completar” nossa fé com práticas do judaísmo, nem precisamos de
“Jesus e...”. Reparem bem no risco dessa atitude corajosa. O bom-senso habitual deveria ter dito a Paulo:
“Esse negócio não vai dar certo.

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Os judaizantes vão ficar tão irritados que acabarão voltando-se contra Jesus. Você tem de falar com eles
devagar, com jeito”. Mas Paulo, do mesmo modo que Jesus, não vivia pelos padrões do bom-senso
prevalecente. Seu estilo de liderança estava num nível mais elevado.

Nicodemos: O Resto da História

E aquela história do encontro de Nicodemos com Jesus, a que nos referimos antes? Foi corajosa, mas, em
ultima análise, surtiu efeito?

Uma passada pelo Evangelho de João mostra que Nicodemos mais tarde fez uma tentativa um tanto fraca de
defender Jesus, quando disse aos líderes religiosos que não condenassem Jesus sem submetê-lo a julgamento
no tribunal. “Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso a nossa lei julga um
homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: dar-se-á o caso de que também tu és
da Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia não se levanta profeta”. (Jo 7.50-52.)

Mais tarde, porém, Nicodemos tomou realmente uma posição de coragem. Depois da crucificação de Jesus,
o abastado José de Arimatéia pediu a Pilatos permissão para sepultar o Senhor em seu próprio túmulo. E ai
aparece na Bíblia a última menção a Nicodemos: “E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter
com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés” (Jo 19.39). Os dois
homens juntos colocaram o corpo de Jesus no túmulo. Com este ato, Nicodemos declarou abertamente que
era seu discípulo. Fora preciso bastante tempo para que Nicodemos admitisse que era seguidor de Jesus.
Mas, quando se tornou mais perigoso declarar sua condição de discípulo, ante o evento da cruz, ele
encontrou coragem — ou melhor, a corajosa liderança de Jesus contagiou-o. Parecia que da cruz fluía
audácia para Nicodemos; ele ajudou a preparar e sepultar o corpo de Cristo.

Não resta dúvida de que, quando Nicodemos olhou para Jesus na cruz, lembrou-se daquela noite em
Jerusalém, quando o Senhor lhe havia dito:

“Assim importa que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3.14).

Talvez fosse aquela lembrança que tivesse varrido toda hesitação e todas as dúvidas da mente de
Nicodemos. Tudo tinha começado quando Jesus mostrou coragem no trato com Nicodemos.

E isso também é uma característica do seu estilo de liderança.

IV - LIDERANÇA NA IGREJA

A Igreja – Uma Instituição divina, o Corpo de Cristo, onde Ele é a cabeça da Igreja (Cl 1:18). É também
uma organização administrativa admitindo, portanto, pessoas qualificadas para a sua administração em
vários órgãos: departamentos, secretaria, tesouraria, etc.

Deve o pastor prover a igreja de pessoas capacitadas, profissionais para gerir os atos administrativos junto
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aos órgãos estatais, sendo que dos assuntos eclesiásticos o Senhor Jesus se encarrega do provimento,
conforme Ef 4:11-12: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo”. Deus chama, capacita e coloca líderes no lugar certo no
Corpo de Cristo.

Quando Jesus falava aos discípulos sobre a Igreja, antes de sua crucificação, Ele disse que a Igreja seria forte
e combatente, a tal ponto que: “...as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). Ora! O que é
a Igreja? São os salvos na pessoa do Senhor Jesus Cristo, composta de membros e seus líderes obreiros.
Portanto, são eles a continuidade do Plano da Redenção, iniciado na Terra desde a antiguidade. Assim, a
Igreja continua anunciando o Reino de Deus, as Boas Novas de salvação.
Depois da ressurreição Jesus disse a Pedro: “...apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21:16-17). Com essas
palavras Jesus estava dizendo que a Igreja ficaria sob a liderança dos seus obreiros, pastores e líderes. É
evidente que o Espírito Santo é quem cuida da Igreja, orientando seus líderes, instruindo-os para o bom
desempenho da evangelização.
Pedro - Originalmente chamado Simão. Sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus e fazia parte do
círculo mais íntimo do Mestre. Era considerado como homem sem letra e indouto pelos líderes judaicos de
Jerusalém (At 4:313), mas ele exercia certa liderança entre os discípulos. Estava sempre questionando e
respondendo. Era tido como afoito, arrojado, como no caso de se lançar ao mar ao encontro de Jesus quando
caminhava sobre as ondas (Mt 14:28-29). Foi ele que recebeu a Revelação Divina a respeito de Jesus (Mt
16:16). Por outro lado negou Jesus, porém foi perdoado e indicado para apascentar o rebanho da Igreja.

Na “descida” do Espírito Santo, com ousadia proferiu um veemente discurso em defesa daquele movimento,
no qual discorreu desde as profecias do Velho Testamento, nascimento, morte e ressurreição de Jesus (At
2:14 e seguintes), quando houve milhares de conversões. Ali nascia uma Igreja poderosa e operosa, e Pedro
com coragem e fé continuou atuando de maneira eficaz ao ponto de escrever duas cartas, 1Pedro e 2Pedro,
fortalecendo assim o cristianismo.

Paulo - Considerado um dos mais, se não o mais influente de todos os apóstolos. Homem culto, letrado e
conhecedor profundo do judaísmo e da Lei. Conforme ele mesmo disse: “Quanto a mim, sou varão judeu,
nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da
lei de nossos pais, zeloso para com Deus, como todos vós hoje sois” (At 22:3). Paulo não andou com Jesus,
como os demais discípulos, mas foi o próprio Jesus que se apresentou a ele, então Saulo.
O legado de Paulo para o cristianismo constitui-se, na sua maioria, em ensinos para todas as épocas e classes
de pessoas, porquanto, escreveu 13 Epístolas, as quais contêm narrativas de caráter pessoal, universal e
pastoral.

Paulo exerceu seu ministério com firmeza, mostrando-se um líder eficaz. Deus usou-o como instrumento
para desmistificar o cristianismo e o judaísmo, uma vez que ele, como homem erudito, direcionando o
conhecimento de Paulo para a Sua Obra. Em suma, também é difícil falar a respeito de Paulo em poucas
linhas mas eis aí uma síntese do que foi esse grande apóstolo de Jesus.

1.Líder Eficaz para a Igreja

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No Livro da Revelação, intitulado Apocalipse de João, logo no primeiro capítulo, a partir do versículo
quatro, onde algumas versões dão o título como Dedicatória às sete Igrejas da Ásia ou Dedicação às sete
Igrejas da Ásia, dentre outros nomes, está narrado que o próprio Jesus diz: “Quanto ao mistério das sete
estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete
igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas” (Ap 1:20).

Jesus está se referindo aos líderes daquelas Igrejas, onde Ele os denomina anjos, dando assim a entender o
grau de importância que aplica aos obreiros, pastores e líderes das igrejas. Jesus faz elogios, advertências e
recomendações. É o cuidado que Ele tem pela Igreja que lhe custou caro. É por isso que o Espírito Santo
está no meio dela, orientado seus obreiros. Então vamos corresponder à altura a importância que Jesus nos
dá.
O apóstolo Paulo, um dos maiores lideres da era cristã disse: “...se alguém deseja o episcopado, excelente
obra deseja” (I Tm 3:1). Paulo disse isso porque o Senhor se agrada daqueles que desejam servi-Lo.

Apesar da necessidade, principalmente nos dias de hoje, do obreiro procurar estudar em colégio ou
faculdade e outros cursos, para obter conhecimentos seculares, não deve ele desprezar a chamada e vocação
ministerial se lhe for dada essa oportunidade, pois trabalhar na Obra do Senhor é um privilégio. Não
devemos pensar que ter o conhecimento escolar, técnico ou profissional apropriados bastam para ser
qualificado como líder. Tudo isso é necessário, mas não o suficiente.

A vocação e a chamada ministerial são os itens mais relevantes para a vida de um líder que deseja ver seu
ministério crescer, frutificar. O preparo intelectual e o conhecimento específico em geral são de suma
importância para uma vocação administrativa empresarial secular. Mas para a Obra de Deus, a sua Igreja,
que tem suas doutrinas baseadas na Bíblia, o conhecimento da Palavra de Deus é indispensável, como disse
Paulo: que “maneje bem a palavra da verdade”. No entanto não deve o obreiro desprezar o conhecimento
secular também para ser usado na Obra de Deus. Muito pelo contrário, deve buscá-lo.

O verdadeiro líder, seja ele pastor ou tenha outra qualificação de obreiro, dirigente de uma Igreja, grande ou
pequena, regente de coral, de conjunto, orquestra, líder de mocidade, professor da Escola Dominical e
demais ocupações, em suas atitudes e tomadas de decisões deve sempre contar com a parceria do Espírito
Santo.
Resumindo: o Líder que quer ver seu trabalho prosperar deve submeter-se à liderança do Espírito Santo.

1.2 - Liderando para todos

Podemos, com muita propriedade, dar o exemplo de Paulo, pois, sabia ser flexível no seu comportamento
para influenciar as pessoas. Em um dos seus ensinamentos, falando sobre o seu apostolado, escreveu:

“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi,
para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se
eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei”...
Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. “Fiz-me tudo para com todos, com o fim

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de, por todos os modos salvar alguns” (1Co 9:19, 20 e 22). No v 23 ele conclui: “Tudo faço por causa do
evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele”.
Observamos aí que o apostolo sabia se identificar e posicionar-se de acordo com a classe de pessoas com
que ele queria se relacionar.

O líder eficaz deve pelo menos observar como ele mesmo está se comportando à frente dos seus liderados,
pois fazendo esta avaliação estará mais seguro para exercer sua liderança. Contudo, deve observar os
seguintes aspectos, dentre outros:
a) Sensibilidade Situacional - deve fazer a leitura da situação;

b) Flexibilidade de Estilo ou Comportamento - capacidade de mudar o Estilo, a maneira de liderança de


acordo com as circunstâncias;

c) Gestão Situacional – Ter a habilidade de mudar determinada situação, se necessário, ou de reformá-la.

1.3 - Influência interpessoal

Quando um pastor ou um líder procura atingir o comportamento de um membro ou liderado, está exercendo
uma influencia interpessoal, a relação está diretamente ligada ao líder e à pessoa, como nos casos do:

• Vendedor - freguês
• Professor - aluno
• Pastor - membro

No estudo da influência interpessoal não se deve confundir liderança e poder. Uma pessoa pode ter poder e
não desempenhar a liderança.

A influência deve ser exercida sem a imposição de força, sem coação ou imposição por lei, mas sim com a
sensibilidade de quem conhece sua equipe, seus grupos ou seus liderados.
Paulo, para atingir e influenciar as pessoas de diversas classes, teve que se identificar com o grupo ou
pessoas, a fim de atingir seus objetivos.

Poderíamos falar ainda de muitos outros líderes da Igreja primitiva, como os outros apóstolos e os grandes
líderes dos primeiros séculos da Igreja, da reforma e dos atuais, mas o tempo e o espaço nos limitam.

1.4 - Líderes de Organizações e Departamentos da Igreja

Na Igreja local existem corais, orquestras, Escola Dominical, organização de mocidade, adolescentes,
crianças, etc. Todavia, os lideres dessas organizações ou departamentos devem ser qualificados de acordo
com o serviço ou ocupação do grupo.
O pastor ou o obreiro dirigente, certamente não vai nomear uma pessoa sem conhecimento musical para
reger o coral ou a orquestra, e assim por diante. Pela orientação do Espírito Santo, o pastor vai querer o
melhor para a igreja, e o bom censo do obreiro vai colocar cada pessoa líder no seu devido lugar. Deus tem o
líder preparado, chamado e capacitado, próprio para cada função na sua Igreja.

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Os líderes devem exercer a comunicação, isto é, a linguagem apropriada, a influência, a imparcialidade e,
sobretudo,a humildade para tratar com os membros desses grupos, pois, muitas vezes,são grupos
heterogêneos, e se esse líder não possuir tais habilidades poderá fracassar na sua tarefa. Não esqueçamos: o
líder deve sempre estar em sintonia com o Espírito Santo.

1.5 Comportamento do líder à frente do seu grupo

• Identificação - O líder deve identificar-se com o grupo que lidera. O seu comportamento tem que ser
voltado para seus liderados. Por exemplo: O pastor conhece as suas ovelhas e as ovelhas, o seu pastor – Jo
10:14. O pastor deve conhecer os hábitos da ovelha. Conhecer como o general conhece seus soldados; o
professor, os seus alunos; o maestro, os seus músicos. Ou seja, cada um conhecendo perfeitamente seus
comandados.
• Comunicação - A comunicação é a ponte, é o elo da corrente. Se o líder não se comunicar adequadamente,
não haverá entendimento entre as partes. O pastor tem que falar a linguagem que a ovelha entende; o general
dá o comando que o soldado entende. É fundamental que as pessoas saibam quem você é quando fala com
elas.

• Relacionamento – O líder que não se relaciona com seus liderados, está fadado ao fracasso. O contato faz
com que os líderes se aproximem do grupo, departamento ou equipe, pois, ele vai acompanhar de perto o
resultado, o crescimento e o objetivo proposto. É no relacionamento que ele vai descobrir as atitudes,
virtudes, esforço, desempenho e a força de vontade de cada membro da sua equipe. Jesus de continuo
mantinha o relacionamento com seus discípulos. Ele se identificava, se comunicava e mantinha um bom
relacionamento, ao ponto de Pedro exclamar: “...para quem iremos...” (Jo 6:68).

O líder, seja ele pastor de igreja, líder de grupo, departamento como Escola Dominical, professor, regente,
etc. têm que exercitar os itens acima enumerados. Isso faz com que ele seja conhecido e ao mesmo tempo
conheça as pessoas que estão sob sua liderança.
Os líderes de departamentos e organizações da igreja não devem ter a visão voltada só para seu grupo, sem
se importar com o crescimento da Igreja. Eles têm que ter uma visão ampliada, ver a Igreja como um todo,
isto é, ter uma macro visão, pois, afinal, de contas ele está prestando um serviço para Deus.

1.4 - O Líder, a Crítica e a Repreensão

Quem lidera deve estar ciente de que é susceptível de receber críticas, as quais podem ser construtivas ou
destrutivas. O líder deve estar pronto para receber críticas, seja ela boa ou má, pois, pode tirar proveito. Às
vezes, por causa de uma critica, mudamos a direção de certas decisões ou posições equivocadas que
tomamos ou deixamos de tomá-las. Basta ter humildade para aceitá-las. Moisés recebeu de bom grado as
críticas e conselhos de Jetro seu sogro, e teve a humildade de tomar decisões corretas ao estabelecer
maiorais de mil, de cem, de cinqüenta e de dez (Ex 18), o que foi um alívio para ele.

Moisés foi muito criticado, mas teve a humildade de receber e suportá-la, e quando injustiçado, Deus sempre
estava ao seu lado, tomando-lhe as dores e repreendendo os criticadores.
Por outro lado, Moisés compreendeu que se não repreendesse a pessoa que errava, muito provavelmente o
caso se agravaria. Assim Moisés estabeleceu diretrizes para tratar os que se comportavam mal: “Não

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aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo, e por causa dele não levarás sobre ti o
pecado. Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos de teu povo; mas amarás a teu próximo como a ti
mesmo”. Repreender será bom tanto para nós quanto para a pessoa repreendida. A raiva e amargura
reprimidas, tanto para quem repreende como quem recebe deve ser um alívio.

A disciplina aplicada no momento certo com serenidade, sem ódio, rancor ou vingança e não com objetivo
de humilhar, faz bem. Aqui está se praticando a correção cristã dentro da Palavra de Deus.

V - AS LEIS DA LIDERANÇA

O escritor, palestrante e conferencista de reconhecimento internacional, John C. Maxwel, um dos mais


renomados conhecedores do tema Liderança, entre tantas publicações, escreveu recentemente a obra: “As 21
Irrefutáveis Leis da Liderança”. Antes de falar e descrever essas leis que estabeleceu para liderança, o
escritor fez o seguinte comentário: “Não importa em qual ponto você está no processo de liderança, saiba o
seguinte: quanto mais leis você aprender, melhor líder se tornará. Cada lei é como uma ferramenta, pronta
para ser apanhada e usada para ajudá-lo a realizar seus sonhos e agregar valor às outras pessoas. Escolha
pelo menos uma, e você se tornará um líder melhor. Aprenda e todas e as pessoas o seguirão alegremente”
(pg-19)
Naturalmente o escritor não se refere às leis emanadas do Estado, mas sim leis, digamos assim, didáticas no
sentido de uma melhor aplicação na liderança, quer seja cristã ou secular, sendo que apresentaremos a
seguir, algumas, que julgamos úteis para o estudo da nossa disciplina:

A Lei do Limite – A capacidade de liderança é o limite que determina o grau de eficácia de uma pessoa.
Quanto mais baixa a capacidade de liderança de uma pessoa, mais baixo o limite em seu potencial. Quanto
maior a capacidade de liderar, maior o limite em seu potencial. Onde quer que procure, você pode encontrar
pessoas inteligentes, talentosas e de sucesso que não são capazes de ir mais longe por causa dos limites de
sua liderança.

A Lei da Influência - A pessoa só é líder se tem seguidores, e isso sempre exige o estabelecimento de
relações. Sendo assim, a verdadeira medida da liderança é a influência. Basta observar a dinâmica que há
entre as pessoas em quase todos os setores da vida e verá algumas liderando e outras seguindo. “A
verdadeira essência de todo o poder de influenciar está em levar outra pessoa a participar”

A Lei do Processo - O objetivo de cada dia deve ser um pouco melhor que o do dia anterior. Assim, é
possível edificar a partir do progresso conquistado diariamente.
A Lei do Respeito – As pessoas não seguem as outras por acaso. Elas seguem indivíduos cuja liderança elas
respeitam. Quando os líderes demonstram respeito pelos outros, especialmente pelas pessoas que têm menos
poder e uma posição inferior à deles, conquistam o respeito dos outros. As pessoas querem seguir pessoas
que elas respeitam muito.

A Lei do Circulo Íntimo – nenhum líder caminha sozinho. Um dos segredos do sucesso da liderança é a
capacidade de influenciar as pessoas que influenciam as outras. Como fazer isso? Levem influenciadores
para o seu círculo íntimo.

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A Lei do Fortalecimento - Só líderes seguros dão poder aos outros. A liderança se firmará e se fortalecerá.
Mas antes, os lideres deve avaliar o potencial de cada pessoa.
As Leis da vitória - “Os melhores líderes sentem-se compelidos a aceitar os desafios e a fazer todo o
possível para conseguir a vitória para o seu pessoal. Na visão deles:

Liderança é responsável.
Perder é inaceitável.
Paixão é infindável
Criatividade é fundamental.
Desistência é impensável.
Compromisso é inquestionável.
Vitória é inevitável.
Com essa disposição, abraçam a visão, abordam os desafios com decisão e levam seu pessoal à vitória”.

A Lei do Sacrifício – Do que você estaria disposto a abrir mão em prol das pessoas que o seguiram? Esse
líder deu sua vida. Por quê? Porque Ele compreendeu o poder da lei do sacrifício. Jesus estava tão
comprometido com sua missão, que foi capaz de permitir que pessoas fracas o apanhassem, prendessem e
crucificassem. Jesus abriu mão de sua vida praticando a Lei do Sacrifício.

A vida de um líder pode ser glamorosa para as pessoas de fora. Mas a realidade é que liderança exige
sacrifício. O líder precisa abrir mão para continuar. Mais recentemente, vemos líderes que usaram e
abusaram de suas organizações em benefício próprio, e os escândalos empresariais resultantes são frutos
dessa ganância e desse egoísmo. O cerne da boa liderança é o sacrifício.

A Lei do Momento - Decisões tomadas na hora certa, no momento próprio podem evitar catástrofes. Você
já deve ter ouvido falar do principio da oportunidade, onde um pequeno espaço de tempo é importante para
tomada de decisões.
A despeito desta lei, o autor, John C. Maxwel, se reporta ao furacão Katrina que no final de agosto e início
de setembro, praticamente varreu a cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos. Se o prefeito daquela
cidade tivesse ordenado a evacuação no momento certo, muita gente teria se salvado. O momento e o
princípio da oportunidade não foram observados pelo prefeito.

A pregação das boas novas deve ser feita a tempo e fora de tempo (2Tm 4:2), mas algumas decisões não
podem ser proteladas pelos líderes cristãos em detrimento da Obra de Deus.

VI - ESTILOS DE LIDERANÇA

Normalmente o líder quer imprimir um jeito pessoal na sua forma de liderar, e se não tomar cuidado,
dependendo do seu estilo, pode levar a instituição ou grupo de trabalho ao fracasso. Citamos a seguir alguns
tipos de diferentes estilos de liderança:

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1) O maquiavélico - jamais reúne o grupo para trocar idéias, mas se comunica com cada membro em
particular; é mestre em intrigas; joga um membro contra o outro e os usa como quer. É o tipo que divide
para governar.
2) O vaidoso e ambicioso – favorece os membros do grupo que o bajulam, não consegue ser imparcial,
torna-se líder por causa de títulos e/ou prestígio profissional.
3) O instável - muda de idéia como troca de roupas. Por isso, a equipe não consegue seguir suas instruções.
Inicia muitas tarefas e não conclui nenhuma.
4) O paternalista - É bondoso até demais, trata os membros do grupo como seus filhos, procura lhes dar
presentes, prêmios e conforto. Mas exige retribuição com mais trabalho.
5) Imparcial – Trata com igualdade todos os membros do grupo. Aplica o direito e deveres com
imparcialidade. Na epístola universal de Tiago, capítulo 3:17, diz: “Mas a sabedoria que vem do alto é,
primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade e sem hipocrisia” . A Bíblia contém ensinos e exemplos de boas lideranças. Todavia, não seja
maquiavélico e nem tão pouco vaidoso e ambicioso, pois Deus rejeita o soberbo e dá graça ao humilde.
Existem ainda, muitos pontos, tratados e literaturas sobre Liderança Cristã e outros tipos, sejam empresarial,
industrial e demais campos da vida secular, mas o tempo e o período de aula são insuficientes para estudá-
los aqui.

VII – LIDERANÇA CRISTÃ NA IGREJA CONTEMPORÂNEA

Exercer a liderança não é um trabalho fácil, sobretudo, quando essa liderança tem de ser exercida na Igreja,
principalmente nos tempos atuais. No exercício da liderança, notadamente os pastores e outros obreiros, tem
sido machucados ao longo de seus ministérios na vida cristã, pois, lideram pessoas de todas as qualidades,
como já dissemos anteriormente, grupos heterogêneos. Os pastores e outros obreiros que lideram tem que
aprender a “desviar-se das lanças de Saul em sua própria casa”.
A Palavra de Deus, a mensagem da cruz, as boas novas são mensagens atualíssimas, é ditada para todas as
épocas, porém a metodologia de transmissão, sem mudar a linguagem de Deus para os homens, devem ser
observadas para os tempos modernos.
O ser humano se modernizou, o conhecimento a sabedoria e a ciência se multiplicaram, como escreveu o
profeta Daniel: “E tu Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de
uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (Dn 12:4). Hoje, devido à tecnologia, a vida parece que se
tornou mais fácil de ser vivida.

Mas há uma correria geral, para se obter sucesso, e até mesmo para se sobreviver.
Na área de saúde, a medicina com seus medicamentos e aparelhos sofisticados faz até cirurgias usando a
informática. Prolongou-se a expectativa de vida da humanidade. Na Idade Antiga, a média era pouco mais
de 20 anos; na Idade Média 33 anos. Do início para o final do século XX, a expectativa de vida da
população subiu de 45 para 75 anos, e segundo algumas fontes, a tendência é a média subir mais ainda.
Apesar de todo o saber, conhecimento e ciência, a ética e a moral parecem não ter acompanhado
desenvolvimento social. Pelo contrário, a violência, a prostituição, a corrupção e toda espécie de pecado,
tem grassado nos tempos modernos. O homem, na sua pecaminosidade desafia a Deus, ignorando a
mensagem da cruz. Chegamos a Ap 22:11: “...quem é injusto faça injustiça ainda: quem está sujo suje-se
ainda...”.
O líder cristão deve estar bem atualizado no seu tempo. As ovelhas que estão chegando à igreja trazem
consigo um alto grau de conhecimento, escolaridade e um estilo de vida cheio de vícios. Não falamos aqui

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de vícios como drogas, alcoolismos e outros, mas sim do sistema de vida da atual sociedade, onde os valores
referenciais de condutas não são observados. Se o líder não estiver atento, perde a comunicação com o seu
rebanho, por isso é importante os pastores e obreiros, de um modo geral, acompanhar a evolução social e
estarem bem informados.

CONCLUSÃO

Devemos sempre agregar valores ao nosso conhecimento e colocá-los à disposição da obra de Deus, pois Ele
observa aqueles que querem se colocar na brecha, conforme escreveu Ezequiel: “Busquei entre eles um
homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, pra que eu não a
destruísse; mas ninguém achei” (Ez 22:30). Você pode ser esse homem e certamente Deus te achará.
Encerrando este trabalho, sugiro aos prezados irmãos e amigos fazer uma reflexão e uma análise, se
possível, de cada personagem aqui citada. Porque, sem dúvidas, iremos tirar lições, erros e acertos, para
nossa edificação e, porque não dizer, subsídios para exercer a liderança na obra de Deus.

Foram homens e mulheres dotados de coragem, perseverança, sacrifício e, sobretudo, da fé que fortalecia a
esperança nas promessas, e que dependiam totalmente de Deus, sem outra alternativa para levarem a cabo a
missão que lhes fora confiada.
Com muita razão, o escritor aos Hebreus expressa: “Homens dos quais o mundo não era digno, errantes
pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hb 11:38).

Adaptação Pr. Nelson Lucas Alvim

BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Pentecostal - 1995 por Life Publishers - Editoração e Fotolito – CPAD.

Bíblia da Liderança Cristã – John C. Maxwel – Edição 2007 - Sociedade Bíblica do Brasil.

Bíblia Shedd Antigo e Novo Testamento – Russell P. Shedd - 1ª Edição 1998 – Edições Vida Nova –
Sociedade Bíblica Brasileira.

Liderança Eficaz – Os desafios do líder cristão no século XXI - Samuel Costa da Silva - Edição 2006 –
Editora Palavra – DF.

As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança - John C. Maxwel - Edição Original por Thomas Nelson – traduzida

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por Alexandre Martins – Edição 2007 Ed Thomaz Nelson.

As Leis de Moisés para a Gerência – Davide Baron (com Lynette Padwa) – Edição 2002 – Editora Record.

Um Líder Eficaz – Apostilha Faetel – Pr. Alcino Lopez Toledo – Faculdade de Educação Teológica –
Logos.

Manual Bíblico de Halley – Halley, Henry Hampton –Editora Vida 2001.

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