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Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,

tendo cuidado dele, não por força, mas


voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de
ânimo pronto (1Pe 5.2).
INTRODUÇÃO
A seguinte pergunta deve ser respondida logo
aqui na introdução da lição: Por que ensinar sobre
liderança cristã para os jovens? Os jovens como os
adultos precisam aprender sobre vários assuntos.
Nessa faixa etária, é perceptível muitas dúvidas e
até mesmo atitudes por parte deles excessivas
que podem ser contornadas por meio do ensino
correto. Aprender o que é liderança cristã ajudará
aos jovens a saber como se comportar diante de
sua liderança e ao mesmo tempo treiná-los para
exercer no caso do chamado de Deus uma
liderança, seja em que área for, dentro ou fora da
igreja.
Muitos e importantes são os debates a respeito de
liderança, tanto no mundo coorporativo quanto na
Igreja. Nesta primeira Lição, veremos o que é
liderança e qual o papel de um líder cristão e suas
qualidades.
A Bíblia revela que o Senhor escolheu pessoas
para conduzir o seu povo. Estes líderes receberam
autoridade divina e seus exemplos servem como
referencial para todos aqueles que querem
trabalhar para o Senhor com excelência.
Convidamos você a embarcar nessa jornada de
conhecimento e aprendizagem, pois Deus conta
conosco para a realização da sua obra até que Ele
venha.
1 - O QUE É LIDERANÇA
1. Definição do termo.
• A compreensão correta sobre um
determinado tema resultará em: práticas
corretas.
•A compreensão parcial sobre um determinado
tema resultará em: práticas parciais.
•A compreensão equivocada sobre um
determinado tema resultará em: práticas
erradas.
É impossível alguém liderar com excelência sem
conhecer o significado e o real propósito da
liderança. Sendo assim, a definição do termo deve
ser o nosso ponto de partida. O termo "liderança"
aponta para aquele que vai à frente, cuja
responsabilidade é conduzir pessoas, orientando-
as e guiando nas mais diferentes situações da
vida. Na prática liderar implica em influenciar. O
verdadeiro líder é aquele que, por meio do
exemplo pessoal, consegue extrair o que seus
liderados têm de melhor, levando-os a cumprirem
o propósito para o qual foram chamados. Uma
liderança eficiente requer que o líder tenha visão
e a comunique com clareza. Também é necessário
que o líder trabalhe pelo sucesso do coletivo:
defenda os seus liderados, respeite-os e seja um
pacificador. Podemos afirmar que "liderar" é
influenciar pessoas.
O líder precisa saber sobre a sua própria
identidade, isto é, precisa saber quem ele é, qual
o seu lugar, qual a sua função e quais os limites
da sua atuação. Dessa forma ele poderá atuar
dentro dos padrões estabelecidos da liderança
cristã como veremos a seguir.
2. O que é liderança cristã.
Liderança cristã é aquela norteada pelos
princípios de Jesus Cristo, encontrados nas
Escrituras Sagradas. Então a diferença entre
liderança e liderança cristã está no fato desta ser
pautada nos princípios da Palavra de Deus. Nesse
caso o papel do líder continua sendo o mesmo,
mas seu comportamento e decisões são baseados
nas Escrituras. O trabalho de um líder cristão é
influenciar pessoas - segundo os padrões bíblicos
- a servirem e agradarem a Cristo.

O primeiro chamado divino para o ser humano não


é para liderar, mas sim para ser um discípulo de
Cristo. Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas
mostram que, próximo ao mar da Galileia, o
Senhor Jesus chamou Pedro e André para segui-lo
e serem "pescadores de homens" (Mt 4.19). A
convocação para o trabalho é precedida pelo
convite à comunhão. Os afazeres de Pedro e André
seriam resultado de uma vida com Cristo.
É importante entender isso para que o líder não
cai na armadilha do ativismo religioso, onde o
serviço se torna a prioridade absoluta,
esquecendo-se de seu relacionamento com Deus.
Quando o líder não cuida de seu relacionamento
com Deus e perde assim a visão que é um servo,
poderá tratar mal as pessoas.
O líder cristão precisa desenvolver as seguintes
virtudes que resultam da sua comunhão com
Jesus: amor, paciência, perdão e humildade. Por
mais que as qualidades e os talentos pessoais de
um líder sejam importantes, a sua fonte de
conhecimento e exemplo é Jesus Cristo (2 Co 3.4-
6).
Uma das marcas de um líder cristão maduro
consiste exatamente na sua capacidade de amar
mesmo quando é odiado, de tratar bem mesmo
quando maltratado, à semelhança de Cristo. Aqui
fica muito claro que muitas pessoas querem a
posição de líder, pois pensam que ser líder é
mandar, porém, não entendem que ser líder é
influenciar através do exemplo de Jesus.

O líder cristão precisa conduzir os seus liderados


a fim de que alcancem a maturidade cristã e
reflitam o caráter de Cristo (Ef 4.13). Podemos
afirmar que a liderança cristã depende de uma
vida de comunhão com Deus; uma conduta ilibada
e relacionamentos interpessoais saudáveis e
respeitosos.
3. Liderança e serviço.
Podemos destacar que o serviço é o último estágio
do processo que o líder cristão é submetido.
Primeiro é preciso crer em Cristo, depois
desenvolver um relacionamento íntimo com o
Senhor, isso fala de comunhão e por fim ser
treinado e equipado para realizar o serviço na
obra.
Liderar é servir pessoas, auxiliando-as a
identificarem e cumprirem o propósito que o
Senhor tem para suas vidas. Olhando para essa
definição podemos perceber que a verdadeira
compreensão do que é liderar está distorcida em
muitos lugares. O apóstolo Paulo adverte que o
comportamento do líder deve levar as pessoas a
considerá-lo como ministro (servo) e despenseiro
(aquele que cuida da despensa) dos mistérios de
Deus (1 Co 4.1). A função do líder é servir aos seus
liderados; trabalhar não segundo os seus próprios
interesses, e buscar agradar ao Senhor Jesus, por
meio de sua fidelidade. Liderança cristã é serviço
e influência. Não existe liderança cristã que não
seja servidora, pois liderar é servir.

A boa liderança não tem a ver com fazer você


avançar. Tem a ver com fazer sua equipe avançar.
II- PARTE DO TRABALHO DE UM LÍDER
Grandes coisas acontecem quando as pessoas se
entendem, descobrem pontos de interesse comum
e trabalham em unidade para alcançar essas
metas compartilhadas. Liderança diz respeito à
colaboração, não competição.
1. Descobrir novos talentos.
John C. Maxwell ensina que o líder deve amenizar
o sofrimento dos seus liderados e que uma das
formas pelas quais isso deve ocorrer é levando “a
pessoa a ver as coisas de forma mais clara”, pois,
nas palavras dele, “não há melhor maneira de
mudar um problema do que ajudar alguém a
enxergar uma solução”. Muitas pessoas sofrem na
obra de Deus com a indagação de qual é o seu
chamado. Uma das funções do líder é justamente
isso.

Uma das funções do líder é identificar as


habilidades, as aptidões e a vocação de seus
liderados, e ajudando-os no seu desenvolvimento.
Como ele acompanha seu liderados (pelo menos
deveria), pode observar suas características e
assim identificar tudo isso. Diante da dificuldade
que Timóteo enfrentou no exercício de seu dom,
o apóstolo Paulo cumpriu o seu papel de líder,
pontuando os valores deste jovem obreiro,
incentivando-o a despertar o dom que havia nele
(2Tm 1.6). O líder tem a nobre missão de descobrir
talentos e conscientizar as pessoas a respeito da
missão que possuem. Compete também ao líder, a
missão de incentivar, treinar e acompanhar
aqueles que são chamados pelo Senhor para uma
missão específica.
O líder cristão, portanto, tem a missão de
esclarecer o que está obscuro aos seus liderados.
2. Guiar.
Todos necessitam de um líder, seja na vida
profissional, seja na vida familiar e eclesiástica. O
líder deve atuar como um orientador, indicando o
caminho à medida que peregrina junto de seu
liderado, oferecendo-lhe segurança e
tranquilidade.
Quantos jovens sofrem duras decepções na vida
pelo simples fato de se negarem a reconhecer a
liderança de seus pais, que atuam como
orientadores, para indicar o caminho que seus
filhos devem seguir. Adolescentes e jovens não
tem uma visão clara da vida, pois estão em
processo de construção. Sua visão de vida é
limitada e dependem de orientações dos pais. Por
outro lado, pais que negligenciam isso, sofreram
as consequências de verem filhos adultos sem
saber o que fazer, porque não foram treinados
quando crianças, adolescentes e jovens.
No Salmo 23, o salmista mostra a necessidade e o
anseio que o ser humano tem de ser guiado,
conduzido por outra pessoa. Este Salmo aponta
para o Senhor como o único capaz de conduzir
suas ovelhas em perfeita paz e segurança. Aqueles
que são vocacionados para exercer algum tipo de
liderança na Igreja do Senhor representam - ainda
que com as suas limitações - o Sumo Pastor (1 Pe
5.4).

O líder cristão é submetido a um processo de


aprofundamento das suas raízes, até que alcance
as condições necessárias no seu caráter e possa
influenciar pessoas, conduzindo-as ao propósito
de Deus; afinal de contas, liderar é conduzir ou
mesmo guiar pessoas em segurança rumo a uma
direção bem definida.
3. Abençoar.
O desejo de Deus é que todos sejam abençoados,
conforme vemos na promessa que Ele fez a
Abraão (Gn 12.3). O verdadeiro líder procura
sempre abençoar seus liderados. De modo geral
todos os cristãos foram chamados para abençoar
pessoas. Isso não é diferente com os líderes
cristãos. Eles, mesmo que sofrerem algum tipo de
injustiça não podem amaldiçoar pessoas.

Mt 5:44 na (ARC) diz: Eu, porém, vos digo: Amai a


vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,
fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem,
Rm 12:14 na (ARC) diz: abençoai aos que vos
perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.

José, enquanto governador do Egito, perdoou e


abençoou seus irmãos, mesmo depois de tudo que
eles fizeram (Gn 45.1-4). O líder deve também se
assemelhar a Neemias que, em tempo de
calamidade e de escassez, liderou a reconstrução
dos muros e das portas de Jerusalém, animando,
incentivando e inspirando o povo a fazer uma
importante obra (Ne 2.20).
No exemplo de Neemias percebemos ele
renunciando um lugar sem rivalidades, oposições,
rejeições no palácio onde estava, para cumprir o
chamado de Deus e enfrentar isso e muito mais. O
líder se doa em favor do crescimento dos seus
liderados.
Por outro lado, isso não dá direito aos liderados
de serem desobedientes por causa de como o líder
deve se comportar.

Hb 13:17 na (NVT) diz: Obedeçam a seus líderes e


façam o que disserem. O trabalho deles é cuidar
de sua alma, e disso prestarão contas. Deem-lhes
motivo para trabalhar com alegria, e não com
tristeza, pois isso certamente não beneficiaria
vocês.
Por fim, uma vez que o líder cristão tem o dever
de estar envolvido com o interesse de Deus, parte
importante do seu trabalho é o de abençoar os
seus liderados, servindo, assim, como uma espécie
de instrumento por meio do qual o Senhor
dispensa as suas dádivas sobre o seu povo. Por
isso ele deve viver uma vida de comunhão com
Deus, para que a bênção de Deus possa alcançá-
lo e assim oferecer aquilo que ele recebeu de
Deus, pois somos podemos dar aquilo que temos.
III - O QUE NÃO É LIDERANÇA
Até aqui, o foco esteve sobre o que é liderança e
sobre algumas das principais funções que um líder
deve cumprir. Neste ponto, a ênfase recai sobre
uma análise negativa sobre o tema proposto, a
saber, o que não é uma liderança, mui
especialmente na tendência que há no ser
humano em julgar-se além do que realmente é.
Essa reflexão propõe-se a definir limites e evitar
excessos que poderão desagradar a Deus e
comprometer o bom andamento da sua liderança.
Com isso, aquilo que efetivamente se espera de
um líder ficará ainda mais acentuado.
1. Liderar não é agir com arrogância.
O líder precisa agir com humildade e vigilância
(1Pe 5.1-9).
1Pe 5:5 na (ARC) diz: Semelhantemente vós,
jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos
sujeitos uns aos outros e revesti-vos de
humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas
dá graça aos humildes.

Há quem pense, erroneamente, que liderar é estar


acima das outras pessoas, considerando-se um
“ser-superior”. Esse pensamento equivocado
produz ações equivocadas e costuma ferir as
pessoas. O líder não é melhor e nem pior do que
ninguém. Ele é um servo e deve usar de sua
posição hierárquica para promover o Reino de
Deus. O crescimento deve ser o do Reino.
Desde que desobedeceu a Deus, o homem tem-se
inclinado a buscar os primeiros lugares e as
primeiras posições. A dificuldade em identificar e
aceitar o próprio limite de atuação é uma das
trágicas consequências que o pecado trouxe à
humanidade. A insatisfação é um sentimento
provocado, principalmente, por expectativas
frustradas. Uma maneira eficaz para evitar as
frustrações no exercício da liderança cristã é ter a
clareza de que ser líder não consiste em ocupar
uma posição superior aos liderados.
2. Liderar não é dar ordens.
É urgente o combate à má compreensão do que
realmente é ser um líder, e isso passa,
inevitavelmente, primeiro por desconstruir a ideia
de que liderar é “mandar” e, segundo, pela
distinção entre o que é chefiar e o que é liderar.
Líderes de verdade não mandam [...]. Em geral,
aprendemos a ser chefes, a mandar, não a liderar;
e, em muitos casos, os chefes são os modelos de
conduta que prevalecem. É raro hoje em dia
encontrar indivíduos que não apenas inspiram os
outros com foco, confiança, conhecimento
estratégico e instinto para saber o que é
importante, mas também têm a habilidade de
engajar e mobilizar seus liderados, colocando o
próprio ego de lado.
O líder não dá ordens, ele pede e caminha junto.
Jamais deve pedir aos seus liderados aquilo que
ele não faz. O líder não ordena, pelo contrário,
leva as pessoas a cumprirem suas tarefas com
alegria e singeleza de coração. É o que acontecia
na Igreja do primeiro século (At 4.34-37).
At 4:34-37 na (ARC) diz: 34 - Não havia, pois,
entre eles necessitado algum; porque todos os
que possuíam herdades ou casas, vendendo-as,
traziam o preço do que fora vendido e o
depositavam aos pés dos apóstolos. 35 - E
repartia-se a cada um, segundo a necessidade que
cada um tinha. 36 - Então, José, cognominado,
pelos apóstolos, Barnabé ( que, traduzido, é Filho
da Consolação ), levita, natural de Chipre, 37 -
possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o
preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.
Existem líderes que reclamam que a igreja não
contribui com as ofertas, porém, eles não dão
nenhum exemplo. Muitos não ofertam, ou quando
ofertam jogam algumas moedinhas dentro da salva.
O exemplo de devolver o dízimo e ofertar deve partir
do líder e do ministério. Se eles não fazem, jamais a
igreja o fará.
3. Liderar não é transferir responsabilidades.
A responsabilidade do líder é intransferível e deve
ser assumida publicamente. A missão do apóstolo
Paulo esteve ligada à transformação de sua vida
(At 9.15,16), e isso o levou á consciência de que
era um "devedor' e a comprometer-se com a sua
vocação (Rm 1.14,15). Paulo assumiu a sua
responsabilidade e não a transferiu a ninguém,
mas trabalhou arduamente a fim de cumpri-la. A
transferência de responsabilidades faz do líder
não somente um negligente, mas também um
alvo fácil das grandes tragédias, como se vê no
exemplo de Davi, que preferiu ficar em casa em
vez de ir ao campo de batalha.
Não se pode confundir delegar funções com
transferência de responsabilidades. O líder
centralizador — que não envolve outras pessoas
na execução de funções — é um problema; no
entanto, um líder que nada faz e que transfere
para outros fazerem o que é para ele fazer é tão
trágico quanto. Portanto, é preciso alta
sensibilidade e profundo comprometimento no
líder que deseja estabelecer o equilíbrio entre
delegar funções e cumprir responsabilidades
exclusivas.

O líder não transfere responsabilidades, assim


como não faz tudo sozinho.
CONCLUSÃO
Ser líder é motivar e influenciar pessoas em
direção a um alvo comum, buscando o seu
crescimento e a expansão do Reino de Deus. Sua
influência deve estar de acordo com os princípios
bíblicos.
Aprendemos, nessa lição que o líder não é
superior a ninguém e nem mesmo perfeito. Por
melhor que seja sua liderança, ele está sujeito às
falhas.
Jesus foi e é o único líder perfeito.
Encerramos a lição entendendo que ser líder não
é:
I) Ter autonomia para fazer o que desejar;
II) Usar da sua posição para autopromoção;
III)Ter autorização para exigir que outros lhe
sirvam;
IV) Ser superior aos demais; e
V) Trabalhar com a expectativa de
reconhecimento e recompensa humana.

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