Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Belo Horizonte
2022
Antônio Hot Pereira de Faria
Belo Horizonte
2022
F224r Faria, Antônio Hot Pereira de.
Rotas de policiamento preventivo em Belo Horizonte a partir
da estratégia de policiamento em pontos quentes. / Antônio
Hot Pereira de Faria. - Belo Horizonte, 2022.
CDU 343.9
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais
- Centro de Pesquisa e Pós-Graduação. Bibliotecária Regina Simão Paulino – CRB-6/1154
AGRADECIMENTOS
Aos colegas do CESP 2022 pelo convívio salutar e por nos permitir a experiência do
banco de escola em sua essência.
“Loucura é querer resultados diferentes
fazendo tudo igual”.
Albert Einstein
RESUMO
O crime não se distribui de maneira aleatória no espaço, de maneira tal que pequenas
porções de um determinado território concentrem grandes quantidades de eventos.
Considerando que os recursos de combate e controle do crime são limitados, esta
constatação é uma premissa para que as instituições encarregadas da prevenção e
controle criminal dediquem seus esforços para os locais de maior demanda. Dentre
as possibilidades de estratégias de policiamento que possui enfoque no espaço
destaca-se o Policiamento de Pontos Quentes. A metodologia de emprego deste tipo
de policiamento demanda uma análise do crime do ponto de vista de microespaços e
a alocação otimizada de recursos para promoção de efeitos dissuasórios que
agreguem um custo adicional à atividade criminal de maneira que se obtenha um
número menor de registros gerais de crimes. Diante disso, a presente pesquisa tem
por objetivo geral analisar a viabilidade de implantação da estratégia de Policiamento
de Pontos Quentes como ferramenta para elaboração de rotas de policiamento
preventivas em âmbito da Polícia Militar de Minas Gerais. O percurso metodológico
adotado no trabalho foi conduzido em três etapas: a primeira, conduzida a partir da
aplicação de questionários, contou com a análise de percepção dos comandantes de
Unidades de Execução Operacional da Polícia Militar no que tange aos preceitos
teóricos que envolvem o Policiamento de Pontos Quentes, bem como as práticas
atuais de policiamento preventivo dirigido adotadas, os desafios e potencialidades de
melhoria nos processos de policiamento. A segunda etapa contou com a análise da
concentração criminal em Belo Horizonte, a fim de identificar os pontos quentes de
criminalidade, a partir de banco de dados de crimes violentos e furtos no período de
2018 a 2021. A terceira etapa foi a proposta de elaboração de planejamento de
policiamento preventivo a partir dos pontos quentes, de forma a identificar a sua
viabilidade ao objeto de estudo. Os resultados indicaram que a Polícia Militar de Minas
Gerais realiza parcialmente as estratégias definidas como sendo um Policiamento de
Pontos Quentes, verificou-se ainda que há uma demanda de padronização de
planejamento para emprego do policiamento dirigido focado em pontos quentes e há
uma necessidade de robustecer os conhecimentos teóricos dos comandos de
unidades operacionais no que concerne ao Policiamento de Pontos Quentes. A
técnica de mapeamento por segmentos de ruas, mostrou adequada para a
identificação dos pontos quentes e a aderência do local de estudo às previsões
teóricas quanto à concentração dos crimes. Por fim, foi possível definir rotas de
policiamento por meio da abordagem de soluções de roteamento a partir de grafos
que podem fornecem alocações de policiamento preventivo dirigido otimizadas.
Crime is not distributed randomly in space, in such a way that small portions of a given
territory concentrate large amounts of events. Considering that the resources for
combating and controlling crime are limited, this finding is a premise for the institutions
in charge of crime prevention and control to dedicate their efforts to the places of
greatest demand. Among the possibilities of policing strategies that focus on space,
Hot Spot Policing stands out. The methodology for employing this type of policing
demands an analysis of crime from the point of view of microspaces and the optimized
allocation of resources to promote deterrent effects that add an additional cost to
criminal activity in a way that a smaller number of general records of crimes. Therefore,
the present research has the general objective of analyzing the feasibility of
implementing the Hot Spots Policing strategy as a tool for the elaboration of preventive
policing routes within the Military Police of Minas Gerais State. The methodological
course adopted in the work was carried out in three stages: the first, conducted from
the application of questionnaires, included the analysis of the perception of the
commanders of Operational Execution Units of the Military Police regarding the
theoretical precepts that involve the Policing of Hot Spots, as well as the current
practices of targeted preventive policing adopted, the challenges and potential for
improvement in policing processes. The second stage included the analysis of criminal
concentration in Belo Horizonte, in order to identify the hot spots of crime, from a
database of violent crimes and thefts in the period from 2018 to 2021. The third stage
was the proposal to prepare of preventive policing planning from the hot spots, in order
to identify its feasibility to the object of study. The results indicated that the Military
Police of Minas Gerais State partially performs the strategies defined as a Hot Spots
Policing, it was also verified that there is a demand for standardization of planning for
the use of directed policing focused on hot spots and there is a need to strengthen the
theoretical knowledge of the commands of operational units in what concerns the
Policing of Hot Spots. The mapping technique by street segments proved to be
adequate for the identification of hot spots and the adherence of the study site to
theoretical predictions regarding the concentration of crimes. Finally, it was possible to
define policing routes through the approach of routing solutions from graphs that can
provide optimized directed preventive policing allocations.
Figura 1 – Mapa dos segmentos de rua responsáveis por 25% dos crimes em Nova
Iorque - 2020 ........................................................................................ 35
Figura 2 – Pontos Quentes de Crimes no Bronx – Nova Iorque – 2010-2020. ..... 36
Figura 3 – Curva de duração de resposta ............................................................. 52
Figura 4 – Mapeamento de Crimes por Guerry e Balbi em 1829 .......................... 77
Figura 5 – Mapa de distribuição de pontos de cometimento de crime de uma gangue
a partir do centro médio de localização da residência dos componentes
da gangue ............................................................................................ 79
Figura 6 – Exemplo comparativo dos modelos circular e elíptico .......................... 80
Figura 7 – Representação de elipse espacial para a distribuição de crimes em Belo
Horizonte .............................................................................................. 81
Figura 8 – Distribuição dos crimes de roubo em Belo Horizonte (2007-2013) ...... 82
Figura 9 – Diferença do número de roubos por quadrículas (2013-2007) ............. 82
Figura 10 – Distribuição dos crimes de roubo e equipamentos urbanos - Belo
Horizonte - 2007 a 2013 ....................................................................... 83
Figura 11 – Mapa de ataques a instituições bancárias – 7ª RPM – 2012-2017 ...... 84
Figura 12 – Mapa de Kernel para crimes violentos – 34º BPM - 01/01/2022 –
04/08/2022. .......................................................................................... 85
Figura 13 – Ilustração de um segmento de rua ....................................................... 87
Figura 14 – Variação de Crimes Violentos em Nova Iorque – Estados Unidos –
2020..... ................................................................................................ 89
Figura 15 – Representação de Grafo com 4 Vértices e seus respetivos custos ..... 97
Figura 16 – Densidade de crimes violentos no hipercentro de Belo Horizonte –
2013....... .............................................................................................. 99
Figura 17 – Representação da atribuição de custos a partir da densidade de crimes
no hipercentro de Belo Horizonte. ...................................................... 100
Figura 18 – Exemplo da atribuição de custos às arestas, a partir da densidade de
crimes no hipercentro de Belo Horizonte ........................................... 101
Figura 19 – Representação do “grafo valorado” a partir da densidade criminal .... 101
Figura 20 – Representação da rota otimizada para o patrulhamento.................... 102
Figura 21 – Fluxo metodológica da pesquisa ........................................................ 106
Figura 22 – Representação do conjunto de dados pontuais espacializados ......... 110
Figura 23 – Representação de segmento de via ................................................... 111
Figura 24 – Representação dos pontos de ocorrência em comparação às linhas que
representam os eixos viários .............................................................. 112
Figura 25 – Buffer em torno das linhas para agregar os pontos à linhas .............. 113
Figura 26 – Exemplo de polígonos criados a partir dos buffers com agregação dos
dados pontuais de ocorrências .......................................................... 114
Figura 27 – Exemplo de critério para recorte e inclusão de segmento por setor de
policiamento ....................................................................................... 115
Figura 28 – Fórmula para cálculo da área abaixo da curva de Lorenz.................. 117
Figura 29 – Fórmula para cálculo do coeficiente de Gini ...................................... 118
Figura 30 – Unidades de Execução Operacional da PMMG – 2022 ..................... 120
Figura 31 – Articulação da 1ª RPM em Batalhões e Setores – 2022 .................... 121
Figura 32 – Motivação da substituição do Setor 34.17.3 para análise e definição de
rotas ................................................................................................... 123
Figura 33 – Exemplo de Mapa contendo Grafo modelado a partir da rede viária do
hipercentro de Belo Horizonte ............................................................ 126
Figura 34 – Mapa de localização dos Regiões dos participantes da Pesquisa – Minas
Gerais – 2022 ..................................................................................... 129
Figura 35 – Nuvem de palavras para os recursos indicados pelos respondentes 148
Figura 36 – Mapa de pontos para crimes de furto - Belo Horizonte – 2021 .......... 172
Figura 37 – Mapa de Kernel para crimes de furto - Belo Horizonte – 2021........... 173
Figura 38 – Mapa por quadrículas para crimes de furto - Belo Horizonte – 2021 . 174
Figura 39 – Mapa por segmento de rua para furto - Belo Horizonte – 2021............175
Figura 40 – Mapa de furtos por segmentos de rua – Belo Horizonte – 2018-2021
........................................................................................................... 178
Figura 41 – Mapa de crimes violentos por segmentos de rua – Belo Horizonte – 2018-
2021 ................................................................................................... 180
Figura 42 – Mapa de crimes violentos e furtos por segmentos de rua – Belo Horizonte
– 2018-2021 ....................................................................................... 182
Figura 43 – Pontos quentes de furtos – Belo Horizonte – 2018-2021 ................... 185
Figura 44 – Pontos quentes de crimes violentos – Belo Horizonte – 2018-2021 .. 188
Figura 45 – Pontos quentes de CV e furtos – Belo Horizonte – 2018-2021 ......... 191
Figura 46 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Praça Sete (1º BPM) - 2021..... 205
Figura 47 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Buritis (5º BPM) - 2021 ............ 205
Figura 48 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Planalto (13º BPM) - 2021 ....... 206
Figura 49 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Santa Tereza (16º BPM) - 2021
........................................................................................................... 206
Figura 50 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Prado (22º BPM) - 2021 ........... 207
Figura 51 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Padre Eustáquio (34º BPM) –
2021............................. ...................................................................... 207
Figura 52 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Barreiro (41º BPM) - 2021........ 208
Figura 53 – Pontos Quentes CV e Furtos - Setor Venda Nova (49º BPM) - 2021. 208
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
1 INTRODUÇÃO
1 De maneira geral, hot spots são definidos operacionalmente por Buerger, Cohn e Petrosino (1995)
como pequenos grupos de endereços com atividade frequente de crimes. Os pontos quentes devem
ser facilmente visíveis a partir de um epicentro.
17
espaço, Keith D. Harries (1974), relata que as ofensas têm suas próprias “ecologias
de lugar”; o layout e o design do bairro, bem como as características estruturais,
podem afetar os níveis de oportunidade para determinados tipos de crime. Segundo
o autor, “a discussão de fatores microambientais demonstra que os delitos variam
muito em sua capacidade de controle por meio da manipulação do ambiente físico”
(HARRIES, 1974, p. 78, tradução nossa2).
A Polícia Militar de Minas Gerais possui uma normatização, por meio do Memorando
nº 30.041.2/18-CG, que estabelece o emprego de estatística, análise criminal e
geoprocessamento na melhoria da Gestão Operacional, Coordenação e Controle dos
meios empregados. O documento prevê que “o policiamento orientado para a solução
de problemas [...] e metodologias analíticas diagnósticas, [...] dentre outras, apontam
para o patrulhamento dirigido, em contraposição à modalidade aleatória” (MINAS
GERAIS, 2018, p. 1). O mesmo documento descreve “a execução do policiamento
ostensivo preventivo se desenvolve por meio de definição de postos de policiamento
e cartões-programa”. Sobre os cartões-programa, o aludido Memorando traz que:
2 Discussion of microenvironmental factors demonstrates that offenses vary greatly in their amenability
to control via manipulations of the physical environmet.
18
A ideia de que a Polícia Militar de Minas Gerais realiza policiamento de hot spots é
difundida, conforme se pode verificar na afirmação de Sapori (2022, p. 130, grifo
nosso), o qual numa análise do decréscimo da violência em Minas Gerais, afirma que
uma das causas de redução do crime se deve a “[...] algumas metodologias de
atuação policial de controle da criminalidade internacionalmente reconhecidas, tais
como o policiamento orientado para a solução de problemas, o policiamento por hot
spots e a gestão por resultados”.
3 Efetivo de policiais militares da ativa no período de 2017-2019: 2017: 41.670 militares, 2018: 39.957
militares, 2019: 37.928 militares, 2020: 37.169 militares, 2021: 35.574 militares. Redução de 15% do
efetivo nos últimos cinco anos, conforme dados da Primeira Seção do Estado-Maior. Os dados se
referem ao efetivo existente na Instituição na data do primeiro dia do mês de dezembro de cada ano
(MINAS GERAIS, 2022a).
19
nos roubos de carros, mas sem efeitos diretos sobre outros crimes ou satisfação com
os serviços policiais). Os efeitos foram maiores nos lugares menos seguros,
especialmente para percepções de segurança de curto prazo, roubos de carros e
assaltos. Não foram encontradas evidências de deslocamento do crime, mas sim uma
diminuição nos roubos de carros em pontos quentes próximos e uma diminuição nos
assaltos em pontos não quentes próximos. Os autores estimaram que os roubos de
carros diminuíram em toda a cidade em cerca de 11% (COLLAZOS et al., 2021). No
Brasil, até o presente momento, nenhum estudo com esse foco foi produzido.
Em âmbito institucional, a busca pela otimização dos recursos estatais para promoção
de serviços com maior eficiência encontra aderência no Plano Mineiro de
Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2019-2030, no qual está previsto dentre as
Diretrizes Estratégicas para Áreas Temáticas Finalísticas de Segurança Pública: “[...]
avaliar a distribuição das forças de segurança e proteção públicas, buscar a
otimização em localização, infraestrutura e recursos [...]” (MINAS GERAIS, 2016).
Para atingir os objetivos propostos, o estudo foi organizado em seis seções. Esta
primeira é dedicada à contextualização e problematização da pesquisa, com
apresentação dos objetivos propostos, justificativa e estrutura geral da monografia.
Sherman et al. (2014) indicam que as teorias que abordam como a polícia reduz o
crime e a desordem em áreas públicas diz mais sobre o efeito do incremento de
patrulhas policiais em hot spots que sobre a causas dessas patrulhas.
Isso não quer dizer que os criminologistas não reconhecessem que as oportunidades
encontradas em níveis micro do local possam impactar na ocorrência do crime, como
o trabalho de Sutherland5 (1947). No entanto, tanto Sutherland (1947) como outros
criminologistas não apresentaram os microespaços (micro places) de crime como foco
relevante do estudo criminológico.
5 Sutherland (1947) tinha o foco principal nos processos de aprendizagem que levam os delinquentes
a participar no comportamento criminoso. O autor observou em sua obra clássica de criminologia que
o ambiente imediato influencia o crime de muitas maneiras. Sutherland (1947) cita como exemplos:
um ladrão pode furtar de uma banca de frutas quando o dono não está à vista, mas abstém-se quando
o dono está à vista; um assaltante de banco pode atacar um banco mal protegido, mas abster-se de
atacar um banco protegido por vigias e alarmes contra roubo (WEISBURD; BRAGA, 2006).
6 KELLING,G. et al. E. The Kansas City preventive patrol experiment: Summary report. Washington,
Um provável ofensor inclui qualquer indivíduo com uma inclinação para cometer um
crime (FELSON, 1983).
7 Atividades rotineiras significam “[...] quaisquer atividades recorrentes que supram as necessidades
básicas individuais e da população, independentemente das suas origens biológicas ou culturais [...],
incluindo o trabalho formalizado, o lazer, a interação social, a aprendizagem [...] que ocorrem em
casa, nos postos de trabalho e em outras atividades fora de casa” (COHEN, FELSON, 1979, p. 593).
25
A teoria das atividades rotineiras foi utilizada por Cohen e Felson (1979) para explicar
o aumento das taxas de crime nos Estados Unidos uma vez que, segundo os autores,
outras teorias não poderiam explicar. Assim, o crescimento da taxa criminal pode ser
explicado pelo aumento da oportunidade para o cometimento de crimes não havendo,
portanto, relação com número de ofensores e vítimas.
Com base em temas semelhantes, estudiosos britânicos, liderados por Ronald Clarke,
exploraram as possibilidades teóricas e práticas da “Prevenção Situacional do Crime”
(situacional crime prevention) (CLARKE, 1983; 1992; 1995; CORNISH; CLARKE,
1986). O foco das pesquisas estava nos contextos criminais e nas possibilidades de
reduzir as oportunidades de crime em situações muito específicas. A abordagem
deles, como a de Cohen e Felson (1979), alterou radicalmente a teoria tradicional da
prevenção do crime. No centro da equação do crime estava a oportunidade. E eles
procuraram mudar a oportunidade em vez de mudar os infratores. Na prevenção
situacional do crime, na maioria das vezes, “a oportunidade faz o ladrão” (FELSON;
CLARKE, 1998).
8 A abordagem do crime do ponto de vista econômico foi desenvolvida inicialmente por Gary Becker na
obra a Crime and punishment: An Economic Approach (BECKER, 1968). Segundo a abordagem de
Becker, o indivíduo, em determinadas situações ou diante de certos incentivos, faz uma análise
racional entre o custo-benefício da sua ação, ou seja, o que ele espera ganhar com a conduta – o
benefício – que pode ser dinheiro, poder, entre outros, e o custo a ser por ele suportado, como a
probabilidade de ser pego e a possível punição. Posteriormente, Clarke e Cornish (1986), desenvolvem
a teoria da escolha racional apontando, ao contrário da ideia clássica de Becker, que os sujeitos agem
em uma racionalidade limitada pela influência de diversos fatores, como a falta de conhecimento
completo acerca dos riscos, esforços e recompensas do crime, limitações de tempo e inexistência de
um planejamento prévio e detalhado. Normalmente, os delinquentes traçam planos gerais,
improvisam diante do imprevisto e, uma vez iniciada a execução do crime, o foco passa a ser mais
as recompensas que os riscos
26
Lugares, nesse microcontexto, são locais específicos dentro dos ambientes sociais
mais amplos de comunidades e bairros (ECK; WEISBURD, 1995). Eles são algumas
vezes definidos como prédios ou endereços (GREEN, 1996; SHERMAN; GARTIN;
BUERGER, 1989a), algumas vezes como faces de quarteirões ou segmentos de rua
(SHERMAN; WEISBURD, 1995; TAYLOR, 1997) e também como grupos de
endereços, faces de quarteirões, ou segmentos de rua (BLOCK; DABDOUB;
FREGLY, 1995; WEISBURD; GREEN, 1995).
9 Pierce, Spaar e Briggs (1988); Weisburd e Green (1995); Weisburd et al. (2004); Weisburd, Maher e
Sherman (1992).
28
10Andresen; Malleson (2011); Braga, Papachristos; Hureau (2014); Brantingham; Brantingham (1999);
Curmen; Andresen; Brantingham (2014); Pierce; Spaar; Briggs (1988); Sherman; Gartin; Buerger
(1989a, 1989b); Weisburd; Amram (2014); Weisburd et al. (2004); Weisburd; Green (1994); Weisburd;
Lawton; Ready (2012); Weisburd; Maher; Sherman (1992); Weisburd; Morris; Groff (2009).
29
Weisburd (2015) declara que os dados apresentados por ele sugerem que existe uma
lei de concentração do crime. Esta lei estabelece que para uma medida definida de
crime, em uma unidade microgeográfica específica, a concentração de crime cairá
dentro de uma estreita faixa de porcentagens para uma proporção cumulativa definida
de crime.
A distribuição dos crimes por tipologia (crimes gerais, crimes violentos e crimes contra
o patrimônio) apresentou um comportamento semelhante em termos da porcentagem
de crimes concentrados por segmento de rua no período. Conforme o Gráfico 1:
a) crimes gerais: 25% dos crimes totais se concentram em 1,38% em 2010, 1,27%
em 2015 e 1,38% em 2020; 50% dos crimes ocorreram em 5,78% dos
segmentos de rua em 2010, 5,54% em 2015 e 5,71% em 2020; 75% dos
eventos se concentraram em 16,12% dos microespaços em 2010, 15,50% em
2015 e 15,60% em 2010; por fim, 100% dos eventos criminais ocorreram em
58,15% dos segmentos em 2010, 56,79% em 2015 e 55,22% em 2020. Desta
33
Por meio da análise dos períodos 2010, 2015 e 2020, considerando-se o foco nos
segmentos de rua que produziram 25% do crime em Nova Iorque, é possível dizer que
os níveis de criminalidade são muito altos nessas ruas, comparando com os demais
segmentos de rua da cidade. Em 2010, 1.154 segmentos de ruas tiveram níveis
médios de criminalidade (a média numérica nas ruas) de mais de 80 crimes em um
único ano. O nível médio de criminalidade (ou pontuação do percentil 50) foi de 60
crimes, ainda sugerindo um número muito grande de crimes registrados em um único
ano. Em 2020, aproximadamente o mesmo número de segmentos produziram 25%
do crime. O nível de criminalidade é um pouco menor, mas ainda muito alto para um
único segmento de rua, com média de 73 crimes e mediana de 55 crimes. A tendência
geral nos três anos analisados é interessante, uma vez que o número médio de
incidentes criminais para 1% dos segmentos de rua aumentou entre 2010 e 2015,
apesar de uma diminuição na criminalidade total na cidade. Isso sugere que o número
34
11 The data so far follow earlier studies in other larger cities: about 1% of streets produce 25% of crime
overall, and about 5% of streets produce 50% of crime overall (see Weisburd, 2015; Telep and
Weisburd, 2018). In this context, the number of street segments that can be defined as crime hot
spots remained relatively stable across the years despite the overall crime decline observed in the
city. But a key question—given the very large crime drop in NYC over the past few decades—is
whether hot-spot streets remain hot. Put differently, do hot-spot streets have large numbers of
crimes, or has the large crime decline in NYC brought crime on hotspot streets to very low levels?
35
Figura 1 – Mapa dos segmentos de rua responsáveis por 25% dos crimes em Nova
Iorque - 2020
Pelo mapa da Figura 2 fica evidente que os padrões geográficos são semelhantes, o
que não significa que as ruas não mudam em termos de seus níveis de criminalidade,
mas sugere uma estabilidade ao longo do tempo. Isso é reforçado ao olhar para as
ruas do Bronx que estavam no grupo de maior foco de criminalidade (que produziu
25% do crime na cidade) em 2010 e em 2020. Das ruas que foram focos de alta
criminalidade em 2010 (top 25% do crime) quase metade (50%) eram pontos quentes
de alta criminalidade em 2020. Outros 45% das ruas passaram da categoria mais alta
de pontos quentes para a segunda categoria (que produziu 25%–50% do crime). Isso
sugere que quase todas as ruas que eram pontos quentes em 2010 também foram
pontos quentes em 2020.
37
O declínio expressivo dos índices criminais na cidade de Nova Iorque leva a duas
questões: a primeira é a suposta pouca importância do trabalho policial e a segunda
se os pontos quentes permanecem quentes perante este cenário de declínio das taxas
gerais de crimes. Sobre isso, Weisburd e Zastrow (2021) descrevem que:
Nossas análises sugerem que é mera retórica imaginar que o crime é tão
baixo nas ruas de Nova Iorque que não há necessidade de policiamento.
Apesar de um grande declínio da criminalidade nas últimas décadas, as ruas
dos pontos quentes continuam “quentes” e um número muito grande de ruas
enfrenta altos níveis de criminalidade. Observar as taxas gerais de
criminalidade em Nova Iorque mascara os graves problemas de criminalidade
enfrentados por muitos nova-iorquinos que vivem ou trabalham em ruas
movimentadas. Enquanto a reforma da polícia e esforços para identificar
soluções sociais e comunitárias para os problemas do crime devem ser uma
parte central da agenda da cidade em Nova Iorque, o policiamento continua
a ser um serviço crítico necessário para grande número de ruas da cidade
(WEISBURD; ZASTROW, 2021, p. 21, tradução nossa13).
14 If micro places are the appropriate spatial units of analysis in any effort to understand crime, a
number of implications are immediately apparent. These implications are best organized along two
lines of thought: theory and policy.
39
No que diz respeito à política, a estabilidade dos padrões espaciais do crime implica
que a prevenção do crime por meio do design ambiental seja um curso de ação
apropriado (JEFFERY 1969, 1971, 1976, 1977).
Em sua aplicação mais comum, a teoria das atividades rotineiras é usada para fazer
afirmações sobre a mudança das atividades rotineiras para vítimas de crimes. No
entanto, é muito mais fácil mudar e/ou regular lugares do que indivíduos (SHERMAN
et al. 1989a). E devido ao fato desses lugares serem “microlugares”, a atividade
específica de prevenção ao crime que deve ser usada é a prevenção situacional do
crime (CLARKE, 1980, 1983). Esse foco na prevenção situacional do crime deve
ocorrer porque a prevenção situacional do crime funciona melhor quando aplicada a
problemas específicos do crime e do local. Embora se possa argumentar que isso
resultará simplesmente no deslocamento espacial do crime, as pesquisas sobre
deslocamento espacial indicam que isso não ocorrerá (GUERETTE; BOWERS, 2009;
WEISBURD et al., 2006). De fato, as pesquisas mostram que provavelmente haverá
a difusão de benefícios para os lugares do entorno (conforme será melhor explorado
mais adiante neste trabalho).
Assim, Andresen e Malleson (2011) afirmam, com base na crescente literatura sobre
crimes em locais específicos, que há justificativa tanto teórica quanto de suporte
empírico para a aplicação de atividades de prevenção ao crime focadas em
microlugares.
Sherman et al. (2014) apontam que a ideia de estratégia como teoria sugere o valor
de uma teoria integrada de patrulhamento de pontos quentes em que as causas das
patrulhas estão ligadas às causas do crime e redução da desordem.
Os conceitos15 definidos são: pontos quentes (hot spots), dissuasão local (local
deterrence), deslocamento local (local displacement), dissuasão regional (regional
deterrence), dissuasão e deslocamento do infrator (offender deterrence and
displacement), repressão (crackdowns), recuos (backoffs), dissuasão inicial (initial
deterrence), dissuasão residual (residual deterrence), decaimento de dissuasão
(deterrence decay), dosagem (dosage), frequência (frequency), intermitência
(intermittency), incerteza (uncertainty), curvas de dosagem-resposta (dosage-
response curves), engajamento (engagement) e legitimidade (legitimacy) (SHERMAN
et al., 2014).
A seguir são abordados cada um dos conceitos que compõem a teoria de policiamento
de pontos quentes
15 Optou-se pela tradução livre dos termos indicados por Sherman et al. (2014), cujas terminologias
originais constam entre parênteses para cada um dos conceitos para manter a referência original.
43
Isso significa que, se um policial estiver estacionado em uma esquina ele poderá ver
todos os crimes que possam ocorrer dentro do campo de visão e todos os criminosos
em potencial poderão ver o carro ou o uniforme da polícia.
No entanto, Sherman et al. (2014) descrevem que é mais correto descrever patrulhas
em pontos quentes como dissuasão local, pois cada patrulha visa apenas uma
localidade por vez.
[...] a polícia pode efetivamente controlar o crime leve [...] aumentando sua
presença em situações em que desejam controlar a incidência de crimes
leves ou suas consequências. Por estarem presentes, eles [...] aumentam os
riscos de potenciais infratores ao ponto de que a infração seja frustrada
(REISS, 1985, p. 29-30).
Desta forma, a dissuasão local pode ser descrita como o efeito da aplicação da
escolha racional do infrator que calcula o custo versus benefício entre a possibilidade
de lograr êxito no cometimento de algum crime e a potencialidade de ser preso e/ou
punido por ele, considerando a presença policial.
O fenômeno da dissuasão local tem sido aceito há muito tempo pelos críticos das
políticas destinadas a criá-lo que negam que isso impeça o crime por completo, mas
apenas empurra o crime “ao virar da esquina” (WEISBURD et al., 2006).
A ideia “hidráulica” de que o crime, como a água, existirá em uma massa constante,
independentemente de onde ocorrer (CLARKE; MAYHEW, 1988), não tem base em
evidências, mas seu apelo intuitivo parece muito poderoso.
Como esses, outros destinos no espaço e no tempo podem estar em qualquer lugar
do mundo, a hipótese de que o crime localmente dissuadido irá para qualquer lugar
não pode ser falsificada pelas ferramentas de medição existentes. Apesar de sua
potência política, permanece cientificamente insignificante. O que é significativo é o
que pode ser testado: se o crime é deslocado “na esquina” – quase literalmente – e
se os infratores que cometem crimes em um ponto quente podem se mudar para
outros locais na mesma jurisdição policial (SHERMAN et. al, 2014).
Barr e Pease (1990) acrescentam, aos tipos de deslocamento descritos por Repetto
(1976), o deslocamento do autor (perpetrator displacement). O deslocamento do
autor é mais comum em crimes de fabricação e distribuição de drogas. Paynich e Hill
(2009) citam o seguinte exemplo:
47
16 […] law enforcement efforts may cause a drug dealer to desist from further drug dealing (perhaps he
was arrested and is in jail). However, in the drug market, these efforts create a vacant position for
another drug dealer to step and take his place. Thus, we have traded onde drug dealer for another.
17 This paper has examined the argument that mechanical prevention programs are without value
because of the phenomenon off displacement. Our analysis does not confirm this hypothesis for two
reasons. Some crimes are so opportunistic in nature that their prevention in one circumstance will
not lead to their recurrence in another. Even in the more likely instance where offenders blocked in
one sphere would wish to operate in another, there are real limits or costs to their doing so, and these
limitations and costs will lessen their frequency of operation and therefore reduce the overall crime
rate.
Among various displacement possibilities, it has been hypothesized that geographic relocation to
adjacent areas is most likely. This suggests that the most effective crime prevention strategies are
those applied across fairly large geographic areas, particularly those where serious crimes such as
robbery are concentrated. The most appropriate strategies appear to be those which permit wide
area coverage, leveraging of resources, and flexibility.
48
Clarke e Weisburd (1994) argumentam que existem duas fontes possíveis de difusão:
dissuasão e desencorajamento. Para explicar os dois tipos, os autores citam os
seguintes exemplos: imagine que o departamento de polícia local anunciou pela mídia
que terá como alvo os ladrões de várias lojas locais durante os meses de verão.
Infratores em potencial podem ser dissuadidos de furtar em lojas que não são
identificadas no anúncio por medo de estarem muito próximas das lojas que receberão
a fiscalização reforçada (dissuasão); da mesma forma, é possível que os infratores
esperem até o final do outono para retornar às lojas para furtar, tendo em vista que a
fiscalização isolada pode persistir até meados de setembro (desencorajamento).
18 [...] the spread of the beneficial influence of an intervention beyond the places which are directly
targeted, the individuals who are the subject of control, the crimes which are the focus of intervention
or the time periods in which an intervention is brought.
49
seletiva. Essas são pequenas seções geográficas da cidade que foram designadas
para patrulhas extras, aumento da apreensão de infratores ou outros programas de
prevenção ao crime. Dependendo da eficácia do aumento da fiscalização, nessa
pequena área geográfica, pode-se ver resultados de difusão benéficos não apenas
dentro da pequena vizinhança que a circunda (PAYNICH; HILL, 2009).
Sherman et al. (2014) afirmam que a ideia de dissuasão regional expressa a difusão
de benefícios em termos espaciais. Subjacente à observação da dissuasão regional,
no entanto, está também a premissa de que são os indivíduos, como potenciais
infratores, que decidiram não cometer crimes dentro ou em torno de pontos quentes
quando percebem maiores riscos de presença policial. A dissuasão regional é
simplesmente a soma de todos os efeitos dissuasores do infrator individual.
Ao desviar o local da ofensa para longe de um ponto quente, se é isso que a dissuasão
local faz, as decisões dos ofensores se tornam mais difíceis de medir, mas ainda não
impossíveis. Como demonstra Mazeika (2014), os nomes dos infratores presos em
um ponto quente em uma determinada cidade podem ser usados para identificar
quaisquer novos locais na mesma cidade onde eles podem ser presos, após uma
repressão criar dissuasão local onde eles foram presos no passado.
50
2.3.6 Repressão
Sherman (1990) definiu uma repressão policial como um aumento repentino “na
presença de policiais, sanções e ameaças de apreensão por um crime específico ou
por todos os crimes em um local específico” (SHERMAN, 1990, p. 1). A conceituação
inicial dos efeitos dissuasores das patrulhas de pontos quentes (SHERMAN;
WEISBURD, 1995) definiu cada aparição de uma patrulha policial em um ponto quente
como uma “mini-repressão”.
2.3.8 Recuo
Um recuo é mais facilmente definido como o fim de uma repressão que reduz, gradual
ou repentinamente, as dimensões do aumento das ameaças para o infrator que
definiram a repressão. É importante, além de mensurável, em relação à duração de
um efeito dissuasor local. Um simples efeito de dissuasão pode terminar
imediatamente após um recuo repentino da polícia; como é o caso, por exemplo, no
caso de greves policiais, conforme ocorreu em 1919 em Boston e Liverpool e 1976
em Helsinque (SHERMAN, 1992), além de 2013 na Argentina (SHERMAN et al.,
2014). No entanto, essa reação não é inevitável. Uma ideia mais interessante e útil é
que quando a polícia reduz suas ameaças de prender criminosos em uma localidade,
o efeito dissuasor pode desaparecer gradualmente e não imediatamente (SHERMAN
et al., 2014).
O fenômeno da dissuasão residual foi identificado, pela primeira vez, pela revisão de
Sherman (1990) das avaliações da repressão policial como uma continuação da
dissuasão inicial após um recuo: em todos os cinco casos, em que o crime foi medido
após um efeito dissuasor inicial e um recuo, a revisão descobriu que as frequências
de crimes permaneceram mais baixas do que antes da repressão. Só gradualmente
voltaram a subir para os níveis que precederam a repressão.
Essa observação inicial do fenômeno foi massivamente confirmada por Koper (1995),
através da análise de 6.273 observações de carros de polícia chegando e saindo de
pontos quentes em Minneapolis entre os anos de 1988 e 1989. A observação contínua
após a saída da polícia observou se, e com que rapidez, ocorreram quaisquer crimes
ou conduta desordeira.
52
O trabalho de Koper (1995), intitulado Just enough Police presence: reducing crime
and disorderly behavior by optimizing patrol time in crime hot spots19, buscou conhecer
de táticas de patrulha eficazes em locais de alta criminalidade. O estudo investigou os
efeitos dissuasores residuais associados a instâncias específicas de presença policial
em tais locais e mostrou que dosagens mais fortes, medidas pela duração das
presenças policiais melhoram a dissuasão residual de comportamentos criminosos e
desordens. Os dados coletados no trabalho constam no gráfico presente na Figura a
seguir:
Koper (1995) retoma também outros trabalhos para afirmar que a parada de patrulhas
(chamada de pontos-base pela PMMG), em pontos quentes pelo período adequado,
desempenha um efeito dissuasor ou promove o deslocamento do crime para outros
locais. Ressaltando que o foco dessa estratégia de policiamento preventivo deve ser
em microespaços (o que ele chama de locais problemáticos específicos).
Outro aspecto abordado por Koper (1995) é o fato de que o patrulhamento preventivo
diminui os comportamentos não-criminosos22 de desordem. O autor relata que, apesar
das dificuldades inerentes à dissuasão desses comportamentos, presenças policiais
20 The policy implication of this study is that police can maximize crime and disorder reduction at hot
spots by making proactive, medium-length stops at these locations on a random, intermittent basis
in a manner similar to Sherman's (1990) crackdown-backoff rotation strategy. In this way, police can
maximize deterrence and perhaps minimize the amount of unnecessary time they spend at hot spots.
In fact, the results imply that longer patrol stops at the experimental hot spots in the Minneapolis
Preventive Patrol Experiment (Sherman and Weisburd 1995) may have been a primary mechanism
by which jcrime and other disorderly behaviors were reduced in those places.
21 This study reinforces Sherman and Weisburd's (1990, 1995) contention that preventive patrol, if
focused properly, has a deterrent (or at least a displacement) effect on crime. It also provides further
justification for proactively concentrating more resources on specific troublesome locations rather
than on neighborhoods (see PIERCE; PARK; BRIGGS, 1988; Sherman et al. 1989; Taylor and
Gottfredson 1986).
22 Fatos que envolvem conflitos de valores ou contextos emocionais que não possuem penalidades
criminais.
54
mais longas exercem um efeito restritivo. Para Koper (1995), embora o estudo não
possa demonstrar conclusivamente que a redução da desordem não-criminal reduz o
crime, ele fornece indicações claras de que esses fenômenos estão interligados. Para
ele, pode-se dizer que a desordem não-criminal responde às mesmas medidas
preventivas (ou seja, presença policial fardada e/ou em viaturas) aplicadas para os
casos de crimes.
Para Koper (1995), considerando que há uma ligação entre desordem e medo, as
paradas (pontos-base) intermitentes de patrulha em pontos quentes têm o potencial
de melhorar a percepção dos cidadãos sobre esses locais.
Apesar de promissor para a época, Koper (1995) descreveu como questões ainda a
serem descobertas como:
a) o estudo solidificou ainda mais a base para paradas proativas nesses locais,
mas não abordou o que os policiais fazem nos pontos quentes. Um próximo
passo lógico (além de investigar melhor o ponto de utilidade máxima para a
duração das paradas) seria experimentar diferentes estilos de policiamento;
b) outra questão diz respeito ao deslocamento. Os dados não permitem avaliar os
efeitos do deslocamento. No entanto, os pontos quentes parecem ter
características sociais e físicas que facilitam o crime e a desordem;
c) mais pesquisas são necessárias para determinar se essas descobertas podem
ser generalizadas para cidades com climas mais quentes e maiores problemas
de crime e desordem;
d) pesquisas futuras podem mostrar com que frequência os policiais devem parar
em pontos quentes para obter o máximo efeito.
Por fim, Koper (1995) assevera que a principal implicação do seu estudo é que a
otimização do tempo de patrulha nos locais mais problemáticos de uma cidade pode
ajudar a reduzir o crime e o comportamento perturbador nesses locais, melhorando
assim a eficácia do patrulhamento preventivo.
55
Segundo Sherman et al. (2014), o fim da dissuasão inicial e residual pode ser definido
como decaimento da dissuasão. Quer a polícia mantenha ou reduza o aumento do
nível de ameaça, parece que os infratores, inicialmente dissuadidos, podem
eventualmente tornar-se encorajados a cometer crimes com maior frequência. Em
termos de hot spot, podem haver poucos crimes cometidos na frente de policiais, mas
podem ocorrer enquanto a polícia se preocupa com outros assuntos e,
temporariamente, desvia o olhar da vigilância.
2.3.11 Dosagem
A centralidade dessa dimensão não tem sido suficiente para garantir que ela seja
medida de forma consistente em experimentos de patrulhamento de pontos quentes.
Conforme Sherman et al. (2014), até dezembro de 2013, o único experimento
publicado em periódico com medição precisa de minutos de presença de patrulha
uniformizada nos pontos quentes foi o teste original de Sherman e Weisburd (1995)
em Minneapolis. No estudo foram utilizados estudantes de pós-graduação com
cronômetros como observadores para contar as mais de 6.000 visitas a 100 pontos
quentes de um total de 110, sendo 50 experimentais e 50 controles.
2.3.12 Frequência
A polícia pode estar presente em um ponto quente em 15% do tempo entre as 18h e
2h da manhã entrando e saindo apenas uma vez, 100 vezes ou mais. Teoricamente,
a frequência parece alterar o efeito dissuasor local da presença policial, pelo menos
até certo ponto (SHERMAN et al., 2014). A ideia é que a frequência, ou a
previsibilidade da frequência, provoca um nível de incerteza para os infratores em
potencial, dissuadindo-os do cometimento de infrações nos locais em que
“esperariam” a presença a qualquer momento.
Não basta apenas saber quantas vezes a polícia deve visitar um ponto quente
(frequência) e por qual tempo (dosagem) é necessário definir em quais intervalos isso
deve acontecer. Este conceito será abordado no próximo item.
2.3.13 Intermitência
24 If potential offenders know that police will come only once a night to a location, even if they stay for
2 hr, they can be assured that police will not come back. If such observant offenders conclude that
police will come only twice or three times, they will also be able to estimate the best time to commit
a crime without police arriving in the middle of the event. This claim is not based on evidence (yet—
although some experiments are collecting it). It also lacks guidance on whether the relationship
between frequency and local deterrence is linear or not, that is, whether there is a tipping point of
frequency (such as five visits per night), after which offenders can no longer keep track of what police
are doing. Under this nonlinear, step-change model of frequency, once the threshold is reached, it
would be unnecessary for police to pay any more visits per evening than required to hit the threshold.
25
The arrival and departure of police like clockwork every 2 hr, for example, would be a fixed period of
intermittency, one that criminals might easily identify. They could simply wait until police left with
great certainty that police would not return for another 2 hr. Periods ranging from 5 hr to 5 min,
however, could leave even such professional criminals as pickpockets confused about their risks of
apprehension.
58
2.3.14 Incerteza
26 Prospect theory has emerged as a leading alternative to expected utility as a theory of decision under
risk […]. The theory is best known for its hypothesis that individuals are risk-averse with respect to
gains and risk-acceptant with respect to losses […].
59
2.3.16 Engajamento
27 KUBRIN, C. E. et al.. Proactive policing and robbery rates across U.S. cities. Criminology, 2010,
48, 57-97.
28 SAMPSON, R. J.; COHEN, J.. Deterrent effects of the police on crime: A replication and theoretical
extension. Law & Society Review, 1988, 22, 163-189.
29 WILSON, J. Q.; BOLAND, B.. The effects of the police on crime. Law & Society Review, 1978,12,
367-390.
60
2.3.17 Legitimidade
Legitimidade refere-se aos “[...] julgamentos que os cidadãos comuns fazem sobre a
legitimidade da conduta policial” (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2004, p. 291,
tradução nossa30).
[...] a polícia deve reconhecer que, nos pontos quentes, está trabalhando com
populações mais céticas e menos confiantes na polícia. Portanto, táticas de
policiamento agressivas ou intrusivas, embora eficazes como estratégias de
combate ao crime de curto prazo, podem ter implicações de longo prazo para
a legitimidade da polícia (KOCKEL, 2011, p. 366, tradução nossa32).
30 Legitimacy refers to the “judgments that ordinary citizens make about the rightfulness of police
conduct.
31 Construindo o policiamento de pontos quentes: consequências não examinadas para populações
desfavorecidas e para a legitimidade da polícia (tradução livre).
32 [...] that police must recognize that in hot spots, they are working with populations who are more
skeptical and less trusting of the police.
61
Ainda segundo Sherman et al. (2014), quanto maior a proporção de todos os crimes
e desordens abrangidos por uma lista de pontos quentes, maior a proporção de
redução do crime que uma estratégia de Policiamento de Pontos Quentes pode
alcançar sujeita às condições especificadas no Quadro a seguir:
62
Essa teoria formal pode ser usada para avaliar o crescente número de testes de
patrulha de pontos quentes (BRAGA; PAPACHRISTOS; HUREAU, 2012), tanto do
ponto de vista teórico quanto do ponto de vista empírico.
2.5.1 Ampliação
33 Sherman faz uma alusão ao COMPSTAT e adapta o termo para COP-Stat para se referir ao
emprego da estatística computadorizada à ponta da linha da atividade policial.
64
algo pode ser feito sem testar seus efeitos nos resultados contra um controle
apropriado do grupo). Segundo os autores, testes em pequena escala podem contar
com condições ideais (ou pelo menos melhores), com pessoal escolhido a dedo e
gerenciamento e liderança intensivos. A implementação em larga escala deve contar
com condições mais típicas, incluindo pessoal indiferente, gerenciamento e liderança
menos focados.
Desta forma, para se empreender numa ampliação de uma estratégia de uma política
pública, deve-se atentar para que a implementação na ponta da linha sofrerá nuances
65
2.5.2 Infraestrutura
Sherman et al. (2014, p. 107, tradução nossa34) definem infraestrutura como “[...] a
capacidade de produzir grandes quantidades do matérias-primas necessárias para
entregar todas as saídas necessárias para causar o resultado”. Segundo os autores,
o grau de impacto de uma prática sobre os resultados (como a redução do crime)
diminui ao passar de testes em pequena escala para ampliá-los em larga escala. A
ampliação depende de uma ampla gama de condições resumidas como infraestrutura.
34 […] the capacity to produce large quantities of the raw materials needed to deliver all the outputs
needed to cause the outcome.
66
Muitos pontos quentes permanecem quentes por 10 anos ou mais (WEISBURD et al.,
2004). Uma vez que um limite do ponto quente é estabelecido, ele pode ser usado por
pelo menos um ano ou mais para medir e gerenciar a dosagem de patrulha dentro dos
limites (SHERMAN et al., 2014).
35 The requirement to use at least 1 year of data [...]), however, means that the effort needed for manual
construction of hot spots must only be invested once a year, at most.
67
Sherman et al. (2014) citam que, embora duas décadas de COMPSTAT tenham se
concentrado em direcionamento e táticas, também houve responsabilização dos
comandantes pelos resultados: se o crime diminui ou não. Essa responsabilidade
pode ou não ser grosseiramente injusta.
36 Apesar do termo accountability não ter uma tradução única, neste contexto, o termo assume o
conceito de responsabilização.
37 Esta informação pode ser verificada por meio da análise das taxas criminais no período de Pandemia
de COVID-19 que em Belo Horizonte apresentaram uma redução 36% para os crimes contra o
patrimônio durante a fase de distanciamento social (FARIA; DINIZ; ALVES, 2022).
68
38 One is cognitive, so that police understand the relevant dimensions of their patrol delivery in relation
to the crime prevention theory specified above. The other dimension is affective (emotional), so that
police become committed to the delivery of their patrol in the most effective manner and amounts
possible. The cognitive information can be presented in trends comparing a patrol unit’s delivery over
time, in total dosage, dosage in hot spots (as a percent of total patrol).
69
turno, é uma evidência ainda mais clara de onde um carro esteve (ou não) e por
quanto tempo (SHERMAN et al., 2014).
Sherman et al. (2014) afirmam que informação cognitiva por si só pode mudar as
práticas policiais. Para os autores é ainda mais improvável que o retorno das
informações, por escrito ou discussões individuais com os supervisores, tenham o
mesmo efeito que o feedback aos oficiais operacionais em um contexto de grupo. Não
se conhece nenhum “COMPSTAT” que tenha focado os policiais de rua prestando os
serviços, com todos eles na sala durante as discussões periódicas.
39 [...] call bi-weekly meetings providing feedback to the frontline officers on their personal patrol
delivery outputs a “COP-Stat” strategy: something for the street cops, not the managers alone. In
brief meetings of some 30 min, district commanders and shift leaders can review the past 14 days of
delivering patrol in a manner that is both cognitively clear and emotionally powerful.
70
fortalece seu compromisso moral de defender esses valores e atingir esses objetivos”
(SHERMAN et al., 2014, p. 110, tradução nossa40).
Sherman et al. (2014) apropriam-se dessa teoria para aplicá-la à estratégia policial,
de forma que a liderança se atente aos requisitos de um ritual de interação eficaz.
Apenas seguir ordens não é uma ideia muito inspiradora. Como Burns (1978)
sugere em seu tratado clássico sobre liderança, um líder transformacional é
aquele que inspira os seguidores a querer servir a uma causa ou interesse
maior do que suas próprias necessidades pessoais ou desejos egoístas. Não
é o medo da punição, mas o orgulho da conquista, que inspirará os policiais
de patrulha a realizar o melhor trabalho de patrulhamento que puderem. É o
orgulho na prevenção do crime que os motivará a fazer ainda melhor na
próxima semana do que na semana passada. Os líderes da polícia em todos
os níveis [...] devem manter essa ideia de uma missão ou propósito maior do
que o próprio eu na vanguarda de cada palavra e ação (SHERMAN et al.,
2014, p. 111, tradução nossa41
40 [...] when people have an engaging group experience that stresses commitment to shared values
and goals, it renews and strengthens their moral commitment to upholding those values
accomplishing those goals.
41 Merely following orders is not a very inspiring idea. As Burns (1978) suggests in his classic treatise
on leadership, a transformational leader is one who inspires followers to want to serve a cause or
interest larger than their own personal needs or selfish desires. It is not fear of punishment, but pride
of achievement, that will inspire patrol officers to carry out the best patrolling work they can. It is pride
in preventing crime that will motivate them to do even better next week than they did last week. Police
leaders at every level [...] must keep this idea of a mission or purpose larger than the self at the
forefront of their every word and deed.
71
A seguir apresenta-se um resumo dos dez conceitos de Sherman et al. (2014) para
uma teoria que promova patrulhas de pontos quentes cada vez mais eficazes:
Ao final desta seção, verificou-se que há uma série de conceitos e pressupostos que
devem ser considerados para que uma estratégia de policiamento seja considerada
como sendo de Policiamento de Pontos Quentes. As abordagens realizadas neste
capítulo serão utilizadas como base conceitual para analisar as percepções e práticas
adotadas pelos comandantes de Unidade de Execução Operacional da PMMG quanto
ao policiamento preventivo dirigido realizado e sua aderência às previsões do modelo
de Policiamento de Pontos Quentes.
73
Esta seção está dividida em três partes. A primeira parte é dedicada às formas de
mapeamento de hot spots, considerando-se as possibilidades de mapeamento e suas
perspectivas analíticas para melhor identificação dos pontos quentes. A segunda parte
dedica-se ao instrumental, para solução de rotas otimizadas por meio do estudo da
rede viária a partir de grafos e a terceira descreve a metodologia de roteamento que
tem aderência à solução do problema de aplicação no planejamento de rotas de
policiamento.
Várias técnicas de mapeamento diferentes são usadas para identificar pontos críticos
de crime - mapeamento de pontos, mapeamento temático de áreas geográficas,
elipses espaciais, mapeamento temático de grade e estimativa de densidade do
kernel. Vários estudos de pesquisa discutiram o uso desses métodos para identificar
focos de crime, geralmente com base em sua facilidade de uso e capacidade de
interpretar espacialmente a localização, tamanho, forma e orientação de grupos de
incidentes de crime (CHAINEY; TOMPSON; UHLIG, 2008; ECK et al., 2005;
JEFFERIS, 1999; RATCLIFFE; MCCULLAGH, 1998).
Identificar os hot spots é o primeiro passo que uma agência de policiamento precisa
dar ao discernir onde melhor priorizar seus recursos. A tentativa de fazer isso por meio
de mapeamento de pontos tornou-se desatualizada desde a proliferação do software
de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e a crescente sofisticação das técnicas
de mapeamento (CHAINEY; TOMPSON; UHLIG, 2008).
a) uma lei;
b) um ofensor (delinquente);
c) um alvo;
d) um lugar (BRANTINGHAM; BRANTINGHAM, 1981).
Neste sentido, para que o crime ocorra, todos os elementos acima devem estar
presentes. Deve existir uma lei para tornar ilegal um ato ou comportamento e,
portanto, criminoso. Um ofensor deve estar presente, pois é a pessoa que age ou
se comporta de uma forma que viola a lei. E para que o evento criminoso realmente
ocorra, também deve haver um alvo (propriedade a ser subtraída ou uma pessoa que
pode ser prejudicada), bem como um lugar para o evento criminoso ocorrer. Um lugar
é “uma área muito pequena, geralmente uma esquina, endereço, construção ou
segmento de rua” ou um “local específico dentro de ambientes sociais maiores” (ECK;
WEISBURD, 1995, p. 1-3).
42 Police use this understanding every day. Decisions about how to allocate scarce resources are
based partially on where the demands for police are highest and where they are lowest. Officers are
told to be particularly attentive to some behavior in some areas, but are given no guidance about
other areas where this behavior is scarce. Community policing is particularly attentive to high-crime
neighborhoods, where residents have great difficulty exerting social controls. Problem-oriented
policing pushes police officials to identify concentrations of crime or criminal activity, determine what
causes these concentrations, and then implement responses to reduce these concentrations. Much
of what is called crime analysis is dedicated to locating concentrations of crime—hot spots—and
much of crime mapping is devoted to their detection.
75
Guerry, com seu colaborador Adriano Balbi, criou um mapa estatístico contendo a
comparação entre níveis educacionais e taxas de crime na França. Guerry utilizou de
métodos cartográficos para representar o relacionamento entre as estatísticas
criminais e fenômenos sociais, o que posteriormente foi feito por outros na Inglaterra,
País de Gales e Estados Unidos (PAULSEN; ROBINSON, 2004).
Como exemplo, Guerry dividiu a França em cinco regiões: norte, sul, leste, oeste e
centro e utilizou mapas coropléticos (sombreamento) para representar: crimes na
França entre 1825-1830; gênero e crime; idade e crime; variações sazonais e crime;
educação e crime; distribuição de suicídios; etc. (PAULSEN; ROBINSON, 2004).
43 GUERRY, A.M. Essai sur la Statistique Morale de la France. Paris: Crochard. 1833.
44 QUETELET, L. A. A Treatise on Man. Edinburg: Willian and Robert Chambers. 1835.
77
Outro importante autor do período foi Henry Mayhew (1862) que analisou o crime e os
problemas sociais na Inglaterra e País de Gales usando métodos semelhantes.
Mayhew (1862) serviu-se de sua profissão, o jornalismo, para registrar o dia a dia da
Londres da segunda metade do século XIX. O trabalho sobre vagabundos e
criminosos, intitulado de London labour and the London poor, foi dividido em quatro
volumes, sobretudo artigos jornalísticos. Na obra destaca-se a construção da tipologia
que propõe, mas a sua contribuição mais importante refere-se à metodologia. Introduz
na Criminologia as metodologias qualitativas, e mais concretamente a história oral, a
entrevista e a observação direta.
Mayhew (1862) aproxima-se das zonas marginais de Londres para que os seus
próprios habitantes lhe descrevam por palavras suas os trabalhos e sofrimentos.
78
Diferentes técnicas de mapeamento são usadas para descrever os hot spots, incluindo
as seguintes: pontos, elipses espaciais, mapas temáticos, quadrículas, interpolação e
estimativa de densidade do kernel (CHAINEY; TOMPSON; UHLIG, 2008; ECK et al.,
2005).
Conforme o mapa (FIGURA 5), verifica-se que uma questão relevante para o
mapeamento por pontos é a escala de representação dos dados. Para melhor permitir
a identificação dos eventos é necessário que se utilize uma escala maior (mapa à
direita) o que não é possível no mapa da esquerda, por exemplo. Desta forma, para
identificação de microespaços de ocorrências criminais sugere-se que se utilize uma
escala adequada à representação desses espaços.
Assim como o círculo descrito pela distância padrão, a elipse é capaz de identificar o
centro de uma distribuição, bem como suas extensões espaciais, ou seja, a dispersão.
Não obstante, uma elipse mede a forma e a orientação da distribuição resumindo a
variância máxima e mínima ao longo dos eixos x e y (EBDON, 1988). Como resultado,
a elipse pode explicar um arranjo não uniforme de eventos (LEFEVER, 1926; LEVINE,
2007). Essas diferenças estão ilustradas na Figura a seguir.
Segundo Faria, Diniz e Alves (2020, p. 637), “embora excessivamente simplista, pela
Figura 6 demonstra-se que uma elipse é mais capaz de explicar a distribuição irregular
de eventos que o modelo circular, ou seja, o modelo elíptico combina tanto a
orientação quanto a variação na dispersão”.
81
Williamson et al. (2001) afirmam que os mapas criados desta forma são rápidos de
produzir e requerem pouco conhecimento técnico para serem interpretados. Além
disso, essa técnica permite que o usuário determine rapidamente quais áreas têm uma
alta incidência de crimes e permite um diagnóstico mais aprofundado do problema.
Além disso, as áreas do censo podem ser facilmente vinculadas a outras fontes de
dados, como população, para calcular uma taxa de criminalidade - aumentando sua
versatilidade para análise.
Fonte: Faria, Alves e Abreu (2018, p. 1012). Fonte: Faria, Alves e Abreu (2018, p. 1014).
No exemplo da Figura 10, Faria, Alves e Abreu (2018) identificaram uma correlação
entre os eventos de roubo e estabelecimentos de uso comercial, seguido pela
presença de instituições bancárias, com coeficientes moderadamente positivos.
Uma técnica de mapeamento de hot spots que os descreve como uma superfície de
densidade suave é a estimativa de densidade do kernel - Kernel Density Estimation
(KDE) (COLUMBIA PUBLIC HEALTH, s.d.). É um método de mapeamento popular
devido ao seu impacto visual intuitivo. Os pontos negativos do mapa de kernel é que
a técnica cria uma superfície de densidade incluindo-se os locais em que não houve
nenhum evento, superestimando o fenômeno, além de dificultar a localização precisa
das ocorrências do fenômeno em estudo.
85
Embora o Kernel seja uma abordagem mais flexível para visualizar em um mapa, ele
ainda sofre das mesmas limitações do mapeamento temático, pois não identifica hot
spots e cold spots estatisticamente significativos (COLUMBIA PUBLIC HEALTH, s.d.).
Weisburd et al. (2004), em estudo das tendências do crime em Seattle entre 1989 e
2002, indicaram um declínio de quase 25% no crime em geral. Mas esse declínio foi
responsável por apenas 14% dos segmentos de rua (WEISBURD; GROFF; YANG,
2012). A maioria das ruas experimentou pouca mudança na criminalidade e cerca de
2% dos segmentos de rua (mais de 500 ruas) apresentaram aumentos médios de
quase 50%.
A Figura 13 ilustra o que Weisburd e Zastrow (2021) queriam dizer como um segmento
de rua em referência a um conjunto de ruas em uma grade de ruas.
47we implement a straightforward method in which crime counts are summed for each street segment
in the city. In this analysis, there are 83,5476 street segments, according to NYC OpenData. It would
not be possible to use a spatial unit smaller than the street segment because the crime report data are
coded to the street-segment center line and do not provide address-level information. At the same
time, street segments have become the most commonly used geographic unit for studies of crime
concentration (Lee et al., 2017) because they can be seen as behavior settings (see Wicker, 1987;
Weisburd, Groff, and Yang, 2012; Weisburd, Groff, and Yang, 2014) and have well-defined and
objective boundaries. Moreover, the use of street segments minimizes the errors likely to develop from
miscoding of addresses in official data (see Weisburd and Green, 1995; Klinger and Bridges, 1997;
Weisburd, Groff, and Yang, 2014).
88
Em 2020, 69% das infrações de trânsito e veículos de Nova Iorque ocorreram nos
cruzamentos, apesar do fato de que há cerca de duas vezes mais segmentos de
rua como cruzamentos. No geral, 13% a 19% das denúncias de crimes na cidade
estão relacionadas a cruzamentos (WEISBURD; ZASTROW, 2021, p. 4).
48Curman, Andresen e Brantingham, (2015); Dario et al. (2015); Gill, Wooditch e Weisburd (2017);
Telep, Mitchell e Weisburd (2014); Weisburd (2015); Weisburd et al. (2006); Weisburd, Groff e Yang,
(2012).
89
(conclusão)
Técnica de
Pontos positivos Pontos negativos
Mapeamento
Mapa de Kernel Um mapa de superfície lisa é Eck et al. (2005) destacam que a escolha
produzido, mostrando a variação da faixa temática a ser utilizada ainda se
da densidade de pontos/crime apresenta como um problema, pois as
ao longo da área de estudo, sem agências não questionam a validade ou
a necessidade de conformar a robustez estatística do mapa
formas geométricas como produzido, ficando presas em sua “isca
elipses. Há flexibilidade ao visual”. Isso afeta em grande parte como
definir parâmetros como os hot spots são identificados e aumenta
tamanho da célula da grade e a variação de mapas formados a partir
largura de banda (raio de dos mesmos dados. Há também
pesquisa); no entanto, apesar de preocupações de que pequenas
muitas recomendações úteis quantidades de dados possam
(CHAINEY; RATCLIFFE, 2005; desinformar o leitor de mapas (HOME
ECK et al., 2005, RATCLIFFE, OFFICE, 2001).
1999), não existe uma doutrina
universal sobre como defini-las e
em que circunstâncias.
Fonte: Chainey, Tompson e Uhlig (2008).
não podem ser tratadas independentemente, uma vez que dependem uma da outra
(PEREIRA, 2019).
Pereira (2019) ainda destaca que duas das principais preocupações da polícia urbana
são o uso eficiente dos veículos patrulha e a carga de trabalho equilibrada entre
agentes policiais em diferentes distritos. Nesse trabalho é abordada a questão do uso
eficiente dos veículos de patrulhas policiais, considerando que o foco do trabalho é a
atividade de patrulhamento dirigido, não sendo abordada a questão de
dimensionamento da carga de serviço.
3.2.1 Roteamento
Nesse sentido, o objetivo no Problema de Roteamento (PR) passa por executar uma
ou várias viagens para cobrir determinadas necessidades e minimizar alguns
parâmetros, tal como o custo total de serviço (MOURÃO; NUNES; PRINS, 2009).
(entroncamentos entre ruas), a abordagem de grafos é uma ferramenta útil para este
tipo de análise.
O grafo será valorado quando suas arestas e/ou vértices estão relacionados a algum
atributo (estes grafos são utilizados na modelagem de problemas que buscam
minimizar distâncias – em termo espacial, temporal, de custos, etc.). Os grafos podem
ser representados por diversas formas, dentre as quais se destacam a por meio de
matrizes (adequados para a manipulação matemática) e a geométrica, que facilita a
compreensão (principalmente de informações espaciais) (BARROSO, 1998).
Segundo Marques (2000), no campo das Ciências Sociais, o conceito de redes pode
ser aplicado sob três perspectivas:
Alves (2020) apresenta três diferentes escalas de redes urbanas: regional, municipal
e intraurbana, nas quais é possível verificar, ainda que implicitamente, uma estrutura
composta por vértices e arestas.
95
Para essa pesquisa, elaborou-se uma estrutura de grafos para a rede intraurbana
baseada na rede via viária (ruas e avenidas) sendo os nós as interseções entre as
vias e as arestas cada um dos seguimentos de rua.
O algoritmo de Djikstra (1959) define o caminho mínimo com sendo aquele no qual a
soma das arestas resulta no menor valor possível entre todas as somas de arestas
possíveis, ou seja, que liguem os dois vértices selecionados. Tendo em vista se
basear em soma e sua rápida implementação computacional, o algoritmo de Dijkstra
é utilizado por diferentes softwares comerciais que lidam com o conceito de distância
em redes, como é o caso dos aplicativos de sistemas de posicionamento global (GPS).
Tomando por base o conceito de grafo valorado, em que cada uma das arestas
recebe um valor/peso específico, diferentes abordagens e aplicações de caráter
cotidiano têm sido possíveis. Pode-se descrever como exemplos práticos os diversos
aplicativos voltados à definição de caminhos “ótimos” entre duas localidades, dentre
os quais destacam-se o Google Maps® e o Waze® (ALVES, 2020).
Seja G = (V; E), sendo V = {v1, ..., vn} é um conjunto de vértices e E = {(vi, vj): i < j, vi,
vj V} é um conjunto de arestas não direcionadas (LAPORTE; OSMAN, 1995).
50 Um grafo é dito hamiltoniano se possui um ciclo hamiltoniano, ou seja, apresenta um ciclo que
percorre todos os vértices do grafo (SANTOS, 2016).
98
O Problema do Caixeiro Viajante (PCV) é utilizado para determinar qual a menor rota
a percorrer entre várias cidades, por um dado vendedor, que inicia e encerra a viagem
no mesmo ponto e que visita cada uma das cidades apenas uma vez. A necessidade
de otimização decorre da percepção de que o tempo despendido, bem como os custos
associados ao transporte, entre as cidades a visitar, poderiam ser reduzidos
(PEREIRA, 2019).
Faria, Alves e Barroso (2015) realizaram um trabalho com objetivo de propor, a partir
da teoria de grafos e técnicas de análise espacial, uma metodologia de modelagem
do fenômeno criminal no espaço urbano a fim de definir pontos de interesse espacial
para definição de rotas seguras e otimização dos recursos públicos de prevenção
criminal.
No trabalho de Faria, Alves e Barroso (2015) foi a atribuído como custo de cada aresta
do grafo o grau de incidência de criminalidade da área por ela percorrida. As 10
classes do mapa de concentração de crimes foram agrupadas em cinco classes para
a atribuição de custos (impedância) para a modelagem do grafo.
100
Para definição das rotas de policiamento, Faria, Alves e Barroso (2015) definiram o
custo de maneira invertida, ou seja, que se atribuísse um custo mínimo para a maior
incidência criminal e vice-versa. Para cada uma das arestas foi atribuído o maior custo
das áreas por elas percorridas, ou seja, se uma aresta se estende por áreas com
diferentes concentrações de ocorrências (diferentes pesos), o peso atribuído à aresta
é o referente ao da área com maior densidade (maior custo), conforme exemplifica a
figura a seguir.
101
No exemplo, observa-se que a aresta em destaque (ao lado esquerdo) “corta” três
áreas de densidades criminais distintas com custos iguais a 3 (área amarela), 4 (área
laranja) e 5 (área vermelha). Conforme Figura 19 (à direita), a aresta do “grafo
valorado” herdou o maior custo, ou seja, passou a ser uma aresta de custo 5 (FARIA;
ALVES; BARROSO, 2015). Essa etapa permitiu a confecção de um “grafo valorado”,
o qual permite a análise de caminhos mínimos, tanto de análise das rotas mais curtas
quanto de rotas otimizadas ou para instalação de facilidades.
4 PERCURSO METODOLÓGICO
O caminho percorrido para elaboração da pesquisa pode ser sintetizado por meio do
Fluxo descrito na Figura 21.
A análise e interpretação dos dados tiveram por base o referencial teórico abordado
nas seções 2 e 3 desta pesquisa.
Para o trabalho de identificação dos trechos de vias de Belo Horizonte com maior
incidência criminal (hot spots) foram mapeadas, inicialmente sob a forma pontual, as
ocorrências de furtos e Crimes Violentos no período de 2018, 2019, 2020 e 2021.
a) furtos:
72.054 ocorrências em 2018;
69.596 ocorrências em 2019;
53.239 ocorrências em 2020;
55.012 ocorrências em 2021;
b) crimes violentos:
28.006 ocorrências em 2018
19.848 ocorrências em 2019
12.758 ocorrências em 2020
9.860 ocorrências em 2021
109
O resultado desta operação foi a obtenção de oito conjuntos de dados (um conjunto
de dados para cada ano e para cada categoria mapeada), além de um arquivo vetorial
completo, contendo o total de dados. O croqui abaixo exemplifica um destes arquivos
de dados pontuais.
A partir de uma análise dos dados viários disponíveis nos bancos de dados públicos,
verificou-se mais apropriado utilizar os dados individualizados na escala dos trechos
(segmentos de rua) e não das vias unificadas. Estes “trechos” representam as
111
parcelas de uma via delimitados pela interseção de duas vias consecutivas, podendo
também ser entendidos como as vias ao longo de um único quarteirão. A modelagem
de dados nesta escala se mostrou mais apropriada na percepção deste pesquisador
aos objetivos de estudo, uma vez que uma mesma via pode apresentar diferentes
padrões de distribuição criminal ao longo de toda sua extensão. A exemplificar, cita-
se a Avenida Afonso Pena com toda sua heterogeneidade quanto ao fenômeno
criminal ao longo do seu traçado partindo do hipercentro da capital em direção à zona
sul. A Figura 23 exemplifica esta situação, na qual cada trecho de uma mesma via é
representado por uma cor diferente, permitindo a identificação da escala de
abordagem do trabalho.
Para a agregação dos dados pontuais às polilinhas representativas dos eixos viários,
há necessidade em adotar um índice comum (como o nome das ruas, endereço ou
outro geocodificador) aos dois bancos de dados.
112
trechos de vias (buffer) para que as ocorrências pudessem ser agregadas, como pode
ser observado na Figura 25.
Figura 25 – Exemplo de buffer em torno das linhas para agregar os pontos à linhas
Durante a pesquisa foram testadas distâncias “buffers” ao longo dos eixos das vias,
de forma a verificar qual a distância que, ao mesmo tempo, captura a maior quantidade
de dados e não provoca sobreposições significativas em áreas de interseções e
cruzamentos.
Tendo por base os resultados dos testes, foi adotada a distância de 20 metros como
buffer ao longo das vias para captura dos pontos. A partir desta distância, há pouco
ganho de dados e um maior risco de sobreposições entre trechos localizados
espacialmente próximos.
Para lidar com as eventuais sobreposições geradas durante este processo e evitar
que os pontos pudessem ser contabilizados em duplicata, os dados de polígonos
(buffers) foram tratados topologicamente, sendo excluídas as áreas de sobreposição.
Utilizou-se como regra de exclusão a manutenção das áreas sobrepostas nos
polígonos com maior área e exclusão destas nos polígonos de menor área.
Após estas operações, os oito conjuntos de dados pontuais (quatro anos de cada
tipologia de crimes) foram agregados aos polígonos dos buffers das vias, gerando um
banco de dados de polígonos com valores de contagem de ocorrências por cada
trecho, sendo possível a sua representação espacial conforme Figura 26.
Foram realizados basicamente dois tipos de análise de concentração dos crimes por
segmentos de rua:
Uma das formas utilizadas para calcular a desigualdade de distribuição dos crimes
por segmento de ruas foi o coeficiente de Gini. O Gini é uma medida de desigualdade
desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini e publicada em 1912. Esse índice
é comumente utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda, mas
pode ser usada também para qualquer distribuição.
54
A curva de Lorenz é um instrumental gráfico e analítico que permite descrever e analisar a distribuição
de uma variável dentro de uma determinada população. A curva de Lorenz sempre se encontra entre
a linha de perfeita igualdade e a de extrema desigualdade. Quando mais próxima ela estiver da linha
de perfeita igualdade, mais igualitária é a distribuição de variável (NERI, s.d.).
A linha de extrema desigualdade corresponde aos segmentos AO e AB, e a uma situação na qual
todos recebem zero com exceção do que possui maior valor, que recebe o total da variável (NERI,
s.d.). A linha de perfeita igualdade é representada pelo segmento OB e a curva OB são os valores
observados.
117
Para uma amostra finita ou população de tamanho n com medidas x1, x2, …, xn em
ordem crescente, o índice de Gini pode ser definido pela seguinte equação (ZAIONTZ,
2022):
2 ∑𝑛𝑖=1 𝑖𝑥𝑖 𝑛 + 1
𝐺= ∙ −
𝑛 𝑥𝑖 𝑛
A correlação linear é uma medida de associação linear entre variáveis, que pode ser
definida pelo coeficiente de correlação de Pearson (r), que descreve quão bem uma
linha reta se ajustaria através de nuvem de pontos.
Em termos gráficos, por relação linear entende-se que a melhor forma de ilustrar o
padrão de relacionamento entre duas variáveis é através de uma linha reta. Portanto,
a correlação de Pearson (r) exige um compartilhamento de variância e que essa
variação seja distribuída linearmente (FIGUEIREDO FILHO; SILVA JUNIOR, 2010).
O coeficiente é utilizado para dados que estão linearmente relacionados e, para
aplicação desse coeficiente, faz-se necessário que a amostra seja aleatória e as
variáveis sejam normalmente distribuídas.
119
O Estado de Minas Gerais está dividido em frações com diversas dimensões, tendo
como base os limites geográficos dos municípios, que ficam sob a responsabilidade
de determinada estrutura da PMMG em seus respectivos níveis, quais sejam: Região
de Polícia Militar (RPM), Batalhão de Polícia Militar (BPM), Companhia de Polícia
Militar Independente (Cia PM Ind), Companhia de Polícia Militar (Cia PM), Pelotão de
Polícia Militar (Pel PM), Grupo de Polícia Militar (Gp PM) e Subgrupo de Polícia Militar
(Sub Gp PM) (MINAS GERAIS, 2019a).
ocorre por meio de uma infraestrutura de Unidades Operacionais que são articuladas
de forma a cobrir todo o território do Estado, estratificadas em níveis de comando com
responsabilidade territorial, hierarquizadas sobre Regiões, Áreas, Subáreas, Setores
e Subsetores de policiamento.
Foi escolhido o setor de policiamento com maior número de crimes violentos e furtos
(intencional) um para cada Batalhão (estratificado).
O setor 34.17.3 (São Luiz) tem as taxas criminais impactadas sobremaneira pela
localização do Estádio Governador Magalhães Pinto, o que para efeitos de
exemplificação, empobreceria a análise, conforme a Figura 32 a seguir.
123
Desta forma, o Setor 34.17.3 (São Luiz) foi substituído pelo Setor 34.9.1 (Padre
Eustáquio), que figura como próximo setor do 34º BPM no ranking.
Norte de Minas), aparecem na sequência com seis participações cada uma. A 3ª RPM
(sede em Santa Luzia) e a 7ª RPM (sede em Divinópolis) contribuíram com cinco
participações cada. Quatro comandantes participaram da pesquisa pela 4ª RPM (sede
em Juiz de Fora), pela 5ª RPM (sede em Uberaba), 8ª RPM (sede em Governador
Valadares) contaram com a participação de quatro comandantes cada, a 14ª RPM
(sede em Curvelo), a 15ª RPM (sede em Teófilo Otoni), a 17ª RPM (sede em Pouso
Alegre). Três comandantes participaram pela 6ª RPM (sede em Lavras), a 9ª RPM
(sede em Uberlândia) e 18ª RPM (sede em Poços de Caldas). Dois participantes
participaram da 13ª RPM (sede em Barbacena) e 19ª RPM (sede em Sete Lagoas).
Por fim, a 10ª RPM (sede em Patos de Minas) e 16ª RPM (sede em Unaí), cada uma
com um respondente.
40
30
20
9
10 2
0 0
0
Nada Pouco Neutro Importante Muito
Importante Importante Importante
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
131
60
50
40
30
20
10
10 4
0
0
Custo baixo x Custo baixo x Custo alto x benefício Custo alto x benefício
benefício alto benefício baixo alto baixo
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
132
1%
Não
Sim
99%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
133
5.1.3 Percepção dos Comandantes de UEOp quanto aos elementos utilizados para
elaboração dos cartões-programa
Para esta subseção utilizou-se 74 das 75 respostas válidas, considerando-se que uma
UEOp não realiza o planejamento de rotas de policiamento por meio dessa
ferramenta.
40
30
19
20
10
0 0 2
0
Nada Pouco Neutro Importante Muito
Importante Importante Importante
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
134
40
34
35
Número de respostas
30
25 23
20
14
15
10
5 1 2
0
Nada Pouco Neutro Importante Muito
Importante Importante Importante
Percepção
Conforme se vê, 46% dos respondentes (34) consideram o mapa de calor (Kernel)
como elemento fundamental para elaboração do cartão-programa; 31% (23
respondentes) indicaram considerar importante e 19% (14 respondentes) não se
135
35
30 25
25
20
15
10
5 2
0 0
0
Nada Pouco Neutro Importante Muito
Importante Importante Importante
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
[...]
c) acompanhamento da evolução da violência, criminalidade e características
socioeconômicas dos municípios, com uso do geoprocessamento e de
indicadores estatísticos de segurança pública, e produção de
conhecimentos no campo da Inteligência de Segurança Pública;
[...]
p) Policiamento Orientado pela Inteligência de Segurança Pública [...]
(MINAS GERAIS, 2019, pp. 46-47, grifo nosso).
Número de respostas
Número de respostas
25 25
20 20
16
14 15
15
10 10
5 3 5 2
1
0
0 0
Percepção Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados
pesquisa. da pesquisa.
20
15 13
9
10
4
5
0
Nada Pouco Neutro Importante Muito
Importante Importante Importante
Percepção
Para esta subseção utilizou-se 74 das 75 respostas válidas, considerando-se que uma
UEOp não realiza o planejamento de rotas de policiamento por meio da elaboração
de cartões-programa.
Quinzenalmente
19% Mensalmente
24%
Bimestralmente
3%
Não há uma
periodicidade
definida
9%
Semanalmente
Mais de 1 vez por 27%
semana
18%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
140
Sherman et al. (2014) sustenta que períodos inferiores a um ano somente seriam
válidos para realização de policiamento preditivo, o que na visão dos autores, carece
de validações confiáveis.
Sobre esse aspecto, Sherman et al. (2014) ainda criticam o fato de que muitas
agências policiais mapeiam os pontos quentes com base em um período de tempo
muito curto, geralmente inferior a um ano. Para os autores, é improvável que o crime
seja concentrado ou previsível com períodos de tempo tão curtos. Pontos quentes de
longo prazo (com base em 1 ano ou mais) são unidades relevantes e confiáveis para
direcionar a dosagem extra de patrulha (SHERMAN et al., 2014).
MapInfo QGIS
6% 1%
Outro
11%
Nenhum
1%
Disponível no
SIGOP
50%
Power BI
31%
Conforme o Gráfico 12, buscou-se identificar qual o mapa de Kernel a UEOp utiliza,
sendo a metade das Unidades usuárias do mapa disponível no Sistema de Gestão
Operacional (SIGOP) da PMMG, disponibilizado via Intranet PM. Na sequência, tem-
se o Power BI como ferramenta utilizada pela UEOp para mapeamento dos crimes,
ferramenta que tem se tornado popular, notadamente em âmbito da PMMG,
posicionando-se na segunda preferência de utilização dentre os respondentes. Por
fim, foram citados o MapInfo e o QGIS. Caso a PMMG opte por realizar mapeamento
de pontos quentes por meio de segmentos de rua é importante que a ferramenta esteja
o mais próximo possível do público usuário, preferencialmente via Intranet PM.
142
70
63
60
Número de respostas
50
40
30
20
10 6
1 2 2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Assim, conforme pressuposto teórico proposto por Koper (1995), o tempo mínimo para
promover uma dissuasão residual é 10 minutos e o máximo de 15 minutos. Este
intervalo deve ser considerado, devido a necessidade de otimização dos recursos
empregados para o serviço preventivo.
144
Não há um critério
ideal para estes
quesitos.
20 min. de ponto- 10%
base e 40 min. de
patrulhamento
10 min. ponto-base
54% e 50 min. de
patrulhamento
5%
15 min. de ponto-
base e 45 min. de
patrulhamento
12%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Conforme Gráfico 14, 54% das UEOp consideradas no estudo utilizam um tempo de
ponto-base de 20 minutos, 19% das UEOp utilizam a dosagem de 30 minutos
(excessiva), 12% utilizam o período considerado ideal de 15 minutos e 5% utilizam um
período de 10 minutos. O restante (10%) dos respondentes indicou não haver um
critério para definição de pontos-base.
15
15 13
10
5
2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Conforme Gráfico 15, pelas respostas obtidas, há uma tendência de uma posição de
neutralidade (pontuação de Likert igual a 3,40), demonstrando não haver um
posicionamento claro quanto a questão apresentada. Assim, depreende-se que há
necessidade de enfatizar os aspectos que compõem os insumos para elaboração de
planejamento de pontos quentes, conforme descritos por Sherman et al. (2014), não
ficando o planejamento adstrito apenas ao conhecimento intrínseco dos policiais
responsáveis por sua elaboração.
Sim
19%
Não
81%
Fonte: Elaborado pelo autor em WordArt Create (online55) a partir dos dados da pesquisa.
Observa-se que nenhum dos recursos indicados é hábil para elaboração de cartões-
programa para automatizar o processo, pois demandaria aplicações específicas como
algoritmos que operem soluções de roteamento, como por exemplo, o apresentado
no trabalho de Faria, Alves e Barroso (2015), no qual foi utilizado o pacote de soluções
Network Analyst, contido no software ArcGis. Este é mais um potencial de melhoria
no processo de elaboração de cartões-programa que demandaria uma definição de
solução adequada, treinamento de usuários para posterior padronização.
55 https://wordart.com/create
149
Informações de
Mapas de calor
Conhecimento
Residência de
Microespaços
de incidência
Google Maps
Inteligência
Experiência
profissional
Frequência
do local de
estatística
(kernel )
atuação
criminal
criminal
Dados
alvos
Nunca 0% 0% 0% 0% 3% 0% 1% 1%
Raramente 0% 0% 0% 1% 0% 11% 4% 1%
Às vezes 0% 1% 12% 14% 12% 15% 14% 24%
Frequentemente 12% 26% 24% 34% 35% 26% 45% 39%
Muito frequentemente 88% 73% 64% 51% 50% 49% 36% 34%
Pontuação Likert 4,88 4,72 4,51 4,35 4,30 4,12 4,11 4,03
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
21
20
15 12 13
10
5 3
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Gráfico 18 – Percepção de que quanto maior for o tempo de ponto-base a cada ponto
quente, maior será a dissuasão inicial causada por cada visita, até o
ponto em que a os efeitos da dissuasão caem
35
29
30
Número de respostas
25
20
20 17
15
10 8
5
1
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
30
25
20
15
10
5 2 3
0
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
25
20
20 17
15
10 8
5
1
0
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Gráfico 21 – Percepção de que quanto maior o efeito de dissuasão local criado pelas
patrulhas de pontos quentes, maior o efeito de dissuasão regional (na
área de toda a Unidade por exemplo)
40 36
35
Número de respostas
30
25 23
20
15 13
10
5 1 2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
30 27
25
20
15 11
10
5 2 1
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
30
25 22
20
15
9
10
5 3
1
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
Número de respostas
30
25
19
20
14
15
10
4
5
0
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
30
24
25
20
15
10
5 1 1 2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
30
25 21
20
15
10 7
5 2 2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
30 25
25
20
15
10
5 3
0 1
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
35
30
25
20 16
15
9
10
4
5 1
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
30
25
20 17
15 12
10 7
5 2
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
25
20
15 12
10
5 2
0
0
Discordo Discordo Neutro Concordo Concordo
totalmente parcialmente parcialmente totalmente
Percepção
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
56 Cobrir o maior espaço de policiamento possível utilizando-se do mínimo de recursos possíveis com
a melhor rota possível (seguimentos de rua com maior incidência criminal nos horários de maior
concentração de eventos).
164
Sim
92%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Sim
88%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
Conforme o Gráfico 32, a percepção de 88% dos respondentes é que a PMMG aplica
a estratégia de Policiamento de Pontos Quentes enquanto 12% afirmaram que a
PMMG não utiliza. Conforme abordado nas questões anteriores, a PMMG não aplica
de maneira adstrita às previsões teóricas os pressupostos que contemplam a
estratégia de Policiamento de Pontos Quentes. Portanto, depreende-se novamente a
necessidade instrucional acerca da estratégia, caso seja interesse da Instituição
adotar esta modalidade de emprego.
(conclusão)
Informações do Comandante de UEOp pesquisado que possam contribuir com
Id RPM o conhecimento produzido sobre o planejamento e a execução do policiamento
preventivo por meio de patrulhamento dirigido
69 15ª RPM Efetivo diminuto.
Coloco como experiência exitosa o patrulhamento dirigido com comboio de viaturas
pelos pontos quentes, com sirenes e giroflex ligados, em sequência, as viaturas se
70 11ª RPM dividem em patrulhas a pé pela região estudada, realizando abordagens diversas
(pessoas, veículos, etc), enquanto as viaturas (neste momento somente com os
motoristas) continuam circulando a área e dando apoio a operação.
Dificuldade de implementação reside, principalmente, no efetivo reduzido, que
dificulta manutenção de policiamento lançado durante todos os turnos, em todos os
72 17ª RPM setores. O patrulhamento preventivo dirigido impede o lançamento empírico dos
recursos humanos e logísticos, bem como permite o fortalecimento do elo de
cooperação social.
O Planejamento e Execução do Policiamento Preventivo necessita obrigatoriamente
de um alinhamento perfeito com as estatísticas georreferenciadas. Nesse contexto,
nossa Instituição carece de ferramenta computacional específica para confecção de
cartões-programa. A criação do SIGOP constituiu um marco na análise e
73 5ª RPM planejamento operacional possibilitando um emprego efetivo dos recursos humanos
e logísticos voltados para a resolução do problema. A transcrição das informações do
SIGOP junto ao cartão-programa ainda é rudimentar, necessitando de um
investimento tecnológico a fim de facilitar essa confecção chegando até mesmo no
nível de fração destacada.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
A partir da base inicial, foi realizada uma análise crítica, retirando-se os dados com
coordenadas inválidas e dados inconsistentes, permanecendo o banco de dados com:
Para a identificação dos pontos quentes, foi realizado inicialmente a comparação dos
tipos de mapeamento.
Figura 38 – Mapa por quadrículas para crimes de furto - Belo Horizonte – 2021
Figura 39 – Mapa por segmento de rua para crimes de furto - Belo Horizonte – 2021
Verifica-se que o mapeamento por pontos (FIGURA 36) se torna inadequado, pois não
permite a identificação de pontos de concentração dos crimes, uma vez que há grande
volume de dados. Para realização de uma análise criminal que seja subsidie a
elaboração de planejamento de qualquer estratégia de policiamento, o mapa de
pontos não permitiria identificar qual a priorização de locais para receber policiamento
com maior intensidade. Este tipo de mapeamento seria viável para escalas maiores
(que cobrisse áreas menores), a fim de identificar possíveis correlações entre a
localização precisa dos eventos com o espaço representado. Além do exposto,
ressalta-se que o conjunto de dados, por contar com um grande volume de
ocorrências, indica visualmente a existência de uma falsa homogeneidade nos dados,
não permitindo identificar nesta escala os pontos de maior incidência criminal.
O mapa de concentração por segmentos de rua (FIGURA 39), além de fornecer uma
visão geral da concentração dos eventos, também permite identificar, mesmo com a
escala para todo o município, os microespaços que concentram a incidência criminal,
apresentando-se como a melhor alternativa que, dentre as técnicas utilizadas,
viabilizaria o planejamento para alocação de recursos de prevenção e como subsídio
para elaboração de rotas de policiamento preventivo dirigido.
Assim, embora seja uma alternativa de modelagem mais trabalhosa e exigir mudanças
de escala no processo de agregação dos dados pontuais (ocorrências) aos dados
lineares (trechos de vias), esta abordagem se mostra muito apropriada ao
planejamento das atividades que reflitam na circulação pelas vias, como o
policiamento e o roteamento.
178
5.2.2 Identificação dos pontos quentes em Belo Horizonte e análise a partir da Lei de
Concentração do Crime
Por meio do mapa de concentração de furtos (FIGURA 40) verifica-se que, dos 57.382
segmentos, 29.139 segmentos (50,78% do total) não tiveram um crime de furto sequer
no período de 2018 a 2021; 8.429 segmentos (14,69%) tiveram apenas um furto no
período; 5.041 segmentos (8,78%) tiveram dois registros, 3.355 segmentos tiveram
(5,85%) três registros; 2.303 segmentos (4,01%) contaram quatro registros de furtos
no período, ou seja, média de um registro por ano. Assim, 84,12% dos segmentos de
rua de Belo Horizonte em um período de quatro anos tiveram uma média de um ou
menos registros de furto por ano. A seguir, a Tabela 6 demonstra o número de eventos
de furtos e a quantidade de segmentos de rua correspondentes.
O mapa de pontos quentes de crimes violentos (FIGURA 41) possui uma conformação
diferente do mapa de crimes de furto. Enquanto para o furto há uma concentração
exacerbada do fenômeno em um número diminuto de segmentos de rua que
conformam os segmentos que figuram como os 25% (cor vermelha no mapa) de maior
181
Verifica-se que há um número maior de ruas em que não houve crime violento no
período de quatro anos (35.361 para crimes violentos e 29.139 para os furtos).
Também há um número bem menor de segmentos em que houve mais de 10
ocorrências (469 para crimes violentos e 3.478 para os furtos). As estatísticas
criminais demonstram que há um número maior de ocorrências de furtos, entretanto,
observa-se que há um comportamento do fenômeno criminal bem distinto para as
tipologias, o que leva à reflexão de que para empreender em medidas preventivas
para um tipo ou outro de crime, é necessário se realizar uma análise criminal
específica que subsidie um planejamento de intervenção particular e, no mesmo
sentido, medidas preventivas para um tipo de delito podem não ser adequadas para
o outro. Em analogia às ciências médicas, há um tratamento para cada tipo de doença.
A análise dos pontos quentes por ano consta na seção 5.2.2.2, mais adiante. A Figura
42, a seguir, apresenta os dados consolidados de crimes violentos e furtos.
182
crimes violentos (FIGURA 41) devido este fenômeno também ocorrer de maneira
concentrada, não se recomendando que seja realizada apenas a análise de uma
tipologia. A aproximação maior em relação ao mapa para os furtos reside no fato de
que há um número maior de ocorrências de furtos: 207.160 ocorrências de furtos e
58.128 ocorrências de crimes violentos, ou seja, há uma proporção de 3,56 furtos para
1 crime violento.
57 São crimes em que o infrator realiza uma caçada pela vítima ou alvo, agindo contra eles
intencionalmente. As formas mais comuns de crimes predatórios – estupro, roubo, assalto,
arrombamento, furto e roubo de automóveis – ocorrem com mais frequência em ruas urbanas
(SHERMAN; GARTIN; BUERGER, 1989a).
184
Destaca-se na Tabela 8 que no agregado de tipos de crime ao longo dos quatro anos,
43,64% dos segmentos não registraram sequer um evento de crimes violentos ou furto
e ainda, 77,28% dos trechos tiveram em média um ou menos crimes em quatro anos.
Essa constatação reforça a oportunidade para emprego de uma estratégia de
Policiamento de Pontos Quentes em Belo Horizonte.
A concentração de crimes de furto para os anos de 2018 a 2021, constam nos mapas
da Figura 43.
185
29,07%
30% 27,84%
25,22% 26,17%
25%
20%
15%
10%
Conforme o Gráfico 33, verifica-se que houve uma manutenção na concentração dos
furtos ao longo do período de estudo. Em termos dos trechos que concentraram 25%
dos segmentos mais ativos para os crimes de furto, houve uma média de 0,33%
0,07% de segmentos ao longo do período; os trechos que concentraram 50% dos
furtos ocorreram em média de 2,32% 0,27% dos segmentos totais ao longo do
período e os trechos que concentraram 100% dos furtos ocorreram em média em
27,08% 1,72% dos segmentos de rua de Belo Horizonte. Assim observa-se uma
estabilidade muito alta em termos percentuais, representada pela média e desvio
padrão entre os percentuais de segmentos de rua que concentraram os crimes.
A concentração de crimes violentos para os anos de 2018 a 2021, constam nos mapas
da Figura 44 a seguir:
188
Numa análise visual do mapa da Figura 44, verifica-se que há uma dispersão maior
da incidência de crimes por segmentos no primeiro ano de análise (2018), diminuindo
gradativamente ao longo dos quatro anos até assumir uma conformação mais
concentrada em 2021. Em todos os anos a região do hipercentro de Belo Horizonte
189
22,71%
50% crimes violentos
20% 18,08% 100% crimes violentos
15% 12,82%
10,43%
10%
5,54%
4,59%
5% 3,66% 3,42%
1,56% 1,33% 1,04% 0,96%
0%
2018 2019 2020 2021
Conforme o Gráfico 34, verifica-se que houve uma tendência de concentração dos
crimes violentos ao longo do período de estudo. Para todas as três faixas de análise
de concentração, houve diminuição do número de segmentos representando o
patamar de concentração (25%, 50% e 100% do total de crimes).
Em 2018, 1,56% dos segmentos eram responsáveis por 25% dos CV em Belo
Horizonte, este valor decresceu ao longo do período (1,33% dos segmentos
respondendo por 25% dos CV em 2019, 1,04% dos segmentos com 25% dos CV em
2020) até atingir o valor de 0,96% dos segmentos concentrando 25% dos CV em Belo
Horizonte no ano de 2021, no período houve média de 1,22% 0,28%. A
concentração de 50% dos eventos de crimes violentos ocorreu em média de 4,28%
0,99% dos segmentos ao longo do período com menor valor de 3,42% em 2021 e
maior de 5,54% em 2018.
190
Furtos +
Número de Número de Coeficiente de
Crimes
segmentos de rua Crimes Gini
Violentos
2018 57.382 81.528 0,8345
2019 57.382 74.074 0,8679
2020 57.382 55.154 0,9058
2021 57.382 54.532 0,9076
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da pesquisa.
60.000 55.012
53.239
Número de Eventos
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
2018 2019 2020 2021
a) entre os segmentos que concentraram 25% do total dos crimes (hot spots) do
ano;
b) entre os segmentos que concentraram entre 25% e 50% dos crimes;
196
c) entre os segmentos que concentraram entre 50% e 100% dos crimes (cold
spots);
d) entre os segmentos que não apresentaram crime.
Com relação aos crimes violentos, o período de 2018 a 2021 verificou uma queda de
64,79% no índice de criminalidade violenta, conforme Gráfico 37:
25.000
19.848
Número de Eventos
20.000
15.000 12.758
9.860
10.000
5.000
0
2018 2019 2020 2021
Com relação aos crimes violentos, de maneira similar ao que foi observado quanto ao
crime de furto, houve uma manutenção de status quanto ao nível de criminalidade
para os crimes violentos para 73,73% dos segmentos de rua, representando uma
197
estabilidade dos pontos quentes no período de quatro anos. Apenas 26,27% dos
segmentos não mantiveram o mesmo nível de incidência por faixa (top 25%, entre
25% e 50%, entre 50% e 100% ou não tiveram nenhum crime no período) (GRÁFICO
37).
100.060
100.000
89.444
Número de Eventos
80.000
65.997 64.872
60.000
40.000
20.000
0
2018 2019 2020 2021
da categoria mais alta de ponto quente para a segunda categoria (que produziu 25
%–50% do crime). Isso sugere que quase todas as ruas que foram pontos quentes,
como definido pelos pesquisadores em 2010, também foram pontos quentes em 2020.
Os estudos pretéritos indicam possíveis fatores ambientais como razões para o crime
permanecer relativamente alto em pontos quentes, tais como: densidade populacional
ou áreas de compras que estão fortemente correlacionadas com o crime no local
(WEISBURD; ZASTROW, 2021; WEISBURD; GROFF; YANG, 2014).
Conforme a Tabela 13, em termos de dias da semana em Belo Horizonte nos anos de
2018 a 2021, há uma relevância dos dias úteis da semana, com decréscimos
progressivos ao longo dela: segundas-feiras (16,1%), seguido pela terça-feira e
quarta-feira (ambas com 15,5%), na sequência quinta-feira e sexta-feira (15,1% cada).
Os finais de semana apresentaram o sábado concentrando 12,3% dos furtos e o
domingo com 10,6%.
A análise de distribuição temporal dos furtos por faixas de horário e por dias da
semana permite atentar para aspectos determinantes (tipicidade, gravidade e
incidência de ocorrências policiais militares, presumíveis ou existentes) e
condicionantes (dia da semana e horário) do planejamento operacional (MINAS
GERAIS, 2019a), a fim delinear possíveis estratégias de policiamento preventivo que
possibilitem maior alocação de recursos nos horários de maior incidência.
A incidência dos crimes violentos por faixa horária e dias da semana encontra-se
organizada na Tabela 14. Em termos da distribuição por dia da semana, há uma
correlação muito alta entre os crimes violentos e furtos. O coeficiente de Pearson (r)
para esta análise indicou um valor de r = 0,995, ou seja, quase uma correlação perfeita
(r = 1,000) (FERREIRA, 2014).
201
De acordo com a Tabela 14, a distribuição dos crimes violentos por dia semana em
Belo Horizonte (2018-2021) é: segunda-feira (15,6%), terça-feira (15,2%), quarta-feira
(15,4%), quinta-feira e sexta-feira (14,7% cada), sábado (12,6%) e domingo (11,7%).
Já a distribuição por faixa horária ocorre de maneira peculiar para cada tipologia
(furtos e crimes violentos), sendo a correlação de Pearson r = 0,283, ou seja,
correlação fracamente positiva (FERREIRA, 2014). Os crimes violentos se distribuem
ao longo do dia da seguinte forma:
Assim, pode-se depreender que não há uma confluência que permita a sobreposição
de horários para ambas as modalidades, sendo que há necessidade de estratégias
diversas, tanto do ponto de vista espacial (conforme visto nas seções anteriores)
quanto das faixas de horários. Não obstante, na busca de uma possível identificação
de quais os horários prevalecem entre as tipologias de crimes, construiu-se os dois
gráficos (Gráfico 39 e Gráfico 40) a seguir:
7.000 18.000
Quantidade de Crimes Violentos
16.000
6.000
Quantidade de Furtos
14.000
5.000
12.000
4.000 10.000
3.000 8.000
6.000
2.000
4.000
1.000
2.000
- -
08:00
00:00
02:00
04:00
06:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00
CV Furtos
O Gráfico 39 foi construído com dois eixos (principal para CV e secundário para furtos)
devido a quantidade absoluta de eventos ser bem diversa entre os tipos de crime. O
objetivo foi identificar quais as faixas de horário há uma confluência de maior
incidência de ambas as tipologias. Verifica-se que as curvas do gráfico se cruzam em
quatro porções diferentes, porém no horário de 20h com maior quantidade absoluta
de eventos. Assim, construiu-se o Gráfico 40 em forma de radar, com as quantidades
relativas de crimes por faixas de horário. Pelas sobreposições das áreas observa-se
203
que o horário entre 14 e 23h 59 min ocorre uma sobreposição mais significativa: 52%
dos furtos e 57% dos crimes violentos ocorrem neste período.
Atualmente o horário de atuação das BSC é de 14h às 23h30min, “nove horas e trinta
minutos de efetivo serviço no posto, em turno único, não se computando o tempo
destinado à chamada, instrução, montagem de equipamentos e deslocamentos”
(MINAS GERAIS, 2018, p. 15).
Conforme análise dos Gráficos 39 e 40, o horário de atuação das BSC abarca o
correspondente a 52% da incidência de furtos e 57% dos crimes violentos, sendo,
portanto, uma estratégia adequada a utilização das motocicletas da BSC para
prevenção criminal nos setores.
vermelha), entre 25% e 50% (cor laranja) e entre 50% e 100% - cold spots (cor verde).
Os trechos em que não houve crimes registrados em 2021 foram identificados na cor
azul.
Conforme foi observado, o horário de emprego das BSC é aderente a esta escolha de
tipo de serviço para realização do policiamento, considerando-se a distribuição
temporal dos eventos (GRÁFICOS 39 e 40).
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
206
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
207
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
208
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
(a) (b)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: (a) Pontos Quentes do Setor. (b) Rotas de Policiamento do Setor.
209
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 Conclusões
Por meio do caminho de pesquisa adotado, baseado na captação das percepções dos
comandantes de Unidades de Execução Operacional da PMMG e de técnicas de
geoestatística e análise espacial, foi possível investigar e responder ao problema de
pesquisa de “como a estratégia de Policiamento de Pontos Quentes pode contribuir
para a otimização de rotas de policiamento da Polícia Militar de Minas Gerais?”.
Outra previsão teórica que se confirmou foi a estabilidade dos pontos quentes. Em
Belo Horizonte os dados indicaram que houve uma estabilidade de manutenção do
status em termos de concentração criminal entre o período de análise (2018 a 2021)
acima de 70% para ambos os crimes analisados, o que demonstra que, apesar de
diminuição geral nas taxas criminais durante o período, os pontos quentes
permaneceram quentes. Esta constatação além de fornecer melhor subsídio para a
implementação do Policiamento de Pontos Quentes também robustece a ideia de que
213
REFERÊNCIAS
ANDRESEN, Martin A.; MALLESON, Nicolas. Testing the stability of crime patterns:
Implications for theory and policy. Journal of Research in Crime and Delinquency,
2011, 48.1: 58-82. Disponível em:
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.882.8659&rep=rep1&type
=pdf. Acesso em: 11 jul. 2022.
BARR, Robert; PEASE, Ken. Crime placement, displacement, and deflection. Crime
and justice, 1990, 12: 277-318.
BAUMER, Eric, et al. The influence of crack cocaine on robbery, burglary, and
homicide rates: A cross-city, longitudinal analysis. Journal of research in crime and
delinquency, 1998, 35.3: 316-340.
BLOCK, Carolyn R.; DABDOUB, Margaret; FREGLY, Suzanne (ed.). Crime analysis
through computer mapping, 1995.
BRAGA, A. A.; WEISBURD, D. L.. Policing problem places. New York, NY: Oxford
University Press, 2010.
BRAGA, Anthony A.; PAPACHRISTOS, Andrew V.; HUREAU, David M. The effects
of hot spots policing on crime: An updated systematic review and meta-
analysis. Justice quarterly, 2014, 31.4: 633-663.
BUERGER, Michael E.; COHN, Ellen G.; PETROSINO, Anthony J. Defining the “hot
spots of crime”: Operationalizing theoretical concepts for field research. Crime and
place, 1995, 4.2: 237-257.
CARVALHO, Marília Sá et al. Análise de dados de área. In: DRUCK, Suzana et al.
(Org.). Análise espacial de dados geográficos. Brasília: Embrapa, 2004.
Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise/cap5-areas.pdf. Acesso
em: 08 ago. 2022.
CHAINEY, Spencer; RATCLIFFE, Jerry. GIS and crime mapping. John Wiley &
Sons, 2013.
CHAINEY, S.P.; RATCLIFFE, J.H. GIS and Crime Mapping. London: Wiley, 2005.
CLARKE, R. V. Situational crime prevention. Crime and justice, 1995, 19: 91-150.
CLARKE, R. V.; MAYHEW, P. The British gas suicide story and its criminological
implications. Crime and justice, 1988, 10: 79-116.
COHEN, Lawrence E.; FELSON, Marcus. Social change and crime rate trends: A
routine activity approach. American sociological review, 1979, 588-608.
COLLINS, R.. Interactional ritual chains. Princeton, NJ: Princeton University Press,
2004.
COLUMBIA PUBLIC HEALTH. Hot Spot Spatial Analysis. [online]. Disponível em:
https://www.publichealth.columbia.edu/research/population-health-methods/hot-spot-
spatial-
analysis#:~:text=Different%20mapping%20techniques%20are%20used,2008%3B%2
0NIJ%2C%202005). Acesso em: 08 ago. 2022.
CURMAN, Andrea SN; ANDRESEN, Martin A.; BRANTINGHAM, Paul J. Crime and
place: A longitudinal examination of street segment patterns in Vancouver,
BC. Journal of Quantitative Criminology, 2015, 31.1: 127-147. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/56376491.pdf. Acesso em: 10 jul. 2022.
DURKHEIM, E.. The elementary forms of religious life (J. W. Swain, Trans.). New
York, Free Press, 1965.
EBDON, D. Statistics in geography. 2nd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing, Ltd,
1988.
221
ECK, John E. Crime Hot Spots: What They Are, Why We Have Them, and How to
Map Them. In: ECK, John E. et al. Mapping Crime: Understanding Hot Spots.
Washington, DC: National Institute of Justice, 2005.
ECK, John E.; GERSH, Jeffrey S.; TAYLOR, Charlene. Finding crime hot spots
through repeat address mapping. In: Analyzing crime patterns: Frontiers of
practice, 2000, 49-64.
ECK, John E.; WEISBURD, David (ed.). Crime and place. Monsey, NY: Criminal
Justice Press, 1995.
FARIA, Antônio Hot P.; ALVES, D. F. C.; ABREU, J. F.. Análise espacial aplicada ao
estudo do crime: uma abordagem exploratória da distribuição dos atrativos para o
crime no espaço urbano de Belo Horizonte / Spatial analysis applied to study of
crime: an exploratory approach to the distribution of attractions for crime in the urban
space of Belo Horizonte. Caderno de Geografia, v. 28, p. 1006-1020, 2018.
FARIA, Antônio Hot Pereira de; ALVES, Diego Filipe Cordeiro; BARROSO, Leônidas
Conceição. Aplicação da teoria de grafos e análise espacial para solução de
problemas geográficos: um estudo da criminalidade violenta no hipercentro de Belo
Horizonte. In: Anais ENANPUR, 2015, 16.1.
FARIA, Antônio Hot Pereira; DINIZ, Alexandre Magno Alves; ALVES, Diego Filipe
Cordeiro. Espaço de ação de criminosos e sua correlação com a paisagem urbana:
um estudo de análise centrográfica e distribuição de atratores para o crime. Geosul,
2020, 35.75: 623-653.
FELSON, Marcus; CLARKE, Ronald V. Opportunity makes the thief. Police research
series, 1998, v. 98, n.1.
222
FELSON, M. Crime and Everyday Life: Insights and Implications for Society.
Thousand Oaks, CA: Pine Forge Press, 1994.
GREEN, L. Policing places with drug problems. Thousand Oaks, CA: Sage
Publications, 1996.
GUERETTE, Rob T.; BOWERS, Kate J. Assessing the Extent of Crime Displacement
and Diffusion of Benefits: A Review of Situational Crime Prevention Evaluations.
Criminology, 2009, 47:1331-68.
HARRIES, Keith D. The geography of crime and justice. New York: McGraw-Hill,
1974.
223
HOME OFFICE. Crime Reduction Toolkits Focus Area and Hotspots. Crime
Reduction Unit, 2001. Disponível em: www.crimereduction.gov.uk/toolkits/fa00.htm.
Acesso em: 15 ago. 2022.
KOPER, Christopher S. Just enough police presence: Reducing crime and disorderly
behavior by optimizing patrol time in crime hot spots. Justice quarterly, 1995, 12.4:
649-672. Disponível em: https://www.cambridge-ebp.co.uk/s/Just-enough-police-
presence-Reducing-crime-and-disorderly-behavior-by-optimizing-patrol-time-in-
crim.pdf. Acesso em: 23 jul. 2022.
KUBRIN, C. E. et al.. Proactive policing and robbery rates across U.S. cities.
Criminology, 2010, 48, 57-97.
LEBEAU, James L. The methods and measures of centrography and the spatial
dynamics of rape. Journal of Quantitative Criminology, v. 3, n. 2, p. 125-141,
1987.
LEE, Y. et al. How concentrated is crime at places? A systematic review from 1970 to
2015. Crime Sci 6, 6, 2017. Disponível em:
https://crimesciencejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40163-017-0069-x.
Acesso em: 6 ago. 2022. https://doi.org/10.1186/s40163-017-0069-x
LEVIN, Yale; LINDESMITH, Alfred. English ecology and criminology of the past
century: Ecology, Crime, and Delinquency. New York: Appleton-Century-Crofts,
1971.
LEVINE, Ned et al. CrimeStat: a spatial statistics program for the analysis of crime
incident locations. Ned Levine & Associates, Houston, TX, and the National Institute
of Justice, Washington, DC, 2007.
MAPLE, J. The Crime Fighter: Putting the Bad Guys out of Business. New York:
Doubleday, 1999.
MARTIN, D.; BARNES, E.; BRITT, D. The Multiple Impacts of Mapping it Out; Police,
Geographic Information Systems (GIS) and Community Mobilization During Devil’s
Night in Detroit, Michigan. In: LA VIGNE, N.; WARTELL, J. (Eds.) Crime Mapping
Case Studies: Successes in the Field. USA: Police Executive Research Forum,
1998.
MINAS GERAIS. Polícia Militar de Minas Gerais. Dados de efetivo policial militar
da ativa. Belo Horizonte: PM1, 2022a.
NETTLER, Gwynn. Social status and self-reported criminality. Soc. F., 1978, 57: 304.
NEWMAN, Oscar. Defensible space. New York: Macmillan, 1972.
NOMINATO, Luciana do Carmo Socorro; FARIA, Antonio Hot Pereira; ALVES, Diego
Filipe Cordeiro. ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS COMO FERRAMENTA
PARA IDENTIFICAÇÃO DE VULNERABILIDADE A ATAQUES DE EXPLOSÕES DE
CAIXAS ELETRÔNICOS NO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAIS. REVISTA
BRASILEIRA DE ESTUDOS DE SEGURANÇA PÚBLICA-REBESP, 2021, 14.2: 27-
45.
PAULSEN, Derek J.; ROBINSON, Matthew B. Spatial aspects of crime: Theory and
practice. Boston: Allyn & Bacon, 2004.
RATCLIFFE, J.; MCCULLAGH, M. J.. Hotbeds of Crime and the Search for Spatial
Accuracy. Paper presented to the Second Crime Mapping Research Center
Conference: Mapping Out Crime, Arlington, Virginia, December 10–12, 1998.
RATCLIFFE, Jerry H.; MCCULLAGH, Michael J. Hotbeds of crime and the search for
spatial accuracy. Journal of geographical systems, 1999, 1.4: 385-398.
RATCLIFFE, Jerry H., et al. The Philadelphia foot patrol experiment: A randomized
controlled trial of police patrol effectiveness in violent crime hotspots. Criminology,
2011, 49.3: 795-831. Disponível em:
https://static1.squarespace.com/static/5d809efd96f5c906aaf61f3d/t/601c16d2fbceba
2d62073d7a/1612453588753/The+Philadelphia+foot+patrol+experiment+A+randomi
zed+controlled+trial+of+police+patrol+effectiveness+in+violent+crime+hotspots.pdf.
Acesso em: 22 jul. 2022.
ROSENBAUM, D. P.. The limits of hot spots policing. In: WEISBURD, D.; BRAGA,
A. A. (Eds.), Police innovation: Contrasting perspectives. Cambridge: Cambridge
University Press, 2006.
228
SAMPSON, R. J.; COHEN, J.. Deterrent effects of the police on crime: A replication
and theoretical extension. Law & Society Review, 1988, 22, 163-189.
SAMPSON, Robert J., GROVES, Byron W.. Community Structure and Crime: Testing
social-disorganization theory. American journal of sociology, v. 94, n. 4, p. 774-
802, 1989.
SHERMAN, L. Hot spots of crime and criminal careers of places. In: Eck J, Weisburd
DL (eds) Crime and place, crime prevention studies, vol 4. Criminal Justice Press,
Monsey, 1995.
SHERMAN, L. W.; GARTIN, P. R.; BUERGER, M. E.. Hot spots of predatory crime:
Routine activities and the criminology of place. Criminology, 27, 27-56, 1989a.
SHERMAN, L. W.; WEISBURD, D.. General deterrent effects of police patrol in crime
“hot spots”: A randomized, controlled trial. Justice Quarterly, 12, 625-648, 1995.
SPELMAN, William. Criminal careers of public places. In: Crime and place, 1995, 4:
115-144. Disponível em:
https://faculty.uml.edu/apattavina/44.594/Criminal_Careers.pdf. Acesso em: 10 jul.
2022.
SPELMAN, William; BROWN, Dale K. Calling the police: Citizen reporting of serious
crime. Washington, DC: US Department of Justice, National Institute of Justice, 1984.
TELEP, Cody W.; WEISBURD, D., Crime Concentrations at Places, In: Gerben J.N.
Bruinsma, and Shane D. Johnson (eds), The Oxford Handbook of Environmental
Criminology, (online edn, Oxford Academic, 5 Feb. 2018). Oxford Handbooks, 2018.
DOI: https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780190279707.013.13.
WALLER, Lance A.; GOTWAY, Carol A. Applied spatial statistics for public
health data. John Wiley & Sons, 2004. Disponível em:
https://web.archive.org/web/20170808223810id_/http://dlib.bpums.ac.ir/multiMediaFil
e/9812053-4-1.pdf. Acesso em: 10 ag0. 2022.
WASSERMAN, S.; FAUST, K.. Social network analysis: Methods and applications.
1994.
WEIR, Ruth; BANGS, Mark. The use of Geographic Information Systems by crime
analysts in England and Wales. Home Office Research Study, 2007, 3. Disponível
em: https://openaccess.city.ac.uk/id/eprint/28044/1/. Acesso em: 12 ago. 2022.
WEISBURD, David; AMRAM, Shai. The law of concentrations of crime at place: the
case of Tel Aviv-Jaffa. Police Practice and Research, 2014, 15.2: 101-114.
WEISBURD, D. et al. Does crime just move around the corner? A controlled study of
spatial displacement and diffusion of crime control benefits. Criminology, 44, p. 549-
592, 2006.
WEISBURD, David; GREEN, Lorraine. Defining the drug market: The case of the
Jersey City DMA system. Drugs and crime: Evaluating public policy initiatives, 1994,
61-76.
WEISBURD, David; GREEN, Lorraine. Policing drug hot spots: The Jersey City drug
market analysis experiment. Justice Quarterly, 1995, 12.4: 711-735.
WEISBURD, David; LAWTON, Brian; READY, Iustin. Staking out the next generation
of studies of the criminology of place. The future of criminology, 2012, 236.
WEISBURD, D.; MAHER, L.; SHERMAN, L. Contrasting Crime General and Crime
Specific Theory: The Case of Hot Spots of Crime, Advances in Criminological
Theory. 1992.
WEISBURD, David; MAZEROLLE, Lorraine Green. Crime and disorder in drug hot
spots: Implications for theory and practice in policing. Police quarterly, 2000, 3.3:
331-349.
WEISBURD, David; MORRIS, Nancy A.; GROFF, Elizabeth R. Hot spots of juvenile
crime: A longitudinal study of arrest incidents at street segments in Seattle,
Washington. Journal of quantitative criminology, 2009, 25.4: 443-467. Disponível
em:
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.689.2902&rep=rep1&type
=pdf. Acesso em: 10 jul. 2022.
WEISBURD, David; ZASTROW, Taryn. Crime Hot Spots: A Study of New York City
Streets in 2010, 2015, and 2020. [online] 2021. Disponível em:
https://www.manhattan-institute.org/weisburd-zastrow-crime-hot-spots. Acesso em:
11 jul. 2022.
232
WILLIAMSON, Doug et al. Tools in the spatial analysis of crime. Mapping and
analysing crime data: Lessons from research and practice, 2001, 187.
WILSON, J. Q.; BOLAND, B.. The effects of the police on crime. Law & Society
Review, 1978,12, 367-390.
ZAIONTZ, Charles. Gini Coefficient: Basic concepts. [online]. 2022. Disponível em:
https://www.real-statistics.com/non-parametric-tests/gini-coefficient/. Acesso em: 02
set. 2022.
233
Senhor(a) Comandante,
Respeitosamente,
1ª RPM
2ª RPM
3ª RPM
4ª RPM
5ª RPM
6ª RPM
7ª RPM
8ª RPM
9ª RPM
10ª RPM
11ª RPM
12ª RPM
13ª RPM
14ª RPM
15ª RPM
16ª RPM
17ª RPM
18ª RPM
19ª RPM
Sim
Não
234
3. Qual o nível de importância o(a) Sr.(a) julga que possui o patrulhamento preventivo
quanto à eficiência para a prevenção criminal.
Nada 1 2 3 4 5 Muito
importante importante
Discordo 1 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
5. Com que base em qual período de tempo é realizada a análise criminal para atualização
dos cartões- programa?
Discordo 1 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
8. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: os mapas de calor (Kernel) são
elementos fundamentais para a elaboração do cartão-programa.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
SIGOP
MapInfo
Power BI
QGIS
Nenhum
Outro
235
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
15. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto maior for a frequência
de pontos-base num determinado ponto quente (nº de vezes em que é visitado),
mantendo-se inalteradas outras variáveis como o tempo de realização, maior será a
dissuasão de um eventual infrator que esteja motivado a cometer um crime naquele
local.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
16. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto maior for tempo de
ponto-base a cada ponto quente, maior será a dissuasão inicial causada por cada
visita, até o ponto em que a os efeitos da dissuasão caem.
236
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
20. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto maior o efeito de
dissuasão local criado pelas patrulhas de pontos quentes, maior o efeito de dissuasão
regional (na área de toda a Unidade por exemplo).
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
22. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto maior a*variação
da presença policial (intermitência) em um ponto quente, maior a imprevisibilidade
objetiva de quando a polícia aparecerá em um ponto quente em um determinado
momento, o que tenderá a diminuir a atividade criminal no local.
237
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
24. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto mais engajamento os
policiais apresentarem durante o tempo de patrulha em pontos quentes (conversas
com a população, paradas para revistar suspeitos, e realização de prisões, por
exemplo) menos frequentes e gravescrimes serão os crimes nos pontos quentes.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
25. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: quanto mais legitimidade
policial os policiais criarem tratando todos os cidadãos de maneira respeitosa com
procedimentos justos durante as patrulhas em pontos quentes, menos frequentes e
graves serão os crimes nesses pontosquentes.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
26. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: a base conceitual para
elaboração dos cartões programa é a experiência profissional e o conhecimento do
local de atuação dos responsáveis.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
27. São utilizados recursos computacionais como algoritmos ou softwares específicos para
criação de rotas de policiamento da sua UEOp?
Sim
Não
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
31. Indique o grau de concordância com relação à afirmação: a tropa cumpre de maneira
fidedigna a previsão contida no cartão-programa de minha unidade.
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Discordo 2 3 4 5 Concordo
totalmente totalmente
Sim
Não
Sim
Não
36. Favor descrever informações que o(a) Sr.(a) julgue que possa contribuir com o
conhecimento produzido sobre o planejamento e a execução do policiamentopreventivo
por meio de patrulhamento dirigido, tais como dificuldades de implementação,
experiências exitosas, demandas por melhoria, etc.