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Coordenação da disciplina VET344


Doenças Virais (VET344) - Departamento de Veterinária - Universidade Federal de Viçosa - 05 de Setembro de 2023

Doenças Virais (VET344)

Alex Pauvolid-Corrêa
Professor de Virologia Veterinária
Departamento de Veterinária
Universidade Federal de Viçosa, Brasil
Doenças Virais (VET344) - Departamento de Veterinária - Universidade Federal de Viçosa - 05 de Setembro de 2023

Artrite Encefalite Caprina (CAE) e Maedi-Visna

Fotos: Clipart Library


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1. Histórico

2. Importância no Brasil

3. E7ologia

4. Patogenia e sinais clínicos

5. Epizoo7ologia

6. Diagnós7co

7. Tratamento

8. Prevenção e contole
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“A artrite encefalite caprina é uma doença viral de


evolução crônica caracterizada por quadros de artrite, pneumonia,
mastite, emagrecimento progressivo e encefalomielite em caprinos”

Embrapa 2022, Foto: wallpaper.dog


UFV
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“A artrite encefalite caprina é uma doença de notificação mensal


de qualquer caso confirmado”

MAPA 2022
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“A Maedi-Visna é uma doença viral que leva a quadros de


pneumonia progressiva e encefalite degenerativa, em ovinos.”

Tomich et al. 2006, The museum of English rural life


UFV
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“A Maedi-Visna é uma doença de notificação imediata de


qualquer caso suspeito”

MAPA 2013
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Histórico da artrite encefalite caprina

Estados Unidos, 1974

• Descrita uma leucoencefalomielite


infecciosa caracterizada por
paralisia em cabritos.

Brasil, 1986

• Doença descrita no Rio Grande do


Sul e isolamento viral em 1993.

Cork et al. 1974, Castro & Modolo 2018, Foto: Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul
UFV
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Importância da artrite encefalite caprina no Brasil

Perdas econômicas significativas em virtude:

• Diminuição da produção leiteira nos rebanhos.

• Baixo aproveitamento do potencial genético dos animais infectados.

• Mastite em decorrência de infecção bacteriana.

• Mortalidade e retardo no crescimento das crias.

• Imposição de barreiras comerciais.

Castro & Modolo 2018


UFV
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Importância da artrite encefalite caprina no Brasil

11.923.630 de cabeças de caprinos (2021)

“Minas Gerais é o 11o maior produtor de caprinos do Brasil”

IBGE 2022, Foto: cityglobetour


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E3ologia da artrite encefalite caprina

2022

Mesmo gênero do EIAV e HIV

Vírus da artrite encefalite caprina (CAEV)

ICTV 2022
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Importância da Maedi-Visna no Brasil

20.537.474 de cabeças de ovinos (2021)

IBGE 2022, Foto: citypng


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Etiologia da Maedi-Visna

2022

5 genótipos e vários subtipos

Vírus Maedi-Visna (MV) (causa pneumonia e leucoencefalomielite em ovinos)


Len8viroses de pequenos ruminantes CAEV + Visna-aedi virus

ICTV 2022
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Complexo enzimático
Lentivirus transcriptase
gp135
reversa/integrase

100 nM

Partícula viral esférica ou pleomórfica com ~100 nM de diâmetro, envelopada e


com capsídeo icosaédrico.

Viralzone 2015
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Classe VI Baltimore, vírus RNA cadeia


Vírus da artrite encefalite caprina simples com DNA intermediário
(replicação núcleo)

Genoma duas fitas de RNA simples e polaridade positiva (RNAss+)


LTR (região repetida terminal)
GAG (antígenos específicos)
POL (polimerase)
ENV (envelope)
MA (proteína de matriz)
CA (proteína de capsídeo)
NC (proteína do nucleocapsídeo)
RT (transcriptase reversa)
IN (integrase)
PR (protease)
TM (proteína transmembrana)
SU (glicoproteína superfície)

Genes acessórios tax, rex, rev, vif, tat

~9,189 nucleotídeos (isolado Clements)

Schoborg 2002, Rvazzolo & Costa 2017


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Vírus da artrite encefalite caprina

portador

Resumo da replicação viral em duas fases (Após penetração e desnudamento)

1. Síntese de uma cópia de DNA (provírus) a par7r do genoma e transporte do


DNA proviral até o núcleo para integração ao DNA da célula hospedeira.

2. Síntese e processamento de mRNA e síntese de proteínas virais.

Barquero et al. 2015


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Vírus da artrite encefalite caprina


1. Adsorção e penetração 1
1
A glicoproteína de superfície
(gp135) se liga ao receptor 1
ainda desconhecido em células
do hospedeiro. O envelope viral
se funde à membrana
plasmática liberando o capsídeo
no citoplasma.

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina


2. Transcrição reversa
1
Inicia-se a síntese do DNA
proviral pela transcriptase
reversa que irá formar uma fita
dupla de DNA (provírus). O 2
provírus é então transportado
para o núcleo da célula onde é 2
inserido no cromossomo da
célula pela integrase.

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina


3. Transcrição
1
O provírus DNA já integrado é
transcrito pela RNA polimerase
celular em mRNA de toda sua
extensão.
3 3

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina


4. Tradução
1
Uma parte é exportada para o
citoplasma e depois membrana 4 4
plasmática onde é traduzida
em poliproteína do genes Gag
e Pol, precurssoras de outras
proteínas virais. Outra parte é
exportada como RNA
genômico para a progênie
viral.

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina


5. Encapsidamento

Em fase tardia, alguns transcritos 5


servirão como mRNA para a
tradução de poliproteína (env)
que é levada para a membrana
plasmática e clivada em
glicoproteínas de envelope.

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina


6
6. Brotamento
1 6
Na membrana plasmática as
proteínas virais vão interagir
com mRNAs do genoma inteiro
formando o nucleocapsídeo. As
novas partículas virais imaturas
brotam pela membrana
plasmática e maturam no meio
extracelular.

Ravazzolo & Costa 2017, Bai et al. 2019


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Vírus da artrite encefalite caprina (resistência no ambiente)

Os vírions tem genoma RNA e são envelopados

• Resistência no ambiente varia com grau de proteção (matéria


orgânica) mas podem ser pouco resistentes.

• Sensível a detergentes e solventes lipídicos como éter,


clorofórmio, álcool, formaldeídos, fenol e hipoclorito de sódio.

• No colostro/leite podem ser inaVvados pelo calor a 56C por 1h.

Castro & Modolo 2018


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Patogenia e sinais clínicos Relato em caprino silvestre

Infecção clínica pelo CAEV em caprinos e ovinos

Patton et al. 2012, Castro & Modolo 2018, Foto: freepik, freepngimg, dreamstime
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*75% dos cabritos nascidos de


Patogenia e sinais clínicos mães infectadas podem se infectar

Transmissão

Período neonatal

• Colostro
• Leite

Intrauterina

Principal forma de infecção, em recém-nascidos a par5r de leite e colostro*

Radostitis et al. 2000, Castro & Modolo 2018, Foto: rlrouse


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Patogenia e sinais clínicos

Transmissão

Material com células


sanguíneas infectadas
(iatrogenia)

• Descorna
• Marcação
• Ordenhadeira mecânica

Seringas, tatuadores e outros com macrófagos/monócitos infectados

Radostitis et al 2000, Foto: pixabay


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Patogenia e sinais clínicos

Transmissão

Embora menos importante,


o contato direto e indireto
(fômites) em adultos em
situações de alta densidade
populacional também são
formas de infecção.

Reprodutores infectados e transmissão por contato durante coito. Está consolidado que o
CAEV está presente no sêmen, tanto na forma livre (RNA viral) no líquido seminal, como na
forma de DNA pró-viral integrado às células não espermáticas.

Souza et al. 2014, Castro & Modolo 2018, Foto: cnet


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Patogenia e sinais clínicos

Período de incubação de 45 a 60 dias, e até anos

Disseminação através de macrófagos infectados para diversos


tecidos do hospedeiro.

Encontrado em maior frequência em


macrófagos alveolares, sinóvia, sistema
nervoso central e glândula mamária.

Lara et al. 2003


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Patogenia e sinais clínicos

Animais infectados tornam-se portadores


e podem
apresentar recidiva, quando a viremia volta a aumentar. Alguns animais
infectados não apresentam recidiva.

Desvio an5gênico - CaracterísGcas anGgênicas das novas parHculas


disGntas da que originou a infecção, atribuido ao escape da resposta
imune e consequente recidiva.

Durante a infecção, há uma restrição da expressão gênica do vírus que


faz com que o DNA proviral se mantenha nos monócitos e passe
despercebido por outras células do sistema imune.

Castro & Modolo 2018


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Patogenia e sinais clínicos

As células infectadas estimulam linfócitos T


induzindo
hiperproliferação e liberação de mediadores que levam a lesões
imunomediadas.

As lesões causam doença degenerativa persistente em muitos órgãos


de evolução clínica lenta e progressiva.

Castro & Modolo 2018


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Patogenia e sinais clínicos

Maioria das infecções sem sinais clínicos


Quando clínica (incidência de doença baixa em rebanhos infectados de ~10-30%):

• Animais portadores podem não apresentar sinais clínicos


• Síndrome multissistêmica com emagrecimento progressivo
• Tecido conjuntivo de revestimento sinovial (artrite crônica)
• Sistema nervoso central (leucoencefalimielite)
• Glândula mamária (edema e endurecimento das mamas)
• Pulmões (pneumonia crônica)

Ravazzolo & Costa 2017


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Patogenia e sinais clínicos


Entrevista com Dr. Raymundo Rizaldo Pinheiro (Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos)

Ravazzolo & Costa 2017


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Patogenia e sinais clínicos

Artrite (vários meses)

• Mais comum em caprinos


• Animais >8 meses de idade
• Maioria, arIculações carpo
• Unilateral ou bilateral

Castro & Modolo 2018, Foto: Infobibos


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Patogenia e sinais clínicos

Artrite (vários meses)

• Claudicação
• Engrossamento e alopecia
• Sensibilidade em estação
• Decúbito prolongado
• Perda de peso
Sequelas importantes da artrite podem levar ao
comprometimento da locomoção e escolha da
eutanásia pelo produtor

Castro & Modolo 2018, Foto: Infobibos


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Patogenia e sinais clínicos

Artrite (vários meses)

Proliferação da membrana
sinovial que pode progredir para
erosões multifocais ulcerações
da cartilagem, fibrose grave e
espessamento da cápsula sinovial
na articulação do carpo

Castro & Modolo 2018, Foto: Infobibos


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Patogenia e sinais clínicos

Pneumonia

• Menos comum
• Insidiosa e não percebida
• Tosse
• Dificuldade respiratória
• Perda de peso
• Intolerância ao exercício

Nogueira et al. 2009, Castro & Modolo 2018, Foto: Raymundo Rizaldo Pinheiro
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Patogenia e sinais clínicos

Mas3te aguda
• Endurecimento das mamas
• Agalaxia
• Aumento linfonodos supramamários

Mastite crônica
• Endurecimento progressivo
• Redução da produção de leite progressiva
• Aumento linfonodos supramamários

Veschi et al. 2011, Castro & Modolo 2018, Foto: Nogueira et al. 2009
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Patogenia e sinais clínicos

Manifestação neurológica
(mais comum em 1 a 4 meses)

Cerebral
• Andar em círculos
• Desvio lateral cabeça
• Ataxia

Espinhal
• Paralisia progressiva dos posteriores com evolução tetraplegia
• Tremores, paralisia facial
• Desvio de cabeça, opistótono e cegueira

Souza 2014, Castro & Modolo 2018, Foto: Brito 2013


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Patogenia e sinais clínicos

Lesões anatomopatológicas

Achados post-mortem incluem:


• Espessamento e calcificação periarticular
• Desmielinização da substância branca
• Pneumonia crônica
• Glândula mamária endurecida
Achados histológicos:
• Infiltrado linfocitário tecido mamário, pulmonar e articular
• Encefalomielite não supurativa

PaYon et al. 2012, Castro & Modolo 2018


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Patogenia e sinais clínicos

Maedi-Visna (Vídeo governo da Escócia)

• Pneumonia (mais comum)


• Mastite
• Artrite
• Leucoencefalomielite (raros)
Artrite, ataxia e incoordenação
Transmissão natural de lentivírus
entre caprinos e ovinos
Maedi (dispnéia)
Visna (desorientação)

Souza 2014, Castro & Modolo 2018, Foto: Brito 2013


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Epizoo3ologia da CAE (distribuição mundial)) Animal Diseases Recognition and


Response Training Course da FAO

Souza 2014
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Epizootiologia (todas as regiões do Brasil)) ~10% + DNA MV no CE


Ocorrência em todas as
raças, idade e sexo e
prevalência relacionada
à produção leiteira

Criatórios familiares
(Prevalência até 80%)

Bacias leiteiras
(Prevalência até 10%)

Isolamento viral de MV no RS e PR em infecções subclínicas

Em criaçoes tradicionais no Nordeste a prevalência de CAE é baixa

Dal Pizzol et al. 1989, Ravazzolo et al. 2001, Souza 2014, Martins et al. 2014
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Epizootiologia da CAE (todas as regiões do Brasil))

Prevalência no Nordeste

Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos. Artrite Encefalite Caprina (CAE), Embrapa 2020
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Epizoo3ologia (número de casos de CAE e MV no Brasil desconhecido))

Não inclui artrite encefalite


caprina ou Maedi-Visna

Doença de noVficação mensal de caso confirmado


MAPA 2022
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Epizootiologia (Casos de MV no Brasil)


)
Prevalência sorológica em vários estados no Brasil e isolamento viral de MV no RS
e PR mas até então em infecções subclínicas.

2018, surto de doença respiratória e neurológica em 96 ovelhas no RS

Martinez et al. 2009, Cecco et al 2022


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Diagnós3co Imprescindível confirmação laboratorial

• Presun'vo (clínico)
• Artrite*, mas;te, pneumonia
• Intolerância ao exercício
• Emagrecimento
• Animais mais jovens com encefalite

• Presun'vo (epizoo'ológico)
• Introdução de animais de outras áreas
• Manejo que favoreça transmissão

• Presun'vo (outros)
• Anemia discreta observada em teste hematológico, líquido sinovial e liquor com
aumento de contagem celular e calcificação periar;cular observada no exame
radiográfico das ar;culações.

Castro & Modolo 2018


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Diagnóstico

• Confirmação laboratorial (amostras)

1. Sangue (pesquisa de anticorpos para identificação de portadores)

• Sangue total (EDTA), soro ou plasma

2. Leite (detecção viral ou pesquisa de anticorpos)

3. Outros tecidos (detecção viral)

• membrana sinovial
• Líquido sinovial

Crawford & Adams 1981, Castro & Modolo 2018


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Diagnóstico (coleta de amostras)

Coletas sempre atendendo as recomendações de biossegurança

MAPA 2022
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Diagnóstico (conservação das amostras)


Coletas em recipientes limpos,
que tenha boa vedação para boa
conservação e biossegurança.
Identificação bem marcada e
clara de cada amostra.

MAPA 2022
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Diagnóstico (conservação das amostras)

Transporte imediatamente após a coleta (4C)

ou

Congelamento ou

Pirbright 2022
UFV
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Diagnóstico (CAE e MV)

• Confirmação laboratorial (Detecção de anticorpos*)

1. Imunodifusão em gel de agar (IDGA)


teste sorológico oficial para o
2. ELISA diagnóstico laboratorial da CAE”

3. Outros (imunofluorescência e immunoblotting)

*Sugere-se repetição da sorologia em intervalos trimestrais e


em animais acima de 6 meses para evitar detecção de
anticorpos de origem maternal.

Castro & Modolo 2018


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Diagnóstico “Teste de Coggins” (prova qualitaOva)

• Confirmação laboratorial (Detecção de anticorpos)

1. Imunodifusão em gel de agar (IDGA) - teste oficial


(boa sensibilidade e especificidade)

Ag = Proteína do nucleocapsídeo p28 e/ou gp135*


*A utilização dos dois antígenos aumenta a sensibilidade

Adams & Gorham, 1986, Rimstad et al., 1994, Pinheiro et al. 2010, Veschi et al. 2012, Souza 2014, Mazzinghy et al. 2014, WOAH 2017
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Diagnóstico

• Confirmação laboratorial (Detecção de anticorpos*)

2. ELISA com p28, gp135

a) Antígeno fixado na placa


b) Anticorpos se presentes na amostra se ligam ao antígeno
c) Anticorpos anti-anticorpo marcados enzima são adicionados
d) Aplica-se substrato que resulta em reação colorimétrica com a enzima
e) Amostras sem anticorpos não geram reação colorimétrica

Adams & Gorham, 1986, Saman et al. 1999, Dantas et al. 2008, Torres et al. 2009, Souza 2014
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Diagnóstico

• Confirmação laboratorial (Detecção de RNA viral ou do provírus)

1. PCR e RT-PCR
a) Extração de RNA ou DNA
b) Amplificação do gene gag ou detecção de (LTR) DNA
c) Convencional e em tempo real (Taqman)
d) Sequenciamento nucleotídico para identificação

Detecção de DNA proviral em PBMC

Extramiana et al. 2002, Ravazzolo et al. 2006, Deubelbeiss et al. 2014, Souza 2014, Martins et al. 2014
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Diagnóstico

• Confirmação laboratorial (detecção viral)

2. Isolamento viral

A partir do cultivo primário de leucócitos de sangue, leite e líquido


sinovial pode-se observar efeito citopático como sincícios que depois
serão confirmados por imunofluorescência, imunoperoxidase e PCR.

WOAH 2017
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Tratamento
Não há tratamento específico para artrite encefalite caprina e a
terapia de suporte não elimina os animais do estado de portadores.

Castro & Modolo 2018


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Prevenção e controle

MAPA
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Prevenção e controle

MAPA
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Prevenção e controle

1. Não existem vacinas disponíveis comercialmente.

2. Teste sorológico periódico para identificação de animais


positivos e separação de animais soropositivos e
soronegativos.

3. Em rebanhos com animais soropositivos usar agulhas e luvas


individualmente e não compartilhar equipamentos sem previa
desinfecção.

Castro & Modolo 2018


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Prevenção e controle (Vídeo do governo da Argentina sobre Maedi-Visna)

4. Receber animais previamente testados e instituir quarentena e


testagem dos animais que chegam.

5. Vigilância sorológica inicalmente trimestral e depois semestral.

6. Controle fluxo de reprodutores e buscar eliminar aleitamento


com colostro e leite de fêmeas infectadas.

7. Inativação térmica a 56C por 30min de colostro do banco de


colostro.

Castro & Modolo 2018


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Prevenção e controle (Whiteboard video produced by Tivoli Films Inc. sobre Maedi-Visna)

8. Evitar alimentar cabritos com colostro de pool de cabras

9. Lavagem, desinfecção e fervura de material e equipamentos.

10. Inseminação artificial para reduzir risco de infecção na monta.

11. Cabritos e cordeiros de mães positivas devem ser testados e


considerados negativos após seis meses de idade.

Ravazzolo & Costa 2017, Castro & Modolo 2018


Doenças Virais (VET344) - Departamento de Veterinária - Universidade Federal de Viçosa - 05 de Setembro de 2023

Perguntas

1. Como ocorre a transmissão dos vírus da lentiviroses de


pequenos ruminantes?

2. Quais os principais sinais clínicos da artrite encefalite caprina?

3. Como é feito o diagnóstico laboratorial das lentiviroses de


pequenos ruminantes?

4. Que medidas preventivas são utilizadas para o controle da


artrite encefalite caprina?
Doenças Virais (VET344) - Departamento de Veterinária - Universidade Federal de Viçosa - 05 de Setembro de 2023

Alex Pauvolid-Corrêa
pauvolid-correa@ufv.br

Professor de Virologia Veterinária


Departamento de Veterinária
Sala 13, Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública
Universidade Federal de Viçosa, Brasil

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