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ENFERMAGEM:

CONTEXTO HISTÓRICO
Professora : Natalia Geny Degasperin
Enfermeira
COREN/SC 660270
Especialista em Saúde Pública

São Miguel do Oeste


Como surgiu a enfermagem?
Percebem traços da enfermagem na
história de seus antepassados?
Assíria e Babilônia: A medicina baseava-se em
crendices e magias, eram comercializados
talismãs com orações contra ataques
demoníacos. As curas eram milagres de Deus.
Egito: As receitas deveriam ser tomadas junto
com recitações de fórmulas mágico-religiosas.
Havia ambulatórios gratuitos. Utilizavam
interpretação de sonhos
e o hipnotismo como
cura.
Índia: Conhecimento de anatomia e arte
humanística.. Hospitais com musicoterapia e
narradores de história para os enfermos.
Japão: Conhecidos pelas práticas da
hidroterapia e da eutanásia.
Grécia: Deuses e heróis eram o motor da
história da medicina, os tratamentos mais
utilizados eram recursos da natureza como
banhos de sol, ar e água pura, sangrias,
massagens e dietas.
Roma: Destacaram-se pela higiene e saúde
pública, a medicina se aliava a religião, o
mágico e o popular.
A evolução do Cuidado

Nas civilizações nômades, aos homens eram incumbidas as


tarefas de sustento e as mulheres a prática do cuidado, o
cuidado consistia em práticas que garantiam a sobrevivência
e com o passar do tempo visto que o conhecimento da cura
significava poder, o homem apropriou-se disso.
A partir da Grécia clássica, o cuidado associa-se a
prática religiosa, em uma luta de milagres e
encantamentos contra os demônios causadores de males
do corpo e do espírito.
O sacerdote era o mediador entre os homens e os
Deuses, com poder como a cura, a vida e a morte.
Os atendimentos ocorriam em edifícios, onde
primeiramente passavam por um ritual de purificação
(banhos, dietas, exercícios). Os serviços eram pagos por
ouro e prata.
A cura era um jogo entre a natureza e a doença, e
quando havia melhora do doente era considerado
milagre.
O cuidado através da prática por sacerdotes permaneceu
em ascenção por muitos séculos até o surgimento das
primeiras escolas para a arte do curar na Itália.
No final do século V a.C, o mundo grego sofre
profundas mudanças, e a partir disso o cuidado passa a
ser baseado em experiências, no conhecimento da
natureza, no raciocínio lógico e na filosofia, porém
limitava-se ao baixo conhecimento da anatomia e
fisiologia humana.
Este período foi marcado por
Hipócrates que dissocia a arte
do curar dos preceitos místicos
e sacerdotais para um método
que utilizava a inspeção e a
observação.
Nos primeiros séculos do período cristão as práticas de
saúde sofreram influência de fatores diversos, devido
grandes guerras e epidemias.
O misticismo volta a predominar e muitos leigos
voltam-se a caridade formando um grande contingente a
favor da associação religiosa e assistência a saúde.
Os primeiros hospitais eram destinados aos monges e
somente após as guerras e epidemias surgiram outros
hospitais.
Suas funções consistiam em assistir os pobres e
morinbundos e em separar os indivíduos infectados
pelas doenças que dizimaram populações inteiras.
A partir da prática da caridade mulheres eram movidas
para a proteção e assistência aos enfermos e a
enfermagem começa a aparecer como uma prática leiga
e desvinculada a conhecimentos científicos.
Entre o século XV e XVII na Europa as práticas de
saúde voltam-se para o cliente, sendo priorizado o
estudo do organismo humano, seu comportamento e as
doenças.
As Universidades multiplicaram-se, e o cuidado antes
praticado por religiosos, passou a ser praticado por
leigos estudiosos.
A exigência de formação universitária consolidou a
categoria, porém a divisão hierárquica persiste até no
cuidado, sendo que a assistência aos nobres e ricos eram
pelos médicos graduados, a assistência aos burgueses e
artesãos eram pelos médicos com formações técnicas e
a assistência aos pobres eram fornecidas por
curandeiros e barbeiros.
Mesmo com o aparecimento das Universidades
médicas, a enfermagem permaneceu em desalento
desarticulada por muitos anos.
As condições políticas, o baixo nível de
qualidade das práticas de saúde e a posição
considerada inferior da mulher contribuíram para
o desprestígio da Enfermagem.
É nesse cenário que a Enfermagem passa a atuar,
quando Florence Nightingale (1820-1910) é
convidada pelo Ministro da
Guerra da Inglaterra para
trabalhar junto aos feridos na
Guerra da Crimeia e que por
falta de cuidados morriam em grande número.
Florence já possuia algum conhecimento em
enfermagem “era portadora de grande vocação
para tratar de doentes”. Tanto Florence quanto
suas auxiliares deveriam ter abnegação absoluta,
altruísmo, espírito de sacrifício, integridade,
humildade e disciplina.
A partir disso criaram uma nova visão da
enfermagem, apoiadas em observações
sistematizadas e registros estat í st i cos, e
destacavam quatro conceitos fundamentais: Ser
humano, meio ambiente, saúde e Enfermagem.
Segundo Florence a arte da
Enfermagem consistia em cuidar
tanto dos seres humanos sadios
quanto dos doentes, entendendo
como ações interligadas entre
cuidar - educar - pesquisar.
Após a guerra, Florence fundou
uma escola de Enfermagem no
Hospital Saint Thomas, que passou
a servir de modelo. O curso de um
ano consistia em aulas diárias
ministradas por médicos.
Assim, a enfermagem surge como uma
ocupação assalariada que vem para atender as
necessidades dos hospitais, sendo subordinada a
classe médica. Posteriormente, todas as escolas
de Enfermagem americanas, que seguiam um
modelo de ensino médico, adotaram o modelo de
ensino moderno, isto é, a direção de escolas, de
serviços e o ensino de Enfermagem seriam feitos
por enfermeiras. Os preceitos de Florence
permaneceram porém mudados até os dias atuais.
Enfermagem no Brasil

E no Brasil foi diferente?


Desde a colonização sabemos que Portugal tinha
grandes ligações com a Igreja, e nesse contexto a
assistência aos doentes era prestadas pelos
religiosos em enfermarias nas proximidades de
colégios e conventos.
A prática da Enfermagem até por volta do ano de
1.500 era doméstica e empírica atendendo
principalmente por fins lucrativos, e executadas
por homens.
Como na Europa, a enfermagem Brasileira
ascendeu devido necessidade em epidemias
como malária, pestes e febre amarela.
Em 1980 foi fundada a Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras no Rio de Janeiro. O
curso tinha duração de dois anos e o currículo
abordava aspectos básicos da assistência
hospitalar, predominantemente curativa.
Em 1923 o governo americano manda para o Brasil
algumas enfermeiras, e estas formam a Escola de
Enfermagem Anna Nery baseada no modelo
Nightingaleano.
A partir disso, passam a selecionar moças de
camadas mais altas da sociedade, sendo que os
trabalhos que desempenhariam estariam
relacionados a classe que ocupavam.
Também passaram a exigir das cantidatas nível de
escolaridade apurado.
A história da saúde pública no Brasil encontra
nos acontecimentos que levaram à Segunda
Guerra Mundial (1939-1945) os principais
motivos para redimensionar o exercício
profissional da enfermagem.
Nessa mesma década já havia no país quatro escolas de
formação de enfermeiras: a Escola Alfredo Pinto, no Rio
de Janeiro (1890) sob moldes franceses; a Escola de
Enfermeiras do Hospital Samaritano de São Paulo (1901),
sob moldes ingleses; a Escola da Cruz Vermelha no Rio
de Janeiro (1916), e a Escola do Exército (1921).

Até 1921, as escolas de enfermagem no Brasil, só


formavam "auxiliares de saúde" sem a concepção de
enfermagem como ciência. Com a chegada das
enfermeiras norte-americanas, as escolas de enfermagem
e a própria profissão passam a ser consideradas uma
ciência autônoma e a ter uma formação universitária.
No ano de 1925, o Governo Brasileiro através do
decreto 17268/25, institualiza o ensino de
enfermagem no Brasil, tendo como diretora da
escola Anna Nery. Mas somente em 1931 a
legislação brasileira assinou o Decreto nº
20.109/31, que passou a regulamentar a prática
da Enfermagem no Brasil, fixando condições
para a equiparação das escolas à Escola Anna
Nery a condição de PADRÃO OFICIAL DE
ENSINO DE ENFERMAGEM para as demais
escolas.
O currículo possuía as seguintes características:
Duração de dois anos e quatro meses, dividido em cinco
fases sendo que a última fase deveria ser reservada à
especialização em Enfermagem Clínica e em Saúde
Pública;
Diploma da Escola Normal era requisito de matrícula;
O período probatório era de quatro meses, somente com
aulas teóricas, conforme modelo norte-americano;
Eram exigidas oito horas diárias de prestação de
serviços no hospital, com direito à residência só para
mulheres, duas meias folgas por semana, e uma pequena
remuneração mensal;
A partir de 1940 houve uma subdivisão dos trabalhos, sendo
enfermeiros responsáveis pelas funções administrativas e
burocráticas, técnicos, auxiliares e atendentes de
enfermagem encarregados do cuidado ao cliente, que por fim
levou a criação do curso de enfermagem e curso de auxiliar
de enfermagem.
Com a implantação da Reforma Universitária em 1968, o
curso de enfermagem teve um grande impulso como
profissão, aumentando o número de vagas a serem oferecidas
e com a implantação do curso de pós-graduação lato-sensu,
processo esse de inclusão que fortaleceu as pesquisas
cientificas pela enfermagem e retirando a enfermagem da
submissão das faculdades de medicina.
Em 1970, a ineficácia na formação de novas
escolas de enfermagem de nível técnico, levou o
atendimento de enfermagem ao caos.
Somente em 1986, a Lei nº 7.498/86
regulamentou o exercício de enfermagem,
estabelecendo os cargos em quatro categorias: 1º
Enfermeiro, 2º Técnicos de Enfermagem, 3º
Auxiliares de Enfermagem e em 4º Parteiras.
No final do Século XIX ante ao processo de
confronto entre a igreja, a medicina e o Estado,
surge o ensino de enfermagem. E após o
desmembramento a enfermagem passou a
evoluir, tanto em grade curricular, quanto em
profissão.
Conferências Nacionais de Saúde têm sido
realizadas no Brasil desde 1947, e são
convocadas pelo Poder Executivou ou pelo
Conselho Nacional de Saúde a cada quatro anos.
Em 1947 na VIII Conferência Nacional de Saúde,
a concepção de saúde passou a ser mais abrangente
e não somente a ausência de doenças.
Para que esse conceito fosse instaurado diversas
mudanças no contexto brasileiro aconteceram e
muitas partiram das Reformas Sanitárias.
A partir da VIII Conferência Nacional de Saúde
fora tema a Implantação do
SUS (Sistema Único de Saúde);
Nos anos 90, a saúde privada ganhou força sendo
responsável por 80% dos serviços de saúde do
país. Nessa época muitos dos enfermeiros
continuaram estudando para qualificar-se e
outros passaram a lutar pelo resgate a saúde
pública, como por exemplo, começaram a
realizar consultas de enfermagem.
Em 1992 fora realizada a IX Conferência Nacional
de Sáude tendo como algumas pautas:
De um total de 4.500 municípios apenas 655
possuiam abastecimento de água e apenas 155
possuiam tratamento de esgoto;
Em 1991 gastou-se 97 milhões de dólares para o
tratamento da diarreia;
A principal causa de internação era o parto normal
e a segunda eram problemas psiquiátricos;
98% das mortes maternas eram evitáveis;
A queda de recursos para a saúde no período de
1989 a 1991 foi de 34%;
A partir de 1990 houveram mudanças no sistema
de assistência a saúde:
Modelo Tradicional Modelo Novo
Doença Saúde
Cuidados Esporádicos Cuidados Contínuos
Centrado no médico Centrado na Equipe
Sem participação da Ênfase na participação
comunidade popular
Centralização no setor saúde Descentralização de
intersetorialidade
A enfermagem segue em constante evolução,
então vamos agir como agentes transformadores
da nossa história!
Referências
GEOVANINI, Telma; MOREIRA, Almerinda;
SCHOELLER, Soraia Dornelles. História da
enfermagem: versões e interpretações. 3. ed.
Rio de Janeiro: Revinter, 2010. xviii, 404 p.
ENFERMAGEM:
CONTEXTO HISTÓRICO

Professora : Natalia Geny Degasperin


Enfermeira
COREN/SC 660270
nataliadegasperin@gmail.com
(49) 99946 0921

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