Como surgiu a enfermagem? Percebem traços da enfermagem na história de seus antepassados? Assíria e Babilônia: A medicina baseava-se em crendices e magias, eram comercializados talismãs com orações contra ataques demoníacos. As curas eram milagres de Deus. Egito: As receitas deveriam ser tomadas junto com recitações de fórmulas mágico-religiosas. Havia ambulatórios gratuitos. Utilizavam interpretação de sonhos e o hipnotismo como cura. Índia: Conhecimento de anatomia e arte humanística.. Hospitais com musicoterapia e narradores de história para os enfermos. Japão: Conhecidos pelas práticas da hidroterapia e da eutanásia. Grécia: Deuses e heróis eram o motor da história da medicina, os tratamentos mais utilizados eram recursos da natureza como banhos de sol, ar e água pura, sangrias, massagens e dietas. Roma: Destacaram-se pela higiene e saúde pública, a medicina se aliava a religião, o mágico e o popular. A evolução do Cuidado
Nas civilizações nômades, aos homens eram incumbidas as
tarefas de sustento e as mulheres a prática do cuidado, o cuidado consistia em práticas que garantiam a sobrevivência e com o passar do tempo visto que o conhecimento da cura significava poder, o homem apropriou-se disso. A partir da Grécia clássica, o cuidado associa-se a prática religiosa, em uma luta de milagres e encantamentos contra os demônios causadores de males do corpo e do espírito. O sacerdote era o mediador entre os homens e os Deuses, com poder como a cura, a vida e a morte. Os atendimentos ocorriam em edifícios, onde primeiramente passavam por um ritual de purificação (banhos, dietas, exercícios). Os serviços eram pagos por ouro e prata. A cura era um jogo entre a natureza e a doença, e quando havia melhora do doente era considerado milagre. O cuidado através da prática por sacerdotes permaneceu em ascenção por muitos séculos até o surgimento das primeiras escolas para a arte do curar na Itália. No final do século V a.C, o mundo grego sofre profundas mudanças, e a partir disso o cuidado passa a ser baseado em experiências, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico e na filosofia, porém limitava-se ao baixo conhecimento da anatomia e fisiologia humana. Este período foi marcado por Hipócrates que dissocia a arte do curar dos preceitos místicos e sacerdotais para um método que utilizava a inspeção e a observação. Nos primeiros séculos do período cristão as práticas de saúde sofreram influência de fatores diversos, devido grandes guerras e epidemias. O misticismo volta a predominar e muitos leigos voltam-se a caridade formando um grande contingente a favor da associação religiosa e assistência a saúde. Os primeiros hospitais eram destinados aos monges e somente após as guerras e epidemias surgiram outros hospitais. Suas funções consistiam em assistir os pobres e morinbundos e em separar os indivíduos infectados pelas doenças que dizimaram populações inteiras. A partir da prática da caridade mulheres eram movidas para a proteção e assistência aos enfermos e a enfermagem começa a aparecer como uma prática leiga e desvinculada a conhecimentos científicos. Entre o século XV e XVII na Europa as práticas de saúde voltam-se para o cliente, sendo priorizado o estudo do organismo humano, seu comportamento e as doenças. As Universidades multiplicaram-se, e o cuidado antes praticado por religiosos, passou a ser praticado por leigos estudiosos. A exigência de formação universitária consolidou a categoria, porém a divisão hierárquica persiste até no cuidado, sendo que a assistência aos nobres e ricos eram pelos médicos graduados, a assistência aos burgueses e artesãos eram pelos médicos com formações técnicas e a assistência aos pobres eram fornecidas por curandeiros e barbeiros. Mesmo com o aparecimento das Universidades médicas, a enfermagem permaneceu em desalento desarticulada por muitos anos. As condições políticas, o baixo nível de qualidade das práticas de saúde e a posição considerada inferior da mulher contribuíram para o desprestígio da Enfermagem. É nesse cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale (1820-1910) é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar junto aos feridos na Guerra da Crimeia e que por falta de cuidados morriam em grande número. Florence já possuia algum conhecimento em enfermagem “era portadora de grande vocação para tratar de doentes”. Tanto Florence quanto suas auxiliares deveriam ter abnegação absoluta, altruísmo, espírito de sacrifício, integridade, humildade e disciplina. A partir disso criaram uma nova visão da enfermagem, apoiadas em observações sistematizadas e registros estat í st i cos, e destacavam quatro conceitos fundamentais: Ser humano, meio ambiente, saúde e Enfermagem. Segundo Florence a arte da Enfermagem consistia em cuidar tanto dos seres humanos sadios quanto dos doentes, entendendo como ações interligadas entre cuidar - educar - pesquisar. Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo. O curso de um ano consistia em aulas diárias ministradas por médicos. Assim, a enfermagem surge como uma ocupação assalariada que vem para atender as necessidades dos hospitais, sendo subordinada a classe médica. Posteriormente, todas as escolas de Enfermagem americanas, que seguiam um modelo de ensino médico, adotaram o modelo de ensino moderno, isto é, a direção de escolas, de serviços e o ensino de Enfermagem seriam feitos por enfermeiras. Os preceitos de Florence permaneceram porém mudados até os dias atuais. Enfermagem no Brasil
E no Brasil foi diferente?
Desde a colonização sabemos que Portugal tinha grandes ligações com a Igreja, e nesse contexto a assistência aos doentes era prestadas pelos religiosos em enfermarias nas proximidades de colégios e conventos. A prática da Enfermagem até por volta do ano de 1.500 era doméstica e empírica atendendo principalmente por fins lucrativos, e executadas por homens. Como na Europa, a enfermagem Brasileira ascendeu devido necessidade em epidemias como malária, pestes e febre amarela. Em 1980 foi fundada a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras no Rio de Janeiro. O curso tinha duração de dois anos e o currículo abordava aspectos básicos da assistência hospitalar, predominantemente curativa. Em 1923 o governo americano manda para o Brasil algumas enfermeiras, e estas formam a Escola de Enfermagem Anna Nery baseada no modelo Nightingaleano. A partir disso, passam a selecionar moças de camadas mais altas da sociedade, sendo que os trabalhos que desempenhariam estariam relacionados a classe que ocupavam. Também passaram a exigir das cantidatas nível de escolaridade apurado. A história da saúde pública no Brasil encontra nos acontecimentos que levaram à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) os principais motivos para redimensionar o exercício profissional da enfermagem. Nessa mesma década já havia no país quatro escolas de formação de enfermeiras: a Escola Alfredo Pinto, no Rio de Janeiro (1890) sob moldes franceses; a Escola de Enfermeiras do Hospital Samaritano de São Paulo (1901), sob moldes ingleses; a Escola da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro (1916), e a Escola do Exército (1921).
Até 1921, as escolas de enfermagem no Brasil, só
formavam "auxiliares de saúde" sem a concepção de enfermagem como ciência. Com a chegada das enfermeiras norte-americanas, as escolas de enfermagem e a própria profissão passam a ser consideradas uma ciência autônoma e a ter uma formação universitária. No ano de 1925, o Governo Brasileiro através do decreto 17268/25, institualiza o ensino de enfermagem no Brasil, tendo como diretora da escola Anna Nery. Mas somente em 1931 a legislação brasileira assinou o Decreto nº 20.109/31, que passou a regulamentar a prática da Enfermagem no Brasil, fixando condições para a equiparação das escolas à Escola Anna Nery a condição de PADRÃO OFICIAL DE ENSINO DE ENFERMAGEM para as demais escolas. O currículo possuía as seguintes características: Duração de dois anos e quatro meses, dividido em cinco fases sendo que a última fase deveria ser reservada à especialização em Enfermagem Clínica e em Saúde Pública; Diploma da Escola Normal era requisito de matrícula; O período probatório era de quatro meses, somente com aulas teóricas, conforme modelo norte-americano; Eram exigidas oito horas diárias de prestação de serviços no hospital, com direito à residência só para mulheres, duas meias folgas por semana, e uma pequena remuneração mensal; A partir de 1940 houve uma subdivisão dos trabalhos, sendo enfermeiros responsáveis pelas funções administrativas e burocráticas, técnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem encarregados do cuidado ao cliente, que por fim levou a criação do curso de enfermagem e curso de auxiliar de enfermagem. Com a implantação da Reforma Universitária em 1968, o curso de enfermagem teve um grande impulso como profissão, aumentando o número de vagas a serem oferecidas e com a implantação do curso de pós-graduação lato-sensu, processo esse de inclusão que fortaleceu as pesquisas cientificas pela enfermagem e retirando a enfermagem da submissão das faculdades de medicina. Em 1970, a ineficácia na formação de novas escolas de enfermagem de nível técnico, levou o atendimento de enfermagem ao caos. Somente em 1986, a Lei nº 7.498/86 regulamentou o exercício de enfermagem, estabelecendo os cargos em quatro categorias: 1º Enfermeiro, 2º Técnicos de Enfermagem, 3º Auxiliares de Enfermagem e em 4º Parteiras. No final do Século XIX ante ao processo de confronto entre a igreja, a medicina e o Estado, surge o ensino de enfermagem. E após o desmembramento a enfermagem passou a evoluir, tanto em grade curricular, quanto em profissão. Conferências Nacionais de Saúde têm sido realizadas no Brasil desde 1947, e são convocadas pelo Poder Executivou ou pelo Conselho Nacional de Saúde a cada quatro anos. Em 1947 na VIII Conferência Nacional de Saúde, a concepção de saúde passou a ser mais abrangente e não somente a ausência de doenças. Para que esse conceito fosse instaurado diversas mudanças no contexto brasileiro aconteceram e muitas partiram das Reformas Sanitárias. A partir da VIII Conferência Nacional de Saúde fora tema a Implantação do SUS (Sistema Único de Saúde); Nos anos 90, a saúde privada ganhou força sendo responsável por 80% dos serviços de saúde do país. Nessa época muitos dos enfermeiros continuaram estudando para qualificar-se e outros passaram a lutar pelo resgate a saúde pública, como por exemplo, começaram a realizar consultas de enfermagem. Em 1992 fora realizada a IX Conferência Nacional de Sáude tendo como algumas pautas: De um total de 4.500 municípios apenas 655 possuiam abastecimento de água e apenas 155 possuiam tratamento de esgoto; Em 1991 gastou-se 97 milhões de dólares para o tratamento da diarreia; A principal causa de internação era o parto normal e a segunda eram problemas psiquiátricos; 98% das mortes maternas eram evitáveis; A queda de recursos para a saúde no período de 1989 a 1991 foi de 34%; A partir de 1990 houveram mudanças no sistema de assistência a saúde: Modelo Tradicional Modelo Novo Doença Saúde Cuidados Esporádicos Cuidados Contínuos Centrado no médico Centrado na Equipe Sem participação da Ênfase na participação comunidade popular Centralização no setor saúde Descentralização de intersetorialidade A enfermagem segue em constante evolução, então vamos agir como agentes transformadores da nossa história! Referências GEOVANINI, Telma; MOREIRA, Almerinda; SCHOELLER, Soraia Dornelles. História da enfermagem: versões e interpretações. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. xviii, 404 p. ENFERMAGEM: CONTEXTO HISTÓRICO