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Academia Militar "Marechal Samora Machel"

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR ΨM


E
OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ

NAMPULA, OUTUBRO 2011

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR

ΨM
E

OS DESAFIOS EM TEMPO
DE PAZ

ELABORADO E COMPILADO PELO


CAPITÃO BENEDITO TOMÁS

CORRECÇÃO AO NÍVEL METODOLÓGICO E CONTEÚDO

1-TENENTE-CORONEL- ANTÓNIO L. GONZAGA. DOUTORANDO


2-TENENTE-CORONEL – MANUEL J. MULADIUA. LICENCIADO
3-MAJOR- FRANCISCO DANIEL FRANZE. MASTER

NAMPULA, OUTUBRO DE 2011

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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Perfil do Autor

Militar com a patente de Capitão;


Formado como Comandante de Subunidades das Tropas da Artilharia Anti-Aérea na
extinta Escola Militar;
Foi formado como Comandantes das Subunidades das Tropas de Defesa Anti-Aérea na
Brigada Mista de foguetes em Mahlazine;
Professor de Táctica especial da Artilharia Anti Aérea e defesa Anti Aérea na escola
Pratica de Defesa Anti-Aerea em Boquisso – Maputo;
Bacharel em Gestão e Administração Escolar na Faculdade de Ciências de Educação e
Comunicação da Universidade Católica de Moçambique (U.C.M.)- Nampula;
Licenciado em Psicologia Escolar na Faculdade de Educação e Psicologia da
Universidade Pedagógica ( U.P.)- Nampula;
Participou na administração dos Testes psicotécnicos para candidatos aos cursos de
Piloto Aviador e Alferes miliciano;
Membro do Núcleo de Pesquisa da Academia Militar.
Actualmente desempenha a função de Chefe de subsecção gráfica;
Tem um artigo lançado nas 1ª jornadas científicas da Academia Militar com o título ‘’
Stress patológico e o insucesso escolar”.
Participou na elaboração do projecto de pesquisa titulado por “ A aderência dos jovens
ao Serviço Militar”, orientado pelo Ministério de Defesa Nacional.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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INDICE Paginas
Definição de Siglas…………………………………………………………………….5
Introdução ………………………………………………………………………...……6
Apresentação-1………………………………………………………………………..8
1. A origem da Psicologia Militar e os desafios em tempo de Paz……………….9
1.1. A razão do desenvolvimento da Pesquisa…………………………………….9
1.2. Conceito de Psicologia Geral………………………………………………….10
1.3. Símbolo da Psicologia Geral ……………………………………………........10
2. Origem esquemática da Psicologia Militar……………………………………..10
2.1. Interpretando o esquema……………………………………………………....10
2.2. Conceito da Psicologia Militar………………………………………………....13
2.3. Objecto de estudo da Psicologia Militar………………………………………14
3. Antecedentes ao surgimento da Psicologia Militar…………………………….14
4. A Psicologia Militar como Ciência que estuda o comportamento dos
Militares………………………………………………………………………………..16
5. Causas do surgimento da Psicologia Militar…………………………………...17
6-Elementos que fundamentaram o surgimento da Psicologia Militar…………17
7-Factores psicológicos, fisiológicos e glandulares que actuam no Militar em
combate……………………………………………………………………………….21
7.1.Factores Psicológicos…………………………………………………………...21
7.2. Factores Fisiológicos………………………………………………………...…21
7.3. Factores Endócrinos ou Glandulares…………………………………………22
8- Situações que provocam desequilíbrios psicológicos no Militar ……………22
Apresentação. 2………………………………………………………………...... …24
9. A Psicologia Militar em tempo de paz………………………………………..…25
9.1. Contribuições……………………………………………………………………25
10-Conseqüências da não aplicação da Psicologia Militar nas
Unidades militares……………………………………………………………….28
10.1. A Psicologia Militar como fonte de conhecimentos da frustração doentia e
das suas consequências……………….…………………………………………...35
11. Conclusão………………………………………………………………………...38
12. Recomendações………………………………………………………………....39
13. Pequeno glossário……………………………………………………………….40
14. Bibliografia………………………………………………………….. ………...…49

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Definição de siglas
A.A.A - Artilharia Anti Aérea;
AM- Academia Militar;
CMTR - Comandante dos Meios Radiotécnicos;
FADM -Forças Armadas de Defesa de Moçambique;
FPLM- Forças Populares de Libertação de Moçambique;
FAM – Forças Armadas de Moçambique;
PILAV – Pilotos Aviadores;
PM – Psicologia Militar;
ESFA -Escola de Sargentos das Forças Armadas “ General de Exercito Alberto
Joaquim Chipande” - Boane.
EUA - Estados Unidos da América;
SNC – Sistema Nervoso central;
SNP – Sistema Nervoso Periférico;
URSS –União das Republicas Socialistas Soviéticas.

Ψ-Letra grega que representa o símbolo mundial da Psicologia, traduzindo-se


em Português por – Psi, que significa: alma, mente, trabalho do cérebro
(cognição).

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INTRODUÇÃO

A modernização das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM),


depende muito da aplicação racional do recurso pensante que possui, que é o
Militar, de todos os escalões. Este recurso pensante de profissão militar por
sua vez deve esforçar-se para crescer, procurando soluções dos seus
problemas e das Instituições através do desenvolvimento de pesquisas.

É neste âmbito que foi desenvolvida esta modesta pesquisa bibliográfica com o
tema”A origem da Psicologia Militar e os Desafios em tempo de Paz”.

Na fase de pré-pesquisa, foram lidos conteúdos programáticos que eram


usados nos Cursos de formação de Oficiais na disciplina/cadeira de Psicologia
Militar na extinta Escola Militar, e os que estão actualmente em uso na
Academia Militar para a formação de Oficiais Milicianos. Nestes dois programas
distintos, os conteúdos programáticos não apresentam a origem (como surgiu)
a Psicologia Militar. Face a isso, a presente pesquisa vem colmatar este défice;

Por outro lado, a pesquisa pretendeu saber se há ou não necessidade da


aplicação dos conhecimentos da Psicologia Militar nas FADM, mesmo que o
país esteja em Paz.

O objectivo principal do autor desta pesquisa é contribuir para o enriquecimento


da bibliografia didáctica militar feita com base na realidade do saber
moçambicano. Deste objectivo foi formulado o seguinte específico, fazer com
que os futuros Oficiais das FADM, ao liderar as suas subunidades militares,
olhem o seu subordinado ou superior hierárquico como um ser Bio-Psico-
Socio-Cultural.

A pesquisa chegou as seguintes conclusões:


-A Psicologia Militar surgiu em tempo de guerras para motivar as tropas,
minimizar os efeitos de stress/traumas vividos nos campos de treinos (durante
a instrução), no aquartelamento, durante os combates e pós combate.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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-Em tempo de paz os conhecimentos desta Ciência são imprescindíveis, como


podemos ver: facilitam colocar “o homem certo em lugar certo” através do uso
de testes psicotécnicos, sendo instrumento de selecção e classificação das
aptidões físicas e psicológicas; É também usado como instrumento de ensino
de normas deontológicas e profissionais que norteiam as FADM; Manutenção e
tratamento da saúde mental do Militar; Motivação, manutenção dos valores,
morais, culturais, respeito pelos nossos heróis, bem como aplicação consciente
dos novos valores tais como o empreendedorismo, pesquisa, produtividade,
Paz etc. Por outro lado, serve como instrumento de persuasão contra
comportamentos desajustados ou generalização de”indisciplina” nas Unidades
ou Subunidades militares.

Do mesmo modo, espera-se que este trabalho ajude ao Comandante do


Pelotão, companhia ou Batalhão a motivar os seus subordinado e a gerir
comportamento destes em tempo de Paz e/ou no teatro das operações.

Para a elaboração desta pesquisa foram usadas varias fontes, desde as


experiências militares do autor, pesquisas em obras conceituadas de
Psicologia Geral, Psicologia de Trabalho ou das profissões e Psicologia Militar
finalmente, recorrendo aos meios informáticos (internet), obtivemos
depoimentos, entrevista e obras feitas por Oficiais, Superiores e Generais dos
Exércitos dos Países que participaram nas várias guerras do Mundo, entre
elas, a Iª e IIª guerras mundiais, guerra da Cambodja, da ex- Jugoslávia, do
Vietname das duas Correias e recentemente do Iraque e Afeganistão.

A sua estrutura está organizada em 2 capítulos, além da introdução, definição


de siglas, desenvolvimento, conclusão, recomendações, pequeno glossário e
bibliografia. O desenvolvimento é feito de subtítulos com uma linguagem
simples e contextualizada aos leitores de profissão militar.

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Capitulo I

A origem da Psicologia Militar

O Tema sugere-nos duas


abordagens, a primeira diz respeito
ao estudo da Origem da
Psicologia Militar.
Nesta abordagem encontraremos
informações referentes a visão
inicial da Psicologia Militar, isto é,
queremos explicar como e onde
surgiu a Psicologia Militar como
Ciência, iremos também detalhar o
porque é considerada como
Ciência que estuda o
comportamento dos Militares.

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1. A razão do desenvolvimento da Pesquisa


Foram feitos estudos minuciosos nos Programas, Planos Temáticos e
Conteúdos programáticos de Ensino de Psicologia Militar que eram usados
para leccionação nos Cursos de formação de Oficiais na Extinta Escola Militar
“Marechal Samora Machel”, e nos programas que estão sendo usados
actualmente na Academia Militar, no Curso de Formação de Oficiais Milicianos,
foram observadas lacunas nos conteúdos programáticos, no que concerne ao
historial do surgimento da Psicologia Militar como Ciência dos Militares.

Na Academia Militar, anualmente são recebidas Directivas do Estado Maior


General, neste no ano de 2011 recebeu-se a directiva n° 001/ GAB/ CEMG/
CV/ 2011. Do Departamento de Pessoal do mesmo Órgão recebeu-se o
Programa de Educação Cívica e Moral das tropas. Entre tantas indicações
trazidas por este documento, exorta aos Comandante das Unidades Militares a
organizarem aulas de preparação combativa para todos membros das FADM.

Neste programa, são apresentados temas de várias disciplinas a serem


ministrados nas aulas de educação Cívica Moral incluindo matérias de
Psicologia Militar. O referido programa simplesmente apresenta temas e não
apresenta os conteúdos programáticos.

A maior parte das Unidades militares não possuem, nos seus quadros
orgânicos, Oficiais com formação psico-pedagógica capazes de, a partir dos
temas, produzirem conteúdos para complementar a compreensão das aulas.

Para colmatar-se estes défices de conteúdos nos programas de ensino de


Psicologia Militar usados para leccionação na Academia Militar e de conteúdos
apresentados pelo programa de educação cívica, no que concerne a Psicologia
Militar, decidiu-se enveredar por esta modesta pesquisa, que, os resultados
são aqui apresentados.

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1. A origem da Psicologia Militar


A psicologia Militar como ciência aparece com apoios metodológicos e
subsídios cientifico de outras Ciências consideradas “mães”, deste modo, a
Psicologia Geral e as suas abordagens teóricas e praticas facilitou o
surgimento e usos dos conhecimentos da Psicologia Militar sendo uma área de
estudo estritamente para os homens de profissão militar.
1.2. Conceito de Psicologia Geral
Existem várias definições da Psicologia Geral, para esta pesquisa, procurou-se
encontrar duas definições consideradas fáceis de ser entendidas por vários
níveis de leitura e compreensão, deste modo temos:

Para DAVIDOFF (2000; 228) “A psicologia é uma Ciência que estuda o


comportamento do homem, partindo das reacções corporais interna ou
externas promovidas pelos elementos cognitivos humanos”.

Ainda para GALVÃO e ABUCHAIM (2011: 24) conceitua á Psicologia Geral


como sendo “a Ciência que estuda o comportamento (tudo o que o organismo
faz) e os processos mentais (onde estão inseridas as nossas experiências
subjectivas inferidas através do comportamento)”.

Como vemos, os dois conceitos convergem no estudo do comportamento do


homem, por outro lado, a segunda definição trás algo de diferente, que o
estudo dos processos mentais tais como: pensamento, inteligências,
capacidade de resolução de problemas, imaginação, criatividade, visão
preventiva, memorização rápida, recordação precisa e eficiente, percepção,
consciência, linguagem, atenção, compreensão, tomada de decisão, controlo
dos extintos como o sono, a fome, a sede, controlo da enurese e do asfintere,
entre outros.

A maior parte dos processos mentais são aprendidos através de ensino ou


instrução no meio social ou de trabalho onde cada um está inserido, fazendo
com que mesmo os extintos que herdamos dos nossos ancestrais sejam
controlados.

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O controlo dos extintos e a capacidade do uso racional dos processos mentais


para a aprender é o que coloca o homem na posição “ de animal racional”, que
procura o seu auto crescimento e desenvolvimento, modificando a si próprio e
ao meio ambiente no qual está inserido, fazendo com que este homem (ser
racional) tenha a capacidade de imaginar alternativas dos seus problemas e
das instituições antes de tomar uma decisão e descobrir novos caminhos a
partir das experiências passadas, criando imagens mentais do mundo que
precisa de melhorar através da (imaginação, planificação, previsão,
prevenção), diferentemente dos outros animais, que são irracionais.

1.3. Símbolo da Psicologia Geral


Esta Ciência tem o seu símbolo de representação desde o seu surgimento no
século XVIII na Alemanha que é:

ψ - Letra grega que traduzindo-se em Português lê-se Psi.

2. Origem esquemática da Psicologia Militar

Psicologia Geral

Psicologia das Organizações/ Trabalho

↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Psic. Esc. Psicop, Psiq, Psicom. Psic Mil. Psic. Soc. Psic. Fore

Quando olhamos no gráfico acima, para além da Psicologia Militar,


encontramos muitas outras Ciências que brotaram da Psicologia de trabalho ou
das organizações a diferença entre estas Ciências está nas áreas de atuação
do seu profissional. Tendo em conta a interpretação do gráfico diríamos:

2.1. Legenda da origem esquemática da Psicologia Militar

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Onde se lê : queríamos dizer:


Psic. Escolar Psicologia Escolar ou de Educação
Psicopatolog. Psicopatologia
Psic.Soc. Psicologia Social
Psiquiatria Psiquiatria
Psicometria Psicometria
Psic. Militar Psicologia Militar
Psic.Forense. Psicologia Forense

2.2. Interpretando o esquema


O surgimento da Psicologia Militar como Ciência autónoma aconteceu com
base no desenvolvimento de outras Ciências psicológicas consideradas como
“Mães”.

Os Psicólogos que sintetizaram e contextualizaram os conhecimentos da


Psicologia aos Militares buscaram as suas bases na Psicologia Geral e na
Psicologia do Trabalho/ das Profissões, como podemos ver:

Assim, a Psicologia Geral surgiu como uma Ciência autônoma no século XVIII,
também vindo de outras Ciências, como a Filosofia e as Ciências Naturais.

Com o seu desenvolvimento, a Psicologia Geral gerou um novo ramo que é a


Psicologia de trabalho ou das Profissões. Esta ciência esta especializada no
estudo do funcionamento das Organizações, empresas, Instituições públicas e
privadas, explica e prevê a conduta das pessoas duma certa profissão, observa
os problemas de motivação, liderança e resolução de conflitos intra-
organizacionais.

Tendo em conta as áreas de acção de cada Profissional, definimos as Ciências


da seguinte forma:

A Psicologia Escolar ou de Educação é uma Ciência teórica e prática que se


responsabiliza no estudo dos problemas de ensino e de educação. Nesta

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encontra-se a organização dos Currículas de ensino de todos os níveis, desde


o ensino pré - primário (Creches, Escolinhas), Primário do1° Grau (da1ª a 5 ª
classe), 2° Grau ( da 6 ª 7 ª classe), Básico, Médio e Superior com todos os
graus etc.
O especialista nesta Ciência se preocupa com os métodos de ensino, a
dosificação dos conteúdos, estratégias de resolução de conflitos entre
Professor - aluno e vice-versa, os problemas de altos ou baixos rendimentos
escolar, incluindo a questão do maior recurso a fraude (cabula) nas nossas
Escolas e Universidades.

Psicopatologia- é a Ciências das mentes e comportamentos mórbidos


(patológicos). O especialista nesta Ciência se responsabiliza na classificação
das patologias e perturbações mentais, as causas, as diferenças, as
manifestações e formas de diagnóstico.
Serve de elo de ligação entre os Psicólogos e os Psiquiatras.

Psiquiatria – é a Ciência que se responsabiliza no estudo das várias formas de


tratamento das patologias e perturbações mentais. O especialista nesta Ciência
se responsabiliza no diagnóstico e tratamento das patologias mentais, com
base na quimioterapia. É este especialista que determina o internamento em
manicómios, dos “doentes mentais” por exemplo o Hospital Psiquiátrico de
Infulene no Maputo e da Faina em Nampula.

Psicologia Social é a Ciência que estuda o comportamento dos grupos,


diferentemente da Psicologia Geral que estuda o comportamento de um só
indivíduo. O especialista nesta área do saber, é responsável pelo estudo do
comportamento do indivíduo dentro da sociedade, a influência deste na
mudança do comportamento dos grupos e vice versa. Também se
responsabiliza no estudo dos conflitos ideológicos dentro das organizações e
as razões dos crimes nas sociedades actuais.

Psicométria - é a Ciência que vela pela medição das capacidade cognitivas e


psico-motoras. O profissional nesta área do saber preocupa se com a
organização e aplicação dos testes psicotécnicos.

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É com o trabalho deste especialista que podemos saber quem está


psicologicamente preparado para desempenhar uma certa tarefa, que
especialidade ou curso deve seguir em conformidade com as suas
características físicas e psicológicas. Com base nos conhecimentos desta
Ciência, podemos ‘’ colocar Homem certo em lugar de trabalho ou
especialidade certa’’.
Psicologia Forense ou Psicologia Policial - é Ciência que explica a razão
psicológica de cometimento de um certo crime. Este ramo do saber humano
procura estudar e esclarecer o impacto psicológico, as motivações que
levaram alguém a cometer um certo crime.

O especialista nesta área deve se especializar em a Psicologia e o Direito


Penal como colaborador direito da Policia Criminal.

É com base nos conhecimentos da Psicologia Forense que temos ouvido a


dizer “um individuo embriagado por qualquer tipo de psicotrópico não pode ser
julgado”, até que volte ao estado normal de consciência (lúcido), para
responder as perguntas de forma consciente.

2.3. Conceito da Psicologia Militar


Para General de Infantaria das Forças Armadas dos EUA (USA ARM FORCE)
Barton (1948:8) A Psicologia Militar “é uma Ciência teórica e prática que estuda
o comportamento do homem (Militar) em circunstâncias bélicas, os métodos
para a promoção da guerra e os problemas psicológicos adventes da guerra e
do maneio da técnica militar”.

Etimologicamente a frase Psicologia Militar subdivide-se e traduz-se em:


Psic.- alma, mente, trabalho psíquico ou do cérebro (cognição);
Logia – estudo, pesquisa, Ciência.
Militar- Homem de profissão militar.

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É legítimo afirmar se que a Psicologia Militar é a Ciência que veio para


pesquisar a mente do Militar, tendo como base a união das palavras que
formam a etimologia da frase Psicologia Militar.

As primeiras pesquisas da Psicologia Militar foram feitas nas Forças Armadas


Alemães e Russas (URSS), paises onde as pesquisas na indústria bélica e na
Psicologia já estavam avançadas, o desenvolvimento, aplicação prática bem
como a publicação ocorreu nas Forças Armadas dos Estados Unidos da
América (USA), isto ocorreu nos meados da II guerra mundial, devido ao
fascismo que se vivia na Alemanha e na Rússia, bem como ao
desenvolvimento tecnológico e de pesquisa que as Forças Armadas Norte
Americanas apresentavam, a partir de Cientista que fugiam dos Paises
considerados Fascistas da época.

2.4. Objecto de estudo da Psicologia Militar


Qualquer Ciência conserva o seu objecto de estudo e a Psicologia Militar como
uma Ciência, não é excepção. Assim, o objecto de estudo desta ciência é a
situação psicológica do Militar nas várias vertentes de vida e de acção militar,
desde na selecção, treinamento, aquartelamento, no teatro das operações e
tratamento psicoterapico em casos de stress e frustrações patológicas.

2.5. Métodos de estudo da Psicologia Militar


As Psicologia Militar para aprimorar-se dos novos conhecimentos, os seus
pesquisadores usam os seguintes métodos de pesquisa:
-Observação;
-Extrospecção;
-Introspecção;
-Experimentação;
-História do caso;
-Testes psicometricos ou psicotécnicos .
-A entrevista, questionário e inquérito.

3. Antecedentes ao surgimento da Psicologia Militar

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Com o surgimento da Psicologia Geral e das Neuro-Ciências tais como a


Fisiologia, Anatomia, Neuroanatomia, a Neuro-fisiologia e a Neuropsicológia
nos meados do século XIX e no início do século XX, com a eclosão de
situações de guerra, particularmente após a l e II guerras mundiais, a guerra
do Vietnam, guerra entre as duas Coréias, guerra Israel-Arabe, a guerra do
Golfo Pérsico, da ex-Juguslávia, a mais recente guerra do Iraque bem como
com o desenvolvimento da tecnologia militar, os peritos Militares dos países
envolvidos naquelas guerras, sempre se preocuparam com o estudo da parte
psicologica do Militar, o fazedor pensante da guerra, para além da corrida ao
armamento.

No entender destes pensadores, o cérebro humano possui a capacidade de


comando de todas as estruturas, desde a psíquica, fisiológica e glandular. Com
base no stress provocado pelo treinamento, aquartelamento e operações
militares estas estruturas sofriam ao ponto de provocar mudanças no
comportamento do Militar.

Estas mudanças de comportamento do "fazedor pensante da guerra" (Militar),


influencia/influenciou na direcção das tropas e no cumprimento das missões
combativas, criando deste modo, o sucesso ou insucesso nestas missões.

Daí que é importante tomar em conta a parte psicológica do Militar para que,
em casos de pressão psicológica (stress) durante o combate, mesmo havendo
o desequilíbrio psíquico, fisiológico e glandular, não mude drasticamente o
comportamento ao ponto de impedir o cumprimento das missões.

Para VAITKUS General de Infantaria das Forças Armadas Alemães (1934:12)


"A guerra não é só ganha devido ao avançado tecnológico do armamento e dos
meios de combate, os efeitos psicológicos contribuem positiva ou
negativamente para o sucesso nas operações de combate".

Com base na valorização dos efeitos psicológicos do Militar durante o


desempenho das suas funções, foram idealizadas e produzidas
técnicas/indústrias para o fabrico de armamento com efeitos psicológicos,

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como é o caso da vulgar propaganda, armas químicas e bacteriológicas, aviões


com manobras e sons típicos para deixar o Militar em instabilidade psicológica.

Por outro lado, estes Psicólogos observaram frequentemente nas suas


pesquisas que, a maior parte de homens e mulheres que participaram em
várias frentes de combate, em torturas, em terror frequente apresentavam os
seguintes distúrbios psicológicos:

• Excesso de consumo de álcool e ou de outras drogas;


• Problemas de sono (insónia) e se tiver há sonhos (sonambulismos);
• Depressão;
• Ansiedade;
• Autismo;
• Dificuldade em esquecer cenas da guerra (obsessão);
• Dificuldades de concentração;
• Nervosismo e embotamento de emoções;
• Retirada do meio social e fraca resistência á acontecimentos frustrantes,
• Recurso á agressividade psicologica ou física;
• Idéias de suicídio;
• Falta de esperança (pessimismo);
• Stress familiar causado por conflitos conjugais;
• Extrema dependência da família - ciúme doentio;
• Queixas de dores de cabeça e outras partes físicas.

Assim foi introduzida a Psicologia Militar, como Ciência que para além de
estudar o comportamento do Militar durante o aquartelamento, treinamento,
preparação e durante as acções combativas, procura estratégias para
minimizar os efeitos do stress e traumas provocados pelos combates para que
não chegue á fase patológica, se chegar, através da psicoterapia providenciar
a cura ou minimizar os efeitos.

Por outro lado, devido as perturbações acima referenciadas, se alguns Militares


apresentaram tendências patológicas, a Psicologia Militar

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providencia/providenciou cura ou minimizou os efeitos, através da aplicação da


psicoterapia.

3.1. Relação da Psicologia Militar com outras Ciências Militares


A Psicologia Militar tem relação com outras Ciências em particular com as
Ciências Sociais e humanas.
Por sermos Militares, estamos preocupados em disseminar a relação da
Psicologia Militar com outras Ciências do Ramo militar, como se pode observar:

Tem relação com a Sociologia Militar, já que esta estuda as relações Sociais
desenvolvidas pelo Militar dentro e fora do perímetro das instalações militares,
incluindo o espaço familiar e conjugal.

A Psicologia Militar tem relação ainda com a Pedagogia militar, Recursos


Humanos (Militar) e com as Ciências pedagógicas tais como Pedagogia,
Psicologia de Trabalho ou das Organizações, Psicologia de aprendizagem,
Psicologia Social, bem como com a Didáctica, na medida em que as Ciências
militares são transmitidas ás novas gerações através de métodos de ensino
cientificamente aceites.

Para uma formação integral, o Oficial precisa dos conhecimentos das Ciências
acima referenciadas para tornar-se “multifacetado”, isto é, este Oficial pode
com sucesso e de forma eficiente, comandar tropas no teatro das operações,
em missões de Apoio á Paz e Humanitárias, ainda com êxito pode dirigir
serviços administrativos e desempenhar funções de docência em qualquer
Instituição de ensino superior ou não, incluindo a Academia Militar.

4. A Psicologia Militar como Ciência que estuda o


comportamento dos Militares.
O estudo da variação do comportamento do Militar em várias vertentes e
acções é extremamente importância porque este Militar em qualquer situação

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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do desempenho das suas funções entra em situações descritas como as mais


perigosas, pondo em disposição a saúde e a vida deste, basta recordar o
parágrafo do juramento da bandeira, no qual diz:

‘’juro pela minha honra consagrar todas as minhas energias e a minha vida á
defesa da Pátria, da Constituição da Republica e da Soberania Nacional… “.
(Cossa.2010; 172-173).

Como se vem nesta citação de juramento da Bandeira, o Militar, em prol da


defesa da sua Pátria, da Constituição da República, da obediência fiel ao
Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e
Segurança, pode sacrificar todas as suas energias e se possível a sua própria
vida.

Para General de Infantaria das Forças Armadas Portuguesas ARANHA, (1997;


224) “Os Militares são um grupo de profissionais de maior risco do que outras
profissões, devido ao stress provocado no desempenho das suas funções
particularmente durante a instrução militar e, em especial no Teatro de
operações“.

Mais uma vez, esta citação reforça o pensamento de que a profissão militar é
considerada como a mais perigosa, na medida em que o Militar durante o
cumprimento das missões se depara com situações que põe em causa a sua
vida ou a integridade psicológica.

5. Causas do surgimento da Psicologia Militar


Não havendo uma Ciência das já existentes, que pode-se estudar os
problemas psicológicos, stresse/traumas provocado pelo exercício da profissão
militar, formas de prevenir e tratar patologias mentais que surgiam no
desempenho da profissão, descriminar as principais patologias ocasionadas
pelas guerras e maneio do armamento, é deste modo que surgiu a Psicologia
Militar, como uma Ciência específica para os Militares, ou seja, a Ciência que

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veio para estudar a variação do comportamento do Homem de profissão militar


no exercício das suas funções.

A base para surgimento da Psicologia Militar foi buscada na Psicologia Geral e


na Psicologia de Trabalho ou das profissões.

A Psicologia Militar surge para dar cobro aos vários problemas psicológicos
resultantes do trabalho stressante desenvolvido por estes profissionais
(Militares) durante o cotidiano nos quartéis ou no teatro das operações.

6. Elementos que fundamentaram o surgimento da Psicologia


Militar
As guerras entre nações, etnias ou grupos armados sempre aconteceram,
desde a existência da humanidade. Para a realização dos combates sempre o
homem se preocupou pelo estudo e melhoramento do armamento, do terreno e
do clima provável da realização dos combates.

Como resultado disso, temos vários tipos de material bélico para combate em
todo o tipo de terreno, clima incluindo aviões, navios, submarinos e outros
meios bélicos blindados.

Nos meados da I Guerra Mundial, isto é, em 1939 os Comandantes de vários


escalões de comando, se aperceberam da necessidade de se ter em conta a
motivação do Militar para melhor utilizar o armamento que já era considerado
moderno, bem como entender as capacidades psicológicas do inimigo para
ganhar as batalhas subsequentes.

Foi nesta vontade de motivar o Militar para os combates e potenciar a


capacidade psicológica que surgiu a necessidade de pesquisar a parte de
incidência directa da motivação do Militar que é o Sistema Nervoso Central e a
cognição deste, como pode-se ver.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


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Para Júnior, Tenente-Coronel da Artilharia, Comandante da Academia Militar


das Agulhas Negras – Brasil (1966;28), na introdução da Cadeira de Psicologia
Militar dizia: “…o armamento e o terreno nós já estudamos exaustivamente.
Mas, e o homem? Esse elemento fundamental da guerra que vence o combate
pela sua disposição, pelo seu entusiasmo, pela sua crença na causa que
defende, enfim, pelo seu equilíbrio psíquico. Este homem nós não estudamos”.

É nesta vontade de conhecer a parte psíquica deste homem de profissão


militar que vence as batalhas, quando estiver em equilíbrio psicológico, e que
precisa de estudar os pontos fortes e fracos do inimigo, desde ao nível
psicológico, físico e de organização que surgiu a Psicologia Militar.

Como se vem na citação anterior na qual mostra que desde os primórdios das
guerras sempre os meios materiais de combate e o terreno foram estudados,
falta estudar o Homem, o ser pensante, sendo este o recurso mais rentável de
uma organização militar ou civil.

As características do terreno provável de ocorrência de acções combativas


estão sendo estudadas pelas seguintes Ciências: Topografia militar, Geografia
militar, Cartografia, Hidrografia, Meteorologia em todos os teatros das
operações militares, com maior incidência nas seguintes vertentes de combate:

Espaço terrestre, explorado pelas tropas do Exército e os seus meios


(forças terrestres - a Infantaria como mãe);
Espaço Marítimo, (oceanos) até a sua profundidade, explorados pelas
tropas da Marinha de Guerra e Fuzileiros com todos os seus meios,
incluindo os submarinos;
Espaço fluvial (rios, lagos, lagoas), explorado pelas tropas da Marinha
de Guerra e Fuzileiros com todos os seus meios.
Espaço aéreo, explorado pelas tropas da Força Aérea, da Defesa Anti-
Aérea, Artilharia Anti- Aérea, Comunicações e CMRT, com os seus
meios e técnicas.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


28

Estamos no século XXI fase de pesquisa e desenvolvimento do capital humano


como forma de garantir a produtividade nas organizações ou empresas.

De acordo com o Artigo n°1.1 do Regulamento da Academia Militar, aprovado


pelo Diploma Ministerial n°65/2005 de 02 de Março, “A academia Militar é um
estabelecimento de ensino Militar que desenvolve actividades de ensino,
investigação e de apoio á Comunidade com finalidade essencial de formar
Oficiais com nível Superior destinados aos quadros permanentes das Forças
Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)”.

Ao nível de pais, Academia Militar é a única Instituição de Ensino Superior


militar vocacionada a formação de futuros lideres das subunidades e Unidades
militares, e esta, não pode ficar alheia a preocupação de todos os Exércitos do
mundo, que é de estudar o psíquico do Militar, parte onde incide de forma
directa a motivação/desmotivação para qualquer acção e seu respectivo
rendimento no trabalho, atendendo que o Oficial formado nesta Instituição
sempre trabalhará com Homens de vários comportamentos, dai que precisa de
conhecer as faculdades psicológicas deste homem como um ser individual e
grupal.

É preciso que cada formando do curso de Oficiais desde já tome em conta o


tipo de liderança que precisará usar na direcção das tropas, já que existem 4
tipos de lideranças que são:

1. Liderança autoritária -em que o líder é individualista, linear nas suas


decisões, poucas vezes busca opiniões, é impositor, dá menos valor o trabalho
em equipe. Neste tipo de liderança o subordinado tem pouco espaço de
opinião, menos elogia o trabalho do subordinado. Por outro lado, é uma
liderança propicia em situações de emergência, de crise ou mesmo para
desencadear uma reviravolta em terrenos perdidos, bem como para
subordinados difíceis. Atinge objectivos difíceis e as vezes cria um clima
desfavorável no trabalho.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


29

2. Liderança Democrática, Participativa ou consultiva – na qual o seu líder


é envolvido, participativo, consultivo, privilegia trabalhos em equipe, tendo em
conta a cadeia de comando, toma as suas decisões partindo do consenso,
aceita conceitos dos superiores ou dos membros de direcção da Subunidade
ou Unidade militar Cria um clima favorável de trabalho;

3- Liderança Liberal ou Laissez faire (em Francês), traduzindo em Português


fica:
Laissez faire- “deixai fazer”
Laissez aller-“ deixai ir”
Laissez paisser “deixai passar”.
O seu líder é excessivamnte liberal, muitas vezes olha o subordinado como as
seguintes visão:" ele é adulto, experiente, consciente e sabe o que está a
fazer".
Toma decisões quando a situação que a isso obriga chegar a fase critica;
Dá muita liberdade ao subordinado muitas vezes com tudo atrasado.

4- Liderança Paternalista ou parental – O paternalismo ou o parentalismo é


uma atrofia da liderança, onde o Líder e a sua equipe têm relações inter-
pessoais, similares a família, amigo, conterrâneo, ou outro tipo de relação ,
diferente da competência profissional.
Neste tipo de liderança, o Líder sempre que lhe for dado espaço para estruturar
a sua Subunidade ou Unidade militar se preocupa com pessoa, nas têm a
relação parental. Muito frequente em Africa.

Todas estas informações poderão chegar aos estudantes da Academia Militar


através da introdução nos diversos cursos regulares a cadeira de Psicologia
Militar, na perspectiva de dar mais campo de pesquisa aos Oficiais e
estudantes, olhando com maior enfoque a parte psicológica do próprio Militar
como um campo pesquisa da razão de um certo tipo de comportamento, para
além do armamento e do terreno que está sendo muito estudado pelas
Ciências militares em várias especialidades.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


30

É importante salientar que não existe um tipo de liderança ideal e perfeito para
todas as situações de comando, cabe ao comandante da Unidade ou
Subunidade escolher o tipo que adeqúe a situação do terreno e aos objectivos
individuais e institucionais.

Somos nós Militares que devemos conhecer e desenvolver as Ciências


tipicamente militares, como é a Psicologia Militar, Táctica das varias
especialidades militares, Parte material dos vários meios de combate, Tiro de
vários calibres, Serviços combativos e outras cadeiras/disciplinas militares para
que não se “atrofie” e cair na estagnação.

É preciso que o próprio Militar pesquise e desenvolva estas Ciências a partir


dos conhecimentos já existentes, esperamos que cada oficial sinta a vontade
de deixar um “pedaço” do seu saber, das suas experiências militares e outras
adquiridas nas Universidades civis, antes de passar a situação de reserva ou
de reforma, como é sabido, o Exército moçambicano espera por nós.

As FADM encarregaram a Academia Militar a missão de formar Oficiais


pesquisadores, que vão manter e desenvolver cada vez mais o legado das
Ciências militares, bem como o pensamento, experiências e projectos da
geração “25 de Setembro”.

A Psicologia Militar nos fornece conhecimentos acerca dos temperamentos das


pessoas, com base nestes conhecimentos é que saberemos estar, ser e fazer
perante os nossos subordinados ou superiores hierárquicos.

6.1. Temperamentos Humanos


O Militar é um Homem com estrutura física, anatómica, psicológica e endócrina
igual a qualquer outro homem, o que lhe diferencia é a profissão.

O Homem de profissão militar precisa de conhecer o seu temperamento e dos


outros, atendendo que este não vive isolado, ele vive e trabalhar em pequenos
e grandes grupos, designados por Secção, Pelotão, Companhia, Batalhão e

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


31

Unidades militares acima destas. Para que se viva em harmonia é preciso que
para além dos regulamentos que orientam a vida no colectivo militar, se
conheça os tipos de temperamentos e as suas características para se saber
lidar-se com indivíduos de todo tipo de comportamento.

Para GALVÃO e ABUCHAIM (2008: 38) O temperamento “é o conjunto básico


de nosso ser, é a combinação de diferentes características, que nos são
transmitidas geneticamente, as quais inconscientemente controlam nosso
procedimento”.

O temperamento influência em tudo quanto a pessoa faz, desde os hábitos de


sono, capacidade de resistência á doenças mentais ou físicas, o metabolismo,
método de estudo, o estilo de alimentação, a maneira como reagimos as
investidas do meio ambiente, até a maneira como nos relacionamos com as
outras pessoas, de forma geral a nossa personalidade.

Humanamente falando, não existe outra influência em nossa vida que seja
mais poderosa que o temperamento de cada um. Eis por que é tão essencial
conhecer seu temperamento e ser capaz de analisar os temperamentos de
seus colegas, não a fim de condená-los ou julgá-los, mas para que você possa
maximizar seus potenciais/capacidades e saber minimizar as suas fraquezas,
bem como fazer com que os outros façam o mesmo.

Para Hipócrates (1600) apud GALVÃO e ABUCHAIM (2008:44), existem 4


(quatro) tipos de temperamentos, que são:

1 - SANGUÍNEOS,
2 - MELANCÓLICOS,
3 -COLÉRICOS E
4 - FLEUMÁTICOS;

Cada temperamento se manifesta numa só pessoa, isto é, em cada Homem


um tipo de temperamento.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


32

Vamos descrever as características de cada pessoa em conformidade como o


seu próprio temperamento, salientar que, cada temperamento tem os seus
pontos fortes e seus pontos fracos, como podemos ver:

6. 1. 1 – SANGUÍNEO
Uma pessoa com o temperamento Sanguíneo apresenta as seguintes
características:
É amistosa; calorosa, animada;
De fácil convivência, receptiva por natureza;
As impressões externas mostram facilidades de relacionamentos;
Adapta-se a qualquer meio social;
Maior sentimento (empatia) com os outros;
O seu humor exuberante convida á conversas;
É uma pessoa comunicativa, entusiasta, afável, simpática,
compreensiva, bom companheiro/a;
Tem a habilidade de responder a outras pessoas, é instantânea;
Tem habilidades para inventar histórias, tem espontaneidade em
cumprimentar.

Mas as pessoas sanguíneas, como qualquer outro tipo de temperamento,


possuem pontos fracos, que são:
As pessoas sanguíneas são notoriamente desorganizadas;
Raramente planejam as coisas com antecedência;
Poucas vezes tiram proveito dos erros passados;
São extremamente egoístas e teimosas;
Odeiam algo que exija deles perfeccionismo;
São pessoas fáceis de serem manipuladas;
Devido a sua consciência fraca, são em geral mentirosas, enganadoras,
medrosos e inseguros;
São tão faladores, que por vezes se tornam chatas.
São introvertidas.

6.1. 2. MELANCÓLICO

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


33

As pessoas com o temperamento de tipo melancólico têm os seguintes pontos


fortes:
São dotadas de uma natureza emocional muito sensível;
Facilmente obtém maior conhecimento em artes, musica e actividades
lúdicas;
É uma pessoa seria, amistosa e fiel, mas não faz amigos/as com
facilidade;
Raramente procura conhecer novas pessoas, sua excepcional
habilidade analítica leva-o a diagnosticar com exactidão os obstáculos e
perigos de qualquer projecto do qual esteja participando;
Uma pessoa melancólica tem fortes tendências perfeccionistas, e esta
qualidade quando somada a sua habilidade analítica o torna um grande
“caça-detalhes”;
Quando se ocupa em alguma tarefa, trabalha acompanhando o relógio
para satisfazer prazos e padrões, pois, em geral os melancólicos são
habilidosos, minuciosos, sensíveis, idealistas, leais e dedicados.

Pontos fracos das pessoas melancólicas


Os Comandantes com temperamento melancólico, muitas vezes quando
o subordinado apresenta um relatório ou trabalho tendem a ser
pessimistas, confiam menos nas capacidades dos colegas, impõe em
tudo;
São egoístas, orgulhosos confusos, anti-sociais, inflexíveis, se julgam
auto-suficientes demais, por isso raramente admitem seus erros;
Rápidas mudanças de humor. Em algumas ocasiões eles são tão
brincalhões, conversadores mas em outras ocasiões possuem fortes
atitudes negativas;
Devido a estas constantes mudanças de humor e de suas atitudes
negativas, são pessoas extremamente solitárias no mundo social.
É introvertido

6.1. 3. COLÉRICO
Pontos fortes das pessoas coléricas
Um indivíduo colérico tem atitudes rápidas e práticas;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


34

Dotado de um forte raciocínio rápido e contextualizado;


Pessoa independente e com opiniões fortes;
Não se deixa assustar pelas adversidades, pois, sua determinação
permite-lhe obter sucesso onde outros falharam;
Gosta das actividades psico-motoras;
Tem uma mente voltada a organização e a desafios, são na maioria
das vezes enérgicos, resolutos, práticos, eficientes, decididos e
audaciosos.

Pontos fracos das pessoas coléricas


Ele não se simpatiza facilmente com os outros, quase sempre entra
em brigas.
O colérico dedica-se quase exclusivamente aos aspectos práticos da
vida, para ele tudo é considerado a luz da praticidade.
Os coléricos são pessoas extremamente hostis.
Os indivíduos coléricos podem causar dor e sofrimento a outros,
pois, são pessoas de atitudes explosivas.
são os menos afectuosos de todos os temperamentos. Sua rigidez
emocional poucas vezes permite-lhe lágrimas, geralmente eles
param de chorar com doze anos;
Não compreendem quando outras pessoas são levadas as lágrimas.

6. 1. 4. FLEUMÁTICO:
O último temperamento descrito por Hipócrates em 1600, nos primórdios da
Psicologia é o fleumático, que apresenta os seguintes pontos fortes:
• O fleumático é o indivíduo calmo, sem tensões, que quase nunca se
perturba a si nem as outras pessoas;
• É o tipo de pessoa com quem é mais fácil caminhar junto, e, por
natureza, é o mais fácil de todos os temperamentos para relacionar-se.
• O fleumático possui uma grande combinação de habilidades que o
capacitam para aprendizagem de muitas áreas do saber e do saber
fazer;
• São em sua maioria: cumpridores de deveres, eficientes,
conservadores, práticos, diplomatas, estudiosos e bem humorados;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


35

• Habitualmente evita a violência.


• O fleumático tende a ser um espectador da vida, e tenta não envolver-
se muito nas actividades alheias.
• Eles são pensadores e planeadores, seu trabalho sempre traz a marca
da arrumação e da eficiência;
• O fleumático possui uma grande capacidade de fazer as pessoas
trabalharem juntas.

Pontos fracos das pessoas fleumáticas


• A mais óbvia das fraquezas do fleumático é a sua aparente falta de
impulso;
• Poucas vezes instigam uma actividade, mas pensam ou apresentam
desculpas para evitar envolver-se nas actividades de outras pessoas;
• Nenhum temperamento é mais teimoso do que o fleumático, quase
nunca se confrontam com outra pessoa;
• O temor impede que os fleumáticos tomem decisões que exijam um
maior grau de responsabilidade, pois, são em sua maioria temerosos,
indecisos, contemplativos demais, desconfiados e desmotivados;
• São muitas vezes introvertidos.

Salientar que estes tipos de temperamentos são os que evidenciam a diferença


entre as pessoas. Não há uma pessoa com dois tipos de temperamento, nem
com um tipo e meio de temperamentos. Partindo deste conhecimento, sabe-se
que cada pessoa tem a sua própria personalidade que lhe faz de diferente com
o outro, mesmo os gémeos uniovulares, quando crescerem sempre mostrarão
personalidades diferentes.

Devido à diferença dos temperamentos, as pessoas têm reacções ou


comportamentos diferentes diante da mesma situação ou estímulo.

Os elementos abaixo justificaram o surgimento, desenvolvimento e aplicação


da Psicologia Militar nas várias Forças Armadas do Mundo.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


36

Estudar as potencialidades psicológicas do nosso Militar e do inimigo;


Estress ambiental nos locais de trabalho, aquartelamento e teatro das
operações;
Motivação extrínseca do Militar para o cumprimento das missões;
Avaliação psicológica e de habilidades dos Militares para á escolha de
especialidade militar;
Avaliação de estabilidade emocional e desempenho psicológico
individual e coletivo;
Estudo e controlo da das emoções, sentimentos ansiedade no seio dos
Militares em aquartelamento ou no teatro das operações;
Pesquisas e desenvolvimento da psicometria, (diversos Testes
psicológicos);
Pesquisa vocacional para selecionar e indicar recrutas/mancebos para
possíveis trabalhos ou especialidades dentro das Forças Armadas;
Capacidade de distinguir o comportamento normal e do anormal do
Militar dentro da Subunidade ou Unidade militar;
Assistência psicoterápica aos Militares com traumas pós-combates;
Elaboração e aplicação de testes psicométricos para triagem/selecção
de candidatos aos cursos de formação de Oficiais;
Socialização dos recrutas na vida militar e preparação para a 1ª
operação militar;
Estudo das razões de conflitos intra- pessoal, inter-pessoais dos
Militares e suas formas de solução dentro das Unidade militares;.
Descrever os factores psicológicos do nosso Militar e do inimigo como
causas do sucesso ou fracasso no cumprimento das missões militares;
Preparação psicológica para o cumprimento das missões de Paz e
humanitárias.

Para a resolução ou minimização das situações acima mencionadas, foi


introduzido o papel do Psicólogo no Exército para auxiliar o trabalho dos
Comandantes na preparação psicológica do Militar no quartel, acampamentos
de campanha ou definitivos, no treinamento, no teatro das operações até no
tratamento do stress psicológico pós combates desde o início da II Guerra

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


37

Mundial (1940), função que está sendo promovida cada vez mais e com novos
desafios em pesquisas.

7. Factores psicológicos, fisiológicos e glandulares que actuam


no Militar em combate

A Psicologia Militar possibilita o estudo do impacto dos factores psicológicos,


fisiológicos e glandulares que actuam no desempenho dos Militares durante as
operações militares.

Estes factores começam actuar no organismo do Militar desde as fases


seguintes:

Recepção da missão;
Preparação psicológica do homem (como meio de combate);
Preparação dos meios materiais de combate (armamento, munições,
mantimentos e outros materiais de a seguramento);
Marcha em direcção á zona provável de combate e
Com maior intensidade durante o combate.

7.1. Factores psicológicos


O Militar seja dirigente ou subordinado, quando recebe a missão combativa ou
mesmo durante as acções combativas, a sua parte psicológica reagem,
fazendo que se manifeste nele:
O medo - fobia;
A falta de atenção:
Falta de concentração-pânico;
Stress psicológico;
Desespero;
Inconsciência.

7.2. Factores fisiológicos


A reação da parte psicológica induz a parte fisiológica, que, através da inibição
ou libertação de alguns hormônios produzidos pelas glândulas da parte

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


38

fisiológica, que são lançados para o sangue, onde produz efeitos variados no
organismo do Militar em combate ou preste a combater.

Com base nesta libertação ou inibição da produção destas hormonas pelas


glândulas, causada pelo intenso stress (medo), faz com o corpo do Militar na
eminência de combate ou mesmo em combate sofra os seguintes efeitos
físicos:
Tremor ou abalos musculares em particular nos braços e nas mãos;
Palpitação ou Taquicardia pulmonar (aumento do batimento cardíaco);
Aumento da freqüência respiratória e dilatação dos brônquios
Sensação de asfixia;
Dores de cabeça;
Vertigens e tonturas
Falta de ar;
Calafrios;
Falta de força;
Stress fisiológico;
Ritimização estomacal;
Enurese e falta de controlo asfinterico;

7.3. Factores endócrinos ou glandulares


Como se vinha dizendo, o corpo humano em condições normas no seu
trabalho de manutenção de vida produz vários tipos de hormonas e são
lançadas em todo o corpo através do Sistema Nervoso, onde os neurónios e
dendritos são os condutores principais e através do Sistema circulatório, onde
o sangue é o maior condutor.

Para GALVAO e ABUCHAIM (2008; 58), ”as glândulas do sistema endócrino


secretam hormônios que difundem ou são transportados pela corrente
circulatória a outras células do organismo, regulando as suas necessidades”.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


39

Com intenso medo/ ou stress causado pela eminência de combate ou mesmo


pela acção combativa, as glândulas imediatamente produz ou inibe a produção
de certo tipo de hormonas, prontificando o corpo para a fuga ou resistência.

As principais glândulas do corpo humano são:


Hipófise, hipotálamo glândula pituitária, tireóide, paratireóide, supra-renal,
pâncreas (ilhotas de Langherans), as glândulas sexuais e mamarias.

Por exemplo, o hipotálamo como uma glândula do sistema endócrino, produz


uma hormona denominada “adrenalina” que controla:
=A temperatura corporal;
= Regula o apetite;
= Regulam o balanço de água no corpo;
=Regula o sono, as emoção e o comportamento sexual;

O outro exemplo de glândula do corpo humano que segrega ou inibe a


produção de hormonas em casos de medo intenso (eminência de um combate
ou mesmo durante o combate) é a hipófise. Esta glândula do sistema
endócrino, com base na hormona por ela segregada, controla:
=A temperatura corporal;
= As emoções;
= Fome e a sede;
=Ritmos biológicos (cardíacos e de pulsação do sangue).
= A acção rápida da parte psico-motora e
=A atenção distribuída.

Esta duas glândulas e as outras indicadas a cima, dentro das operações


militares para dar capacidade de resistência ou de fuga ao Militar, segregam ou
inibem a produção de hormonas, provocando os seguintes desequilíbrios:
Secura na boca (falta de saliva quando há aparenta a sensação de
quente);
Sudorese (excesso ou faltar de suor);
Indigestão – (sensação de falta de fome);

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


40

Secura na boca e nas mãos;


Mãos frias e ou húmidas;
Ondas de calor ou calafrios;
Falta do controlo asfinterico (diarréia sem se aperceber) e surgimento da
enurese (fazer urinas de se aperceber).

Com o medo intenso do combate, em particular de morrer, de ser capturado, de


ser mutilado por minas e intoxicado por gazes bacteriológicas ou de outro tipo
de armas químicas, o organismo do Militar em combate ou na eminência da
sua ocorrência, apresenta os desequilíbrios considerados de Factores
psicológicos, fisiológicos e glandulares que actuam no Militar em combate,
como descrevemos a cima.

Todos estes factores provocam incapacidade de segurança e de combate no


Militar, cabendo ao comandante da força minimizar os efeitos destes em cada
um dos seus subordinados.

É de salientar que durante as operações militares, há diferenças na forma de


actuação destes factores em relação ás especialidades, por exemplo: Os
comandantes das tropas de Infantaria na linha de fogo, sofrem mais acção
destes factores do que o comandante das tropas da Logística (Administração)
que está na retaguarda.

Do mesmo modo, os Pilotos Aviadores (PILAV) em pleno vôo, sofrem mais da


acção destes factores do que os comandantes das Comunicações ou dos
Meios Rádio Técnica (CMRT).

8- Situações que provocam desequilíbrios psicológicos no


Militar em combate
As situações abaixo, podem ser catalisadoras de um intenso stress e
desencadear determinados traumas em combate, por exemplo:
Ferimentos graves, alguns, levam até a fase de afasia;
Ameaças de morte ou morte confirmada de um colega ou colegas;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


41

Sede e fome;
Isolamento;
Frio;
Assassinatos;
Bombardeamentos;
Minas;
Acidentes;
Prisões;
Ser capturado;
Torturas;
Bombardeamento por Armas químicas ou bacteriológicas (Napalm).

Os factores acima impulsionam ao organismo a produzir mecanismos de


defesa para sua protecção, depois de se ultrapassar a acção do estimulo
stressante, o organismo volta ao equilíbrio. O oficial formado na Academia
Militar deve possuir estratégias para motivar a si próprio e a sua tropa partir
para o teatro das operações, enfrentar o inimigo a tiro ou mesmo “corpo a
corpo a través da conhecida estucada” com ou sem
descanso procurar restabelecer em cada Soldado energias psicologias e físicas
para continuar a perseguir o inimigo até as últimas consequências.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


42

Capitulo II

Os desafios da Psicologia
Militar em tempo de paz

Nesta segunda abordagem do tema, explicaremos


as vantagens do uso dos conhecimentos da
Psicologia Militar em tempo Paz. Mostraremos
ainda importância da aplicação destes
conhecimentos para a preparação psicológica do
Militar desde as fases de selecção, recrutamento,
treinamento e na manutenção constantes dos
valores éticos morais e da deontologia profissional
militar. Também apresentaremos algumas
desvantagens da não aplicação dos
conhecimentos da Psicologia Militar na direcção
das Subunidades e Unidades militares.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


43

9. A Psicologia Militar em tempo de paz


Durante a pesquisa constatou-se que os conhecimentos da Psicologia Militar
são úteis para a vida do Militar, independentemente do país estar em Paz ou
em Guerra, para garantir a prontidão psicológica das tropas, para além da
prontidão física que está sendo mantida constantemente através da pratica de
exercícios físico.

Para Comandante da Academia Militar do Exército –Portugal, Brigadeiro MAIA


(1997:227) "A Psicologia Militar é um instrumento que os Militares de todos os
níveis de direcção usam em tempo de Paz ou de guerra, para consolidar os
objectivos individuais e institucionais".

O dirigente de qualquer nível de direcção ou posto de chefia militar, precisa de


usar os conhecimentos desta Ciência, no que concerne á observância da parte
psicológica do homem (Militar - o recurso pensante e inteligente), como forma
de garantir a ordem, aprendizagem de qualidade, produtividade no posto de
trabalho, sanidade mental e fisiológica, bem como estará a colaborar com a
psiquiatria para rápido detectar-se indício de comportamentos patológicos num
dos seus subordinados.

Em tempo de Paz as FADM estão preocupadas com as pesquisas, como fonte


de obtenção de soluções de problemas que as Unidades militares apresentam,
em pleno século de globalização. Na Psicologia Militar encontramos espaços
para pesquisar a parte psicologica do próprio Militar e conhecer as
causas/motivações de um certo tipo de comportamento.

9.1 Contribuições da Psicologia Militar em tempo de Paz

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


44

As contribuições desta Ciência são muito valiosas e abrangentes na vida do


Militar, sendo um ser Bio-Psico-Socio-Cultural.

A visão humanista de liderança considera o Militar como um ser Bio-Psico-


Socio-Cultural e faz ver aos dirigentes de qualquer escalão militar que na
liderança das tropas tomem em conta que o seu subordinado é um ser Bio-
(biológico), Psico – (pensante, inteligente, criativo, inovador), Sócio -(um ser
social, tem ou pode constituir a sua familiar, pode se ingressar em associações
ou clubes), Cultural -(tem a sua própria origem e cultural com a qual se
identifica).
Deste modo, em tempo de Paz, os conhecimentos da Psicologia Militar são
aplicados para:
Controlo e auto- controlo do comportamento do docente (auto-controlo)
e do discente dentro e foram da sala de aulas;
Humanização do ambiente de aquartelamento e de ensino;
Controlo do cansaço psicológico e fisiológico, considerado como causa
da baixa produtividade mental e consequentemente do baixo rendimento
académico;
Contextualização dos Militares recém recrutados nas situações típicas
do ambiente militar.
Leitura do comportamento do Militar na fase pré aquartelamento e
depois dos treinos militares.
Estudo dos aspectos psicológicos da motivação e mudança de atitude
do Militar;
Estudo da personalidade sã ou doentia do Militar (colaborar com a
Psiquiatria);
Comandar homens em operações de apoio a Paz e humanitárias,
incrementando nos Militares os valores da coragem, a adaptabilidade, a
flexibilidade, a criatividade, a previsão, a resistência, a sensibilidade, a
combatividade, a decisão e zelo;
Pesquisa e controlo de sintomas de cansaços psico- somáticos nos
Militares em treinamento e nas situações de ensino;
Incutir nos Oficiais já formados e em formação que a formação
profissional não é um produto acabado, porque este está inserido num

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


45

mundo em constantes transformações, este profissional deve possuir


elevada preocupação com auto estima, o auto - aperfeiçoamento,
procurando sempre aprimorar-se na utilização dos recursos na aquisição
de conhecimentos que lhe possibilitem desenvolver competências de
acordo com a evolução das sociedades, das Ciências e da profissão
militar;
Medição da aprendizagem, cognição e inteligência, através dos testes
psicotécnicos;
Conhecimento dos elementos psicológicos da acção humana;
Entender o indivíduo como uma entidade bio-psico-socio cultural;
Estudo das causas psicológicas dos conflitos intra pessoal e grupal;
Caracterizar os aspectos psicológicos da produtividade e do
desempenho individual e grupal;
Identificar e estudar os princípios psicológicos de equidade;
Seleção e Orientação profissional dos candidatos á cursos de Oficiais
(cursos por seguir).
Resistir as manipulações psicológicas promovidas pelo mundo
globalizado, através das midias e de outros meios tecnológicos
(internet).

Em tempo de Paz, os Comandantes das nossas FADM, em particular dos


escalões das subunidades (secção, pelotão e companhia) precisam ser mais
“ensinadores” que “promotor” de ordens, porque ensinando as normas de
conduta e disciplina, de higiene e de protecção individual, estaremos a criar
condições psicológicas para o cumprimento consciente das ordens por parte do
nosso Soldado e consequentemente uma direção bem sucedida por nosso lado
de comando ou de liderança.

Partindo da interdisciplinaridade que a Psicologia Militar oferece a outras


Ciências do ramo de ensino, dentro dos conteúdos desta cadeira, podem ser
incorporados conteúdos de Pedagogia e Didática, temos que tomar em conta
que o futuro Oficial precisa de conhecer os métodos de ensino, a dosificação
de conteúdos, plano de aula, de unidade e organização dos planos de curso,
planos temáticos e confrontar com os conteúdos programáticos existentes

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


46

(através de leitura nas obras, brochuras da cadeira ou livros de Ciências da


mesma área do saber), até a definição dos objectivos da aula e de ensino.

Para LIBÂNEO (1998: 222) a Didática “é uma ciência cujo objectivo


fundamental é ocupar-se das estratégias de ensino, das questões práticas
relativas à metodologia e das estratégias de aprendizagem”.

Ainda para o mesmo autor (1998:248) a Pedagogia “é a Ciência prática e


teórica que estuda os diversos assuntos relacionados á condução do ensino e
aprendizagem”.

As duas Ciências são distintas, mas convergem no propósito de ensino e


aprendizagem. Enquanto a primeira (a Didática) se preocupa com os métodos
de ensino, os conteúdos, os vários tipos de planos e dosificações, a segunda
(Pedagogia) se preocupa com as formas de condução de ensino, em particular
da relação dos 3 (três ) elementos do processo de ensino e aprendizagem que
são: o Professor, conteúdos e o aluno (estudante). Também procura esclarecer
as razões das diferenças individuais na aprendizagem, bem como dos conflitos
entre professor - aluno e vice-versa.

Com estas Ciências teremos capacidades de organizar e dirigir um ensino


digno e sermos considerados Professores com formação/preparação psico-
pedagógica.

É aqui na formação onde os nossos futuros Oficiais devem ser preparados para
desempenhar funções de Professor/ Docente ou Instrutor, na própria Academia
Militar mesmo nas futuras unidades, potenciando-lhes com ferramentas
pedagógicas que lhes permitirão desempenhar cabalmente as funções de
docente ou Instrutor.

Do Departamento de Pessoal do Estado Maior General as Unidade militares


recebem anualmente o Programa de Educação Cívica patriótica e Moral das
tropas, este programa porta temas de varias discplinas/cadeiras que devem ser
ministradas as tropas de forma planificada e calendarizada. Para se fazer isto

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


47

com precisão é necessário que os futuros Oficiais tenham conhecimentos


mínimos de conteúdos de Pedagogia e Didática.

Ficamos com certeza absoluta de que as Unidades militares que tiverem


recebido pelumenos um Oficial formado na Academia Marechal Samora
Machel este será considerado como abalizado na área de ensino e formação e
será muitas vezes indicado para dirigir programas relacionados a organização
de instrução ou de programas de ensino. .

Daí que é desde já na formação que os nossos futuros Oficias devem exercitar
elaborar planos de aulas, e a praticar os vários tipo de dosificações, temos
certeza de que mesmo nos tirocínios, estes conhecimentos são necessários
porque alguns Aspirantes á Oficial durante o tirocínio recebem turmas como
forma de demonstrar o que aprenderam durante os anos do curso.

Para uma formação integral, os conteúdos de Psicologia Militar, Pedagogia e


Didáctica são imprescindíveis para melhor ensinar, atendendo que o corpo
docente da própria AM, da Escola de Sargentos das Forças Armadas “ General
de Exercito Alberto Joaquim Chipande” (ESFA), outros, no futuro próximo
poderão orientar as aulas de tirocínios nas Unidade militares indicados para
esta actividade.

Segundo Professor Doutor IVALA (2011 palestra dada aos Docentes da AM),
”durante as aulas, o professor vai precisar de entender a personalidade de
seus alunos, ajuda-los a ser criativos e desenvolver a capacidade ética,
afectiva e de relacionamento de cada um”

O conhecimento da personalidade, criatividade, ética e do relacionamento


individual ou grupal do aluno/estudante por parte dos futuros Oficiais, só é
possível recebendo conteúdos de Psicologia, Pedagogia e de Didática.

10 - Conseqüências da não aplicação da Psicologia Militar nas


Unidades militares

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


48

É erro afirmar categoricamente que para a direcção das Unidades militares não
são aplicados os conhecimentos da Psicologia Militar, sempre foram aplicados,
porque as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) têm, em
memória grandes Comandantes de sucesso como é o caso do saudoso
Marechal Samora Machel, patrono da única Instituição Militar de ensino
superior que é a nossa Academia Militar, localizada na Província de Nampula,
na qual foi elaborada esta pesquisa, que auxiliado por Comissários políticos,
como preparadores psicológicos e motivadores das tropas para o cumprimento
das missões combativas, que usando os conhecimentos da psicologia empírica
dirigiu e venceu a guerra de libertação Nacional contra uma potencia militar da
época-(Portugal).

Com as mudanças políticas econômicas e sociais que vem ocorrendo dentro


do país, concretamente a extinção das FPLM e das FAM, com a passagem
para das FADM, á Escola Militar, a única Instituição de formação de Oficiais
naquele tempo, deixou de formar Comissários, considerando que cabia ao
Comandante de cada unidade ou subunidade preparar psicologicamente e
motivar as suas Tropas para o cumprimento das missões.

O Comissário político era o terceiro Homem na direcção das unidades e


subunidades militares, formado para fazer a preparação psicológica e
ideológica das tropas no treinamento, aquartelamento, na preparação prévia
dos combatentes e por outro lado, na minimização dos efeitos
psicológicos/traumas pós-combates.

Entre tantas missões deste dirigente, tinha que fazer compreender a missão,
fortalecer a razão do cumprimento, potenciar a motivação, enaltecer os nossos
valores patrióticos, a moçambicanidade, fazer viver os valores que conduziram
ao sucesso dos nossos heróis, tais como o patriotismo, coragem, bravura,
determinação, sacrifício, honestidade, solidariedade, família, etc.

O Oficial formado na Academia Militar deve ser capaz de fazer ver a sua
Subunidade, em pleno tempo de Paz a necessidade de usar os conhecimentos
da Psicologia Militar como ”instrumento” de manutenção do saber, de

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


49

persuasão, orientação psicológica e de prevenção de frustrações, bem como


de mudança de atitude, impressão.

É importante que os conhecimentos da Psicologia Militar sejam conhecidos e


postos em pratica, com vista á compreensão dos novos valores trazidos pela
globalização e pelo pragmatismo que se exige atualmente a cada Militar, é o
caso do empreendedorismo, a paz, pesquisa, respeito pelo meio ambiente, o
ecossistema, produtividade, apoio a Comunidade.

É tarefa do “preparador psicológico” fazer ver o mal dos contra valores tais
como corrupção, Nepotismo, consumo de drogas particularmente do álcool em
pleno tempo laboral, desvio ou má aplicação de fundos do Estado, etc.

Através de palestras pode-se persuadir os contra valores, para que a sua


prática não aconteça com maior freqüência dentro das fileiras das Forças
Armadas de Defesa de Moçambique ( FADM).

O Comissário político em cada missão tinha que recordar a razão da nossa


existência como Forças Armadas, o garante da defesa da soberania e
integridade territorial, por via diplomática ou armada, bem como, ele mostrava e
fazia entender os desafios que eram colocados as FPLM em cada dia e noite,
em tempo de guerra ou de paz.

Também era da responsabilidade do Comissário Político fortificar a preparação


psico-fisico, atendendo que estas duas partes se complementam e
compensam-se, considerando-as como ‘’energia’’ para o sucesso ou fracasso
em combates, tirando ou diminuindo o efeito do medo que muitas vezes conduz
a ineficácia nos combates.

A simbiose automática de vida e de aprendizagem que existe entre o


processador de informação conhecido por cérebro que faz parte do Sistema
Nervoso Central (SNC) e a parte somática, composta por Sistemas ou órgãos

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


50

da parte fisiológica do corpo humano, que pertencem ao Sistema Nervoso


Periférico (SNP) sempre deve ser perfeita e ininterrupto.

No sentido contrário que é a falta desta harmonia, o organismo humano


trabalha com deficiências, ou digamos, apresentará uma patologia seja física,
psicológica, endócrina ou glandular.

Como é sabido, o principal comando orientador dos vários Sistemas que fazem
com que o organismo humano funcione cabalmente, de modo, atingir a
esperada homeostasia é o cérebro.

Dai que não se pode negligenciar o trabalho do cérebro para a preparação


física ou psicológica das tropas, seja em tempo de Paz ou de Guerra.

Para Comandante da Força Aérea Russa (URSS) General Piloto HART


(1934:28) ‘’A experiência das duas guerras mundiais demonstrou que grandes
estrategistas que negligenciaram a conexão entre a preparação e efeitos
físicos ou psicológicos, frequentemente perderam as batalhas’’.

Como podemos ver, negligenciar a preparação físico/psicológica é condicionar


o fracasso em combates, independentemente da quantidade e modernidade do
material bélico que as tropas portam.

É importante que os Oficiais em exercício ou em formação conheçam o


trabalho do cérebro e as formas de reentabilizar o trabalho deste de formas a
não se chegar ao “esgotamento mental”.

Para DAVIDOFF (2000; 382) as principais funções do cérebro são:


“Registo, reflexão, conservação, representação, esquecimento, reprodução,
imaginação, raciocino, resolução de problemas, coordenação psico-motora e
reconhecimento”.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


51

Como é que o cérebro faz para cumprir cada uma das suas funções, daremos
com detalhes nas próximas pesquisas.

A Profissão militar exige a cada um dos membro uma prontidão física e


psicológica para se manter apto a qualquer missão que lhe for atribuída pelo
seu superior hierárquico.

O autor deste trabalho considera de prontidão física, como sendo a capacidade


corporal ou aptidão física, que permite desenvolver a parte psico-motora do
Militar.
Esta é adquirida através da preparação física ou exercitação em ginásios, por
exemplo: correr, superar obstáculos, levantar ou carregar pesos, praticar
desportos.

Enquanto que, a prontidão psicológica é a capacidade mental intrínseca ou


extrínseca, capaz de controlar os efeitos psicológicos do meio, como o stress
fisiológico e psicológico, bem como o funcionamento glandular ou hormonal do
organismo do Militar, mesmo em condições de maior pressão psicológica. Esta
é adquirida através de trabalhos freqüentes de preparação psicológica e
ideológica. É esta prontidão que constitui a preocupação da Psicologia Militar.

Este tipo de prontidão potencia ao Militar a observar a deontologia profissional,


a ética, a moral e outros valores doutrinais militares e culturais que norteiam as
nossas FADM.

As prontidões físicas e psicológicas fazem parte integrante da vida do Militar,


sendo que sem uma delas, o Militar encontrará dificuldades no cumprimento
das suas missões.

Com o desenvolvimento das Ciências, da tecnologia e dos meios de combate,


o uso da psicologia empírica mostrou ineficacia, daí a obrigatoriedade de
recorrermos aos conhecimentos da Psicologia Científica, que são eficazes e
objectivos.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


52

Os conhecimentos da Psicologia Científica (Psicologia Militar) nos auxiliam na


pesquisa do próprio Militar, partindo do comportamento manifestado na
instrução, no aquartelamento e no teatro das operações; Também através
desta ciência poderemos conhecer o impacto das punições físicas e
psicológicas para a mudança consciente do comportamento.

Então, nas Unidades onde não são aplicados os conhecimentos da Psicologia


Militar enfrentam frequentemente problemas tais como:

Medo-terror - fobia. (Ex. um estudante que quando é feito uma


pergunta, por ter medo de errar e ser sancionado, engasga-se, treme e
não responde cabalmente a pergunta);
Recurso freqüente a sanções físicas e pouco á sanção psicologia
(menos repreensão pública e persuasão );
Conflitos intra organizacionais;
Superlotação das cadeias ou celas disciplinares (maiores índices de
indisciplina);
Maior número de deserções;
A sédio sexual;
Terror sexual por parte dos Militares e trabalhadores Civis do sexo
feminino;
Maior número de Militares com sinais de dependência ao álcool ou outro
tipo de droga;
Existência de Oficiais, Sargentos e Soldados com tendência de cair na
frustração doentia.

11. A Psicologia Militar como fonte de conhecimento da


frustração doentia e as suas consequências
Este tema será estudado com maior profundidade nas próximas pesquisas,
desta vez mostraremos alguns pontos desta situação psicológica normal e que
sem devido acompanhamento chega a fase patológica.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


53

Os conhecimentos da psicologia Militar ajudam nos a entender melhor sobre a


frustração que atingem a qualquer pessoa, independentemente da sua
profissão e nível de vida.

As FADM são constituídas de Homens e Mulheres que convivem nesta


sociedade globalizada, na qual a própria sociedade impõe as regras de vida
dentro das Cidade, zonas suburbanas e zonas rurais.

Os futuros Oficiais formados na Academia Militar devem conhecer as principais


causas de frustração para que não sejam eles primeiros, por algum motivo a
caírem na frustração doentia.

O termo frustração é comum no conjunto de vocábulos que usamos no


quotidiano, ela representa uma reacção psicológica ou física que até afecta o
comportamento e a personalidade do indivíduo.

Para MONTEIRO e SANTOS (2002;144), "a frustração é o sentimento


produzido por uma contrariedade"
. Ainda o mesmo autor na página 156 reforça a definição, considerando a
frustração como sendo o bloqueio do comportamento motivado intrínseca ou
extrinsecamente".

Como vemos, este autor considera a frustração como sendo produto da


reacção psicológica ou física que aparece quando um dos nossos objectivos
não chega a surtir o efeito desejado.

A frustração faz parte do nosso cotidiano, só torna preocupação quando se


chega a fase patológica.

Um indivíduo é considerado “frustrado” quando os efeitos da frustração se


tornam obsessivos, nas páginas subsequentes veremos que a obsessão é uma
perturbação que precisa de apoio de pessoas experientes na matéria ou
mesmo a intervenção de Psicólogos.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


54

Uma pessoa frustrada na fase patológica, muda radicalmente do seu


comportamento e da personalidade, afectando a família, o trabalho ou o
processo de ensino e aprendizagem.

Quando a frustração a cómodar-se no indivíduo (fase patológica) e não se


souber apaziguar por estratégias cientificamente aceites, pode provocar baixa
produtividade mental e física, consequentemente baixa produção no posto de
trabalho ou no ensino, na medida em que esta perturbação pode fazer com que
o indivíduo não tenha auto-estima, auto-confiança, torne agressivo verbal
(psicológica) ou física (brigas, lutas, intrigas, pancadarias).

11. 1. As principais causas da frustração são:


As frustrações têm muitas das vezes como causas, os estimulos exterior como
podemos ver:

Segundo MONTEIRO e SANTOS (2002; 288), “os principais factores que


condicionam a frustração no indivíduo são os seguintes: os desejos; Vontades;
Hábitos; Paixões; Afeições; Disposição; Emoções; A dor; Necessidade;
Motivos; Interesses; Crenças; Cansaço; Doença”, etc.

É importante para nós Comandantes das Subunidades e Unidades militares,


com maior realce para os nossos jovens, futuros Oficiais das nossas FADM,
saberem que os efeitos que a frustração provoca no psiquismo e no
comportamento de uma pessoa dependem de variáveis seguintes:
Intensidade e natureza da motivação (extrínseca ou intrínseca);
Tipo de obstáculo (tipo de barreira, com é travado o objectivo, ganhos
que o objectivo traria caso fosse cumprido),
Personalidade da pessoa (tem a ver com o temperamento, atitudes,
auto -confiança, auto - estima, capacidade de pedir ajuda ou abrir-se
com alguém de confiança);
A idade do indivíduo
Finalmente temos as experiências do indivíduo em várias situações de
frustração de pouca intensidade.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


55

As reacções das frustrações podem ocorrer imediatamente a presença da


situação frustrante ou mais tarde, dando como consequências seguintes:
Auto agressão psicológica ou física;
Agressão psicológica e física a pessoa ou o meio considerado como
causa da frustração;
Apatia (indiferença, imotividade, insociabilidade, revolta);
Falta de auto estima individual, profissional, cultural e patriótica;
Suicídio;
Cometimento de crimes por agressão ou injurias;
Perca de combates;
Uso abusivo de álcool e outros tipos de drogas.
Bulimia e suicídio lento.

Em todo Mundo, as frustrações são consideradas como "porta" de entrada na


delinquência e criminalidade de muitos adolescentes e jovens, bem como baixo
rendimento escolar e desistência nas nossas escolas e Universidades.

A frustração também é considerada como sendo a razão de consumo de álcool


de forma doentia (dependência), divórcios, suicídios (por envenenamento e
enforcamento).

Em termos de saúde, a frustração é vista como sendo a causa mais frequente


dos embates psicológicos e obstrução neuronal que provoca a doença
vulgarmente conhecida por “trombose” bem como a baixa ou alta tensão
arterial e gastrite nos adultos.

As intrigas conjugais, conflitos nos locais de trabalho, a riqueza ou a pobreza


são considerados como os factores que mais cria frustrações patológicas e
morte nos adultos por suicidio em todo o mundo.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


56

CONCLUSÃO
Esta pesquisa feita com base nas experiências militares do autor, leitura de
obras conceituadas de Psicologia Geral, Psicologia de trabalho ou das
Organizações e Psicologia Militar bem como obras escritas pelos Oficiais dos
Exércitos dos EUA, do Brasil, da Rússia e Portugal, chegou as seguintes
conclusões:

Os conhecimentos da Psicologia Militar são úteis e imprescindíveis para os


Militares de todos os escalões seja em tempo de guerra ou de Paz, como
podemos ver:
• Auxilia aos Comandantes das Subunidades ou Unidades militares a
diagnosticar as causas iniciais das várias patologias mentais que
afectam aos Militares;
• Facilita a prevenção e diagnóstico do consumo de drogas de vários
tipos, incluindo o álcool;
• Minimiza os efeitos psicológicos (traumas) da guerra e pós guerra;
• Possibilita maior produtividade nas Organizações/ Instituições
• Interdisciplinaridade, isto é, facilita a compreensão de outras Ciências
Militares, Sociais e Humanas, partindo dos conhecimentos da Psicologia
Militar;
• Campo de pesquisa ao “fazedor pensante” das guerras;
• Facilita a humanização do processo de ensino e aprendizagem;
• Manutenção dos valores morais e culturais militares;
• Compreensão e aplicação consciente dos novos valores adquirido
através da globalização e desenvolvimento tecnológico.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


57

Recomendações

1. Esperamos que a Academia Militar sendo a única Instituição de formação de


Oficiais Licenciados em Ciências Militares nas variadas especialidades,
incorpore nos seus curriculas conteúdos da Psicologia Militar, como forma de
dar aos futuros Oficiais das FADM ferramentas para a preparação psicológica
dos seus subordinados ou superiores hierárquicos.

2- Os comandantes das Unidades ou subunidades continuem a potenciar a


preparação psicológica dos seus subordinados, de modo a se observar a
deontologia profissional militar, a moral, manutenção dos antigos valores e
aquisição dos novos tais como empreendodorismo, pesquisa, Paz, missões
Internacionais de apoio a Paz e humanitárias.

3-Reforçar aos Oficiais já formados e em formação, que a formação


profissional não é um produto acabado, porque este está inserido num mundo
em constantes transformações, este profissional deve possuir elevada
preocupação com auto estima, o auto - aperfeiçoamento, procurando sempre
aprimorar-se na utilização dos recursos na aquisição de conhecimentos que lhe
possibilitem desenvolver competências de acordo com a evolução das
sociedades, das ciências e da profissão militar.

4- Projecto de criação de uma revista trimestral para publicações de pesquisas,


na qual os Pesquisadores desta Instituição de Ensino militar e outras
Universidades públicas ou privadas, Oficiais de todas as Unidades militares

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


58

poderão lançar os seus trabalhos científicos em prol do desenvolvimento do


capital humano Militar e das Ciências Militares.

5- Através desta pesquisa propõe-se que a Psicologia Militar tome este símbolo

de representação ao nível das FADM : ψM

Pequeno glossário

Adaptação – de um modo geral, se refere a adequação a uma certa situação


psicológica, fisiológica, de espaço geográfico e de tempo, ou ainda, mudança
do comportamento para adequar a nova realidade.

Afasia – perda parcial ou completa da capacidade de falar provocada por


lesões orgânicas ou cerebrais. É uma patologia que precisa de tratamento
médico ou psicoterapico.

Ansiedade - é a descarga da adrenalina na psíquica do homem provocado por


um estimulo interno ou externo, que coloca a este homem em situação de
medo, angustia, insegurança, falta de auto -confiança e cria timidez;

Auto-estima – diz respeito ao nível de satisfação na apreciação de si próprio


(auto apreciação positiva individual, cultural, profissional e patriótica).

O contrário de auto -estima surgem a Dismorfofobia, que é uma perturbação,


que consiste na auto -apreciação negativa que culmina com auto rejeição,
baixa auto estima, isto influencia nas capacidade de produção psicologia e na
produtividade do indivíduo no seu posto de trabalho e baixo rendimento
escolar.

Autismo - é uma disfunção/alteração psicológica que afecta a capacidades de


comunicação, socialização e relacionamentos;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


59

A assédio sexual é um tipo de coerção de carácter sexual ou psicológica


praticada geralmente por uma pessoa em posição hierárquica superior em
relação a uma subordinada/subordinado;

Aprendizagem – é a aquisição de novos conhecimentos resultante da


necessidade psicológica ou fisiológica ou ainda de adaptação ao meio que
culmina com a mudança do comportamento,
O cérebro sendo o elemento base para que ocorra a aprendizagem, processa
as informações vindas dos órgãos de sentidos externos ou internos do
organismo e transmite respostas (feed back) através das mesmas vias,
deixando o corpo a funcionar de forma plena e coordenada.

Órgãos de sentido externo


São 5 órgãos de sentidos externos os maiores fornecedores de informações
que são processadas no cérebro, estamos a falar do olho (ver), ouvido (ouvir),
nariz (cheirar), paladar (sentir o doce ou amargo, salgado ou açucarado..) e
tacto (passar a mão por cima de…rossar, sentir na pele) esses órgãos de
sentido lançam a informação no cérebro através dos neurónios e dendritos
como canais de comunicação e através deles imediatamente é conduzida a
resposta e o individuo agem em conformidade com a resposta dada pelo
celebro.

Órgãos de sentido Interno


Fazem parte deste grupo todos os elementos do Sistema endócrino, isto é,
todas as glândulas e hormonas do corpo humano. Nele encontramos por
exemplo, a hipófise, tiróide, supra - renais, incluindo as glândulas e hormonas
responsáveis pela produção de saliva, suor, lágrimas absorção de alimentos no
estômago, a acção das pâncreas e do fígado etc.

Não são admitidas em todos exércitos do mundo um individuo que tenha


problemas num destes órgãos de sentido externo, dai que antes da

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


60

mobilização de pessoas para o exércitos, são organizados e aplicados vários


testes físicos e psicológicos para a detectar a disfunção de um destes órgãos.

A disfunção de um dos órgãos de sentidos no individuo, provoca uma


aprendizagem deficiente porque para que ocorra uma aprendizagem eficiente,
é preciso que o individuo utilize as 5 vias para colocar a informação no maior
processador de informações já mais vista ou comparada que é o cérebro
humano.

De forma categórica também se poder afirmar que não pode haver


aprendizagem sem o trabalho do cérebro, o Militar precisa de aprender
constantemente para cumprir com frieza as instruções dadas para o
cumprimento de cada missão.
O cérebro não só processa informações vindas dos 5 órgãos de sentido, mas
também tem a grande missão que é de guardar a informação e coloca-la a
disposição quando for precisa em formas de recordação,

Para que o corpo humano possa executar uma actividade física ou psíquica,
precisa que o cérebro ordene, por exemplo, para uma pessoa levantar o braço
ou perna precisa colocar esta vontade no cérebro e como resposta o braço ou
a perna se levantará com muita rapidez e de forma coordenada com o
comando do cérebro.

Aquartelamento - processo que consiste em manter as tropas nos quartéis ou


acampamentos militares em certa prontidão, podendo-se, prontidão combativa
do 1°, 2°e 3° graus, em conformidade com a situação militar do pais;

É nesta necessidade de passagem de um tipo de prontidão combativa ao outro


que precisamos de aplicação dos conhecimentos da Psicologia Militar para
potenciar a preparação psicológica do Militar.

Álcool – é uma substância química, líquida, quando consumida é susceptível


de alterar os estados de consciência e o comportamento de um indivíduo.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


61

Quando é ingerido frequentemente e em grandes quantidades cria


dependência física e psicológica.

O consumo exacerbado do álcool pode provocar overdose que leva o indivíduo


a ter convulsões ou mesmo até a morte.

Em casos de consumo mórbido do álcool ou dependência, para que o indivíduo


se restabeleça, é preciso interna-lo no Manicómio para ser desintoxicado
através de tratamento quimioterapico e psicológico.

Um individuo que já foi dependente de álcool ou outro tipo de drogas e passou


pelo desintoxicamento médico, muitas vezes na sua inserção no meio social
onde viveu dependente precisa de acompanhamento de um especialista em
Psicologia, porque a probabilidade de voltar a beber de forma doentia é maior.

Abulia – Estado de indiferença, indecisão, falta de vontade, de criatividade e


por vezes provoca a falta de apetite e de vontade para o trabalho.

Bio-psico-socio cultural– é a visão psicológica que se deve ter em conta do


homem, ele como ser Biológico, pensante ou criativo, possui suas obrigações e
desejos sociais e culturais;

Córtex cerebral – camada interior do cérebro onde se localizam algumas das


mais importantes áreas de controlo do comportamento humano, como a
hipófise e a tiróide.

É no córtex onde ocorre a cognição humana, controlo dos elementos da


personalidade e do comportamento humano.

Comportamento – é a actividade global ou conjunto de actos de um indivíduo


perante uma situação ou conjunto de estímulos. Podemos também dizer que, é
a resposta interna ou externa que um organismo dá perante a situação que a
suscita.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


62

Conflitos intra pessoal – São conflitos que acontecem com o próprio


indivíduo, isto é, conflitos que resultam da indefinição individual; Ex. Abulia

Conhecimento empírico – conjunto de idéias, crenças e convicções


proveniente das experiências ou praticas do individuo (senso comum) ou da
cultura deste; A partir destes conhecimentos as pessoas fazem a inferência,
muitas vezes errada sobre o comportamento de certo individuo.

Aconselhamos o uso dos conhecimentos científicos sobre o


estudo/conhecimento do comportamento, desejos, atitudes, sentimentos e as
expectativas dos Militares, que tem sido muitas vezes condição de frustração e
baixa produtividade mental e física.

Ciência - é o conjunto de conhecimentos, ou um sistema de conhecimentos


que abarcam verdades gerais ou operações de leis gerais. Para a obtenção
destes conhecimentos são usados métodos rígidos e racionais.

Cognição – conjuntos de processos cerebrais tais como: inteligência,


raciocínio, pensamento, imaginação, criatividade.

Conflitos intra organizacionais – são conflitos entre pessoas dentro da


organização, resultantes do trabalho diário nestas organizações ou instituições;
Droga – substancia psicotrópica líquida, sólida ou gasosa susceptível de
alterar os estados de consciência e o comportamento de um indivíduo, bem
como pode provocar dependência psicológica ou física;

Estabilidade emocional – é o estado de saúde da personalidade de um


indivíduo, que ao seu contrário - instabilidade emocional, é um estado de
patologia ou perturbação psicológica que precisa de diagnostico psicológico;

Enurese – é uma perturbação frequente que se caracteriza por uma emissão


involuntária de urina. Também aparece a enurese em situações de maior
estress psicológico;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


63

Ecoprose- é uma perturbação que se caracteriza pela falta de controlo


asfinterico, isto é, uma emissão involuntária de fezes, em particular nas
situações de medo ou stress psicológico ou físico;

Elementos psicológicos da acção humana – São aqueles que caracterizam


a personalidade da pessoa, por exemplo: emoções, atitudes, adaptabilidade,
paixões, concepções.

Factor humano - é a consideração que o homem tem como meio de produção,


tomando em conta o ambiente psicológico do local de trabalho, clima
organizacional, recursos disponíveis e a competência motivacional, tudo
tendente a elevar a eficiência e a produtividade na organização;

Fobia – medo acima do normal, que tende para fase patológica.

Factores psicológicos - são um conjunto de estímulos ou situações que


através dos órgãos de sentidos activam a cognição do individuo;

Guerra – é uma disputa violenta entre dois ou mais grupos distintos de


indivíduos, mais ou menos organizados, usando formas políticas ou armadas;

Interdisciplinaridade – a capacidade de aproveitar conteúdos de uma certa


cadeira para produzir conhecimentos numa outra cadeira, por exemplo: explicar
os efeitos psicológicos da aviação de caça sobre o Militar em combate na
cadeira de táctica de Infantaria ou do Piloto -Aviador.

Stress psicológico – estado de tensão psicológico, causado por uma pressão


externa (estimulo externo que entra no cérebro através dos órgãos de sentido);

Stress fisiológico - estado de cansaço físico ou de tensão física total, causado


por uma pressão externa (estimulo externo que entra no corpo através do
trabalho fisco). Por outro lado, este pode afectar o corpo partindo do stress
psicológico;

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


64

Neuro Ciências – é o conjunto de Ciências ligadas ao estudo dos neurônios e


dendritos, responsáveis na condução de informações dentro do corpo humano,
tomando em conta os órgãos de sentido, entre elas encontramos: Neurologia e
Neurocirurgia; Neurofisiologia. Todas essas Ciências têm algo de como, que é
o conhecimento obrigatório do Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema
Nervoso Periférico (SNP) e dos principais condutores de informação no
Sistema nervoso que são os neurônios e dendritos.

Os neurônios e dendritos são os que conduzem a informação do sistema


Nervoso periférico para o sistema Nervoso central, do mesmo modo, transporta
respostas (feed back) do sistema nervoso central para o periférico e vice-versa.

Psicólogo – é um Profissional Licenciado em Psicologia, tem um conjunto de


conhecimentos teóricos e práticos para um exercício profissional no domínio da
Psicologia.

O Psicólogo desenvolve acções de diagnostico, aconselhamento, prevenção de


comportamentos desruptivos, consumo de drogas, cura ou minimiza
perturbações ou patologias mentais através da pratica da psicoterapia.
Também desenvolve acções de pesquisa, formação, elaboração e aplicação
de testes psicométricos.

Psiquiatra – é um profissional, Licenciado em medicina mental com uma


especialização em psicopatologia, diagnostica e trata perturbações e patologias
mentais com usado das drogas farmacológicas.

Muitas vezes, o Psicólogo serve de “olho” do Psiquiatra, na medida em que,


quem detecta e diagnostica primeiro os comportamentos doentios é o psicólogo
que vive no meio social ou nos locais de trabalho, feito o diagnostico ele decide
se o paciente precisará de tratamento psicoterapico ou dos serviços do
Psiquiatra para efeitos de tratamento quimioterapico ou mesmo até
internamento no manicômio.

A ORIGEM DA PSICOLOGIA MILITAR E OS DESAFIOS EM TEMPO DE PAZ


65

Ψ – Letra Grega traduzida em Português por Psi – Símbolo mundial da

Psicologia. O seu significado é : alma, mente, trabalho do cérebro (cognição)

Psicologia das Organizações/das Profissões – é um ramo da Psicologia


Geral, que visa analisar e compreender o funcionamento das Organizações,
empresas, Instituições publicas e privadas, explica e prevê a
conduta/comportamento de grupo de pessoas de uma certa profissão.Estuda
também, os mecanismos de regulação interna (os efeitos psicológicos das leis
e regulamento de uma Instituição), os problemas de motivação, liderança e
resolução de conflitos intra e inter organizacionais.

Psicologia empírica ou do senso comum - conjunto de conhecimentos


baseados na experiência do individuo, adquiridas através dos órgãos de
sentido ou mesmo da sociedade. Não metódico, nem é racionalmente
interpretável; Para o aparecimento destes conhecimentos não precisa da
pesquisa cientifica.

Psicométria – é uma área da Psicologia, que consiste em um conjunto de


técnicas científicas utilizadas para mensurar, de forma adequada e
comprovada experimentalmente, uma gama de fenómenos psíquicos e
comportamentos que se deseja conhecer;

Terror sexual – é o medo constante que, geralmente ocorre nas/os


funcionarias/funcionários de posição hierárquica inferior de serem seduzidas/os
sexualmente pelos seus superiores hierárquico. Surge quando há frequência
de assédio sexual;

Um indivíduo Normal – é aquele que vive de acordo com o critério da maioria,


isto é, aquele homem que vive controlando os padrões/normas éticas da
Organização/Instituição ou culturais reguladas pelas leis/regulamentos e pelos
vários ritos culturais ou religiosos.

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Um indivíduo Anormal – é aquele que apresenta um desvio ou uma


perturbação mental designada por Inadaptação. Os indivíduos que
apresentam esta perturbação estão constantemente a violar as normas de
conduta institucionais ou culturais. Esta perturbação faz com que a pessoa
goste de se destacar por conduzir -se muitas vezes á margem das
normas/regulamentos, podendo ser consciente ou inconscientemente.

Não estamos a estigmatizar os indivíduos que forem considerados de


anormais, eles podem ser aproveitados em outras especialidades ou serviços
que for orientado pelo Psicólogo em conformidade com os traços de
personalidade que vem apresentando. Por exemplo: Os indivíduos de traços de
personalidade com maiores habilidades psico-motoras e tendência á
agressividade, durante o processo de selecção e recrutamento deviam ser
orientados para as especialidades de acção como as dos Rangers, Comandos,
Fuzileiros Navais, Policia Militar, tropas de Defesa Anti Aérea.

O que salientamos é que todo o individuo que apresenta um comportamentos


anormal não seja considerado de perturbado com indícios de patologia mental
ou doença mental.

No entanto, a ONU - Organização das Nações unidas, através da Organização


Mundial de Saúde -OMS define a saúde como sendo o estado de completo
bem estar físico, mental e social.

A psicologia Militar é uma Ciência que contribui para que o homem de profissão
Militar atinja e mantenha o estado de saúde mental, se o ter perdido, com
estratégias cientificamente aprovadas recupera-lo.

A falta do bem-estar psicológico o individuo passa ao grupo de patológicos,


considerando se este, como um homem se coerência consigo mesmo, com o
que lhe rodeia ou com o meio ambiente, social e de trabalho.

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Ainda, a Organização Mundial da Saúde - OMS, considera um individuo de


psicopata ou doente mental, quando apresenta uma variação mórbida do
comportamento normal, variação esta capaz de produzir prejuízos na
performance global da pessoa ( social, ocupacional/profissional, familiar).

Uma pessoa só poderá atingir o estado de bem estar global orgânico ou


psicológico (homeostase) quando tiver sanidade global, principalmente a
sanidade mental.

É salientar que o cérebro é a "maquina" orientadora do homem em todos os


aspectos da vida, desde ao meio físico, social ou de trabalho, da
personalidade, aprendizagem, da regulação e controlo interno, glandular,
hormonal e do comportamento.

Homeostasia – é o trabalho conjunto e equilibrado dos mecanismos


fisiológicos, psicológicos, endócrinais e neurais do organismo, com finalidades
de adaptação e regulação interna/externa e fazendo com que o organismo
responda as modificação que o meio ambiente, social e trabalho apresentar.
Para acontecer a homeostasia é necessário o envolvimento de todos os,
estamos, a falar dos sistemas Nervosos central e periférico, sistema endócrino,
circulatório, neural, digestivo e respiratório; Tudo tendente ao controlo,
recontrolo interno e externo do organismo, regulação da temperatura, fome,
sede, sono etc.
A homeostasia mostra a interdependência que os vários órgãos do organismo
humano tem, em muitas pesquisas, estes órgãos são titulado por, sistema,
aparelhos.

É de salientar por outro lado que, o maior fornecedor de informações que são
processadas no cérebro sãos os 5 órgãos de sentidos externos, estamos a
falar da visão, do olfacto, do paladar, do tacto e finalmente do ouvido.

Ausência de um destes órgãos de sentidos no individuo, este imediatamente


terá uma aprendizagem deficiente porque para que ocorra uma aprendizagem
eficiente, é preciso que o individuo utilize as 5 vias para colocar a informação

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no maior processador de informações já mais vista ou comparada que é o


cérebro.

De forma categórica também se poder afirmar que não há aprendizagem sem o


trabalho do cérebro; Se o cérebro não processar os inputs (informações que
entram no cérebro para serem processadas), não haverá o autput que
esperamos (que é a aprendizagem, a transferência e uso prático do aprendido).

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