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AFA

ACADEMIA DA FORÇA AÉREA

ANDRÉ FELIPE OLIVEIRA DOS SANTOS

PROGRAMA DE TREINAMENTO MILITAR E


PROGRAMA DE TREINAMENTO DE
LIDERANÇA – CONTRIBUIÇÕES DA
PSICOLOGIA

PIRASSUNUNGA – SÃO PAULO


2013
ANDRÉ FELIPE OLIVEIRA DOS SANTOS

PROGRAMA DE TREINAMENTO MILITAR E


PROGRAMA DE TREINAMENTO DE
LIDERANÇA – CONTRIBUIÇÕES DA
PSICOLOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),


apresentado ao final do Curso de
Formação de Oficiais da Academia da
Força Aérea.

Orientadora: Profª. Dra. Emília Emi


Takahashi

PIRASSUNUNGA – SÃO PAULO


2013
2

ANDRÉ FELIPE OLIVEIRA DOS SANTOS

PROGRAMA DE TREINAMENTO MILITAR E


PROGRAMA DE TREINAMENTO DE
LIDERANÇA – CONTRIBUIÇÕES DA
PSICOLOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),


apresentado ao final do Curso de
Formação de Oficiais da Academia da
Força Aérea.

Data de aprovação: ___/___/____

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA

Orientadora: Profª. Dra. Emília Emi Takahashi

Membro Titular: Cap. Av. Gustavo Winckler de Oliveira

Membro Titular: 1º Ten. QCOA MLE Ana Helena Rufo Fiamengui

Local: Divisão de Ensino


Academia da Força Aérea
Pirassununga
3

Dedico esse trabalho à minha mãe,


Maria Valdinolia Oliveira dos Santos,
que sempre torceu por mim, me
apoiou e me ajudou, mesmo não
estando perto.
4

"Seja inato ou adquirido, o comportamento é selecionado por suas


consequências."
(B. F. Skinner)
5

RESUMO

O presente trabalho descreve duas teorias psicológicas que buscam entender o


comportamento humano, bem como uma teoria do campo da psicologia
organizacional que aborda a liderança. Ao mesmo tempo em que essas teorias
são descritas elas também são associadas aos dois programas de formação
doutrinária na Academia da Força Aérea: o Programa de Treinamento Militar e
o Programa de Treinamento de Liderança, com o intuito de acrescentar
conteúdo para melhorar tais programas e, consequentemente, a formação do
futuro oficial da Força Aérea Brasileira.

Palavras-chave: formação militar; Behaviorismo; Gestalt; liderança.


6

ABSTRACT

The work describes two psychological theories that search for understand the
human behavior, and a theory that says about leadership. At the same time that
these theories are quoted they are associated to the two doctrinal formation
programs used in Brazilian Air Force Academy: the Military Training Program
and the Leadership Training Program, with the intention of add content to get
these programs better and, consequently, the formation of the future Brazilian
Air Force officer.

Key words: military formation, Behaviorism, Gestalt, leadership


7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................... 08

1 BEHAVIORISMO – USO E LIMITAÇÕES.......................................... 09

2 PTM – PROGRAMA DE TREINAMENTO MILITAR........................... 13

3 PTM E BEHAVIORISMO..................................................................... 18

4 TEORIA DA GESTALT....................................................................... 24

5 PTM E GESTALT................................................................................ 29

6 PTL (PROGRAMA DE TREINAMENTO DE LIDERANÇA) E A


TEORIA DOS TRAÇOS...................................................................... 32

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 37

REFERÊNCIAS................................................................................... 38
8

INTRODUÇÃO

O Manual do Cadete, principal instrumento de formação doutrinária dos


cadetes na Academia da Força Aérea, estabelece dois programas, o Programa
de Treinamento Militar (PTM) e o Programa de Treinamento de Liderança
(PTL), que os cadetes precisam cumprir para chegar ao oficialato. Busca-se
uma linha de conduta ou uma ideia básica que seja seguida fielmente ano após
ano de forma idêntica pelos oficiais e pela Cadeia de Liderança dos Cadetes
(CLC), que os aplicam em diferentes anos e comandos. A cada vez que se
muda o comando do Corpo de Cadetes ou a CLC, a forma de por em prática
esses dois programas se transforma e se torna um pouco diferente, com
marcas próprias de quem a conduz, apesar de serem inspirados sempre pelo
mesmo objetivo, o que é absolutamente normal, visto que cada pessoa pensa
diferente e tem seu próprio jeito de interpretar os dois programas. Outro fato
observado é que todos os cadetes participam efetivamente do PTM mas isso
não se vê no PTL.

Tendo em vista a conceituação teórica dada pelo Manual do Cadete ao


PTM (Programa de Treinamento Militar) e ao PTL (Programa de Treinamento
de Liderança), esta monografia tem por fim estabelecer sugestões de como por
em prática esses dois programas, usando, para isso, a pesquisa bibliográfica
no campo de diferentes teorias da psicologia e a observação do pesquisador,
que se encontra inserido no meio do universo pesquisado. Desse modo,
desenvolvido este trabalho, espera-se oferecer sugestões no sentido de
estabelecer uma linha de conduta mais padronizada na formação doutrinária,
com embasamento teórico no campo citado e que possa ser utilizada ao longo
dos anos por parte do Comando do Corpo de Cadetes. Isto certamente pode
contribuir positivamente para a missão da AFA de formar os futuros líderes da
Força Aérea.
9

1 BEHAVIORISMO – USO E LIMITAÇÕES

De acordo com o campo da Psicologia, a maneira mais rápida para


introduzir os conceitos de autodisciplina, compreensão da autoridade,
hierarquia e sentimento de camaradagem é através da técnica denominada
Psicologia Comportamentalista, ou Behaviorismo (que deriva do verbo inglês
behave que significa “comportar-se”).

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1999), dentre as vertentes da


Psicologia, o Behaviorismo trabalha com comportamento condicionado, ou
seja, por meio da aplicação de estímulos, faz-se com que o indivíduo apresente
comportamentos desejados, e também com que não apresente os
comportamentos indesejados.

Ivan Pavlov (1849-1936) foi um médico russo que contribuiu bastante


para o surgimento do Behaviorismo com sua experiência, que se transformou
em um esquema clássico do condicionamento respondente ou reflexo:
colocando um cachorro numa sala apropriada, toda vez que oferecia comida ao
cachorro, observava que ele salivava. Da mesma forma, toda vez que ele
soava um apito na sala, o cachorro levantava suas orelhas. Então Pavlov
associou os dois estímulos, apresentando-os simultaneamente, dando comida
e soando o apito ao mesmo tempo. Fazendo isso repetidas vezes, o cachorro
passou a associar os dois estímulos, o som do apito à comida, e, a partir disso,
toda vez que Pavlov soava o apito, o cachorro salivava, mesmo se não fosse
oferecida a comida.

A explicação para a formação desse terceiro comportamento (salivar só


de escutar o apito) é que através da apresentação constante de dois estímulos,
é possível apresentar somente um deles e obter uma resposta diferente
daquela automática ou espontânea do organismo. Só de fazer soar o apito,
Pavlov conseguiu obter uma resposta condicionada (salivação), que não
existia, e isso só foi possível por meio da associação de estímulos
antecedentes às respostas, o som do apito e o alimento.
10

Outro exemplo de associação de estímulos seria a maneira como se


ensina ursos de circo a dançar. Coloca-se um urso sobre uma chapa e aquece-
a, ao mesmo tempo em que se toca uma música. O reflexo simples do urso é
saltitar para evitar queimar as patas. Com o tempo o urso associa isso à
música e, futuramente, só de ouvir a música o urso começa a saltitar para se
esquivar da dor da queimadura que normalmente vinha depois.

Jonh B. Watson, o primeiro psicólogo behaviorista reconhecido, define o


Behaviorismo da seguinte forma:

“A Psicologia, da maneira como é vista pelo


behaviorista, constitui um ramo puramente objetivo da
Ciência Natural. Seu objetivo teórico é a predição e o
controle do comportamento. A introspecção não é parte
essencial de seus métodos... O behaviorista, em seus
esforços para conseguir um esquema unitário da
resposta animal, não reconhece uma linha divisória
entre o homem e a besta” (Watson, 1913, apud
Fadiman e Frager, 1989, p.191).

Desse modo, Watson argumentava que todo aprendizado dependia do


meio externo, que toda atividade humana é condicionada e condicionável.

Nas duas experiências citadas sobre o trabalho desenvolvido por Pavlov


com o comportamento reflexo, nas quais o condicionamento depende da
associação entre os estímulos anteriores, vê-se que a resposta
(comportamento condicionado) é apresentada depois do estímulo. Então,
segundo Fadiman e Frager (1989), Burrhur Frederic Skinner (1904-1990)
introduz o condicionamento instrumental, onde a resposta ou comportamento
condicionado vem antes do estímulo – esse tipo de condicionamento é mais
sofisticado e representa a evolução dos trabalhos desenvolvidos pelos
behavioristas anteriores a ele. Historicamente, apesar de Pavlov inspirar o
surgimento do Behaviorismo, que foi fundado por John Watson nos Estados
Unidos, Skinner foi o pesquisador norte americano que aperfeiçoou a teoria,
desenvolvendo a técnica do condicionamento operante, em que é possível
condicionar a resposta mesmo sem conhecer os estímulos que antecedem a
11

resposta – como no caso do condicionamento reflexo que Pavlov reproduziu ao


estudar os fenômenos da salivação e digestão em cães. Segundo Fadiman e
Frager (1989), o condicionamento operante proposto por Skinner envolve
estímulos posteriores às respostas, denominados reforços. Ele colocava
animais famintos dentro das “caixas de Skinner” onde por acaso esse animal
esbarrava em uma alavanca e recebia comida. Com o tempo o animal
aprendeu que toda vez que esbarrava na alavanca recebia comida, e passou a
fazer isso sempre que estava com fome.

Através dessa experiência realizada inicialmente com ratos, Skinner foi


observando que um estímulo ou reforço positivo aumenta a repetição de um
comportamento que o antecede da mesma forma que um estímulo negativo
diminui a incidência do comportamento que o antecede. Por exemplo, no caso
citado acima, para que o rato aprendesse a empurrar a alavanca (ou
aprendesse o comportamento desejado pelo pesquisador) ele era privado de
alimento ou de água por 24 horas e depois, na gaiola experimental, todas as
vezes que pressionava sem querer a alavanca, recebia um estímulo positivo –
água ou ração. Mas se o pesquisador quisesse que o rato não tocasse as
grades da gaiola, no lugar de estímulos positivos, utilizava os negativos, como
o choque elétrico, para que, todas as vezes que o animal tocasse as grades,
recebesse o choque e com o passar do tempo, “aprendesse” ou fosse
condicionado a ficar longe das barras de metal.

Existem ainda os conceitos de reforços primários e secundários.


Segundo Fadiman e Frager (1989) reforços primários são aqueles que atuam
física e diretamente (dar alimento, tomar um choque) e reforços secundários
são reforços que, a princípio não significam nada (são neutros), mas podem ser
associados a reforços primários.

Todas essas experiências podem ser extrapoladas para o meio humano.


Pode-se fazer com que um militar apresente bravura e seja destemido no
campo de batalha ao prometer dar-lhe uma medalha. A oferta de dinheiro para
se fazer um trabalho também é outro exemplo. Tanto o dinheiro quanto a
medalha são reforços secundários porque se associam a reforços primários. A
medalha, que a princípio é só um pedaço de metal, pode ser associado a
12

reconhecimento e respeito no meio militar, da mesma forma o dinheiro, que é


só um pedaço de papel, se associa a um reforço primário de modo que gere
recompensas físicas, como bem estar.
13

2 PTM – PROGRAMA DE TREINAMENTO MILITAR

A formação doutrinária do Cadete da Aeronáutica na Academia da Força


Aérea é dividida em dois momentos: Programa de Treinamento Militar (PTM) e
Programa de Treinamento de Liderança (PTL). Cada um desses programas
são aplicados ao longo dos 4 anos de formação do Cadete, sendo o PTM no
primeiro e segundo anos, e o PTL no terceiro e quarto anos.

O PTM tem por objetivo introduzir a doutrina militar básica ao Cadete


que vem do meio civil, e reforçá-la para o Cadete que vem da EPCAr (Escola
Preparatória de Cadetes do Ar), já que este a aprende lá.

Esse programa tem a seguinte definição dada por sua Portaria:

“O PTM é a parcela da formação militar que estimula o


desenvolvimento da autodisciplina, a compreensão de
autoridade e hierarquia, o sentimento de camaradagem
e cria fortes laços de dever e lealdade para com a
instituição e o país.
Durante este programa, o cadete é constantemente
exigido nos aspectos de coragem, tenacidade e
entusiasmo, podendo desenvolver vocação acentuada
para que venha a obter sucesso.” (Programa de
Formação Militar, 2012, pág. 4)

Na AFA (Academia da Força Aérea) existe uma cadeia de liderança


chamada CLC (Cadeia de Liderança dos Cadetes), composta por cadetes do
quarto e do terceiro Esquadrões. O Primeiro Esquadrão possui um Líder de
Esquadrão, responsável por este de um modo geral, seis Líderes de
Esquadrilha (um Esquadrão na AFA é dividido em Esquadrilhas e, no caso do
Primeiro Esquadrão, são seis. Cada Líder de Esquadrilha é responsável por
uma delas) e diversos Líderes de Elemento, que são responsáveis por um
grupo pequeno de cadetes, geralmente de três a quatro. Esses cadetes da
CLC são os responsáveis por passar a doutrina preconizada e também por
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aplicar os meios necessários para que essa doutrina se arraigue no primeiro


ano.

Para o primeiro ano, a melhor maneira de se enraizar rapidamente os


conceitos básicos da doutrina poderia ser através do Behaviorismo, como já foi
dito, e é essa CLC que deve aplicar as técnicas do Behaviorismo para
conseguir esse objetivo.

Segundo o manual do PTM (2009), do cadete que entra no primeiro ano


é exigido nos seguintes quesitos: autodisciplina; compreensão da autoridade e
hierarquia; sentimento de camaradagem; criar laços de dever e lealdade com a
instituição e com a pátria; mostrar tenacidade, coragem e entusiasmo;
sobreaviso mental; resistência física; estabilidade emocional; pontualidade;
apresentação pessoal e conduta moral.

Todos esses quesitos acima descritos são, na verdade, respostas que


são esperadas dos cadetes do primeiro ano, são comportamentos
considerados adequados aos cadetes do CCAer, pode-se compará-los
grosseiramente com comportamentos condicionados e automáticos dos
animais, como a salivação do cachorro, o sapateado do urso, o apertar da
alavanca pelo animal faminto, e, assim como esses animais, é possível que a
maioria dos cadetes não tragam consigo essas atitudes, que precisam ser
aprendidas através do condicionamento. Objetiva-se que elas se tornem
automáticas ou espontâneas, algo como um reflexo condicionado. Para isso, é
possível contar com a aplicação de estímulos ou reforços (negativos ou
positivos, primários ou secundários) para que esse objetivo seja atingido.

Serão descritos agora algumas das respostas mais importantes ou


comportamentos considerados adequados ao meio militar. Os estímulos e
reforços que podem ser utilizados no processo de aprendizagem desses
comportamentos serão descritos posteriormente:

-Autodisciplina: o cadete deve ser capaz de controlar seus impulsos, vontades


e desejos. O treinamento que se utiliza para que o cadete apresente este
comportamento é fazê-lo ficar em forma, sem mover-se. Poderá fazê-lo apenas
15

quando autorizado. Nesse momento, o cadete obviamente sentirá o impulso de


mexer-se, de coçar-se eventualmente, de olhar para o lado, de conversar com
quem está à sua volta, porém não poderá fazer nada disso, pois sabe que se o
fizer, receberá um reforço negativo. Dessa maneira, pode-se condicionar o
comportamento do cadete para que ele apresente a autodisciplina
(comportamento desejado no meio militar).

-Compreensão da autoridade e hierarquia: a fim de fazer com que o novo


cadete observe que ele está inserido em uma instituição que preza em demasia
pela hierarquia, exige-se que toda vez que ele for falar com um cadete mais
antigo, realize sua apresentação dizendo o posto e nome de guerra, exige-se
que, ao passar por um oficial, preste continência, (da mesma forma, deverá
responder a continência prestada a ele por um sargento, por exemplo) e exige-
se que ofereça um simples lugar na fila para militar mais antigo. Para enfatizar
esse comportamento de respeito à hierarquia, o primeiro ano é sempre o
primeiro a entrar e o último a sair de forma em qualquer formatura do CCAer, e
se os cadetes não observam a hierarquia, podem receber reforços negativos.

-Mostrar tenacidade, entusiasmo e coragem: exige-se a tenacidade do novo


cadete basicamente em três momentos de sua vida no primeiro ano, a primeira
é durante o EAD (Estágio de Adaptação Disciplinar), depois durante a instrução
de salto de emergência ministrada pela tropa do PARA-SAR e também no
EXEC (Exercício de Campanha), instrução na qual são ensinadas aos cadetes
as noções básicas de combate, campanha militar, montagem de acampamento
etc. Além dessas três atividades básicas, a tenacidade do cadete, juntamente
com a resistência física também é exigida quando das aplicações dos reforços
negativos, que geralmente são primários, atingem organismo e que serão
comentadas posteriormente. Outra qualidade desejada no início da formação
do futuro oficial da FAB é a coragem, que pode ser condicionada através da
instrução de salto de emergência, visto que o cadete é colocado para saltar de
um avião em pleno voo, e do EXEC, no qual o cadete passa por pistas de
corda, pistas de obstáculo, desce em rapel, atravessa cursos d‟água etc.
Durante os deslocamentos em forma, os cadetes devem entoar as canções
clássicas e históricas da Força Aérea, e em tom alto. Dessa forma, exige-se um
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comportamento entusiasmado do cadete. Este também é cobrado na


apresentação individual anteriormente citada, no sentido de que esse cadete se
apresente alto e em bom tom, o que denotaria orgulho da posição em que se
encontra e disposição para a execução das tarefas.

-Sobreaviso mental: os cadetes podem ser acionados, a qualquer hora da


noite, a fim de aprimorar a prontidão mental do futuro combatente.
Posteriormente, pode-se verificar que essa medida pode servir não apenas
como estímulo para a prontidão mental, mas também como reforço, tanto
positivo como negativo.

-Estabilidade emocional: é exigido do cadete que ele saiba controlar seus


sentimentos e emoções. Quando o cadete é solicitado a prestar satisfações
sobre alguma falta cometida, não se aceitam justificativas e espera-se que o
cadete ouça calado, e também não demonstre sentimentos negativos, como
uma possível raiva pelo fato de estar sendo punido por determinada ação. O
cadete, estando no primeiro ano, simplesmente deve entender que aquilo é
errado e corrigir-se.

-Pontualidade: durante sua rotina, existem várias atividades que exigem que o
cadete seja pontual. Isso varia dentre as várias entradas em forma inseridas na
rotina do cadete, as aulas na DE (Divisão de Ensino), o horário de tirar seu
quarto de hora no serviço, ou até mesmo quando é solicitado por um oficial que
esteja em sua sala em determinado horário.

-Apresentação Pessoal: revistas de uniforme, cabelo, barba, arrumação de


armário são rotina na vida do cadete, no intuito de fazê-lo entender que deve
ter zelo e orgulho com seu uniforme, não devendo andar de maneira
desleixada, e que organização é importante.

Tudo o que foi dito até agora pode ser estudado de acordo com o
Behaviorismo, pois está no campo dos estímulos e respostas. Espera-se que o
cadete neste estágio inicial do processo de formação, desenvolva as respostas
ou comportamentos supracitados rapidamente. O condicionamento do
comportamento de um grupo tão grande como o do 1º Esquadrão, em pouco
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tempo, torna-se possível através da aplicação de reforços positivos e


negativos.

Mas e se algum cadete vier demorar a apresentar tais características


desejadas? E se não vier a apresentá-las? Ou pior, e se vier a demonstrar o
oposto do que se deseja? É esperado do militar um comportamento padrão e
esse comportamento deve ser atingido no primeiro ano de formação. E esse
padrão está previsto em lei:

“A hierarquia e a disciplina são a base institucional


das Forças Armadas. A autoridade e a
responsabilidade crescem com o grau hierárquico.”
(Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, Estatuto
dos militares, Art, 11)

Caso os cadetes não consigam seguir o comportamento padronizado,


ou não consigam desenvolver o comportamento condicionado, considerado
adequado aos militares no mesmo ritmo que os demais, o esperado é que
receba reforços negativos típicos do Behaviorismo, e que também são
específicos da vida militar e, alguns deles, específicos da vida na AFA e que
são descritos a seguir.
18

3 PTM E BEHAVIORISMO

Quando o cadete chega à AFA pela primeira vez, ele é inserido no EAD.
Logo é então submetido às formaturas longas nas quais, como já foi dito, deve
ficar imóvel, a fim de desenvolver a autodisciplina. Se vier a se mover, seja por
qualquer motivo, o cadete (que durante o EAD é chamado de estagiário, pois
ainda não possui a platina de cadete), recebe ordens de fazer flexões de braço,
ou de permanecer na posição de flexão de braço por um longo período, pois
seu comportamento inadequado é seguido de um reforço negativo primário -
físico. Como variante deste, temos a posição invertida de flexão de braço
(chamada de “caminha”), pode-se utilizar também uma posição em que o
estagiário fique em pé, com os braços esticados na horizontal por um período
longo. Entende por reforço negativo primário, aqui, a repetição de exercícios
físicos ou a contração isométrica de músculos, e não agressão física. O
objetivo é que o estagiário também desenvolva sua resistência física, que é
importante para o militar, porque em campo ele deve ser resistente para
combater. Não pode demonstrar fraqueza.

A constância de revista de uniforme para o estagiário é muito alta. Caso


eles estejam com o uniforme fora do alinho previsto, deliberadamente ou não,
pode ser aplicado o que se chama de “pré alvorada”, reforço negativo que
prevê que o estagiário deve se apresentar mais cedo do que o normal para as
atividades de rotina diária (o estagiário deve se apresentar 05:30h para início
da rotina. Pode se colocá-lo para se apresentar as 05:00h, por exemplo), então
desse modo o estagiário terá menos tempo para descanso e para arrumar suas
coisas após a liberação das atividades. Através da aplicação desse reforço
negativo, o cadete conseguiria desenvolver também senso de organização e
resistência física, pois terá que aprender a conviver com o cansaço no
exercício da profissão militar.

O senso de camaradagem também pode ser condicionado através da


aplicação do reforço negativo, da seguinte maneira: se um estagiário comete
um erro, todo o grupo deve “pagar” por aquele erro. Num primeiro momento o
estagiário que não cometeu erro algum não entende o porquê disso, entretanto,
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depois de receber novamente o mesmo reforço negativo, pode perceber que


superar a falta de camaradagem serve para que ele cuide para que seus
companheiros também não errem, ou seja, pode-se criar a preocupação com
os companheiros, ou o espírito de corpo, onde ele é inspirado a observar e
levar os companheiros para o caminho certo.

Os acionamentos de madrugada, que objetivam criar o sobreaviso


mental no cadete também podem ser usados como reforço negativo de uma
maneira generalizada quando, por exemplo, todo o grupo erra, ao apresentar
um comportamento indesejado ou inadequado, ou então um erro individual é
cometido por um número grande de pessoas ou, ainda, quando o erro de
apenas um é grave ou muito notável. Nesse caso, o acionamento também
envolve a estafa física, um reforço primário, pois além de atingirem diretamente
o organismo dos cadetes, também interfere no horário de descanso do
estagiário ou do cadete.

No meio de tantos reforços negativos utilizados na iniciação da vida


militar do primeiro ano, dois importantes conceitos do Behaviorismo merecem
ser descritos aqui: a esquiva e a fuga.

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1999, pág, 51), a esquiva é um


processo que está associado a dois estímulos aversivos, entretanto o fato de
os dois estarem separados por um intervalo de tempo apreciável faz com que o
indivíduo possa tomar medidas (comportamento desejado) para amenizar o
segundo estímulo ou evitá-lo.

Por exemplo, quando ouvimos o chiado dos fogos de artifício, temos o


reflexo de levar a mão aos ouvidos a fim de amenizar o barulho do estampido
que ele provoca. O primeiro estímulo é o chiado dos fogos. O segundo é o
barulho que ele causa. O comportamento é de levar a mão ao ouvido para
amenizar ou evitar ouvir o segundo estímulo.

Na fuga, a diferença é bem sutil. Não existe esse primeiro estímulo


descrito no processo de esquiva que faz com que apareça o comportamento
que evita o segundo. O comportamento que termina com o estímulo
20

considerado ruim é apresentado após o estímulo já ter sido iniciado, ou seja,


não há como evitar, e sim apenas cessar.

Por exemplo, quando se está em um quarto escuro prestes a dormir, as


pupilas se dilatam devido à ausência de luz. Se alguém chega e acende a luz
sobre os olhos do indivíduo, este imediatamente tem o reflexo de tapar os
olhos com as mãos para evitar a claridade excessiva. O estímulo aversivo é a
luz forte sobre os olhos e o comportamento é de tapar os olhos, iniciado depois
que a luz foi acendida.

No caso da esquiva, há um estímulo condicionado que dá a


oportunidade de se evitar o segundo estímulo através de um comportamento
de esquiva. No caso da fuga, só há um estímulo aversivo, que quando é
aplicado, gera um comportamento de fuga, portanto, o indivíduo não o evita, e
sim foge dele após este ter sido iniciado.

Tendo em vista esses dois conceitos behavioristas, observa-se que no


primeiro ano, os estagiários e cadetes basicamente agem a fim de evitar os
reforços negativos que lhes são apresentados ao longo do curso, seja pelo
processo de fuga ou pelo processo de esquiva.

Quando a revista de uniforme vira uma rotina na vida do cadete, ela


pode passar a ser considerada um estímulo condicionado. O cadete que não
deixar seu uniforme no devido alinho sabe que poderá receber algum dos
reforços negativos acima apresentados como segundo estímulo, então ele
apresenta um comportamento de esquiva que evita um possível segundo
estímulo, ou seja, ele arruma o uniforme.

É de costume que se cobre uma rápida entrada em forma dos cadetes


no CCAer, assim, quando estes estão no primeiro ano, o Líder de Esquadrão
comanda várias vezes a entrada em forma para que esse comportamento,
considerado adequado aos estagiários, aos poucos e com treinamento, se
torne rápido. Os cadetes sabem que se não entrarem em forma rapidamente,
como reforço negativo, repetirão a entrada exaustivamente, sem parar. Então
pode ser que muitos apresentem um comportamento de fuga, que é o de entrar
21

em forma rápido, para que cessem as sucessivas entradas em forma, que


foram ordenadas como reforço negativo à demora e lentidão inadequada ao
comportamento do militar no início da formação.

O reforço negativo por si só, no começo, gera excelente resultados,


porém quando utilizado por sucessivas e diversas vezes podem gerar um
sentimento de medo e futuramente gerar a desmotivação em se fazer o que é
cobrado apenas na frente dos superiores, e esse não é o objetivo da
instituição. Portanto, os reforços negativos são utilizados juntamente com os
reforços positivos, que visam também ao condicionamento do comportamento
adequado e também auxiliam para prevenir a desmotivação. Esses reforços
positivos serão descritos a seguir.

A mudança brusca de rotina após o evento de entrega de platinas para


os novos cadetes (evento este que marca o término do EAD) juntamente com a
entrega propriamente dita das platinas pode ser considerado como o maior
reforço positivo que o estagiário pode receber, pois marca sua transição de
estagiário para Cadete da Aeronáutica.

O novo cadete passa a não mais ter a constante vigilância dos cadetes
adaptadores do terceiro ano (que durante o estágio, fica na proporção de 5
estagiários para 1 cadete adaptador) que observam tudo que o estagiário faz e
aplicam reforços negativos quando aqueles apresentam comportamentos
indesejados ou inadequados ao meio militar, assim, o horário dos eventos de
rotina deixa de ser tão apertado, o estagiário já não tem mais a obrigação de ir
correndo para todos os lugares que precisa ir, a quantidade de reforços
negativos que envolvem desconfortos físicos diminuem consideravelmente
também.

Deve ser ressaltado ainda que o sentimento de conquista gerado pelo


recebimento da platina pode ser considerado como um importante reforço
positivo, pois pode aumentar o bem estar, a satisfação com a profissão
escolhida e ainda representar um fortalecimento na autoestima. Um simples
objeto para o olhar dos civis, que, antes de sua entrada na AFA, o estagiário
nem tinha noção do que era aquilo, passa a receber um valor muito forte ao
22

longo do EAD, pois todo o esforço e empenho desprendido nessa atividade têm
como objetivo final o seu recebimento. Isso se compara com o recebimento de
medalhas e méritos criados com o objetivo de que o combatente mostre
bravura no campo de batalha, reforços positivos secundários. Se o militar
mostra-se prestativo, bravo e corajoso no campo de batalha, fará jus a uma
medalha, então o militar valoriza-a e se empenha em correr atrás dos requisitos
para recebê-la. O simples abraço de parentes na cerimônia de entrega de
platinas ou um “parabéns” dos cadetes adaptadores funciona como um reforço
positivo.

Da mesma forma que a entrega das platinas pode representar um super


reforço positivo no começo do curso, no mês de julho há outra cerimônia
bastante significativa – a entrega dos espadins de cadete da aeronáutica,
símbolo do mesmo. A conquista do espadim representaria o reforço positivo
máximo, conquistado graças ao empenho mostrado ao longo de 5 meses.

A concessão de 2 minutos a mais para cada entrada em forma da rotina,


dada para o caso de o Esquadrão, de um modo geral, mostrar-se dentro dos
padrões de pontualidade esperados, é significativo para o cadete como um
reforço positivo primário, pois envolve o descanso do organismo. Dentro da
rotina apertada de cadete do primeiro ano (que não é tão apertada quanto a de
estagiário), 2 minutos é um tempo significativo, uma verdadeira recompensa!

Durante os fins de semana, período em que geralmente não há rotina


para os cadetes de todos os Esquadrões, fica autorizado a utilização do abrigo,
ou seja, um uniforme mais confortável e fácil de manusear. Excetua-se dessa
concessão o primeiro ano. Este deverá utilizar o 7º uniforme do RUMAer
(Regulamento de Uniformes da Aeronáutica) até que o padrão de apresentação
pessoal do primeiro ano atinja o patamar desejado. Esse é um uniforme para o
qual deve ser dada muita atenção porque deve sempre estar limpo, bem
passado, com vincos bem feitos.

O uso, portanto, dos reforços positivos juntamente com os negativos é


muito presente (e necessário) na vida de iniciação do primeiro ano. Entende-
se, então, que o Behaviorismo é a melhor forma de se obter os resultados (que
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acima foram associados ao conceito de resposta dessa teoria da psicologia)


que a instituição deseja.

Porém, o Behaviorismo apenas faz com que as respostas automáticas


apareçam. O indivíduo apenas age para evitar reforços negativos (através da
esquiva ou da fuga) ou para conseguir os reforços positivos. Essa teoria não
faz com que haja o entendimento dos conceitos, a compreensão dos princípios
que originaram as regras e normas militares e isso é necessário para o bom
desempenho da profissão militar.

Todos esses atributos que o cadete precisa ter, e que foram chamados
de respostas ou comportamentos condicionados, precisam ser entendidos,
porque, futuramente, quando esses cadetes chegarem ao quarto ano, são eles
que deverão passar adiante todos esses conceitos àqueles que chegam.

A teoria da psicologia que trata desse aspecto de entendimento do


mundo em que se está envolvido é a Gestalt, ou Psicologia da Forma, que será
descrita no próximo capítulo.
24

4 TEORIA DA GESTALT

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1999), a teoria psicológica da Gestalt


analisa a maneira pela qual o indivíduo percebe o meio em que está inserido,
ou seja, a percepção, diferente do Behaviorismo, que é mais objetivo e pontual,
pois se preocupa apenas com a relação estímulo-resposta, e exclui as
variáveis da consciência, pois não as consegue controlar. A longo prazo,
controlar todos os estímulos externos torna-se impraticável pois, como
defendem os gestaltistas, entre o estímulo do meio e a resposta do indivíduo
está o processo de percepção. De acordo com Aranha e Martins (2003), a
Gestalt surgiu como uma tentativa de oposição à “psicologia positivista”, ou à
relação mecânica proposta pelo Behaviorismo, de um estímulo com uma
resposta. Para os gestaltistas, o todo ou o conjunto que é percebido pelos
seres humanos é sempre maior do que as soma das partes. Diferentemente
dos behavioristas que se concentravam nas partes (estímulos e respostas), os
representantes da Gestalt defendiam a ideia de que a percepção é voltada
inicialmente para o todo, ou para o conjunto, e somente depois é que se
percebem os detalhes ou partes que formam uma configuração que pode ser
sobre uma pessoa, uma situação, um objeto, ou ainda, um problema.

Os animais poderiam ser estudados de acordo com a relação mecânica


entre estímulos e respostas, porém, para os gestaltistas, a grande diferença
entre os animais e o ser humano é a consciência, que se desenvolve através
do processo de percepção. Como foi dito, o Behaviorismo funciona muito bem,
especialmente com crianças e com pessoas ou grupos de pessoas que querem
ou precisam ser condicionadas a curto prazo. Porém, quando se tem um ser
humano envolvido, com o tempo aparecerão os questionamentos, os “por
quê?”, para que todo esse sistema faça sentido na cabeça do indivíduo, pois,
como defende a Gestalt, o indivíduo busca a boa forma, o insight ou o
entendimento do todo, busca a compreensão do porquê deve se comportar
dessa ou daquela maneira e não se conforma apenas em seguir reproduzindo
padrões de comportamentos.
25

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1999), a história da Gestalt tem início


quando cientistas como Max Wertheimer (1880-1943), Wolfang Köhler (1887-
1967) e Kurt Koffka (1886-1941) se interessam em entender quais processos
psicológicos então envolvidos nas ilusões de ótica.

Fonte: Bock, Furtado e Teixeira, 1999, p. 61

Conforme o exemplo apresentado por Bock, Furtado e Teixeira (1999) a


figura acima composta por quatro pontos é percebida como um quadrado, e
não como uma figura inclinada.

Fonte: Bock, Furtado e Teixeira, 1999, p. 61

Se o quadrado for girado 45º e sobreposto sobre si mesmo, vê-se um


círculo, e não dois quadrados.

Fonte: Bock, Furtado e Teixeira, 1999, p. 61

Ou seja, de acordo Bock, Furtado e Teixeira (1999), apesar de se ver


quatro pontos na primeira figura, e oito na segunda, a tendência é que se
enxergue um quadrado e um círculo respectivamente, porque o ser humano
busca a boa forma nas coisas – ou busca a solução de um problema através
da compreensão súbita ou insight, que alguns autores como Bock denominam
“boa forma”. A maneira como se percebe o estímulo irá definir o
comportamento do indivíduo. Caso o ambiente seja entendido de uma maneira
26

diferente da sua realidade, isso levará o indivíduo a ter um comportamento


completamente fora do esperado, e isso acontece quando não se obtém a boa
forma.

Fonte: Psicologia Desenvolvimento. Disponível em http://psicologia-fadeup-


jpgf.webnode.com.pt/principais-correntes-da-psicologia-objectos-e-metodos/gestaltismo/
acessado em 04/09/2013.

Essa figura é clássica nos estudos sobre a Gestalt e exemplifica o que


acontece quando não se consegue alcançar a boa forma. É possível ver uma
senhora de idade ou uma jovem com uma touca olhando para trás, mas não é
possível ver as duas figuras ao mesmo tempo, isso vai depender da percepção
de quem olha. Quanto mais clara e simples for a figura (ou o ambiente), mais
fácil fica obter a boa forma.

O “ambiente”, ou “meio ambiental”, para a Gestalt, é o conjunto de


estímulos que irão determinar o comportamento. Ele se divide em dois: “meio
geográfico” e “meio comportamental”.

Segundo Bock, Furtado e Teixeira, O meio geográfico é o local onde o


está o indivíduo, o espaço físico propriamente dito, enquanto o meio
comportamental é o resultado da interação entre o indivíduo e o meio
geográfico (é a interpretação que a mente dá ao meio geográfico, que pode ser
correta – se for obtida a boa forma – ou pode ser errônea – se a boa forma não
for alcançada)

Uma criança cresce num bairro violento, onde há constantes assaltos e


assassinatos, onde ela apanha dos colegas na rua e chega em casa e encontra
um pai bêbado e violento. Essa criança muito provavelmente irá se tornar
27

violenta também, pois essa é a interpretação do meio geográfico (que no caso


é o bairro violento) que foi gerado na consciência dela. Ser violenta será o meio
comportamental da criança.

Bock, Furtado e Teixeira (1999) dão um bom exemplo de uma situação


na qual a boa forma não é encontrada:

“Quantas vezes já nos aconteceu de cumprimentarmos


a distância uma pessoa conhecida e, ao chegarmos
mais perto, depararmos com um atônito desconhecido.
Um „erro‟ de percepção nos levou ao comportamento
de cumprimentar o desconhecido. Ora, ocorre que, no
momento em que confundimos a pessoa, estávamos
„de fato‟ cumprimentando nosso amigo” (1999, pág. 62)

Ver a pessoa desconhecida deveria ter sido o fato percebido, entretanto,


devido ao meio geográfico em que o indivíduo se encontrava no momento (um
pátio de entrada muito movimentado de um banco e a semelhança entre as
duas pessoas, por exemplo) ele confundiu o estranho com uma pessoa
conhecida e o cumprimentou. A boa forma nessa situação não foi encontrada e
isso levou a um comportamento diferente do esperado. A mente do indivíduo
fez um esforço para interpretar a situação e esse esforço o fez ver a figura de
um amigo num total desconhecido. Esse Esforço se chama campo psicológico.
O campo psicológico busca a melhor forma possível nas situações em que não
estão muito estruturadas.

Nem sempre situações irão apresentar-se tão simples de modo que o


campo psicológico irá facilmente encontrar a boa forma. Isso, segundo a
Gestalt, dificulta o processo de aprendizagem. Às vezes, o indivíduo depara-se
com uma situação em que o entendimento demora a vir, mas de repente, vem.
Isso se chama “insight”. O insight é o conceito de entendimento imediato,
quando as coisas, de uma hora pra outra, passam a fazer sentido.

No exemplo do sujeito desconhecido, no momento em que o indivíduo


chega perto da pessoa que cumprimentou, percebe imediatamente que
28

cumprimentou um desconhecido que se parecia com um amigo. Naquele


momento, o indivíduo teve o insight de que não conhecia aquela pessoa.
29

5 PTM E GESTALT

Após o condicionamento inicial, vivenciado no PTM, onde aprende-se


rapidamente a reproduzir os valores, regras e atitudes voltados à vida militar,
no 2º ano, através da Gestalt, espera-se que todas as atribuições dos cadetes
possam ser entendidas e apresentadas pelos mesmos, através do
desenvolvimento de uma consciência voltada para a compreensão sobre o
porquê das características da profissão militar. Essa fase de compreensão, em
substituição ao condicionamento, poderia se iniciar no segundo ano, pois o
cadete já está inserido na vida militar, especificamente, na rotina do CCAer e já
as conhece.

Na teoria, ele já teria condições de fazer suas críticas (internamente) e


buscar entender os “por quê?” que começaram a aparecer na sua mente.
Certamente que esse cadete não irá questionar nenhum desses conceitos a
algum militar mais antigo, pois ele aprendeu a não questionar, a não ponderar
no 1º ano, a fim de que seu condicionamento fosse o mais rápido e intenso
possível. Se o fizer, algo no processo de aprendizagem desse cadete, nos
padrões do Behaviorismo, deu errado. Mas, como foi dito, a inquietação e a
busca de respostas é um processo que acontece internamente, e os
responsáveis pelo processo de formação, ou os mais antigos, precisam prever
a busca de respostas para as dúvidas e, se possível, estarem preparados para,
através de muita conversa, buscar as respostas que eles fazem e ampliar o
conhecimento e a experiência que possuem sobre a vida militar para que eles
cheguem à “boa forma”, à compreensão do porquê das coisas serem assim na
Academia.

Como foi dito, a interação do indivíduo com o meio geográfico ditará seu
meio comportamental. Na AFA, o meio geográfico em que o cadete está
inserido é o CCAer. O meio comportamental que se busca engloba as
características que o PTM determina para o cadete: autodisciplina;
compreensão da autoridade e hierarquia; sentimento de camaradagem; criar
30

laços de dever e lealdade com a instituição e com a pátria; mostrar tenacidade,


coragem e entusiasmo; sobreaviso mental; resistência física; estabilidade
emocional; pontualidade; apresentação pessoal e conduta moral.

No começo do segundo ano, o cadete já possuiria essas características,


porém não as tem amadurecidas no seu âmago, pois pode não ter atingido a
boa forma para interpretá-las. Claro que existem níveis diferentes de
aprendizagem dependendo da capacidade de cada cadete e alguns
conseguem obter a boa forma já no primeiro ano de Academia. Mas o objetivo
do sistema é que todos alcancem a boa forma, e eles vão conseguir isso
através do seu campo psicológico.

Segundo os conceitos da Gestalt, o campo psicológico busca a forma


mais simples de obter a boa forma, a compreensão ou solução de um
problema, através da vivência ou do diálogo, no qual é preciso ampliar a
percepção das pessoas em relação àquilo que se pretende solucionar ou
compreender. Então o trabalho feito no segundo ano seria o de simplificar ao
máximo todos esses conceitos para o cadete, utilizando-se, para tanto, a
ferramenta básica do diálogo, em que se esclareceriam as questões que ele
tinha vontade de fazer no 1º ano e não fez. O diálogo, juntamente com o
estudo, a conversa, as interações e as experiências, constituem ferramentas
básicas para quem pretende obter a boa forma, solucionar um problema, obter
um insight sobre uma situação ou pessoa.

Para exemplificar, o conceito de não questionamento tão enfatizado e


cobrado no 1º ano, agora poderia ser explicado no sentido de que nem sempre
o militar mais moderno terá todas as informações para entender a ordem dada,
e que nem sempre o militar mais antigo que deu a ordem terá tempo hábil de
explicar toda a situação. Nesse caso, se houvesse questionamento do mais
moderno, se comprometeria o cumprimento da missão; a compreensão da
autoridade e hierarquia no sentido de que uma instituição onde a anarquia
impera nunca irá a frente, ou que existem níveis de responsabilidade na
carreira militar e que cada um tem sua missão a ser cumprida dentro dessa
responsabilidade; o sentimento de camaradagem no sentido de que o trabalho
em equipe é sempre maior que o individual, dentro do conceito de sinergia; a
31

pontualidade no sentido de que, no cumprimento de alguma missão, o militar


se atrase, porá em risco todo o planejamento, ou até mesmo nas atividades
rotineiras. Em uma empresa, por exemplo, nenhum chefe gosta quando vê seu
subordinado chegando atrasado; a organização no sentido de que se for
desorganizado poderá não cumprir um acionamento no tempo devido, ou não
irá conseguir realizar suas funções da melhor maneira possível na Organização
Militar em que serve.

Esses são apenas alguns dos exemplos que podem ser utilizados na
busca da boa forma desses conceitos na consciência do cadete. Nesse
trabalho, deveria ser mais importante a atuação do Líder de Elemento, pois ele
tem um contato muito mais próximo com o militar mais moderno. A chave para
conseguir-se o insight dentro da psicologia da Gestalt é a conversa, o diálogo
em grupo. O Líder de Esquadrão tem seu papel no sentido de dar iniciação ao
processo de discussão desses conceitos. Através da repetição dos debates
pelos Líderes de Esquadrilha e Líderes de Elemento (principalmente desse
último, pois como já foi dito, tem contato mais próximo com o cadete mais
moderno) o insight desses conceitos será atingido.
32

6 PTL (PROGRAMA DE TERINAMENTO DE LIDERANÇA)

E A TEORIA DOS TRAÇOS

Segundo dados do CECOMSAER (Centro de Comunicação Social da


Aeronáutica), a parcela de oficiais (9.279 pessoas) é bem menor que a de
graduados e de soldados (o efetivo total de militares da FAB soma 70.907
pessoas). Na hierarquia os oficiais estão no topo, o que faz necessário que os
oficiais saibam liderar, ou tenham pelo menos noção do que seja liderança,
visto que sua parcela de subordinados é bem grande.

Com esse intuito, foi criado no CCAer o PTL (Programa de Treinamento


de Liderança), que visa exatamente introduzir esses conceitos no cotidiano do
cadete e prepará-lo para o oficialato.

O PTL tem a seguinte definição, dada por sua portaria:

“O Programa de Treinamento de Liderança (PTL) é a


parcela mais avançada da formação militar acadêmica.
É um conjunto de normas que dirige e regulamenta a
conduta e os procedimentos dos cadetes mais antigos,
visando à aplicação do Programa de Treinamento
Militar (PTM) aos cadetes do 1º e do 2º ano e ao
tratamento com os cadetes mais modernos. Durante
este programa, o cadete, por intermédio do exemplo e
dos ensinamentos, vai amadurecer e conhecer suas
capacidades e limitações para controlar e disciplinar a
si mesmo e, com isso, liderar pessoas efetivamente,
baseando-se na dignidade e no respeito. É nesta fase
que o cadete desenvolve sua capacidade de
comunicação, relacionamento humano e os atributos
físicos e morais necessários ao papel de liderança ao
qual está destinado. Utilizará para tal, os conceitos e as
premissas básicas no exercício dos diversos estilos e
aspectos de liderança. O cadete será então
aperfeiçoado, compreendendo sua situação no
contexto da Força Aérea, sabendo que ela necessita e
espera que o seu comportamento seja o de um
33

autêntico líder nos anos vindouros.” (Programa de


Treinamento de Liderança, 2009, pág. 4)

Cecília Whitaker Bergamini, uma das maiores pesquisadoras do campo


da psicologia organizacional do país, defende em seu texto “O Desafio Da
Liderança” (1997) que até hoje não foi possível obter um grupo de assuntos ou
uma pauta padronizada de itens que configure um manual de liderança, pois os
contextos em que a liderança pode ser aplicada são muito grandes e
diversificados.

Entretanto, o CCAer constitui um âmbito fechado, com características


militares próprias e objetivos claros e específicos. Dessa forma, pode ser que
seja mais fácil estabelecer um padrão de liderança para que os objetivos de
formação da AFA sejam alcançados.

Segundo Ana Lúcia Kazan (2010), a Teoria dos Traços é uma teoria
sobre liderança que foi desenvolvida por Stogdill (1904 - 1978) e essa teoria
define a liderança como sendo um conjunto de traços que a pessoa tem e que
a possibilitam de obter sucesso como líder. Ele examinou características
comuns em grandes líderes da humanidade e chegou a uma lista de 34 traços
comuns entre eles. Desses 34 traços, num estudo feito em 1948, Stogdill
chegou a uma lista dos quais seriam mais comuns: inteligência; atenção;
responsabilidade; iniciativa; persistência; autoconfiança; e sociabilidade.

Essa teoria, a princípio, considera essas características como inatas, ou


seja, o líder nasce já com elas. Uma pessoa que não as tem possui baixa ou
nenhuma probabilidade de se tornar um líder.

Kirkpatrick e Locke (1991) afirmam que líderes de verdade são


diferentes das outras pessoas em pelo menos seis aspectos: disposição;
desejo de liderar; honestidade e integridade; autoconfiança; habilidade
cognitiva; e conhecimento do negócio. A importante contribuição que eles dão
à teoria dos traços é que essas características podem sim ser aprendidas.
Northouse (1997) afirma ainda que essa teoria dá àqueles que almejam se
tornar líderes uma lista de qualidades e atitudes para desenvolver.
34

Ao chegar o cadete no PTL, tais características deveriam ser estudadas


e aos poucos postas em prática para que ele já vá aprendendo como é liderar.
Seus conceitos poderiam introduzidos a todos os cadetes do terceiro ano que
estão ingressando nesta fase de liderança.

No contexto de Força Aérea, e fazendo a associação da teoria dos


traços ao PTL, é bom ter iniciativa, pois todos os militares “mais modernos” irão
esperar diretrizes, ordens, regras, e quem dita isso sempre será o “mais
antigo”. Entende-se por militar mais antigo ou mais moderno aquele que se
encontra acima ou abaixo na hierarquia, respectivamente.

A responsabilidade, por conseguinte, será importante no sentido de que


o militar mais antigo deverá arcar com todas as consequências dos seus atos e
diretrizes, seja para o sucesso, seja para o fracasso. A atenção pode ser
dividida em duas vertentes: atenção no que está fazendo e atenção no
liderado. A primeira mostraria que o militar sabe o que está fazendo (e nesse
contexto pode ser incluídos a experiência em campo e o conhecimento das
regras, normas e missão a ser cumprida) e a segunda mostraria ao
subordinado que ele está sendo observado, e não pode ser negligente.

A característica de persistência mostrará que não se deve desistir fácil


do conjunto de atividades que faz e o militar mais moderno verá que a
fiscalização será constante.

A autoconfiança pode levar a que o subordinado perceba e acredite que


o mais antigo sabe o que está fazendo e, consequentemente, pode fazer surgir
o sentimento de confiança nele.

A sociabilidade é importante no sentido de fazer amizade com o militar


mais moderno, sem, contudo, confundir as funções das duas pessoas e por em
xeque a hierarquia.

Disposição e desejo de liderar caminham juntos, pois ninguém gostaria


de seguir aquele que não demonstra vontade em fazer as coisas, que não tem
ânimo no seu dia-a-dia.
35

Honestidade e integridade farão com que o mais moderno veja que


quem o lidera não tem duas atitudes distintas, ou como se diz na linguagem
popular, duas caras.

Dada a devida importância de cada uma dessas características no


ambiente militar, não resta dúvidas que elas são necessárias para o bom
cumprimento da missão pelo futuro oficial. Claro que se ele não tiver algumas
dessas características que envolvem a confiança e conquista da simpatia do
subordinado e, mesmo assim, mandar o subordinado fazer, este fará, afinal de
contas, o “militarismo”, entendido aqui como as atitudes e valores adequados
ao meio militar, é montado sob a disciplina e hierarquia. Mas desenvolver
essas características pode inspirar no subordinado aquilo que a patente por si
só não traz, que é o respeito. Segundo Cecília Whitaker Bergamini:

“Quando cada membro de um grupo percebe seu líder


de maneira positiva, haverá uma tendência natural em
devolver ao líder seu reconhecimento e aceitação como
forma de lhe conferir a autoridade da qual necessita
para desempenhar seu papel de dirigir pessoas” (1997,
pág. 323)

Bergamini defende também que uma pessoa aprende a ser líder com
experiência e prática, conhecendo seus liderados e aprendendo com seus
próprios erros. Eis a grande importância do trabalho dos Líderes de Elemento.
É nele o começo de tudo. É onde o cadete começa a ter contato maior com o
mais moderno, passando ensinamentos sobre o PTM (que ele conhece bem,
pois acabou de sair dele. E o que prova mais uma vez a necessidade de
conhecimento do negócio) e aprendendo também a ser líder.

Observa-se que todos os cadetes participam efetivamente do PTM, mas


não são todos que participam do PTL. Apenas uma parcela da turma, ao
chegar no terceiro ano, consegue ser Líder de Elemento e treinar sua
liderança.

Na verdade, todos os cadetes que chegam ao terceiro ano deveriam ser


Líderes de Elemento, seja alternando ao longo do ano, ou então colocando
36

menos liderados para cada cadete a fim de que todos sejam e tenham a
mesma oportunidade de desenvolver sua liderança

Bergamini também mostra em seu texto que nenhuma teoria psicológica


consegue mudar profundamente a personalidade de uma pessoa. Consegue
sim, mudar superficialmente, desde que o queiram. Logo, é importante mostrar
no terceiro ano a importância de ser líder, em se treinar para isso, em querer
ser líder e aprendê-lo.

Por fim, fechando as citações à Bergamini, ela afirma que “as


organizações podem ter líderes eficazes, desde que escolham adequadamente
o estilo de liderança, em função do grupo e da tarefa”.
37

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a pesquisa bibliográfica e as observações empreendidas


neste estudo, seria possível apontar aqui a sugestão de que, se possível, ao
longo do terceiro ano, observarem-se na turma quais são os estilos de
liderança que cada cadete apresenta a fim de alocar aqueles que mais se
destacam positivamente para ocupar, quando no 4º ano, a vaga da liderança
no 1º, 2º e 3º esquadrões, dependendo, logicamente, do estilo de liderança (do
autocrático ao democrático) desenvolvido pelo cadete.

Se o cadete entender os princípios que originaram as regras, valores e


comportamentos cultivados na Academia, depois de ser inicialmente
condicionado para aprender rapidamente os comportamentos adequados, mas
ao longo do 2º e do 3º anos, compreenderem o porquê ou a necessidade de
tais atitudes na vida do futuro oficial, nada mais precisaria ser ensinado, no
âmbito da doutrina militar, ao 4º ano. Tudo que ele precisa saber sobre PTM
ele já sabe (pois já passou pelo programa e foi devidamente condicionado) e
espera-se que ele desenvolva a consciência sobre as características de sua
profissão no 2º ano, e tudo que ele precisa saber sobre liderança deverá ter
aprendido no 3º ano. No 4º ano, ele deverá coordenar a doutrina de
Behaviorismo para 1º ano, a de Gestalt para 2º, e as teorias de liderança para
o 3º, dentro de cada estilo desenvolvido no seu 3º ano na Academia, e
continuar treinando e desenvolvendo sua liderança ao longo do 4º ano através
do treinamento e da prática.
38

REFERÊNCIAS

BERGAMINI, Cecília Whitaker; CODE, Roberto. Psicodinâmica da vida


organizacional: motivação e liderança. “O desafio da liderança”. São Paulo: Ed.
Atlas, 2ª edição, 1997.

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes


Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Ed.
Saraiva, 13ª edição, 1999.

BRASIL. LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980. Estatuto dos Militares.


Congresso Nacional, 1980.

BRASIL. PORTARIA Nº 122 / CMDO, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2011. Manual


do Cadete da Aeronáutica. Academia da Força Aérea, 2012.

BRASIL. PORTARIA Nº 154 / CMDO, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2009.


Programa de Treinamento de Liderança do CCAer. Academia da Força Aérea,
2009

BRASIL. PORTARIA Nº 155 / CMDO, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009.


Programa de Treinamento Militar do CCAer. Academia da Força Aérea, 2009.

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