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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

CURSO DE PSICOLOGIA

BEATRIZ PAIXÃO MARIANO SABINO


BERNARDO DE ATHAYDE ALVES
TAMIRES CRISTINA DE SOUZA

COMO ENTENDER A APRENDIZAGEM ESCOLAR A PARTIR DA


NEUROCIÊNCIA

Ribeirão Preto
2023
BEATRIZ PAIXÃO MARIANO SABINO
BERNARDO DE ATHAYDE ALVES
TAMIRES CRISTINA DE SOUZA

COMO ENTENDER A APRENDIZAGEM ESCOLAR A PARTIR DA


NEUROCIÊNCIA

Trabalho de conclusão do curso


de Psicologia do Centro
Universitário Barão de Mauá
para obtenção do título de
Bacharel.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paola
Passareli Carrazzoni

Ribeirão Preto
2023
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencio
nal ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CRB8 9878


BEATRIZ PAIXÃO MARIANO SABINO

BERNARDO DE ATHAYDE ALVES

TAMIRES CRISTINA DE SOUZA

Trabalho de conclusão do curso


de Psicologia do Centro
Universitário Barão de Mauá
para obtenção do título de
Bacharel.

Data de aprovação: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof.Paola Passareli Carrazzoni
Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto

__________________________________________
EXAMINADOR 2

__________________________________________
EXAMINADOR 3
Ribeirão Preto
2023
AGRADECIMENTOS
“Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensina
da. É melhor ensiná-la da maneira que ela pode aprender”
(Welchmam)

RESUMO

Palavras-chave
ABSTRACT

Education and society are linked by cause and effect. Therefore, one is de
pendent upon another. For this and other important issues is that human be
ings are aware of the issue addressed in this work. Taking into consideratio
n the contributions that a switch to the next, the changes taking place in so
ciety and the role of schools in developing these. And they influence our liv
es.
Keywords: education; society; IBGE; Brazil.

.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO

Em uma perspectiva da neurociência, a aprendizagem pode ser


compreendida como resultado da capacidade que o cérebro tem de se modifica
r, de alterar a sua função ou a sua estrutura em resposta às influências ambient
ais que o atingem (LENT, 2015). Neste sentido, a aprendizagem gera alteraçõe
s nos processos cognitivos, e pode afetar as estruturas biológicas tanto quanto
as estruturas biológicas podem afetar os processos cognitivos (STERNBERG,
2008).
A neurociência, uma área do conhecimento que se dedica a compreend
er os mecanismos cerebrais, vem em um processo de evidente evolução ao
longo das últimas décadas. Sob a perspectiva da neurociência, a compreensã
o acerca dos processos neurobiológicos da aprendizagem, em especial a
identificação precoce a respeito de dificuldades associadas a este processo
pode favorecer a implementação de ações por parte de diferentes profissionais
que atuem junto a estas crianças, como psicólogos, pedagogos,
psicopedagogos. Ações estas que podem tanto estar relacionadas à
identificação das dificuldades, mas também envolver estratégias de
intervenção, articulando contribuições da neurociência às práticas
pedagógicas. Neste contexto, o presente estudo propõe-se a realizar uma revis
ão narrativa da literatura na temática “neurociência e aprendizagem”, ampliand
o o conhecimento acerca da literatura nacional sobre o tema.
Considerando a relevância e abrangência do papel da neurociência para
os processos de aprendizagem, em especial para a atuação junto a escolares,
o presente estudo objetivou, além de compreender as contribuições da
neurociência para a aprendizagem, a partir do reconhecimento dos processos n
eurobiológicos relacionados ao processo de aprendizagem, reconhecer a
associação entre as funções cognitivas e a aprendizagem, diferenciar transtorn
os e dificuldades de aprendizagem, além de identificar estratégias que facilitem
o aprendizado do aluno.
Para tanto, utilizou-se neste trabalho como metodologia a revisão narrati
va da literatura, uma metodologia que se constitui da análise da literatura public
ada em livros, artigos de revista impressas e/ou eletrônicas na interpretação e
análise crítica pessoal dos autores pesquisados (ROTHER, 2007), para realizar
um levantamento a respeito da literatura nacional sobre a temática
neurociência e aprendizagem.

2. NEUROCIÊNCIA

Segundo Pantano e Zorzi (2009, p.19), para a neurociência, essas


funções extremamente complexas, como a linguagem e o aprendizado, são
processos cognitivos decorrentes de processos cognitivos primários, como
sensação, percepção, atenção e memória. Tudo começa com a conversão de
estímulos sensoriais em nossos receptores por meio de impulsos elétricos em
um processo chamado transdução. É assim que nos conectamos com o mundo
ao nosso redor, porque as redes internas do nosso cérebro só entendem sinais
elétricos.
Dessa forma, nossa compreensão do mundo é uma reinterpretação do
que é transmitido ao nosso cérebro por meio de estímulos sensoriais. Os
receptores periféricos transmitem impulsos ao cérebro com base em sua
percepção do mundo externo. Esses impulsos devem ser integrados e
reconstruídos em um processo chamado percepção. Essas percepções só
podem ser compreendidas e identificadas por meio de um processo contínuo
de aprendizado de categorização, organização, comparação e integração de
estímulos sensoriais em um único objeto para (PANTANO; ZORZI 2009.
Segundo Pantano e Zorzi (2009, p.19), após o processo sensorial e
perceptivo, a informação processada chega ao nosso sistema límbico,
responsável pela atribuição emocional dos estímulos. É assim que a
informação ganha uma cor emocional.

“Assim, como foi dito anteriormente tanto a linguagem quanto a aprendizagem


têm suas origens nos processos acima explicitados. A linguagem é um sistema
cognitivo que permite ao homem classificar as coisas desse mundo, dar-lhes
uma ordem e tornálos manejáveis” (Pantano; Zorzi, 2009, p.19).

“Já a aprendizagem organiza, integra, dá forma e nome aos estímulos


perceptivos vindos do mundo externo ao mesmo tempo que permite
integrações e elaborações mentais das informações advindas do mundo
externo, permitindo elaborações cada vez mais subjetivas e simbólicas. O
processo de aprendizagem envolve áreas motoras, sensitivas, auditivas,
ópticas, olfativas, vestibulares, térmicas...” (Pantano; Zorzi, 2009, p.19).

Conforme Amthor (2017, p. 387), determinados aprendizados


acontecem durante o desenvolvimento, neste período o desenvolvimento
embrionário e nos primeiros anos de vida, o cérebro humano se desenvolve,
cresce e muda sua organização em grande escala.
A atividade do sistema nervoso, que começa no início do
desenvolvimento, mas persiste ao longo da vida, induz mudanças nos pesos
sinápticos que regulam as mudanças comportamentais. Estímulos do ambiente
externo e fontes internas, como feedback sensorial, desencadeiam essas
mudanças na atividade (AMTHOR, 2017).

3. NEUROCIÊNCIA E SUA INTERFACE COM A APRENDIZAGEM

Segundo Rotta, a aprendizagem do indivíduo se estabelece através das


modificações funcionais do Sistema Nervoso Central (SNC), principalmente nas
áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção e da memória. E
para que o processo de aprendizagem seja realizado efetivamente é preciso
que ocorra da maneira correta as interligações entre as diversas áreas corticais
juntamente com outros níveis do SNC. O autor impõe a importância do avanço
das neurociências para entender as funções corticais superiores envolvidas no
processo de aprendizagem.

“A revolução causada pelas descobertas das neurociências permitiu o avanço dos


estudos sobre a genética do comportamento, incluindo os transtornos da
aprendizagem, ao considerar a natureza biológica do desenvolvimento humano.
Esse avanço é fundamental na medida em que afasta o preconceito e,
consequentemente, o estigma que por muito tempo esteve sobre as pessoas com
esses transtornos, conferindo ainda mais prejuízos” (ROTTA; OHLWEILER;
RIESGO, 2016, p.47).

Conforme Amaral e Guerra (2020, p. 46) “A Neurociência Educacional


pode formar profissionais que sejam capazes de integrar Neurociência,
Psicologia e Educação para mediar o diálogo entre essas áreas”.
A neurociência sustenta princípios que promovem a aprendizagem, dá s
entido a algumas práticas pedagógicas já praticadas e inspira ideias para outra
s intervenções. A neurociência já explorou algumas práticas de sala de aula ba
seadas nesses princípios, e elas possibilitam uma educação baseada em evidê
ncias que mostram que estratégias pedagógicas que consideram o funcioname
nto do cérebro tendem a ser mais eficazes (AMARAL; GUERRA, 2020).
Para (CHUPIL; SOUZA; SCHNEIDER, 2018, p.15), O começo da
história da neuropsicopedagogia foi difícil e sofreu críticas, pois os mais
conservadores da educação consideravam a abordagem uma ameaça por ser
um novo mercado em crescimento e por envolver áreas que não estavam
inseridas diretamente no contexto de aprendizagem escolar.
Logo para o autor (CHUPIL; SOUZA; SCHNEIDER, 2018, p.16), esta ciê
ncia visa facilitar a integração educacional, social e pessoal com base no diagn
óstico, levando à reabilitação e até à prevenção de dificuldades de aprendizage
m. Para esse fim, o conhecimento do sistema nervoso e suas conexões com a
constituição do organismo é essencial para uma compreensão abrangente do d
esenvolvimento e aprendizado humanos.
Um tema comum nas escolas e que infelizmente ocorre bastante são os
transtornos de aprendizagem, para (ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO,
R. S, 2016, p.7) o estudo sobre a aprendizagem deve ser algo multi e
interdisciplinar, que envolve vários outros profissionais, além do Neuropediatra,
entre eles estão os psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos, assistente social, entre outros. O motivo para essa dedicação
dos especialistas, é devido a importância do processo de aprendizagem.

“As Neurociências também nos forneceram provas de que a prendizagem modi


fica a estrutura física do cérebro e também, por consequência sua organização
funcional, o que para nós educadores é uma prova de como o conhecimento p
ode influenciar na vida de um indíviduo e na maneira como ele vai tomar suas
decisões, interagir com seu ambiente e compreender a realidade que o cerca”.
(Pantano; Zorzi, 2009, p.186).

Segundo Pantano e Zorzi (2009, p.186), a neurociência provocou mudan


ças no pensamento sobre as práticas e teorias de aprendizagem, e elas estão l
evando a uma compreensão mais ampla da memória, sono, estruturas de conh
ecimento, raciocínio, resolução de problemas, metacognição, pensamento simb
ólico, modelagem computacional e muito mais. Além de revisar os conceitos te
óricos existentes sobre alunos, aprendizagem, professores e ensino, esse conj
unto de questões relacionadas à cognição e à aprendizagem passou a promov
er avanços nos procedimentos e métodos de pesquisa.

4. PROCESSOS COGNITIVOS

Os que são processos cognitivos...

Para Díaz (2011) a explicação do processo de como de aprendizagem e


de como aprendemos, se dá com base nos processos cognitivos fundamentais,
sendo eles, o pensamento, linguagem, memória, atenção, percepção, etc.

De acordo com Loh, K. K., & Kanai, R. (2016) para se obter um processo
de aprendizagem bem-sucedido, vai depender do resultado de um conjunto
altamente especializado dos processos cognitivos que nos permite selecionar,
processar, armazenar e recuperar informações de forma eficiente.

4.1 Percepção

Para Pantano e Zorzi (2009, p. 19) a percepção faz parte dos processos
cognitivos primários, que resultam em funções extremamente elaboradas como
a linguagem e a aprendizagem. Sendo a assim a percepção é um processo co
mplexo que envolve a integração de informações sensoriais, como visão, audiç
ão, tato, olfato e paladar, e sua interpretação pelo sistema nervoso central. Ela
é essencial para a identificação de estímulos, objetos e eventos, bem como par
a o reconhecimento de padrões e a tomada de decisões. Após os processos de
sensação e de percepção a informação em processamento chega ao nosso sist
ema límbico responsável pela atribuição emocional ao estímulo. É assim que a
informação recebe um colorido emocional .
Ainda com Pantano e Zorzi (2009, p. 57) os autores vão dizer que, a
percepção exerce um papel preponderante na relação entre os alunos e os
processos educacionais, sendo à medida que, é a partir dela que o sujeito se p
õe em posição de interação com a experiência do mundo. Toda a linguagem su
bjacente e decorrente dos processos educacionais está irremediavelmente med
iada pela percepção, motivo pelo qual se torna um dos aspectos relevantes a s
erem abordados nos estudos sobre o fracasso escolar.
Estudos científicos destacam a importância da percepção na avaliação n
europsicológica e sua relação com outras funções cognitivas. Por exemplo, pes
quisas têm demonstrado que a percepção visual está relacionada ao desempe
nho em tarefas de memória visual, atenção visual e raciocínio espacial (Wood e
t al., 2017).

4.2 Atenção

De acordo com Pantano e Zorzi (2009, p. 27) A atenção é classificada


como um processo neural expressada através dos comportamentos dos
indivíduos, na qual as informações são filtradas nos diversos pontos que fazem
parte do processo perceptivo. Dentro do processo cognitivo a atenção é
responsável por perceber ou negligenciar alguns estímulos. No que diz respeito
á Neuroanatomotofisiologia da Atenção há o envolvimento das áreas corticais e
subcorticais, o desenvolvimento da atenção determina aumento de impulsos el
étricos de neurônios localizados em várias áreas do encéfalo. Em caso de
alterações atencionais podem estar ligadas á quadros lesionais e disfuncionais
orgânicos podendo sofrer alterações de intensidade, como por exemplo
alterações de aspectos quantitativos de atenção: as distrações, uma dificuldade
em manter a atenção sobre um estimulo. Pantano e Zorzi (2009, p. 23-29)

A regulação da atenção pode ocorrer de duas formas: reflexiva ou


voluntaria, selecionando o que é mais relevante para cada individuo de acordo
com suas necessidades físicas, cognitivas e emocionais. Há um circuito
executivo capaz de manter a atenção em um estimulo significativo, mas
quando este se altera o foco atencional se compromete fazendo com que o
individuo se distraia facilmente, é o que acontece e se nota no Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Importante também deixar claro
que os circuitos cerebrais de atenção só processam um estimulo por vez, ou
seja, não é possível manter atenção em dois estímulos simultaneamente
haverá sempre uma alternância fazendo com que uma tarefa ou informação
fique prejudicada. (AMARAL; GUERRA, 2022)

4.3 Memória
A memória é um processo fundamental para o funcionamento cognitivo
humano, permitindo a aquisição, o armazenamento e a recuperação de
informações.
A codificação da informação é o processo pelo qual os estímulos
sensoriais são transformados em representações que podem ser armazenadas
na memória. De acordo com Oliveira et al. (2018), a envolver a participação de
estruturas emitidas como o hipocampo e o córtex pré-frontal. Estudos de
neuroimagem demonstraram a ativação dessas regiões durante a codificação
da memória (Oliveira et al., 2018).
Segundo Silva e cols. (2015), a codificação da memória está relacionada
à ativação de redes neurais específicas que processam e integram as
informações sensoriais em representações mnemônicas.

"A codificação da informação envolve a participação do


hipocampo e do córtex pré-frontal" (Oliveira et al., 2018, p. 30).

Estudos em neurociência têm mostrado que a memória é um processo


complexo que envolve a codificação de informações, seu armazenamento em
diferentes regiões cerebrais e sua posterior recuperação quando necessário
(Squire, 2009).
A consolidação da memória é o processo pelo qual as memórias são
estabilizada e tornam-se mais duradouras. Segundo Roque e cols. (2017), uma
consolidação envolve modificações sinápticas e reorganização de circuitos
neurais. Estudos têm mostrado que a participação do hipocampo é essencial
na consolidação da memória (Roque et al., 2017).
Além disso, Amaral e Bueno (2015) destacam a importância da
consolidação da memória durante o sono, em que ocorrem processos de
reativação e reorganização de informações na rede neural.
A recuperação da memória é o processo pelo qual as informações
previamente obtidas são acessadas e trazidas à consciência. Segundo Ribeiro
e Ventura (2016), a recuperação da memória envolve a ativação de redes
neurais específicas, incluindo o córtex pré-frontal e o hipocampo. Estudos
demonstraram que a reativação de padrões de atividade neuronal desempenha
um papel importante na recuperação da memória (Ribeiro & Ventura, 2016).

“A recuperação da memória envolve a ativação de redes neurais


específicas, incluindo o córtex pré-frontal e o hipocampo” (Ribeiro &
Ventura, 2016, p. 343).

De acordo com Almeida et al. (2019), a recuperação da memória é


influenciada por fatores como a organização e a estruturação do conhecimento
prévio, bem como a contextualização do aprendizado.
A recuperação da memória é influenciada por fatores como a
organização e a estruturação do conhecimento prévio, assim como a
contextualização do aprendizado (Almeida et al., 2019).
De acordo com Eichenbaum (2012), a pesquisa em neurociência tem
demonstrado que a memória é um fenômeno distribuído no cérebro, com
diferentes regiões e circuitos neurais desempenhando papéis específicos na
formação e recuperação de memórias.

"A neurociência tem revelado que a memória é um fenômeno


distribuído no cérebro, envolvendo a atividade de várias regiões e
circuitos neurais" (Eichenbaum, 2012, p. 56)

4.4 Pensamento

O pensamento é outro processo cognitivo complexo que nos permite res


olver problemas, tomar decisões e realizar atividades mentais de alto nível. Est
udos de neuroimagem funcional revelaram como regiões voluntárias envolvidas
em processos cognitivos específicos, como a ativação do córtex pré-frontal dur
ante tarefas de tomada de decisão (Bechara et al., 1994) e ativação do córtex p
arietal durante a percepção espacial (Kosslyn et al., 1999).

"O pensamento é um processo complexo que envolve a atividade neu


ral em várias regiões do cérebro" (Gazzaniga, 2008, p. 45).

Diversas teorias têm sido propostas para explicar o pensamento humano.


A teoria dos modelos mentais postula que o pensamento ocorre por meio da m
anipulação interna de representações que refletem aspectos do mundo externo
(Johnson-Laird, 1983).
Já a teoria da heurística e das visões cognitivas sugere que o pensamen
to é influenciado por atalhos mentais e por tendências sistemáticas de julgame
ntos (Kahneman & Tversky, 1974). O pensamento envolve a manipulação de in
formações mentais, a geração de ideias, a resolução de problemas e o pensam
ento abstrato.
Estudos brasileiros contribuíram para uma compreensão mais abrangent
e dos mecanismos neurais envolvidos nesse processo complexo. Por exemplo,
uma pesquisa realizada por Souza et al. (2017) investigou as bases neurobioló
gicas do pensamento abstrato, com ênfase no papel do córtex pré-frontal. Essa
pesquisa mostrou que o córtex pré-frontal desempenha um papel central na ma
nipulação e organização de informações abstratas, fornecendo insights sobre a
neurobiologia do pensamento abstrato.
A relação entre memória e pensamento é estreita, uma vez que a memó
ria fornece a base para o pensamento, permitindo-nos acessar informações rel
evantes e integrá-las para a solução de problemas e tomada de decisões.

"A neurociência tem revelado que o pensamento é resultado da intera


ção entre diferentes redes neurais, que processam informações de for
ma integrada" (Damasio, 2010, p. 78).

Além disso, os estudos brasileiros também têm compreendido a relação


entre o pensamento e a criatividade. Uma pesquisa conduzida por Lima et al.
(2019) investigou os consentimentos envolvidos na geração de ideias criativas.
Essa pesquisa destacou a importância de redes neurais distribuídas, envolvend
o o córtex pré-frontal e outras regiões radiais, na promoção do pensamento cria
tivo.
Estudos em neurociência têm mostrado que o pensamento é um fenôme
no que envolve a atividade de múltiplas regiões cerebrais, que trabalham em co
njunto para processar informações e gerar ideias (Gazzaniga, 2008).
De acordo com Damasio (2010), a pesquisa em neurociência tem demo
nstrado que o pensamento é um processo complexo que resulta da interação e
ntre diferentes redes neurais no cérebro.

4.5 Linguagem
A linguagem é uma das faculdades cognitivas mais complexas e fundam
entais do ser humano, desempenhando um papel crucial na avaliação neuropsi
cológica cognitiva. No conjunto de habilidades fundamentais ao ser humano de
staca-se a linguagem e suas variantes: oral, escrita e de sinais. De acordo com
Gerber (1996) a linguagem oral, especificamente, pode ser definida como um si
stema finito de princípios e regras que possibilita a um falante codificar significa
do em sons e que um ouvinte decodifique sons em significado.
Apesar de ocorrer na grande maioria dos seres humanos, o desenvolvim
ento da linguagem oral depende de uma complexa interação de fatores individu
ais como os genéticos, biológicos, cognitivos e ambientais (Castaño, 2003; Gil,
2002). Os pré requisitos biológicos, por exemplo, envolvem desenvolvimento a
dequado de funções sensoriais e perceptuais. Assim, deve haver uma adequad
a maturação cerebral concomitante com um preservado desenvolvimento do pr
ocessamento auditivo.
Segundo os autores Costa, Azambuja e Nunes (2002), o processo de aq
uisição da linguagem ocorre de modo cotínuo, ordenado e sequencial, sendo re
conhecidas duas fases distintas em seu desenvolvimento, sendo elas a pré-ling
uística, na qual são vocalizados apenas os fonemas, com duração aproximada
até os 11-12 meses de vida, e a fase linguística, que se inicia quando a criança
começa a falar palavras isoladas com compreensão.
4.6 Aprendizagem

A definição de aprendizagem conforme concepção neuropediatra pode


ser descrita como um processo que ocorre no sistema nervoso central (SNC)
na qual se faz modificações mais ou menos permanentes que são traduzidas
por uma modificação funcional ou conductual, fazendo uma adaptação melhor
do sujeito ao seu meio como resposta a uma solicitação interna ou externa, ou
seja, o estímulo já entendido pelo sistema nervoso central provoca uma
lembrança e o estímulo novo no SNC provoca uma mudança. (ROTTA;
OHLWEILER; RIESGO, 2016, p.4-5).

5. TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM E DIFICULDADE DE


APRENDIZAGEM

Descrever o que são transtornos de aprendizagem conforme DSM-5-TR.


Explicar o que diferencia um transtorno de uma dificuldade

De acordo com o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais, 5ª edição, Texto Revisado), os transtornos de
aprendizagem são caracterizados por dificuldades persistentes e específicas
na aquisição e uso de habilidades acadêmicas, como leitura, escrita e
matemática. Essas dificuldades interferem significativamente no desempenho
escolar ou nas atividades diárias que requerem essas habilidades.

O DSM-5-TR identifica três principais transtornos de aprendizagem:


transtorno de leitura (dislexia), transtorno de escrita (disgrafia) e transtorno de
matemática (discalculia). Esses transtornos são diagnosticados quando as
dificuldades acadêmicas estão abaixo do esperado para a idade cronológica,
nível de inteligência e oportunidades educacionais adequadas.

Estudos têm mostrado que os transtornos de aprendizagem são


caracterizados por dificuldades persistentes e específicas na aquisição e uso
de habilidades acadêmicas, que têm um impacto funcional significativo
(American Psychiatric Association, 2013).

O DSM-5 estabelece critérios diagnósticos específicos para cada


transtorno de aprendizagem. Por exemplo, para o diagnóstico de dislexia, é
necessário identificar dificuldades de leitura precisas e/ou fluência e/ou
compreensão de palavras que sejam abaixo do esperado para a idade ou nível
de escolaridade do indivíduo. Além disso, devem ser excluídas outras causas
possíveis, como deficiência intelectual, deficiência sensorial ou fatores
ambientais desfavoráveis.

A Dislexia é um distúrbio de aprendizagem, que causa alterações


neuropsicolinguísticas no desenvolvimento, é caracterizado pela dificuldade na
fluência correta da leitura, na dificuldade de soletração e decodificação, é
ocasionada por um déficit no componente fonológico da linguagem. Além da
parte fonológica, há indivíduos com que apresentam déficits acadêmicos e
cognitivos em outras áreas, como matemática, atenção, escrita, entre outras.
(CAPELLINI; GERMANO; CUNHA, 2009 p.131)

"Os transtornos de aprendizagem são caracterizados por dificuldades


persistentes e específicas na aquisição e uso de habilidades
acadêmicas, que interferem significativamente no desempenho
escolar ou nas atividades diárias" (American Psychiatric Association,
2013, p. 67).

Conforme o DSM-5, as dificuldades de aprendizagem são definidas


como desafios específicos e persistentes em adquirir habilidades acadêmicas
essenciais em indivíduos com idade escolar. Essas dificuldades devem
interferir significativamente no desempenho escolar e nas atividades da vida
diária, mesmo após a oferta de intervenções educacionais apropriadas.

É importante ressaltar que o DSM-5 enfatiza que o diagnóstico de


dificuldades de aprendizagem não deve ser baseado exclusivamente em um
critério de desempenho abaixo do esperado para a idade ou série, mas sim em
uma avaliação abrangente e individualizada, que considere a história de
desenvolvimento da criança, seu ambiente familiar e escolar, bem como outras
características cognitivas e emocionais.

Segundo Souza (2020) A dificuldade de aprendizagem é regularmente


associada a disfunções neurológicas que afetam a aprendizagem e o
processamento de informações. Está associada a uma série de dificuldades
pontuais e específicas.

"As dificuldades de aprendizagem podem ser temporárias, resultar de


fatores transitórios ou não apresentar um impacto funcional
significativo" (Fletcher et al., 2007, p. 89).

De acordo Pantano e Zorzi (2009, p. 126) Dislexia do desenvolvimento e


o distúrbio de aprendizagem são considerados transtornos de aprendizagem, já
o TDAH é classificado como transtorno do comportamento, porém as
condições deste transtorno acarreta em prejuízos acadêmicos que
comprometem o uso das habilidades cognitivas e linguísticas, sendo assim, se
deve procurar identificar e tratar esse transtorno precocemente no contexto
educacional e clínico.
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