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PSICOMOTRICIDADE

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Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................. 3

A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A ALFABETIZAÇÃO .......... 6

COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR .............................. 10

O CORPO EM AÇÃO .................................................................................... 15

PSICOPEDAGOGIA E PSICOMOTRICIDADE.............................................. 18

O PAPEL DA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA ESCOLA ........................... 20

PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................... 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 30

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 32

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços
educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Refletir sobre as práticas pedagógicas na Educação Infantil se faz necessário


para a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem dos escolares nessa
etapa escolar. A Educação Psicomotora tem como objetivo estimular o
desenvolvimento da criança em seus aspectos motores, cognitivos e socioafetivos.

No contexto escolar, as atividades psicomotoras poderão dar suporte no


processo de aprendizagem, já que atualmente, o avanço nos estudos sobre as
dificuldades de aprendizagem em escolares vem revelando a relação destas com o
desenvolvimento de elementos psicomotores. A presente apostila, fundamenta-se na
concepção de que a educação psicomotora poderá auxiliar o aluno a potencializar
sua aprendizagem escolar e prevenir possíveis dificuldades de aprendizagem.

Estudos sobre a educação psicomotora são de grande relevância para a área


pedagógica, possibilitam a disseminação do conhecimento sobre a psicomotricidade
e o desenvolvimento de práticas psicomotoras, o que consequentemente poderá
contribuir nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos.

Em um estudo de revisão sistemática de literatura realizado por Lordani e


Blanco (2019a), constata-se várias pesquisas que discutem, principalmente, a relação
existente entre os elementos psicomotores, desempenho escolar e dificuldades de
aprendizagem em crianças, prevalecendo às que correspondem à Educação Infantil.

Verificou-se, também, que uma grande parcela das crianças que ingressam
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, encontra-se com atraso psicomotor,
possivelmente, devido à falta da experiência com a Psicomotricidade nos anos
anteriores de escolarização.

Por fim, constata-se ainda que a psicomotricidade, estimulada desde o início


da vida acadêmica, poderá prevenir dificuldades de aprendizagem em escolares; por
outro lado, o estudo revelou uma grande lacuna na formação de professores em
relação à psicomotricidade.

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Neste âmbito, este estudo justifica-se na evidência de que, na grande maioria
das escolas de Educação Básica, não se pratica a educação psicomotora. Kolyniak
Filho (2010) revela que, desde o início do processo de escolarização, existe uma
prática pedagógica centralizada na construção de abstrações conceituais, quase que
exclusivamente ao trabalho mental, cognitivo, em situações de relativa imobilidade
corporal.

Assim procedendo, constata-se que instituições escolares vêm utilizando


metodologias de ensino insuficientes, já que tais insuficiências se revelam nas
inúmeras dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, ocasionando,
muitas vezes, em abandono escolar, ou então, na conclusão da Educação Básica
sem apropriação adequada de conhecimentos básicos, como a escrita, a leitura e a
matemática.

Justifica-se ainda nas análises dos resultados revelados por Lordani e Blanco
(2019b), por meio da aplicação do protocolo de observação psicomotora proposto por
Borghi e Pantano (2010) em escolares com dificuldades de aprendizagem
matriculados na Educação Infantil de um município ao norte do Estado do Paraná.

Neste, as crianças consideradas pelos professores com dificuldades de


aprendizagem na Educação Infantil, apresentam níveis de desenvolvimento dos
aspectos psicomotores abaixo do esperado para sua faixa etária. Diante do estudo
proposto, as autoras elucidam a possibilidade de detectar possíveis problemas já
nesta etapa escolar, e assim poder intervir visando diminuir possíveis dificuldades em
etapas posteriores de escolarização, afirmam ainda a necessidade da aplicação de
planos de intervenção pedagógica para sanar as dificuldades apresentadas pelos
escolares da Educação Infantil.

Os aspectos psicomotores devem ser mais estimulados e vivenciados pela


criança, já que se colocam como um alicerce para a escolarização dos anos
posteriores, auxiliando no processo de alfabetização de maneira preventiva,
oportunizando um bom desempenho escolar.

Frente ao exposto, torna-se de suma importância refletir sobre as práticas


pedagógicas e metodologias de ensino na Educação Infantil, já que é necessário
possibilitar meios para que as crianças pequenas sejam estimuladas em sua

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integralidade; tais práticas devem estar acompanhadas de intenções, motivações e
desejos de se comunicar com o mundo.

Dentre essas práticas pedagógicas, a educação psicomotora na Educação


Infantil torna-se uma alternativa metodológica que possibilitará o aprendizado por
meio do movimento corporal e da indissociação dos aspectos cognitivos, afetivos e
psicomotores (SOUSA; SILVA, 2013).

Por acreditar que a educação psicomotora poderá auxiliar o aluno a


potencializar sua aprendizagem escolar e prevenir possíveis dificuldades de
aprendizagem, o objetivo deste estudo pauta-se na investigação das práticas
pedagógicas realizadas por docentes da Educação Infantil de uma instituição pública
de Educação Infantil, visando identificar de que forma estes trabalham a
psicomotricidade em sala de aula.

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A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A
ALFABETIZAÇÃO

Para a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2018), o termo


Psicomotricidade se refere a uma ciência que estuda o homem por meio do seu corpo
em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Refere-se ao processo
de maturação, já que o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. O movimento, o intelecto e o afeto são conhecimentos básicos que dão
suporte para a psicomotricidade.

Fonseca (2008, p. 1) afirma que a Psicomotricidade pode ser conceituada


como “o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências,
recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade”.

Fonseca (2012), a partir do modelo Luriano, elenca sete fatores psicomotores:


tonicidade; equilíbrio; lateralidade; noção do corpo; estruturação espaço-temporal;
praxia global e praxia fina.

A tonicidade e o equilíbrio são responsáveis pela “regulação tônica de alerta e


dos estados mentais: Atenção. Sono. Seleção da Informação. Regulação e ativação.
Vigilância-tonicidade. Facilitação-inibição. Modulação neurotônica. Integração
intersentorial” (FONSECA, 2012, p. 92).

Para Fonseca (2012, p. 110-111) toda motricidade necessita do suporte da


tonicidade; esta é o alicerce fundamental para o desenvolvimento motor, “garante, por
consequência, as atitudes, as posturas, as mímicas, as emoções.” Assim procedendo,
nota-se que o processo de aquisição da escrita necessita de suporte na tonicidade, o
pegar no lápis, a desenvoltura dos punhos, das mãos e dedos dependem da
tonicidade.

Fonseca (2012, p. 131) define a equilibração como uma “condição básica da


organização psicomotora, visto que envolve uma multiplicidade de ajustamentos
posturais antigravíticos, que dão suporte a qualquer resposta motora”. Nesse
contexto, De Meur e Staes (1989) corroboram com Fonseca (2012), ressaltando que

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o equilíbrio entre as forças musculares, bem como a flexibilidade e agilidade de cada
articulação do membro superior são necessários para a criança dominar o gesto da
escrita.

Nota se que o equilíbrio e o tônus são condições para a criança dominar a


escrita; por meio de diferentes gestos, a criança aprende a segurar corretamente o
lápis. Atividades de estimulação para esses fatores psicomotores contribuem
significativamente no processo de aquisição da escrita (DE MEUR; STAES, 1989).

Os fatores lateralidade, noção do corpo e estruturação espaço-temporal, são


responsáveis pela:

Recepção, análise e armazenamento da informação: recepção, análise e


síntese sensorial. Organização espacial e temporal. Simbolização esquemática.
Decodificação e codificação. Processamento. Armazenamento. Integração perceptiva
dos proprioceptores dos telerreceptores. Elaboração gnósica (FONSECA, 2012, p.
92).

Constata-se que crianças que apresentam perturbações da lateralidade


revelam, como consequências, dificuldades de reconhecimento esquerda-direita,
além de não possuir direção gráfica e formar as letras ou números “em espelho”,
comprometendo a aquisição da escrita.

Perturbações do esquema corporal são identificadas quando a criança não


conhece as partes de seu corpo, não situa bem seus membros ao gesticular e não
coordena bem seus movimentos, comprometendo o bom desenvolvimento na leitura
e escrita.

Com alterações na estruturação espacial e temporal, as crianças ignoram os


termos espaciais, têm dificuldade de orientar-se e organizar-se no espaço, não
assimilam a reversibilidade e a transposição e confundem b e d, p e q, no e on, 12 e
21, por exemplo; têm dificuldades em relação ao conceito de ordem, sucessão e ritmo,
ocasionando em dificuldades na leitura, escrita e matemática (DE MEUR; STAES,
1989).

Segundo Fonseca (2012, p. 151) “a lateralização humana respeita a


progressiva especialização dos dois hemisférios que resultaram das funções sócio

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históricas da motricidade laboral e da linguagem (motricidade colaboral)”. Para De
Meur e Staes (1989), quando uma criança não possui a lateralidade bem definida,
apresenta problemas de ordem espacial, dificultando a compreensão da direção
gráfica da escrita, ocasionando dificuldades na leitura.

Para Fonseca (2012, p. 167) o corpo é o lugar por onde a comunicação se


estabelece. A noção do corpo torna-se de suma importância para o desenvolvimento
da aprendizagem da criança, “compreende uma representação mais ou menos
consciente do nosso corpo, dinâmica e postural, posicional e espacial, que encerra o
revestimento cutâneo que nos põe em contato com o mundo exterior”.

De acordo com Fonseca (2012, p. 184), a estruturação espaço-temporal


emerge da motricidade, “das múltiplas relações integradas da tonicidade, da
equilibração, da lateralização e da noção do corpo”. Dessa forma, compreende-se
que a estruturação temporal propicia na criança a consciência da sua ação, o seu
passado conhecido, o presente experimentado e o futuro desconhecido é antecipado.

É, portanto, uma estrutura de suma importância para os processos de


aprendizagem da criança, já que a estruturação espaço-temporal, associada ao
domínio do gesto e a orientação temporal, compõem os três fundamentos da escrita
(DE MEUR; STAES, 1989).

Os fatores psicomotores praxia global e praxia fina são responsáveis pela


“programação, regulação e verificação da atividade: intenções. Planificação motora.
Elaboração práxica. Execução. Correção. Sequencialização das operações
cognitivas” (FONSECA, 2012, p. 92).

A praxia global, segundo Fonseca (2012, p. 202) compreende tarefas motoras


sequenciais globais, “tem como principal missão a realização e a automação dos
movimentos globais complexos, que se desenrolam em um certo período de tempo e
que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares”. Para desencadear a
praxia global, faz-se necessária a integração dos fatores psicomotores descritos
anteriormente, ou seja, a tonicidade, a equilibração, a lateralização, a noção do corpo
e da estruturação espaço-temporal.

Para Fonseca (2012, p. 221) a praxia fina compreende as tarefas motoras


sequenciais finas, “está adstrita à função de coordenação dos movimentos dos olhos

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durante a fixação da atenção e durante as manipulações de objetos que exigem
controle visual”. Compreende também a micromotricidade e a perícia manual, possui
uma íntima relação com a percepção visual que é de grande importância para o
desenvolvimento da aprendizagem da leitura, da escrita e do cálculo.

Verifica-se que a coordenação global se relaciona às atividades dos grandes


músculos e depende da capacidade de equilíbrio do indivíduo, também se associa ao
fator esquema corporal. Já a coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza
manual, constitui-se como um aspecto particular da coordenação global.
Perturbações nesses fatores, poderá acarretar dificuldades para realizar os
movimentos gráficos da escrita (OLIVEIRA, 2015).

Conforme exposto, compreende-se a necessidade de estimular os fatores


psicomotores com crianças na Educação Infantil, haja vista que, comumente, verifica-
se no âmbito escolar a existência de alunos que não acompanham o ritmo acadêmico
em sala de aula.

Alguns docentes, tentando sanar as dificuldades apresentadas por seus


alunos, encaminham-nos para atendimento especializado, quando, na realidade,
muitas dessas dificuldades podem ser sanadas dentro da própria sala de aula,
implementando a educação psicomotora, prática esta desconhecida por muitos
professores (OLIVEIRA, 2015).

Neste sentido, De Meur e Staes (1989) enfatizam que, para a grande maioria
das crianças que apresentam alguma dificuldade no processo de escolarização, a
causa não está no nível da classe em que chegaram; constata-se a causa do
problema nos níveis anteriores, no nível das bases escolares. Reforçam a ideia de
que as condições mínimas para uma boa aprendizagem se compõem a estrutura da
educação psicomotora.

Nesse âmbito, a educação psicomotora deve ser considerada como uma


educação de base na Educação Infantil, já que ela condiciona todos os aprendizados,
possibilita a criança conscientizar-se do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no
espaço, a gerir o tempo e a aquisição habitual dos seus gestos e movimentos.

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Assim, torna-se recomendável que a criança pratique a educação psicomotora
o mais breve possível, já que ampliará suas possibilidades de prevenir inadaptações,
difíceis de corrigir quando já estruturadas (LE BOULCH, 1982).

Ao trabalhar a educação psicomotora em sala de aula, o professor possibilitará


aos alunos o desenvolvimento dos movimentos neuromusculares que servirão de
base para que ele aprenda segurar o lápis, folhear o caderno, definir sua lateralidade,
delimitar espaços, diferenciar as formas das letras, enfim, auxiliará na efetivação dos
movimentos básicos para seu desempenho escolar.

Também possibilitará à criança a aquisição e desenvolvimento dos elementos


psicomotores, ou seja, a coordenação motora, estabelecer noções de esquema
corporal, lateralidade, de espaço, tempo e direção, contribuindo para as atividades de
leitura e escrita (LORDANI et al., 2017).

COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR

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Pesquisas recentes abordam que um bom desenvolvimento motor repercute
na vida futura das crianças nos aspectos sociais, intelectuais e culturais. O termo
desenvolvimento motor diz respeito a interação existente entre o pensamento
consciente e inconsciente e os movimentos efetuados pelos músculos, com o auxílio
do sistema nervoso. Dessa maneira, estudar o desenvolvimento motor implica em
compreender as transformações contínuas que ocorrem por meio da interação dos
indivíduos entre si e com o meio em que vivem. Já para David L. Gallahue o
desenvolvimento motor está associado às áreas cognitiva e afetiva do comportamento
humano:

O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e afetiva do


comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. Dentre eles
destacam os aspectos ambientais, biológicos, familiar, entre outros. Esse
desenvolvimento é a contínua alteração da motricidade, ao longo do ciclo da vida,
proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo
e as condições do ambiente. (GALLAHUE, 2005, p. 03).

Podemos analisar que O desenvolvimento motor é um processo de mudança


no comportamento motor, o qual está relacionado com a idade, tanto na postura
quanto no movimento da criança. Como também observamos que o desenvolvimento
motor apresenta características fundamentais sendo elas, as possibilidades de nosso
corpo agir e expressar-se de forma adequada, a partir da interação de componentes
externos, que é o próprio movimento, e através de elementos internos, que são todos
os processos neurológicos e orgânicos que executamos para agir.

As primeiras tentativas de estudo do desenvolvimento motor foram realizadas


a partir da perspectiva maturacional, no qual argumentava que essa ação é
considerada como função de processos biológicos inatos que resultam na aquisição
de habilidade motora na infância. Esses estudos foram conduzidos por Arnold Gesell
(1928) e Myrtle Megraw (1935), que tornaram-se lendários na pesquisa do
desenvolvimento motor.

O montante de pesquisa que esses estudiosos efetuaram foi motivado pelo seu
interesse no relacionamento da maturação, ou seja, nas alterações qualitativas que
capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais altos de funcionamento e de
processos de aprendizagem com o desenvolvimento cognitivo.

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Após as pesquisas de Gesell e Megraw outros estudiosos dedicaram-se aos
estudos sobre o desenvolvimento motor. Durante a Segunda Guerra Mundial surgiu
uma nova geração de desenvolvimentistas motores, liderados por Anna Espenshade,
Ruth Glassow e G. Lawrence Rarick que concentraram-se na descrição das
capacidades de desempenho motor de crianças na idade escolar.

No século XX, o desenvolvimento motor humano passou a ser analisado


profundamente, por profissionais conceituados como especializados, com graduação
em educação física. A partir dos estudos desses pesquisadores permitiu-se
compreender que os indivíduos possuem estágios de desenvolvimento de suas
funções psicomotoras, essas que estão relacionadas as suas faixas etárias, além do
que, foi considerado que cada pessoa possui habilidades motoras diferentes, que se
evoluem de acordo com as necessidade de cada um, em decorrentes períodos de
tempo. E que existem processos causadores de alteração no comportamento motor
ao longo da vida dos seres humanos.

Atualmente, o desenvolvimento motor é estudado de três maneiras:


longitudinal, que envolve o mapeamento de vários aspectos do comportamento motor
de um indivíduo por vários anos, medindo as alterações associadas as idades do
comportamento. A transversal em que permite ao pesquisador coletar,
simultaneamente, dados de grupos de pessoas de variadas faixas etárias,
apresentando as “diferenças” médias em grupos no decorrer do tempo
desenvolvimentista. E a longitudinal misto, no qual combina aspectos dos estudos
citados anteriormente, abrangendo todos os dados possíveis e necessários à
descrição e/ou à explicação de diferenças e alterações, no decorrer do tempo, tanto
das funções do desenvolvimento como também das funções etárias.

“O desenvolvimento motor apresenta fases, estágios” (Gallahue (2005, p. 54).


Isto é, o processo de desenvolvimento motor revela-se por alterações no
comportamento motor. Podemos observar diferenças de desenvolvimento no
comportamento motor provocadas por fatores próprios do indivíduo (biologia), do
ambiente (experiência), e da tarefa em si (físico/ mecânicos). Assim, o processo de
desenvolvimento motor pode ser considerado sob o aspecto de fases e estágios.

A primeira fase é conceituada como a de motora reflexa, os primeiros


movimentos de um feto são reflexos, esses que parecem servir como equipamentos

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de teste neuromotor para mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos
que serão usados mais tarde com controle consciente pelo indivíduo.

A segunda fase é dos movimentos rudimentares, que são determinados pela


maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento altamente
previsível.

Já a terceira fase é a dos movimentos fundamentais, que ocorrem na primeira


infância e constituem-se como consequência da fase anterior do período neonatal.
Este período do desenvolvimento motor representa um estágio, no qual as crianças
pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das
capacidades motoras de seu corpo.

Essa fase é propicia para descobrir como desempenhar uma variedade de


movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e,
posteriormente, esses movimentos podem ser orientados de modo combinado.

A última fase do desenvolvimento motor é denominada de movimentos


especializados, no qual se caracteriza como o resultado da fase de movimentos
fundamentais. Nesse estágio, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a
muitas atividades motoras, complexas e presentes na vida diária, na recreação e nos
objetivos esportivos. Este é um período em que as habilidades estabilizadoras,
locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas,
combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes.

“Diversos fatores podem colocar em risco o curso normal do desenvolvimento


de uma criança”. (Gallahue, 2005, p. 54). Assim, o autor define como fatores de risco
uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de
déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Dentre as principais causas
de atraso motor encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares,
respiratórios e neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições
socioeconômicas, nível educacional precário dos pais e prematuridade.

“Quanto maior o número de fatores de risco atuantes, maior será a


possibilidade do comprometimento do desenvolvimento”. (Gallahue, 2005, p. 55). No
caso de crianças nascidas prematuras, para compensar a desvantagem da
imaturidade biológica, foi elaborada a correção da idade gestacional para distinguir

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adequadamente o atraso no desenvolvimento. Para correção da idade subtrai-se o
número de semanas de sua gestação, de um total de 40 semanas. Esta diferença
corresponde ao tempo de prematuridade da criança, que é então descontado de sua
idade cronológica.

O desenvolvimento motor atípico não se vincula, obrigatoriamente, à presença


de alterações neurológicas ou estruturais. Mesmo crianças que não apresentam
sequelas graves podem apresentar comprometimento em algumas áreas de seu
desenvolvimento neuropsicomotor. Estudos descrevem prejuízos mais comumente
ligados à memória, à coordenação visiomotora e à linguagem.

Neste sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se


apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os
problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase
adulta. Além disso, atrasos motores frequentemente associam-se a prejuízos
secundários de ordem psicológica e social, como baixa autoestima, isolamento,
hiperatividade, entre outros, que dificultam a socialização de crianças e o seu
desempenho escolar.

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O CORPO EM AÇÃO

O ser humano é um complexo de emoções e ações propiciadas por meio do


contato corporal, nas atividades psicomotoras que também favorece o
desenvolvimento afetivo entre as pessoas, o contato físico, as emoções e as ações.
O objetivo da Psicomotricidade é desenvolver as possibilidades motoras e criativas
do ser humano em sua globalidade, partindo do seu corpo, levando a centralizar sua
atividade e a procura do movimento e do ato.

A Psicomotricidade age de forma atuante e com uma visão de ciência e técnica,


tendo como foco a Educação Física, a partir de uma visão mais ampla em que o
homem deixa de ser percebido como um ser essencialmente biológico, para ser
concebido por visão abrangente, na qual se considera os processos sociais históricos
e culturais.

Com a educação psicomotora a Educação Física passa a ter como objetivo


principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma
criança.

É importante ressaltar que na psicologia do desenvolvimento e da


aprendizagem, toda obra de Henri Wallon e de Jean Piaget colocam em evidência o
papel da atividade corporal no desenvolvimento de funções cognitivas. Wallon (1968)
afirma que o pensamento nasce para retornar a ele. Piaget (1987, apud OLIVEIRA,
2000) diz que, mediante a atividade corporal a criança pensa, aprende, cria e enfrenta
os problemas.

Assim a atividade motora e a mental passaram a ser vistas como atividades


que estão intimamente em interrelação, influenciando uma com a outra, através de
seus dois componentes essenciais, o sócio afetivo e o cognitivo. A Psicomotricidade
contribui de maneira expressiva para formação do esquema corporal, o que facilitará
a orientação espacial. Ela deve ser entendida e compreendida em sua integridade,
pois o nosso corpo está presente em todas as situações, e é através do movimento,
que o ser humano participa do mundo manifestando suas intenções.

A Psicomotricidade, como toda a ciência tem um objetivo de estudo próprio e


assim retira sua unidade e especificação, isso quer dizer que o corpo e a sua

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expressão dinâmica são fundamentados, de acordo com Kyrillos e Sanches, em três
conhecimentos básicos:

O movimento, que segundo os conhecimentos atuais ultrapassa o ato


mecânico e o próprio indivíduo, sendo à base das posturas e
posicionamentos diante da vida; o intelectivo, que encerra a gênese e todas
as qualidades da inteligência do pensamento humano, seu desenvolvimento
depende do movimento para estabelecer, desenvolver e operar; o afeto, que
é a própria pulsão interna do indivíduo, que matiza a motivação e envolve
todas as relações do sujeito com os outros, com o meio e consigo mesmo
(2004, p.167).

Sendo assim, a aprendizagem da criança está ligada diretamente ao


desenvolvimento psicomotor. Este fator é importante para unir a Psicomotricidade
com a Educação Física, desenvolvendo a criança como um todo. Pois a educação
psicomotora é baseada em uma ação educativa baseada e fundamentada no
movimento natural consciente e espontâneo com a finalidade de normalizar,
completar ou aperfeiçoar a conduta global da criança.

O mundo psicomotor surge na escola, tanto nas aulas de Educação Física


como na sala de aula e assim cria-se um espaço para o corpo: os movimentos, o
dinamismo e a liberdade são vividos pelas crianças. E alguns fatores influenciam para
que crianças com a mesma idade tenham comportamentos diferentes, como: o meio,
o ambiente familiar e as possibilidades físicas. Por isso percebe-se a necessidades
que os Educadores conheçam e compreendam as capacidades de seus alunos,
proporcionando o bem-estar, a felicidade e o crescimento, dentro dos limites de cada
um, pois cada criança é única.

Piaget (1987 apud OLIVEIRA, 2000), estudando as estruturas cognitivas,


descreve a importância do período sensório motor e da motricidade, principalmente
antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência.

A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida. Por isso, a vida


emotiva e a vida motora não são isoladas, elas se complementam orientadas pelos
elementos psicomotores. Onde destacamos alguns deles:

Esquema Corporal: é básico e indispensável para a formação da


personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica que a
criança tem de seu próprio corpo. A criança irá se sentir bem na medida em que

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conhecer seu corpo e poder utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também
para agir.

Lateralidade: se define naturalmente durante o crescimento onde acontece


uma dominância lateral na criança onde será mais forte, mais ágil do lado direito ou
do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos e também é
influenciada por certos hábitos sociais. É importante ressaltar que não se confunda
lateralidade com dominância de um lado em relação ao outro, em nível de força e
precisão.

O conhecimento “esquerdo-direito” decorre da noção de dominância lateral. É


a generalização, da percepção do eixo corporal, da percepção do eixo corporal, a
tudo que cerca a criança. Com efeito, se a criança percebe que trabalha naturalmente
com “aquela mão”, guardará sem dificuldade que “aquela mão” é à esquerda ou à
direita.

Estruturação Espacial: é a orientação e estruturação do mundo exterior,


referindo-se primeiro ao eu (como referência), depois a outros objetos ou pessoas em
posição estática ou em movimento. É tomada de consciência da situação de seu
próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em
relação às pessoas. A tomada de consciência da situação das coisas entre si. A
possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o cerca, de
organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las, refere-se
à possibilidade de estabelecer relações entre elementos para formar um todo. A
estruturação espacial não nasce com o indivíduo ela é uma construção mental que
se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio.

Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma


importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus,
da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve
evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em
consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação
psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras,
perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa
por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é
capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

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PSICOPEDAGOGIA E PSICOMOTRICIDADE

A psicopedagogia nasceu com a intenção de “sanar” os problemas de


aprendizagem, dos quais a pedagogia não dava conta de resolver nas escolas. Lida
com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos
considerando a influência do meio no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos
próprios. É um campo de conhecimento caracterizado pela interdisciplinaridade,
utiliza-se de várias correntes teóricas.

Cabe ressaltar que

A psicopedagogia implica também, uma metodologia específica de trabalho.


Essa metodologia precisa levar em conta, necessariamente o contexto em
que se encontra a ação pedagógica: família, escola, comunidade. No caso
da instituição de educação infantil, é preciso levar em conta não apenas as
características dos educadores e da própria instituição (SISTO, 1996, p.209).

Sara Paín (1985) em sua proposta teórico-prática em psicopedagogia, coloca


que a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito.
Os internos referem-se ao funcionamento do corpo:

 Corpo, considerado como um instrumento responsável pelos automatismos,


coordenações e articulações, que leva o indivíduo a registrar, gravar, reconhecer tudo
que o cerca, através dos sistemas sensoriais, permitindo-o regular o funcionamento
total;

 Desejo, entendido como o que se refere as estruturas inconscientes,


representa o “motor” da aprendizagem e deve ser trabalhado a partir da relação que
com ela se estabelece;

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 Estruturas cognitivas, representando aquilo que está na base da inteligência.
A autora cita ainda que a aprendizagem possui três funções:

 Socializadora, porque a partir do momento em que o indivíduo aprende, ele


se submete a um conjunto de normas, identificando-se com o grupo social do qual
pertence, transformando-se em um ser social;

 Repressora, porque pode significar uma forma de controle, com o objetivo de


garantir a sobrevivência específica do sistema que rege a sociedade;

 Transformadora, que deve direcionar a atuação dos psicopedagogos,


permitindo ao sujeito uma participação na sociedade, não na perspectiva de
reproduzi-la, mas de transformá-la.

Estas funções devem estar presentes na visão dos psicopedagogos e de todos


os profissionais que se envolvem com o desenvolvimento do ser humano,
principalmente no âmbito educacional, pois acredita-se possuir através destas
funções, um grande poder, que possibilita ajudar ou não as crianças, jovens e adultos,
no espaço de relação.

Ainda em sua abordagem Sara Paín (1985) enfatizando o trabalho


psicopedagógico, traz o significado aos problemas de aprendizagem, que é
considerado, não como o contrário de aprender, mas como um processo diferente
deste, um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar
um determinado tipo de comportamento que define o não aprender e que cumpre
assim uma função positiva. O que tira do problema de aprendizagem a visão
preconceituosa e ligada a patologia, daqueles que aprendem algo diferente da norma.

Neste contexto surge a Psicomotricidade, enquanto possível ferramenta para


uma prática psicopedagógica mais completa e interdisciplinar. O equilíbrio, a
tonicidade, a orientação espacial e temporal, o esquema corporal, a imagem corporal,
a lateralidade e a coordenação motora são estruturas psicomotoras necessárias para
que nosso organismo explore o ambiente, perceba-se nesse mesmo ambiente,
perceba o outro e, com isso, se desenvolva.

A psicopedagogia e a psicomotricidade abandonam o treinamento e a


reeducação, não mais partindo das dificuldades que a criança possui, situando o fazer
na psicomotricidade, dentro de um marco relacional. Na prática psicopedagógica há

19
necessidade de trabalhar os aspectos que podem se encontrar deficitários na
estruturação das crianças, que são muitas vezes chamadas de hiperativas. A
psicomotricidade amplia seu fazer, oferecendo à educação infantil a possibilidade de
desenvolvimento.

No momento em que a psicomotricidade amplia sua concepção para uma


psicopedagogia geral, ela não mais dá conta sozinha do recado que lhe é incumbido.
Da mesma maneira, que o sujeito aprendente, é visto como um ser cognoscente, ou
seja, engajado no processo de construção do conhecimento, e que possui estruturas
de aprendizagem que se compartilham num mesmo espaço, com seu ensinante.

A Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo


é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três
conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade,
portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de
sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

A Psicomotricidade nos enriquece com a ideia do fazer e do conhecer com o


corpo. Mostrar ou não mostrar a ação. E a Psicopedagogia nos direciona para o
mostrar ou não mostrar o conhecimento.

O PAPEL DA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA ESCOLA

Durante anos a Psicologia buscou compreender e solucionar o


desenvolvimento da criança na medida em que ela cresce e amadurece fisicamente,
pois sua inteligência também se desenvolve e muda seu comportamento social e
emocional. Assim, surge a educação psicomotora, entendida como uma metodologia
de ensino que instrumentaliza o movimento humano enquanto meio pedagógico para
favorecer o desenvolvimento da criança. De acordo com Airton Negrine a educação
psicomotora pode ser compreendida como uma técnica:

A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos


adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de
ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo,
respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial)

20
e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e
criação em todo seu potencial. (NEGRINE, 1995, p. 15).

No entanto, essa técnica não pretende realçar a automação, a eficácia, a


destreza motora ou o rendimento motor. Pretende, na verdade, transformar o corpo
em um instrumento de ação sobre o mundo, em que permitirá a interação com os
outros. Através de várias pesquisas, estudiosos do assunto acreditam que a
psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação das
aprendizagens escolares. Assim, buscou-se trazer seus recursos para a sala de aula,
na modalidade da educação psicomotora.

Durante vários estudos, cientistas tentaram distinguir o principal objetivo da


educação psicomotora, destacando o aspecto fundamental dessa técnica, que é
ajudar a criança chegar a uma imagem do corpo operatório, permitindo que ela se
desenvolva da melhor maneira possível, tirando o melhor partido de todos os seus
recursos, preparando-a para a nova etapa do desenvolvimento motor e
consequentemente afetivo e cognitivo.

Além de apresentar esse objetivo, a educação psicomotora abrange algumas


metas, sendo elas: a aquisição do domínio corporal, definindo a lateralidade, a
orientação espacial, desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e a
flexibilidade; controle da inibição voluntária, melhorando, o nível de abstração,
concentração, reconhecimento dos objetos através dos sentidos (auditivo, visual,
etc.), desenvolvimento sócio-afetivo, reforçando as atitudes de lealdade,
companheirismo e solidariedade. Assim, Le Boulch destaca a importância da
psicomotricidade ser trabalhada na escola nas séries iniciais:

A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária.


Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a
criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no
espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus
gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência.
Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança,
permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas.
(LE BOULCH, 1984, p. 24).

Percebemos que o principal objetivo da educação psicomotora não se restringe


ao conhecimento da criança sobre uma imagem do seu corpo, ou seja, ela não se
prende apenas ao conteúdo, mas auxilia na descoberta estrutural da relação entre as
partes e a totalidade do corpo, formando uma unidade organizada, instrumento da

21
relação com a realidade. Assim, quando mais cedo abordado no ambiente escolar
mais os alunos poderão conhecer-se melhor, desenvolvendo a maturidade, a
consciência e a inteligência apropriada aos seres humanos. Le Boulch aponta o
objetivo central da educação psicomotora: “O objetivo central da educação pelo
movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, da qual
depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar”.
(LE BOULCH, 1984, p. 24).

Segundo Negrine (1995, p. 20) um dos argumentos que justificam a educação


psicomotora na educação básica durante a fase pré-escolar é a evidência sobre seu
papel na prevenção das dificuldades de aprendizagem. Pois, é durante esse período
que a personalidade de cada indivíduo vai sendo moldada. É o momento em que a
criança constrói os principais instrumentos internos de que servirá primeiramente de
maneira inconsciente e depois conscientemente para interagir-se com a sua realidade
externa. Assim, através da interação com o meio, a criança descobre, inventa, resiste,
pergunta, argumenta e socializa-se. O que exige um bom acompanhamento daqueles
que estão presentes nessa construção simbólica (pais, professores, etc.) e no seu
desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Le Boulch menciona que a educação
psicomotora é uma preparação para a vida das crianças:

A educação psicomotora na idade escolar deve ser, antes de tudo, uma


experiência ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino
segue uma perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se
deve inscrever no papel de escola, e os métodos pedagógicos renovados
devem, por conseguinte, tender a ajudar a criança a desenvolver-se da
melhor maneira possível, a tirar o melhor partido de todos os seus recursos,
preparando para a vida social. (LE BOULCH, 1984, p. 24).

Compreendemos que a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-


relacionados desde que acriança passa a ter contato com o mundo ao seu redor. Pois,
a criança ao interagir com o meio físico e social, passa a se desenvolver de forma
mais abrangente e de maneira eficaz. Isto significa que a partir do envolvimento com
o meio social são desencadeados processos internos de desenvolvimento que
permitirão um novo patamar de aprendizagem. Diante da interação da criança com o
meio social, Negrine observa:

A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das


instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas
experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, o conhecimento a
respeito do mundo que a cerca. (NEGRINE, 1995, p. 23).

22
Assim, podemos analisar que a educação psicomotora junto com o auxílio dos
pais e do meio escolar, tem a finalidade não de ensinar a criança comportamentos
motores, mas sim de permiti-lhe, mediante o jogo, exercer sua função de ajustamento,
individualmente ou com outras crianças. No estágio escolar, a prioridade constitui a
atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança prosseguir na
organização de sua “imagem de corpo” ao nível do vivido servindo de ponto de partida
na sua organização prática em relação ao desenvolvimento de suas atitudes de
análise perceptiva. Outro papel atribuído a educação psicomotora é a de prevenção,
esse que é argumentado por Fonseca:

A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que


dá condições à criança desenvolver melhor em seu ambiente. É vista
também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde
o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de
imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar (FONSECA,
2004, p. 10).

Entendemos que a educação psicomotora, aplicada na Educação Infantil, é


preponderante para o sucesso no sistema escolar. Entretanto, é fundamental que a
participação do o professor como pesquisador, principalmente nos assuntos
relacionados sobre psicomotricidade. Dessa maneira, é interessante que o docente
intere-se sobre a educação psicomotora, do que essa trata essa prática pedagógica;
conhecer sua estrutura, o desenvolvimento psicomotor, as implicações do sistema
nervoso e a importância da maturação neurológica; compreender como ocorre o
desenvolvimento infantil (etapas do desenvolvimento), as funções psicomotoras, as
dificuldades de aprendizagem presentes no ambiente escolar, para a organização,
planejamento e encaminhamentos acadêmicos.

O educador precisa saber se sua proposta de trabalho está de acordo com as


necessidades dos alunos, que caminho deve seguir e aonde pretende chegar. Então,
cabe aqui compreendermos a importância da psicomotricidade nas séries iniciais do
Ensino Fundamental.

PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

23
“O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo,
que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa”. (Fonseca, 2004,
p.16). A palavra motriz se refere ao movimento, já psico determina a atividade
psíquica em duas fases, a sócio afetiva e cognitiva. Em outras palavras, o que se quer
dizer é que na ação da criança se articula toda sua afetividade, todos seus desejos,
mas também todas suas possibilidades de comunicação e articulação de conceitos.

A teoria de Piaget afirma que a inteligência se constrói a partir da atividade


motriz das crianças. Nos primeiros anos de vida, até os sete anos, aproximadamente,
a educação da criança é psicomotriz. Tudo, o conhecimento e a aprendizagem,
centram-se na ação da criança sobre o meio, os demais e as experiências através de
sua ação e movimento.

Através da psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os movimentos da


criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a indivíduos sãos, através
de um trabalho orientado à atividade motriz e as brincadeiras. Na reeducação
psicomotriz se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência,
transtornos ou atrasos no desenvolvimento. Tratam-se corporalmente mediante uma
intervenção clínica realizada por um pessoal especializado.

“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, através da interação


com o meio e de suas próprias realizações”. (Fonseca, 2004, p.19). Diante desta
visão, entendemos que a psicomotricidade desempenha papel fundamental, pois o
movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o conhecimento de mundo
que a rodeia através de seu corpo, de suas percepções e sensações. Por esse motivo,
a educação psicomotora tem sido enfatizada em várias instituições escolares,
aplicada principalmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, fase em que as crianças estão descobrindo a si mesmo e o mundo em
que vive.

Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos reforçam cada vez mais a


importância do capital do desenvolvimento psicomotor durante os primeiros anos de
vida, entendendo que é nesse momento que as aquisições são extremamente
significativas a nível físico. Essas que marcam conquistas igualmente importantes no
universo emocional e intelectual.

24
Sendo assim, instituições de ensino buscam oportunizar, às crianças,
condições de desenvolverem capacidades básicas, aumentar seu potencial motor,
utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais,
como também sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos.

Para que esses objetivos sejam alcançados, as escolas estão adotando


metodologias que visem o desenvolvimento motor através de uma série de exercícios
psicomotores, jogos e brincadeiras. Essas atividades além de desenvolverem as
estruturas físicas, também auxiliam na maturação mental, afetiva e social. No entanto,
Negrine faz algumas observações sobre a adoção das metodologias pelos
professores:

Seja qual for à experiência proposta e o método adotado, o educador deverá


levar em consideração as funções psicomotoras (esquema corporal,
lateralidade, equilíbrio, etc.) que pretende reforçar nas crianças com as quais
está trabalhando. Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou
atividade proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada
a outras, o professor deverá estar consciente do que exatamente está
almejando e onde pretende chegar. (NEGRINE, 1995, p. 25).

Contudo, em se tratando de educação psicomotora é importante ressaltar,


nesse aspecto, que o professor primeiramente precisa conhecer sobre o
desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, para posteriormente organizar o
seu planejamento de aulas.

O professor precisa ter muito claro qual o caminho a seguir, quais as


necessidades de seus alunos naquela etapa do desenvolvimento em que se
encontram e o que pretende alcançar com a realização de determinada atividade, ou
melhor, se sua proposta de trabalho está realmente de acordo com as necessidades
daquele grupo. Acontece, muitas vezes, uma busca por receitas, como os
procedimentos de um jogo, por exemplo. Porém, dessa forma, o professor acaba
esquecendo-se da base fundamental, a instrumentalização teórica. De nada adianta
conhecer a brincadeira ou o jogo psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados
no processo de ensino-aprendizagem. Lapierre em relação às dificuldades de
aprendizagem menciona:

Nós deveríamos levar mais longe essa lógica; se a criança tem deficiências
que a impedem de chegar ao cognitivo, é porque o ensino que recebeu não
respeitou as etapas de seu desenvolvimento psicomotor. Sob o aspecto da
prevenção, passaríamos da reeducação à educação psicomotora. Portanto,
torna-se importante estudar as funções psicomotoras, bem como sua
importância para o desenvolvimento infantil. (LAPIERRE, 2002, p. 25).

25
Logo nos deparamos com a importância de o educador conhecer as funções
psicomotoras e qual a sua contribuição para o crescimento infantil, pois sem esse
conhecimento, o professor, poderá pular etapas do desenvolvimento motor o que
causará problemas futuramente as crianças.

Seguindo esse viés sobre ação educativa como reeducativa, é interessante


destacarmos a visão proposta por Le Boulch (1984) sobre a união do aspecto
funcional ao afetivo. Segundo o médico e professor de Educação Física, tanto o
aspecto funcional como o afetivo devem caminhar lado a lado para que o
desenvolvimento infantil seja completo.

Por meio do vínculo afetivo ou relacional podemos entender a relação da


criança com o adulto, com o ambiente físico e com as outras crianças. A maneira
como o educador penetra no universo da criança assume aqui um aspecto essencial.
É muito importante que o professor demonstre carinho e aceitação integral do aluno
para que este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-se e equilibrar-
se.

O bom desenvolvimento da afetividade é expresso através da postura, das


atividades e do comportamento. Por exemplo, uma criança muito introvertida, acaba
apresentando insegurança e falta de espontaneidade, tem a tendência de fechar
também seu corpo, de não expressar seus sentimentos, vontades, ideologias e até
mesmo os seus medos. Diferentemente daquela criança extrovertida, que se mostra
alegre, comunicativa, confiante, que gosta e conseguem demonstrar seus
sentimentos, conceitos, opiniões. Provavelmente, a segunda criança citada, terá
maior chance de progredir em seus estudos e na vida social.

Um educador, a partir de um bom conhecimento do desenvolvimento do aluno,


poderá estimulá-lo de maneira que as áreas motricidade, cognição, afetividade e
linguagem estejam interligadas.

O aluno irá se sentir bem na medida em que se desenvolver integralmente


através de suas próprias experiências, da manipulação adequada e constante dos
materiais que o cercam e também das oportunidades de descobrir-se. E isso será
mais fácil de conseguir se estiverem satisfeitas suas necessidades afetivas, sem
bloqueios e sem desequilíbrios tônico-emocionais. Nesse sentido, pode-se afirmar o

26
cuidado especial que se deve tomar com as crianças sem seus primeiros anos de
escolaridade.

Mediante o processo de ensino-aprendizagem é muito importante que os


educadores, principalmente os de Educação Infantil, tenham conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil para que os conteúdos acadêmicos a serem trabalhados
estejam de acordo com as necessidades psicomotoras daquela faixa-etária.

Muitas dificuldades podem surgir com uma aprendizagem falha na escola. Está
certo que algumas habilidades motoras começam a ser desenvolvidas na família, mas
não se pode negar a importância dos primeiros anos de escolaridade. Por outro lado,
também há alunos que já vão para a escola com problemas motores que prejudicam
seu aprendizado.

Existem alguns pré-requisitos, do ponto de vista psicomotor, para que uma


criança tenha uma aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que,
como condição mínima, ela possua um bom domínio do gesto e do instrumento. Isso
significa que precisará usar as mãos para escrever e, portanto, deverá ter uma boa
coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala de aula,
como lápis, borracha, régua, se estiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo
e tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos.

É importante, também, que ela tenha uma boa coordenação global, saindo-se
bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de aula e no recreio.
Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos pátios das escolas, são, na verdade,
uma preparação para uma aprendizagem posterior. Com eles, a criança pode adquirir
noções de localização, lateralidade, dominância e, consequentemente, orientação
espaço-temporal.

Um fator importante para a educação escolar é o desenvolvimento do sentido


de espaço e tempo. Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la a orientar-se no
meio com desenvoltura. Do movimento que transcorre surgem às noções de tempo,
duração de intervalos, sequência, ordenação e ritmo. Outro elemento importante,
também como pré-requisito para uma boa aprendizagem, é a acuidade auditiva e
visual, mas só é possível propiciar estes estímulos se eles estiverem integrados e
bem orientados.

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O aluno, ao perceber que tem dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes
começa a apresentar desinteresse, irresponsabilidade, agressividade, hiperatividade,
baixo nível de atenção, dificuldade para seguir instruções, imaturidade social,
dificuldade com a conversação, inflexibilidade, fraco planejamento e habilidades
organizacionais, distração, falta de destreza, falta de controle dos impulsos, entre
outros.

A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento


por vontade própria, cabendo ao professor identificar as dificuldades do aluno
buscando formas de auxiliá-lo.

O professor tem um papel fundamental na construção do processo de


aprendizagem dos alunos, e sua função ganha ainda maior ênfase quando se trata
da educação infantil, pois nesse período é através do vínculo aluno-professor que se
dá a aprendizagem, que acontece especialmente no campo emocional.

É através do olhar atento do professor, enquanto mediador do processo formal


de ensino-aprendizagem, que se perceberá a evolução do processo de construção
do conhecimento do aluno ou as dificuldades geradas por ele, identificando os
problemas que possam se apresentar, através de uma investigação minuciosa de
como cada criança se apropria do conhecimento, procurando descobrir as
potencialidades e limitações, habilidades e fraquezas de cada criança sob todos os
aspectos que envolvem este intrincado processo, que é o do aprendizado.

A psicomotricidade infantil, como estimulação aos movimentos da criança, tem


como meta: motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre
o corpo e o exterior (o outro e as coisas); cultivar a capacidade perceptiva através do
conhecimento dos movimentos e da resposta corporal; organizar a capacidade dos
movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização
de objetos reais e imaginários; fazer com que as crianças possam descobrir e
expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção;
ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal;
criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso,
único e exclusivo e uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos
demais.

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Deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em sala de aula e
com o auxílio e dedicação do educador poderá amenizar as dificuldades de
aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o fracasso escolar,
contribuindo para uma educação de qualidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa observamos que o bom desenvolvimento motor


contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas consequentemente
afetivo e cognitivo da criança. Também notamos que o desenvolvimento motor pode
ser alterado por condições biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança
se desenvolva como seus companheiros da mesma idade.

Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas aprofundadas, os cientistas


compreenderam essas alterações, e puderam elaborar soluções clínicas e
preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos indivíduos.

A partir dessa descoberta, elaborou-se o conceito da educação psicomotora,


no qual foi atribuído o principal objetivo, que é ajudar a criança chegar a uma imagem
do corpo operatório, permitindo que ela se desenvolva da melhor maneira possível,
tirando o melhor partido de todos os seus recursos, preparando -a para a nova etapa
do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo.

Como argumenta Le Bouch (1984), a educação psicomotora atingirá seus


objetivos quando trabalhada na escola, nas séries inicias, pois é nessa fase que a
criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas vontades, constrói sua personalidade,
definindo conceitos, pensamentos, ideias, crenças, enfim, torna-se um ser
consciente.

Entretanto, a educação psicomotora assumirá suas supostas funções:


(estimuladora, [re] educadora e terapêutica), quando o docente, primeiramente,
conhecer o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, e posteriormente
seus alunos, principalmente as dificuldades apresentadas por eles, para que assim
possam organizar o seu planejamento de aulas e garantir uma aprendizagem de
qualidade.

Em diferentes práticas pedagógicas observa-se que o uso dos jogos na


Educação Infantil quase sempre se fundamenta nos estudos sobre seu papel no
desenvolvimento infantil. Talvez este fato já possa ser considerado suficiente para
justificar a importância da atividade lúdica na aprendizagem, como recurso
psicopedagógico.

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É preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso transcender o visível
e pressentir a seriedade do fenômeno.

O lúdico estimula e desenvolve a socialização, que influi diretamente no


aspecto sócio-afetivo, daí sua importância na sala de aula.

A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da


educação, pois ela vem auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, sendo
que o corpo e a mente são elementos integrados da sua formação.

A psicomotricidade busca conhecer o corpo nas suas relações, transformando-


o num instrumento de ação. Este corpo pensado como objeto, marcado por uma
mente que pensa. A evolução da psicomotricidade no homem se dá de forma natural.
Ela auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação da aprendizagem
escolar. O corpo e o movimento constituem alicerces para o desenvolvimento da
criança. No campo da Psicomotricidade, a relação, a vivência corporal e a linguagem
simbólica são imprescindíveis. A psicomotricidade permite à criança a viver e atuar
no seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo.

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