ABERTURA CORONÁRIA NOS DIFERENTES GRUPOS DENTAIS

Para fins didáticos, a abertura coronária é dividida em três etapas:

1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa etapa, deve-se ter em
mente o ponto de eleição, a forma de contorno inicial e a direção de
trepanação, que varia de acordo com os diferentes grupos dentais. Entretanto,
é consensual que o acesso deva ser realizado sempre na face lingual ou
palatina de dentes anteriores e na face oclusal dos dentes posteriores.

2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: essa etapa consiste na

remoção de todo o teto da câmara pulpar e no preparo das paredes laterais
sem atingir o soalho.

3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de

conveniência: essa etapa é completada logo após o acesso à câmara pulpar e
seu preparo. Essa configuração é obtida de acordo com a topografia da câmara
pulpar de cada dente e tem como objetivo proporcionar acesso fácil à
instrumentação e possibilitar a visualização da entrada dos canais.
INCISIVOS SUPERIORES E INFERIORES
1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as brocas
1014/1014 HL ou 1558, para os dentes superiores, e 1012/1012 HL ou 1557,
para os inferiores, desenhando um pequeno triângulo.
 Ponto de eleição: parte mais central da face lingual, cerca de 2mm
acima do tubérculo lingual.
 Forma de contorno inicial: triangular com a base voltada para incisal
 Direção de trepanação: 45o ao longo eixo do dente.

2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: utiliza-se a broca Endo

Z, 3082 ou 3083, todas com ponta inativa, com movimento de pincelamento (de
baixo para cima). O objetivo dessa etapa é remover todo o teto e evidenciar a
forma de contorno, no caso triangular com base voltada para incisal. Deve-se
ter cuidado para não produzir desgastes desnecessários na borda incisal. O
preparo terminará a cerca de 2mm da borda incisal.
3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de
conveniência: a configuração final será triangular, com paredes laterais
(mesial e distal) expulsivas e remoção do ombro palatino por desgaste
compensatório.
CANINOS SUPERIORES E INFERIORES

1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as

brocas 1014/1014 HL ou 1558, aprofundando-a de forma oval.

 Ponto de eleição: parte mais central da face lingual.

 Formato de contorno inicial: ovalado.
 Direção de trepanação: 45º ao longo do eixo do dente.

2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: utiliza-se broca Endo Z,

3082 ou 3083, em movimento de pincelamento. O objetivo dessa etapa é
remover todo o teto e evidenciar a forma de contorno, no caso ovalado ou em
gota, devido ao divertículo central correspondente à cúspide perfurante.

3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de

conveniência: a configuração final será ovalado ou em formato de gota,
expulsiva, com a remoção do ombro palatino por desgaste compensatório.

PRÉ-MOLARES SUPERIORES
1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as
brocas 1014/1014 HL ou 1558, penetrando-a com formato oval.

 Ponto de eleição: área central da face oclusal.

 Forma de contorno inicial: ovoide com maior dimensão no sentido
vestibulopalatino.
 Direção de trepanação: vertical, paralela ao longo eixo do dente.

2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: utiliza-se a broca

Endo Z, . 3082 ou 3083, com movimentos de pincelamento. O objetivo
dessa etapa é remover todo o teto e evidenciar a forma de contorno
ovoide.
3. Configuração final da cavidade intracoronária ou formato de
conveniência: a configuração final será oval, ligeiramente expulsiva,
com acesso direto aos canais.

PRÉ-MOLARES INFERIORES
1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as
brocas 1014/1014 HL ou 1558, penetrando-a com forma oval.

 Ponto de eleição: faceta mesial da face oclusal.

  Forma de contorno inicial: de circular a ovoide, dependendo do
número de canais.

• Direção de trepanação: vertical, paralela ao longo eixo do dente.

2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: utiliza-se a broca
Endo Z, 3082 ou 3083, com movimentos de pincelamento. O objetivo
dessa etapa é remover todo o teto e evidencia a forma de contorno
circular ou ovoide.

3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de

conveniência: a configuração final será circular ou ovoide, expulsiva, e
ligeiramente deslocada para mesial.

MOLARES SUPERIORES

1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as

brocas 1016/1016 HL ou 1558, penetrando-a com formato triangular,
com base voltada para vestibular e vértice para palatina.

 Ponto de eleição: no centro da fossa mesial, na superfície oclusal

 Forma de contorno inicial: triangular.
 Direção de trepanação: vertical, paralela ao longo eixo do dente.
2. Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno: utiliza--se broca
Endo Z, 3082 ou 3083, com movimentos de pincelamento. O objetivo
dessa etapa é remover todo o teto, e evidenciando a forma de contorno
triangular. Para isso, após a trepanação, com movimento de tração
lateral associado ao pincelamento, a broca será direcionada à cúspide
mesiovestibular para encontrar o canal mesiovestibular em seguida no
sentido distovestibular, para localizar o canal distovestibular, e no
sentido palatino, para localizar o canal palatino. É importante ressaltar
que o canal me-siovestibular encontra-se em posição vestibularizada em
relação ao distovestibular.

 Localização dos canais:

– Canal palatino (CP): embocadura localizada abaixo do vértice
da cúspide mesiopalatina.
– Canal mesiovestibular (CMV): embocadura localizada abaixo
do vértice da cúspide mesiovestibular.
– Canal distovestibular (CDV): embocadura geralmente
localizada no ponto mais profundo da vertente distal da cúspide
mesiovestibular, bem embaixo do sulco vestíbulo-oclusal e à
frente da ponte de esmalte. Esse canal apresenta, com certa
frequência, variações em sua posição, exigindo inspeção clínica
cuidadosa, pois pode formar desde um ângulo reto até obtuso,
menos ou mais aberto, em relação aos canais MV e P.
 – Canal mesiopalatino (CMP) (quarto canal): embocadura
localizada de 2 a 3mm, à palatina, do canal MV principal;
portanto, também localizado na raiz mesiovestibular.

3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de

conveniência: a configuração final será triangular, expulsiva, com base
voltada para vestibular e com acesso direto aos canais por desgaste
compensatório.

MOLARES INFERIORES
1. Acesso à câmara pulpar ou trepanação: nessa fase são usadas as
brocas 1016/1016 HL ou 1558, penetrando-a com formato
trapezoidal.
 Ponto de eleição: no centro da superfície oclusal.
 Forma de contorno inicial: trapezoidal.
 Direção de trepanação: vertical, paralela ao longo eixo do dente.

2. Preparo da câmara pulpar ou formato de contorno: utiliza-se

broca Endo Z, 3082 ou 3083, com movimentos de pincelamento. O
objetivo dessa etapa é remover todo o teto, evidenciando a forma de
contorno trapezoidal ou retangular, dependendo da presença de um
ou dois canais na raiz distal. Após a trepanação, com movimento de
tração lateral associado ao pincelamento, a broca será direcionada à
face mesial a fim de encontrar os canais mesiovestibular e
mesiolingual. Depois, seguirá em sentido distal, pelo sulco central,
para localizar o canal distal. Havendo mais de um canal distal, estes
serão encontrados com movimentos de pincelamento para vestibular
e lingual.
 Localização dos canais:
– CMV: embocadura localizada embaixo do vértice da
cúspide.
– Canal mesiolingual (CML): embocadura localizada
embaixo de um ponto que fica na metade da aresta da
vertente vestibular da cúspide mesiolingual, entre o vértice da
cúspide mesiolingual e o sulco central principal da face
oclusal.

– Canal distal: embocadura localizada embaixo do sulco

central-mesiodistal, 1 a 2mm distal à sua interseção com o
sulco oclusolingual.

3. Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de

conveniência: a configuração final será trapezoidal ou retangular, dependendo
da presença de um ou dois canais na raiz distal, com desgaste compensatório,
principalmente na parede mesial.