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Volume 22, N. 2, pp.

169 - 184, Jul/Dez, 2018

POR UMA (RE)DIMENSÃO ARTEFATUAL DA “PSIQUE HUMANA” -


TEORIA ATOR-REDE E PSICOLOGIA

Idonézia Collodel-Benetti
João Paulo Roberti Junior
(Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis – SC)

Resumo

A Psicologia tem a característica singular de rever com elevada frequência as suas próprias
categorias analíticas e os seus preceitos teórico-metodológicos. Um desses momentos de
questionamento vem das reflexões levantadas pela perspectiva dos Estudos Sociotécnicos ou
Teoria Ator-Rede de Bruno Latour. Este ensaio, com delineamento qualitativo e de
problematização teórica, tem como objetivo colocar em discussão uma série de estudos e
debates que se têm realizado sobre a Teoria Ator-Rede e suas contribuições para a Psicologia.
O foco será o modo como são tratadas as associações entre humanos e não humanos e as
apreciações como o social, a rede, o sujeito/objeto. Assim, foram sistematizados alguns
conceitos e princípios da perspectiva sociotécnica e de simetria generalizada. Incluiu-se um
rastreamento dos trabalhos produzidos na Psicologia, a partir da perspectiva sociotécnica da
Teoria Ator-Rede. Os resultados apontam para novas concepções da relação entre Psicologia e
Teoria-Ator Rede.

Palavras-chave: psicologia; teoria ator-rede; simetria.

Abstract

By an Artefactual (Re)Dimension of “Human Psyche”: Actor-Network Theory and


Psychology

Psychology has a rather unique feature to review with a very rapid rate its own analytical
categories and their theoretical and methodological precepts. One of those moments of
questioning their own bases in recent years has raised the prospect of reflections or
sociotechnical study by Actor-Network Theory of Bruno Latour. In this perspective, we note
that now the emphasis is on social (understood as the human) whose most times it implied what
we call social relationships is something that is established exclusively between humans and
people. Now the emphasis is on technical (understood as the non-human), emphasizing the
potential of machines and software, which most times it implied that the human is to these
techniques, as if they alone would determine new forms of relationship between humans and
constitution. From this realization that he began to seek the Actor-Network Theory (English,
Actor-Network Theory or ANT) subsidies to give special treatment to the subjects of the
humanities, the social and technical thinking symmetrically constituted as a network that
decentralized agencies in their translation capacity.

Keywords: psychology; actor-network theory; symmetry.

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Perspectivas em Psicologia, Uberlândia, vol. 22, n. 2, pp. 169 – 184, Jul/Dez, 2018 – ISSN 2237-6917
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I. Considerações Iniciais É neste sentido que o presente


trabalho é um convite para pensar a
A Psicologia expressa nos dias Psicologia através de um movimento
atuais uma complexa rede de significações contemporâneo. Para tanto, exige-se ser
a respeito das mudanças e dos preceitos contemporâneo, também, os textos e os
teórico-metodológicos que perpassem sua autores que circundam a teoria; de forma
teoria. O estudo e a problematização de que o contemporâneo nunca é atual [porque
conceitos e de teorias, em Psicologia, se já é parte de minha análise], portanto criar
reverte para a construção e busca da uma inatualidade sobre o que se está
qualidade de ação e intervenção ao qual a fazendo, pensando nas discussões que serão
Psicologia é fadada. As teorias afirmam propostas, significa adotar a postura
práticas e visões de mundos (Ferreira, contemporânea na Psicologia, não apenas
2010). percebendo-a ao escuro do presente e que
No entanto, todo o amparo, no qual nele aprende e se volta à luz, mais sim
a Psicologia constantemente se baseia, dividir e interpolar o tempo, colocando
sugere uma subversão constante e sempre em constante relação com o atual
necessária à Psicologia, tornando-a sempre (Agambem, 2009).
um movimento contemporâneo. Este Essa postura leva a pensar em como
movimento “[...] é uma singular relação a Psicologia tem se voltado contra a sua
com o próprio tempo, que adere a este e, ao própria herança (Ferreira, 2010). Significa
mesmo tempo, dele toma distâncias; mais que, antes de pensar em atuar, o psicólogo
precisamente, essa é a relação com o tempo deve pensar em sua teoria 1. O percurso ao
que a este adere através de uma dissociação qual irá alvitrar o presente trabalho é
e um anacronismo” (Agambem, 2009, p. desafiador e, antes de tudo, é um arriscar-se
59). Aqueles que coincidem muito em público dado o cruzamento
plenamente com a época, que em todos os metodológico e teórico que será proposto.
aspectos aderem perfeitamente, não são Esse processo adotará como referencial
contemporâneos porque, exatamente por teórico metodológico a Teoria do Ator-
isso, não conseguem vê-la, não podendo Rede (TAR – Teoria Ator-Rede em
manter fixo o olhar sobre ela. Português ou ANT – do inglês Actor-

1
Para tanto, mostra-se significativa a preposição de uma prática, a doutrina da liberdade pessoal outra.
Skinner: "[...] as teorias afetam a prática. Uma Confusão na teoria significa confusão na prática."
concepção científica do comportamento humano dita (1974, p.23)

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Network-Theory), ou também denominada de pensar os Estudos Científicos permite


de sociologia das associações (Latour, refletir a Psicologia sobre novos prismas”
2012). (Tsallis, Ferreira, Moraes & Arendt, 2006,
Deste modo, o presente trabalho tem p. 59).
como objetivo colocar em discussão uma Embora grande parte da literatura de
série de estudos e debates que se têm Bruno Latour já se encontra traduzida para
realizado sobre a Teoria Ator-Rede e suas a Língua Portuguesa (Latour, 1994; 1997;
contribuições para a Psicologia, com foco 1998-a; 1998-b; 2000; 2001; 2002; 2012),
no modo como são tratadas as associações muitos conceitos e conhecimento desta
entre humanos e não-humanos e as ainda não são conhecidos no meio
apreciações como o social, a rede, o acadêmico e principalmente na Psicologia.
indivíduo, o sujeito/objeto. Para estas Portanto, apresentar inicialmente alguns
considerações serem pensadas nestes conceitos demonstra-se importante na
caminhos, este estudo sistematizará alguns medida em que auxilia o leitor a situar-se na
conceitos e princípios da perspectiva literatura. Contudo, ao longo da explanação
sociotécnica e de simetria generalizada. alguns conceitos poderão estar já
Posteriormente, incluir-se-á um engendrando discussões com a Psicologia,
rastreamento dos trabalhos produzidos na portanto a sistematização se dará ao longo
Psicologia, a partir da perspectiva da explanação dos conceitos.
sociotécnica da Teoria Ator-Rede, em A Psicologia encontra nessa
especial o pensamento nos desdobramentos topologia heterogênea da rede sociotécnica
teóricos de uma dimensão artefatual da ação uma matriz fértil para pesquisas acerca de
e da psique. processos e objetos que tradicionalmente
Deste modo, a discussão teórica irá permaneciam ora no exterior do seu campo
permitir que a Psicologia (re)pense de investigação, ora desprovidos de uma
concepções metodológicas que até então abordagem conceitual e metodológica
não eram possíveis em seu campo. Salienta- pertinente (Bruno, 2010). Em linhas gerais,
se que, embora Bruno Latour não estabeleça a ANT (TAR) tem-se afirmado como um
em sua literatura reflexões sistematizadas saber que rejeita a descrição do mundo
da Psicologia, encontramos em seu trabalho “moderno”. Latour (2005) concebe a
moções e pontes que podem ser modernidade como um conjunto de práticas
estabelecidas com diversos ramos do que, em muitas medidas, não coincidem
conhecimento. Todavia, a “[...] sua forma com a teoria; na forma que os modernos

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conceberam uma realidade bifurcada entre Teoria Ator-Rede em Bruno Latour, faz
natureza e cultura. Porém, “[...] as práticas (re)pensar discussões para o presente artigo.
de purificação, que se buscava na
modernidade a fim de se obter meios pelos II. Teoria Ator-Rede
quais os coletivos (separadamente humanos
e não-humanos) pudessem se ampliar e “Por onde andavam os micróbios
progredir, só foram possíveis pelo antes de Louis Pasteur?” (Latour, 2011, p.
contrário: a mistura deles”. (Rifiotis, 175), perguntou-se certa vez o sociólogo
Segata, Máximo e Cruz, 2011). Bruno Latour. Apesar de aparentemente
A ANT propõe rever conceitos e simples, a pergunta traz à tona uma
divisões modernas, tais como a noção de controvérsia paradoxal presente naquilo que
coletivo, ator, rede, fetiche, agência etc. chamamos de “produção científica” ou mais
Esta última chama a atenção para a amplamente, de “produção de
dimensão artefactual da participação dos conhecimento”: a invenção. Os micróbios
objetos técnicos na gênese dos processos sempre estiveram lá, responder-se-ia
cognitivos. Conceber a ação como facilmente à Latour; no entanto, eles nunca
mediação (Latour, 1994; 2012) permite não existiriam sem Pasteur. A dificuldade está
definir um acontecimento por causas e em perceber que Pasteur faz existir os
consequências, mas um deslocamento de micróbios - ele os inventa, no sentido de
objetivos e ações. Conceber, então, a ação produzir condições para que eles passem a
deslocada permite não definir de antemão existir de jure, já que de facto eles sempre
uma relação de causa e efeito, mas existiram.
considerar o deslocamento da ação, Em termos resumidos, Pasteur dá
buscando a participação dos não-humanos status aos micróbios. Ainda em
na ação. continuidade a esta discussão, Latour, em
Assim, como já afirmado, dado que outro trabalho (Latour, 2001), faz uma
esta abordagem não é de uso comum, serão distinção entre “ciência” e “pesquisa” sobre
apresentados alguns debates e conceitos- a qual ele justifica a sua insistência no uso
chave que irão habilitar e mediar o diálogo do “faz” (faire), em oposição à palavra
com a Psicologia. Portanto, o que mais “feito” ou “fato” (fait). Segundo ele, nessa
amplamente se iniciou na negação de pequena proposição controversa, aparece,
dicotomias entre natureza e cultura e que sobretudo, uma ambiguidade etimológica
está atualmente sob a denominação de que há muito já foi revelada por Gaston
Bachelard: o fato científico. Um fato tanto

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pode designar “algo que se fabrica” (que “quente”, “numerosamente ligada à política
pode ser feito),como algo que “não pode ser e à sociedade”, onde o “fato é aquilo o que
fabricado, pois já está dado (que está feito, é construído” ou que está sendo feito
pronto, acabado)” -e nessa segunda (Latour, 2001). Nesse caso, interessa aqui,
concepção, um dado (fato) é algo sólido, ao se propor um estudo sobre a pesquisa e a
palpável, e se impõe ao pesquisador- ciência em Ciências Humanas, descrever e
cientista, pois já está feito e se antecipa à analisar pesquisa (recherche), no sentido
análise. daquilo que está “sendo feito”, que está em
O paradoxo aparece então na ação, e não apenas descrever e analisara
possibilidade do fato ser aquilo sobre o qual ciência feita (science), no sentido daquilo
a ciência “se fabrica”, pois estuda o fato, que já foi estabelecido - interessam assim,
como aquilo que é fabricado pela ciência, as ligações, os interesses e tudo o mais que
pois ela pode fazer o fato enquanto lugar de Latour (2001b, p. 15) considera como “três
pesquisa e descoberta. Nesse caso, Latour difficile à établir 2”.
volta-se para a pesquisa, que segundo ele é Desde os anos de 1960, em especial
o momento, em termos simplificados, onde com a publicação de Estruturas das
a ciência está em ação - ou seja, onde ela Revoluções Científicas (Kuhn, 1962), o
partiu de fatos (coisas dadas, ou feitas), que estudo das ciências deixou de ser privilégio
podem ou não constituir algum tipo de de metodólogos das Ciências Naturais, para
paradigma, para chegar a algum novo fato passar a se constituir em campos de estudo
(um feito, fabricado), que pode se constituir das Ciências Humanas. Além de Thomas
em um novo paradigma (Latour, 2001). Kuhn, nomes como os de Gaston Bachelard,
Levando em consideração algumas Imre Lakatos, Karl Popper, Michel
diferenciações entre ciência (science) e Foucault, Bruno Latour, ou Isabelle
pesquisa (recherche), Latour caracteriza a Stengers, para citar apenas alguns,
primeira com as palavras “certa”, “fria”, dedicaram-se ou ainda têm se dedicado ao
“sem ligação com política ou sociedade”, que amplamente se pode chamar de
onde o “fato é aquilo que não se pode “estudos das ciências”, e é possível dividi-
discutir” pois já está feito, enquanto que a los entre os que Latour classificou como
segunda, a pesquisa, ele caracteriza com aqueles que estudam a “ciência”
palavras como “incerta, arriscada”, estabelecida, e aqueles que estudam “a

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“Muito difíceis de estabelecer” (Tradução nossa).

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ciência em curso de ação”, incluindo-se essencialmente diferenciados (Bloor, 2009;


entre estes, o próprio Latour (Latour, 2001). Freire, 2006; Law, 1999, 2004).
As discussões constituidoras da É com vistas a uma crítica a essa
Teoria Ator-Rede (ANT - Actor-Network postura, que autores como Bruno Latour e
Theory) passam a tomar corpo a partir de Michel Callon estendem esse princípio
meados da década de 1970, quando David teórico-metodológico formulado por David
Bloor desenvolve um programa de Bloor às controvérsias entre natureza e
investigações sociais cujo objetivo central sociedade, que também deveriam ser
residia em analisar o que faz certos grupos tratadas sob um mesmo plano, sob um
de cientistas, em diferentes épocas, princípio de simetria generalizada, uma vez
selecionar certos aspectos da realidade que, para eles, não haveria de um lado um
como objeto de estudo. Ele chamou isso de mundo das coisas em si em contraposição a
Programa Forte (Bloor, 2009). Isso tornou um mundo dos homens; para eles, ambos
possível considerar o trabalho dos seriam efeitos de redes. Tais redes não
cientistas, ou mesmo a ciência e a seriam, por isso, compostas pelos mesmos
tecnologia, como algo construído sob certos elementos, mas sim poderiam ser
aspectos internos da própria comunidade investigadas/descritas da mesma maneira,
científica e, igualmente, certos aspectos sob os mesmos termos.
ditos, então, sociais e históricos (Bijker & Em resumo, sob o princípio de
Pinch, 1989; Bloor 1999, 2009; Callon, simetria generalizada, natureza e
1989). sociedade, sujeito e objeto, etc. poderiam
Então, David Bloor sugere para tal ser descritos simultaneamente, sem que se
empreito, no âmbito do que se conhecia por fizesse necessário recair o peso da descrição
Science Studies (estudos científicos ou sob um dos supostos pólos, o que resultaria
sociologia das ciências), um princípio na permanência de um esquema
programático da simetria, que consistia assimétrico. Destarte, a simetria
basicamente em reconhecer que os mesmos generalizada amplificaria o potencial do
tipos de causas devem servir como modos princípio programático de simetria, uma
de explicação. Mesmo que estes modos vez que esta última ainda tomava “o social”
sejam eles estabelecidos (crenças como um lugar privilegiado para se discutir
valorizadas), como também aqueles que não as ciências e a natureza.
vigoravam no interior das ciências (crenças Este também foi um dos caminhos
rechaçadas), não antecipando vencedores traçados para a constituição de um modo de
ou vencidos, nem os tomando como se pensar em uma antropologia simétrica,

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que reivindicasse uma simetria total entre “[...] empregar a palavra “ator” significa
humanos e não-humanos, ultrapassando as que jamais fica claro quem ou o quê está
grandes divisões entre natureza e cultura, atuando quando as pessoas atuam, pois o
entre sujeito e objeto, tão em voga hoje. ator, no palco, nunca está sozinho ao atuar”
Dessa maneira, do ponto de vista dos (Latour, 2012, p. 75).
Science Studies, quando se está falando de Assim, sublinhe-se que a
eletrodos de pilhas, filamentos de lâmpadas actancialidade não seria aquilo o que o ator
incandescentes, da bactéria do antraz ou dos faz - pois a ação seria distribuída, não seria
peptídeos do cérebro, não se está falando de univocal, não caberia na identificação do
domínios exclusivos das técnicas ou das ator-em-si: “[...] por definição, a ação é
ciências, tampouco da natureza dessas deslocada. A ação é tomada de empréstimo,
coisas em si, mas do seu envolvimento com distribuída, sugerida, influenciada,
coletivos compostos de sujeitos humanos e dominada, traída, traduzida” (Latour, 2012,
não-humanos, constituídos/transformados p. 76). Daí a importância de se assinalar que
em processos contínuos de tradução. se estaria tratando aqui de um ator-rede e
Neles, é possível deslocar objetivos, não simplesmente de “um ator” e de “uma
desestabilizar entidades e, acima de tudo, rede”, em separados.
gerar sempre novos efeitos. Assim, o termo Há agências, as mais diversas,
tradução na Teoria Ator-Rede (Latour atuando simultaneamente no mundo. E,
1999, 2005, 2012; Law 2006; Freire, 2006; assim, como intuito de se evitar o equívoco
Ziemkendorf, 2007) deve ser lido como o de se atribuir exclusivamente ao humano a
processo de transformação que determinado agência, é comum encontrarmos a
fato, feito ou ator vai sofrendo e fazendo utilização do termo semiótico actante (no
sofrer. mesmo sentido de ator), ou seja, qualquer
No entanto, é preciso traçar breves coisa que atue, ou que mova alguma ação
considerações sobre o que cabe no rótulo (Akrich & Latour, 1992). Corroborando
“ator-rede”. A noção de ator não pode ser para esse sentido, há ainda a utilização de
confundida com o sentido tradicional de uma voz verbal presente entre os gregos, a
“ator social”, uma vez que um ator é tudo “middle voice”, que não seria nem passiva,
que age, deixa traço, produz efeito no nem ativa, e que à falta em outras línguas,
mundo, podendo se referir a pessoas, poderia ser traduzida como o que “faz
instituições, coisas, animais, objetos, fazer” (“faire faire” no francês, ou “to make
máquinas, ou tudo isso simultaneamente: one do”, no inglês) - ela permite distribuir

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as certezas do que ou de quem está agindo uma entidade fixa, logo, não é o objeto de
(Latour, 1999). análise. A análise deve recair na capacidade
A noção de rede também começou a que essas redes têm em redefinir, ou
se tornar um problema à medida que a transformar os seus componentes (internos
emergência da WorldWideWeb demandou e externos): de modo resumido, interessam
estudos específicos. Ela ficou diretamente os efeitos das redes. Pensar com elas, não
“colada” à ideia de internet. Na cibernética, pensar elas. Assim, a rede como método é
uma rede se refere aquilo que transporta criação – ao me utilizar delas para descrever
informações por longas distâncias, um mundo, o que resulta é um mundo por
mantendo-a intacta, pura, sem quaisquer elas criado – o mundo não está organizado
deformações. Algo consideravelmente em rede, a rede organiza o nosso modo de
distante do projeto latouriano, interessado ver o mundo. Trata-se daquilo que, à
justamente nos efeitos, nas traduções, nos maneira que Lévi-Strauss, entendia os mitos
desvios, nos “chiados” delas. Enfim, o que na sua ciência do concreto; elas equivalem
está em proeminência são os fluxos, as a uma modalidade discursiva que organiza
multiplicidades de conexões, e não o a explicação do mundo, das coisas, da
estável, o igual. realidade. A rede faz o mundo, não por seus
Anteriormente a isso, aparecia outro conteúdos, mas pelos seus potenciais de
equívoco que era o de compreender rede diferenciação e multiplicação.
com aquela “ideia torta” de “vamos
III. A dimensão Arte fatual da “Psique”:
flexibilizar as instituições rígidas,
humanos e não-humanos na Psicologia
pontiagudas”, algo que aliviasse o peso das
noções de instituição, sociedade, ou
Notadamente a Psicologia tem como
Estados-Nação: “[...] ‘down with rigid
objeto de sua análise os humanos, dotados
institutions’, they all say, ‘long live flexible
de consciência e intencionalidade. Porém,
networks’” (Latour, 1999, p. 15). Uma rede
esta concepção torna-se menos evidente
não poderia ser definida por superfícies,
quando consideramos não-humanos na
tampouco por seus limites externos; antes,
gênese da ação e de constituição da
sim, o foco está nos agenciamentos, nas
cognição. Neste sentido, analisar o processo
alianças entre elementos heterogêneos
de rede e o processo cognitivo da ação com
(humanos e não humanos).
relação a humanos e não-humanos marca
Ou seja, a rede por si só pode
incertezas quanto à natureza da ação.
também se constituir como um ator, uma
vez que ela produz efeitos, que ela não é

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A noção de rede concebe caminhos regidos pela necessidade e determinação”


ao qual se pode pensar a natureza da ação, (Pereira, 2010, p. 47). Essa análise também
pensando o social não em termos de ação, é égide sobre outras áreas do saber, como a
mas também de produção. Pergunta-se sociologia, por exemplo, que considera a
assim: quais os vínculos concebidos entre autonomia do indivíduo esmagada através
humanos e não-humanos? Quais efeitos que das estruturas sociais.
tais vínculos produzem na gênese do Assim, assumir o papel e conceber
processo cognitivo? O social, então, deixa que o objeto da Psicologia é fabricado,
novamente de se tornar um modelo distribuído na rede e articulado entre
operativo-descritivo e analítico para pensar humanos e não-humanos é conceber que
o processo que interfere na constituição dos nada está dado de antemão. A tarefa da
fatos e da cognição. Psicologia será a de buscar condições
Considerar os não-humanos é antes objetivas e/ou subjetivas do conhecimento,
de tudo considerá-los que possuem “[...] acompanhando as alianças entre humanos e
agência, produzem efeitos no mundo, não-humanos, onde se faz e se constitui a
modificam nossas ações, redefinem nossa subjetividade de uma psique humana.
cognição” (Moraes, 2005, p. 7). Os estudos Assim,
e afirmações de Latour auxiliam a perceber
Os não-humanos, até então estudados
e repensar as informações e explicações
como passivos, submetidos às ações
postas sempre a priori na Psicologia [e
humanas, são eles também atores que
muitas vezes como descritivo-
devem ser levados em conta por uma
qualificadores], oferecendo e garantindo
psicologia considerada como estética
modelos transcendentais e ontológicos que
da cognição. Assim, longe de ser
são dados de antemão e não auxiliam a
referida ao par sujeito-objeto a
conhecer os vínculos entre humanos e não-
cognição passa a ser entendida a partir
humanos.
das articulações entre humanos e não-
A Psicologia irá exprimir na sua
humanos. Cognição híbrida, mestiça
análise, o resultado da modernidade:
longe, portanto, das distinções que
humanos de um lado e não-humanos de
marcaram as pesquisas em psicologia:
outro (Latour, 1994; 2012). Isso significa
sujeito X objeto, indivíduo X
que esta concepção modernista “[...]
sociedade, psicologia social X
conferia aos sujeitos liberdade e autonomia
cognitiva (Moraes, 2005, p. 9).
enquanto considerava os objetos como

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Trata-se, portanto, de não avaliar Para exemplificar este processo,


simetricamente as constituições entre temos o exemplo da arma na composição de
humanos e não-humanos, mas sim da práticas (Bonamigo, 2010). A posição é que
Psicologia acompanhar, no âmbito de sua não podemos prever o que pode acontecer
prática e pesquisa, o modo como se dá a quando se junta uma pessoa e uma arma,
associação entre humanos e não-humanos. pois, como visto, não há uma essência do
É “[...] ultrapassar a dupla separação sujeito ou do objeto. Assim, no encontro
moderna entre humanos e os não-humanos, entre uma pessoa e uma arma, um novo
defendendo que se dê igual importância de objetivo pode ser constituído, onde há uma
tratamento para a produção tanto dos nova ação a ser pensada, deslocando-se em
primeiros quanto dos segundos” (Freire, pensar que “[...] havendo a criação de um
2006, p. 49). novo vínculo que modifica tanto a pessoa
A ANT apresenta-se como uma quando a arma” (Bonamigo, 2010, p. 172).
alternativa para a concepção da ação dos Então, os artefatos reais são sempre partes
indivíduos, pois “[...] nem a suposta de instituições hesitantes em sua condição
liberdade do indivíduo tomado mista de mediadores (Latour, 2001),
isoladamente nem o ambiente, o transformando-se e alterando-se, não como
inconsciente e a sociedade, como estruturas um todo ou como entidades dicotômicas
causais” (Pereira, 2010, p. 47) satisfazem a entre sujeito-objeto, mas pensando na
análise da explicação da ação de um ator3. metonímia da arma, como um “sujeito-
Um ator é aquele que age sobre outro ator, arma” (Bruno, 2010).
provocando neste, modificações. Portanto, Assim, uma concepção mentalista
tudo age: tanto humanos quanto não- ou ambientalista nos convida a mudar as
humanos. Considera-se, neste sentido, uma mentes, sentimentos ou ambientes dos
dimensão que concebe e refuta as oposições homens, ao invés de refletir as ações postas
entre interior e exterior, mental e material, no mundo em que vivem. Afinal, é tentador
sujeito e objeto. A dimensão artefatual acreditar que não são armas que matam e
desloca a atenção para a participação dos sim mentes e contextos agressivos (Skinner,
objetos técnicos da gênese do processo 1974, adaptado). Portanto as ações, ora são
cognitivo (Moraes, 2005). localizadas nos indivíduos, como se fizesse
parte de sua natureza, ora são localizadas na

3
Latour (2001; 2012) considera ambos humanos e diferenças, desvios, transformações na distribuição
não humanos como atores. Conceber um ator é da ação numa rede sociotécnica e na fabricação do
conceber “[...] tudo que tem agência, que produz mundo.” (Bruno, 2010, p. 11).

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sociedade, entendendo-se com uma nos seus próprios termos.” (Pereira, 2010, p.
construção social (Bruno, 2010). Pensar, 49).
portanto que a arma me inscreve em uma Assim, existem duas etapas que
série de relações, que não eram possíveis compõe o novo processo de tradução: 1)
sem ela, é considerar que os não-humanos um: “o social desapareceu” (Latour, 2012,
possuem agência e que produzem efeitos no p. 157) e 2) “o social voltou como
mundo, modificando nossas ações e nossa associação” (Latour, 2012, p. 159). Assim,
psique humana. O social não pode ser os diferentes modos com que os atores estão
entendido como algo que antecede nossas associados pode fazê-los fazer outras
práticas, ou mesmo como um modelo coisas. Isso mostra que uma força não
operativo-descritivo das ações, mas algo permanece da mesma forma por todo o
que é (re)tecido na rede de articulações. percurso – como um intermediário – mas
A Teoria Ator-Rede se revela, gera transformações fiéis diante dos
assim, com um dispositivo teórico- numerosos eventos, desencadeados por
metodológico de análise que é capaz de outros mediadores que estão situados em
enfrentar o desafio contemporâneo de levar toda a parte. Isso seria chamado o “princípio
em consideração a multiplicidade e de irredução”, que significa que “[...] a
heterogeneidade das ações dos indivíduos, concatenação dos mediadores não traça as
considerando, na sua gênese, os não- mesmas ligações e não requer o mesmo tipo
humanos, conduzindo à descrição das de explicações como séquito de
relações que se estabelecem entre os intermediários transportando uma causa”
elementos heterogêneos que compõem o (Latour, 2012, p. 159). E, aqui, esbarra-se
fluxo da ação, sem fixar em algum lugar as com a ideia de que o social deve ser
ações dos humanos. As relações são explicado, em vez de fornecer explicação.
estabelecidas em um espaço fluido e Contudo, para designar algo como
constante, que em lugar da essência busca social, entendendo este social não como
uma “existência arriscada” (Bonamigo, uma força que respalda todos os atores, mas
2010, p. 177), para as ações e análise destas uma conexão que transporta
na Psicologia. Portanto, o melhor que se transformações, transformando em
pode para caminhar na ação dos indivíduos tradução. Aqui, tradução significa “[...] uma
é seguir os traços deixados pelos atores. Isto relação que não transporta causalidade, mas
é, “[...] o que eles dizem e o que eles fazem, induz dois mediadores à coexistência”
(Latour, 2012, p. 159). Se uma causalidade

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parece ser transportada de um modo próprias categorias analíticas e os seus


previsível e rotineiro, então ela é a prova de preceitos teórico-metodológicos, o trabalho
que outros mediadores foram mobilizados despontou neste sentido, a fim de buscar
para tornar esse deslocamento simples e rever categorias e princípios da Psicologia.
previsível. No entanto, isso não é uma exclusividade
Tradução, então, seria, quando se desta área de conhecimento; trata-se de algo
interfere de um objeto para outro da ação, bastante comum às Ciências Humanas e,
uma translação de objetos. Assim pode-se como se percebe, um desses momentos de
chegar à conclusão que existem traduções questionamento de suas próprias bases, nos
entre mediadores que provocam últimos anos, vem das reflexões levantadas
associações possíveis de serem rastreáveis pela perspectiva sociotécnica ou Teoria
nesta possibilidade da dimensão artefatual Ator-Rede de Bruno Latour.
da psique humana, pois qualquer trabalho Tendo em vista que as críticas que
assumido por um teórico da ANT deverá Bruno Latour faz, a partir da perspectiva
ampliar o repertório de atores, incluindo sociotécnica da Teoria Ator-Rede, e que
neste os objetos na gênese do processo da tem gerado efeitos no interior da
ação. Assim, “[...] o que Bruno Latour quer Antropologia e da Sociologia, no que se
fazer recuperar, aqui, é a nossa capacidade refere ao modo como ambas tem pensado as
de dar um passo a mais nas descrições, associações entre humanos e não-humanos
atentando-se ao esgotamento e aos muitos e utilizado termos como sociedade, cultura
atuantes (actantes) desses eventos” (Segata, ou indivíduo, pressupõe-se que uma análise
2012, p. 240). dessa natureza, com vistas à procura por
contribuições à pesquisa em Psicologia,
Considerações Finais possa igualmente estabelecer tópicos para
uma autocrítica. Isso se traduziria,
O estudo aqui apresentado grosseiramente, por fazer pensar em um
pretendeu contribuir no sentido de apontar tipo de pesquisa que considere as
caminhos e direcionar ações para se pensar composições entre humanos e não-
a Psicologia sob novos prismas, com a humanos.
influência da Teoria Ator-Rede em seus Por alto, isso não parece distante do
preceitos teórico-metodológicos. Avaliando que comumente se faz em termos de
que a Psicologia tem a característica pesquisa em humanidades, mas basta uma
bastante singular de rever, comum a revisão, ainda que superficial em alguns,
frequência bastante acelerada, as suas para se notar que a ênfase está no sócio

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PSICOLOGIA

(entendido como o humano), onde são o pensamento da Teoria Ator-Rede à


enfatizadas as formas de ajuntamento de Psicologia, na busca do estabelecimento de
pessoas, cuja maior parte das vezes deixa tópicos para uma reflexão teórico-
subentendido que aquilo que chamamos de metodológica, no que diz respeito à noção
relações sociais é algo que se estabelece do tratamento das associações entre
exclusivamente entre humanos/pessoas. humanos e não-humanos em seus trabalhos.
Assim esse sociotécnico assume a forma de Sabe-se também que as matrizes
um lugar técnico preenchido ou sustentador curriculares dos cursos de Psicologia que
de relações sociais. Ora, também, o acento encontramos, na maior parte das
está no técnico (entendido como o não- instituições, compreendem um período
humano),e então é possível encontrar fixado em quatro a cinco anos, o que
trabalhos contemporâneos que tratam da representa a maioria dos cursos das
inovação tecnológica, enfatizando as universidades brasileiras. Sendo a
potencialidades das máquinas e dos Psicologia uma área das ciências humanas,
softwares, cuja maior parte das vezes deixa o que é disponibilizado graduação,
subentendido que o humano está para essas geralmente é nada mais que uma pequena
técnicas, como se elas exclusivamente base de algumas teorias que fundamentam a
determinassem novas modalidades de ciência psicológica. E no caso da obra de
relação e constituição entre os humanos. Bruno Latour - a Teoria Ator-Rede trata-se
Enfim, tanto de uma forma como de de mais um desses casos que apenas os
outra, sócio e técnico aparecem como acadêmicos, que dão continuidade aos seus
fenômenos distintos, mesmo que estudos, em nível de mestrado ou
corriqueiramente tratados sob a égide de um doutorado, é que acabarão tendo algum
único termo – o sociotécnico. E foi a partir contato com ela.
dessa constatação que a Teoria do Ator- Neste sentido, a pesquisa buscou
Rede possibilitou, e possibilita, subsídios demonstrar a importância de um
para se dar um tratamento diferenciado aos aprofundamento na obra deste autor, com
temas das humanidades, pensando o sócio e vistas a buscar contribuições para a
o técnico constituídos simetricamente como Psicologia. Assim, o trabalho também fez
uma rede que descentra agências na sua lembrar a importância das revisões
capacidade de tradução (constituição de bibliográficas, que auxiliam na atualização
híbridos). Nesse caminho, de modo amplo, de determinados assuntos, além de
o objetivo dessa pesquisa foi o de aproximar possibilitar que determinadas críticas

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A autora:

Idonézia Collodel-Benetti é graduada em Letras e Psicologia, tem pós-graduação nas seguintes áreas:
Psicopedagogia (especialização), Psicologia (Mestrado em Saúde, Família e Desenvolvimento Psicológico -
UFSC) e Letras Inglês (Mestrado em Estudos Linguísticos e Literários - UFSC) e Saúde Coletiva (Doutorado
em Ciências Humanas e Políticas Públicas em Saúde/Saúde Mental - UFSC), e-mail: idonezia@hotmail.com

João Paulo Roberti Junior é doutorando em Psicologia, pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC,
Florianópolis – SC.

Recebido em: 11/02/2018

Aprovado em: 30/12/2018

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