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eram: “respeito às normas higiênicas; disciplinarização do corpo e dos gestos; cientificidade da escolarização de

saberes e fazeres sociais; exaltação do ato de observar e de intuir na construção do conhecimento” (FONEC, 2011, p. 2).

O Movimento Escola Nova/Escola Ativa foi oficialmente iniciado no dia 6 de agosto de 1921, em Calais, onde
ocorreu o primeiro Congresso Internacional de Educação Nova, momento em que foi constituída a Liga
Internacional para a Educação Nova, com os seguintes princípios:

• O fim essencial de toda a educação é preparar para querer e para realizar na vida a supremacia do
espírito; qualquer que seja o ponto de vista sob que se coloque o educador, deve visar sempre a
conservar e a aumentar a energia espiritual da criança.

• Deve a educação respeitar a individualidade da criança. Esta individualidade só pode desenvolver-se


mediante uma disciplina conducente à emancipação das suas potências espirituais.

• O estudo, e, duma forma geral, a aprendizagem da vida, devem dar livre expansão aos interesses inatos
da criança, isto é, àqueles que desabrocham nela espontaneamente e que acham a sua expressão nas
variadas atividades de ordem manual, intelectual, estética, social e outras.

• Cada idade tem o seu caráter próprio. É preciso pois que a disciplina pessoal e a coletiva sejam
organizadas pelas próprias crianças com a colaboração dos mestres; devem tender a reforçar o
sentimento das responsabilidades individuais e sociais.

• A competição egoísta deve desaparecer da educação e ser substituída pela cooperação que leva a
criança a pôr a sua individualidade ao serviço da coletividade.

• A coeducação proclamada pela Liga - coeducação essa que consiste na instrução e na educação em
comum - exclui o tratamento idêntico imposto aos dois sexos mas inclui uma colaboração que permite a
cada sexo exercer sobre o outro uma influência salutar 47.

• A educação nova prepara a criança não só para ser um bom cidadão capaz de desempenhar os seus
deveres para com os seus semelhantes, a sua nação e a humanidade no seu conjunto, mas ainda para
formar o ser humano consciente da sua dignidade própria. (Ferrière, 1934, pp. 147-148)

A nota técnica do FONEC enfatizou que, no ano de 2004, o Programa Escola Ativa foi avaliado e sofreu severas
críticas referentes aos “seus referenciais econômicos de base neoliberal, teóricos de base construtivista e de sua
ineficiência para alterar os índices de qualidade da educação básica no campo” (FONEC, 2011, p. 3). Observamos
que, mais uma vez, esta nota técnica, não informou as fontes desta avaliação e os responsáveis por estas críticas.

A nota técnica afirmou que, entre os anos de 2004 e 2006, o Programa Escola Ativa “permaneceu na estrutura do
FNDE – agência que faz a gestão dos recursos do MEC advindos do Banco Mundial” (FONEC, 2011, p. 3). Esta é
mais uma afirmação equivocada do FONEC, pois não existe nenhum vínculo entre o Banco Mundial e o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE; este é uma autarquia federal, criada em 1968, responsável pela
execução de políticas educacionais do Ministério da Educação, cujos “repasses de dinheiro são divididos em
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constitucionais, automáticos e voluntários (convênios)” .

Foi possível identificar nos problemas apresentados pela nota técnica que, dos treze itens apresentados, os oito
primeiros referiram-se às Instituições de Ensino Superior. Talvez estes oito problemas possam ser resumidos, por
um lado, ao fato “da SECAD atribuir às universidades o que é de sua responsabilidade” (FONEC, 2011, p. 5). Por
outro lado, ao fato das Instituições de Ensino Superior cometerem ingerência na primeira fase do ensino
fundamental, pois, conforme a legislação vigente, esta etapa de ensino não lhe compete. Identificamos que todos os
outros problemas relacionados pelo FONEC, são problemas de gestão e relacionados às características da
administração pública.

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Queremos realçar que estes princípios foram definidos no início do século XX, quando as mulheres ainda estavam em processo inicial da luta
por seus direitos, inclusive à educação.
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Disponível em: http://www.fnde.gov.br/fnde/institucional

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