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Técnica

Afinal o que é ECU? Como elas funcionam?


by Leonardo Contesini  17 abril, 2017

Todo entusiasta sabe que ECU é a sigla para


“Engine Control Unit“, e é o nome técnico
para aquilo que convencionamos chamar de
“módulo de injeção”. Ou será que ECU
significa “Electronic Control Unit” e se
refere a qualquer módulo eletrônico que
controla os diversos sistemas do carro?
Ficou em dúvida, não?

É porque a sigla significa, de fato, as duas


coisas. Os significados passaram a se
confundir com a evolução da eletrônica
embarcada, que permitiu a adoção de cada
vez mais recursos de conforto, segurança e
conveniência nos carros modernos.

Na eletrônica ECU significa “electronic


control unit“, ou “unidade de controle
eletrônico”. Uma das traduções mais
populares em português é “centralina”. Seu
princípio de funcionamento é simples: ela
resumidamente recebe sinais enviados por
sensores (transdutores de entrada), realiza
o processamento destes sinais e,
imediatamente, os envia para atuadores
(transdutores de saída).

ECU = Engine Control Unit


Nos automóveis a ECU foi adotada nos
primeiros sistemas de injeção eletrônica.
Nestes primeiros sistemas as centralinas
gerenciavam o funcionamento do motor, e
eram “alimentadas” por sinais enviados
pelos sensores de posição da borboleta e de
posição do virabrequim. Com esses sinais é
possível calcular, aproximadamente,
quanto ar está entrando pela borboleta e o
momento em que o sistema de ignição
dispara a centelha (uma vez que o ponto de
ignição é baseado na posição angular do
virabrequim). A ECU então processa estes
sinais de entrada e, com base em seus
valores, envia um sinal para abrir as
válvulas injetoras e assim injetar o
combustível no momento necessário e pelo
tempo necessário.

Bosch D-Jetronic, a primeira injeção


eletrônica: apenas uma ECU simples

Estas centrais primitivas eram um grande


avanço frente aos carburadores, mas ainda
não conseguiam compensar a maior
densidade do ar nos dias mais frios. Com a
evolução, os sistemas de injeção eletrônica
passaram a adotar mais sensores de
entrada para permitir um melhor
gerenciamento do motor. Os sensores de
temperatura do ar, por exemplo,
permitiram que a ECU enviasse às válvulas
injetoras um sinal diferente em dias frios
(aumentando o tempo de injeção para
enriquecer a mistura). Depois vieram os
sensores de temperatura do fluido de
arrefecimento, que passaram a informar a
ECU se o motor estava quente ou frio,
otimizando ainda mais o gerenciamento do
motor.

Depois eles passaram a integrar o controle


eletrônico da ignição, que já existia desde os
anos 1960, porém atuava de forma
independente — tanto que havia carros com
injeção eletrônica e ignição mecânica, caso
alguns Mercedes dos anos 1970, por
exemplo. Com a integração do controle de
ignição à ECU, ela passou a emitir sinais de
saída também para a bobina de ignição,
permitindo avanço ou atraso do ponto de
ignição. Isso também levou à criação dos
sensores de detonação, capazes de detectar
quando a mistura ar-combustível é
inflamada pela compressão antes de sua
ignição, o que causa a batida de pino, que
compromete a durabilidade do motor.

Mais tarde tivemos os sensores de oxigênio


(a popular sonda lambda), capaz de medir a
quantidade de oxigênio nos gases de escape.
Com o sinal deste sensor, a ECU pode
“aprender” se a mistura está pobre ou rica,
e fazer o ajuste enviando sinais
diferenciados enviados às válvulas injetoras
e às borboletas eletrônicas.

Como você deve ter percebido, tudo


começou como um sistema que usava dois
sensores de entrada e um único atuador que
recebia o sinal de saída da ECU, e evoluiu
para algo muito mais completo, que passou
a integrar sensores de rotação, detonação,
posição da borboleta, de oxigênio,
temperatura do ar e do fluido do motor,
podendo atuar sobre válvulas injetoras,
bobinas de ignição e borboleta do
acelerador. Mas isso ainda era apenas o
começo.

ECU = Electronic Control Unit


A evolução tecnológica permitiu um
aumento drástico na capacidade de
processamento de informações, algo que,
por sua vez, permitiu a criação de novos
sistemas de gerenciamento não apenas do
motor, mas também de outros sistemas do
carro. A substituição dos instrumentos
mecânicos por instrumentos eletrônicos,
por exemplo, transformou o quadro de
instrumentos em um módulo eletrônico,
que processa o sinal enviado pela ECU do
motor e o envia para o velocímetro, conta-
giros e marcador do nível de combustível.
Notou que pela primeira vez neste texto eu
chamei a ECU de ECU do motor? É porque
esse painel eletrônico é considerado uma
unidade de controle eletrônico, que na sigla
em inglês também é conhecida como ECU
(de Electronic Control Unit).

O sistema antitravamento de freios, o ABS,


também é baseado em uma ECU: sensores
de rotação enviam um sinal à uma unidade
de controle eletrônico. Caso a rotação de
uma ou mais rodas seja interrompida, a
ECU do ABS envia um sinal para um
atuador que alivia a pressão hidráulica das
pinças de forma intermitente para impedir
o travamento das rodas.

Saber mais

How ABS (Anti-Lock Brake…

Tal como a ECU do motor, a ECU do ABS


também evoluiu para integrar mais
sensores e atuadores e desta evolução
surgiu a distribuição eletrônica de
frenagem, capaz de atuar somente sobre a
roda travada e não mais sobre o sistema
todo.

Desta tecnologia surgiram também os


controles eletrônicos de tração e de
estabilidade: se os sensores de rotação e
atuadores controlados por uma ECU podem
impedir que as rodas travem sob frenagem,
eles também podem monitorar e controlar a
diferença de velocidade entre elas, algo que
indicaria um destracionamento em
determinadas circunstâncias.

OAUE Apresenta E9ciencia…

E também como a ECU do motor agregou a


ignição para gerenciar melhor o
funcionamento do motor, a integração da
ECU do ABS/EBD e dos controles de tração
e estabilidade com a ECU do motor,
permitiu um gerenciamento muito mais
preciso e eficiente destes sistemas
auxiliares, condicionando-os à velocidade,
posição das rodas, ângulo do volante, e
baseando seu funcionamento não apenas na
atuação da frenagem, mas também no corte
de ignição, de injeção e no fechamento da
borboleta (para entender melhor, leia nosso
post completo sobre o funcionamento
destes sistemas).

Além disso, outros sistemas eletrônicos dos


carros com o passar do tempo ganharam
seus próprios módulos como forma de
reduzir o pesado emaranhado de fios
conhecido como chicote elétrico. O ar-
condicionado digital, por exemplo, é um
módulo eletrônico (ECU) que recebe o sinal
de sensores de temperatura para definir
qual a velocidade do ventilador e qual a
temperatura do ar soprado serão
necessários para obter a temperatura
desejada pelos ocupantes do carro.

Módulo de porta em um Audi

Nos carros mais sofisticados até mesmo as


portas têm seus próprios módulos de
controle como forma de simplificar os
circuitos e reduzir o peso gerado por pares
de fios elétricos. Imagine um carro com
travas elétricas, vidros elétricos com
sistema anti-embaçamento e sistema de
sucção das portas. Tudo isso pode ser
operado por uma “ECU de porta”, que
recebe os sinais de outras ECUs — ou de
sensores próprios — e envia sinais para
atuadores da porta na qual está instalado.

As redes de ECU interligadas


Atualmente os carros modernos podem ter
até 70 ECUs diferentes — e boa parte delas
se comunica entre si através de um
padrão chamado CAN bus (Controller Area
Network), um protocolo de
intercomunicação entre os módulos de
controle que independe de um servidor
central.

Com tantas ECUs interligadas, o nome


“ECU”, na aplicação automotiva, caiu em
desuso e foi substituído por siglas mais
específicas. A ECU do motor, por exemplo,
hoje é mais conhecida como “ECM” (Engine
Control Module ou “módulo de controle do
motor”). O módulo das portas citado mais
acima, é o Door Control Unit (DCU).
Quando o carro usa um câmbio automático
eletrônico, ele normalmente usa um
Transmission Control Module (TCU).
Atualmente a TCU é integrada à ECM para
formar o PCM, ou Powertrain Control
Module. O controle de velocidade de
cruzeiro (adaptativo ou não) e o limitador
de velocidade também têm seu módulo
próprio: o SCU, de Speed Control Unit. Os
carros híbridos e elétricos usam um módulo
de controle das baterias, o Battery
Management System, enquanto os sistemas
de controle de tração, estabilidade, ABS e
EBD, e vetorização de torque baseado nos
freios são comandados pelo Brake Controle
Module (BCM).

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Best Newest Oldest

Andre Rodrigues − ⚑
4 years ago

Boas malta tenho um Fiat bravo 1.6 Multijetd do ano


2008 e tenho um problema eletronico que quando
faço o diagnóstico apresenta ser com o código
p0091 eu mudei essa peça mas debaixo desse erro
aparece (erro de bus) e parecer ser um erro ou uma
falha da parte eletronica podem ajudar me?

0 0 ⥅

J Martins Martins − ⚑
7 years ago

Gostei muito das explicações.

1 0 ⥅

Evandro Roza − ⚑
7 years ago

Meu Renault Clio 2003 tem muitos módulos... todos


sempre em Pane por sinal! rsrs

Amigos, beeeeela matéria!

1 0 ⥅

Newton (ArkAngel) − ⚑
7 years ago

Só uma observação: no jargão técnico, BCM


signiXca "Body Control Module", e gerencia itens
como: luzes, travas das portas, vidros elétricos. O
módulo que comanda o ABS é mais conhecido
como "ABS ECU".

1 0 ⥅

Leo > − ⚑
… Newton (ArkAngel)
7 years ago

Isso varia de fabricante para fabricante.

1 0 ⥅

Jonatas Souza − ⚑
7 years ago

vocês tem que ver é quantas ECUs tem num Scania


atual. Ô bixo pra ter modulo de tudo, BMS(freios),
SMS(suspensão), ICL(painel de instrumentos), VIS(
Sistema de iluminação, visibilidade), GMS(caixa de
mudanças), EMS(motor), COO(coordenador),
SCR(Sistema de Redução Catalitica), APS(Sistema
de processamento de ar. E certamente eu ainda
esqueci de uns 4.

5 0 ⥅

propeople >
… Jonatas Souza − ⚑
7 years ago

A discovery 4 tem 17 modulos....

0 0 ⥅

Johnatan Etges − ⚑
7 years ago

[OFF] Galera, tenho uma dúvida (que pode parecer


bem tosca, desculpem a ignorância): Ao colocar
pneus maiores que os originais de fábrica (175/70
contra 165/70), devo aumentar a pressão na
calibragem ou devo manter a recomendada pela
fabricante? E se a diferença for maior?

0 0 ⥅

'Stang67 >
… Johnatan Etges − ⚑
7 years ago

Cara, acho que não, pressão é pressão, tu só vai


puxar uma merreca a mais de peso e vai ter um
grip menos ruim nas curvas. Vai precisar
esquentar a cabeça só se botar algo absurdo, tipo
aro 20 e tals. Mas aí é outro assunto

0 0 ⥅

Lucas Joseval Hernandes… − ⚑


7 years ago

Você estará no mínimo alongando a transmissão


Xnal e elevando o centro de gravidade.

0 0 ⥅

Marcelo Jardim > −


… Johnatan Etges⚑
7 years ago

Lembre-se que a pressão não varia com o


volume. 30 psi num pneu de caminhão e 30 psi
num pneu de bicicleta são a mesma coisa (se
desconsiderarmos a diferença estrutural entre os
dois pneus, obviamente). Por outro lado, se a
pressão for a mesma e um dos pneus for mais
largo que o outro, a área de contato com o solo
deste também será maior (o que resultaria em
mais atrito com o solo, e isso pode ser bom ou
ruim dependendo de qual é a função primária do
carro).

Também Xquei curioso pra saber agora, mas eu


imagino que caso você queira manter a mesma
área de contato do pneu original, vai ter que
aumentar a pressão. Mas isso é só um chute, vale
a pena pesquisar mais a fundo.

1 0 ⥅

andregui7 − ⚑
7 years ago

Acho muito legal todos esses milhares de sensores


nos carros modernos. O problema é quando aparece
uma mensagem genérica no computador de bordo e
vc tem que ir numa mecânica que tem um scanner
pra ver uma simples frase do signiXcado daquela
mensagem genérica.

0 0 ⥅

Guilherme Laporti > −


… andregui7 ⚑
7 years ago

Pois é, hoje em dia quase não da pra fazer nada


no carro em casa. Não que isso seja ruim, nem
bom, é evolução né huahuahua

0 0 ⥅

andregui7 > −
… Guilherme Laporti ⚑
7 years ago

Eles precisam melhorar isso. Deveriam exibir a


mensagem detalhada no computador de bordo
do carro.

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Rafael Vázquez Doce … − ⚑


7 years ago

só comprar um scanner de 60 reais no ML

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andregui7 − ⚑
7 years ago edited

Esses dias estava desmontando a forração do porta


malas e vi uma caixinha lá com Xos.

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Vinao − ⚑
7 years ago edited

TCU....
Traduzindo do texto:
"Atualmente a TCU é integrada à ECM para formar o
PCM..."
Para:
Atualmente o TCU (tribunal de contas da união) é
integrado à ECM (Esquema de Corrupção Menor)
para formar o PCM (Pelotão de Corrupção Maior)...
Cariocas que o digam...

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Arts_Episcopo … − ⚑
7 years ago

Espetacular! Essa explicação daria um nó em quem


não tem um mínimo de conhecimento de tecnologia
ou de carros...
Mas tenho que admitir que gosto das coisas mais
simples e puramente mecânicas (apesar de ser um
Analista de Sistemas) e Xcava feliz demais em dizer
que a única eletrônica embarcada realmente
necessária num carro era a que tinha em meu Xnado
Barulhento: o rádio, que me permitia escutar o meu

rock ou blues acompanhando o borbulhar

compassado do V8...

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