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Ronni Oliveira

Fundamentos da Gestão da

INFORMAÇÃO EM

PARA BIBLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS, MUSEÓLOGOS E


OUTROS PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO
Ronni Oliveira

FUNDAMENTOS DA GESTÃO DA
INFORMAÇÃO EM IMAGENS
para bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros
profissionais da informação

2ª. edição

http://www.informacaoaudiovisual.com.br

São Paulo
2014
Oliveira, Ronni
Fundamentos da gestão da informação em imagens para
bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros profissionais
da informação /Ronni Oliveira. 2.ed. São Paulo: Projeto
Informação Audiovisual, 2014.

1.Informação em imagens 2. Gestão da informação em


imagens I. Título.
SUMÁRIO

Introdução 1

CAPÍTULO 1. A informação em imagens: percepções e


sensações plurais 7
CAPÍTULO 2. Os sentidos da informação nas imagens 12
CAPÍTULO 3. Informação em Imagens: a proximidade
entre arquivologia, biblioteconomia, museologia e
gestão da informação 16
CAPÍTULO 4.As imagens fotográficas 19
CAPÍTULO 5. Audiovisual: o diálogo entre imagens em
movimento e expressões sonoras 32
CAPÍTULO 6. Princípios de gestão da informação nas
imagens 43
CAPÍTULO 7. Profissionais gestores da informação em
imagens: arquivistas, bibliotecários, museólogos e outros
profissionais da informação 46
Competências, posturas e atitudes dos profissionais
gestores da informação em imagens 46
Formação acadêmica 48
Onde a informação em imagens pode ser encontrada:
contextos sociais e mercado de trabalho 51
CAPÍTULO 8. Princípios de mediação cultural com a
informação em imagens 54
CAPÍTULO 9. Relato de experiência de um profissional gestor
de informação em imagens: suas competências e habilidades
em um mercado altamente competitivo e exigente 56
CAPÍTULO 10. Algumas considerações que não são finais...
para estimular novos diálogos 71
Referências 72
Introdução

A ideia para escrever este livro se consolidou depois de


muitas experiências no trabalho com gestão da informação em
imagens (fotografias, imagens em movimento, audiovisuais),
muitas leituras teóricas e experimentais em torno de seus
conceitos, muitos rascunhos, incentivos e motivações de
amigos e alunos, tentativas pouco produtivas de escrever
artigos científicos bem estruturados academicamente, com toda
a etiqueta e rigor científicos, como manda o figurino. A de falta
de tempo – oriunda do turbilhão de trabalhos que realizo
periodicamente em várias frentes de projetos – atrasou
bastante a execução deste livro, sem contar a impaciência na
elaboração de um discurso científico bastante formal, que, no
momento, não atendia aos meus objetivos de escrever
livremente, e de maneira intensa, sobre o que é trabalhar com
imagens, quais as competências, habilidade e atitudes esperadas
de um profissional gestor de informação em imagens, o que é
essa informação que está diante dos nossos olhos, aguçando
nossa percepção e sentidos plurais.
Esse meu desejo só poderia se concretizar num livro no
qual pudesse dialogar de uma forma bastante livre, com relatos
das minhas experiências, dificuldades e estratégias para
solucionar dezenas de problemas apresentados por grandes
bancos e arquivos de imagens nacionais e internacionais, em
aspectos ligados aos seus processos de gestão da informação
em imagens. Como achar soluções para encontrar e recuperar
as imagens desejadas por essas empresas, por seus clientes,
num fluxo diário intenso e constante de entrada,
armazenamento, circulação, saída, comercialização, uso e venda
de informações e documentos, em meio a quantidades gigantes
(mais de 1 milhão) de imagens disponíveis em grandes bancos
e arquivos comerciais (há também o caso de bancos
institucionais, cujo valor comercial não era o alvo das
atividades, mas a recuperação rápida e precisa dos documentos
1
e informação em imagens para projetos socioculturais,
educacionais e históricos).
Bem, o desejo e a motivação de trabalho nesse contexto
sempre foi o fator chave para o desenvolvimento de todo os
projetos realizados. O diálogo com colegas, profissionais e
professores que, também, de alguma forma, estavam ligados a
esse contexto, foi a base de um fazer e descobrir profissionais
que resultou em trabalhos produtivos e promissores, de
destaque, como veremos numa parte desse livro no qual relato
as minhas experiências como gestor de informação em
imagens.
Mas tudo bem, e onde está o porquê da realização deste
livro? Continuemos...
Fui lançado no mercado com o apoio e auxílio de uma
professora excelente, a quem devo muito do meu aprendizado
e descobertas nesse universo das imagens: Johanna Smit (grande
mestre), do Departamento de Biblioteconomia e
Documentação da Universidade de São Paulo, na qual me
graduei, no bacharelado em Biblioteconomia e Documentação.
As habilidades para os objetos visuais - acredito que latente na
minha figura humana, por conta da afinidade e paixão por
imagens nos contextos da vida -, estavam presentes,
necessitando de aprimoramentos, práticas intensas e mais
estímulos e motivações, curiosamente numa área bastante
atrelada ao universo das palavras, dos livros, da linguagem
textual escrita. Nesse aspecto, ressalto que o estímulo e
motivação para determinadas atividades, quando possuímos
aptidões naturais, são decisivas para o nosso progresso e
evolução, correndo o risco, quando não trabalhados, de se
perderem gradualmente, até o ponto do seu total
enfraquecimento. Veja bem, não estou afirmando, com isso,
que certos trabalhos se pautam exclusivamente em aptidões
inatas e naturais, pois as práticas, acredito, contribuem, sim,
para a evolução e alcance de habilidades especiais, desde que se
2
sinta vontade e motivação para algo que seja significativo na
vida de uma pessoa. As imagens podem ser significativas na
vida de alguém. Gerenciá-las, de maneira eficiente, é uma
questão de construção constante de competências e habilidades
específicas, disposição para assumir novas atitudes e posturas,
conhecer e aplicar metodologias consistentes e sólidas,
deixando-se seduzir e experimentar as sensações e percepções
proporcionadas pelas informações em imagens.
Fui buscar bibliografias, referências, debates e diálogos em
torno desse eixo de pensamento e constatei que a ausência era
enorme. Pouco se encontrava de modo prático, consistente e
aplicado, de forma a colocar em evidência a realidade
mercadológica, tão intensa e ávida de profissionais
competentes. Vale ressaltar a solidez de alguns poucos
trabalhos acadêmicos, que recomendo para todos que buscam
consolidar e construir novos referenciais no universo da
informação em imagens. Esses trabalhos me ajudaram muito
em vários aspectos conceituais e metodológicos. Escassos,
esses trabalhos encontrados ainda não atendiam, de forma
profunda, as minhas necessidades: debater as práticas plurais
mercadológicas nos processos de gestão da informação em
imagens. Não havia bibliografia intensa e consistente, como
pode ser encontrada em outras áreas da Ciência da Informação,
notadamente nas práticas e fazeres com a gestão da informação
textual escrita. Isso me deixou muito inquieto e incomodado.
Fui construir a minha prática, com a ajuda dos diálogos e
orientações da profa. Johanna, na universidade e também com
os desafios impostos pelos trabalhos realizados com as
agências e bancos de imagens.
Se a produção científica não ajudava muito, então as
discussões na universidade eram intensas, certo? Não,
exatamente, pois o tempo era curto, as disciplinas também
reduzidas no contexto da gestão da informação em imagens
(uma obrigatória e outra optativa, num curso de quatro ou

3
cinco anos de duração). As disciplinas eram excelentes, mas a
quantidade e a carga horária insuficientes diante da necessidade
intensa de debates necessários para se construir sólidos
conhecimentos e competências para o trabalho com a
informação em imagens. O que existia, dentro do possível, era
o estímulo inicial à prática de trabalho com imagens (acredito
que existam cursos na área de Ciência de Informação que não
abordem, nem mesmo com uma única disciplina, o contexto
das imagens enquanto informação que deve ser gerenciada de
maneira eficiente).
Se bibliografias e mais disciplinas sobre o tema eram
grandes lacunas, não faltavam as discussões calorosas com a
profa. Johanna, não faltavam trabalhos desafiadores com
empresas e bancos de imagens que buscavam consultorias para
a solução de seus problemas de gestão da informação em
imagens. Essas atividades, sob orientação e supervisão,
marcaram o grosso das competências e habilidades construídas,
em meio a muita dor de cabeça, tensões e momentos de
enorme realização, com o alcance de resultados comemorados
por todos.
Mas é justo que todo o conhecimento adquirido, todas as
práticas desenvolvidas e soluções alcançadas sejam guardadas
num cofre mental, para meu único e exclusivo deleite?
Pessoalmente, isso me incomoda, pois a necessidades de
profissionais competentes para a gestão da informação em
imagens apresentada pelo mercado de trabalho é intensa e
crescente. É possível imaginar o porquê? O que as imagens
representam, hoje, para uma sociedade como a nossa? Quem
produz imagens nessa sociedade? Apenas profissionais
especializados? Quem usa imagens? Qual a motivação para a
busca constante de imagens? Pessoal? Profissional? É muito
fácil localizar a imagem desejada em fração de segundos? Pense
na necessidade de informação em imagens, de maneira rápida e

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precisa, para um telejornal diário, em uma grande emissora de
TV.
O livro surge desses questionamentos e de toda a
necessidade de uma discussão plural em torno da gestão da
informação em imagens, já que não existe uma bibliografia
vasta e consistente sobre o tema, um debate frequente nas
universidades – com a presença de disciplinas obrigatórias e
suficientes, notadamente nos cursos de Biblioteconomia,
Arquivologia e Museologia - e uma visão ampla das
possibilidades multidisciplinares de trabalho com as imagens
enquanto informação (nas áreas de comunicação, educação,
história, administração, tecnologias etc.).
Busco, com este livro, preencher uma lacuna na formação
acadêmica e no fazer prático do trabalho com gestão da
informação em imagens, para estudantes e profissionais que se
interessem por esse tema e que buscam, constantemente, com
muitas dificuldades, diálogos produtivos que estimulem novas
reflexões e descobertas em torno dessa informação tão intensa,
sinestésica e polissêmica: a imagem, nos mais variados
ambientes, unidades e dispositivos de informação, como
arquivos de imagens, bancos de imagens, bibliotecas, museus,
editoras, centros de documentação, agências noticiosas,
empresas de comunicação, instituições educacionais etc.
A proposta é introdutória e panorâmica, sem grandes
detalhamentos teórico-conceituais, atrelada à minha prática em
projetos e consultorias de gestão da informação em imagens.
Será estimulada a descoberta dos significados da informação
em imagens, compreendendo a sua especificidade enquanto
objeto de pesquisa, busca e recuperação em sistemas e serviços
de informação (públicos ou privados, comerciais ou não). Por
se configurar numa proposta inicial de experimentação e
exploração, não teremos como foco, nesse momento, os
processos plenos e detalhados de análise e indexação da

5
informação em imagens, deixando esse debate metodológico
intenso para o próximo livro, que sairá em breve.
Também optamos por discorrer verbalmente sobre o que é
a informação em imagens, o que é necessário, em matéria de
competências e habilidades, para se desenvolver um trabalho
eficiente nessa área, o que o mercado espera de um profissional
gestor de informação em imagens e como anda a nossa
formação e capacitação para esse trabalho, ao invés de rechear
o livro com imagens que seriam mais apropriadas para um
método prático de análise e indexação. Penso que, num
primeiro momento, há a necessidade de se compreender o
significado dessa informação, de modo a tratá-la de uma
maneira muito mais segura e apropriada. Sem descobertas, não
há fazer plural, não há processos de ressignificação, produção
de novos sentidos, que é a base para o desenvolvimento de
processos plenos e eficientes de gestão da informação em
imagens.
Portanto, a proposta é dialógica. Dialogaremos sobre as
práticas de trabalho com gestão da informação em imagens,
ressaltando o papel dos profissionais da informação nesse
cenário, para o alcance de resultados eficazes nos processos de
pesquisa, busca, recuperação e uso da informação em imagens.
O convite está feito. A partir de agora, lancemo-nos, com
muito olhar de descoberta, sobre o universo pleno das
percepções e sensações da informação em imagens.

6
CAPÍTULO 1

A informação em imagens:
percepções e sensações plurais

A produção em imagens é intensa e crescente na sociedade.


Quem nunca produziu um material contendo imagens?
Pensemos em algo simples, uma ferramenta tecnológica de
comunicação que está ao alcance de todos: um celular. Basta
um clique para produzirmos uma expressão imagética. Nesse
aspecto, também estamos envolvidos com a produção do de
imagens e contribuindo para o aumento progressivo de toda
essa massa de documentos e informações. Fala-se muito da
sociedade da informação; nela, está presente a imagem, na sua
pluralidade de percepções. Ao crescer de forma vertiginosa, ela
provoca, também, o surgimento de novas necessidades: as
pessoas buscam, de forma sistemática, essa documentação.
Querem usá-la de alguma forma, para finalidades variadas.
Nesse momento, a informação se transforma, ganha novos
significados. Surgem necessidades bem distintas, amplas,
pontuais, contextualizadas, uma teia de desejos e anseios.
Num amplo espectro, a fotografia capta momentos,
situações, objetos, manifestações e eventos; imortaliza
acontecimentos, pessoas e fatos; mostra-se como um rastro,
um dado, uma presença; motiva emoções, sensações e
significações. A fotografia como um ato – intencional? –
programado, um olhar selecionado? Um discurso? Uma
verdade? Uma prova? Pensar sobre a natureza da fotografia é
mergulhar num oceano de significados e informações.
Informações que colocam em jogo os processos de produção
de sentidos.
E como se processa todas essa produção de sentidos?
O que, de fato, faz sentido numa imagem fotográfica? O que é
informação em imagens fotográficas? Tomemos como eixo a
7
seguinte relação: a informação como ato de significação, de
produção de sentidos. O que pode fazer sentido, para você,
numa fotografia? Os sentidos da fotografia.
E onde fica armazenado todo esse volume de informação e
documentação? Aliás, a pergunta poderia partir da seguinte
questão: como todo esse volume crescente está organizado,
armazenado, como se processa a sua gestão tendo em vista
toda uma necessidade de busca, pesquisa e recuperação? Como
toda essa informação, inserida em sistemas de unidades de
informação, centros de documentação, arquivos, museus,
bancos de imagens pode se tornar objeto cultural de produção
de sentidos, ressignificação?
A imagem é linguagem que provoca sensações e percepções.
A gestão dessa documentação, baseada exclusivamente em
princípios operacionais e instrumentais arraigados e
tradicionalmente vinculados à informação textual escrita não se
mostra adequada para proporcionar um diálogo plural diante
das necessidades almejadas pelos sujeitos. Quem busca
informação em imagens coloca em evidência a interferência de
um referente que se manifesta de maneira própria e peculiar,
muito diferente dos objetos presentes na informação textual
escrita.
Como trabalhar com uma informação que mexe com os
órgãos do sentido humano? A produção de imagens e toda a
diversidade de necessidades e demandas sociais nos colocam
diante de um desafio: como construir metodologias plurais
para a gestão significativa de toda essa informação, como
pensar formas de mediações culturais com os sujeitos em
ambientes de informação, comunicação e educação? Como
andam as atitudes e posturas dos profissionais da informação
diante dessa documentação? Como construir competências
plurais necessárias a um trabalho que possibilite o
desenvolvimento de processos dialógicos entre sociedade,
sujeito e a linguagem das imagens, de modo que as pessoas
8
possam atuar enquanto protagonistas culturais, apropriando-se
dessa informação e produzindo novos sentidos?
A formação do profissional da informação preconiza tais
diálogos? Coloca-nos diante desse desafio de forma aberta e
plurissignificativa? Como andam nosso potencial de invenção e
criação para lidar com uma informação dinâmica, polifônica e
sinestésica? Efetiva-se um diálogo consistente e adequado em
torno da linguagem das imagens enquanto objeto de
informação plural? Existe uma cultura do debate em torno
dessa questão em todos os âmbitos?
O Projeto Informação Audiovisual
Tendo como gênese esses questionamentos, o projeto
Informação Audiovisual foi criado como uma forma de
contribuição para motivar e construir um diálogo em torno das
relações entre imagens, audiovisual, informação,
documentação, linguagem, comunicação e educação, em outras
relações e diálogos amplos. Procuramos levantar questões
relativas à pluralidade de sua linguagem e suas formas de
manifestação e expressão; buscamos iniciar a construção de
saberes e fazeres, novas competências para se trabalhar com
uma informação específica, materializada em sensações e
percepções plurais. Pura informação polifônica e sinestésica.
De forma interativa e colaborativa, o projeto envolve e
busca a participação de estudantes, profissionais, instituições
educacionais, empresas e organizações, num pressuposto que
coloca em evidência toda a natureza transdisciplinar da
informação em imagens. Transdisciplinaridade envolvendo as
áreas de Ciências da Informação, Comunicação, Educação,
Linguagem e seus atores, agentes e profissionais, em uma
permanente troca de conhecimentos e informações, práticas,
ações, procedimentos e metodologias, leituras diferentes,
valores diversos, atitudes e posturas plurais, competências
variadas, em busca da permanente produção de sentidos e de
novos saberes e fazeres (MEDINA, 2008). O projeto foi
9
desenvolvido para levar esse debate, para construir um diálogo,
uma prática, experimentação, promover uma troca de
informações e conhecimentos em torno dos processos
significativos de trabalho com a informação em imagens. Criar
e provocar o surgimento de focos de debates, da cultura do
diálogo sobre a informação em imagens é uma das grandes
metas.
É importante que todas as regiões do Brasil possam ter a
oportunidade de vivenciar esses debates, pois terão a chance de
descobrir a pluralidade de linguagens, expressões e mídias
abarcadas pelas imagens e pelo audiovisual, a diversidade do
seu mercado de trabalho, as competências necessárias para
profissionais da informação que lidam com esse tipo de
expressão em informação. Um universo de muitas
possibilidades de atuação e construção. Compreender a
natureza de uma informação que causa sensações e percepções
variadas é perceber como ainda temos muito a aprender e
experimentar, portanto, a construir e criar diante de todo o
nosso perfil profissional na área de Ciência da Informação. Era
um diálogo que faltava de forma ampla e sem limites
geográficos. Iniciamos o diálogo. Que ele se multiplique da
melhor forma possível e que todos os envolvidos se apropriem
e construam novos significados.
A proposta do projeto, concretizada em oficinas, palestras e
cursos, acompanhada de produções bibliográficas como esta,
contempla debates para a compreensão e construção plural de
referenciais práticos e conceituais relativos às formas de análise
da informação e documentação em imagens, a natureza de suas
formas de linguagens e suas especificidades, as metodologias de
gestão, organização e tratamento, as ferramentas, instrumentos
e estratégias de pesquisa, busca e recuperação dessa
informação, construção de linguagens, vocabulários
controlados, tesauros, políticas de indexação, enfim, tudo numa

10
abordagem compatível e contextualizada à natureza polifônica
e sinestésica da informação e documentação em imagens.
A mediação cultural com a informação em imagens em
dispositivos de informação, educação e comunicação também é
alvo de nossa proposta para o projeto em questão. Nessa
publicação, levantaremos princípios elementares (numa outra
publicação trataremos esse tema de forma mais intensa). A
mediação é um trabalho de grande importância, pois lida com a
produção sentidos, com os processos de significação de toda
essa informação. As práticas de mediações culturais colocarão
o sujeito enquanto ator, protagonista cultural nos processos de
produção de sentidos, constituindo mecanismos de
apropriação cultural e simbólica da informação em imagens. O
que isso significa? Tudo o que foi debatido, questionado,
experimentado, as metodologias de gestão desenvolvidas
ganham novos significados. O que era atividade-meio, nesse
momento, torna-se atos de significação. O sujeito se apropria
do das imagens e passa a atribuir novos sentidos. Processo
puro de ressignificação. O ato de criação cultural humano
passa a se concretizar de forma intensa e plurissignificativa.
Iniciamos, de forma dialógica, um amplo processo de
produção de sentidos na informação em imagens. Esses são os
pressupostos almejados pelo Projeto Informação Audiovisual e
por este livro numa abordagem introdutória e panorâmica.

11
CAPÍTULO 2

Os sentidos da informação nas imagens

Existe uma relação indissociável entre imagens, audiovisual


e informação. Se levarmos em consideração um conceito – das
dezenas existentes em torno dessa questão – de informação
ligada à produção de sentidos, aos processos de significação,
conseguiremos compreender essa relação, pois as imagens,
enquanto expressão plena de sensações e percepções, são
objetos de significação. O conceito de informação, nesta
proposta, está na essência dos processos de permanente
produção de sentidos, transformação de um fenômeno, evento,
objeto cultural humano.
“A estruturação da informação para a sua inserção
nos sistemas informacionais não ocorre num vazio,
como tem conseqüências na oferta de sentidos, na
possibilidade de apropriação e de transformação da
informação.” (LARA, 2009, p. 15)

Informação como um objeto de significação, de produção


de sentidos, de representação. Informação é signo. Ela existe e
é ressignificada. Dessa forma, nas imagens, a informação é algo
que gera um significado, representa (chega a confundir-se com
o próprio objeto representado), da vazão à construção de
novas ideias, leituras e interpretações. A informação enquanto
um objeto, um elemento, um evento de sensações e
percepções. Vejo, ouço e sinto. Um olhar, um ouvir, um tocar,
um sentir que podem provocar novos significados: informação
em imagens é polissêmica e polifônica.
A informação audiovisual compreendida como um conjunto
de elementos diversificados de sensações, percepções e
produção de sentidos, materializados em meios e canais de
comunicação, mídias impressas e digitais, linguagens híbridas,
polifônicas e sinestésicas, articuladas em conteúdo e formas
12
expressivas plurais. Segundo SANTAELLA (2001), a
linguagem é produto do pensamento humano, caracterizada
por três matrizes:
• Visual
• Sonoro
• Verbal
As três matrizes, com suas variações, são muito importantes
para se compreender o universo da informação em imagens e o
audiovisual, pois nos colocará em permanente diálogo com a
natureza específica de cada uma dessas expressões,
evidenciando o que de singular cada uma possui,
proporcionando percepções e sensações diferenciadas que
devem ser levadas em consideração durante os processos de
gestão significativa da informação e mediação cultural.
A informação em imagens e audiovisual é um misto de
produção de sentidos: é unidade, conjunto, complexo
envolvendo conteúdo, expressões, formas e sensações. Cada
um desses elementos – que constitui o complexo informacional
– é objeto de significação, ressignificações: o tempo, o espaço,
os corpos, as cores, as formas, as curvas, a profundidade, o
discurso, as falas, as dimensões, os planos, os cortes, a duração,
o movimento, o timbre, a intensidade, os ângulos, os
enquadramentos, os movimentos, a sequência, a harmonia, a
ilusão, sensação de realidade em movimento, o grau de
imersão, o toque, a interação, a construção e a desconstrução, a
leveza das estruturas digitais...
A informação em imagens e audiovisual é polifonia e
sinestesia visual, sonora, verbal e híbrida. Não poderia ser
diferente. Por quê? Porque estamos diante de um objeto –
presente ou não – que aguça a nossa percepção e sentido, nos
faz olhar, observar, analisar, sentir algo que pode não ser
necessariamente o que imaginamos ser. Muitas vezes o seu
potencial de sugestão nos engana. É real? É o próprio objeto?
13
A sua pista, de fato, remete ao que estou pensando? Trabalhar
com informação em imagens é tudo isso: jogo de significados.
Polissemia. Cada um pode construir a sua unidade de sentido,
o seu conjunto, o complexo de sentido. E cada sentido advém
de um contexto de percepção. A informação pode ser a cor
azul turquesa observada na imagem fotográfica de uma praia
em Maceió, no estado de Alagoas. A cor. O contexto social, o
discurso histórico, sociológico, os elementos geográficos, o
fator antropológico, cultural pode não ser o alvo de uma
pessoa que está diante de uma imagem. Por que isso é possível?
Porque existe um objeto (um referente) presente nessa
expressão, algo que mexe com a nossa percepção visual,
auditiva, tátil. As necessidades humanas, atreladas ao jogo de
significados são muito amplas e variadas, colocando em
evidência as competências dos gestores de informação em
imagens.
Observe essa imagem:
O que pode ser significativo (informação significativa)?

Imagem 1

14
Imagem 2

A informação (a produção de sentidos) pode ser


representada por quais elementos, unidades ou complexos?
Cores. Formas. Ângulos. Enquadramentos. Gestos. Temas
(assuntos primários e secundários). Contextos e elementos
iconológicos.

15
CAPÍTULO 3

Informação em Imagens:
a proximidade entre arquivologia, biblioteconomia,
museologia e gestão da informação

As imagens estão presentes em bibliotecas, museus,


arquivos, centros de documentação e outros ambientes e
dispositivos de informação e cultura. A necessidade de se
gerenciar de forma eficiente o volume de informação e
documentação produzidas sistematicamente pela sociedade,
tendo em vista o seu constante uso, transformação e
ressignificação, coloca em evidência a relação e proximidade
entre as quatro profissões vinculadas à área de Ciência da
Informação: arquivologia, biblioteconomia, museologia e
gestão da informação.
Segundo SMIT (1993), existem grandes momentos de
aproximação entre essas profissões no trabalho com as
imagens, como no compartilhamento de objetivos próximos,
técnicas semelhantes e as mesmas condições adversas. Outras
questões em comuns se referem às dificuldades que elas
possuem para tratar, de maneira adequada, as imagens –
vinculadas ou não aos sons -, tendo em vista as suas
especificidades enquanto informação e documentação.
Nas quatro profissões citadas, ainda se percebe grande
dificuldade para lidar com a informação em imagens, pois o seu
gerenciamento requer mudanças de atitudes, construção de
competências e habilidades específicas para a compreensão e
aplicação adequadas de metodologias para a gestão de uma
informação que aguça os sentidos e exige um exercício
constante de percepções plurais (informação sensorial).
Dessa forma, é muito importante que se compreenda a
diferença entre informação textual escrita e informação em
16
imagens ou audiovisual (imagem + som). A informação textual
escrita está atrelada à convenção, enquanto a informação em
imagens ou audiovisual está vinculada a projeção, ou seja,
apresenta-se diante dos nossos olhos, em formas variadas,
sentidos, cores, texturas, timbres, duração, vibração,
concretizadas em um objeto denominado referente (aquilo que
vemos ou ouvimos). A tendência, na arquivologia,
biblioteconomia, museologia e gestão da informação, por conta
de valores culturais, sociais e do perfil da formação acadêmica
desses profissionais, é tratar a informação em imagens como se
fosse informação textual escrita, transpondo e aplicando,
mecanicamente, as mesmas técnicas e metodologias de
trabalho na gestão dessa informação. Isso não deve ser feito,
pois imagem é específica enquanto informação e apresenta
objeto enfocado (o referente) sob certas situações e
circunstâncias.
SMIT (1993, p.83) apresenta alguns tópicos que relacionam
essas profissões no âmbito da informação em imagens:

• Cada profissão acredita ser a única a lidar, de


forma coerente e consequente, com os materiais
audiovisuais (em imagens);
• Cada profissão ignora, parcial ou totalmente, as
soluções que as outras profissões propõem para lidar
com esta categoria de materiais: de fato, há três
bibliografias estantes (...);
• Frequentemente a denominação do “lugar” que
trata o material audiovisual faz supor uma demarcação
rígida entre documentos audiovisuais em museus,
arquivos e centros de documentação, sendo que, na
realidade, este tipo de material é frequentemente
organizado em algum espaço, quer seja com conotação
museológica, arquivística ou documentária, mas com
preocupações reais muito próximas, em termos de
17
metodologia de trabalho;
• Em suma, e muito embora os nomes dos
“lugares” nos quais os documentos audiovisuais (em
imagens) são descritos e analisados nem sempre
reflitam a lógica de organização e formação
profissional das pessoas envolvidas nesse trabalho,
verifica-se que os documentos audiovisuais ocupam
pouco a pouco espaços maiores e que seu tratamento,
qualquer que seja o nome do espaço, demanda
especificações e reflexões muitas vezes ausentes...

Portanto, fica evidente a importância de um diálogo amplo e


produtivo entre essas carreiras em torno da gestão significativa
da informação em imagens, de modo a construir, cada qual
com a sua especificidade de trabalho e natureza metodológica,
ações eficientes para a indexação, pesquisa, busca e
recuperação da informação em imagens, objeto em comum
para os profissionais das carreiras de biblioteconomia,
arquivologia, museologia e gestão da informação, não
esquecendo a importante e indispensável interação
multidisciplinar com outros profissionais responsáveis pela
produção e uso de imagens nos mais variados contextos e
necessidades (jornalistas, fotógrafos, publicitários, cineastas,
produtores audiovisuais, design, historiadores, antropólogos,
educadores em geral etc.).

18
CAPÍTULO 4

As imagens fotográficas

Uma imagem vale por mil palavras? Por onde começar?

Sabemos que as imagens são ricas e carregadas em


informação. Sabemos, também, que o trabalho de gestão da
informação em imagens fotográficas deve levar em
consideração o perfil do público que procura determinando
serviço e os objetivos e missões das empresas e instituições que
lidam com toda essa informação e documentação. Agora, um
grande dilema, diante da diversidade de necessidades e desejos
apresentados pelo usuário ou cliente: como construir um
trabalho de gestão dessas informações de maneira que haja
uma compatibilidade entre o produto final do processo de
indexação e a especificidade apresentada por pesquisas e
buscas de imagens? Outra questão muito complicada: quantas
palavras são necessárias, adequadas para descrever uma
imagem? É melhor pecar pelo excesso? Será que estou
omitindo informações importantes? Que dilema! Mais ainda:
quais elementos, objetos, eventos, ações, fenômenos são
importantes para a indexação de uma fotografia? Isso é algo
muito subjetivo, não?
Critérios, políticas e metodologias são importantes para se
construir um trabalho eficiente. E tais instrumentos devem
levar em consideração a especificidade da documentação
fotográfica. A informação fotográfica possui elementos
singulares, específicos. Portanto, ler, analisar e descrever uma
imagem fotográfica significa levar em consideração a sua
particularidade enquanto informação. E qual seria essa
especificidade, particularidade e singularidade? A partir desse
momento, de forma clara e objetiva, iniciaremos um breve
processo de exploração dessas características.

19
Colocarei em evidência alguns parâmetros elaborados por
SMIT (1987, p. 100-111):
1 - Questões técnicas da produção da imagem, caso estas
sejam visíveis para o usuário (vista aérea, alto-contraste)
2 - Localização da imagem no espaço - termos geográficos
ou então descrição do lugar: Pico da Neblina ou interior de
uma danceteria
3 - Localização da imagem no tempo – tempo histórico
(anos 30) ou então, quando a imagem é atual, questões de
época do ano, dia, noite, hora do dia etc.;
4 - Quando a imagem focaliza seres vivos, estes devem ser
descritos com certas precisões: idade, sexo, raça, atitude, tipo
de roupa etc.;
5 - As ações destes seres vivos não podem ser esquecidas,
mas descritas em função daquilo que a imagem se insere. Neste
sentido, não há fotos de lançamento de nave espacial, há
astronauta, em traje especial, se dirigindo para a nave espacial.
O banco de imagens pode até decidir que o ato global
(lançamento de nave espacial) também deve ser indexado,
complementando a descrição da imagem propriamente dita: a
indexação de imagens leva a esta peculiaridade, ou seja, a dupla
indexação, também chamada “indexação em dois níveis”;
6 - Por último, deve-se descrever o ambiente no qual o ser
vivo se encontra, quer seja elemento natural (praia, bosque,
campo) ou artefato (casa, carro, cadeira). Caso não haja seres
vivos na imagem, estes detalhes.

Primeiro plano, segundo plano


Descreve-se o primeiro plano, citando o segundo ou
terceiro somente quando eles modificam, de alguma forma, o
primeiro plano, delimitando a localização de objetos no tempo,
espaço ou acrescentando informações importantes e decisivas
20
para a identificação da imagem.

Fonte: Google

Descrição dos planos para essa imagem:


Primeiro plano: Nuvens
Segundo plano: Estátua do Cristo Redentor, Rio de
Janeiro, Brasil – na contra-luz
Terceiro plano: Morro do Pão de Açúcar, Rio de Janeiro,
Brasil – na contra-luz

Detalhes nas imagens fotográficas


Observar e verificar até que ponto tais detalhes observados
nas imagens são realmente visíveis para outros usuários. Tomar
cuidado com detalhes que interferem na identificação da
fotografia, como: nomes de ruas, cidades, placas... O detalhe
mostra o nome de uma rua famosa numa imagem histórica sem
legenda ou qualquer outro tipo de identificação?
21
Elementos constituintes da imagem fotográfica
No âmbito da documentação, a imagem fotográfica é
constituída por dois elementos: conteúdo informacional e
expressão fotográfica. Os dois aspectos são responsáveis,
durante o processo de análise documentária, pela
identificação dos elementos representativos, temáticos e
expressivos das imagens.
O conteúdo informacional pode ser caracterizado como o
que a imagem mostra, ou seja, o seu referente, objeto
enfocado, estando, como a própria denominação sugere,
ligado à constituição de seu conteúdo. A expressão fotográfica
pode ser associada à noção de forma da imagem, à sua
dimensão expressiva, advinda da composição e geração de
recursos técnicos da imagem, tais como enquadramento,
angulação, tempo de exposição, luminosidade.
Justapostos (em união), esses dois elementos contribuirão
para a representação da informação contida nas imagens
fotográficas.

Os níveis de análise da informação em imagens


fotográficas
A análise da imagem fotográfica requer procedimentos
específicos, não podendo ser incorporados ao seu tratamento
os procedimentos utilizados no tratamento de documentos
textuais. A presença do referente (objeto enfocado) na
fotografia constitui fator essencial em sua compreensão - o
que, também, traz à tona a distinção entre imagem e texto: "o
texto representa o objeto por convenção, enquanto a imagem o
representa por projeção". (SHATFORD, 1986, p. 51).
Evidencia-se, nesta "projeção", a forte interferência do
referente.

22
Junto a esse referente, a Análise Documentária buscará
formas de acessos às imagens fotográficas para os usuários,
visando à recuperação de documentos que efetivamente
possam contribuir para a satisfação de suas mais variadas
necessidades.
Para tanto, algumas metodologias, levando em consideração
o caráter específico da imagem, foram desenvolvidos, como a
do historiador de arte Erwin Panofsky (1979), que estabeleceu
três níveis de análise da imagem, objetivando a descrição da
informação iconográfica.
Inicialmente, os três níveis de análise de imagem propostos
por Panofsky (1979) foram utilizados para a análise de pinturas
renascentistas. No entanto, a abrangência de tais
procedimentos permitiu incorporá-los ao tratamento da
informação iconográfica em geral, objetivando a sua
recuperação (SHATFORD, 1986). Os três níveis são:
1) Nível pré-iconográfico, no qual são descritos os
objetos e ações representados pela imagem;
2) Nível iconográfico, que determina os assuntos da
imagem. Neste nível, determinam-se os significados simbólico,
mítico ou abstrato da imagem, oriundos dos elementos
identificados pela análise pré-iconográfica;
3) Nível iconológico, que adentra a interpretação do
significado intrínseco do conteúdo da imagem. Neste nível, são
incorporados conhecimentos específicos sobre o ambiente
cultural, artístico e social no qual a imagem foi gerada.
Para a análise documentária, os níveis mais pertinentes e
seguros são os pré-iconográfico e iconográfico, uma vez que
estão mais próximos do significado representativo da imagem.
O nível iconológico, por incorporar valores socioculturais e
ideológicos à interpretação da imagem, não é recomendável, na
23
medida do possível - respeitando-se as necessidades e
especificidades da clientela usuária de bancos e arquivos de
imagens -, para a composição da grade de análise
documentária. Sua utilização, uma vez que se encontra
permeada por forte subjetividade e especificidade, poderia
provocar o empobrecimento de sua natureza polissêmica,
causando limitação no processo de recuperação e utilização das
imagens pelos usuários.
Dessa forma, preconizando métodos de análises baseados
nos níveis pré-iconográfico e iconográfico, os bancos e
arquivos de imagens estarão contribuindo para que grupos de
imagens possam ser utilizados e reutilizados por usuários com
as mais variadas e diferentes necessidades. Adotar tal critério
seria, segundo o historiador de arte Gombrich (SMIT, 1998),
preocupar-se com a função representativa da imagem em
detrimento da função simbólica.

As funções representativa e simbólica da imagem


Levando-se em consideração os níveis pré-iconográfico e
iconográfico de Panofsky, para o tratamento da imagem -
visando à recuperação da informação iconográfica -, Shatford
(1986, p. 43) estabeleceu dois parâmetros para a identificação
do conteúdo informacional da imagem:

• A imagem é do (de) quê?


• A imagem é sobre o quê?
As expressões “de” e “sobre” ilustram claramente as
funções representativa (DE) e simbólica (SOBRE) das
imagens. O aspecto DE está muito mais próximo à verdadeira
representação da imagem, preocupando-se com a descrição do
objeto enfocado; o aspecto SOBRE, contempla questões
relativas à interpretação temática da imagem, possibilitando
inúmeras leituras - uma vez que adentra à sua natureza
24
subjetiva e cultural – e está muito mais distante do significado
representativo da imagem, provocando, portanto, diminuição
de seu espectro polissêmico.
Dentro dessa discussão, Shatford acrescenta, às categorias
informacionais da imagem, dois novos aspectos: o genérico e o
específico.

Imagem fotográfica: aspectos genéricos e específicos


A imagem é, simultaneamente, específica e genérica
(SHATFORD, S. 1986, p. 47). Tomemos como exemplo a a
fotografia de uma ponte. Do ponto de vista genérico, a
Imagem mostra uma ponte, dentre tantas outras. Entretanto,
também, representa uma ponte em particular, a Ponte Rio-
Niterói - do ponto de vista específico.
Como se percebe, esses dois aspectos estão intimamente
ligados em qualquer tipo de imagem. É claro que o aspecto
específico, dependendo do conhecimento do profissional
responsável pelo tratamento/indexação das imagens em um
arquivo ou banco, poderá ou não ser identificado. O
reconhecimento do aspecto específico de uma imagem,
também, deverá ser evidenciado de acordo com as reais
necessidades dos usuários/clientes de um banco de imagens.
Assim, levando-se em consideração a satisfação das mais
variadas necessidades de acesso e uso de imagens, os dois
aspectos (genérico e específico, respectivamente, pré-
iconográfico e iconográfico) devem ser incorporados à Análise
Documentária das imagens.
Análise do conteúdo informacional
Complementando as categorias DE Genérico e Específico e
SOBRE de Shatford (1986, p. 47) e pré-iconográfico e
iconográfico de Panofsky, Ginette Bléry propôs mais algumas
categorias para a representação do conteúdo das imagens:
25
QUEM, ONDE, QUANDO, COMO e O QUE (Bléry, G.
apud SMIT,J, 1996, p.32).

• Quem - Objeto enfocado: seres vivos, acidentes


naturais, etc.;
• Onde - Localização da imagem no espaço: espaço
geográfico ou espaço da imagem;
• Quando - Localização da imagem no tempo;
• Como/O que - Descrição de atitudes e detalhes.
A categoria COMO assume duas concepções: a) relacionada
ao reconhecimento temático do "objeto enfocado", com suas
atitudes, maneiras de se vestir, posicionamento; b) expressão
fotográfica, a técnica empregada para a geração da fotografia
(enquadramento, luminosidade etc.).
Unindo todas essas categorias criadas pelos autores citados
anteriormente, SMIT (1998, p. 40) desenvolveu uma grade para
a análise do conteúdo informacional da imagem, com a
seguinte configuração:
Categoria Definição geral DE genérico DE SOBRE
especifico
QUEM Animado e Esta imagem é De quem, Os seres ou
inanimado, de quem? De especificament objetos
objetos e seres que objetos? De e, se trata? funcionam
concretos que seres? como
símbolos de
outros seres
ou objetos?
Representam a
manifestação
de uma
abstração?
Ponte Ponte das Urbanização
Bandeiras
Jogador Ronaldo Futebol
ONDE Onde está a Tipos de lugares Nome de Simboliza um
imagem no geográficos, lugares lugar diferente
espaço? arquitetônicos, geográficos, ou mítico? O
cosmográficos arquitetônicos lugar
ou representa a
cosmográficos manifestação
de um
26
pensamento
abstrato?
Floresta Floresta Natureza
Amazônica intocada
(supõe um
contexto que
permita essa
interpretação)
Cidade São Paulo
QUANDO Localização da Uma certa data,
imagem no Um momento
“tempo”: tempo
cronológico ou
momento da
imagem
1996
Noite/Verão
COMO/O QUE O que os Ações, eventos Eventos Que idéias
objetos e seres individualmen abstratas (ou
estão fazendo? te nomeados emoções)
Ações, eventos, estas ações
emoções podem
simbolizar?
Pulando Corda de Brincadeiras
Pular /Brinquedos
Jogando Copa do Esporte /
Mundo Futebol
EXPRESSÃO Qual a forma,
FOTOGRÁFICA técnica X
empregada para
produzir ou
transformar a
imagem?

A grade de análise documentária apresentada não pode,


obviamente, ser encarada como um processo de análise
fechado, inflexível. Alguma categoria, dependendo da natureza
da imagem ou da política de indexação de alguns bancos ou
arquivos de imagens, poderá ou não ser incorporada ao
processo. O importante é ressaltar que a grade desenvolvida
mostra-se como um promissor ponto de partida para o alcance
da qualidade e da eficácia durante os processos de indexação,
pesquisa, busca e recuperação da informação em imagens.

Análise da expressão fotográfica

27
Como já comentado, a imagem fotográfica é constituída por
duas variáveis (LACERDA, 1993, p. 47):
• Conteúdo Informacional (aquilo que a imagem mostra);
• Expressão Fotográfica (a forma adotada para se expressar
o que se quer transmitir pela imagem).
Tendo como objetivo a recuperação da informação
iconográfica por usuários e clientes com necessidades de
informação diversificada, a Análise Documentária da Imagem
passa a enfrentar um novo desafio ou uma nova realidade,
justapor o Conteúdo Informacional à sua forma expressiva
(Expressão Fotográfica). O reconhecimento dessa necessidade
se deve ao fato de se compreender que o cliente ou usuário de
arquivos ou banco de imagens não pode ser considerado como
um grande grupo homogêneo, dotada de necessidades
homogêneas, ainda mais se tratando de imagens.

A dimensão expressiva na imagem fotográfica


A questão da forma fotográfica durante o processo de
Análise Documentária da Imagem é urna discussão que adentra
ao caráter específico da fotografia enquanto documento.
Tendo em vista essa característica peculiar, a representação de
sua informação não pode se pautar única e exclusivamente por
seu conteúdo informacional, ou seja, à identificação do que foi
fotografado, pois a maneira como esse objeto foi gerado e
produzido pode influenciar na real compreensão do significado
da imagem e, consequentemente, na satisfação de uma
necessidade de informação.
Na literatura existente - principalmente na área Ciência da
Informação -, poucas são as discussões à respeito da
justaposição dessas duas categorias. Na maioria das vezes,
contempla-se o conteúdo informacional, como se este fosse a
única fonte de informação da imagem, desconsiderando-se
28
outro elemento que, de acordo com a sua natureza de geração,
poderá provocar alteração e transformação na leitura e
compreensão do objeto enfocado.
Para ser um pouco mais claro, tomemos como exemplo
uma imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Do ponto
de vista do conteúdo informacional temos uma estátua,
especificamente denominada Cristo Redentor, que,
dependendo do contexto, poderá gerar algumas interpretações
(enfoques cultural, religioso, social, etc.). Levando em
consideração a dimensão expressiva dessa imagem, alguns
elementos técnicos de produção, dependendo do grau de
intensidade e manipulação (notadamente no universo das
imagens digitais), poderão ser notados, ocasionando alterações
significativas no reconhecimento do objeto enfocado (Cristo
Redentor), para não dizer que a informação do objeto pode ser
completamente modificada por conta de algum efeito especial
de fotomontagem, por exemplo. Nesta situação, a informação
originalmente produzida se transforma completamente. Assim,
diante de tal circunstância, poderiam surgir as seguintes
dúvidas ou perguntas: "Essa imagem realmente é do Cristo
Redentor?", "Onde está mesmo o Cristo Redentor?", "O que é isso? É a
mão ou a cabeça do Cristo Redentor?", "Eu quero o Cristo Redentor visto
do alto, num plano de conjunto”, “O Cristo Redentor é essa mancha
escura?", "O que realmente é isso na fotografia?!" (na pior das
hipóteses, onde a forma fotográfica acaba por comprometer
completamente o reconhecimento físico do objeto enfocado).
Esse exemplo deixa bem claro como a dimensão expressiva
da imagem, em certos momentos - desde que visível ao usuário
e ao responsável pela indexação das imagens -, pode provocar a
não satisfação das necessidades de informação de clientes e
usuários, frustrando suas expectativas de recuperar um
documento iconográfico que, pelo menos em parte, atenda às
exigências dos parâmetros de informação desejados. Em
relação aos efeitos de forma que podem provocar algum tipo
29
de transformação na compreensão e leitura da imagem, podem
ser mencionados os seguintes recursos, desde que visíveis
(SMIT, 1998):

 Efeitos Especiais;
 Utilização de Objetivas (fish eye);
 Utilização de alguns Filtros Especiais;
 Tempo de Exposição (longa exposição, múltipla
exposição);
 Luminosidade (luz noturna, contraluz);
 Enquadramento (vista panorâmica, plano de
conjunto, médio, americano, close, detalhe, perfil);
 Posição da Câmera (câmera alta, baixa, vista aérea,
submarina, subterrânea, microscópica, etc.).
Retomando a discussão da justaposição (união) do conteúdo
informacional à expressão fotográfica, vale ressaltar que alguns
autores - ligados ou não diretamente à análise documentária da
informação iconográfica - preocupam-se com esta questão,
realizando algumas discussões pertinentes e promissoras. Para
SMIT, a forma expressiva da imagem é um importante
elemento que a diferencia do documento textual, conferindo-
lhe especificidade enquanto informação. Outro discurso
favorável a essa questão é o de LACERDA (1993),
comentando que a construção da mensagem, da informação da
imagem, do registro fotográfico advém de seu conteúdo, de sua
expressão e forma, completando: "a expressão seria a forma
como a imagem é mostrada, estando ligada a uma linguagem
que lhe é própria e que envolve a técnica específica empregada,
a angulação, o enquadramento, a luminosidade, o tempo de
exposição, entre outros" (LACERDA, 1993, p. 47). BLÉRY,
G. (1981) e DOCUMENTATION FRANÇAISE (1984)

30
também fazem referência à justaposição do conteúdo da
imagem à sua forma.

Categorização dos Recursos de Obtenção e


Composição da Imagem
Os recursos de obtenção e composição da imagem
fotográfica são os mais variados, abarcando técnicas
relacionadas à utilização de objetivas especiais, filtros, tempo
de exposição, luminosidade, enquadramento, posição de
câmara, entre outros processos, que, de acordo com a
intencionalidade do artista/fotógrafo, influenciarão no
resultado esperado para o alcance de objetivos específicos,
sejam eles técnicos ou artísticos.
Para o universo da análise documentária não cabe discutir
questões relacionadas à intencionalidade objetivada pelo autor
da imagem, uma vez que tal preocupação adentra ao caráter
subjetivo de construção do documento, distanciando-se dos
aspectos representativo (descritivos e pré-iconográficos) e
simbólico (sintético, iconográfico) do referente fotográfico
(objeto enfocado), mas apenas os efeitos de forma fotográfica
visíveis, ou transparentes aos usuários e clientes, que
efetivamente contribuam para o alcance dos melhores
resultados, ou que, pelo menos, evitem, em função de sua
natureza técnica de composição, a recuperação de imagens que
não representem as reais necessidades de informação dos
usuários e clientes.

31
CAPÍTULO 5
Audiovisual: o diálogo entre imagens em movimento e
expressões sonoras

A análise da informação nas imagens em movimento leva


em consideração a articulação entre imagem e som, num
universo que envolve elementos variados, tais como:
enquadramentos, sequências, planos, ângulos, movimento de
câmera (aspectos morfológicos), discurso, narrativa, gêneros,
personagens, objetos (animados e inanimados).
Partindo de demandas e necessidades específicas (de
natureza pessoal, institucional, comercial etc.) o objeto-fílmico
ou televisivo é alvo de um processo de análise que culmina na
desconstrução de seu conteúdo (suas partes e significados).
A conclusão desse processo de análise se dá no momento
em que essas partes desmontadas são reconstruídas, com
novos elementos de significação. O conteúdo de imagem e
som é representado por meio de novos conceitos e
significados, que permitirão pesquisas e buscas em Sistemas de
Recuperação da Informação.
A análise das imagens em movimento (fílmica e televisiva)
trabalha os seguintes elementos:

• Visual: descrição dos objetos filmados;


• Morfológicos: movimentos, enquadramentos,
ângulos, cores, luzes etc.;
• Sonoro: músicas, ruídos, grãos, tons, tonalidades
das vozes;
• Audiovisual: relação entre imagens e sons.

32
O maior desafio é a tradução da imagem e do som para a
linguagem verbal. Um grande equívoco é pensar que a análise
significa uma reprodução verbal, microscópica do conteúdo.
“Analisar um filme não é mais que vê-lo, é revê-lo e,
mais ainda, examiná-lo tecnicamente. Trata-se de uma
outra atitude com relação ao objeto-fílmico, que, aliás, pode
trazer prazeres específicos: desmontar um filme é, de fato,
estender seu registro perceptivo e, com isso, se o filme for
realmente rico, usufrui-lo melhor (…)” fazendo com que se
descubram detalhes do tratamento da imagem e do som.
(GOLIOT-LETÉ; VANOYE, 2012).
Analisar a informação nas imagens em movimento
caracteriza-se como uma atividade motivada por necessidades
variadas de informação, em âmbitos diversos, por meio de
metodologias apropriadas e pertinentes de análise
documentária da informação em imagens e sons.
Analisar um filme, segundo GOLIOT-LETÉ; VANOYE,
2012, p. 14) consiste em:
“despedaçar, descosturar, desunir, extrair, separar, destacar e
denominar materiais que não se percebem isoladamente a olho
nu, uma vez que o filme é tomado pela totalidade”.
Após a desconstrução, o passo seguinte consiste em:
“(...) estabelecer elos entre esses
elementos isolados, em compreender como
eles se associam e se tornam cúmplices para
fazer surgir um todo significante: reconstruir
o filme ou o fragmento”. (GOLIOT-LETÉ;
VANOYE, 2012, p. 15).
Desconstruir é uma atividade de DESCRIÇÃO.

33
Reconstruir é uma atividade de INDEXAÇÃO, na qual
construiremos novos sentidos e significados por meio da
atribuição de termos, conceitos e descritores.

Informação nas expressões sonoras


Pode ser caracterizada como a estrutura de registro e
representação das expressões sonoras, tais como: os ruídos,
barulhos, músicas, vozes, gravações, trilhas sonoras, sons
experimentais, programas e gravações de rádio etc.
Ao analisarmos a informação sonora procuramos
compreender os seus mecanismos de produção de sentidos:
“formas sonoras reconhecíveis, a associação de cada forma
sonora a um conteúdo e a parte do universo que estamos
nomeando ou escutando” (RODRÍGUEZ, 2006, p. 243).
A informação sonora, na concepção schaefferiana
(RODRÍGUEZ, 2006) esta inserida em quatro mecanismos
diferenciados da escuta: ouvir, escutar, reconhecer e
compreender. Os processos de análise da informação, visando
a sua produção de sentidos, iniciam-se no momento da escuta,
no qual procuramos extrair e identificar algum tipo de
informação; no momento do reconhecimento identificamos as
suas formas e associamos a uma fonte; a compreensão nos
coloca diante da interpretação, do significado que damos ao
fenômeno.
Exemplo:
Um barulho repentino (ouvi algo).
Isso me chama a atenção e passo a buscar algo (escuto): o que está
acontecendo?
Tenho reconhecê-lo, identificá-lo (construção da informação): o que é
isso? De onde vem? Quem fez isso, provocou?
Consigo compreendê-lo (o vento soprou muito forte, meu irmão entrou e
bateu a porta).
34
A sutileza da informação sonora está na sua capacidade, em
algumas situações, de gerar associações, comparações,
sugestões, pistas da presença e da manifestação de certos
objetos, eventos e fenômenos naturais e culturais. É uma
informação com alto grau de polissemia. O seu jogo de causa-
efeito é bastante curioso. Dessa forma, construir metodologias
de gestão significativa para essa informação requer uma
atenção perceptivo-sensorial bastante ampla, para que a sua
natureza polissêmica seja preservada, gerando ressignificações
constantes. O som, na sua especificidade enquanto linguagem,
possui atributos informacionais de tempo, ritmo, intensidade,
vibração, tonalidade, duração, cadência. Um grito agudo pode
não possui o mesmo teor e grau de informação que um grito
grave, prolongado, curto, contínuo, entrecortado. A essência
estrutural dos corpos e eventos sonoros merece bastante
atenção quando lidamos com os processos de gestão
significativa dessa informação.

Análise documentária das imagens em movimento:


algumas metodologias para a gestão da Informação
fílmica e televisiva
Filmes são produzidos e assistidos por milhares de pessoas
em todas as partes do mundo. As emissoras de TV também
produzem centenas de novos programas que irão ao ar,
cativando expectadores de todos os tipos e tendências que,
durante horas, dias, meses, anos acompanharão fiel e
sistematicamente cada novo programa, capítulo, edição, série...
Muitas dessas produções marcarão época, se tornarão
referência, serão constantemente acessadas e assistidas por um
público cada vez mais rotativo. E algum momento, por
motivos diversos, essas produções se tornarão objetos de
arquivamento e armazenamento, fazendo parte do arquivo
físico ou digital de uma empresa, centro de informação ou
documentação no âmbito da produção ou gestão de

35
documentos audiovisuais (emissoras de TV, produtoras de
imagens, bibliotecas, museus, arquivos e indústria em geral).
Esses documentos serão pesquisados para posterior utilização,
para finalidades variadas, atendendo a necessidades específicas
e genéricas.
É nesse momento que entra em cena o trabalho de análise
documentária da informação nas imagens em movimento
fílmica e televisiva. Como analisar esses documentos,
explorando, de forma adequada e eficiente, todo o seu
potencial informativo, tendo em vista a construção de pontos
de acesso plurais que leve em consideração o perfil das
necessidades apresentadas por usuários que utilizam um
arquivo ou banco de imagens? A análise documentária deverá
pautar-se pelo conjunto, pelas características e especificidades
do conteúdo e forma dos documentos audiovisuais, das
necessidades de seus usuários e da unidade-organizacional
(planejamento, natureza e organização do Sistema de
Recuperação de Informação...) (CORDEIRO, 2000).

Princípios de análise, descrição e representação das


informações nas imagens em movimento
Essa atividade é caracterizada como um conjunto de
operações sobre a produção fílmica e televisiva, para descrever
seu funcionamento, estrutura e jogo de sentidos, tendo em
vista formas variadas de acesso ao seu conteúdo informacional.
Essa análise leva em consideração a imagem (planos,
enquadramentos, posições e movimento de câmeras,
iluminação, cor, etc.) e o som (diálogos, música, ruídos
diversos).
A decupagem, uma atividade que faz parte da análise da
informação nas imagens em movimento, consiste na descrição
da expressão audiovisual em elementos mínimos e unidades
(desconstrução, decomposição), com transcrição de ações e
36
diálogos; análise técnica (planos, ângulos, ordem de duração
das tomadas, cenários, efeitos, movimento de câmera, lentes,
ruídos, músicas). A decupagem é um método e instrumento
ligados ao processo de gestão da informação que possibilita
uma eficiente indexação e construção de pontos de acessos aos
documentos audiovisuais para o público usuário de um banco
ou arquivo de imagens. Ela trabalha com todos os atributos de
informação do conjunto fílmico e televisivo: personagens, luzes
e sombras, cores, sons, frases, tons de vozes, relacionando
elementos individuais com o todo e partes constitutivas
amplas, como: o enquadramento, o plano, a sequência
(CARMONA, 1991)
Esse processo de descrição está muito ligado às formas de
interpretação. Descrever é desconstruir o objeto audiovisual
para reconstrui-lo. Decompor para recompor sentidos.
A análise da informação nas imagens em movimento pode
levar em consideração os seguintes aspectos:
a) a informação projetada no filme. É o todo fílmico: a
imagem em movimento, o som através de músicas, ruídos e
palavras (linguagem articulada);
b) as imagens fixas de parte do filme. Nela determinada
cena é congelada e selecionada. É excluído o som e a
linguagem articulada;
c) as sequências do filme. Nestas, são selecionadas
sequências do todo fílmico. É mantida a imagem em
movimento, o som e a linguagem articulada;
d) as sequências congeladas do filme (sem movimento). A
linguagem articulada poderá ser retirada ou não.

37
- Segmentação: consiste em dividir as expressões (fílmicas
e televisivas) em unidades de significação. Para compreender
essas unidades vamos entender a sintaxe fílmico-televisiva.
Sintaxe fílmico-televisiva (da maior para a menor
unidade): o episódio, a sequência, o plano e o enquadramento.
Primeira e maior unidade
a) Episódio (histórias, tramas, enredos, fatos, eventos,
acontecimentos e fenômenos);
b) Sequência: unidades de conteúdo informacional em
tempo e espaço; é mais breve e menos articulada, formada por
unidades menores (os planos e as cenas).
Uma sequencia possui planos e enquadramentos; planos
articulados, espaço, tempo e ação dramática. Nas sequências
encontramos as ações, os personagens (com posições e
movimentos de câmera), os detalhes do cenário, o figurino, os
efeitos especiais. Cenas e planos fazem parte de uma sequência.
No cinema, a sequência engloba tudo que ocorre num espaço
localizado e determinado. O roteiro para TV é articulado em
cenas (a sequencia é um conjunto de cenas); várias cenas
formam uma sequência.
Síntese:
SEQUÊNCIA =
PLANOS + ENQUADRAMENTOS + CENAS
(TEMPO, ESPAÇO, AÇÃO, ELEMENTOS
FIGURATIVOS, EXPRESSÕES SONORAS etc.)
Após a Segmentação, entramos na fase de Estratificação
da análise.

38
Estratificação
Consiste em dividir a segmentação (unidades lineares:
sequências, planos, enquadramentos) em unidades menores
internas (tempo, espaço, ação, elementos figurativos, sons...).
As ações elencadas e detalhadas fazem parte do processo de
decomposição da informação. Concluídas tais atividades,
passamos para a etapa de recomposição da informação.
Recomposição
A etapa de recomposição da informação é caracterizada
pelas seguintes atividades:
a) Enumeração: são catalogados todos os elementos
individualizados na segmentação;
b) Ordenação: todos os elementos são colocados em
ordem linear e hierárquica de importância;
c) Articulação: modelo de organização do material
previamente enumerado e ordenado.
Esses três itens buscam estabelecer um diálogo eficiente
entre o conteúdo da expressão e as possíveis necessidades e
expectativas do público/usuário. Trabalham, também, os
significados.
Agora, vamos entender a natureza dos códigos que fazem
desse processo.
1) Códigos visuais
- Tipologia de planos, angulação e inclinação da câmera e
estão ligados à identidade da ação, ângulo e campo. São
fragmentos do espaço-tempo. Tipos de planos:

39
a) Plano geral: a figura humana na sua totalidade dentro do
enquadramento;
b) Plano americano: a figura humana dos joelhos para cima;
c) Plano médio: a figura humana da cintura para cima;
d) Primeiro plano: vista privilegiada de um personagem,
concentrando-se em uma parte de seu corpo;
e) Primeiríssimo plano: vista centrada numa parte e as
outras bem menos expostas (boca, olho, cabeça);
f) Plano de detalhe: vista focada num objeto/parte do
corpo;
g) Plano de conjunto: conjunto de figura de corpo inteiro;
- Plano-sequência: aquele que, por sua duração, contem o
equivalente de acontecimentos que correspondem a uma
sequência.
Os planos também podem ser classificados como planos
fixos e planos de movimento. Todo plano define um campo
(interior de um enquadramento). O enquadramento limita o
campo (estabelece tudo que está presente na imagem em um
espaço construído).
- Angulação e inclinação da câmera: câmera alta, câmera
baixa, ângulo pouco usual, panorâmica, vista de satélite, etc.
- Iluminação do enquadramento: assumem valores
semânticos, simbólicos, figurativos, etc.
- Cores: branco/preto/colorido/multicolorido.
2) Códigos gráficos fílmicos

40
Estabelecem a articulação de todos os elementos gráficos ou
de linguagem verbal:
 Títulos: créditos, ficha técnica, elementos de
repartição de sequências (fim, continuidade,
próximos capítulos, etc.); subtítulos.
 Escritos diversos: diegéticos (pertencem à história
narrada: nomes de restaurantes ou ruas onde se
passam as ações, títulos de livros lidos pelos
personagens etc.) e não diegéticos (fora do
universo narrado, porém acrescenta algo ao que está
sendo narrado).
3) Códigos sonoros
Fontes sonoras e representação da informação sonora –
articulação do som e da imagem.
São três: voz, ruídos e música.
As falas (diálogos, monólogos e comentários), as músicas,
os ruídos e o silêncio (neste caso pode representar angústia,
morte, solidão...).
O som se divide em:
 - Diegético: se a fonte do som estiver relacionada
diretamente com os elementos representados. Ele
pode ser in ou em campo ou off ou fora de campo, estão
ou não presentes no interior do enquadramento;
também interior ou exterior, se provem do interior do
personagem (alucinação) ou tem uma existência
compartilhada por outros personagens.
 - Não diegético (se a fonte sonora não tiver nada a
ver com os elementos representados)
 Som in: a fonte do som (palavra, ruído, música) é
41
visível na tela;
 Som sincrônico: som fora de campo, cuja fonte
não é visível na imagem, mas pode ser situada
imaginariamente no espaço-tempo da ficção
mostrada;
 Som off: emana de uma fonte situada num outro
espaço-tempo, não representado na tela,
extradiegético ou heterodiegético
 Ruídos over: efeitos especiais
 Mixagem: acréscimo ou substituição do som
original por novas fontes sonoras adaptadas (outros
ruídos, sons...).

42
CAPÍTULO 6
Princípios de gestão da informação nas imagens
A gestão da informação estuda os processos informacionais
de modo que a informação possa ser organizada, armazenada,
recuperada e utilizada para a tomada de decisões e para a
construção do conhecimento.
Essa consideração, muito recorrente nos ambientes
organizacionais, deixa claro o caráter instrumental e funcional
dos mecanismos de gestão da informação e documentação. O
desenvolvimento de tais processos gerenciais, na maioria das
vezes, está atrelado ao alcance da eficiência e da eficácia
organizacionais, tendo em vista a excelência dos fazeres
técnicos, operacionais e instrumentais. A nossa proposta é a
seguinte: construir um processo de gestão caracterizado como
significativo. Gestão significativa da informação.
Para compreender essa proposta, levaremos em
consideração os processos de significação, de produção de
sentidos. A atividade de gestão, neste aspecto, ultrapassa o
fazer instrumental e operacional, ligado exclusivamente ao
alcance da eficácia e eficiência organizacionais. Todo o
processo de gestão estará mergulhado no conceito de dialogia,
de interação e experimentação. A gestão, neste aspecto, está em
permanente processo de produção de sentidos, negociação
com todas as esferas envolvidas: gestores, informação,
documentação, sujeitos e sociedade como um todo. As
ferramentas gerenciais, vistas como atividades-meios – pois se
concentram em ações instrumentais e operacionais – passam a
assumir um caráter criativo, inventivo. Todas as atividades
desenvolvidas levarão em consideração um diálogo aberto e
plural entre a natureza da informação audiovisual (perceptivo-
sensorial) e as características dos desejos e anseios expressos
pelo sujeito que busca construir novos significados diante de
toda essa informação polifônica e sinestésica.
43
O gestor se torna um protagonista, pois ele mantém diálogo
e sente a tessitura dessa informação. Ele preserva a sua
polissemia. Não submete a expressão audiovisual a regras e
procedimentos pré-estabelecidos em função exclusiva de uma
eficiência técnico-operacional. As metodologias de gestão da
informação serão sempre flexíveis, dialógicas, conectadas com
as necessidades plurais apresentadas pelos sujeitos.
A gestão significativa se constrói tendo como pressuposto
os sentidos que todo esse processo administrativo faz para as
pessoas, indo ao encontro do diálogo pleno. A regra não existe.
O que existe é a orientação operacional centrada em atos de
significação. A gestão significativa se compromete com os
processos de apropriação cultural. Nada fará sentido numa
atividade dessa natureza se o sujeito não puder construir o seu
próprio sentido. É o que se pode chamar de gestão
colaborativa. Desenvolvemos ferramentas gerenciais de acordo
com o grau de sentidos que eles podem proporcionar aos
sujeitos.
Essa proposta se sustenta diante de uma informação
sinestésica e polissêmica (a informação audiovisual), diante de
um conjunto de necessidades culturais igualmente
plurissignificativos.
A proposta de gestão significativa da informação
audiovisual dialoga e busca inspirações nos pressupostos da
Infoeducação, desenvolvidos pelo prof. Dr. Edmir Perrotti,
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo. Recomendo a leitura do texto, do professor
mencionado, registrado na bibliografia dessa publicação. O
teor de suas propostas é de uma riqueza cultural singular e
plural para as ciências da informação, comunicação e educação.
Quais atividades, inseridas num eficiente processo de gestão
da informação em imagens são fundamentais? Vejamos essa
relação:

44
a) Representação descritiva (catalogação) das informações
técnicas e de identificação dessas imagens. Exemplos: títulos,
autorias, responsabilidade institucional/corporativa, data de
produção etc.;
b) Indexação (representação temática) da informação
contida nessas imagens: assunto e temas, levando-se em
consideração a especificidade do trabalho com imagens;
c) Políticas de indexação: o que e como indexar as imagens,
tendo em vista o perfil do público que busca informações
numa determinada instituição, organização, arquivo ou banco
de imagens;
d) Controle de linguagem (linguagens natural e controlada –
linguagens documentárias especificamente para imagens);
e) Construção de vocabulário controlado para imagens (lista
de palavras estruturadas com várias relações para a indexação e
recuperação de imagens em um sistema de busca);
f) Tecnologias da informação aplicadas à recuperação de
imagens: avaliação de desempenho de sistemas para essa
finalidade e implementação para gerenciar todo o fluxo de
documentos e informações em imagens;
Se almejamos um sistema de gestão da informação eficiente
para o tratamento, pesquisa, busca e recuperação de imagens,
as ações e atividades elencadas são recomendadas e apropriadas
para se atingir tais objetivos.
É igualmente importante ressaltar que todo o processo de
gestão da informação em imagens deve levar em consideração
a especificidade desses documentos. Metodologias utilizadas
para a gestão da informação textual escrita não devem ser
mecanicamente aplicadas ao trabalho com imagens.

45
CAPÍTULO 7

Profissionais gestores da informação em imagens:


arquivistas, bibliotecários, museólogos e outros
profissionais da informação

Competências, posturas e atitudes dos profissionais


gestores da informação em imagens
Quem são os profissionais envolvidos com o universo das
expressões, da informação e documentação em imagens?
Cineastas, fotógrafos, diretores, bibliotecários, arquivistas,
museólogos, educadores, jornalista, publicitários... A relação é
bem extensa e exaustiva tendo em vista o caráter
transdisciplinar de criação, gestão, usos e significações dessa
linguagem. Ela impõe diálogos entre segmentos e classes
profissionais distintas, numa harmonia plena e altamente
promissora.
Qual seria o perfil desse profissional? Um perfil
diversificado e plural, um profissional com capacidade de
comunicação e articulação bem desenvolvidos, sensível à
sutileza de uma linguagem em expansão e constante
transformação. A capacidade de lidar com percepções e
sensações variadas é algo que deve constar da lista de aptidões
almejadas para profissionais que estão dispostos a trabalhar
com as imagens nos ambientes de informação, comunicação e
educação. Um profissional que esteja disposto a constantes
experimentações e se sinta motivado a buscar sempre novas
formas de olhar, ouvir e sentir a informação na sua explosão de
significados, tendo como base a aplicação de metodologias
consistentes de gestão da informação em imagens. Nesse
aspecto, analisar e repensar as nossas atitudes e posturas
profissionais é algo que merece uma atenção especial. Atitudes
arraigadas e preconizadas para determinados contextos de
trabalho (o trabalho com o verbal escrito, por exemplo) podem

46
não fazer muito sentido se mecanicamente aplicadas aos
trabalhos com a informação em imagens.
E as competências? Como poderiam ser caracterizadas?
Poderíamos compreendê-las sob dois aspectos:
a) Atitudes, saberes e posturas;
b) Aptidões, habilidades e fazeres operacionais e
instrumentais.
No primeiro item, competência relaciona-se a um saber
refletir, articular ideias, pensamentos e ações, construir
conhecimentos pertinentes, desenvolver mediações, realizar
interações, promover avaliações, inventar algo novo, criar
soluções e alternativas. O conceito de competência aqui
preconizado é o da experimentação das potencialidades plenas
de criação do sujeito. É a competência que se faz presente em
atitudes e posturas. As imagens sugerem atitudes e posturas
plurais, atendendo as necessidades da natureza de suas
expressões e linguagens.
No que se refere às habilidades e aos fazeres operacionais,
as competências construídas estarão ligadas aos seguintes
aspectos:
• Trabalhar a linguagem da informação em imagens
compreendendo a sua especificidade;

• Desenvolver e aplicar instrumentos, ferramentas e


metodologias de gestão da informação em imagens;

• Construir e estruturar linguagens para o tratamento


da informação em imagens;

• Desenvolver, por intermédio das tecnologias de


informação, ferramentas e instrumentos de
pesquisa, busca e recuperação de informação no
âmbito das imagens;
47
• Gerenciar arquivos, bancos, sistemas, unidades,
centros e complexos organizacionais que possuam
documentos em imagens;
• Desenvolver habilidades para a construção de ações
e mediações culturais com imagens em ambientes de
informação, educação e comunicação;

• Capacidade estratégica, instrumental e operacional


para criar, desenvolver, implementar, acompanhar,
avaliar projetos ligados à gestão significativas da
informação e documentação em imagens.
As competências aqui elencadas estão relacionadas a
condutas profissionais, aquisições de habilidades e fazeres
plurais no contexto das imagens; capacidade de lidar com
adversidades, independência e autonomia na construção de
soluções para problemas de ordem estratégica e operacional e
habilidades para construir instrumentos de gestão, estratégias
de comunicação e mediação dialógicas nesse contexto.

Formação acadêmica

A formação acadêmica dos profissionais na área de Ciência


da Informação, especificamente nas carreiras mencionadas
durante o desenvolvimento desse trabalho, a saber:
biblioteconomia, arquivologia, museologia e gestão da
informação ainda preconizam a construção de competências
para a gestão da informação textual escrita. Isso pode ser
facilmente percebido quando se observa que praticamente não
existem disciplinas obrigatórias voltadas exclusivamente, em
quantidade suficiente, durante a graduação, para a gestão da
informação em imagens (fotografias e imagens em
movimento).

48
De forma tímida, claro, podemos encontrar, por sorte, uma
ou outra disciplina de natureza optativa ou bastante genérica
relacionada a esta temática. Discreta e quase imperceptível por
conta das dezenas de outras disciplinas, com grande ênfase,
voltadas exclusivamente para a informação textual escrita.
Para agravar ainda mais a situação, grande parte dos cursos
de graduação nestas áreas, não facilitam o diálogo e o
intercâmbio pleno com outros departamentos, como os de
comunicação e artes, mesmo estando localizados
suspostamente em uma escola de comunicações e artes. Por
que um aluno de biblioteconomia, arquivologia, museologia ou
gestão da informação não possui facilidades administrativo-
acadêmicas para cursar, de maneira livre e produtiva, uma
disciplina do curso de cinema, jornalismo, artes plásticas,
audiovisual, publicidade? Nestas áreas, podemos encontrar a
gênese do debate em torno da produção do objeto
(informação) imagens, sem qualquer vínculo com a ciência da
informação, que, a meu ver, é bastante interessante, pois
proporciona uma visão conceitual ampla e abrangente da
essência do objeto visual, audiovisual, na sua multiplicidade de
sensações e projeções.
Claro que tais discussões devem, também, ser levadas de
forma mais contextualizadas ao núcleo central da formação
acadêmica das carreiras na área de Ciência da Informação, de
modo a compreender o produto e/ou objeto imagens
enquanto informação a ser gerenciada: analisada, indexada,
catalogada, traduzida para linguagens documentárias,
disponibilizada para pesquisas e buscas, recuperada, e
ressignificada nos dispositivos de informação (como bancos e
arquivos de imagens), atendo a pluralidade das necessidades de
informação apresentadas por usuários e clientes.
Numa sociedade como a atual, com alta produção e uso de
imagens nos mais variados contextos, é de suma importância
investir na formação de profissionais com competências
49
apropriadas para a compreensão da essência da informação em
imagens, na sua multiplicidade sensorial e sinestésica (cheia de
sensações) de modo a aplicar metodologias compatíveis às
sintaxes das imagens enquanto informação.
Por natureza, os profissionais da informação das carreiras
aqui abordadas apresentam um grande potencial para o
trabalho de gestão da informação em imagens, tendo vista a
especificidade da natureza gerencial da informação e
documentação abordadas nessas graduações, o que não ocorre
em nenhuma outra, com as características específicas
mencionadas. No entanto, por incrível que possa parecer, a
omissão e a lacuna na formação desses profissionais durante a
graduação ainda é bastante grande nos aspectos dos debates e
diálogos em torno da construção plena de competências
voltadas para a gestão da informação em imagens.
É uma situação que me incomoda bastante, ainda mais
quando, nos inúmeros trabalhos realizados em bancos de
imagens, não conseguia encontrar com facilidade estudantes e
profissionais com competências minimamente razoáveis para o
desenvolvimento de trabalhos com indexação, catalogação,
controle de linguagem, construção de vocabulário controlado
para imagens, avaliação de software e sistemas de buscas para
imagens, aprimoramento e implementação de metodologias de
eficiência para a recuperação da informação em banco e
arquivos de imagens. Por conta disso, de maneira espontânea e
muitas vezes sem qualquer lucro, levei dezenas de cursos e
treinamentos para universidade em todo o Brasil, para iniciar,
motivar e estimular o debate, a descoberta e a experimentação
em torno das práticas de gestão da informação em imagens.

50
Onde a informação em imagens pode ser encontrada:
contextos sociais e mercado de trabalho

Emissoras de TV, empresas jornalísticas, arquivos e


bancos de imagens, emissoras de rádio, agências de
publicidade, produtoras de cinema, indústria sonora,
bibliotecas, estúdios de animação, indústria em geral, hospitais,
centros de pesquisas, centros de documentação, gravadoras,
indústria do lazer e do entretenimento, centros de medicina
diagnóstica por imagens, instituições educacionais, agência
noticiosas, centros de Memória, estúdios fotográficos, indústria
dos games e jogos eletrônicos, centros culturais, rede e salas de
cinemas... a lista é vasta e diversificada.
Os contextos nos quais encontramos a informação e
documentação em imagens são amplos e diversificados:
comunicação (publicidade e jornalismo), artes visuais,
informação, educação e saúde. Documentos em imagens são
produzidos, armazenados, organizados, usados, transformados,
ressignificados em função das mais variadas necessidades
apresentadas pela sociedade.
Arquivos de empresas privadas e públicas, bancos de
imagens e sons no âmbito comercial, bibliotecas, museus
possuem sistemas de gestão de informação em imagens em
arquivos físicos, eletrônicos, digitais e virtuais. A atuação de
profissionais no âmbito da informação e documentação em
imagens pode ser analisada sob dois aspectos:
1) Um segmento de mercado tradicional no qual
bibliotecários, arquivistas, museólogos possuem uma
participação plena e assegurada por conta da reserva de
mercado, num espaço de atuação destinado a profissionais com
formação acadêmica específica: a biblioteca e os arquivos
públicos seriam um exemplo clássico. A natureza e a
diversidade de informação e documentos armazenados e
geridos nessas instituições são bem amplas.
51
Documentos escritos, textuais, informação digital,
imagens, suportes variados, linguagens híbridas... A
complexidade é imensa e a diversidade profissional, na maioria
das vezes, reduzida. Por conta da exclusividade de atuação
nesses âmbitos tradicionalmente destinados a profissionais
com formação específica - como biblioteconomia -, um único
perfil profissional lida com toda essa diversidade de linguagem,
como se tudo fosse uma grande massa homogênea
documental. Um grande perigo. Uma linguagem polifônica
como a audiovisual demanda diálogos plurais, profissionais
variados, em permanentes processos de interação, para a
construção de adequadas metodologias de gestão da
informação.
Trabalhar com imagens requer saberes, fazeres, atitudes e
posturas plurais. Profissionais (bibliotecários, arquivistas,
jornalistas, publicitários, administradores...) inseridos nesse
contexto de trabalho terão que lidar com uma teia ramificada e
complexa de necessidades, linguagens, procedimentos, ações,
mediações e sentidos.
2) Na outra esfera, surge um mercado transdisciplinar, no
qual o diálogo entre profissionais provenientes das mais
variadas formações se torna indispensável para o trabalho com
uma informação polifônica e sinestésica como a audiovisual. O
que se coloca em evidência, nesse outro contexto, é a
capacidade de articulação de um profissional em consonância
com as especificidades de uma linguagem que demanda
posturas amplas e globais, diálogos, negociações e habilidades
operacionais compatíveis à natureza de uma linguagem híbrida
que exige um constante exercício de percepções.
Neste contexto, existe uma grande demanda latente e
crescente, ampla e diversificada, em variados âmbitos de
atuação, por profissionais que possuam a capacidade de lidar
com experimentações sensoriais, interações com outros
profissionais, adversidades instrumentais e com o
52
desenvolvimento de soluções criativas e inovadoras, atreladas à
constante experimentação perceptiva, com a aplicação de
sólida metodologia de gestão da informação.
Existe algo paradoxal em meio a esse universo: a busca por
profissionais da área de Ciência da Informação. Esses
profissionais possuem um perfil interessante e promissor para
soluções de questões relacionadas aos processos de gestão da
informação, em vários contextos, por conta natural das
atribuições estabelecidas na sua formação acadêmica. Não
poderia ser diferente no segmento da informação em imagens.
O paradoxo se torna evidente quando a formação desses
profissionais não contempla um debate consistente em torno
das práticas metodológicas e gerenciais em torno das imagens.
Uma lacuna. Onde estaria a gênese dessa realidade?
Profissionais de comunicação (publicitários, jornalistas...) usam
de seus instintos e buscam diálogos com profissionais de
biblioteconomia, arquivologia, museologia e gestão da
informação, procurando construir um trabalho colaborativo
em relação a todas essas questões.
O perfil existe, porém, as competências contextualizadas,
os saberes e fazeres plurais ligados ao trabalho com a
informação em imagens deverão ser gradualmente
desenvolvidos para que se efetive, de forma promissora, toda
essa interação e ação. Temos todos os ingredientes para a
construção dessa realidade: uma enorme produção de imagens
que nos coloca diante dos desafios ligados às metodologias de
gestão significativa de toda essa informação, tendo como meta
a sua recuperação de forma rápida e precisa; necessidades
sociais, demandas mercadológicas de uso e transformação
dessas expressões; profissionais compatíveis, cujo perfil se
mostra apropriado para todo esse trabalho, havendo, apenas, a
necessidade de uma ampla discussão em torno de novas
práticas, atitudes e posturas diante das imagens.

53
CAPÍTULO 8

Princípios de mediação cultural com a


informação em imagens

A vasta produção audiovisual nos colocou diante de um


grande desafio: como construir uma gestão significativa de toda
essa informação de modo que ela permita a produção
permanente de novos significados? Podemos construir
processos dialógicos, interações entre todo esse universo de
informação e a sociedade. Neste caso, iniciamos os processos
de mediação cultural, nos quais trabalhamos, de forma plural,
percepções e sensações, descobertas, transformações.
Dialogamos uns com os outros, debatemos, experimentamos e
ressignificamos fenômenos, objetos, eventos culturais.
As mediações culturais trabalham com atos plenos de
significação. Lidamos com a nossa capacidade de negociação,
invenção e transformação. Uma imagem fotográfica pode
significar um caminho de indagações, questionamentos,
descobertas. Um som, ruído ou grito elementos que
desencadeiam sensações e percepções variadas, colocando-nos
enquanto protagonistas na construção de significados diante de
tais expressões.
Os processos de mediações estão ligados a todas as
possibilidades de diálogos plurais entre sujeitos, informação e
ambientes diversos. Contribuem para a construção de novos
significados, estimulam novas práticas e novos saberes.
Constroem novas atitudes e posturas. Repensam valores,
condutas e ideias.
Desenvolver processos de mediação cultural no âmbito das
expressões em imagens nos coloca diante das diferenças, dos
debates, análises e construção de novos referenciais, de
sensações diversas, discursos e diálogos plurais; é compreender
as adversidades, o pensamento do outro, dos outros. É
54
experimentar o coletivo dialógico. As mediações proporcionam
conhecer outras realidades, desconstruir valores arraigados,
uma vez que lidamos com a heterogeneidade de concepções.
A mediação pressupõe ação, negociação, diálogos,
construção plural, troca, interação e transformação.
Vivenciamos o ato pleno da invenção, de criação. É ato de
significação. Ressignificação.
A informação em imagens é sinestésica e polifônica, plural.
Os diálogos proporcionados são amplos, abertos, cheios de
significados. As práticas de mediações são ricas e diversificadas
tendo em vista a sua peculiaridade enquanto fenômeno e
objeto de percepção e sensação.

55
CAPÍTULO 9

Relato de experiência de um profissional gestor de


informação em imagens: suas competências e habilidades
em um mercado altamente competitivo e exigente

Bem, de uma forma bastante prática e objetiva tentarei


colocar em evidência um pouco das minhas experiências
profissionais como gestor de informação em imagens ao longo
de minha carreira, envolvendo trabalhos, projetos e
consultorias com bancos de imagens nacionais e internacionais.
Este capítulo, sinceramente, em minha opinião, é um dos mais
curiosos e motivantes, pois possibilita uma espécie de
mergulho profissional e prático no universo das atividades de
gestão da informação em bancos e arquivos de imagens. O que
realmente faz um gestor de informação em imagens nessas
empresas, instituições e organizações. Do que este profissional
é capaz. O que o mercado espera dele.
A teoria, neste momento, ganha uma roupagem operacional,
de modo a descobrir efetivamente o que se pode realizar
enquanto profissional da Ciência da Informação e suas áreas
relacionadas num ambiente de informação e documentação em
imagens.
O meu primeiro trabalho com a informação em imagens
ocorreu por volta do ano de 1997, quando eu cursava o
segundo ano da graduação em Biblioteconomia e
Documentação na Universidade de São Paulo, em São Paulo.
Foi um período de descoberta e fascínio, tendo em vista que a
minha motivação, naquele momento, era bastante baixa para
continuar nesta graduação, pois algumas questões acadêmico-
didáticas, necessidades, anseios e desejos pessoais estavam indo
de encontro às propostas do curso, desestimulando-me em
vários aspectos, ainda mais quanto se está com vinte anos de
idade. É importante ressaltar que, de forma alguma, coloco em
56
evidência a importância e valor da proposta de graduação da
época, mas sim os meus desejos pessoais que, naquele
momento, geraram algumas incompatibilidades e falta de
diálogo com um eu bastante disperso e audacioso, sedento de
outras necessidades. Naquele momento, por sorte, uma
disciplina obrigatória denominada “Documentação Audiovisual” e
“Organização de Arquivos Fotográficos” (optativa), ministrada pela
profa. Dra. Johanna Smit mexeu comigo, causando uma
reviravolta nas relações trêmulas existentes entre mim e a
biblioteconomia naquela fase da graduação (eu estava decido a
largar o curso). Tivemos a oportunidade de conhecer o centro
de documentação da TV Cultura, em São Paulo.
Fiquei deslumbrado com aquele mundo de imagens, tanto
trabalho envolvendo os processos de gestão da informação
televisiva (programas de TV, filmes, fotografias, telejornais,
desenhos animados etc.). Os profissionais, naquele centro de
documentação em imagens, indexavam, catalogavam,
analisavam, assistiam a toda a programação, controlavam
linguagens, pesquisavam, buscavam e recuperavam
informações e documentos em imagens de formas variadas,
dinâmica, acompanhando as necessidades e exigências do
ambiente de jornalismo, criação e produção da emissora, com
metodologias interessantes e consistentes. Saí dali meio
atordoado pensando: “nossa, dá para se trabalhar, com a
graduação que realizo, numa emissora de TV, desenvolvendo
todas essas atividades”. Naquele momento, decidi que
continuaria o curso!
Logo mais, com a disciplina optativa “Organização de Arquivos
Fotográficos”, também tive novas descobertas e mais motivações.
Realizei uma visita ao Arquivo Fotográfico do Jornal O Estado
de São Paulo. Milhares de imagens sendo gerenciadas de uma
forma intensa e dinâmica, inseridas num universo de alto fluxo
de informação, necessidades e demandas: o ambiente da
informação jornalística. Como era interessante, agradável e

57
gostoso! Esse foi o tiro de misericórdia para uma mente
sedenta de aspirações plurais em termos de realizações pessoais
e profissionais.
Passada essa fase inicial de descoberta, as conversas com a
professora Johanna Smit se intensificaram, tendo em vista que
ela é um grande mestre e profissional de destaque na área de
gestão da informação em imagens, com amplo e diversificado
trabalho no Brasil e no exterior. Devo muito e agradeço a
Johanna Smit, de forma intensa e calorosa, várias
oportunidades na área de imagens. Ela me proporcionou
inúmeras oportunidades e descobertas.

Banco de Imagens: Stockphotos/Latinstock


O primeiro grande trabalho ocorreu justamente por conta
de todo o apoio da professora, no ano de 1998, num grande
trabalho envolvendo a indexação de milhares de imagens
fotográficas para um importante e destacado banco de imagens
no Brasil, na cidade de São Paulo, um dos maiores do mundo e
da América Latina: Latinstock (na época, chamava-se
Stockphotos). Ainda estudante, foi colocado o grande desafio de,
juntamente com mais três colegas de curso, coordenados pela
prof. Johanna Smit, indexar milhares de imagens desse banco,
de modo a proporcionar formas de pesquisas, busca e
recuperação de imagens com alto padrão de eficiência (precisão
e rapidez), satisfazendo as necessidades de informação dos
clientes dessa empresa. O trabalho foi intenso, complexo e
prolongado, com toda a autonomia e apoio necessários
oferecidos pelo dono da empresa, que se colocou de maneira
integral e irrestrita para proporcionar o alcance dos resultados
mais eficientes. Isso vale dizer que fomos valorizados,
inclusive, nos aspectos financeiros! Eu era um estudante do
segundo ano da graduação em biblioteconomia e já era
remunerado com valores financeiros maiores do que um
profissional formado na área. Basta pensar: quando se gosta de
um trabalho como esse e se recebe uma compensação
58
financeira elogiável, não há como não se dedicar de maneira
intensa, de modo a produzir da melhor maneira possível, com
alto grau de comprometimento. E foi o que aconteceu.
Neste trabalho, a minha função, enquanto profissional da
área de Ciência da Informação (é importante ressaltar que a
empresa não abria mão de profissionais e estudantes da área,
competentes para essa atividade – era uma exigência, tendo em
vista o reconhecimento das habilidades dos estudantes e
profissionais de biblioteconomia, para o dono da empresa).
O trabalho funcionava da seguinte forma: cada membro da
equipe recebia um catálogo impresso ou digital contendo
milhares de imagens para indexar (uma a uma). Uma
metodologia apropriada e específica era aplicada ao processo
de indexação, de modo a proporcionar uma análise e
representação da informação eficientes, pautadas em critérios
sólidos e consistentes de gestão da informação, advindos da
área de análise documentária das imagens. O resultado final era
precisão e rapidez durante as buscas no sistema de pesquisa e
recuperação de imagens (software existente). A realização de
todo esse trabalho era flexível, não havendo a necessidade de
carga horária fixa e fechada; o local de realização também era
livre, possibilitando a sua realização em qualquer ambiente que
dispusesse de um computador (nada de ficar dentro da
empresa durante oito horas). Uma coisa curiosa é que eu ficava
mais que oito horas trabalhando (cheguei a ficar por vontade
própria cerca de 12 horas), tamanha a motivação e interessa,
inclusive nos finais de semana. Vale também ressaltar o
seguinte aspecto: a remuneração era por unidade de imagem
indexada! Ou seja, variável, de acordo com a produtividade de
cada um, nada de salário fixo! Isso era maravilhoso, pois
recebíamos o resultado da nossa dedicação e produção. Dessa
forma, os salários eram relativamente altos para um estudante
de segundo ano de graduação no ano de 1998. Para se ter uma

59
ideia, os valores variavam de dois, três a cinco mil reais
mensais. Excelentes compensações financeiras para o período.
Durante esse trabalho, um grande vocabulário controlado
foi desenvolvido. Era a base para aplicar o processo de
indexação. Esse era o fator diferencial, exclusive, de eficiência
de todo o processo. Nenhuma outra empresa comercial de
imagens, naquela época, utilizava um vocabulário controlado
nos seus processos gerenciais de tratamento, pesquisa, busca e
recuperação de imagens. O trabalho foi pioneiro. Uma política
de indexação também foi estabelecida (tal política foi
indispensável para a realização de um trabalho consistente). No
começo, para se levantar termos e palavras para a criação do
vocabulário, indexamos de forma livre. Também realizei a
construção de um vocabulário controlado geográfico, de modo
a reunir uma grande variedade de termos ligados ao universo
geográfico (países, cidades, estados, províncias, monumentos,
lugares etc.) da informação em imagens para o banco, para
proporcionar uma indexação eficiente, com alto padrão de
eficiência no uso de linguagem controlada. Vocabulário
controlado, indexação e política de indexação foram
instrumentos e processos indispensáveis em todo esse trabalho.
O resultado, a curto, médio e longos prazos foram excelentes,
com grande impacto na recuperação de imagens (informação
em imagens), resultando no aumento da satisfação das
necessidades de informação em imagens dos clientes da
empresa, acarretando, consequentemente, um aumento nas
vendas de documentos fotográficos para os mais variados
ramos mercadológicos.
É interessante ressaltar que a natureza das imagens nesse
banco era bem diversificada, com um uso bastante intenso para
o mercado publicitário: fotografias de pessoas, animais,
natureza, lugares, artes, negócios, medicina e saúde, indústria,
pesquisa etc. Portanto, o vocabulário controlado teve que
representar todo um universo de informação geral e global,

60
bastante genérico e específico em alguns aspectos
informacionais, para atender à indexação e a diversidade de
termos utilizados durante pesquisas e buscas.
Todo esse trabalho foi realizado durante os anos de 1998 a
2001, num ritmo bastante intenso e produtivo, envolvendo
mais de 100 mil imagens. O resultado foi excelente,
possibilitando ao banco de imagens um crescimento
interessante, de modo a colocá-lo como um dos melhores e
maiores bancos de imagens do mundo, com destaque e
liderança na América Latina (http://www.latinstock.com.br).
O banco de imagens, desde 1998, conta com um gestor de
informação em imagens, com formação específica em
biblioteconomia, que iniciou os trabalhos durante aquela época,
uma colega que fazia parte do grupo inicial do projeto de
indexação e controle de linguagem da empresa.

Jornal Folha de S. Paulo


Banco de Dados e Folha Press
Outro trabalho que também merece considerações foi o
realizado no banco de dados do jornal Folha de S. Paulo, na
cidade de São Paulo, nos anos de 2001 a 2003. O banco de
dados dessa empresa conta com milhares de imagens
fotográficas de natureza jornalística, num banco digital e um
arquivo de documentos fotográficos impressos, na época
organizado em pastas, por meio de grandes dossiês temáticos,
num método de gestão da informação baseado em
procedimentos arquivísticos, nos quais o princípio da
proveniência dos documentos era respeitado, mantendo-se as
relações existentes entre os diversos tipos de documentos
existentes, inclusive o textual escrito. Esse era o arquivo
fotográfico.
Já o banco de dados que continha as imagens digitais
funcionava de uma forma diferente, levando em consideração a
unidade fotográfica de informação jornalística. Centenas de
61
imagens eram enviadas e descarregadas no sistema, em pastas,
de modo a possibilitarem, diariamente, um volume grande de
indexação. Em um ambiente de jornalismo, como o do jornal
Folha de S. Paulo, trabalhar os grandes volumes de forma intensa
e consistente, é indispensável para se acompanhar o ritmo da
redação e da editoria de fotografia, que envia um volume cada
vez crescente de imagens para o banco. E esse volume, com
certeza, terá grande utilidade para o desenvolvimento diário
dos trabalhos dos jornalistas numa redação. Se as imagens não
forem indexadas e catalogadas de forma eficiente não há como
atender às existentes e muitas vezes curiosas pesquisas,
solicitações e demandas apresentadas pelos profissionais da
empresa (jornalistas, fotógrafos, redatores, diretores de
redação, coordenadores etc.).
Um problema bastante difícil de resolver num ambiente
jornalístico como esse é o controle de linguagem. Como
construir um vocabulário controlado que abarcasse um
universo de informação intenso e diversificado, ao mesmo
tempo bastante específico? O volume de informação
(fotografias) que diariamente é produzido, a quantidade de
solicitações e pesquisas apresentadas e realizadas e o número
da equipe técnica de indexadores e analistas de informação
coloca dificuldade para a realização desse procedimento. Dessa
forma, os trabalhos se pautavam exclusivamente numa
indexação sem um rígido controle de linguagem baseado em
um vocabulário controlado. Uma política de indexação foi
estabelecida de modo proporcionar um mínimo de consistência
no processo de representação da informação nas imagens,
realizado pela equipe diversificada de indexadores.
É importante destacar que a coordenação de indexação do
banco de dados (área de imagens) é exercida por um
profissional com formação em biblioteconomia, com ampla
experiência na gestão da informação em imagens, que tem
plena consciência da necessidade de um instrumento de gestão

62
e controle de linguagem para a indexação, pesquisa, busca e
recuperação de imagens. Este profissional sempre buscou
negociar e construir os melhores métodos de trabalho
envolvendo, dentro das limitações mencionadas anteriormente,
o controle de linguagem, de modo a alcançar resultados
eficientes e eficazes durantes pesquisas e buscas.
Enquanto profissional ligado ao universo da gestão da
informação em imagens, os principais as principais atividades
que realizei no banco de imagens do jornal Folha de S. Paulo
foram: indexação de imagens e informação textual escrita,
pesquisa, busca e recuperação de imagens no arquivo impresso
e no banco de imagens digitais (software existente), controle de
linguagem e demais atividades de apoio.
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha, uma
das mais tradicionais do país. Comercializa e distribui
diariamente fotos, textos, colunas, ilustrações e infográficos a
partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo, do jornal
Agora São Paulo, do UOL e de parceiros em todos os Estados
do país.
Durante certo período também houve um trabalho com a
Folhapress que consistia na construção de um vocabulário
controlado para imagens de natureza editorial e jornalística.

Banco de Imagens: Getty Images Latin America


Dos inúmeros trabalhos realizados com bancos e arquivos
de imagens ao longo de minha carreira, sem dúvida alguma, o
da empresa internacional de imagens Getty Images Latin America
(http://www.gettyimages.com) e (http://www.gettyimageslatam.com),
localizado na cidade de São Paulo, foi o mais grandioso,
intenso e complexo, tendo em vista os seguintes aspectos:
 É um dos maiores, senão o maior, bancos de
imagens do mundo (Getty Images);

63
 O banco de imagens disponibiliza mais de 1
milhão de imagens nos âmbitos criativo, jornalístico,
editorial e histórico;
 A quantidade de termos (palavras-chave) que
representa a informação em imagens nos processos de
indexação, pesquisas e buscas ultrapassou a casa dos
milhões, em três grandes idiomas: português, inglês e
espanhol (e não estamos levando em consideração as
opções de tradução e contextos para uma dezena de
outros idiomas, tais como alemão, italiano, francês etc.);
 Ampla diversidade de trabalho realizado nos
processos de gestão da informação em imagens:
indexação, controle de linguagem (vocabulário
controlado), consistência em legendas e títulos de
imagens, políticas de indexação, aprimoramento dos
processos de pesquisas e buscas de imagens,
aprimoramento do software do banco de imagens para
a gestão do vocabulário controlado (interface e
funcionalidades).
 Grande volume de profissionais envolvidos em
todo o processo de aprimoramento das ferramentas,
instrumentos e metodologias de gestão da informação
em imagens, coordenados por mim.
O trabalho com a Banco de Imagens internacional Getty
Images Latin America começou com uma reunião na qual fui
convidado pelo diretor criativo da empresa para apresentar
uma proposta de projeto que resolvesse o problema de
inconsistência, perdas e ruídos dos processos de pesquisa,
busca e recuperação das imagens. Perder imagens significava
perder dinheiro, não alcançar os possíveis lucros almejados
pela empresa. Outra questão era também, por meio desse
projeto de trabalho, elevar o banco ao patamar de mais
eficiente do mercado, com os melhores processos e
metodologias de recuperação de imagens de maneira rápida e
precisa. O que isso significava? Encontrar a imagem ou o
64
grupo de imagens desejado, perfeitamente inserido no contexto
e nos parâmetros de necessidades apresentados pelos clientes e
usuários do banco de imagens. E, neste aspecto, vários
questões tornavam esse objetivo difícil de se alcançar.
Diante desse problema, as minhas competências
mostravam-se produtivas, tendo em vista vários trabalhos já
realizados com outros bancos de imagens, com objetivos e
metas semelhantes.
O primeiro diagnóstico evidenciou os seguintes problemas:
- Falta de política de indexação e ausência de uma
metodologia eficiente de indexação;
- Inexistência de um vocabulário controlado com relações
consistentes, de modo a proporcionar uma indexação eficiente,
bem como um processo de pesquisa e recuperação de imagens
eficaz, dentro dos contextos almejados por clientes e usuários;
- Legendas e títulos de imagens que funcionavam como
pontos integrais de acesso às imagens provocavam ruídos e
inconsistências nos resultados das pesquisas, recuperando
imagens fora dos parâmetros de informação desejados.
O desafio era enorme, amplo, diversificado e complexo,
inserido em várias frentes de trabalhos e soluções,
demandando competências específicas de profissionais para a
gestão eficiente da informação do banco de imagens.
Uma grande dificuldade pela qual passei para o
desenvolvimento desse trabalho foi reunião de uma grande
equipe de profissionais competentes e qualificados para lidar
com um projeto específico de gestão da informação em
imagens. Logo no primeiro momento, não encontrei. A equipe,
que chegou a quase 20 pessoas, foi composta por estudantes de
graduação e pós-graduação e profissionais de biblioteconomia,
arquivologia, museologia, letras e linguística, publicidade,
história, dentre outros. O fator primordial, neste aspecto, foi o
65
interesse e motivação para o trabalho. Todos foram treinados e
receberam constante acompanhamento em todas as etapas da
execução dos trabalhos. É interessante destacar o papel e a
importância da multi e transdisciplinaridade num trabalho
dessa envergadura e natureza. Como exemplo, posso citar o
desempenho de profissionais de letras e linguística durante a
construção das relações de linguagem no vocabulário
controlado para imagens. Esses estudantes e profissionais, em
permanente diálogo com bibliotecários e arquivistas, puderam
compreender a aplicação de toda a teoria de linguagem
estudada num trabalho contextualizado à gestão da informação
em imagens. O resultado foi muito bom e produtivo.
Bem, uma curiosidade: a indexação na empresa, antes do
nosso trabalho, era realizada por uma grande equipe de
profissionais residentes na Índia, por conta do alto volume de
produtividade atrelado a um baixo custo financeiro. A
quantidade era alta e o resultado bastante inconsistente, o que
gerou a necessidade da contratação de uma equipe no Brasil
(minha equipe) que compreendesse as reais necessidades da
empresa num continente com a América Latina, com
competências plenas para tal trabalho, com formação em
Ciência da Informação.
A etapa de construção do vocabulário controlado foi
bastante difícil, pois trabalhávamos com mais de 40 mil termos
em três idiomas (inglês, espanhol e português). As relações
construídas (hierárquicas, associativas, equivalências etc.) foram
gigantescas e cansativas, tomando noites, dias inteiros de
trabalho árduo com toda a equipe. O tempo para a realização
desse instrumento de gestão de linguagem informacional se
prolongou, naturalmente, por um período que extrapolou a
prazo inicial. A cada momento, novas necessidades surgiam
nos aspectos das relações entre os termos.
Com o vocabulário controlado para imagens avançado nos
aspectos operacionais, iniciamos o trabalho de indexação.
66
Tínhamos acesso ao sistema interno de arquivos de imagens da
empresa, que periodicamente era atualizado com o
recebimento de constantes lotes de documentos fotográficos.
Uma coisa era evidente, não havia possibilidade de reindexar
milhares de imagens que já rodavam no banco; dessa forma, a
prioridade ficou com as novas imagens que eram incorporadas
e armazenadas ao banco, de modo a manter, a partir daquele
momento, um critério sólido de indexação com um
vocabulário controlado. As imagens anteriores, numa outra
oportunidade, passariam por um método de consistência da
indexação com a presenta do controle de linguagem.
Para se ter uma ideia da falta de política de indexação que
existia no banco, algumas imagens recebiam até 40 termos para
a sua descrição e outras apenas dois ou três; como se pode
perceber, não havia um critério sólido de trabalho para a
representação da informação das imagens. O resultado disso,
nas pesquisas e buscas, era bastante sofrível e ineficaz.
A aplicação de uma política de indexação com o uso
adequado do vocabulário controlado, num primeiro momento
de teste e comparação entre o desempenho de busca do banco
de imagens antes de todo o trabalho proposto e após a
aplicação do método de indexação baseado em um vocabulário
controlado, mostrou algo extremamente interessante e curioso:
na primeira versão do banco uma pesquisa utilizando-se o
termo “mamífero” (um exemplo) trouxe como resultado cinco
mil imagens; na segunda versão do banco, já com o
vocabulário rodando no sistema de pesquisa e busca e com a
aplicação de uma sólida política de indexação, o resultado para
a mesma pesquisa foi de aproximadamente 25 mil imagens!
Pasmem! Onde estavam essas imagens? A falta de uma política
de indexação e controle de linguagem provocava a perda de
imagens. Para uma empresa comercial como a Getty Imagens,
isso significava perdas nas vendas, ausência de crescimento no
potencial de arrecadação financeira. O aumento do volume de

67
recuperação de imagens proporcionaria aumento na venda e
maior lucro. É importante ressaltar que essa eficiência nos
processos de indexação, pesquisa, busca e recuperação de
imagens vale para todas as empresas, organizações e
instituições que visam ao lucro ou não, pois o significado de
tudo isso é a satisfação das necessidades de informação de
usuários ou clientes, em arquivos, bancos de imagens de
natureza pública ou privada.
O trabalho de indexação, neste nível, foi bastante árduo e
intenso. A sua realização ocorria fora da empresa, bastando
apenas a presença de um computador para acessar o sistema e
visualizar as imagens que seriam indexadas na plataforma da
empresa.
Indexação e vocabulário controlado funcionando
perfeitamente. Problemas resolvidos? Curiosamente, foram
descobertas algumas inconsistências nos resultados das
imagens recuperadas durante novas buscas. Para se ter um
exemplo, pensemos numa pesquisa com o termo “neve”.
Várias imagens eram recuperadas sem possuir as imagens da
neve. O que estava ocorrendo? Descobrimos que o problema
estava com as informações contidas nas legendas e nos títulos
das fotografias! Todas as informações ali eram recuperadas
durante uma busca. Assim, uma legenda do tipo “O Central
Parque, em Nova Iorque, durante o período de inverno, apresenta uma
paisagem de neve interessante... nesse momento de primavera o parque
também possui um grande atrativo”. Qualquer termo dessa legenda
estava sendo recuperado, provocando ruídos nas buscas e,
consequentemente, atrapalhando a consistência do processo de
indexação realizado, influenciando na sua eficiência. Mais um
trabalho que deveria ser realizado pela equipe: consistência nas
informações das legendas e títulos. Um trabalho longo,
detalhado e minucioso de gestão da informação nas imagens.
Além da indexação e sua política, do vocabulário
controlado, outro trabalho também desenvolvido foi o de
68
reformulação e implementação de uma nova interface para o
sistema de indexação e gestão do vocabulário controlado, com
uma interferência direta nos parâmetros de funcionalidades do
software utilizado pela empresa, cuja administração ocorria
diretamente com profissionais analista de sistemas na Suíça. A
apresentação do projeto com essa finalidade para a diretoria da
empresa provocou bastante curiosidade, interesse e elogios. A
sua implementação seria avaliada para um futuro, no momento
adequado e apropriado.
O breve relato de trabalho de consultoria neste projeto
desenvolvido para o banco de imagens Getty Images Latin
America, pela natureza diversificada das atividades envolvidas
tendo em vista a eficiência plena nos processos de indexação,
controle de linguagem, pesquisa, busca e recuperação de
imagens, demonstra a dinâmica e amplitude dos trabalhos
realizados por um gestor de informação e documentação em
imagens dotado de competências e habilidades específicas para
a gestão de toda essa informação.

69
CAPÍTULO 10

Algumas considerações que não são finais...


para estimular novos diálogos

Acredito que tenha ficado evidente, numa abordagem


bastante introdutória, a seguinte questão: informação em
imagens é diferente de informação textual escrita; portanto, as
metodologias aplicadas para a gestão da informação - tendo em
vista parâmetros de eficiência nos processos de indexação,
pesquisa, busca e recuperação da informação em imagens -
devem ser contextualizas e compatíveis ao universo perceptivo
sensorial das necessidades de informação em imagens
apresentadas por usuários e clientes de bancos e arquivos de
imagens.
É um grande equívoco transpor mecânica e
automaticamente os métodos de trabalhos aplicados à
informação textual escrita para a informação em imagens.
Para tanto, torna-se importante compreender as
competências específicas para o trabalho de gestão da
informação em imagens. Profissionais oriundos da área de
Ciência Informação, mais especificamente biblioteconomia,
arquivologia, museologia, gestão da informação possuem
grande potencial para a construção de um trabalho eficiente de
gestão da informação em bancos e arquivos de imagens,
contextualizado, naturalmente, ao perfil de cada uma dessas
carreiras inseridas em ambientes específicos de gestão da
informação e documentação, em constante diálogo com as
necessidades de seus usuários e clientes.
Profissionais dessa área devem buscar constantemente uma
formação de competências que possibilite um diálogo
produtivo com a natureza da informação em imagens, de modo

70
a reconstruir valores e fazeres profissionais, novas postura e
atitudes diante de uma informação plurissensorial.

71
Referências

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Forma).

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São Paulo: Papirus, 2012.

73
Sobre o autor

Ronni Oliveira é gestor de informação e documentação,


bibliotecário, autor, professor e consultor em projetos de gestão da
informação em imagens, com ampla experiência na coordenação de
projetos para Bancos de Imagens; foi consultor de um dos maiores
bancos de imagens do mundo (Getty Imagens Latin America), num
projeto de grande envergadura ligado aos processos de indexação,
controle de linguagem, construção de vocabulário controlado para
imagens. Já ministrou treinamentos em empresas como Arquivo da
TV Record, Clube Paineiras de São Paulo, cursos e palestras em
várias universidades federais, como UFRGS, UFF, UFMG, UFC,
UFPB, UFBA, UFG. Também trabalhou como indexador no Jornal
Folha de S. Paulo. É coordenador do Projeto Informação
Audiovisual (http://www.informacaoaudiovisual.com.br) e criou
dezenas de cursos para a formação de competências para a gestão da
informação em imagens (modalidade presencial e EAD/online). É
formado em biblioteconomia e documentação pela Universidade de
São Paulo (2000); cursou o programa de pós-graduação (mestrado)
em Ciência da Informação da Universidade de São Paulo, o qual
optou por interromper e não concluir por conta de muitos projetos e
consultorias na área de imagens. Já ministrou cursos pela FEBAB. É
autor de livro publicado pela editora Scipione/Grupo Abril
Educação. Também coordena projetos e trabalhos em GED –
Gerenciamento Eletrônico de Documentos.

Entre em contato com o autor pelos e-mails:


ronni@informacaoaudiovisual.com.br
cursos@informacaoaudiovisual.com.br
sanoliver@hotmail.com

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“Fundamentos da Gestão da Informação em Imagens para
bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros
profissionais da informação” tem como objetivo provocar
e motivar, com princípios introdutórios e elementares, o
debate em torno da gestão da informação em imagens e
apresentar um pouco da vasta e múltipla experiência
prática do autor em projetos e consultorias com grandes
bancos de imagens nacionais e internacionais (inclusive
um dos maiores do mundo). O livro procura se tornar
uma referência introdutória para estudantes e
profissionais de biblioteconomia, arquivologia,
museologia, gestão da informação e áreas afins
(comunicação, história, artes, linguística, administração,
tecnologias da informação e demais estudantes e
profissionais que se interessem pela formação de
competências para a gestão eficiente da informação em
bancos e arquivos de imagens)

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