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Fundamentos da Gestão da
INFORMAÇÃO EM
FUNDAMENTOS DA GESTÃO DA
INFORMAÇÃO EM IMAGENS
para bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros
profissionais da informação
2ª. edição
http://www.informacaoaudiovisual.com.br
São Paulo
2014
Oliveira, Ronni
Fundamentos da gestão da informação em imagens para
bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros profissionais
da informação /Ronni Oliveira. 2.ed. São Paulo: Projeto
Informação Audiovisual, 2014.
Introdução 1
3
cinco anos de duração). As disciplinas eram excelentes, mas a
quantidade e a carga horária insuficientes diante da necessidade
intensa de debates necessários para se construir sólidos
conhecimentos e competências para o trabalho com a
informação em imagens. O que existia, dentro do possível, era
o estímulo inicial à prática de trabalho com imagens (acredito
que existam cursos na área de Ciência de Informação que não
abordem, nem mesmo com uma única disciplina, o contexto
das imagens enquanto informação que deve ser gerenciada de
maneira eficiente).
Se bibliografias e mais disciplinas sobre o tema eram
grandes lacunas, não faltavam as discussões calorosas com a
profa. Johanna, não faltavam trabalhos desafiadores com
empresas e bancos de imagens que buscavam consultorias para
a solução de seus problemas de gestão da informação em
imagens. Essas atividades, sob orientação e supervisão,
marcaram o grosso das competências e habilidades construídas,
em meio a muita dor de cabeça, tensões e momentos de
enorme realização, com o alcance de resultados comemorados
por todos.
Mas é justo que todo o conhecimento adquirido, todas as
práticas desenvolvidas e soluções alcançadas sejam guardadas
num cofre mental, para meu único e exclusivo deleite?
Pessoalmente, isso me incomoda, pois a necessidades de
profissionais competentes para a gestão da informação em
imagens apresentada pelo mercado de trabalho é intensa e
crescente. É possível imaginar o porquê? O que as imagens
representam, hoje, para uma sociedade como a nossa? Quem
produz imagens nessa sociedade? Apenas profissionais
especializados? Quem usa imagens? Qual a motivação para a
busca constante de imagens? Pessoal? Profissional? É muito
fácil localizar a imagem desejada em fração de segundos? Pense
na necessidade de informação em imagens, de maneira rápida e
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precisa, para um telejornal diário, em uma grande emissora de
TV.
O livro surge desses questionamentos e de toda a
necessidade de uma discussão plural em torno da gestão da
informação em imagens, já que não existe uma bibliografia
vasta e consistente sobre o tema, um debate frequente nas
universidades – com a presença de disciplinas obrigatórias e
suficientes, notadamente nos cursos de Biblioteconomia,
Arquivologia e Museologia - e uma visão ampla das
possibilidades multidisciplinares de trabalho com as imagens
enquanto informação (nas áreas de comunicação, educação,
história, administração, tecnologias etc.).
Busco, com este livro, preencher uma lacuna na formação
acadêmica e no fazer prático do trabalho com gestão da
informação em imagens, para estudantes e profissionais que se
interessem por esse tema e que buscam, constantemente, com
muitas dificuldades, diálogos produtivos que estimulem novas
reflexões e descobertas em torno dessa informação tão intensa,
sinestésica e polissêmica: a imagem, nos mais variados
ambientes, unidades e dispositivos de informação, como
arquivos de imagens, bancos de imagens, bibliotecas, museus,
editoras, centros de documentação, agências noticiosas,
empresas de comunicação, instituições educacionais etc.
A proposta é introdutória e panorâmica, sem grandes
detalhamentos teórico-conceituais, atrelada à minha prática em
projetos e consultorias de gestão da informação em imagens.
Será estimulada a descoberta dos significados da informação
em imagens, compreendendo a sua especificidade enquanto
objeto de pesquisa, busca e recuperação em sistemas e serviços
de informação (públicos ou privados, comerciais ou não). Por
se configurar numa proposta inicial de experimentação e
exploração, não teremos como foco, nesse momento, os
processos plenos e detalhados de análise e indexação da
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informação em imagens, deixando esse debate metodológico
intenso para o próximo livro, que sairá em breve.
Também optamos por discorrer verbalmente sobre o que é
a informação em imagens, o que é necessário, em matéria de
competências e habilidades, para se desenvolver um trabalho
eficiente nessa área, o que o mercado espera de um profissional
gestor de informação em imagens e como anda a nossa
formação e capacitação para esse trabalho, ao invés de rechear
o livro com imagens que seriam mais apropriadas para um
método prático de análise e indexação. Penso que, num
primeiro momento, há a necessidade de se compreender o
significado dessa informação, de modo a tratá-la de uma
maneira muito mais segura e apropriada. Sem descobertas, não
há fazer plural, não há processos de ressignificação, produção
de novos sentidos, que é a base para o desenvolvimento de
processos plenos e eficientes de gestão da informação em
imagens.
Portanto, a proposta é dialógica. Dialogaremos sobre as
práticas de trabalho com gestão da informação em imagens,
ressaltando o papel dos profissionais da informação nesse
cenário, para o alcance de resultados eficazes nos processos de
pesquisa, busca, recuperação e uso da informação em imagens.
O convite está feito. A partir de agora, lancemo-nos, com
muito olhar de descoberta, sobre o universo pleno das
percepções e sensações da informação em imagens.
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CAPÍTULO 1
A informação em imagens:
percepções e sensações plurais
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abordagem compatível e contextualizada à natureza polifônica
e sinestésica da informação e documentação em imagens.
A mediação cultural com a informação em imagens em
dispositivos de informação, educação e comunicação também é
alvo de nossa proposta para o projeto em questão. Nessa
publicação, levantaremos princípios elementares (numa outra
publicação trataremos esse tema de forma mais intensa). A
mediação é um trabalho de grande importância, pois lida com a
produção sentidos, com os processos de significação de toda
essa informação. As práticas de mediações culturais colocarão
o sujeito enquanto ator, protagonista cultural nos processos de
produção de sentidos, constituindo mecanismos de
apropriação cultural e simbólica da informação em imagens. O
que isso significa? Tudo o que foi debatido, questionado,
experimentado, as metodologias de gestão desenvolvidas
ganham novos significados. O que era atividade-meio, nesse
momento, torna-se atos de significação. O sujeito se apropria
do das imagens e passa a atribuir novos sentidos. Processo
puro de ressignificação. O ato de criação cultural humano
passa a se concretizar de forma intensa e plurissignificativa.
Iniciamos, de forma dialógica, um amplo processo de
produção de sentidos na informação em imagens. Esses são os
pressupostos almejados pelo Projeto Informação Audiovisual e
por este livro numa abordagem introdutória e panorâmica.
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CAPÍTULO 2
Imagem 1
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Imagem 2
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CAPÍTULO 3
Informação em Imagens:
a proximidade entre arquivologia, biblioteconomia,
museologia e gestão da informação
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CAPÍTULO 4
As imagens fotográficas
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Colocarei em evidência alguns parâmetros elaborados por
SMIT (1987, p. 100-111):
1 - Questões técnicas da produção da imagem, caso estas
sejam visíveis para o usuário (vista aérea, alto-contraste)
2 - Localização da imagem no espaço - termos geográficos
ou então descrição do lugar: Pico da Neblina ou interior de
uma danceteria
3 - Localização da imagem no tempo – tempo histórico
(anos 30) ou então, quando a imagem é atual, questões de
época do ano, dia, noite, hora do dia etc.;
4 - Quando a imagem focaliza seres vivos, estes devem ser
descritos com certas precisões: idade, sexo, raça, atitude, tipo
de roupa etc.;
5 - As ações destes seres vivos não podem ser esquecidas,
mas descritas em função daquilo que a imagem se insere. Neste
sentido, não há fotos de lançamento de nave espacial, há
astronauta, em traje especial, se dirigindo para a nave espacial.
O banco de imagens pode até decidir que o ato global
(lançamento de nave espacial) também deve ser indexado,
complementando a descrição da imagem propriamente dita: a
indexação de imagens leva a esta peculiaridade, ou seja, a dupla
indexação, também chamada “indexação em dois níveis”;
6 - Por último, deve-se descrever o ambiente no qual o ser
vivo se encontra, quer seja elemento natural (praia, bosque,
campo) ou artefato (casa, carro, cadeira). Caso não haja seres
vivos na imagem, estes detalhes.
Fonte: Google
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Junto a esse referente, a Análise Documentária buscará
formas de acessos às imagens fotográficas para os usuários,
visando à recuperação de documentos que efetivamente
possam contribuir para a satisfação de suas mais variadas
necessidades.
Para tanto, algumas metodologias, levando em consideração
o caráter específico da imagem, foram desenvolvidos, como a
do historiador de arte Erwin Panofsky (1979), que estabeleceu
três níveis de análise da imagem, objetivando a descrição da
informação iconográfica.
Inicialmente, os três níveis de análise de imagem propostos
por Panofsky (1979) foram utilizados para a análise de pinturas
renascentistas. No entanto, a abrangência de tais
procedimentos permitiu incorporá-los ao tratamento da
informação iconográfica em geral, objetivando a sua
recuperação (SHATFORD, 1986). Os três níveis são:
1) Nível pré-iconográfico, no qual são descritos os
objetos e ações representados pela imagem;
2) Nível iconográfico, que determina os assuntos da
imagem. Neste nível, determinam-se os significados simbólico,
mítico ou abstrato da imagem, oriundos dos elementos
identificados pela análise pré-iconográfica;
3) Nível iconológico, que adentra a interpretação do
significado intrínseco do conteúdo da imagem. Neste nível, são
incorporados conhecimentos específicos sobre o ambiente
cultural, artístico e social no qual a imagem foi gerada.
Para a análise documentária, os níveis mais pertinentes e
seguros são os pré-iconográfico e iconográfico, uma vez que
estão mais próximos do significado representativo da imagem.
O nível iconológico, por incorporar valores socioculturais e
ideológicos à interpretação da imagem, não é recomendável, na
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medida do possível - respeitando-se as necessidades e
especificidades da clientela usuária de bancos e arquivos de
imagens -, para a composição da grade de análise
documentária. Sua utilização, uma vez que se encontra
permeada por forte subjetividade e especificidade, poderia
provocar o empobrecimento de sua natureza polissêmica,
causando limitação no processo de recuperação e utilização das
imagens pelos usuários.
Dessa forma, preconizando métodos de análises baseados
nos níveis pré-iconográfico e iconográfico, os bancos e
arquivos de imagens estarão contribuindo para que grupos de
imagens possam ser utilizados e reutilizados por usuários com
as mais variadas e diferentes necessidades. Adotar tal critério
seria, segundo o historiador de arte Gombrich (SMIT, 1998),
preocupar-se com a função representativa da imagem em
detrimento da função simbólica.
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Como já comentado, a imagem fotográfica é constituída por
duas variáveis (LACERDA, 1993, p. 47):
• Conteúdo Informacional (aquilo que a imagem mostra);
• Expressão Fotográfica (a forma adotada para se expressar
o que se quer transmitir pela imagem).
Tendo como objetivo a recuperação da informação
iconográfica por usuários e clientes com necessidades de
informação diversificada, a Análise Documentária da Imagem
passa a enfrentar um novo desafio ou uma nova realidade,
justapor o Conteúdo Informacional à sua forma expressiva
(Expressão Fotográfica). O reconhecimento dessa necessidade
se deve ao fato de se compreender que o cliente ou usuário de
arquivos ou banco de imagens não pode ser considerado como
um grande grupo homogêneo, dotada de necessidades
homogêneas, ainda mais se tratando de imagens.
Efeitos Especiais;
Utilização de Objetivas (fish eye);
Utilização de alguns Filtros Especiais;
Tempo de Exposição (longa exposição, múltipla
exposição);
Luminosidade (luz noturna, contraluz);
Enquadramento (vista panorâmica, plano de
conjunto, médio, americano, close, detalhe, perfil);
Posição da Câmera (câmera alta, baixa, vista aérea,
submarina, subterrânea, microscópica, etc.).
Retomando a discussão da justaposição (união) do conteúdo
informacional à expressão fotográfica, vale ressaltar que alguns
autores - ligados ou não diretamente à análise documentária da
informação iconográfica - preocupam-se com esta questão,
realizando algumas discussões pertinentes e promissoras. Para
SMIT, a forma expressiva da imagem é um importante
elemento que a diferencia do documento textual, conferindo-
lhe especificidade enquanto informação. Outro discurso
favorável a essa questão é o de LACERDA (1993),
comentando que a construção da mensagem, da informação da
imagem, do registro fotográfico advém de seu conteúdo, de sua
expressão e forma, completando: "a expressão seria a forma
como a imagem é mostrada, estando ligada a uma linguagem
que lhe é própria e que envolve a técnica específica empregada,
a angulação, o enquadramento, a luminosidade, o tempo de
exposição, entre outros" (LACERDA, 1993, p. 47). BLÉRY,
G. (1981) e DOCUMENTATION FRANÇAISE (1984)
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também fazem referência à justaposição do conteúdo da
imagem à sua forma.
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CAPÍTULO 5
Audiovisual: o diálogo entre imagens em movimento e
expressões sonoras
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O maior desafio é a tradução da imagem e do som para a
linguagem verbal. Um grande equívoco é pensar que a análise
significa uma reprodução verbal, microscópica do conteúdo.
“Analisar um filme não é mais que vê-lo, é revê-lo e,
mais ainda, examiná-lo tecnicamente. Trata-se de uma
outra atitude com relação ao objeto-fílmico, que, aliás, pode
trazer prazeres específicos: desmontar um filme é, de fato,
estender seu registro perceptivo e, com isso, se o filme for
realmente rico, usufrui-lo melhor (…)” fazendo com que se
descubram detalhes do tratamento da imagem e do som.
(GOLIOT-LETÉ; VANOYE, 2012).
Analisar a informação nas imagens em movimento
caracteriza-se como uma atividade motivada por necessidades
variadas de informação, em âmbitos diversos, por meio de
metodologias apropriadas e pertinentes de análise
documentária da informação em imagens e sons.
Analisar um filme, segundo GOLIOT-LETÉ; VANOYE,
2012, p. 14) consiste em:
“despedaçar, descosturar, desunir, extrair, separar, destacar e
denominar materiais que não se percebem isoladamente a olho
nu, uma vez que o filme é tomado pela totalidade”.
Após a desconstrução, o passo seguinte consiste em:
“(...) estabelecer elos entre esses
elementos isolados, em compreender como
eles se associam e se tornam cúmplices para
fazer surgir um todo significante: reconstruir
o filme ou o fragmento”. (GOLIOT-LETÉ;
VANOYE, 2012, p. 15).
Desconstruir é uma atividade de DESCRIÇÃO.
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Reconstruir é uma atividade de INDEXAÇÃO, na qual
construiremos novos sentidos e significados por meio da
atribuição de termos, conceitos e descritores.
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documentos audiovisuais (emissoras de TV, produtoras de
imagens, bibliotecas, museus, arquivos e indústria em geral).
Esses documentos serão pesquisados para posterior utilização,
para finalidades variadas, atendendo a necessidades específicas
e genéricas.
É nesse momento que entra em cena o trabalho de análise
documentária da informação nas imagens em movimento
fílmica e televisiva. Como analisar esses documentos,
explorando, de forma adequada e eficiente, todo o seu
potencial informativo, tendo em vista a construção de pontos
de acesso plurais que leve em consideração o perfil das
necessidades apresentadas por usuários que utilizam um
arquivo ou banco de imagens? A análise documentária deverá
pautar-se pelo conjunto, pelas características e especificidades
do conteúdo e forma dos documentos audiovisuais, das
necessidades de seus usuários e da unidade-organizacional
(planejamento, natureza e organização do Sistema de
Recuperação de Informação...) (CORDEIRO, 2000).
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- Segmentação: consiste em dividir as expressões (fílmicas
e televisivas) em unidades de significação. Para compreender
essas unidades vamos entender a sintaxe fílmico-televisiva.
Sintaxe fílmico-televisiva (da maior para a menor
unidade): o episódio, a sequência, o plano e o enquadramento.
Primeira e maior unidade
a) Episódio (histórias, tramas, enredos, fatos, eventos,
acontecimentos e fenômenos);
b) Sequência: unidades de conteúdo informacional em
tempo e espaço; é mais breve e menos articulada, formada por
unidades menores (os planos e as cenas).
Uma sequencia possui planos e enquadramentos; planos
articulados, espaço, tempo e ação dramática. Nas sequências
encontramos as ações, os personagens (com posições e
movimentos de câmera), os detalhes do cenário, o figurino, os
efeitos especiais. Cenas e planos fazem parte de uma sequência.
No cinema, a sequência engloba tudo que ocorre num espaço
localizado e determinado. O roteiro para TV é articulado em
cenas (a sequencia é um conjunto de cenas); várias cenas
formam uma sequência.
Síntese:
SEQUÊNCIA =
PLANOS + ENQUADRAMENTOS + CENAS
(TEMPO, ESPAÇO, AÇÃO, ELEMENTOS
FIGURATIVOS, EXPRESSÕES SONORAS etc.)
Após a Segmentação, entramos na fase de Estratificação
da análise.
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Estratificação
Consiste em dividir a segmentação (unidades lineares:
sequências, planos, enquadramentos) em unidades menores
internas (tempo, espaço, ação, elementos figurativos, sons...).
As ações elencadas e detalhadas fazem parte do processo de
decomposição da informação. Concluídas tais atividades,
passamos para a etapa de recomposição da informação.
Recomposição
A etapa de recomposição da informação é caracterizada
pelas seguintes atividades:
a) Enumeração: são catalogados todos os elementos
individualizados na segmentação;
b) Ordenação: todos os elementos são colocados em
ordem linear e hierárquica de importância;
c) Articulação: modelo de organização do material
previamente enumerado e ordenado.
Esses três itens buscam estabelecer um diálogo eficiente
entre o conteúdo da expressão e as possíveis necessidades e
expectativas do público/usuário. Trabalham, também, os
significados.
Agora, vamos entender a natureza dos códigos que fazem
desse processo.
1) Códigos visuais
- Tipologia de planos, angulação e inclinação da câmera e
estão ligados à identidade da ação, ângulo e campo. São
fragmentos do espaço-tempo. Tipos de planos:
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a) Plano geral: a figura humana na sua totalidade dentro do
enquadramento;
b) Plano americano: a figura humana dos joelhos para cima;
c) Plano médio: a figura humana da cintura para cima;
d) Primeiro plano: vista privilegiada de um personagem,
concentrando-se em uma parte de seu corpo;
e) Primeiríssimo plano: vista centrada numa parte e as
outras bem menos expostas (boca, olho, cabeça);
f) Plano de detalhe: vista focada num objeto/parte do
corpo;
g) Plano de conjunto: conjunto de figura de corpo inteiro;
- Plano-sequência: aquele que, por sua duração, contem o
equivalente de acontecimentos que correspondem a uma
sequência.
Os planos também podem ser classificados como planos
fixos e planos de movimento. Todo plano define um campo
(interior de um enquadramento). O enquadramento limita o
campo (estabelece tudo que está presente na imagem em um
espaço construído).
- Angulação e inclinação da câmera: câmera alta, câmera
baixa, ângulo pouco usual, panorâmica, vista de satélite, etc.
- Iluminação do enquadramento: assumem valores
semânticos, simbólicos, figurativos, etc.
- Cores: branco/preto/colorido/multicolorido.
2) Códigos gráficos fílmicos
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Estabelecem a articulação de todos os elementos gráficos ou
de linguagem verbal:
Títulos: créditos, ficha técnica, elementos de
repartição de sequências (fim, continuidade,
próximos capítulos, etc.); subtítulos.
Escritos diversos: diegéticos (pertencem à história
narrada: nomes de restaurantes ou ruas onde se
passam as ações, títulos de livros lidos pelos
personagens etc.) e não diegéticos (fora do
universo narrado, porém acrescenta algo ao que está
sendo narrado).
3) Códigos sonoros
Fontes sonoras e representação da informação sonora –
articulação do som e da imagem.
São três: voz, ruídos e música.
As falas (diálogos, monólogos e comentários), as músicas,
os ruídos e o silêncio (neste caso pode representar angústia,
morte, solidão...).
O som se divide em:
- Diegético: se a fonte do som estiver relacionada
diretamente com os elementos representados. Ele
pode ser in ou em campo ou off ou fora de campo, estão
ou não presentes no interior do enquadramento;
também interior ou exterior, se provem do interior do
personagem (alucinação) ou tem uma existência
compartilhada por outros personagens.
- Não diegético (se a fonte sonora não tiver nada a
ver com os elementos representados)
Som in: a fonte do som (palavra, ruído, música) é
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visível na tela;
Som sincrônico: som fora de campo, cuja fonte
não é visível na imagem, mas pode ser situada
imaginariamente no espaço-tempo da ficção
mostrada;
Som off: emana de uma fonte situada num outro
espaço-tempo, não representado na tela,
extradiegético ou heterodiegético
Ruídos over: efeitos especiais
Mixagem: acréscimo ou substituição do som
original por novas fontes sonoras adaptadas (outros
ruídos, sons...).
42
CAPÍTULO 6
Princípios de gestão da informação nas imagens
A gestão da informação estuda os processos informacionais
de modo que a informação possa ser organizada, armazenada,
recuperada e utilizada para a tomada de decisões e para a
construção do conhecimento.
Essa consideração, muito recorrente nos ambientes
organizacionais, deixa claro o caráter instrumental e funcional
dos mecanismos de gestão da informação e documentação. O
desenvolvimento de tais processos gerenciais, na maioria das
vezes, está atrelado ao alcance da eficiência e da eficácia
organizacionais, tendo em vista a excelência dos fazeres
técnicos, operacionais e instrumentais. A nossa proposta é a
seguinte: construir um processo de gestão caracterizado como
significativo. Gestão significativa da informação.
Para compreender essa proposta, levaremos em
consideração os processos de significação, de produção de
sentidos. A atividade de gestão, neste aspecto, ultrapassa o
fazer instrumental e operacional, ligado exclusivamente ao
alcance da eficácia e eficiência organizacionais. Todo o
processo de gestão estará mergulhado no conceito de dialogia,
de interação e experimentação. A gestão, neste aspecto, está em
permanente processo de produção de sentidos, negociação
com todas as esferas envolvidas: gestores, informação,
documentação, sujeitos e sociedade como um todo. As
ferramentas gerenciais, vistas como atividades-meios – pois se
concentram em ações instrumentais e operacionais – passam a
assumir um caráter criativo, inventivo. Todas as atividades
desenvolvidas levarão em consideração um diálogo aberto e
plural entre a natureza da informação audiovisual (perceptivo-
sensorial) e as características dos desejos e anseios expressos
pelo sujeito que busca construir novos significados diante de
toda essa informação polifônica e sinestésica.
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O gestor se torna um protagonista, pois ele mantém diálogo
e sente a tessitura dessa informação. Ele preserva a sua
polissemia. Não submete a expressão audiovisual a regras e
procedimentos pré-estabelecidos em função exclusiva de uma
eficiência técnico-operacional. As metodologias de gestão da
informação serão sempre flexíveis, dialógicas, conectadas com
as necessidades plurais apresentadas pelos sujeitos.
A gestão significativa se constrói tendo como pressuposto
os sentidos que todo esse processo administrativo faz para as
pessoas, indo ao encontro do diálogo pleno. A regra não existe.
O que existe é a orientação operacional centrada em atos de
significação. A gestão significativa se compromete com os
processos de apropriação cultural. Nada fará sentido numa
atividade dessa natureza se o sujeito não puder construir o seu
próprio sentido. É o que se pode chamar de gestão
colaborativa. Desenvolvemos ferramentas gerenciais de acordo
com o grau de sentidos que eles podem proporcionar aos
sujeitos.
Essa proposta se sustenta diante de uma informação
sinestésica e polissêmica (a informação audiovisual), diante de
um conjunto de necessidades culturais igualmente
plurissignificativos.
A proposta de gestão significativa da informação
audiovisual dialoga e busca inspirações nos pressupostos da
Infoeducação, desenvolvidos pelo prof. Dr. Edmir Perrotti,
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo. Recomendo a leitura do texto, do professor
mencionado, registrado na bibliografia dessa publicação. O
teor de suas propostas é de uma riqueza cultural singular e
plural para as ciências da informação, comunicação e educação.
Quais atividades, inseridas num eficiente processo de gestão
da informação em imagens são fundamentais? Vejamos essa
relação:
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a) Representação descritiva (catalogação) das informações
técnicas e de identificação dessas imagens. Exemplos: títulos,
autorias, responsabilidade institucional/corporativa, data de
produção etc.;
b) Indexação (representação temática) da informação
contida nessas imagens: assunto e temas, levando-se em
consideração a especificidade do trabalho com imagens;
c) Políticas de indexação: o que e como indexar as imagens,
tendo em vista o perfil do público que busca informações
numa determinada instituição, organização, arquivo ou banco
de imagens;
d) Controle de linguagem (linguagens natural e controlada –
linguagens documentárias especificamente para imagens);
e) Construção de vocabulário controlado para imagens (lista
de palavras estruturadas com várias relações para a indexação e
recuperação de imagens em um sistema de busca);
f) Tecnologias da informação aplicadas à recuperação de
imagens: avaliação de desempenho de sistemas para essa
finalidade e implementação para gerenciar todo o fluxo de
documentos e informações em imagens;
Se almejamos um sistema de gestão da informação eficiente
para o tratamento, pesquisa, busca e recuperação de imagens,
as ações e atividades elencadas são recomendadas e apropriadas
para se atingir tais objetivos.
É igualmente importante ressaltar que todo o processo de
gestão da informação em imagens deve levar em consideração
a especificidade desses documentos. Metodologias utilizadas
para a gestão da informação textual escrita não devem ser
mecanicamente aplicadas ao trabalho com imagens.
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CAPÍTULO 7
46
não fazer muito sentido se mecanicamente aplicadas aos
trabalhos com a informação em imagens.
E as competências? Como poderiam ser caracterizadas?
Poderíamos compreendê-las sob dois aspectos:
a) Atitudes, saberes e posturas;
b) Aptidões, habilidades e fazeres operacionais e
instrumentais.
No primeiro item, competência relaciona-se a um saber
refletir, articular ideias, pensamentos e ações, construir
conhecimentos pertinentes, desenvolver mediações, realizar
interações, promover avaliações, inventar algo novo, criar
soluções e alternativas. O conceito de competência aqui
preconizado é o da experimentação das potencialidades plenas
de criação do sujeito. É a competência que se faz presente em
atitudes e posturas. As imagens sugerem atitudes e posturas
plurais, atendendo as necessidades da natureza de suas
expressões e linguagens.
No que se refere às habilidades e aos fazeres operacionais,
as competências construídas estarão ligadas aos seguintes
aspectos:
• Trabalhar a linguagem da informação em imagens
compreendendo a sua especificidade;
Formação acadêmica
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De forma tímida, claro, podemos encontrar, por sorte, uma
ou outra disciplina de natureza optativa ou bastante genérica
relacionada a esta temática. Discreta e quase imperceptível por
conta das dezenas de outras disciplinas, com grande ênfase,
voltadas exclusivamente para a informação textual escrita.
Para agravar ainda mais a situação, grande parte dos cursos
de graduação nestas áreas, não facilitam o diálogo e o
intercâmbio pleno com outros departamentos, como os de
comunicação e artes, mesmo estando localizados
suspostamente em uma escola de comunicações e artes. Por
que um aluno de biblioteconomia, arquivologia, museologia ou
gestão da informação não possui facilidades administrativo-
acadêmicas para cursar, de maneira livre e produtiva, uma
disciplina do curso de cinema, jornalismo, artes plásticas,
audiovisual, publicidade? Nestas áreas, podemos encontrar a
gênese do debate em torno da produção do objeto
(informação) imagens, sem qualquer vínculo com a ciência da
informação, que, a meu ver, é bastante interessante, pois
proporciona uma visão conceitual ampla e abrangente da
essência do objeto visual, audiovisual, na sua multiplicidade de
sensações e projeções.
Claro que tais discussões devem, também, ser levadas de
forma mais contextualizadas ao núcleo central da formação
acadêmica das carreiras na área de Ciência da Informação, de
modo a compreender o produto e/ou objeto imagens
enquanto informação a ser gerenciada: analisada, indexada,
catalogada, traduzida para linguagens documentárias,
disponibilizada para pesquisas e buscas, recuperada, e
ressignificada nos dispositivos de informação (como bancos e
arquivos de imagens), atendo a pluralidade das necessidades de
informação apresentadas por usuários e clientes.
Numa sociedade como a atual, com alta produção e uso de
imagens nos mais variados contextos, é de suma importância
investir na formação de profissionais com competências
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apropriadas para a compreensão da essência da informação em
imagens, na sua multiplicidade sensorial e sinestésica (cheia de
sensações) de modo a aplicar metodologias compatíveis às
sintaxes das imagens enquanto informação.
Por natureza, os profissionais da informação das carreiras
aqui abordadas apresentam um grande potencial para o
trabalho de gestão da informação em imagens, tendo vista a
especificidade da natureza gerencial da informação e
documentação abordadas nessas graduações, o que não ocorre
em nenhuma outra, com as características específicas
mencionadas. No entanto, por incrível que possa parecer, a
omissão e a lacuna na formação desses profissionais durante a
graduação ainda é bastante grande nos aspectos dos debates e
diálogos em torno da construção plena de competências
voltadas para a gestão da informação em imagens.
É uma situação que me incomoda bastante, ainda mais
quando, nos inúmeros trabalhos realizados em bancos de
imagens, não conseguia encontrar com facilidade estudantes e
profissionais com competências minimamente razoáveis para o
desenvolvimento de trabalhos com indexação, catalogação,
controle de linguagem, construção de vocabulário controlado
para imagens, avaliação de software e sistemas de buscas para
imagens, aprimoramento e implementação de metodologias de
eficiência para a recuperação da informação em banco e
arquivos de imagens. Por conta disso, de maneira espontânea e
muitas vezes sem qualquer lucro, levei dezenas de cursos e
treinamentos para universidade em todo o Brasil, para iniciar,
motivar e estimular o debate, a descoberta e a experimentação
em torno das práticas de gestão da informação em imagens.
50
Onde a informação em imagens pode ser encontrada:
contextos sociais e mercado de trabalho
53
CAPÍTULO 8
55
CAPÍTULO 9
57
gostoso! Esse foi o tiro de misericórdia para uma mente
sedenta de aspirações plurais em termos de realizações pessoais
e profissionais.
Passada essa fase inicial de descoberta, as conversas com a
professora Johanna Smit se intensificaram, tendo em vista que
ela é um grande mestre e profissional de destaque na área de
gestão da informação em imagens, com amplo e diversificado
trabalho no Brasil e no exterior. Devo muito e agradeço a
Johanna Smit, de forma intensa e calorosa, várias
oportunidades na área de imagens. Ela me proporcionou
inúmeras oportunidades e descobertas.
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ideia, os valores variavam de dois, três a cinco mil reais
mensais. Excelentes compensações financeiras para o período.
Durante esse trabalho, um grande vocabulário controlado
foi desenvolvido. Era a base para aplicar o processo de
indexação. Esse era o fator diferencial, exclusive, de eficiência
de todo o processo. Nenhuma outra empresa comercial de
imagens, naquela época, utilizava um vocabulário controlado
nos seus processos gerenciais de tratamento, pesquisa, busca e
recuperação de imagens. O trabalho foi pioneiro. Uma política
de indexação também foi estabelecida (tal política foi
indispensável para a realização de um trabalho consistente). No
começo, para se levantar termos e palavras para a criação do
vocabulário, indexamos de forma livre. Também realizei a
construção de um vocabulário controlado geográfico, de modo
a reunir uma grande variedade de termos ligados ao universo
geográfico (países, cidades, estados, províncias, monumentos,
lugares etc.) da informação em imagens para o banco, para
proporcionar uma indexação eficiente, com alto padrão de
eficiência no uso de linguagem controlada. Vocabulário
controlado, indexação e política de indexação foram
instrumentos e processos indispensáveis em todo esse trabalho.
O resultado, a curto, médio e longos prazos foram excelentes,
com grande impacto na recuperação de imagens (informação
em imagens), resultando no aumento da satisfação das
necessidades de informação em imagens dos clientes da
empresa, acarretando, consequentemente, um aumento nas
vendas de documentos fotográficos para os mais variados
ramos mercadológicos.
É interessante ressaltar que a natureza das imagens nesse
banco era bem diversificada, com um uso bastante intenso para
o mercado publicitário: fotografias de pessoas, animais,
natureza, lugares, artes, negócios, medicina e saúde, indústria,
pesquisa etc. Portanto, o vocabulário controlado teve que
representar todo um universo de informação geral e global,
60
bastante genérico e específico em alguns aspectos
informacionais, para atender à indexação e a diversidade de
termos utilizados durante pesquisas e buscas.
Todo esse trabalho foi realizado durante os anos de 1998 a
2001, num ritmo bastante intenso e produtivo, envolvendo
mais de 100 mil imagens. O resultado foi excelente,
possibilitando ao banco de imagens um crescimento
interessante, de modo a colocá-lo como um dos melhores e
maiores bancos de imagens do mundo, com destaque e
liderança na América Latina (http://www.latinstock.com.br).
O banco de imagens, desde 1998, conta com um gestor de
informação em imagens, com formação específica em
biblioteconomia, que iniciou os trabalhos durante aquela época,
uma colega que fazia parte do grupo inicial do projeto de
indexação e controle de linguagem da empresa.
62
e controle de linguagem para a indexação, pesquisa, busca e
recuperação de imagens. Este profissional sempre buscou
negociar e construir os melhores métodos de trabalho
envolvendo, dentro das limitações mencionadas anteriormente,
o controle de linguagem, de modo a alcançar resultados
eficientes e eficazes durantes pesquisas e buscas.
Enquanto profissional ligado ao universo da gestão da
informação em imagens, os principais as principais atividades
que realizei no banco de imagens do jornal Folha de S. Paulo
foram: indexação de imagens e informação textual escrita,
pesquisa, busca e recuperação de imagens no arquivo impresso
e no banco de imagens digitais (software existente), controle de
linguagem e demais atividades de apoio.
A Folhapress é a agência de notícias do Grupo Folha, uma
das mais tradicionais do país. Comercializa e distribui
diariamente fotos, textos, colunas, ilustrações e infográficos a
partir do conteúdo editorial do jornal Folha de S.Paulo, do jornal
Agora São Paulo, do UOL e de parceiros em todos os Estados
do país.
Durante certo período também houve um trabalho com a
Folhapress que consistia na construção de um vocabulário
controlado para imagens de natureza editorial e jornalística.
63
O banco de imagens disponibiliza mais de 1
milhão de imagens nos âmbitos criativo, jornalístico,
editorial e histórico;
A quantidade de termos (palavras-chave) que
representa a informação em imagens nos processos de
indexação, pesquisas e buscas ultrapassou a casa dos
milhões, em três grandes idiomas: português, inglês e
espanhol (e não estamos levando em consideração as
opções de tradução e contextos para uma dezena de
outros idiomas, tais como alemão, italiano, francês etc.);
Ampla diversidade de trabalho realizado nos
processos de gestão da informação em imagens:
indexação, controle de linguagem (vocabulário
controlado), consistência em legendas e títulos de
imagens, políticas de indexação, aprimoramento dos
processos de pesquisas e buscas de imagens,
aprimoramento do software do banco de imagens para
a gestão do vocabulário controlado (interface e
funcionalidades).
Grande volume de profissionais envolvidos em
todo o processo de aprimoramento das ferramentas,
instrumentos e metodologias de gestão da informação
em imagens, coordenados por mim.
O trabalho com a Banco de Imagens internacional Getty
Images Latin America começou com uma reunião na qual fui
convidado pelo diretor criativo da empresa para apresentar
uma proposta de projeto que resolvesse o problema de
inconsistência, perdas e ruídos dos processos de pesquisa,
busca e recuperação das imagens. Perder imagens significava
perder dinheiro, não alcançar os possíveis lucros almejados
pela empresa. Outra questão era também, por meio desse
projeto de trabalho, elevar o banco ao patamar de mais
eficiente do mercado, com os melhores processos e
metodologias de recuperação de imagens de maneira rápida e
precisa. O que isso significava? Encontrar a imagem ou o
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grupo de imagens desejado, perfeitamente inserido no contexto
e nos parâmetros de necessidades apresentados pelos clientes e
usuários do banco de imagens. E, neste aspecto, vários
questões tornavam esse objetivo difícil de se alcançar.
Diante desse problema, as minhas competências
mostravam-se produtivas, tendo em vista vários trabalhos já
realizados com outros bancos de imagens, com objetivos e
metas semelhantes.
O primeiro diagnóstico evidenciou os seguintes problemas:
- Falta de política de indexação e ausência de uma
metodologia eficiente de indexação;
- Inexistência de um vocabulário controlado com relações
consistentes, de modo a proporcionar uma indexação eficiente,
bem como um processo de pesquisa e recuperação de imagens
eficaz, dentro dos contextos almejados por clientes e usuários;
- Legendas e títulos de imagens que funcionavam como
pontos integrais de acesso às imagens provocavam ruídos e
inconsistências nos resultados das pesquisas, recuperando
imagens fora dos parâmetros de informação desejados.
O desafio era enorme, amplo, diversificado e complexo,
inserido em várias frentes de trabalhos e soluções,
demandando competências específicas de profissionais para a
gestão eficiente da informação do banco de imagens.
Uma grande dificuldade pela qual passei para o
desenvolvimento desse trabalho foi reunião de uma grande
equipe de profissionais competentes e qualificados para lidar
com um projeto específico de gestão da informação em
imagens. Logo no primeiro momento, não encontrei. A equipe,
que chegou a quase 20 pessoas, foi composta por estudantes de
graduação e pós-graduação e profissionais de biblioteconomia,
arquivologia, museologia, letras e linguística, publicidade,
história, dentre outros. O fator primordial, neste aspecto, foi o
65
interesse e motivação para o trabalho. Todos foram treinados e
receberam constante acompanhamento em todas as etapas da
execução dos trabalhos. É interessante destacar o papel e a
importância da multi e transdisciplinaridade num trabalho
dessa envergadura e natureza. Como exemplo, posso citar o
desempenho de profissionais de letras e linguística durante a
construção das relações de linguagem no vocabulário
controlado para imagens. Esses estudantes e profissionais, em
permanente diálogo com bibliotecários e arquivistas, puderam
compreender a aplicação de toda a teoria de linguagem
estudada num trabalho contextualizado à gestão da informação
em imagens. O resultado foi muito bom e produtivo.
Bem, uma curiosidade: a indexação na empresa, antes do
nosso trabalho, era realizada por uma grande equipe de
profissionais residentes na Índia, por conta do alto volume de
produtividade atrelado a um baixo custo financeiro. A
quantidade era alta e o resultado bastante inconsistente, o que
gerou a necessidade da contratação de uma equipe no Brasil
(minha equipe) que compreendesse as reais necessidades da
empresa num continente com a América Latina, com
competências plenas para tal trabalho, com formação em
Ciência da Informação.
A etapa de construção do vocabulário controlado foi
bastante difícil, pois trabalhávamos com mais de 40 mil termos
em três idiomas (inglês, espanhol e português). As relações
construídas (hierárquicas, associativas, equivalências etc.) foram
gigantescas e cansativas, tomando noites, dias inteiros de
trabalho árduo com toda a equipe. O tempo para a realização
desse instrumento de gestão de linguagem informacional se
prolongou, naturalmente, por um período que extrapolou a
prazo inicial. A cada momento, novas necessidades surgiam
nos aspectos das relações entre os termos.
Com o vocabulário controlado para imagens avançado nos
aspectos operacionais, iniciamos o trabalho de indexação.
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Tínhamos acesso ao sistema interno de arquivos de imagens da
empresa, que periodicamente era atualizado com o
recebimento de constantes lotes de documentos fotográficos.
Uma coisa era evidente, não havia possibilidade de reindexar
milhares de imagens que já rodavam no banco; dessa forma, a
prioridade ficou com as novas imagens que eram incorporadas
e armazenadas ao banco, de modo a manter, a partir daquele
momento, um critério sólido de indexação com um
vocabulário controlado. As imagens anteriores, numa outra
oportunidade, passariam por um método de consistência da
indexação com a presenta do controle de linguagem.
Para se ter uma ideia da falta de política de indexação que
existia no banco, algumas imagens recebiam até 40 termos para
a sua descrição e outras apenas dois ou três; como se pode
perceber, não havia um critério sólido de trabalho para a
representação da informação das imagens. O resultado disso,
nas pesquisas e buscas, era bastante sofrível e ineficaz.
A aplicação de uma política de indexação com o uso
adequado do vocabulário controlado, num primeiro momento
de teste e comparação entre o desempenho de busca do banco
de imagens antes de todo o trabalho proposto e após a
aplicação do método de indexação baseado em um vocabulário
controlado, mostrou algo extremamente interessante e curioso:
na primeira versão do banco uma pesquisa utilizando-se o
termo “mamífero” (um exemplo) trouxe como resultado cinco
mil imagens; na segunda versão do banco, já com o
vocabulário rodando no sistema de pesquisa e busca e com a
aplicação de uma sólida política de indexação, o resultado para
a mesma pesquisa foi de aproximadamente 25 mil imagens!
Pasmem! Onde estavam essas imagens? A falta de uma política
de indexação e controle de linguagem provocava a perda de
imagens. Para uma empresa comercial como a Getty Imagens,
isso significava perdas nas vendas, ausência de crescimento no
potencial de arrecadação financeira. O aumento do volume de
67
recuperação de imagens proporcionaria aumento na venda e
maior lucro. É importante ressaltar que essa eficiência nos
processos de indexação, pesquisa, busca e recuperação de
imagens vale para todas as empresas, organizações e
instituições que visam ao lucro ou não, pois o significado de
tudo isso é a satisfação das necessidades de informação de
usuários ou clientes, em arquivos, bancos de imagens de
natureza pública ou privada.
O trabalho de indexação, neste nível, foi bastante árduo e
intenso. A sua realização ocorria fora da empresa, bastando
apenas a presença de um computador para acessar o sistema e
visualizar as imagens que seriam indexadas na plataforma da
empresa.
Indexação e vocabulário controlado funcionando
perfeitamente. Problemas resolvidos? Curiosamente, foram
descobertas algumas inconsistências nos resultados das
imagens recuperadas durante novas buscas. Para se ter um
exemplo, pensemos numa pesquisa com o termo “neve”.
Várias imagens eram recuperadas sem possuir as imagens da
neve. O que estava ocorrendo? Descobrimos que o problema
estava com as informações contidas nas legendas e nos títulos
das fotografias! Todas as informações ali eram recuperadas
durante uma busca. Assim, uma legenda do tipo “O Central
Parque, em Nova Iorque, durante o período de inverno, apresenta uma
paisagem de neve interessante... nesse momento de primavera o parque
também possui um grande atrativo”. Qualquer termo dessa legenda
estava sendo recuperado, provocando ruídos nas buscas e,
consequentemente, atrapalhando a consistência do processo de
indexação realizado, influenciando na sua eficiência. Mais um
trabalho que deveria ser realizado pela equipe: consistência nas
informações das legendas e títulos. Um trabalho longo,
detalhado e minucioso de gestão da informação nas imagens.
Além da indexação e sua política, do vocabulário
controlado, outro trabalho também desenvolvido foi o de
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reformulação e implementação de uma nova interface para o
sistema de indexação e gestão do vocabulário controlado, com
uma interferência direta nos parâmetros de funcionalidades do
software utilizado pela empresa, cuja administração ocorria
diretamente com profissionais analista de sistemas na Suíça. A
apresentação do projeto com essa finalidade para a diretoria da
empresa provocou bastante curiosidade, interesse e elogios. A
sua implementação seria avaliada para um futuro, no momento
adequado e apropriado.
O breve relato de trabalho de consultoria neste projeto
desenvolvido para o banco de imagens Getty Images Latin
America, pela natureza diversificada das atividades envolvidas
tendo em vista a eficiência plena nos processos de indexação,
controle de linguagem, pesquisa, busca e recuperação de
imagens, demonstra a dinâmica e amplitude dos trabalhos
realizados por um gestor de informação e documentação em
imagens dotado de competências e habilidades específicas para
a gestão de toda essa informação.
69
CAPÍTULO 10
70
a reconstruir valores e fazeres profissionais, novas postura e
atitudes diante de uma informação plurissensorial.
71
Referências
73
Sobre o autor
74
“Fundamentos da Gestão da Informação em Imagens para
bibliotecários, arquivistas, museólogos e outros
profissionais da informação” tem como objetivo provocar
e motivar, com princípios introdutórios e elementares, o
debate em torno da gestão da informação em imagens e
apresentar um pouco da vasta e múltipla experiência
prática do autor em projetos e consultorias com grandes
bancos de imagens nacionais e internacionais (inclusive
um dos maiores do mundo). O livro procura se tornar
uma referência introdutória para estudantes e
profissionais de biblioteconomia, arquivologia,
museologia, gestão da informação e áreas afins
(comunicação, história, artes, linguística, administração,
tecnologias da informação e demais estudantes e
profissionais que se interessem pela formação de
competências para a gestão eficiente da informação em
bancos e arquivos de imagens)