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ESTUDOS

SOCIOANTROPOLÓGICOS
AUTORES COLABORADORES

Talita Cristina Garcia


Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (2015). Possui graduação em Filosofia
pela Universidade São Judas Tadeu (2004) e mestrado em História Social pela Universidade de
São Paulo (2008).

Thaise Valentim Madeira


Doutora em Comunicação Social e Ciências da Informação pela Universidade Federal de Minas
Gerais e Université Paris III Sorbonne Nouvelle. Possui graduação em Comunicação Social
(UnilesteMG) e mestrado em História Social e Cultural (Université de Versalhes Saint-Quentin-en-
Yvelines).

Vicente de Paulo Colodeti


Graduado em Ciências Sociais, Mestre em Política Social e doutorando em Política Social pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Católica de Vitória Centro Universitário
Núcleo de Educação a Distância

ESTUDOS
SOCIOANTROPOLÓGICOS
Livro didático

Vitória
2017
CATÓLICA DE VITÓRIA CENTRO UNIVERSITÁRIO

REITOR
Irmão Cledson Martas Rodrigues

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Padre Moacir José Scari

VICE REITOR E PRÓ-REITOR ACADÊMICO


Jolmar Luis Hawerroth

COORDENADORES DE ÁREA
Cláudia Câmara – Coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Acadêmico e
Comissão Própria de Avaliação
Heloisa Ferreira Lopes – Coordenadora Administrativo-Financeira
Marisa Marqueze – Coordenadora do Núcleo de Projetos e Processos Organizacionais
e do Núcleo de Educação a Distância

COORDENADORES DE CURSO
Alessandra Rodrigues Garcia dos Santos – Nutrição
Alexandre Aranzedo – Psicologia
Ana Emilia Brasiliano Thomaz – Engenharia Civil
Bethania Silva Belisário - Direito
Christiane Curi Pereira – Farmácia
Cláudia Curbani Vieira Manola – Enfermagem
Danilo Camargo – Ciências Biológicas
Elisangela Maria Marchesi – Serviço Social
Fábio Olímpio Venturim – Educação Física
João Luiz Coelho de Faria – Fisioterapia
Marcelo Albuquerque Schuster – Sistemas de Informação, Análise e
Desenvolvimento de Sistemas e Redes de Computadores
Márcia Valéria Gonçalves – Administração
Patrício Baionco Mindelo Biaguê– Ciências Contábeis
Paulo Cesar Delboni – Filosofia
Pedro Canal Filho – Arquitetura e Urbanismo
Renato Luis Garrido Monaro – Engenharia de Produção
Católica de Vitória Centro Universitário
Núcleo de Educação a Distância

ESTUDOS
SOCIOANTROPOLÓGICOS
Livro didático

FICHA TÉCNICA
Talita Cristina Garcia - Texto
Thaise Valentim Madeira - Texto
Vicente de Paulo Colodeti - Texto
Lílian Cristiane Moreira - Revisão
Daniel Halim Sahb - Diagramação/Arte

Vitória
2017
Catalogação na fonte elaborada pela Biblioteca do Centro Universitário Católico de Vitória
Bibliotecária Responsável Janine Silva Figueira CRB6 ES - 429

Centro Universitário Católico de Vitória. Núcleo de Educação a Distância.


C397e Estudos socioantropológicos: livro didático / UCV, NEAD ; Talita Cristina Garcia,
Thaise Valentim Madeira e Vicente de Paulo Colodetti ; revisão de Lílian Cristiane
Moreira ; diagramação de Daniel Halim Sahb – Vitória : UCV / NEAD, 2017.

52 p. : il.
ISBN: 978-85-69081-05-0

1. Antropologia – Apostila. 2. Centro Universitário Católico de Vitória. 3. Núcleo


de Educação a Distância. 4. Garcia, Talita Cristina. 5. Madeira, Thaise Valentim. 6.
Colodetti, Vicente de Paulo. 7. Moreira, Lilian Cristiane. 8. Sahb, Daniel Halim. I. Título.

CDU 39 (035)
SUMÁRIO

AULA 1 - UMA BREVE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS SOCIOANTROPOLÓGICOS .. 6

AULA 2 - CULTURA ........................................................................................................... 11


2.1 BREVES ANTECEDENTES SOBRE O CONCEITO DE CULTURA .............................................. 11
2.2 Diversidade cultural: duas explicações relevantes .......................................... 14
2.3 Mas afinal, o que é cultura? .................................................................................................... 19
GUIA DE ESTUDOS ........................................................................................................................................... 23

AULA 3 - ETNOCENTRISMO ......................................................................................... 25


3.1 Alteridade ................................................................................................................................................. 25
3.2 Relativismo cultural ....................................................................................................................... 29
GUIA DE ESTUDOS ........................................................................................................................................... 38

AULA 4 – GLOBALIZAÇÃO ........................................................................................... 37


4.1 O mundo e a política ....................................................................................................................... 37
4.2 O mundo e a economia .................................................................................................................. 42
4.3 O que é globalização? ................................................................................................................... 45
GUIA DE ESTUDOS ........................................................................................................................................... 47

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .............................................................................................. 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 51


Aula 1 - UMA BREVE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS SOCIOANTROPOLÓGICOS

AULA 1 - UMA BREVE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS


SOCIOANTROPOLÓGICOS
Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Estudos Socioantropológicos!

Você já parou para pensar o que faz de você um ser humano? Quais são as
características fundamentais da humanidade? E por que vivemos em grupo
e não isolados? Pensou? Tem alguma ideia?

Iniciando o assunto

Vamos ajudá-lo contando uma historinha...

Você já ouviu falar de Amala e Kamala?

Na Índia, onde os casos de meninos- Figura 1. Amala e Kamala dormindo


lobo foram relativamente numerosos,
descobriram-se, em 1920, duas
crianças, Amala e Kamala, vivendo
no meio de uma família de lobos. A
primeira tinha um ano e meio e veio
a morrer um ano mais tarde. Kamala,
de oito anos de idade, viveu até
1929. Não tinham nada de humano e
seu comportamento era exatamente
semelhante àquele de seus irmãos
lobos. Elas caminhavam de quatro,
apoiando-se sobre os joelhos e
cotovelos para os pequenos trajetos Fonte: https://www.srbijadanas.com/clanak/divlja-deca-istinite-price-malisana-
e sobre as mãos e os pés para os koje-su-odgajile-zivotinje-02-03-2015
trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua ou
podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na
instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativas
e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala
viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Necessitou de seis anos para
aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinquenta palavras. Atitudes
afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se
apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela bem como às outras com as quais conviveu. Sua
inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário
rudimentar, aprendendo a executar ordens simples (LEYMOND apud ARANHA; MARTINS, 2003, p. 02).

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E agora, você já tem alguma ideia? Então, vamos lá!

Primeiro, precisamos contar que ainda hoje se discute a veracidade dessa história...

De acordo com a sociologia, a antropologia e a filosofia social, é a vida em


sociedade que nos transforma em seres humanos, pois nos obriga a certos
comportamentos e ideias. Usar roupas, nossa linguagem, a política, a economia,
a educação são alguns exemplos. Assim, a ideia de humano não é meramente
biológica, mas social também. Aliás, sempre tendemos a pensar que a vida
humana é meramente biológica e individual; e termos como sociedade, cultura,
coletividade, tradição, comportamento, trabalho, diversidade, entre uma infinidade
[...]nossos de outros conceitos, são tomados por nós como expressões comuns, que fazem
comportamentos parte de nosso vocabulário e que se prestam a qualificar, muitas vezes, algo
que, de fato, não entendemos muito bem.
sociais, inclusive,
são naturais, Muitas vezes, inclusive, confundimos aquilo que é nosso, que nasce com
ao passo que, nós mesmos (como nossa genética, nossa psique, nossa personalidade
na verdade, etc.), com aquilo que é aprendido de fora, que faz parte da nossa cultura,
mas que internalizamos na forma de comportamentos sociais (o idioma que
todos eles são falamos, o estilo de roupas que usamos, a forma de nos alimentarmos, nossos
socialmente valores, tradições etc.). Basta frisar, sobre isso, que acreditamos que nossos
construídos e comportamentos sociais, inclusive, são naturais, ao passo que, na verdade,
aprendidos com todos eles são socialmente construídos e aprendidos com os outros, daquilo
que é externo a nós mesmos.
os outros, daquilo
que é externo a Assim, para esta caminhada, convidamos você a fazer uma viagem pelas
nós mesmos. estruturas da nossa sociedade, sua cultura, seus significados e seus rebatimentos
em nossa vida cotidiana.

Vamos perceber como a cultura pode ser um elemento que constrói a nossa
identidade, tornando-nos parte de um grupo homogêneo. Ao mesmo tempo,
graças ao processo de globalização, a nossa cultura pode ser fragmentada,
tornando-se objeto de disputa entre diferentes grupos. Para refletirmos sobre
isso, é necessário, como veremos, conhecer bem a nossa história, a qual está
nitidamente refletida no nosso presente, guiando nossos comportamentos e
atitudes.

À medida que nos entendemos na nossa cultura, podemos olhar para o outro,
diferentes de nós, com um olhar de alteridade, ou seja, colocando-nos no lugar
dele, familiarizando-nos com suas referências culturais. Por meio de exemplos do
nosso cotidiano, veremos como elaborar um olhar crítico sobre o etnocentrismo
e o relativismo cultural.

Você já deve ter percebido do que trata esta disciplina, não é?


Mas antes de iniciarmos o próximo capítulo, precisamos apresentar-lhe
mais uma questão.

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Figura 2. C. Wright Mills. Muitos querem acreditar que não é necessário pensar
ou discutir política, economia ou a própria expressão
cultural. Mas, se você quer ser um bom profissional,
deve entender que o todo está relacionado com a
parte e vice-versa.

Charles Wright Mills (1916-1962), um importante


sociólogo norte-americano, escreveu um livro
chamado “A imaginação sociológica”, em 1959, com
o objetivo de criticar a maneira limitada de se pensar
e analisar a sociedade em sua época e que pode ser
aplicada ainda hoje.

Ele afirmou que, apesar da quantidade infinita de


informações a que temos acesso, não sabemos o que
fazer com elas. Nós usamos a internet todos os dias,
para as mais variadas coisas: Facebook, WhatsApp,
Fonte: http://www.cwrightmills.org/Images/
School.jpg
Moodle. Mas você sabe onde procurar informações
confiáveis sobre a sua área profissional, ou informações
sobre o que está acontecendo no mundo?

Mills (1969, p. 11) apontou que os indivíduos precisam de “[...] uma qualidade
de espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim
de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar
acontecendo dentro deles mesmos”.

O que ele quer dizer com isso?

Que nós temos que abandonar o senso comum para conseguirmos compreender
o que acontece ao nosso redor. O Facebook não pode ser o nosso “jornal” diário.
Temos que desenvolver nossa razão para aprender a pensar criticamente e isso
só será possível se aprendermos que fazemos parte de um cenário histórico mais
amplo. Essa capacidade de pensar crítica e racionalmente é o que Mills (1969)
chamou de imaginação sociológica.

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O primeiro fruto dessa imaginação – e a primei-


ra lição da ciência social que a incorpora – é a
ideia de que o indivíduo só pode compreender
sua própria experiência e avaliar seu próprio
destino localizando-se dentro de seu período;
só pode conhecer suas possibilidades na vida
tomando-se cônscio das possibilidades de todas
as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que
ele. Sob muitos aspectos, é uma lição terrível;
sob muitos outros, magnífica. [...]. Chegamos, a
saber, que todo indivíduo vive, de uma geração
até a seguinte, numa determinada sociedade;
que vive uma biografia, que vive dentro de uma
sequência histórica. E pelo fato de viver, contri-
bui, por menos que seja, para o condicionamen-
to dessa sociedade e para o curso de sua história,
ao mesmo tempo em que é condicionado pela
sociedade e pelo seu processo histórico. A ima-
ginação sociológica nos permite compreender a
história e a biografia e as relações entre ambas,
dentro da sociedade. (MILLS, 1969, p. 12).

Entendeu?

A biografia, história da nossa vida, está condicionada e condiciona a história da


sociedade. E para ser um bom profissional não adianta ter todo o conhecimento
técnico da sua área, hoje é preciso saber mais! Você precisa se entender
enquanto sujeito deste mundo que está em constante mudança e entender
que você também contribui para esse dinamismo. Por isso é impor tante pensar
em que tipo de profissional você quer ser, em como a sua profissão se insere
neste contexto mundial, em como você pode contribuir para um mundo melhor.

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