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11/11/2019 Saiba como o comportamento paradoxal dos militares bolivianos foi chave para queda de Evo Morales - Jornal

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Saiba como o comportamento paradoxal dos militares


bolivianos foi chave para queda de Evo Morales
Presidente se reunia semanalmente com a alta cúpula militar e participava com entusiasmo de
seus desfiles

Fernando Molina, El País


11/11/2019 - 07:15 / Atualizado em 11/11/2019 - 11:30

O presidente boliviano Evo Morales, ao lado do chefe das Forças Armadas Williams Kaliman, durante evento oficial Foto:
AIZAR RALDES / AFP / 23-03-2019

LA PAZ — Um dos fatores-chave para a queda do presidente da Bolívia, Evo


Morales , foi o papel passivo adotado pelas Forças Armadas que decidiram,

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primeiramente, “não enfrentar o povo” e, em seguida, pediram a renúncia do


mandatário.

Este fato é paradoxal porque os militares vinham sendo sistematicamente


cortejados por Morales e seu governo, que lhes ajudaram financeiramente, lhes
cederam espaço na administração do Estado — como na Aeronáutica —,
aumentaram seus soldos e mantiveram excelentes relações com seus
comandantes. O chefe militar atual, Williams Kaliman, inclusive, foi criticado
por elogiar Morales, que os oficiais consideravam ser “seu presidente favorito”.

Análise : Com a renúncia de Morales sob pressão militar, Bolívia volta a ciclo de
instabilidade

Morales se reunia toda segunda-feira com a alta cúpula militar e participava com
grande entusiasmo dos desfiles e atividades militares. O presidente
demissionário também incorporou soldados a diferentes tarefas sociais do
Estado, como a distribuição de títulos e programas de irrigação. O governo
Morales também apoiava fortemente empresas militares, seguindo a concepção
nacionalista de que o Exército é a coluna vertebral do desenvolvimento nacional.

Até mesmo no momento de renunciar, Morales e seu vicepresidente, Álvaro


García Linera, evitaram recriminar os militares por sua falta de ação, apesar de
criticarem “setores da polícia” que deixaram de atuar frente aos protestos
populares.

Apesar da proximidade do governo recém-acabado com os uniformizados,


também é certo que os militares se sentiam chateados, mesmo sem expressar
publicamente, com a intenção de Morales de doutriná-los com uma ideologia de
esquerda. Um exemplo disso foi a criação de uma Escola Anti-imperialista, curso
obrigatório para todos os oficiais.

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Leia ainda: Sob pressão da oposição e dos militares, Evo Morales renuncia e
denuncia 'golpe de Estado cívico-policial'

A explicação mais importante para o comportamento dos militares nesta crise,


no entanto, está no encarceramento dos comandantes das três Forças que
dirigiram a repressão do levante popular que ocorreu em 2003 contra o então
presidente Gonzalo Sánchez de Lozada. Os três militares foram os únicos
condenados com penas severas, entre 10 e 15 anos, no julgamento de
responsabilidades contra Sánchez de Lozada realizado durante o governo
Morales.

À época, se dizia que esta sentença, fortemente defendida pelo presidente,


inibiria os sucessores desses comandantes de voltar a aceitar ordens para tratar
de questões internas, quando isso fosse necessário.

Distanciamento da polícia

Outra medida que pesou na conta de Morales durante esta crise foi seu
distanciamento da polícia, algo que explica, em boa parte, o amotinamento
policial nos dias mais recentes desta crise política. O governo ofendeu a polícia,
não tanto por decisões próprias, mas devido às circunstâncias: a própria crise
interna da instituição, que a levou a violar as expectativas que o presidente e a
sociedade haviam depositado nela.

Os escândalos se acumularam, sendo o pior deles o envolvimento do general


René Sanabria, ex-chefe da Força Especial da Luta contra o Crime, em um caso
de narcotráfico. Em resposta, o governo teve que tirar do controle da polícia
duas importantes tarefas: a concessão de cédulas de identidade e carteiras de
motorista. Sabia-se que isso estava causando um mal estar dentro da polícia e,
na época, chegaram a dizer que isso poderia se traduzir, mais a frente, em
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protestos que poderiam afetar a estabilidade política do país. O ferimento nas


forças policiais é uma das razões por trás do comportamento sedicioso que a
corporação adotou nas últimas semanas.

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