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NATAL-RN
2022
JÉSSICA ADLA DANTAS ROCHA
NATAL – RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
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_____________________________________________________________
Agradeço a Deus por me proporcionar perseverança durante toda a minha vida, aos meus
pais Hilderley de Monicelli e José Alves pelo apoio e incentivo, que serviram de alicerce para
as minhas realizações. À minha professora orientadora pela oportunidade e confiança
depositada na minha proposta de projeto, e a minha co-orientadora, pelas valiosas contribuições
dadas durante todo o processo. Obrigada por me manter motivada e por toda ajuda e
comprometimento. Agradeço também a todas as minhas amigas do curso de graduação pelos
inúmeros desafios que enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo, além da amizade e
atenção dedicadas quando sempre precisei. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
ao seu corpo docente que demonstrou estar comprometido com a qualidade e excelência do
ensino.
ROCHA, Jéssica Adla Dantas. Habilidades culinárias em estudantes universitários. 2022. 54
folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO 8
2. OBJETIVOS 10
2.1 Objetivo geral 10
2.2 Objetivos específicos 10
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11
3.1 Globalização e mudanças no estilo de vida e padrão alimentar 11
3.2 Habilidades culinárias 12
3.3 Consumo alimentar e habilidades culinárias de estudantes universitários 14
3.4 Habilidades culinárias em tempos de pandemia da COVID-19 15
3.5 Fatores que podem influenciar as habilidades culinárias 16
4. METODOLOGIA 18
4.1 Apreciação ética 18
4.2 Tipo de estudo e população estudada 18
4.3 Coleta de dados 19
4.4 Caracterização sociodemográfica e preparo das refeições 19
4.5 Avaliação do estado nutricional 19
4.6 Avaliação das habilidades culinárias 20
4.7 Análise estatística 20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 21
5.1 Caracterização da população 21
5.2 Habilidades culinárias dos estudantes 22
5.3 Associações das habilidades culinárias com as variáveis sociodemográficas 23
6. CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 37
ANEXOS 43
ANEXO A – Questionário Brasileiro de Avaliação das Habilidades Culinárias e Alimentação
Saudável – QBHC (JOMORI, 2017; JOMORI et al., 2017) 43
ANEXO B – Questionário de Caracterização dos estudantes universitários 52
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 56
8
1. INTRODUÇÃO
conhecimento sobre habilidades culinárias para o preparo das refeições em casa e a situação de
moradia. Nesse contexto, o campus universitário pode surgir como um ambiente importante
para a promoção da saúde e bem-estar para jovens adultos por meio de intervenções nutricionais
(BERNARDO et al., 2018; LARSON et al.,2006). Portanto, o conhecimento das habilidades
culinárias e nutricionais em universitários mostra-se com grande relevância para identificar os
padrões dos hábitos alimentares e as possíveis associações com as variáveis sociodemográficas
(KOWALKOWSKA et al., 2017).
Além do mais, o surgimento da pandemia causada pelo novo coronavírus colaborou para
uma crise sanitária que afetou de forma relevante os hábitos alimentares e a aquisição de
alimentos em estudantes universitários (YILMAZ et al., 2020). Nesse sentido, as discussões
sobre as habilidades culinárias durante este período pandêmico irrompem da preocupação com
os impactos do isolamento social, o qual vem modificando os hábitos alimentares dos
indivíduos no Brasil e no mundo. Dentre essas alterações, está a redução no consumo de frutas
e hortaliças e o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, como chocolates,
salgadinhos e congelados (UGGIONI et al., 2020).
Por outro lado, o isolamento social pode se manifestar como uma oportunidade para
promover o consumo de refeições em casa e as habilidades culinárias, estimulando o prazer em
cozinhar e consumir refeições caseiras, o que pode contribuir para redução do estresse e
aumento da qualidade de vida (UGGIONI et al., 2020). Entretanto, algumas características
sociodemográficas e de estilo de vida podem influenciar a autoeficácia na culinária, por essa
razão, torna-se imprescindível entender quais são as características específicas que afetam
estudantes universitários para poder direcionar futuras intervenções (SILVA et al., 2020).
10
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Diante desta classificação, torna-se relevante destacar que a base de uma alimentação
precisa ter uma variedade de alimentos in natura e minimamente processados, e que a escolha
destes alimentos significa ingerir de forma equilibrada os nutrientes (vitaminas, minerais),
fibras e os compostos bioativos necessários para a manutenção da saúde. Esses alimentos
podem ser de origem animal, sendo boas fontes de proteínas, e de origem vegetal, que são boas
fontes de fibras e de vitaminas e minerais que o organismo necessita (BRASIL, 2014).
desenvolvimento de DCNT e de ganho de peso. Somado a isso, algumas barreiras têm sido
identificadas para a ocorrência dessa substituição, geralmente relacionadas ao processo de
aquisição dos alimentos in natura ou minimamente processados, o qual pode ser dificultado por
fatores como o alto custo, o baixo poder aquisitivo e a carência de políticas públicas. Essa
substituição da “comida de verdade” por alimentos ultraprocessados pode gerar danos à saúde,
crises sociais, culturais, econômicas, políticas e ambientais (BRASIL, 2014; COSTA et al.,
2021; MONTEIRO et al., 2019).
Sendo assim, a redução da ingestão desses alimentos é observada a partir de uma análise
sobre o consumo alimentar individual dos brasileiros, realizada por Costa et al (2021), a qual
revelou que a participação de frutas na dieta da população brasileira representa, em média, 5%
das calorias ingeridas diariamente, o que é pouco quando a recomendação dada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) de 400 g/dia, equivalente a cinco porções de vegetais,
é considerada. Além disso, parte importante dessas calorias é proveniente de sucos e não de
frutas inteiras, reforçando o baixo consumo desse alimento pela população, fato que pode ser
observado como um problema de saúde pública, tendo em conta as inúmeras evidências do seu
papel protetor para as doenças e para a diminuição do risco de morte. Para mais, o fornecimento
de nutrientes isolados provenientes destes alimentos, na forma de medicamentos e suplementos,
não apresenta o mesmo efeito protetor. Portanto, é pertinente a introdução de alimentos in
natura na dieta diariamente.
Dentro desta perspectiva, o autorrelato das habilidades culinárias pode ser visto como
uma ferramenta relevante para analisá-las, visto que consideram a atitude e a confiança no ato
de cozinhar, como também a sua frequência, o que acaba por contribuir na determinação da
qualidade da dieta. Posto isto, o desenvolvimento de hábitos alimentares melhores, associados
à prática de atividade física contribui para a redução do risco de surgimento das DCNT
(KENNEDY et al., 2019).
apontou que os estudantes que tinham maiores níveis de habilidades culinárias apresentaram
menor consumo de alimentos do tipo fast food, enquanto, de forma inversamente proporcional,
os que apresentaram níveis mais baixos, tinham um consumo significativamente maior desses
tipos de alimentos.
Dessa maneira, foi possível notar que o preditor individual mais forte das habilidades
culinárias é o preparo de refeições na adolescência, o que reitera a importância de desenvolver
essas habilidades desde cedo, posto que os estudantes universitários que participavam
regularmente de atividades relacionadas à alimentação na casa dos pais, apresentam-se com alto
nível de competência alimentar (SEABROK et al., 2019). Diante desse contexto, o campus
universitário pode representar um ambiente importante para a promoção da saúde e bem-estar
para jovens adultos por meio de intervenções nutricionais (BERNARDO et al., 2018).
Por outro lado, as melhorias na tecnologia de alimentos permitiram que a indústria
alimentícia atendesse às demandas das pessoas com uma oferta cada vez maior de alimentos
prontos para o consumo, considerando o pouco tempo e o mínimo esforço ao fazerem suas
escolhas alimentares. Como resultado, as habilidades culinárias se tornaram menos praticadas
diariamente porque não é mais necessário cozinhar para obter o suprimento nutricional diário,
em função da disponibilidade desses alimentos (HARTMANN et al., 2013). No entanto, esse
tipo de comida não se torna uma solução, isto é, eles não substituem a prática das habilidades
culinárias quando a saúde é pontuada, em razão dos ingredientes apresentarem altos teores de
sal, gorduras e açúcares e, serem pobres em vitaminas, minerais e fibras, ou seja, uma
composição nutricional desbalanceada, favorecendo o risco de doenças e deficiências
nutricionais (BRASIL, 2014)
O poder aquisitivo e as condições socioeconômicas que geram impacto na segurança
alimentar, podem ser considerados como outros determinantes das habilidades culinárias, os
quais devido à crise sanitária provocada pela pandemia de COVID-19 afetaram de forma
relevante a aquisição de alimentos, os hábitos alimentares e a comensalidade, principalmente
devido ao isolamento social implantado na sociedade (CORDEIRO et al., 2021).
tempo em casa e os seus estudos terem sido interrompidos em decorrência do isolamento social
(YILMAZ et al., 2020).
Em 2020, o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional da
Universidade de Brasília (UNB) realizou uma pesquisa com a finalidade de investigar as
mudanças que a pandemia da COVID-19 trouxe para a comensalidade dos brasileiros. A partir
dessa pesquisa, foi possível constatar que as pessoas passaram a se alimentar mais nos seus
lares, e as companhias mais frequentes foram as próprias famílias. Além disso, houve o aumento
do tempo o qual as pessoas se dedicavam a cozinhar (RIZZOLO, 2020).
Posto isto, o Guia Alimentar para a População Brasileira reforça a importância da
comensalidade e coloca-a como uma orientação básica e fundamental para o contexto alimentar,
em prol da valorização do compartilhamento em torno do ato de comer, principalmente nos
lares das famílias (CORDEIRO et al., 2021). É diante desse cenário pandêmico em que se
manifesta a preocupação com os impactos do isolamento social na vida dos brasileiros e surgem
as discussões acerca das habilidades culinárias durante esse momento, dado que os hábitos
alimentares sofreram modificações e isso fica evidenciado pela redução no consumo de frutas
e hortaliças e pelo aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, como chocolates,
salgadinhos e congelados, na medida em que o lockdown contribuiu para a diminuição nas idas
ao supermercado e para o aumento dos serviços de delivery impactando diretamente no
comportamento e consumo alimentar (UGGIONI et al., 2021; BEN HASSEN et al, 2021).
Em síntese, o isolamento social pode se tornar uma janela de oportunidade para
aumentar a produção e o consumo da comida caseira, assim como estimular o resgate das
habilidades culinárias como uma prática agradável para reduzir o estresse. Portanto, o preparo
de refeições pode ser uma atividade prazerosa, que promove autonomia, autocuidado e hábitos
alimentares mais saudáveis para os indivíduos, por meio do controle sobre a qualidade da dieta
e do orçamento doméstico, sendo fatores importantes em tempos de saúde e crises econômicas
(UGGIONI et al., 2020).
Apesar das diretrizes alimentares elaborarem orientações sobre boas práticas e escolhas
alimentares saudáveis, é necessário mais que o conhecimento nutricional para segui-las e pô-
las em prática no dia-a-dia, tendo em vista que há outros aspectos importantes que afetam as
escolhas alimentares, como os recursos financeiros, os meios de transporte disponíveis, os
equipamentos de cozinha, o armazenamento e a preparação de alimentos, a baixa
17
4. METODOLOGIA
Este estudo faz parte de um projeto multicêntrico que tem como título: “Nutrição é na
cozinha! Habilidades culinárias e alimentação saudável na universidade”, o qual ocorre na
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, sendo este o centro coordenador, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, na Universidade Federal do Alagoas –
UFAL e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, com convênio internacional
entre a UFRGS e a City University of London.
O estudo local foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre
Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE 36572420.1.0000.5292,
parecer 4.523.788). Os participantes foram convidados por e-mail para participar da pesquisa,
consentindo suas participações a partir da aprovação após a leitura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) para os maiores de 18 anos, os quais foram disponíveis por meio
de link inserido no e-mail de participação, assim como foi apresentado os objetivos e
metodologia da pesquisa.
No final do documento estavam disponíveis as opções “li o TCLE” e “concordo” ou
“não concordo” em participar da pesquisa. Ao clicar em “concordo”, o participante recebeu por
e-mail uma via do TCLE assinada pelo pesquisador responsável pelo estudo. Todos os preceitos
éticos contidos na resolução nº 466 de 2012 do CNS foram seguidos (AOIR, 2000; FREITAS
et al., 2014; MENDES, 2009; FRANCISCO, SANTANA, 2012).
Os dados de peso (Kg) e altura (m) foram auto referidos pelos participantes no
questionário aplicado, e os valores foram utilizados para o cálculo do Índice de Massa Corporal
(IMC). Após o cálculo, o IMC foi classificado de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
20
Os dados obtidos foram salvos do Google Forms para o programa Microsoft Excel
(2013) e foram codificados para a realização das análises utilizando o programa Statistical
Package for the Social Sciences SPSS®, versão 18.0 (IBM Corporation, Armonk, NY, 2011).
Com relação às variáveis relacionadas à caracterização dos estudantes, a análise
descritiva das variáveis categóricas foi realizada pela distribuição da frequência absoluta (N) e
relativa (%) e das numéricas discretas e contínuas pela mediana (Q1 – Q3), conforme a não
normalidade dos dados, verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Foram feitos
testes de associação entre os resultados do QBHC com as variáveis de caracterização de
estudantes, sendo utilizado o teste de Qui-quadrado.
21
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Amigos 48 (5,8)
Com cônjuge ou companheiro 81 (9,9)
Com filho (a) 16 (1,9)
Com cônjuge/companheiro e filho(a) 77 (9,4)
Outros 22 (2,7)
Total 823 (100,0)
A maioria dos estudantes apresentou alta habilidade culinária (65,6%). No que diz
respeito às escalas do questionário, foi possível observar que a maior concentração se deu em
“alto nível de habilidade culinária”, com destaque para as escalas de comportamento culinário,
autoeficácia no uso de frutas, legumes e verduras, e autoeficácia culinária (Tabela 3).
Quanto às demais escalas que não são contabilizadas para o cálculo total de Habilidade
Culinária, como a Disponibilidade de Frutas, Legumes e Verduras, e o Conhecimento de
Termos e Técnicas Culinárias, percebemos que para a primeira, os estudantes concentraram-se
entre as classificações “média” e “alta”, já em relação à segunda escala, a divisão foi quase
igualitária entre “baixa” e “alta” (Tabela 4). As questões dessas escalas estão presentes no
(ANEXO A), sendo responsáveis por essa avaliação.
Diante disso, foi possível observar que quem apresentou maiores níveis dessas escalas
foram as pessoas que declararam que sabiam cozinhar. Voltando a atenção para a escala de
25
“Disponibilidade de frutas, legumes e verduras”, quem deu a essa mesma declaração estava,
em sua maioria, classificado nos níveis “médio” e “alto”. Sendo assim, verifica-se que “o saber
cozinhar” está associado a um maior consumo de frutas, legumes e verduras, além de contribuir
para melhores habilidades culinárias. Esse resultado é amparado pela pesquisa de
Kowalkowska et al., (2018) a qual afirma que mais experiência na cozinha pode melhorar as
habilidades culinárias e garantir uma melhor qualidade da dieta dado o maior consumo de frutas
e hortaliças, como exemplificado nos nossos achados, e maior segurança alimentar.
A literatura relata que para alguns indivíduos, o ato de cozinhar faz o uso exclusivo de
alimentos in natura, minimamente processados e ingredientes culinários, assim como a
disponibilidade de alimentos naturais, frescos ou crus torna-se um facilitador para a exercer as
habilidades culinárias em casa (MAZZONETO et al., 2020). Na hora de elaborar a lista de
compras e realizar as compras, essas pessoas vão dar preferência para o consumo de alimentos
ricos em vitaminas, minerais e fibras, em detrimento daquelas que não sabem cozinhar.
Além disso, Lavelle et al., (2017) relatam que a experiência prática de cozinhar pode
aumentar a confiança na cozinha e deve ser estimulada em intervenções que visam aumentar o
preparo das refeições caseiras e o ato de cozinhar com ingredientes básicos, uma vez que está
associada a uma melhor qualidade da dieta e pode ser fator determinante para o comportamento
culinário. Deste modo, o desenvolvimento das habilidades culinárias, aliado ao conhecimento
sobre alimentação e nutrição, pode ser um fator chave na formação de hábitos alimentares
saudáveis.
Diante do exposto, segundo Bernardo et al., (2018), o aumento do conhecimento e a
melhoria das habilidades culinárias podem influenciar na compra de alimentos saudáveis e é
observada uma tendência em compartilhar esse conhecimento e as preparações culinárias com
a família e amigos. Ainda, um estudo realizado por Silva et al., (2020) revelou que a maioria
dos participantes que relataram saber cozinhar mostrou-se confiante ou extremamente confiante
em cozinhar com ingredientes básicos, seguindo uma receita escrita e utilizando vegetais
frescos e congelados.
No que diz respeito ao “tempo disponível para cozinhar”, foi observada uma associação
com a escala de “Disponibilidade de frutas, legumes e verduras” (Tabela 6), em que a maioria
das pessoas que tinham até duas horas para cozinhar, estava compreendida na classificação
“média” desta escala. Enquanto que a maioria das pessoas com tempo disponível superior a
duas horas, estava classificada como “alta habilidade”, ou seja, quem tem mais tempo
disponível para cozinhar, apresenta um maior consumo de alimentos in natura: frutas, legumes
e verduras.
26
Tabela 6. Distribuição dos estudantes de acordo com habilidades culinárias e tempo disponível
para cozinhar.
Além disso, a literatura tem demonstrado que as mulheres têm habilidades culinárias
mais altas que os homens, provavelmente por causa de sua cultura social e da divisão tradicional
do trabalho doméstico, fato que está relacionado a papéis de gênero na cozinha. Em muitas
famílias, senão na maioria, as mulheres ficam com a tarefa de preparar as refeições, aumentando
sua confiança e experiência com tarefas e técnicas relacionadas à culinária, enquanto que o
desenvolvimento das habilidades dos homens fica prejudicado (LAVELLE et al., 2019; SILVA
et al., 2020). Por outro lado, a barreira importante para obter e/ou melhorar as habilidades
culinárias dos homens pode ser as atitudes sociais negativas e a crença comum de que as
mulheres devem garantir as refeições diárias (KOWALKOWSKA, 2018).
Um estudo realizado por Lake et al., (2006) demonstrou que a compra e preparação de
alimentos em famílias compartilhadas continua a ser uma questão fortemente ligada ao gênero
e parece ainda ser uma atribuição predominante por mulheres. Além disso, descreveram que o
fornecimento de refeições é um importante papel feminino dentro da ideologia familiar.
No que concerne os hábitos alimentares dos estudantes, constatamos que as estudantes
do sexo feminino têm melhores hábitos alimentares que os estudantes do sexo masculino, em
relação ao consumo de frutas e legumes. Essas mulheres se mostram mais preocupadas com a
saúde e gostam de cozinhar, e isso ocorre independentemente de sua disposição de investir
tempo, bem como esforço mental e físico, no preparo das refeições (ANSARI et al., 2012;
HARTMANN et al.,2013)
Por fim, a escala de “Conhecimento de termos e técnicas culinárias” teve associação
com a variável de “Sexo” e isso revela que as mulheres possuem mais conhecimento sobre
termos técnicos culinários. Dado semelhante é encontrado no estudo de Kowalkowska et al.,
(2018) em que há relatos das mulheres de que ter filho ou morar com outras pessoas e preparar
refeições foi motivador para o desenvolvimento de habilidades culinárias e a uma maior
confiança no uso de diferentes técnicas na cozinha.
Sexo
Escalas do questionário Feminino Masculino p
n (%) n (%) valor
Disponibilidade de Frutas, Legumes e Verduras
Baixa 55 (6,7%) 28 (3,4%)
Média 258 (31,3%) 100 (12,2%) 0,575
Alta 270 (32,8%) 112 (13,6%)
Total 583 (70,8%) 240 (29,2%)
Atitude Culinária
29
Resultados semelhantes são vistos também em um estudo com adultos jovens elaborado
por Larson et al., (2013), o qual demonstrou que comer refeições compartilhadas com mais
frequência foi associado a melhor qualidade da dieta.
Além disso, de acordo com Ansari et al. (2012), os estudantes que moram longe da casa
dos pais diminuíram o consumo semanal de frutas frescas e vegetais cozidos e crus, o que sugere
a existência de uma potencial influência dos pais na dieta dos filhos, possibilitando afirmar que,
os pais podem inspirar positivamente a ingestão de alimentos de seus filhos por meio de
incentivos e do ambiente alimentar que eles fornecem em casa.
Tabela 8. Distribuição dos estudantes de acordo com habilidades culinárias e quem prepara as
refeições em casa.
Tabela 9. Distribuição dos estudantes de acordo com habilidades culinárias e estado nutricional
Estado Nutricional
Escalas do questionário Excesso de Sem excesso
p
peso de peso
valor
n (%) n (%)
Disponibilidade de Frutas, Legumes e Verduras
Baixa 42 (5,2%) 40 (5,0%)
Média 144 (17,8%) 205 (25,4%) 0,261
Alta 162 (20,1%) 214 (26,5%)
Total 348 (43,1%) 459 (56,9%)
Atitude Culinária
Baixa 14 (1,7%) 19 (2,4%)
Média 144 (17,8%) 185 (22,9%) 0,953
Alta 190 (23,5%) 255 (31,6%)
Total 348 (43,1%) 459 (56,9%)
Comportamento Culinário
Baixa 28 (3,5%) 26 (3,2%) 0,352
32
pandemia, com relatos de sentir-se mais confiantes na cozinha, expressaram sua intenção de
continuar cozinhando frequentemente em casa após a pandemia.
Além disso, ter hábitos alimentares saudáveis é muito importante para melhorar o
sistema imunológico do corpo, a necessidade de
viver bem e manter-se saudável em tempos de pandemia se tornou uma prioridade de
vida. Portanto, recomendações como manter uma dieta bem equilibrada, focada em
frutas, legumes, grãos integrais, proteínas vegetais e animais e gorduras saudáveis é a
melhor maneira de obter todos os nutrientes essenciais que precisamos para uma boa
saúde e função imunológica normal (DEMOLINER, 2020).
Tabela 10. Distribuição dos estudantes de acordo com habilidades culinárias e aumento do
preparo de refeições.
Em relação a variável do “Local em que realizam a principal refeição”, foi obtida uma
associação com os seguintes níveis de habilidades culinárias: “Disponibilidade de frutas,
legumes e verduras”, “Autoeficácia culinária” e “Conhecimentos de termos e técnicas
culinárias” (Tabela 11). Os estudantes com maiores níveis dessas escalas foram as pessoas que
realizam a principal refeição em casa. Na escala de “Disponibilidade de frutas, legumes e
verduras”, os estudantes que declararam que comia em casa estava dentro das classificações de
“média” e “alta”. Dessa forma, os universitários em casa apresentam uma disponibilidade maior
de frutas, legumes e verduras, quando comparado aos que não come em casa. Além disso, os
estudantes que realizam refeições em casa, apresentou maior conhecimento e segurança para
cozinhar.
Sob a mesma perspectiva, há achados semelhantes no estudo de Silva et al., (2020),
(2020), em que cozinhar a refeição principal em casa está relacionado ao alto consumo de frutas
e hortaliças, alta autoeficácia em alimentação saudável, consumo de alimentos ricos em
nutrientes e baixo risco de sobrepeso e obesidade.
Ansari et al., (2012) demonstraram que estudantes que moram longe da casa da família
podem desenvolver hábitos alimentares menos saudáveis que aqueles que moram na casa da
família, visto que refeições realizadas fora de casa proporcionam alimentos com baixo teor de
nutrientes e refeições contendo vegetais e outros alimentos saudáveis podem ser preparadas por
eles e, pelos pais, assim, mais alimentos saudáveis estão disponíveis para eles. Isso pode
significar que à medida que os estudantes universitários saem de casa e se adaptam à vida
independente, os bons hábitos alimentares diminuem.
Tabela 11. Distribuição dos estudantes de acordo com habilidades culinárias e local de
consumo da principal refeição.
Local da principal refeição
Escalas do questionário Fora de
Casa p
casa
n (%) valor
n (%)
Disponibilidade de Frutas, Legumes e Verduras
Baixa 66 (8,0%) 17 (2,1%)
Média 311 (37,8%) 47 (5,7%) 0,001
Alta 354 (43,0%) 28 (3,4%)
35
6. CONCLUSÃO
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42
ANEXOS
MÃE
9) Etnia:
( ) Branca
( ) Indígena
( ) Parda
( ) Preta
( ) Amarela
( ) Outro: __________________________________
10) É beneficiário de algum programa especifico da UFRN (bolsa/auxílio)?
( ) Sim
( ) Não
( ) Se sim, qual? _____________________________________
11) Tem filhos <16 anos de idade? ( ) sim ( ) não
12) Com quem mora?
( ) sozinho ( ) com cônjuge/companheiro(a)
( ) com pais (ou avós) ( ) com filho(a)
( ) com colegas ( ) com cônjuge/companheiro(a) e filho(a)
( ) outros _____________
13) Cidade e Estado de origem (Se estrangeiro. Inclua também o País de
origem):_______________________________________
14) Tempo disponível para cozinhar por dia: _____h: _______min
54
15) Equipamentos e utensílios presentes em casa (pode assinalar mais de uma opção). Caso
desconheça qualquer utensílio, assinalar NC – não conheço):
Tenho Não tenho Não conheço
copos e xícaras
Pratos
talheres (colheres, garfo e faca)
colher de pau ou plástico
batedor de ovos
Concha
Escumadeira
Espátulas
espremedor de fruta
Facas para corte (carne/legumes e frutas
abridor de lata
saca-rolha
afiador de facas
descascador de legumes
fatiador de legumes e verduras (mandolin)
Ralador
medidores (de colher, volume e xícara)
tábuas de corte
Panelas
panela de pressão
panela a vapor
Frigideira
Grelha
assadeiras e fôrmas
Travessa
Tigelas
escorredor de massas
Peneiras
recipiente para armazenar comida
Batedeira
centrífuga de alimentos
Liquidificador
processador/mixer
Sanduicheira
Geladeira
congelador (freezer)
Fogão
forno elétrico/gás
forno de micro-ondas
Informações pessoais e alimentares
16) Peso atual: __________________kg
17) Altura:__________________cm
55