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Relato de Experiência sobre um Planejamento e Aplicação da ABP em uma

Abordagem STEM

ARTESANATO EM UNIDADE PRISIONAL E SUAS APLICABILIDADES EM STEM

Arilson Campos Rojas (arilson.eaco@gmail.com)


Francislê Neri de Souza

Centro Universitário Adventista de São Paulo


Campus Engenheiro Coelho
Mestrado Profissional em Educação
Disciplina: Integração das Ciências, Tecnologias, Engenharias e
Matemática na Educação (STEM Education)
Docente: Francislê Neri de Souza
Artesanato em Unidade Prisional e suas aplicabilidades em STEM
Arilson Campos Rojas |mestrando em educação. E-mail: arilson.eaco@gmail.com

RESUMO
As práticas inovadoras na educação prisional são de difícil execução, isso porque é um
público adulto de alunos apenados, que estão fora de sala de aula por muitos anos, e difícil
acesso a materiais e tecnologias. O professor tem que pensar em qual prática e contexto vão
aplicar a aprendizagem, diante deste público. Deve-se pensar na resolução de diversos
problemas e se adequar a prática de sala de aula no cotidiano prisional. Neste contexto,
aplicamos uma Aprendizagem Baseada em Projeto (ABP), utilizando a metodologia da
problematização - o arco de Maguerez. Uma aprendizagem inovadora, em que o aluno tem
que pensar na elaboração do projeto em várias fases. Neste contexto, o professor é apenas um
guia, um orientador, tendo como foco principal o aluno em uma abordagem STEM (Ciência,
Tecnologias, Engenharia e Matemática). Partindo da realidade dos alunos apenados, foram
lançadas as seguintes questões norteadoras: Que protótipos podemos elaborar e construir
utilizando conhecimentos de ciências, e para a geração de renda com materiais acessíveis na
prisão? Que conteúdos disciplinares podemos aplicar utilizando uma abordagem STEM na
elaboração desses protótipos? Como reciclar e reaproveitar materiais que seriam
descartados na prisão? E, como inserir as tecnologias na elaboração desse projeto? Através
destas questões norteadoras, os alunos apenados elaboraram diversos projetos, na fabricação
de vasos de artesanatos com materiais reciclados, e suas aplicabilidades em STEM. Para a
avaliação do projeto, os alunos realizaram apresentações em forma de seminários, elaboração
de cartazes explicativos, juntamente com os protótipos elaborados e os conteúdos abordados
em STEM. Após as apresentações foram feitas rodas de discussões com a seguinte pergunta:
O que os alunos acharam do projeto, com aplicação em conteúdos de Física, Química,
Matemática e Biologia ao protótipo elaborado? Quais foram as suas dificuldades? e se já
fizeram algum projeto parecido antes. No final deste relato discutiremos se houve uma
melhoria na compreensão, interatividade e desenvolvimento com esta abordagem STEM. As
evidências foram registradas por meio da elaboração de uma revista em quadrinhos, fotos e
áudios etc. Todos são produtos baseando-se nas fases do arco de Maguerez.

INTRODUÇÃO
A aprendizagem baseada em projeto com abordagem STEM tem como precursora a
aprendizagem com uma abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Sendo assim, o
professor atua como incentivador, tanto na promoção de perguntas para o aluno quanto do
aluno para o professor, em relação aos conteúdos ministrados em sala de aula. Isso possibilita
a realização de aplicações em diferentes contextos e com outras disciplinas, estimulando o
pensamento crítico e a sistematização de questionamentos, em conformidade com uma
concepção construtivista e epistemológica do conteúdo abordado (CACHAPUZ, 2005).

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A aplicação da abordagem STEAM na metodologia educacional passa a integrar e
interagir com assuntos na área de Ciência, Química, Física, Engenharia, Artes e Matemática
(LORENZI, 2019). São elaborados projetos de forma disciplinar, interdisciplinar,
multidisciplinar e transdisciplinar, utilizando diversas metodologias em suas aplicações.
Metodologias de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) como Planejamento Reverso,
Design Thinking, Arco de Maguerez, entre outras.
A metodologia escolhida para a aplicação foi a metodologia da problematização,
utilizando o Arco de Maguerez. Conforme a Figura 1, é possível perceber as cinco fases desta
metodologia de ensino.
Figura 1: Arco de Maguerez

Fonte: Darios e Stange Lopes (2017)

Partindo da figura 1 do Arco de Maguerez, conforme Darios e Stange Lopes (2017),


temos os seguintes princípios:

● Sequência de etapas interligadas

● Trabalho articulado e imbuído de sentido

● Um momento está ligado a outro e se complementam

● Ponto de partida e de chegada no processo de ensino e aprendizagem

● As etapas do processo são o foco principal

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O projeto é definido em início, meio e fim. Com cronograma de datas e acordo
definido em ambas as partes, professor e alunos, em relação às atividades e processos
avaliativos, seguindo a metodologia ou abordagem adotada, neste caso, a abordagem STEM.
Tendo o aluno como foco principal, o professor é apenas um guia no ensino aprendizagem,
desmistificando o professor como tutor de todo o conhecimento e guiando esse aluno para
torná-lo pesquisador, em todos os campos da pesquisa, seja ela tecnológica ou textual.
As sequências das etapas do arco estão interligadas, pois uma depende da outra. Deve-
se conduzir o aluno a pensar criticamente, fazer conexões, principalmente ao protótipo
escolhido aos conteúdos do STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Neri de
Souza (2022, p. 19) diz “[...] não adianta apenas perguntar aos alunos se eles sabem ou não
sobre determinado assunto, mas é preciso incentivar o questionamento dos próprios alunos
para que consigam perceber as suas próprias dificuldades”.
O trabalho articulado e imbuído de sentido deve partir da realidade do aluno, do meio
onde está inserido e partir de uma problemática no contexto escolar ou na sociedade. O aluno
deve-se sentir motivado na solução das questões norteadoras que articulam o projeto, nas
atividades, objetivos e estratégias didáticas, verificando as competências e ferramentas
necessárias para alcançar o resultado esperado.
Por meio da utilização da abordagem STEM, o projeto é transdisciplinar, indo além da
divisão cartesiana das áreas do conhecimento. Sendo assim, os professores tendem a sanar as
dúvidas de temas e dificuldades dos alunos, em todas as fases do processo. Marques (2021,
p.35) afirma que:

“Contudo, a abordagem mais utilizada no movimento STEAM é a


transdisciplinaridade, a qual é empregada de forma holística através da
apresentação de ideias abrangentes ou problemas relevantes para os
estudantes”.

Tendo o ponto de partida e de chegada no processo de ensino aprendizagem, o aluno


sabe onde quer chegar, quais as ações e planejamentos podem ser elaborados para alcançar o
objetivo esperado. Para Neri de Souza (2022, p. 23), o professor deve justificar a importância
de todo o processo, criando um ambiente de confiança e de forma clara, quais serão as tarefas,
pesquisas e produtos a serem desenvolvidas de forma individual e/ou em grupo. De forma

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sistemática, o professor sempre poderá rever as ações das etapas, fazer um diagnóstico e
analisar as dificuldades e desafios dos alunos.
As etapas do processo são o foco principal, pois, ao longo do projeto, o feedback aos
alunos pelo professor é fundamental, para que o aluno não fuja daquilo que foi proposto e
possa sanar suas dúvidas no plano de ensino. O professor sempre que possível deve ajustar as
intervenções e sugestões dos alunos e, conforme o andamento do projeto pelo grupo, precisa
avaliar de forma sistêmica o trabalho desenvolvido ao longo das etapas, a fim de ter êxito na
aplicação final, tendo como resultado o esforço em conjunto entre professor e alunos no
percurso das etapas do projeto.
A primeira etapa consiste na observação da realidade. Para que isso ocorra, a
metodologia aponta para diversas formas de observação no contexto escolar:

● Verificação pela leitura - revistas, jornais, artigos etc.;

● Observações de campo - o meio onde o aluno está inserido;

● Diálogos com docentes - troca de informações e elaborar um norte aos alunos, seja por

meio tecnológico ou prático;

● Acompanhamento de notícias da área de estudos - seja pela TV, internet e outros;

● Reflexões críticas - diálogo com alunos, estimular perguntas e sugestões;

● Elaborar problemáticas - seja na forma escrita, ou oral;

● Pensar em possibilidades - aprofundar em sua totalidade de forma epistemológica a

solução da problemática;

● Trabalhar em grupo (sanar as dúvidas dos alunos e desenvolver o trabalho em equipe).

Na segunda etapa, Pontos-chave, significam que os alunos devem verificar:

● Pontos essenciais que deverão ser estudados - delimitar os temas;

● Encontrar formas para solução do problema - a solução é o principal foco;

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● Questões específicas que se deseja responder - que tipo de material será necessário e quais

os conhecimentos serão aplicados;

● Princípios ou conceitos que são necessários compreender - os assuntos abordados na

solução da problemática.

A terceira etapa, Teorização, tem por objetivo a busca pela informação em relação ao
projeto, exigindo tempo e aprofundamento na pesquisa. Os alunos tentam responder a
problemática elaborada a partir dos pontos-chave elaborados por eles. A organização e
planejamento pela busca da informação é essencial. Caso o trabalho seja em grupo, delegar
funções na colheita de dados é muito importante, pois ganha-se tempo e dinamismo na
finalização do projeto. Precisa-se definir exatamente o que será estudado e pesquisado,
definindo critérios para tomada de decisões. Para Berbel (2014, p.68), necessitamos processar
e analisar as informações coletadas para tirar conclusões, exigindo aptidões analíticas e de
síntese dos participantes. Assim, segue-se até o fim, sempre mobilizando níveis de
pensamento mais complexos. Neste sentido, temos:

● Pesquisar em livros, internet, periódicos, documentários e reportagens;

● Realizaremos leituras, entrevistas, questionários, observações diretas;

● Investigar de forma diversificada tudo o que for relevante sobre o tema;

● Princípios ou conceitos que são necessários compreender;

● Tentar responder a problemática formulada.

Na hipótese de solução verificamos: as sugestões para solução para determinado


problema, por meio dos estudos, pesquisas, reflexões e quais caminhos poderão seguir,
analisando os pontos positivos e negativos na aplicação da realidade. Nesta etapa, já temos as
possíveis soluções de aplicação, e quais as ações viáveis na solução da problemática. Todas as
dúvidas, incertezas e materiais que serão utilizados, já estão definidos e sanados para próxima
etapa. Neste contexto, conforme os tópicos abaixo, definimos:

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● Alternativas para solução da problemática;

● Tal etapa só é possível devido às etapas anteriores;

● Sai do senso comum;

● Reflexões e sínteses, chega-se a vislumbrar possibilidades;

● Visualiza a possibilidade prática.

E por último, a aplicação à realidade, com conclusão de todo processo no fechamento


do projeto. O desfecho final poderá ser feito de diversas maneiras como: apresentações em
grupos através de seminários; feira de ciências, caso tenha escolhido pela construção de um
protótipo elaborado; explicações do todo o processo; explicar porque foi tomado tal decisão
na escolha da temática aplicada; quais caminhos que poderiam seguir, e porque não foi
seguido tal caminho. Detalhar cada etapa, suas dificuldades e a solução definida na solução do
projeto.
É muito importante que os alunos tenham em mãos as evidências formais, para que o
professor possa avaliar a execução de cada processo do arco, incentivando o aluno a ser
pesquisador na recolha de dados. Nesta etapa verifica-se o que foi aprendido pelos alunos,
diante dos conceitos e conteúdos abordados no projeto, bem como, quais foram as limitações,
vantagens e que melhorias o professor poderá apontar no ensino aprendizagem, através da
avaliação e reflexão juntamente com os alunos. Compararemos aspectos positivos e negativos
de cada grupo nos trabalhos apresentados, contribuindo assim, para melhorias com resultados
anteriores, na prática docente do professor. Neste caso, podemos definir os seguintes tópicos
na aplicação da realidade:

● Aplicar as hipóteses viáveis na solução da problemática;

● Colocar as ações em prática;

● Ação – reflexão – ação;

● Prática – teoria – prática;

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● Visualizar a possibilidade prática.

A metodologia do Arco de Maguerez tem início pela teoria da problematização,


partindo do diálogo com os alunos e questionamentos sobre a realidade onde esse aluno está
inserido. Chuvas de perguntas diante de uma problematização, o que poderá ser feito para
resolver a situação problema e conhecimentos previamente conhecidos pelos alunos, podem
fazer toda a diferença no projeto que eles optaram por trabalhar. Para Berbel (2014, pag. 71)
“[...] a observação da realidade e a elaboração de um problema relevante de um estudo é a
mais difícil de todas as etapas. A formulação do problema tem sido, ao longo destes anos
todos, o ponto mais delicado do trabalho com a metodologia da problematização”. Neste caso,
o professor poderá também trabalhar com assuntos que o aluno tem mais dificuldade na
aprendizagem, despertando neles a curiosidade e o senso crítico em seus questionamentos.
O estímulo pelo professor em despertar os questionamentos dos alunos é muito
importante, até porque, não somos acostumados a problematizar e questionar, fomos
ensinados quase em sua totalidade pelo ensino tradicional e, o professor ensina como ele foi
ensinado, seja no ensino básico ou superior. Problematizar não faz parte do dia a dia do
estudante, os alunos podem até reclamar de certas situações que acontecem na escola, mas
não costumam questionar sobre temáticas das ciências da natureza, matemática ou geografia.
O professor tem que ensinar os conteúdos abordados em seu cronograma, para fazer a
diferença na vida dos estudantes e, aplicá-los em seu cotidiano.
Vamos tomar como exemplo uma escola que está enfrentando problemas na
conscientização sobre o lixo no ambiente escolar. Poderá ser elaborado um projeto com os
alunos relacionado ao lixo, utilizando a teoria da problematização e seus questionamentos
para solucionar essa questão. Alguns questionamentos possíveis são: Quais são os malefícios
que o lixo causa na sociedade? Quais materiais podem ser reciclados a partir do lixo
doméstico ou escolar? É viável utilizar o lixo para a produção de biogás em benefício social?
Diversos questionamentos sobre a reciclagem e o gerenciamento do lixo constituem os
pressupostos que os professores poderão abordar com os alunos por meio da teoria da
problematização. Realizar visitas com os alunos a aterros sanitários e depósitos de sucatas
poderá ser uma atividade inicial no projeto. Desde projetos que envolvem apenas a
conscientização dos alunos até a utilização da cultura maker na construção de robôs com
materiais recicláveis fazem parte do projeto em sua totalidade. Nesse caso, é possível realizar

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uma sequência didática com, no mínimo, duas aulas. Essa sequência terá etapas de introdução,
desenvolvimento, avaliação e conclusão, como exemplificado na figura 2 abaixo:

Figura 2 - Aplicação da Sequência Didática aos alunos.

Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Neri de Souza (2022)

Na etapa da conclusão, o professor deverá dar o feedback aos alunos de todo o


processo elaborado, os pontos positivos e negativos, que etapa os alunos deveriam gastar mais
ou menos tempo, e principalmente a conscientização da temática aplicada no projeto. É neste
momento de finalização, que o professor deve fazer questionamentos aos alunos em relação à
prática elaborada, e responder dentro do contexto de reflexão. Neste relato de experiência
partimos da questão problema:

● Que protótipos podemos planejar e construir, na aplicação de conteúdo de aprendizagem

em uma abordagem STEM para geração de renda com materiais acessíveis na prisão?

● Que aprendizagem STEM é possível estabelecer nestas atividades?

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - STEM

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Nos últimos vinte anos, houve um crescente reconhecimento de que o acesso ao
conhecimento científico não é igualitário para todos e que certos grupos estão
insuficientemente representados em esferas determinadas. Isso tem levado a iniciativas e à
criação de documentos com o propósito de conscientizar sobre essa questão e sustentar as
mudanças. A educação em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) tem se
fortalecido, principalmente nos Estados Unidos, como resposta ao fraco desempenho dos
alunos nessas disciplinas e com o objetivo de aumentar a competitividade global do país. Uma
estratégia adotada para abordar esse desafio é a facilidade da presença de estudantes vindos de
grupos sub-representados nos cursos de graduação em STEM. Paralelamente, a educação
básica também tem sido alvo de atenção, pois se argumenta que, sem estímulos específicos,
jovens de origens socioeconômicas mais baixas e grupos historicamente marginalizados
provavelmente não escolherão carreiras nas áreas STEM (UNBEHAUM; GAVA; ARTES,
2023, p. 151).
Os projetos elaborados com conceitos de ciências, partiram sempre de uma questão
problemática, para início da construção do conhecimento. Assim, foi proporcionando
condições para que os alunos-apenados possam raciocinar e resolvê-lo. Orientando esses
alunos, na reflexão do conhecimento, e na construção de um experimento ou um artefato
(CARVALHO, 2013). Neste contexto, Sasseron e Carvalho (2011, p. 253) dizem que:

Já na sala de aula, um argumento está em construção. As conversas, as discussões, a


explicitação e a tomada de consciência dos resultados advindos de atividades ou de
outras fontes de informações, as divergências e as confluências em torno de um
mesmo tema, todas estas são algumas das formas por meio das quais as ideias são
colocadas em cena e consideradas na sala de aula. São estes diferentes momentos de
expressão que levam à percepção de como se conectam as diversas informações e
que permitem o agrupamento lógico das pequenas peças das falas na elaboração de
um argumento que denota a compreensão do fenômeno debatido seja construído.

O ensino de ciências do Brasil é muito desafiador pois ainda temos a cultura de


transmitir os conteúdos de forma programática, e não colocando os estudantes como o foco
principal, ou seja, protagonistas da aprendizagem. O movimento STEM incorporou as artes,
como forma de promover a criatividade, desta forma, ajudando as habilidades cognitivas,
como o pensamento abstrato e divergente (MARQUES, 2021). Neste sentido, a abordagem
STEM para muito tem a mais uma letra STEAM (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e

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Matemática) pode ser inserida no cotidiano dos estudantes, ou de uma comunidade, onde
analisam uma problemática, planejando e propondo as devidas soluções.

A educação em STEM não configura uma metodologia, mas sim uma abordagem.
Uma proposta inovadora no ensino de ciências, como forma libertadora do ensino tradicional
e da aprendizagem não participativa. Tendo a preocupação de ter um aluno mais envolvente e
participativo no conteúdo ministrado nas aulas de ciências, é possível despertar o pensamento
crítico por meio do diálogo aluno-professor e professor-aluno. Equivocadamente a abordagem
STEM é classificada como metodologias ativas ou uma proposta de trabalho. Na verdade, ela
prioriza a utilização das tecnologias e metodologias ativas, bem como a cultura maker,
aprendizagem baseada em projetos, planejamento Reverso, Design Thinking, Robótica, entre
outros, inclusive na fabricação de artefatos, sejam eles mecânicos, analógicos ou digitais
(MAIA; DE CARVALHO; APPELT, 2021). Diversas metodologias podem ser aplicadas
numa abordagem STEM, mas não devemos esquecer que o aluno tem que estar inserido no
processo e fazer parte em todas as etapas da aprendizagem. Para Moran:

As metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se queremos que


os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias em que os alunos se
envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar
decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos que
sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades de
mostrar sua iniciativa (MORAN, 2015, p.17).

Portanto, a aprendizagem baseada em STEM estaria mais ligada na forma de ensinar


ciências, cujo foco é a solução de problemas. Não como uma receita de bolo pronta, pois ela é
muito mais complexa. No entanto, trilhar por questões de políticas públicas e curriculares, não
como um viés de disciplinas programadas, mas como competências, voltado para a formação
profissional. Deste modo, introduzindo uma amálgama entre ciências e futuras atividades
profissionais (PUGLIESE, 2020).

FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA DA ABP


Sendo a metodologia da problematização aplicada por meio do Arco de Maguerez, a
seguir, destacaremos as etapas do processo de aplicação do projeto. Foram aplicadas
atividades com alunos apenados na educação multisseriada do sistema prisional, nos módulos
III e IV do Intermediário (correspondentes ao 8º e 9º anos do ensino fundamental), e os
módulos I a IV do módulo final (que correspondem do 1º ao 3º ano do ensino médio).
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Neste sentido, temos alunos do 8º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio
envolvidos na realização do projeto. Isso ocorre porque o ensino no sistema prisional é
voltado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracterizado pelo ensino multisseriado,
com alunos de diferentes séries em uma mesma sala de aula. Isso representa um grande
desafio para o professor que atua nesse contexto prisional.
A seguir, apresentaremos o projeto em STEM realizado no Estabelecimento Penal de
Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, na Unidade Escolar da prisão. Com uma proposta
de melhoria no ensino aprendizagem, relacionados a conteúdos do acrônimo STEM (Ciências,
Tecnologias, Engenharia e Matemática).
Foram definidos 3 grupos de alunos, com alguns grupos contendo 4 (quatro) membros
e outros com 5 (cinco). Eles trabalhariam em diferentes temas relacionados ao artesanato de
vasos, utilizando materiais disponíveis na prisão. Através do artesanato de vasos, os internos
teriam a possibilidade de produzir e vender, gerando uma renda enquanto estão na prisão.
O projeto foi apresentado a alguns professores que selecionaram conteúdos
relacionados ao STEM. Dessa forma, os professores ajudariam os alunos a compreender os
conteúdos abordados durante a aprendizagem. O projeto foi implementado no mês de
setembro de 2022, com apenados de diferentes níveis de escolaridade, crimes e penas, todos
em uma mesma sala de aula. Os internos envolvidos tinham cometido crimes como
homicídios, latrocínio e tráfico de drogas, sendo a maioria desses crimes considerados
hediondos.
No entanto, com uma abordagem ressocializadora e um total de 7 (sete) aulas, ocorreu
uma interação e colaboração significativas entre os apenados que participaram do projeto
relacionado ao STEM. Nesse contexto, como Policial Penal e aluno do Mestrado em
Educação na Unasp-EC, aplicamos este projeto na escola prisional em colaboração com os
professores do EJA, respondendo às dúvidas dos alunos apenados em relação aos conteúdos
abordados e pesquisados pelos alunos na abordagem STEM. Diante da realidade dos alunos,
destacamos a aplicação das etapas do Arco de Maguerez, conforme descritas nas etapas
abaixo:

Etapa 1 - Observação da realidade e elaboração da problemática

Os alunos reuniram-se em grupos, dentro da realidade prisional, para discutir a


elaboração do projeto. Foi apresentado a eles um vídeo do canal “Manual do Mundo” com o
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título: “O NOVO RECORDE BRASILEIRO: Foguete de PET”
https://www.youtube.com/watch?v=AhrVCaIbJBg&t=675s, através do computador com
projeção, para os alunos terem uma concepção do projeto. Com base no vídeo, os alunos
apenados observaram o lançamento do foguete, dando a eles a concepção de que poderá ser
construído com materiais simples disponíveis no sistema prisional, tais como: garrafa pet,
cano de pvc, fita adesiva e papelão. Foram explicados os conceitos aplicados do STEAM na
construção e lançamento do foguete, com conteúdos envolvidos nas disciplinas de Química,
Física, Biologia e Matemática no lançamento do foguete. Respectivamente temos:

● A reação da mistura de bicarbonato de sódio e vinagre, que proporciona o lançamento do

foguete, nos conceitos da Química;

● Na Física, os princípios das três leis de Newton e suas aplicações no lançamento do

artefato;

● Em relação a Biologia, os materiais recicláveis envolvidos no projeto;

● Na matemática, a circunferência e ângulo que o foguete é lançado, figuras geométricas, e

outros.
Através do exemplo acima, utilizando a tecnologia, os alunos tiveram uma percepção
e clareza, de como eles poderiam elaborar o projeto. Logo após a explanação, abriu-se espaço
para perguntas dos alunos e dúvidas de como seria o processo. Depois de chuvas de ideias, os
alunos reuniram-se em grupos para as devidas discussões.
Sanado as dúvidas, os alunos elaboram as discussões em grupo, para definir qual seria
o artefato construído, conforme a realidade deles, para que houvesse alguma geração de renda
aos apenados com aplicabilidade em STEM. Conforme a figura 2.
Figura 2: formação de grupos de discussões

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Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos
Etapa 2 - Os Pontos chaves ou questões-chave

Após as discussões em grupos, os alunos apenados chegaram na construção das seguintes


perguntas

● Que protótipos podemos elaborar e construir no projeto de artesanato, para geração de

renda com materiais acessíveis na prisão?

● Que conteúdos disciplinares podemos integrar na elaboração dos protótipos do artesanato?

● Como reciclar e reaproveitar materiais que seriam descartados na prisão?

● Como integrar as tecnologias na elaboração do projeto?

Dentro da realidade prisional, os alunos escolheram, através destas questões-chave,


trabalhar com artesanato, utilizando os materiais disponíveis na prisão. Os protótipos
escolhidos foram a construção de vasos artesanais utilizando papel reciclável, com
aplicabilidade em conteúdos de Física, Química, Ciências, Biologia e Matemática,
empregando uma abordagem com aplicação em STEM.

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Nesta etapa, além da escolha dos conteúdos abordados, os alunos verificaram os
materiais disponíveis nas celas que poderiam ser trabalhados, bem como como eles
conduziriam a pesquisa, uma vez que o acesso às tecnologias é restrito na prisão. No entanto,
com autorização e supervisão, eles poderiam buscar informações na internet sobre os
conteúdos abordados.
Em parceria com os professores, vale destacar a contribuição da professora de artes,
que ensinou aos alunos apenados técnicas de pintura, como a utilizada por Romero Britto em
tela, a qual seria aplicada na pintura dos vasos artesanais. A professora de física abordou
assuntos relacionados às relações métricas do triângulo retângulo, utilizadas na montagem dos
vasos de papel de origami.
Nas disciplinas de Química e Biologia, tratou-se da celulose, desde sua extração na
natureza até o clima da matéria-prima, os impactos ambientais e sua aplicação em produtos
diversos, como fraldas descartáveis, absorventes, tecidos, alimentos industrializados, adesivos
e biocombustíveis, além dos vários tipos de papel e sua utilização na construção civil. Na
matemática, o professor focou no teorema de Pitágoras e em figuras geométricas, conforme os
conteúdos pesquisados pelos alunos apenados. Isso é particularmente relevante dado o acesso
limitado à informação, principalmente no que tange à tecnologia.

Etapa 3 e 4 – A teorização e hipóteses de solução


Foram definidos 3 (três) grupos: 2 (dois) grupos de 4 (quatro) alunos e um grupo de 5
(cinco) alunos. A etapa de teorização consiste na busca por informações em todos os campos
possíveis para a pesquisa: livros, revistas, reportagens, sites da internet e outros. Esses
recursos são analisados e discutidos visando a encontrar uma solução para o problema
elaborado.
Considerando que o projeto foi aplicado em um ambiente prisional, os alunos
realizaram pesquisas na biblioteca da prisão e em sites da internet sob monitoramento. Em
relação à hipótese de solução, ela só pode ser desenvolvida após as etapas anteriores.
Conforme Colombo (2017, p.125), o terceiro passo, a teorização, é o momento de criar uma
resposta mais complexa para o problema. O estudo individual até a fase teórica deve servir
como base para uma mudança de realidade. Na quarta etapa, a Hipótese de Solução, é
necessário estimular a criatividade e a originalidade para chegar a possíveis soluções. A

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Hipótese de Solução é quando o projeto está praticamente concretizado e decisões
importantes relacionadas às alternativas de solução são elaboradas. Nesse contexto, é decidido
qual é o melhor caminho a ser desenvolvido. Agora, iremos detalhar as atividades de cada
grupo.
O primeiro grupo resolveu trabalhar com dobraduras de papel, material disponível na
prisão, na construção de vasos de papel utilizando dobraduras. Conforme a figura 3.

Figura 3: Construção de vasos de papel com dobraduras

Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos

Figura 4: Alunos apenados em grupos, realizando dobraduras

Fonte: autor

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Os alunos desta equipe, trabalhando com dobraduras de papel, realizaram dobras em
forma triangular e encaixaram essas dobras para formar um vaso de formato circular. Neste
grupo, chamado grupo 1, foram abordados os seguintes conteúdos: processos químicos e
físicos na fabricação do papel, matéria-prima e meio ambiente, produção de resíduos, origem
histórica do papel, área do triângulo e relações métricas do triângulo retângulo.
Em relação às tecnologias, os alunos assistiram a vídeos tutoriais do YouTube sobre a
construção de vasos com dobraduras. O vídeo assistido tinha o título: "Arte em ORIGAMI 3D
vaso para decoração" (https://www.youtube.com/watch?v=ACHQzehayPI). Também
estudaram a evolução da indústria do papel ao longo da história. Os conteúdos foram
pesquisados em livros, sites da internet e materiais disponibilizados pelos professores do
sistema prisional.
Dessa forma, para sanar dúvidas sobre os conteúdos abordados, os alunos solicitavam
explicações diretamente aos professores de Ciências, Química, Matemática e Física. Os
professores adaptaram seus planos de ensino do bimestre de acordo com os conteúdos tratados
no projeto, visando melhor atender aos alunos. O papel do pesquisador neste contexto foi
orientar e implementar o projeto em parceria com os professores. Isso permitiu que, com a
ajuda dos professores, os alunos pudessem superar suas dificuldades em tópicos específicos
abordados na perspectiva STEM.
No segundo grupo, os alunos utilizaram papel machê na construção do vaso.
Conforme mostrado na Figura 5, temos a descrição da atividade do grupo 2 feita por um aluno
apenado, e na Figura 6, a foto ilustra as condições em que a reciclagem do papel foi realizada
para a produção do artesanato.

Figura 5: Elaboração de papel machê.

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Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos

Figura 6: fabricação de papel machê

Fonte: autor

Os alunos resolveram construir um vaso com medidas quadradas, com papel machê
feito pelos alunos. Foi transmitido a eles um vídeo tutorial COMO FAZER PAPEL
RECICLADO em casa (EXPERIMENTOS de QUÍMICA), no endereço eletrônico
https://www.youtube.com/watch?v=fjt5gWCx120. Construíram de forma artesanal, um molde
quadrado com sobras de madeiras da oficina de marcenaria. Feito o papel machê, misturaram
com cola e colocaram no molde para construção do vaso. Logo, após feito o vaso, depois de
seco, foi pintado com técnicas de pintura.

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Os conteúdos abordados no segundo grupo em relação a Biologia foram: os impactos
ambientais na produção do papel. Em relação a matemática: área do quadrado, poliedros,
teorema de Pitágoras, volume do cubo, arestas, faces e vértices. Na tecnologia assistiram
vídeos sobre os processos industriais na fabricação de celulose e processos de fabricação de
papel machê.
No terceiro grupo, chamado grupo 3, escolheram fazer vasos com papel reciclado,
balão e massa corrida. Conforme vídeo tutorial VASO FEITO COM BEXIGA – VASO DE
PAPIETAGEM ESTILO PORTUGUES de artesanato e decoração do Youtube no endereço
eletrônico https://www.youtube.com/watch?v=u__z1Delm4s , Enchendo um balão com água,
colando papéis reciclados e utilizando aproximadamente sete camadas de papel. Deixando-se
secar a cola, aplicando massa corrida no vaso, lixando e pintando depois de algum tempo,
conforme a Figura 7 e 8.
Figura 7 e 8: Construção de vaso utilizando balão, papel e massa corrida.

Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos

Figura 9: alunos construindo vasos com balão, papel e massa corrida

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Fonte: autor
Em relação aos conteúdos abordados, na química, os alunos pesquisaram, com
supervisão do policial penal, como é feita a reciclagem do papel e os processos químicos
envolvidos. Em artes, exploraram técnicas de pintura. Na matemática, trataram de conceitos
como circunferência, diâmetro e raio, explicando suas definições, as fórmulas aplicadas e
resolvendo problemas com as medidas do vaso construído.
No âmbito das tecnologias, assistiram a vídeos tutoriais da internet. Quanto ao
material dos conteúdos aplicados, os alunos realizaram pesquisas em livros didáticos e em
sites da internet, em dias específicos designados para a pesquisa.

Etapa 5- Aplicação da realidade


Nesta etapa, ocorreu a aplicação prática em que os alunos realizaram apresentações em
forma de seminários, com aplicabilidade em STEM. As exposições foram conduzidas por
meio de cartazes e demonstrações no quadro de parede, além da apresentação dos protótipos
elaborados por cada grupo, conforme pode ser observado nas Figuras 10 e 11.
Figura 10: apresentação dos grupos.

Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos

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Figura 11: apresentação dos grupos com abordagem STEM

Fonte: autor

Diante das apresentações dos grupos do projeto STEM, temos os vasos artesanais
feitos pelos internos, apresentados no dia do seminário de cada grupo, conforme a figura 12,
13 e 14.

Figura 12 – Protótipos dos vasos utilizando papel, feito pelos alunos

Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos

21
Figuras 13, 14 e 15: protótipos dos vasos artesanais

Fonte: autor

Os dados recolhidos para evidências durante o projeto foram: fotos, áudios, e


elaboração de uma revista em quadrinhos, feita por um dos alunos que participou do projeto,
com a devida orientação da metodologia aplicada (em anexo 2).
Os áudios foram produzidos em discussões em grupo, realizadas após a conclusão do
projeto e incluíram perguntas relevantes: Como os alunos avaliaram o projeto, sua aplicação
nos conteúdos de Física, Química, Matemática e Biologia, em relação ao protótipo
desenvolvido? Quais dificuldades eles enfrentaram? Eles já haviam participado de projetos
semelhantes anteriormente? Com base nas respostas dos apenados, obtiveram-se os resultados
da implementação para análise e para avaliar se o projeto teve impacto no processo de ensino-
aprendizagem dos conteúdos de Ciências, Química, Física, Biologia e Matemática para os
alunos apenados.
22
No que se refere à revista em quadrinhos, ela foi criada para documentar as etapas de
trabalho dos alunos apenados, conforme a metodologia do Arco de Maguerez. Inicialmente, as
etapas do projeto foram registradas por meio de fotografias, acompanhando o progresso do
projeto. Em seguida, esses registros foram transformados em quadrinhos, explorando a
criatividade dos alunos apenados e seguindo a metodologia adotada. Nesse contexto,
aproveitou-se a habilidade em desenho de um dos internos que fazia parte dos grupos para
produzir a revista em quadrinhos. A confecção da revista foi realizada manualmente,
utilizando apenas papel sulfite e lápis de cor.

RESULTADOS DA APLICAÇÃO
O projeto foi desenvolvido por alunos apenados do sistema prisional. Inicialmente, os
alunos demonstraram grande entusiasmo, pois nunca haviam participado de um projeto nesse
estilo, voltado para STEM. Eles elaboraram perguntas a partir da realidade prisional, como
por exemplo: quais materiais poderiam ser utilizados, levando em conta o que estava
disponível e permitido dentro da prisão? Também questionaram se o projeto teria conexões
com outras disciplinas.
Os alunos mostraram uma receptividade positiva e, em certa medida, surpresa ao
verem a aplicação desse projeto em uma unidade prisional. Eles perceberam a relação entre os
conteúdos abordados em sala de aula e a sua vivência no ambiente prisional. Notamos um
progresso na aprendizagem dos alunos, especialmente na pesquisa sobre conteúdos que ainda
não haviam sido estudados nas disciplinas.
Apesar das limitações, os alunos apenados perceberam que eram capazes de
desenvolver um projeto de inovação didática. Nesse sentido, eles se tornaram mais autônomos
e proativos na busca pelo conhecimento, na aplicação do protótipo no âmbito STEM. No
entanto, destacamos alguns desafios, como a falta de certos materiais para a construção dos
protótipos de artesanato. Nem todos os materiais são permitidos nas celas ou nas salas de aula
da prisão. Além disso, a segurança no ambiente prisional às vezes impossibilitava que os
internos trabalhassem no projeto.
A restrição de acesso à informação, particularmente no uso da tecnologia, também foi
um obstáculo. Salientamos a importância da sequência didática na elaboração do plano de
ensino para a implementação do projeto (ver Anexo 1).

23
Ao final do projeto, foram realizadas discussões em grupo registradas em áudio.
Foram feitas perguntas como: O que os alunos acharam do projeto com aplicação de conceitos
de Física, Química, Matemática e Biologia no protótipo construído? Enfrentaram dificuldades
e já participaram de projetos similares anteriormente? As respostas dos alunos e de alguns
professores que participaram do projeto, auxiliando com suas aulas e sanando dúvidas dos
alunos, foram coletadas em forma de áudios. Com base nessas informações, agrupamos os
comentários dos alunos e de uma professora em temas específicos, como destacado a seguir:

Temática 1: Conteúdos do acrônimo STEM com a prática no cotidiano


Com a finalização do projeto, alguns alunos apenados e os próprios professores
conseguiram identificar os conteúdos abordados em STEM (Ciências, Tecnologias,
Engenharia, Matemática e Artes) com as práticas de seu cotidiano na prisão. Neste caso, não
só identificando com os protótipos elaborados no projeto, mas podendo interagir e transcender
para outras disciplinas além do STEM ou STEAM. Como a professora 1 que cedeu as suas
aulas para aplicação do projeto, na qual pediu para ter uma participação, relatando exatamente
alguns objetivos do projeto.
“O projeto foi aliar a teoria e a prática, dentro dos conteúdos abordados,
eles tiveram todas as aulas trazido para o dia a dia deles. Não ficaram só
no conceito, mas na prática, e coisas simples que poderão aplicar no seu
dia a dia. Uma forma de ganhar dinheiro e progredir também. Eles podem
fazer cursos, se reciclar e se aprimorar cada vez mais, dentro daquilo que
eles apreenderam na escola” (Professor 1)

O projeto em STEM, foi aplicado aos alunos por meio de metodologias ativas e
dinâmicas de trabalho em equipe, assumindo um processo de aprendizagem na perspectiva
investigativa, de modo que o aluno possa ser crítico em seu conhecimento e relacionando os
conteúdos do STEM em sua prática cotidiana. Neste caso, como no comentário do aluno 1
que definiu os conteúdos abordados em sua vivência.

“Boa tarde, é a primeira vez que venho participar desse projeto, que é
muito maravilhoso para o nosso aprendizado, que envolve química,
biologia, matemática, estamos aprendendo coisas que são utilizadas em
nossa vida e obrigado pela oportunidade”. (Aluno 1)

Para Moran (2015, p.16), “[...] a educação formal é cada vez mais misturada, híbrida,
porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do

24
cotidiano”. Deve-se usar o cotidiano do aluno para o ensino aprendizagem, pois o saber que o
aluno carrega é fundamental para o seu desenvolvimento, como o comentário do aluno 2.

“Através de pequenos protótipos de artesanato, estudamos outras


disciplinas, tais como a física, química, biologia, e artes, matemática
também. Isto faz com que a nossa mente, e a educação fica mais rica em
nosso cotidiano, e isso é muito gratificante”. (Aluno 2)
Temática 2: Aliar a Matemática, Física, Química, Biologia, Artes, com o
protótipo elaborado.

Conforme a fala do aluno 3, após a finalização dos trabalhos da sequência didática, os


alunos tiveram a concepção de poder contextualizar o protótipo elaborado com os conteúdos
do STEM, e outros conceitos como trabalho em equipe. Deste modo, adquirindo uma nova
forma de aprendizagem. Diante do comentário do aluno 3, que diz:

“Muito satisfatório estar executando um serviço desse com artesanato, já


tinha feito artesanato, mas é a primeira vez que participo com trabalho
coletivo em sala de aula, acrescentando as medidas, as formas, adquirindo
novos conhecimentos, novas aprendizagens, que é muito legal” (Aluno 3)

O aluno 4 foi responsável pela pintura do vaso de artesanato pelo seu grupo, apesar de
já ter trabalhado com pintura antes, demonstrou surpresa e interesse em envolver conteúdos
do acrônimo STEM com o protótipo elaborado.

“Apresentei uma obra de arte, que eu nunca tinha feito na minha vida, já
tinha trabalhado com pintura, desde os meus 15 anos de idade, nunca tinha
feito um projeto desse de jarros, que envolve matemática, física, artes,
aprendendo mais coisas que eu não sabia ainda, obrigado por tudo” (Aluno
4)

Neste contexto, o aluno 5 concentrou-se na construção do protótipo em questão, o que


já seria interessante. Em uma unidade prisional, o simples fato deles estarem envolvidos em
um projeto que os tire da rotina do estudo tradicional é gratificante. Isso se alinha com o
comentário de Lorenzin (2019, p.78), que menciona: "[...] desenvolver os conceitos de forma
interdisciplinar na construção de protótipos que apliquem, em sua execução, a investigação
científica, os métodos experimentais das ciências da natureza e a instrumentação com base

25
nos princípios da cultura maker". O desenvolvimento desses conceitos é fundamental para que
o aluno seja capaz de contextualizar e refletir sobre a prática aplicada.

“Bom, só o fato de estar participando, fazendo o curso do artesanato já é


satisfatório e aprender as demais disciplinas, como a matemática, física, e
cada elemento que foi usado para confeccionar os produtos” (Aluno 5)

Temática 3: Participação em projetos educacionais

A simples participação do aluno apenado em projetos educacionais mostra a esse


aluno que o professor está interessado em seu desenvolvimento no processo de ensino-
aprendizagem, demonstrando interesse e preocupação com ele. No comentário do aluno 6, ele
menciona que nunca havia participado de nenhum projeto anteriormente.

“Bom, eu achei excelente porque eu nunca tinha visto antes, nunca


tinha participado de nenhum projeto desse tipo em qualquer lugar”
(Aluno 6)

É importante que os projetos educacionais tenham uma sequência, não só em datas


comemorativas, mas fazerem parte da prática do professor em sala de aula. O aluno se sente
motivado na aprendizagem, construindo um novo saber na contextualização de conteúdos
científicos, sendo muitas vezes de difícil compreensão para este aluno. No comentário do
aluno 7 e 8, eles querem uma sequência de projetos em sua prática educacional.

“É um projeto que envolve várias matérias, é a primeira vez que


participo, que possamos sempre continuar participando” Aluno 7.
“Queria que continuasse todo mês fazendo um trabalho desse tipo,
para podermos ter mais conhecimento e evoluir cada dia mais”
(Aluno 8)

Já o aluno 9 se sente privilegiado em participar do projeto em STEM, e queria que se


expandisse para todos os presídios do Estado.

“É um privilégio participar de um projeto desse, seria bom


desenvolver em todos os presídios para nós reeducando,
aperfeiçoando a matemática, física, isso é muito bom, agradecendo
todas as pessoas envolvidas no projeto.” (Aluno 9)
26
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo o projeto realizado com abordagem em STEM dentro de uma Unidade


Prisional, constatou-se que é possível implementar uma aprendizagem baseada em projetos
com alunos apenados em uma educação multisseriada. Os alunos envolveram-se em um
contexto que incluiu a construção de artefatos utilizando materiais disponíveis na sua
realidade prisional. Partindo do ambiente da prisão e das habilidades que os alunos já
possuíam, os conteúdos foram contextualizados com ciências da natureza, além de
Matemática, Artes e suas aplicabilidades.
Nesse sentido, os alunos apenados conseguiram conectar a teoria ensinada em sala de
aula com as práticas realizadas nas celas, durante a construção dos vasos de artesanato. Isso
englobou os conteúdos do acrônimo STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática),
com a possibilidade de expansão para outras áreas do conhecimento. Ficou evidente o
desenvolvimento da autonomia na busca por informações durante a pesquisa, bem como a
promoção do trabalho em equipe entre internos que, que normalmente não teriam convívio
normal em suas celas, por existir uma discriminação entre os internos, em relação aos artigos
criminais que cada interno possui na prisão.
Os alunos conseguiram desenvolver uma mentalidade mais proativa quando cada
grupo do projeto escolheu que tipo de vaso de artesanato fariam, utilizando materiais
disponíveis na prisão. Verificamos que a confiança dos internos e a clareza sobre como o
projeto seria executado foram fundamentais para o seu desenvolvimento. Durante a aplicação
e acompanhamento das atividades, surgiram muitos questionamentos. Os apenados
desenvolveram habilidades e competências do acrônimo STEM, aplicando a metodologia da
problematização dentro da realidade prisional. Avaliamos todo o processo e o empenho de
cada grupo na pesquisa, assim como as apresentações no encerramento do projeto.
Dentro das metodologias aplicadas na abordagem STEM, destaca-se o Arco de
Maguerez, que prioriza o aluno como protagonista da aprendizagem na resolução de
problemas no contexto prisional. Isso ressalta o aspecto humano e solidário da educação
STEM por meio das metodologias ativas.
Enfim, foi percebido, conforme depoimento dos alunos apenados, que houve uma
aprendizagem dentro das disciplinas das Ciências da natureza, Tecnologias, Artes e

27
Matemática, na aplicação do projeto e construção do artefato. Os internos nunca tinham
participado de nenhum tipo de projeto educacional antes, conforme comentários do aluno 6 e
7, ou seja, é muito significativo e compensador uma aprendizagem baseada em projeto (ABP),
principalmente com alunos apenados na prisão. Um ambiente que muitas vezes, de modo
discriminatório, medo, ou precaução em relação a segurança, as pesquisas no campo
científico, são evitadas e limitadas pelos pesquisadores.
No tocante às limitações na aplicação do projeto, são inúmeras as situações adversas
em uma Unidade Prisional. Seja pela falta de disponibilidade das tecnologias digitais no
campo de pesquisa, ou acesso a materiais restritos no sistema prisional. O pesquisador tem
que estar consciente que nem sempre o dia será produtivo, os internos não poderão sair de
suas celas, por motivos operacionais ou de segurança na prisão. Por outro lado, os alunos
apenados são bem participativos e interessados em relação aos alunos das escolas
convencionais.
Em relação aos projetos, os alunos desenvolveram de forma aplicada e participativa,
seguindo à devida metodologia, no caso o da problematização, deixando em aberto, um
possível aprofundamento do campo experimental para futuras pesquisas, pois, poucas
pesquisas foram realizadas no sistema prisional ou quase nenhuma, utilizando uma
metodologia baseada em projeto (ABP) com abordagem em STEM. Neste contexto, podemos
perceber que é possível aplicar projetos inovadores de forma holística com jovens e adultos,
neste caso, na educação multisseriada, que muitas vezes é classificada como uma educação de
segundo escalão apenas para diplomação de alunos que estão com defasagem educacional.
A aplicação do projeto em STEM no sistema penitenciário é um desafio, e para
surpresa deste pesquisador, foi uma experiência muito gratificante, pois os alunos apenados
superaram as expectativas. No entanto, observamos que alguns participantes dos grupos
poderiam ter se empenhado um pouco mais. Ao mesmo tempo, ficou clara a percepção das
limitações enfrentadas. Alguns relataram que estavam há muito tempo sem estudar, mas se
esforçaram para obter um melhor desempenho no projeto. Percebemos que, se tivéssemos
conseguido utilizar as tecnologias de maneira mais abrangente, o projeto teria sido ainda mais
enriquecedor. Os alunos poderiam ter realizado mais pesquisas sobre diversos tipos de vasos
de artesanato, assistido a mais vídeos sobre os temas abordados e pesquisado mais sobre os
materiais recicláveis utilizados no projeto. Em resumo, a pesquisa teria sido mais abrangente
em todos os aspectos possíveis.

28
BIBLIOGRAFIA

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extraídas da prática. Semina: Ciências sociais e humanas, v. 35, n. 2, p. 61-76, 2014.
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v. 28, n. 2, p. 121-146, 2007.
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da utilização da Inteligência Artificial para contribuir para o ensino de Ciências baseado no
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v. 2, n. 1, p. 15-33, 2015.
NERI DE SOUZA, F. Didática da Integração: Guia de Elaboração e Aplicação de Projetos
Didáticos de Boas-práticas na Integração Fé, Ensino e Aprendizagem. 1o ed. Engenheiro
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referenciais teóricos sobre a estrutura do argumento para estudos de argumentação no ensino
de ciências. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), v. 13, p. 243-
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STEM no Brasil [livro eletrônico] / British Council Brasil, Fundação Carlos Chagas. 1.ed. –
São Paulo, SP: British Council Brasil, 2023. Disponível em:
29
https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/relatorio_completo_panorama_stem_0.pdf
.Acesso em 20/08/2023
UNBEHAUM, Sandra.; GAVA, Thaís M.; ARTES, Amélia. Panorama de educação.

ANEXO 1 (Sequência Didática do projeto STEM)

PLANO DE ENSINO

DISCIPLINA Mestrando Professores


Prof. Cleiton (Mat.)
Prof. Vânia (Bio)
STEM Arilson Campos Rojas Prof. Romário (Fís.)
Prof. Priscila (Quím.)
Prof. Josiane (Geo)
Observação da realidade e elaboração da problemática- 1ª aula

● Elaboração de grupos de discussão (obs. realidade)

● Internos do sistema prisional- superlotação (obs. realidade)

● Geração de renda e remissão através do artesanato (problemática)

Ponto chaves ou questões-chave- 2ª aula

● Que protótipos podemos elaborar e construir no projeto de artesanato, para


geração de renda com materiais acessíveis na prisão?
● Que conteúdos disciplinares podemos integrar na elaboração dos protótipos
do artesanato?
● Como reciclar e reaproveitar materiais que seria descartado na prisão?

● Integração das tecnologias – Vídeos sobre projetos baseados em STEM, com


o tema Novo Record Brasileiro: Foguet de Pet -
https://www.youtube.com/watch?v=AhrVCaIbJBg&t=675s

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Teorização/ Atividade/Estrutura- 3ª aula

● Grupo 1 – (5 componentes)

- O grupo fará jarro e cisne com dobraduras de papel reaproveitado


- Conteúdos abordados:
* Matemática: área do triângulo e Relações trigonométricas
* Química e física: Processos físicos e composição química do papel
* Biologia: Matéria prima e meio ambiente, produção de lixo.
* Tecnologias- vídeos tutoriais, com o tema - Arte em ORIGAMI 3D vaso para
decoração - https://www.youtube.com/watch?v=ACHQzehayPI
- Contexto histórico: Origem do papel

● Grupo 2- (4 componentes)

O grupo também fará um jarro com medidas de um quadrado, utilizando papel


reciclado feito artesanalmente.
- Conteúdos abordados:
* Matemática – área do quadrado, poliedros, teorema de Pitágoras, volume do cubo,
arestas, faces e vértices.
*Biologia – Impactos ambientais, na produção do papel.
*Artes – técnica de pintura.
* Tecnologias- vídeos tutoriais- fabricação de papel machê. Tema do vídeo: Como
Fazer Papel Reciclado em casa (Experimentos de Química) -
https://www.youtube.com/watch?v=fjt5gWCx120
- Grupo 3- (4 componentes)
- O grupo também fará um jarro utilizando balão, papel reciclado, e massa corrida, e
técnica de pintura.
- Conteúdos abordados:
* Matemática – Círculo e circunferência, diâmetro, raio da circunferência
*Química – Como é feito o papel reciclado, processo químico.
*Artes – técnica de pintura
* Tecnologias- vídeos tutoriais- Tema: Vasos Feito com Bexiga – Vaso de
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Papietagem Estilo Português - https://www.youtube.com/watch?v=u__z1Delm4s

Hipóteses de aplicação- 4ª aula

● Escrever e introduzir um projeto de artesanato, para remir pena e gerar renda


para o apenado do sistema prisional.
● Parceria com os professores- plano de ensino.

● Apresentação do projeto com cartazes e suas aplicabilidades em STEM.

● Elaboração de um gibi, no registro das evidências (anexo 1)

Aplicação à realidade

● Acompanhamento das ações- data da apresentação dos projetos em STEM,


com aulas expositivas dos grupos (seminários), utilizando cartazes,
apresentação do protótipo elaborado, rodas de discussões e registro em
áudios.
Aplicação à realidade- 5ª aula

● Acompanhamento das ações-

Aplicação à realidade– 6ª aula

● Acompanhamento das ações

Aplicação da realidade – 7ª aula

● Nesta etapa, é a finalização do projeto e apresentações dos grupos e suas


aplicabilidades em abordagem STEM. Foram avaliados os trabalhos dos
grupos através de apresentações em seminários, cartazes, e uso no quadro
para apresentações, nos conteúdos de Física, Química, Ciência e Matemática
● Cada grupo apresentou com o protótipo elaborado e explicando os conceitos
abordados e aplicação em cada área do acrônimo do STEM.
● Foi considerado os protótipos de artesanato e materiais disponíveis no
sistema prisional.
● Os alunos perceberam dentro de seu cotidiano prisional a teorização dos
conteúdos abordados, com protótipos de artesanato que os internos
elaboraram no contexto prisional.

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● Avaliou-se todo o processo, não apenas as apresentações. O empenho de
cada grupo, o material pesquisado, as conexões da teoria com a prática,
enfim, o aluno deve perceber a proatividade no campo da pesquisa e a
criatividade; fazer questionamentos, observações, e resolução de problemas
no dia a dia de uma prisão. Ou seja, o mais importante para a aprendizagem
do aluno é o processo nas etapas na sequência didática. Foi abordado a teoria
da problematização, a fim de tornar o aluno protagonista, na utilização das
metodologias ativas.

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ANEXO 2 (Registro das evidências em revista de quadrinhos) - Evidências do projeto em
STEAM- utilizando a metodologia Arco de Maguerez

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BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR

Arilson Campos Rojas, formado em matemática pela UFMS, pós-graduado em Educação


Inclusiva e Criminologia, Mestrando em Educação Profissional pelo Unasp-Ec.

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