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Abordagem STEM
RESUMO
As práticas inovadoras na educação prisional são de difícil execução, isso porque é um
público adulto de alunos apenados, que estão fora de sala de aula por muitos anos, e difícil
acesso a materiais e tecnologias. O professor tem que pensar em qual prática e contexto vão
aplicar a aprendizagem, diante deste público. Deve-se pensar na resolução de diversos
problemas e se adequar a prática de sala de aula no cotidiano prisional. Neste contexto,
aplicamos uma Aprendizagem Baseada em Projeto (ABP), utilizando a metodologia da
problematização - o arco de Maguerez. Uma aprendizagem inovadora, em que o aluno tem
que pensar na elaboração do projeto em várias fases. Neste contexto, o professor é apenas um
guia, um orientador, tendo como foco principal o aluno em uma abordagem STEM (Ciência,
Tecnologias, Engenharia e Matemática). Partindo da realidade dos alunos apenados, foram
lançadas as seguintes questões norteadoras: Que protótipos podemos elaborar e construir
utilizando conhecimentos de ciências, e para a geração de renda com materiais acessíveis na
prisão? Que conteúdos disciplinares podemos aplicar utilizando uma abordagem STEM na
elaboração desses protótipos? Como reciclar e reaproveitar materiais que seriam
descartados na prisão? E, como inserir as tecnologias na elaboração desse projeto? Através
destas questões norteadoras, os alunos apenados elaboraram diversos projetos, na fabricação
de vasos de artesanatos com materiais reciclados, e suas aplicabilidades em STEM. Para a
avaliação do projeto, os alunos realizaram apresentações em forma de seminários, elaboração
de cartazes explicativos, juntamente com os protótipos elaborados e os conteúdos abordados
em STEM. Após as apresentações foram feitas rodas de discussões com a seguinte pergunta:
O que os alunos acharam do projeto, com aplicação em conteúdos de Física, Química,
Matemática e Biologia ao protótipo elaborado? Quais foram as suas dificuldades? e se já
fizeram algum projeto parecido antes. No final deste relato discutiremos se houve uma
melhoria na compreensão, interatividade e desenvolvimento com esta abordagem STEM. As
evidências foram registradas por meio da elaboração de uma revista em quadrinhos, fotos e
áudios etc. Todos são produtos baseando-se nas fases do arco de Maguerez.
INTRODUÇÃO
A aprendizagem baseada em projeto com abordagem STEM tem como precursora a
aprendizagem com uma abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Sendo assim, o
professor atua como incentivador, tanto na promoção de perguntas para o aluno quanto do
aluno para o professor, em relação aos conteúdos ministrados em sala de aula. Isso possibilita
a realização de aplicações em diferentes contextos e com outras disciplinas, estimulando o
pensamento crítico e a sistematização de questionamentos, em conformidade com uma
concepção construtivista e epistemológica do conteúdo abordado (CACHAPUZ, 2005).
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A aplicação da abordagem STEAM na metodologia educacional passa a integrar e
interagir com assuntos na área de Ciência, Química, Física, Engenharia, Artes e Matemática
(LORENZI, 2019). São elaborados projetos de forma disciplinar, interdisciplinar,
multidisciplinar e transdisciplinar, utilizando diversas metodologias em suas aplicações.
Metodologias de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) como Planejamento Reverso,
Design Thinking, Arco de Maguerez, entre outras.
A metodologia escolhida para a aplicação foi a metodologia da problematização,
utilizando o Arco de Maguerez. Conforme a Figura 1, é possível perceber as cinco fases desta
metodologia de ensino.
Figura 1: Arco de Maguerez
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O projeto é definido em início, meio e fim. Com cronograma de datas e acordo
definido em ambas as partes, professor e alunos, em relação às atividades e processos
avaliativos, seguindo a metodologia ou abordagem adotada, neste caso, a abordagem STEM.
Tendo o aluno como foco principal, o professor é apenas um guia no ensino aprendizagem,
desmistificando o professor como tutor de todo o conhecimento e guiando esse aluno para
torná-lo pesquisador, em todos os campos da pesquisa, seja ela tecnológica ou textual.
As sequências das etapas do arco estão interligadas, pois uma depende da outra. Deve-
se conduzir o aluno a pensar criticamente, fazer conexões, principalmente ao protótipo
escolhido aos conteúdos do STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Neri de
Souza (2022, p. 19) diz “[...] não adianta apenas perguntar aos alunos se eles sabem ou não
sobre determinado assunto, mas é preciso incentivar o questionamento dos próprios alunos
para que consigam perceber as suas próprias dificuldades”.
O trabalho articulado e imbuído de sentido deve partir da realidade do aluno, do meio
onde está inserido e partir de uma problemática no contexto escolar ou na sociedade. O aluno
deve-se sentir motivado na solução das questões norteadoras que articulam o projeto, nas
atividades, objetivos e estratégias didáticas, verificando as competências e ferramentas
necessárias para alcançar o resultado esperado.
Por meio da utilização da abordagem STEM, o projeto é transdisciplinar, indo além da
divisão cartesiana das áreas do conhecimento. Sendo assim, os professores tendem a sanar as
dúvidas de temas e dificuldades dos alunos, em todas as fases do processo. Marques (2021,
p.35) afirma que:
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sistemática, o professor sempre poderá rever as ações das etapas, fazer um diagnóstico e
analisar as dificuldades e desafios dos alunos.
As etapas do processo são o foco principal, pois, ao longo do projeto, o feedback aos
alunos pelo professor é fundamental, para que o aluno não fuja daquilo que foi proposto e
possa sanar suas dúvidas no plano de ensino. O professor sempre que possível deve ajustar as
intervenções e sugestões dos alunos e, conforme o andamento do projeto pelo grupo, precisa
avaliar de forma sistêmica o trabalho desenvolvido ao longo das etapas, a fim de ter êxito na
aplicação final, tendo como resultado o esforço em conjunto entre professor e alunos no
percurso das etapas do projeto.
A primeira etapa consiste na observação da realidade. Para que isso ocorra, a
metodologia aponta para diversas formas de observação no contexto escolar:
● Diálogos com docentes - troca de informações e elaborar um norte aos alunos, seja por
solução da problemática;
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● Questões específicas que se deseja responder - que tipo de material será necessário e quais
solução da problemática.
A terceira etapa, Teorização, tem por objetivo a busca pela informação em relação ao
projeto, exigindo tempo e aprofundamento na pesquisa. Os alunos tentam responder a
problemática elaborada a partir dos pontos-chave elaborados por eles. A organização e
planejamento pela busca da informação é essencial. Caso o trabalho seja em grupo, delegar
funções na colheita de dados é muito importante, pois ganha-se tempo e dinamismo na
finalização do projeto. Precisa-se definir exatamente o que será estudado e pesquisado,
definindo critérios para tomada de decisões. Para Berbel (2014, p.68), necessitamos processar
e analisar as informações coletadas para tirar conclusões, exigindo aptidões analíticas e de
síntese dos participantes. Assim, segue-se até o fim, sempre mobilizando níveis de
pensamento mais complexos. Neste sentido, temos:
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● Alternativas para solução da problemática;
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● Visualizar a possibilidade prática.
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uma sequência didática com, no mínimo, duas aulas. Essa sequência terá etapas de introdução,
desenvolvimento, avaliação e conclusão, como exemplificado na figura 2 abaixo:
em uma abordagem STEM para geração de renda com materiais acessíveis na prisão?
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Nos últimos vinte anos, houve um crescente reconhecimento de que o acesso ao
conhecimento científico não é igualitário para todos e que certos grupos estão
insuficientemente representados em esferas determinadas. Isso tem levado a iniciativas e à
criação de documentos com o propósito de conscientizar sobre essa questão e sustentar as
mudanças. A educação em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) tem se
fortalecido, principalmente nos Estados Unidos, como resposta ao fraco desempenho dos
alunos nessas disciplinas e com o objetivo de aumentar a competitividade global do país. Uma
estratégia adotada para abordar esse desafio é a facilidade da presença de estudantes vindos de
grupos sub-representados nos cursos de graduação em STEM. Paralelamente, a educação
básica também tem sido alvo de atenção, pois se argumenta que, sem estímulos específicos,
jovens de origens socioeconômicas mais baixas e grupos historicamente marginalizados
provavelmente não escolherão carreiras nas áreas STEM (UNBEHAUM; GAVA; ARTES,
2023, p. 151).
Os projetos elaborados com conceitos de ciências, partiram sempre de uma questão
problemática, para início da construção do conhecimento. Assim, foi proporcionando
condições para que os alunos-apenados possam raciocinar e resolvê-lo. Orientando esses
alunos, na reflexão do conhecimento, e na construção de um experimento ou um artefato
(CARVALHO, 2013). Neste contexto, Sasseron e Carvalho (2011, p. 253) dizem que:
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Matemática) pode ser inserida no cotidiano dos estudantes, ou de uma comunidade, onde
analisam uma problemática, planejando e propondo as devidas soluções.
A educação em STEM não configura uma metodologia, mas sim uma abordagem.
Uma proposta inovadora no ensino de ciências, como forma libertadora do ensino tradicional
e da aprendizagem não participativa. Tendo a preocupação de ter um aluno mais envolvente e
participativo no conteúdo ministrado nas aulas de ciências, é possível despertar o pensamento
crítico por meio do diálogo aluno-professor e professor-aluno. Equivocadamente a abordagem
STEM é classificada como metodologias ativas ou uma proposta de trabalho. Na verdade, ela
prioriza a utilização das tecnologias e metodologias ativas, bem como a cultura maker,
aprendizagem baseada em projetos, planejamento Reverso, Design Thinking, Robótica, entre
outros, inclusive na fabricação de artefatos, sejam eles mecânicos, analógicos ou digitais
(MAIA; DE CARVALHO; APPELT, 2021). Diversas metodologias podem ser aplicadas
numa abordagem STEM, mas não devemos esquecer que o aluno tem que estar inserido no
processo e fazer parte em todas as etapas da aprendizagem. Para Moran:
artefato;
outros.
Através do exemplo acima, utilizando a tecnologia, os alunos tiveram uma percepção
e clareza, de como eles poderiam elaborar o projeto. Logo após a explanação, abriu-se espaço
para perguntas dos alunos e dúvidas de como seria o processo. Depois de chuvas de ideias, os
alunos reuniram-se em grupos para as devidas discussões.
Sanado as dúvidas, os alunos elaboram as discussões em grupo, para definir qual seria
o artefato construído, conforme a realidade deles, para que houvesse alguma geração de renda
aos apenados com aplicabilidade em STEM. Conforme a figura 2.
Figura 2: formação de grupos de discussões
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Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos
Etapa 2 - Os Pontos chaves ou questões-chave
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Nesta etapa, além da escolha dos conteúdos abordados, os alunos verificaram os
materiais disponíveis nas celas que poderiam ser trabalhados, bem como como eles
conduziriam a pesquisa, uma vez que o acesso às tecnologias é restrito na prisão. No entanto,
com autorização e supervisão, eles poderiam buscar informações na internet sobre os
conteúdos abordados.
Em parceria com os professores, vale destacar a contribuição da professora de artes,
que ensinou aos alunos apenados técnicas de pintura, como a utilizada por Romero Britto em
tela, a qual seria aplicada na pintura dos vasos artesanais. A professora de física abordou
assuntos relacionados às relações métricas do triângulo retângulo, utilizadas na montagem dos
vasos de papel de origami.
Nas disciplinas de Química e Biologia, tratou-se da celulose, desde sua extração na
natureza até o clima da matéria-prima, os impactos ambientais e sua aplicação em produtos
diversos, como fraldas descartáveis, absorventes, tecidos, alimentos industrializados, adesivos
e biocombustíveis, além dos vários tipos de papel e sua utilização na construção civil. Na
matemática, o professor focou no teorema de Pitágoras e em figuras geométricas, conforme os
conteúdos pesquisados pelos alunos apenados. Isso é particularmente relevante dado o acesso
limitado à informação, principalmente no que tange à tecnologia.
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Hipótese de Solução é quando o projeto está praticamente concretizado e decisões
importantes relacionadas às alternativas de solução são elaboradas. Nesse contexto, é decidido
qual é o melhor caminho a ser desenvolvido. Agora, iremos detalhar as atividades de cada
grupo.
O primeiro grupo resolveu trabalhar com dobraduras de papel, material disponível na
prisão, na construção de vasos de papel utilizando dobraduras. Conforme a figura 3.
Fonte: autor
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Os alunos desta equipe, trabalhando com dobraduras de papel, realizaram dobras em
forma triangular e encaixaram essas dobras para formar um vaso de formato circular. Neste
grupo, chamado grupo 1, foram abordados os seguintes conteúdos: processos químicos e
físicos na fabricação do papel, matéria-prima e meio ambiente, produção de resíduos, origem
histórica do papel, área do triângulo e relações métricas do triângulo retângulo.
Em relação às tecnologias, os alunos assistiram a vídeos tutoriais do YouTube sobre a
construção de vasos com dobraduras. O vídeo assistido tinha o título: "Arte em ORIGAMI 3D
vaso para decoração" (https://www.youtube.com/watch?v=ACHQzehayPI). Também
estudaram a evolução da indústria do papel ao longo da história. Os conteúdos foram
pesquisados em livros, sites da internet e materiais disponibilizados pelos professores do
sistema prisional.
Dessa forma, para sanar dúvidas sobre os conteúdos abordados, os alunos solicitavam
explicações diretamente aos professores de Ciências, Química, Matemática e Física. Os
professores adaptaram seus planos de ensino do bimestre de acordo com os conteúdos tratados
no projeto, visando melhor atender aos alunos. O papel do pesquisador neste contexto foi
orientar e implementar o projeto em parceria com os professores. Isso permitiu que, com a
ajuda dos professores, os alunos pudessem superar suas dificuldades em tópicos específicos
abordados na perspectiva STEM.
No segundo grupo, os alunos utilizaram papel machê na construção do vaso.
Conforme mostrado na Figura 5, temos a descrição da atividade do grupo 2 feita por um aluno
apenado, e na Figura 6, a foto ilustra as condições em que a reciclagem do papel foi realizada
para a produção do artesanato.
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Fonte: autor, elaborado pelo aluno apenado participante dos grupos
Fonte: autor
Os alunos resolveram construir um vaso com medidas quadradas, com papel machê
feito pelos alunos. Foi transmitido a eles um vídeo tutorial COMO FAZER PAPEL
RECICLADO em casa (EXPERIMENTOS de QUÍMICA), no endereço eletrônico
https://www.youtube.com/watch?v=fjt5gWCx120. Construíram de forma artesanal, um molde
quadrado com sobras de madeiras da oficina de marcenaria. Feito o papel machê, misturaram
com cola e colocaram no molde para construção do vaso. Logo, após feito o vaso, depois de
seco, foi pintado com técnicas de pintura.
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Os conteúdos abordados no segundo grupo em relação a Biologia foram: os impactos
ambientais na produção do papel. Em relação a matemática: área do quadrado, poliedros,
teorema de Pitágoras, volume do cubo, arestas, faces e vértices. Na tecnologia assistiram
vídeos sobre os processos industriais na fabricação de celulose e processos de fabricação de
papel machê.
No terceiro grupo, chamado grupo 3, escolheram fazer vasos com papel reciclado,
balão e massa corrida. Conforme vídeo tutorial VASO FEITO COM BEXIGA – VASO DE
PAPIETAGEM ESTILO PORTUGUES de artesanato e decoração do Youtube no endereço
eletrônico https://www.youtube.com/watch?v=u__z1Delm4s , Enchendo um balão com água,
colando papéis reciclados e utilizando aproximadamente sete camadas de papel. Deixando-se
secar a cola, aplicando massa corrida no vaso, lixando e pintando depois de algum tempo,
conforme a Figura 7 e 8.
Figura 7 e 8: Construção de vaso utilizando balão, papel e massa corrida.
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Fonte: autor
Em relação aos conteúdos abordados, na química, os alunos pesquisaram, com
supervisão do policial penal, como é feita a reciclagem do papel e os processos químicos
envolvidos. Em artes, exploraram técnicas de pintura. Na matemática, trataram de conceitos
como circunferência, diâmetro e raio, explicando suas definições, as fórmulas aplicadas e
resolvendo problemas com as medidas do vaso construído.
No âmbito das tecnologias, assistiram a vídeos tutoriais da internet. Quanto ao
material dos conteúdos aplicados, os alunos realizaram pesquisas em livros didáticos e em
sites da internet, em dias específicos designados para a pesquisa.
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Figura 11: apresentação dos grupos com abordagem STEM
Fonte: autor
Diante das apresentações dos grupos do projeto STEM, temos os vasos artesanais
feitos pelos internos, apresentados no dia do seminário de cada grupo, conforme a figura 12,
13 e 14.
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Figuras 13, 14 e 15: protótipos dos vasos artesanais
Fonte: autor
RESULTADOS DA APLICAÇÃO
O projeto foi desenvolvido por alunos apenados do sistema prisional. Inicialmente, os
alunos demonstraram grande entusiasmo, pois nunca haviam participado de um projeto nesse
estilo, voltado para STEM. Eles elaboraram perguntas a partir da realidade prisional, como
por exemplo: quais materiais poderiam ser utilizados, levando em conta o que estava
disponível e permitido dentro da prisão? Também questionaram se o projeto teria conexões
com outras disciplinas.
Os alunos mostraram uma receptividade positiva e, em certa medida, surpresa ao
verem a aplicação desse projeto em uma unidade prisional. Eles perceberam a relação entre os
conteúdos abordados em sala de aula e a sua vivência no ambiente prisional. Notamos um
progresso na aprendizagem dos alunos, especialmente na pesquisa sobre conteúdos que ainda
não haviam sido estudados nas disciplinas.
Apesar das limitações, os alunos apenados perceberam que eram capazes de
desenvolver um projeto de inovação didática. Nesse sentido, eles se tornaram mais autônomos
e proativos na busca pelo conhecimento, na aplicação do protótipo no âmbito STEM. No
entanto, destacamos alguns desafios, como a falta de certos materiais para a construção dos
protótipos de artesanato. Nem todos os materiais são permitidos nas celas ou nas salas de aula
da prisão. Além disso, a segurança no ambiente prisional às vezes impossibilitava que os
internos trabalhassem no projeto.
A restrição de acesso à informação, particularmente no uso da tecnologia, também foi
um obstáculo. Salientamos a importância da sequência didática na elaboração do plano de
ensino para a implementação do projeto (ver Anexo 1).
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Ao final do projeto, foram realizadas discussões em grupo registradas em áudio.
Foram feitas perguntas como: O que os alunos acharam do projeto com aplicação de conceitos
de Física, Química, Matemática e Biologia no protótipo construído? Enfrentaram dificuldades
e já participaram de projetos similares anteriormente? As respostas dos alunos e de alguns
professores que participaram do projeto, auxiliando com suas aulas e sanando dúvidas dos
alunos, foram coletadas em forma de áudios. Com base nessas informações, agrupamos os
comentários dos alunos e de uma professora em temas específicos, como destacado a seguir:
O projeto em STEM, foi aplicado aos alunos por meio de metodologias ativas e
dinâmicas de trabalho em equipe, assumindo um processo de aprendizagem na perspectiva
investigativa, de modo que o aluno possa ser crítico em seu conhecimento e relacionando os
conteúdos do STEM em sua prática cotidiana. Neste caso, como no comentário do aluno 1
que definiu os conteúdos abordados em sua vivência.
“Boa tarde, é a primeira vez que venho participar desse projeto, que é
muito maravilhoso para o nosso aprendizado, que envolve química,
biologia, matemática, estamos aprendendo coisas que são utilizadas em
nossa vida e obrigado pela oportunidade”. (Aluno 1)
Para Moran (2015, p.16), “[...] a educação formal é cada vez mais misturada, híbrida,
porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do
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cotidiano”. Deve-se usar o cotidiano do aluno para o ensino aprendizagem, pois o saber que o
aluno carrega é fundamental para o seu desenvolvimento, como o comentário do aluno 2.
O aluno 4 foi responsável pela pintura do vaso de artesanato pelo seu grupo, apesar de
já ter trabalhado com pintura antes, demonstrou surpresa e interesse em envolver conteúdos
do acrônimo STEM com o protótipo elaborado.
“Apresentei uma obra de arte, que eu nunca tinha feito na minha vida, já
tinha trabalhado com pintura, desde os meus 15 anos de idade, nunca tinha
feito um projeto desse de jarros, que envolve matemática, física, artes,
aprendendo mais coisas que eu não sabia ainda, obrigado por tudo” (Aluno
4)
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nos princípios da cultura maker". O desenvolvimento desses conceitos é fundamental para que
o aluno seja capaz de contextualizar e refletir sobre a prática aplicada.
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Matemática, na aplicação do projeto e construção do artefato. Os internos nunca tinham
participado de nenhum tipo de projeto educacional antes, conforme comentários do aluno 6 e
7, ou seja, é muito significativo e compensador uma aprendizagem baseada em projeto (ABP),
principalmente com alunos apenados na prisão. Um ambiente que muitas vezes, de modo
discriminatório, medo, ou precaução em relação a segurança, as pesquisas no campo
científico, são evitadas e limitadas pelos pesquisadores.
No tocante às limitações na aplicação do projeto, são inúmeras as situações adversas
em uma Unidade Prisional. Seja pela falta de disponibilidade das tecnologias digitais no
campo de pesquisa, ou acesso a materiais restritos no sistema prisional. O pesquisador tem
que estar consciente que nem sempre o dia será produtivo, os internos não poderão sair de
suas celas, por motivos operacionais ou de segurança na prisão. Por outro lado, os alunos
apenados são bem participativos e interessados em relação aos alunos das escolas
convencionais.
Em relação aos projetos, os alunos desenvolveram de forma aplicada e participativa,
seguindo à devida metodologia, no caso o da problematização, deixando em aberto, um
possível aprofundamento do campo experimental para futuras pesquisas, pois, poucas
pesquisas foram realizadas no sistema prisional ou quase nenhuma, utilizando uma
metodologia baseada em projeto (ABP) com abordagem em STEM. Neste contexto, podemos
perceber que é possível aplicar projetos inovadores de forma holística com jovens e adultos,
neste caso, na educação multisseriada, que muitas vezes é classificada como uma educação de
segundo escalão apenas para diplomação de alunos que estão com defasagem educacional.
A aplicação do projeto em STEM no sistema penitenciário é um desafio, e para
surpresa deste pesquisador, foi uma experiência muito gratificante, pois os alunos apenados
superaram as expectativas. No entanto, observamos que alguns participantes dos grupos
poderiam ter se empenhado um pouco mais. Ao mesmo tempo, ficou clara a percepção das
limitações enfrentadas. Alguns relataram que estavam há muito tempo sem estudar, mas se
esforçaram para obter um melhor desempenho no projeto. Percebemos que, se tivéssemos
conseguido utilizar as tecnologias de maneira mais abrangente, o projeto teria sido ainda mais
enriquecedor. Os alunos poderiam ter realizado mais pesquisas sobre diversos tipos de vasos
de artesanato, assistido a mais vídeos sobre os temas abordados e pesquisado mais sobre os
materiais recicláveis utilizados no projeto. Em resumo, a pesquisa teria sido mais abrangente
em todos os aspectos possíveis.
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BIBLIOGRAFIA
PLANO DE ENSINO
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Teorização/ Atividade/Estrutura- 3ª aula
● Grupo 1 – (5 componentes)
● Grupo 2- (4 componentes)
Aplicação à realidade
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● Avaliou-se todo o processo, não apenas as apresentações. O empenho de
cada grupo, o material pesquisado, as conexões da teoria com a prática,
enfim, o aluno deve perceber a proatividade no campo da pesquisa e a
criatividade; fazer questionamentos, observações, e resolução de problemas
no dia a dia de uma prisão. Ou seja, o mais importante para a aprendizagem
do aluno é o processo nas etapas na sequência didática. Foi abordado a teoria
da problematização, a fim de tornar o aluno protagonista, na utilização das
metodologias ativas.
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ANEXO 2 (Registro das evidências em revista de quadrinhos) - Evidências do projeto em
STEAM- utilizando a metodologia Arco de Maguerez
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BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR
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