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Centro Universitário Católica de Santa Catarina

Maria Alice Senhorinha de Souza

Texto sobre “Filosofia do Direito no Período Moderno”

Dentro desse cenário, Hobbes coloca como sua maior preocupação o Estado
moderno e a soberania absoluta. Ele se inclui na tradição estabelecida por Bodin ao
buscar uma justificação da autoridade política que seja tanto secular quanto racional,
eliminando argumentos teológicos. O objetivo do autor é afirmar que a soberania
absoluta é o tipo ideal de governança e desvincula completamente questões
religiosas na política, destacando sempre o poder supremo da razão.

Ao exemplificar em suas obras, tais quais “Do Cidadão” e “O Leviatã”, Thomas


Hobbes enfoca a indispensável sujeição total ao governante supremo para garantir
um ambiente político pacífico e estável. Em contraste com as propostas políticas
alternativas, tais como a de Henry Parker, que apoiavam o poder popular e
restrições ao domínio dos príncipes. Ao rejeitar a noção de direito divino, Hobbes
afirma que todos os indivíduos são igualmente livres no estado de natureza e afirma
que o seu acordo é necessário para se submeter a qualquer forma de autoridade
governante sob a sua teoria do contrato social.

A importância de Hobbes na Filosofia do Direito é ressaltada no texto ao mencionar


como sua obra revoluciona o entendimento sobre a lei e o Direito Natural.
Adicionalmente, ele desenvolveu uma teoria inovadora sobre representação que
reforça o princípio da soberania absoluta. O resultado disso é uma mudança na
compreensão da natureza humana, do Direito Natural e do Estado, que também
deixou sua marca na modernidade política.

No texto, discutem-se as concepções de Thomas Hobbes acerca da natureza


humana, além da ênfase dada ao estabelecimento do contrato social como meio
indispensável para garantir a ordem nas comunidades. No começo da obra, Hobbes
retrata a natureza humana como sendo movida por uma constante busca pelo poder
e uma insaciável procura pelos seus desejos. Ele contesta veementemente qualquer
ideia que haja algo superior ou transcendentemente bom. De acordo com sua
perspectiva, a felicidade é alcançada por meio do incessante progresso dos desejos
insatisfeitos, os quais servem como motivação para as atividades humanas.

É enfatizado por Hobbes que a existência de seres humanos com aspirações


semelhantes dificulta imensamente a conquista da satisfação pessoal. Isso ocorre
porque surge um estado constante de rivalidade entre as pessoas na qual
prevalecem sentimentos como competitividade excessiva, egoísmo exacerbado e
falta de confiança. Sua descrição da igualdade intrínseca dos homens está
relacionada não à sua fortuna ou talento, mas sim à possibilidade que todos têm de
alcançar seus propósitos.
Entretanto, esse equilíbrio é mantido pelo medo recíproco e pela necessidade
individual de segurança, resultando em um estado constante de luta geral.

Para Hobbes, a única maneira de se livrar desse estado de guerra é estabelecendo


um pacto social. A base desse pacto reside na razão e não é derivada da inclinação
natural para a associação nem da natureza política do homem, conforme
observados por Aristóteles e Locke. Na condição de guerra, os indivíduos decidem
estabelecer um poder centralizado que regula as interações entre eles com o
objetivo de preservar sua própria existência pacificamente.

O contrato social conforme descrito por Hobbes representa a única solução para
fugir ao estado natural caótico. Ele tem um papel fundamental no desenvolvimento
político-social ao garantir a sobrevivência e estabilidade da sociedade.

Em seu livro "Leviatã", no décimo quarto capítulo, Thomas Hobbes introduz uma
nova interpretação sobre o direito natural e a lei natural. O argumento defendido é de
que o direito natural se refere à liberdade que cada indivíduo possui para utilizar seu
poder visando sua autopreservação, enquanto a lei natural corresponde às regras
gerais estabelecidas pela razão, as quais proíbem condutas danosas à vida ou
preservações. Seguindo as ideias de Hobbes, é ressaltado que os direitos estão
diretamente ligados à liberdade individual para agir e as leis funcionam como
reguladoras obrigando determinadas ações ou abstenções.
De acordo com Hobbes, a lei natural se apoia na razão e constitui uma expressão da
racionalidade instrumental, compreendendo capacidades de discernimento e
pensamento crítico. Dentro do contexto primitivo em que todos os indivíduos
possuem total liberdade para reivindicar qualquer coisa sem nenhum limite imposto
por algum poder externo controlador; nesta situação natural ocorre então o desejo
automático pela autopreservação. Essa busca deriva-se diretamente das emoções
instintivas humanas aliadas à lógica básica associada aos seus impulsos mais
primordiais quando interagindo uns com os outros.

Segundo Hobbes, o contrato social é essencial para garantir uma autopreservação


sustentável ao possibilitar a transferência mútua dos direitos e estabelecer um poder
comum acima das partes envolvidas. Obedecer à legislação positiva é o objetivo
principal da lei natural, tornando inválidos qualquer motivo ou desculpa para rebelar-
se em prol de uma suposta norma superior.

A conclusão do pensamento de Hobbes é clara: através das leis naturais, busca-se


manter a paz nas comunidades humanas. As redefinições em termos de direito
natural dão origem a um novo paradigma político em que o poder governamental
opera dentro de fronteiras imanentes, ao mesmo tempo que é limitado apenas pela
salvaguarda da vida, da liberdade e da propriedade; influenciando assim
significativamente as concepções contemporâneas em torno das liberdades civis
inatas.

O foco principal do texto recai sobre o capítulo 14 da obra criada por Thomas
Hobbes. Neste trecho, são analisadas as reflexões sobre a renúncia dos direitos
como solução para sair do estado beligerante. A explicação dada por Hobbes é que
a renúncia aos direitos envolve uma declaração voluntária na qual se transfere os
referidos direitos, tudo isso tendo em vista a criação de um poder compartilhado que
busca garantir a segurança e preservar as vidas. Isso acarreta na construção de um
contrato social e no estabelecimento da soberania. Também é abordado pelo autor a
distinção entre pessoa natural e artificial juntamente com uma introdução ao conceito
de representação que serve para fundamentar as condições do pacto social. Para
unificar a multidão dispersa, o soberano assume o papel de pessoa artificial. A
permissão conferida ao soberano é absoluta porque os desejos dele têm prioridade
sobre os desejos dos súditos; portanto, qualquer forma de revolta não tem lugar. Em
Hobbes, a representação política sustenta o sistema, embora seja carente de uma
dimensão relacional. Segundo a argumentação apresentada pelo autor, Hobbes
conseguiu repensar profundamente o significado da lei e Direito Natural ao promover
um sistema de governo absoluto estável fundamentado no constante consentimento
dos governados.

O autor explora, no capítulo 14 da sua obra, a ideia intrigante e controversa sobre


abrir mão dos direitos individuais como um meio para se livrar da constante
existência do conflito armado. Segundo Hobbes, é possível realizar essa renúncia ou
transferência dos direitos tanto por meio da fala quanto das atitudes. O objetivo
principal é criar um poder conjunto capaz de assegurar a paz e a segurança. O
fundamento do contrato social reside nessa transferência mútua de direitos.

Segundo a teoria do contrato social proposta por Hobbes, os indivíduos devem


reconhecer a necessidade de renunciar aos seus direitos visando garantir tanto sua
própria segurança quanto sobrevivência. Esta situação leva à criação de uma só
vontade, que se materializa na República/Civitas. No âmago do espaço político está
essa vontade singular, na qual a multidão dispersa assume o papel de sujeito
político. Além disso, é no caminho desse processo que os princípios do Direito
Natural são convertidos em direitos recíprocos em busca da justiça.

Chama a atenção o fato de que Hobbes emprega duas lógicas paralelas ao justificar
o pacto social. Enquanto uma das abordagens enfoca a unificação da vontade, a
outra concentra-se na importância da representação. No âmbito desse cenário, a
diferenciação entre pessoa natural e persona artificial possui grande relevância. A
tese defendida por Hobbes afirma que apenas através da representação pode-se
legitimar as implicações do pacto social. Para ele, somente quando são
representados pelo soberano os indivíduos em multidões podem se tornar sujeitos
políticos.

Todos os súditos são representados pelo soberano ou Estado, que surge a partir do
pacto social. Mantendo o domínio supremo sobre tudo, ele deve zelar pela
segurança e harmonia. Contudo, essa incumbência não se restringe àqueles ao seu
redor; ela reflete até mesmo em sua própria pessoa ultimamente para com Deus.
Isso acarreta em uma autoridade incontestável do soberano, onde não há margem
para resistir ou se revoltar.

Contudo, essa visão sobre soberania absoluta e a representação política conforme


Hobbes apresentam questões problemáticas. O incarnar ou constituir alguém como
governante requer não só um acordo preliminar daqueles sobre quem ele reivindica
autoridade conjunta com todos eles, mas também seu constante apelo
demonstrando continuamente sua competência moral. Todavia, a representação
política em Hobbes despreza as vontades individuais irredutíveis e inalienáveis. A
consequência disso é o surgimento de um paradoxo, assunto tratado posteriormente
pelos autores Locke e Espinosa.

De maneira sucinta, Hobbes sustenta que renunciar aos direitos individuais é crucial
para estabelecer um pacto social e alcançar a formação de uma autoridade
soberana. A justificação da soberania absoluta está na representação, contudo
surgem dificuldades relacionadas com as decisões individuais e o ato de tornar o
governante responsável. Mediante sua revisão dos princípios de lei e Direito Natural,
Hobbes assegurou que o regime absolutista permanecesse estável graças ao
consentimento contínuo.

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