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Dentro desse cenário, Hobbes coloca como sua maior preocupação o Estado
moderno e a soberania absoluta. Ele se inclui na tradição estabelecida por Bodin ao
buscar uma justificação da autoridade política que seja tanto secular quanto racional,
eliminando argumentos teológicos. O objetivo do autor é afirmar que a soberania
absoluta é o tipo ideal de governança e desvincula completamente questões
religiosas na política, destacando sempre o poder supremo da razão.
O contrato social conforme descrito por Hobbes representa a única solução para
fugir ao estado natural caótico. Ele tem um papel fundamental no desenvolvimento
político-social ao garantir a sobrevivência e estabilidade da sociedade.
Em seu livro "Leviatã", no décimo quarto capítulo, Thomas Hobbes introduz uma
nova interpretação sobre o direito natural e a lei natural. O argumento defendido é de
que o direito natural se refere à liberdade que cada indivíduo possui para utilizar seu
poder visando sua autopreservação, enquanto a lei natural corresponde às regras
gerais estabelecidas pela razão, as quais proíbem condutas danosas à vida ou
preservações. Seguindo as ideias de Hobbes, é ressaltado que os direitos estão
diretamente ligados à liberdade individual para agir e as leis funcionam como
reguladoras obrigando determinadas ações ou abstenções.
De acordo com Hobbes, a lei natural se apoia na razão e constitui uma expressão da
racionalidade instrumental, compreendendo capacidades de discernimento e
pensamento crítico. Dentro do contexto primitivo em que todos os indivíduos
possuem total liberdade para reivindicar qualquer coisa sem nenhum limite imposto
por algum poder externo controlador; nesta situação natural ocorre então o desejo
automático pela autopreservação. Essa busca deriva-se diretamente das emoções
instintivas humanas aliadas à lógica básica associada aos seus impulsos mais
primordiais quando interagindo uns com os outros.
O foco principal do texto recai sobre o capítulo 14 da obra criada por Thomas
Hobbes. Neste trecho, são analisadas as reflexões sobre a renúncia dos direitos
como solução para sair do estado beligerante. A explicação dada por Hobbes é que
a renúncia aos direitos envolve uma declaração voluntária na qual se transfere os
referidos direitos, tudo isso tendo em vista a criação de um poder compartilhado que
busca garantir a segurança e preservar as vidas. Isso acarreta na construção de um
contrato social e no estabelecimento da soberania. Também é abordado pelo autor a
distinção entre pessoa natural e artificial juntamente com uma introdução ao conceito
de representação que serve para fundamentar as condições do pacto social. Para
unificar a multidão dispersa, o soberano assume o papel de pessoa artificial. A
permissão conferida ao soberano é absoluta porque os desejos dele têm prioridade
sobre os desejos dos súditos; portanto, qualquer forma de revolta não tem lugar. Em
Hobbes, a representação política sustenta o sistema, embora seja carente de uma
dimensão relacional. Segundo a argumentação apresentada pelo autor, Hobbes
conseguiu repensar profundamente o significado da lei e Direito Natural ao promover
um sistema de governo absoluto estável fundamentado no constante consentimento
dos governados.
Chama a atenção o fato de que Hobbes emprega duas lógicas paralelas ao justificar
o pacto social. Enquanto uma das abordagens enfoca a unificação da vontade, a
outra concentra-se na importância da representação. No âmbito desse cenário, a
diferenciação entre pessoa natural e persona artificial possui grande relevância. A
tese defendida por Hobbes afirma que apenas através da representação pode-se
legitimar as implicações do pacto social. Para ele, somente quando são
representados pelo soberano os indivíduos em multidões podem se tornar sujeitos
políticos.
Todos os súditos são representados pelo soberano ou Estado, que surge a partir do
pacto social. Mantendo o domínio supremo sobre tudo, ele deve zelar pela
segurança e harmonia. Contudo, essa incumbência não se restringe àqueles ao seu
redor; ela reflete até mesmo em sua própria pessoa ultimamente para com Deus.
Isso acarreta em uma autoridade incontestável do soberano, onde não há margem
para resistir ou se revoltar.
De maneira sucinta, Hobbes sustenta que renunciar aos direitos individuais é crucial
para estabelecer um pacto social e alcançar a formação de uma autoridade
soberana. A justificação da soberania absoluta está na representação, contudo
surgem dificuldades relacionadas com as decisões individuais e o ato de tornar o
governante responsável. Mediante sua revisão dos princípios de lei e Direito Natural,
Hobbes assegurou que o regime absolutista permanecesse estável graças ao
consentimento contínuo.