Você está na página 1de 5

Efeitos oculares associados ao padrão de uso e à dose de

clorpromazina+

Ocular effects related to the pattern and dose ofuse chlorpromazine

Fábio Vaccaro II) RESUMO


Roberto Freda II)
Ítalo Mundialino Marcon 131
N'orberto Seminotti 131 Os autores avaliam a influência da dose da c1orpromazina no desenvolvi­
m ento de alterações oculares características em 38 pacientes psiquiátricos
internados no Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre, RS) em uso
crônico desta droga.
Vinte e dois pacientes (58%) apresentaram efeitos oculares adversos,
m anifestados por opacificação bilateral d o cristalino e, em casos severos,
opacificação concomitante do endotélio corneano. Os pacientes foram classi­
ficados em graus crescentes de O a IV, de acordo COm as alterações cristalineanas,
O grau zero representou ausência de alterações e o grau IV pigmentação
bilateral acentuada da c ápsula anterior do cristalino em forma de estrela, A
freqüência das alterações é analisada em relação faixa etária, padl'ão de uso
e doses utilizadas.
Os autores sugerem a possibilidade de uma suscetibilidade maior em
indivíduos idosos, e concluem ser a dose total de c1orprom azina o fator m ais
importante na gênese das alterações oculares,
Palavras-chave: Clorpromazina; Opacidade lenticular; Catarata estelar.

INTRODUÇÃO roléptica. Este tenno, entretanto, refe­


re-se aos efeitos neurológicos adversos
da droga, praticamente indissociáveis
A introdução na prática clínica da
clorpromazina, em 1 952, por Delay e dos e fe itos terapêuticos desej ados,
Deniker, pode ser considerada como quando referimo-nos aos anti-psicó­
wo marco da psicofannacologia mo­
ticos mais antigos , incluída a clor­
dema. Esta droga, sintetizada 2 anos promazina. Estes efeitos neurológicos
antes, na França, por Charpentier, pas­ adversos incluem sindromes extra-pira­
+
Trabalho realizado no Hospital Banco de OUIOS de sou então a integrar a lista das drogas · midais, como reações distôllÍcas agu­
Porto Alegre, RS.
(1) Doutorandos da FFFCMPA, Bolsistas da Fundação de mais comumente utilizadas na clínica das, parkinsonismo, acatisia, catatonia
Amparo à Pesquisa do RS médica. É muito empregada em Psi­ e discinesia tardia. Drogas mais novas,
(l) Médico do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre;
Membro do CBO quiatria no tratamento de psicoses, ten­ como a clozapina, são efeti vas como
(3) Médico do Hospital Banco Olhos de Porto Alegre, do especial valor em pacientes com es­ anti-psicóticos mas não apresentam os
Professor adjunto da disciplina de Oftalmologia da
Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de quizofrenia. efeitos neurológicos adversos anterior­
Porto Alegre; Coordenador do Departamento de Ensi­ Fannacologicamente, a clorproma­ mente citados e, de acordo com a ten­
no e Residência do HBOPA
zina é uma fenotiazina que faz parte do dência atual, não devem ser chamadas
Endereço para correspondfncla: Dr. ftalo Mundialino
MarCOD - Rua Pedro Ivo, 654/ap 201 - CEP 90450-2 1 0. grupo dos anti-psicóticos, sendo tam­ de neurolépticas, mas preferencialmen­
Porto Alegre-RS. te, de drogas anti-psicóticas, apenas.
bém , não raram ente , como droga neu-

ARQ. BRAS. OFTAL. 57(2), ABRIUl994 http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19940058 1 07


Efeitos oculares associados ao padrão de
uso e à dose de clorpromazina

Os esquemas terapêuticos emprega­ Hospital Banco de Olhos de Porto Ale­ foram classificadas como grau III, e 3
dos . no uso destas drogas envolvem, gre, o qual consistia na medida da delas apresentaram impregnação do
comumente, terapia a longo prazo, de­ acuidade visual, retinoscopia biomi­ endotélio corneano. Nove pacientes
vido à doença psiquiátrica subjacente, croscopia e fundoscopia. (4 0 , 9 %) apresentaram grau II, sendo
nornlalmente de difícil controle através A fim de avaliannos as alterações do que nenhuma delas apresentou altera­
do tratamento clínico ou psicoterápico, cristalino, estabelecemos mna classifi­ ções corneanas. Finalmente, 6 pacien­
obrigando o uso da medicação por perí­ cação, em graus crescentes, conforme a tes (27,3 %) apresentaram grau l, e ne­
odos prolongados, muitas vezes de for­ sua gravidade, na seguinte ordem: nhuma destas apresentou qualquer alte­
ma permanente ao longo da vida. ração que comprometesse a córnea.
Os anti-psicóticos, como qualquer GRA U O: sem alterações oculares: Portanto, todas as pacientes que tive­
outra droga, são capazes de produzir GRA U I: pigmentação bilateral discreta ram comprometimento ocular, apresen­
efeitos prejudiciais ao organismo, pa­ da cápsula anterior do cristalino, na taram, no mímino, opacificação bilate­
ralelos àqueles efeitos benéficos que área pupilar, de aspecto disciforme. ral do cristalino. Os dados obtidos são
buscamos quando instituímos a medi­ GRA UII: pigmentação bilateral discreta mostrados no gráfico 1 .
cação. da cápsula anterior do cristalino, porém O exame do fundo-de-olho mostrou­
Já em 1 958, efeitos oculares adver­ já delimitando o formato de estrela. se alterado em 6 pacientes. Destas três
sos foram notados em pacientes que fa­ GRA U III: Pigmentação bilateral mode­ apresentavam escavação glaucomatosa
ziam uso de clorpromazina 1 2 . A partir rada da cápsula anterior do cristalino da papila, uma apresentava alterações
de então, vários têm sido os relatos que em fonna de estrela. hipertensivas na vascularização reti­
correlacionam o uso de clorpromazina GRA U IV: pigmentação bilateral acen­ niana compatível com o grau 2 da clas­
com o aparecimento de opacidades do tuada da cápsula anterior do cristalino si ficação de Keith e Wagener (KW2),
cristalino e da córnea. Tais opacidades, em forma de estrela. outra mostrava drusas no pólo posterior
consistem em depósitos granulares, lo­ e a última apresentava hialose aste­
calizados preferencialmente na porção Após a fase de exames, procedeu-se róide . Nenhuma destas alterações foi
anterior do cristalino, onde freqüente­ à revisão dos prontuários das pacientes, atribuída ao uso da clorpromazina
mente assumem aspecto de catarata colhendo-se dados dos últimos 10 anos (CPZ).
estelar, e porção posterior da córnea. a respeito do padrão de uso e da dose de Apesar das dificuldades encontradas
No presente trabalho, estudamos as clorpromazina.
na obtenção de infonnações, a acui­
alterações oculares encontradas em 3 8
dade visual não se mostrou alterada
pacientes psiquiátricos crôliicos inter­ RESULTADOS pelas opaci ficações oculares secundá­
nados no Hospital Psiquiátrico São
rias ao uso de altas doses de clorpro­
Pedro de Porto Alegre (HPSP), correla­
Entre as 3 8 pacientes examinadas, mazina. As variações do nonnal foram
cionando-as com o uso de clorpro­
22 (5 7,9 %) delas apresentavam alguma atribuídas a erros de refração e a pre­
maZÍna.
alteração ocular. sença de catarata em sua grande maio­
Na distribuição confonne o grau de ria de origem senil.
CASUÍSTICA E MÉTODOS impregnação do cristalino, observamos Ao analisarmos, retrospectivamente,
que 3 pacientes, o que corresponde a de acordo com a dose total de clorpro­
No periodo de dezembro de 1 99 I a 1 3 ,6% dos pacientes com alguma mazina utilizada pelos pacientes nos
dezembro de 1 992, foram examinados alteração ocular, apresentaram grau últimos 1 0 anos, observamos uma inci-
38 pacientes psiquiátricos crônicos in­ IV. Destas, todas
ternados no Hospital Psiquiátrico São apresentaram im­
Pedro , que faziam uso de clorpro­ GRÁFICO 1
pregnação do en­ Frequência de opacificações oculares, por grau, em pacientes
mazina. Todos os pacientes eram do dotélio corneano, em uso a longo prazo de clorpromazina. .
sexo femiriino, devido às dificuldades sendo que unla pa­
operacionais que encontramos para ciente apresentou,
examinarmos os pacientes das unidades associada à pig­

masculinas. A idade das pacientes va­ mentação lenticu­ E

[
.91
riou entre 25 e 72 anos, com média de lar e endotel ial , o �::!!O
50.7 anos. Das 3 8 pacientes 2 1 (55 .3 %) pigmentação do � 1
eram brancas, 1 7 (44,7%) pretas. terço posterior do c:
ao • :::!C:!,o
O�----��� , __� __ •
As pacientes foram submetidas a e stroma. Quatro
Grau de Opacificação
exame oftalmológico especializado, no pacientes (1 8,2%)

I lO ARQ. BRAS. OFfAL. 57(2), ABRlU1 994


Efeitos oculares associados ao padrão de
uso e à dose de clorpromazina

QUADRO 1
Observamos 6 pacientes que haviam
interrompido o uso de clorpromazi n a
Freqüência de opacificaçõeoOculares em relação a dose lolal de clorpromazina, em gramas.
há mais de 3 anos. Dentre estas pacien­
Do s e Pacienles com Pacienles sem Tolal tes, 4 apresentavam alterações de grau
em gramas opacificação ocular opacificação Ocular variando entre I e II e 2 pacientes não
Na % NI % NI % apresentavam alterações. Outras 2 pa­
Acima 1 000 4 1 00 O O 4 11 cientes também haviam cessado o trata­
500-999 5 50 5 50 10 26 mento, mas há menos de 3 anos, e
200-499 8 62 5 38 13 34 ambas apre sentavam opacificações
-200 5 45 6 55 11 29 oculares, uma com grau II e a outra
Tolal 22 16 38 1 00 com grau IV.

DISCUSSÃO

dência maior de alterações pigmentares çada, a dose total necessária para pro­ Os dados que obtivemos mostram
nos pacientes submetidos a doses ele­ vocar opacificações oculares é compa­ que de um total de 3 8 pacientes que
vadas, conforme mostra o quadro 1 . rativamente menor que nos pacientes faziam uso de clorpromazina, 22 pa­
Se fracionarmos os pacientes com mais jovens. cientes (57 ,9%) apresentaram e feitos
opacificação ocular nos 4 grupos que Analisando o quadro acima, obser­ oculares adversos, manifestados por
fizemos re ferência anteriormente e , va-se que a dose total média nos pa­ opacificação do cristal ino ou da córnea.
compararnlOs com a dose total de cientes com opacificação ocular e ida­ Todas as 22 pacientes apresentaram
clorpromazina utilizada, em gramas, é de superior a 60 anos foi de 26 1 gra� pigmentação b ilateral do cristalino,
possível percebermos, novamente, 'que mas, bem menor que nos outros grupos sendo que 6 delas ( 1 5 , 8%) apresenta­
altas doses totais determinam altera­ etários. Isto pode sugerir uma maior ram pigmentação corneana concomi­
ções oculares mais intensas, conforme suscetibilidade nos pacientes com ida­ tante (gráfico 1 ) .
constata�se no quadro 2. de mais avançada. N a nossa série , a s alterações d o
Corroborando a afirmação acima, A incidência de alterações oculares cristalino foram a s manifestações ocu­
podemos calcular a dose total média nos 2 1 pacientes de cor branca que fa­ lares mais freqüentemente encontradas
utilizada em cada grupo, através da ziam uso de clorpromazina foi de 57%, e o envolvimento da córnea sempre
simples soma da dose total de todos os enquanto que nos negros foi de 59%. esteve associado a graus elevados (III
pacientes de um determinado grupo, e Com relação à regressão das opa­ e IV) . Estes dados corroboram a im­
posterior divisão pelo número total de cificações do cristalino e da córnea, 3 pressão da literatura mundial 2. 4. 5 . S. I I .
pacientes por grupo. Ao compararmos, pacientes foram acompanhadas, através 12.
As alterações cristal ineanas con- .
então, a média das doses totais de clor­ de fotodocwnentação, por um períodó sistiram em depósitos granulares de
promazina a cada diferente grau de al­ de aproximadamente I ano após a in­ pigm entos na cápsula anterior, cuj o
terações oculares, obtemos o seguinte terrupção do uso de clorpromazina. formato e intensidade mostraram-se
gráfico (Gráfico 2); Observou-se um decréscimo no grau da dependentes da dose tofal ! de clor­
Analisando-se a incidência por faixa opacificação, ainda que tenha havido a promazina. Inicialmente, estas altera­
etária, observamos uma tendência au­ persistência desta anormalidade. ções apresentam-se como um depósito
mentada entre 4" e 6a décadas, com um
declínio a partir da 7a década, conforme
mostra o quadro 3 . Entretanto, salienta­
mos que dos 5 pacientes com idade su­ Q UADRO 2
perior a 60 anos que não apresentaram FreqUência de opacificações oculares, por grau, em relação a dose total de clorpromazina, em gramas:
alterações oculares, 3 receberam dose
D ose Grau IV Grau III Grau II Grau I Grau O Tota l
total de clorpromazina inferior a 70 em g ramas NI % NI % NI % NI % N° % N° %
gramas nos últimos 10 anos (o que cor­
responde a uma dose total baixa) . Por Acima 1 000 3 75 1 25 O O O O O O 4 11
500-999 O O 3 30 2 20 O O 5 50 10 26
outro lado, ao confrontarmos a incidên­
200-499 O O O O 6 46 2 15 5 39 13 34
cia por faixa etária com a dose total -200 O O O O 1 9 36 6 55 11 29
média de clorpromazina, observaremos
que nos pacientes de idade mais avan- Tolal 3 4 9 6 16 38 1 00

ARQ. BRAS. OFTAL. 57(2), ABRlIJl 994 III


Efeitos oculares associados ao padrão de
uso e à dose de c/orpromazina

GRÁFICO 2
1 1 , 12, 13
, Paranhos 9, com graus I e II. A grande maioria dos
Freqüência de opacilicaçoos oculares, por grau, em relação contu d o , sugere autores também têm observado um
à dose total média de CPZ em gramas
ser o tempo o fa- maior comprometimento do endotélio
tor de maior im­ come ano do que do estroma. Johnson
portância, embora 6, entretanto, observou a ocorrência de
este autor não te- ceratopatia epitelial, semelhante àque­

I_
nha fe i to uma la induzida pela cloroquina; em pa­
:-;.1oW m6d. do CPZ correlação com a cient e s usuários crôn i co s de clor­
dose total , promazina. Na nossa série, nenhuma
Todas as pa­ paciente teve comprometimento epi­
cientes com dis­ telial .
tribui ção disci­ A natureza das alterações corneanas
OPAU I , S, 8, 1 2
form e dos pig­ e lenticulares . não é conhecida .

mentos (grau I) , A localização histológica dos depósi­


pigmentar de distribuição disciforme utilizaram doses totais inferiores a 500 tos granulares encontrados em nossos
na área pupilar da cápsula anterior. gramas, a maioria tendo util izado uma pacientes (cápsula anterior do cristali­
Progressivamente vão ocupando as li­ dose total inferior a 200 gramas , Por no e porção posterior da córnea) , cor­
I
nhas de sutura do cri stalino, assumin­ outro lado , a totalidade das pacientes roboram a sugestão de Barsa , que
do um formato de estrela, que é cha­ com acentuada catarata estelar (grau propõe que as alterações oculares se­
mado de catarata estelar. Nos casos I V) , utilizaram dose total de clorpro­ j am secundárias a alterações químicas
mais leves de opacifi cação, observa­ mazina superior a 1 000 gramas. Com do humor aquoso, o que é contrário
mos depósitos granulares d i fusos na relação às alterações corneanas, ob­ aos achados de Johnson 6, que propôs
cápsula anterior. Já nos casos de opa­ servou-se que as mesmas sempre se serem as alteraçõe s oculares deposita­
cificação mais intensa, o que pudemos apresentaram numa d istribui ção dis­ das através das lágrimas . Muitos auto­
notar foi uma tendência à formação ciforme no endoté l io corneano, sendo res chamam a atenção para o fato das
estelar. Na grande maioria das vezes, raro o comprometimento estromal da opacidades serem mais freqüentes nas
os grânu l o s tinham c o l oração e s­ córnea. No nosso estudo, apenas uma áreas expostas à luz solar S, 8, 12, 1 3
.

branqui çada. Estes dados também são paciente mo strou comprometimento As opaci ficações em formato este­
semelhantes aos descritos por outros estromal , sendo que esta foi a paciente lar, até pouco tempo atrás, eram pa­
I I,
au t o r e s 5. 12
. C las s i fi cam o s as que util izou a maior quantidade de tognomônicas do uso de altas doses de
alterações do cristal ino em 4 grupos, clorpromazina ( 1 376 gramas). As opa­ clorpromazina s. Todavia, estudos re­
desde a distribuição d isciforme ini cial cidades corneanas nunca apareceram centes mostraram catarata estelar em
até uma acentuada catarata estelar. isoladas , embora isto esteja descrito na pacientes ambulatoriais não usuários de
A observaçã,o de nossos achados l iteratura 6. Estas alterações mostra­ clorpromazina 10
.

mostra uma nítida correlação entre as ram-se dependentes da intensidade das A s u s c e t i b i l i d a d e às alterações
pacientes submetidas a doses elevadas alterações do cristal ino, sendo en­ corneanas e lenticulares parece aumen­
de clorpromazina e a intensidade das contradas em 75% das pacientes com tar com a idade, de acordo com os nos­
alterações oculares. Vários trabalhos grau III e em 1 00% das pacientes
com sos resultados (nos idosos a dose total
têm sugerido idéia semelhante 3, 4 , S, 7 , 8, grau IV, não aparecendo nas pacientes ne cessária para o aparec imento das
opaci ficações parece ser menor do que
nos i ndivíduos mais j ovens) . Não foram
QUADRO 3 encontradas alterações do fundo de
Frequência de opacHicações oculares em relação à faixa etária e a dose total média de clorpromazina. olho secwldárias à clorpromazina, e a
acuidade visual não se mostrou alterada
Faixa Etária Pacientes com Pacientes sem
pelas opaci fi caçõe s oculares , o que
opacHicação ocular opacHicação ocular
também é consoante com a maioria dos
N" % Média dose total (g) N' % Média dose total (g) autores 1 , 7, 8, I I , É interessante salientar a
presença de relatos na l iteratura de per­
20-29 t 25% 1 . 259 3 75% 531
30-39 6 1 00% 520 O 0% O da da função visual devido às opacida­
40- 49 4 67% 751 2 33% 355 des do cristalino e da córnea 12
e , mais
50-59 8 57% 396 6 43% 295 raramente , a uma de generação pig­
60 ou + 3 37% 261 5 63% 171
mentar retiniana irreversível produzida

1 12 ARQ. BRAS. OFTAL. 57(2), ABRl[l199 4


Efeitos oculares associados ao padrão de
uso e à dose de clorpromazina

pelos anti-psicóticos, especialmente a to Alegre em e special ao Dr. Wilson


SUMMARY
s , 8,
\3
tioridazina . Olive ira Leite Filho pela documen­
Nas pacientes que haviam suspendi­ tação fotográfica.
The autlwrs assess the inflllence of
do o uso de clorpromazina e que tive­
the chlorpromazine dose on the
mos a oportunidade de acompanhar por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
development of specific ophthalmologic
um período de aproximadamente 1 ano,
distllrbances, in 38 psychiatric in­
observamos regressão apenas parcial BALDESSARINI, R. I. - Drugs and lhe trcatmcnt
patients kept in the São Pedro
das alterações oculares. ofphychiatric disordcrs. in: GOODMAN, L. S. &
Psychiatric Hospital on chronic use of GILMAN, A. - The Pharmacological Basis of
this d1llg. Therapeutics. 7' edição. Nova Iorque, MacMil­
CONCLUSÃO Twenty-two patients (58%) had lian , 1 98 5 , Cap. 1 9 , pp 3 87-445.
2 IlARSA, 1. A.; NEWTON, I. C.; SAUDERTS, 1.
adverse ocular ejJects, manifested by C. - Lenticular and corneal opacities during
Nosso trabalho demonstrou de for­ bilateral opacities of the lens and, in phenolhiazine therapy. JAMA, 1 93 : 1 0- 1 2 , 1 965.
ma irrefutável a relação crescente entre severe cases, corneal endothelial 3 B UFFALOE, W . I . ; JOHNSON, A . W.;
SANDIFER, M. G. - Total Dosage of Chlorpro­
a dose total de clorpromazina e o de­ impregnation. The patients were m a z i n e a n d O c u la r Opac i t i e s . A m e r. J.
senvolvimento das alterações lenticu­ classified in increasing grades Psyclriat, 1 24: 2 , 1 967.
according to the lens alterations. Zero 4 CAMERON, M . E. - Ocular melanosis with
lares e corneanas . Outro aspecto que
special re ference to chlorpromazine. Br. J.
nos parece bastante relevante é a possi­ grade stands for no alterations white Ophthal, 5 1 : 295-305, 1 967.
bilidade de haver uma maior susce­ grade IV stands for marked bilateral 5 DELONG, S. L . e t alii. - O c u l ar c hanges
lens opacities of anterior lens capsule assoc i ated wi th l o n g-term chl orpromaz i n e
tibilidade dos indivíduos mais velhos,
therapy. Areh. Ophthal, 73 : 6 1 1 -6 1 7, 1 965.
Wll a vez que a dose total necessária in stellate paltem. The fi'equency of the 6 JOHNSON, A . W . & BUFFALOE, W. I. -
para provocar pigmentações oculares eye changes is analyzed considering Chlorpromazine epith elial keratopalhy. Areh
with age, paltern use and dose. Ophthal, 7 6 : 664-667, 1 967.
foi comparativamente menor que . nos
7 MARGOLIS, L. G. ; GOBLE, I. L. - Lenticular
pacientes mais jovens. A acuidade vi­ The autlwrs suggest the possibility of opac ities with prolonged phenothiazine therapy.
sual não foi prejudicada em nenhuma a higher sllsceptibility in elderly JAMA, 1 93 : 95-9 7 , 1 9 65.
8 McCLANAHAN e t alii. - Ocular manifestations
das pacientes examinadas. patients and conclude to be the total
of chronic phenothiazine derivat ive adminis­
Do grupo das 38 pacientes que fa­ dose chlorpr01nazine the 1II0St tration. Areh Ophthal., 75: 3 1 9-325, 1 966.
imp011ant factor in the gellesis of the 9 PARANHOS, F. R . L.- Estudo da incidência de
ziam uso de clorpromazina, 22 delas,
catarata estelar em pacientes em uso de c\or­
ocular changes.
aproximadamente 60%, apresentaram promazina. Arq. Bras. Oftal, 54 (2) : 63-68,
algum tipo de alteração ocular, sendo 1 99 1 .
l O PARANHOS, F. R . L. & PARANHOS Ir, A. -
que o grau II foi o mai s freqüente, O AG RADECIMENTOS Catarata Estelar em Pac ientes não usuários de
envolvimento da córnea sempre esteve fenotiazínicos. Rel'. Bras. Oftal, 5 1 (5 ) : 1 992.
I I P RIEN, R. F. et alii. - Ocular Changes Ocurring
associado com os graus III e IV. Nas À Fundação de Amparo à Pesquisa w i t h p rolonged h i gh dose C l orpromazine
pacientes que tiveram interrupção da do Rio Grande do Sul (FAPERGS) , pe­ Therapy. Are/I. Gell. Psyehiat, 23 : 464-468,
.
droga e foram acompanhadas, obser­ lo apoio ao desenvolvimento deste tra­ 1 970.
1 2 SIDDALL, I. R. - The ocular toxic fin dings with
vou-se regressão parcial das opaci­ balho. pro longed and h igh dos age c h l orpromazine
ficações. Ao Hospital Banco de Olhos de Por- iontake. Areh Ophthal, 74: 460-464, 1 965.

ARQ. BRAS. OFTAL. 57(2), ABRIUl994 1 13

Você também pode gostar