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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG

FACULDADE DE ARTES VISUAIS - FAV


DISCIPLINA DE HISTÓRIA E TEORIA DA ARTE II
PROFESSORA PATRÍCIA BUENO GODOY

ANA CLARA COSTA DIAS

ANÁLISE DE OBRA/ PRODUÇÃO DE OBRA


Trabalho Final - História e Teoria da Arte II

Trabalho final apresentado para a avaliação da


disciplina de História e Teoria da Arte I,
ministrada pela Profa. A Dra. Patrícia Bueno
Godoy.

Goiânia, 14 de agosto de 2022.


1. Leitura descritiva

● Obra escolhida: Henri Matisse, The Red Studio, 1911, oil on canvas, 181 x 219.1 cm
(Museum of Modern Art, New York)

● Definição : obra figurativa, natureza morta sem trabalho de sombras, com


características do fauvismo, retratação de espaço arquitetônico de cenário de espaço
ocupado de fato pelo autor.

● Elementos presentes : elementos de um estúdio pessoal, quadros finalizados e em


processo espalhados pelo ateliê,alguns elementos naturais, móveis funcionais
(armários, cadeiras, louças), elementos decorativos/ peças de arte, vasos, esculturas,
elementos planos, blocos de cor.

● Localização e detalhamento dos elementos :


○ Primeiro plano: Temos o que aparenta ser o que se encontra mais próximo
do observador, sendo esta uma obra figurativa de espaço arquitetônico,
podemos neste primeiro plano notar alguns elementos sendo eles;
■ A mesa com uma planta envasada em cima, o vaso com o corpo
esférico na base e com o caule estreito, a planta lembra uma jibóia,
planta de grande galho e folhas redondas. ao lado uma escultura de
cerâmica de uma figura humana, mais próxima a extremidade uma taça
de vidro vazia, uma caixa do que parece ser giz azul, dois deles
dispostos na mesa fora da caixa, e ao lado algo que pode se entender
como uma louça, mais especificamente um prato, com uma pintura que
lembra o trabalho de figura humana do próprio Matisse.
■ Na mesma linha temos localizada na extremidade inferior a direita uma
cadeira que não se destaca ao padrão de cor plana do quadro, mas que
se tem entendimento de sua existência pelas linhas amarelas de
delimitação que a mostram na cena. Percebe-se que ela se encontra
defronte de outros dois elementos arquitetônicos que se mesclam e
quase que se tornam um novo elemento desconhecido. Porém seguindo
a percepção que temos é de uma tecido branco em destaque acima de
uma mesa inclinada na visão do autor. Acima da mesa a louça branca
com detalhes azuis.
○ Segundo plano: Seguindo a ideia de espaço arquitetônico temos o plano de
fundo que seria nesta perspectiva a outra extremidade do estúdio retratado;
■ Existe algo que seguindo a percepção de espaço e objetos da obra
podemos ler como uma janela de vidro, sem moldura, ou profundidade,
assim como muitos dos elementos dispostos da obra, seguindo esta
linguagem característica do fauvismo. Ao seu lado apoiado à parede na
esquerda temos uma obra emoldurada trabalhando a figura humana
novamente, mas dessa vez com traços caucasianos, colocada em um
fundo infinito em um tom de rosa quente e claro, com algumas flores
não delimitadas distribuídas neste fundo, variando em azul royal e
amarelo claro.
■ Já apoiados na outra parede que se encontra de forma centralizada
temos alguns objetos distribuídos por sua extensão. Da esquerda para a
direita temos os seguintes itens; primeiramente temos cerca de oito de
molduras, e duas delas preenchidas por pinturas, a menor uma pequena
paisagem com tons azuis, amarelos e um roxo gritante que contrasta
com o vermelho da tela. Acima destes elementos quase no pé direito
do cômodo temos uma tela com temática de figura humana branca
novamente, completada por um fundo dividido em tons de rosa e
laranja, sendo esta tela completada por uma moldura dourada
semelhante as dispostas no chão abaixo dela.
■ Neste ponto da tela em posição quase que central temos um relógio de
chão que ocupa uma disposição notável da tela o que ajuda a passar a
idéia da altura e profundidade do cômodo. No relógio diferente dos que
conhecemos não temos a presença de entalhes e detalhes em sua
extensão, mas sim apenas a parte do relógio em si e seus marcadores,
suas cores assemelham-se às cores usadas nas louças presentes em
outros pontos da tela. E somado ao relógio minimalista presente temos
em algumas partes de suas bordas pontos em verde quando em contato
com as molduras e telas encostadas no chão, que quando notado esse
detalhe nos coloca em reflexão que esse tipo de detalhe entendido
como sombra não está presente em nenhum momento na tela que
sendo uma obra do movimento fauvista segue a impotência das cores
chapadas sem grandes trabalhos de iluminação e sim de expressão.
■ Ao lado do relógio é possível enxergar um dos poucos detalhes que se
diferem do vermelho quando falamos de pintura/trabalho na parede.
Nesta posição temos uma faixa do que pode ser entendido como uma
pintura para acompanhar a cômoda que se apoia na parede, muito
comum na arquitetura da época, e falando de forma descritiva a faixa
possui arabescos em tom dourado acima de um fundo preto que em um
quadro como esse apresenta um grande elemento de contraste. Somado
a estes elementos temos alguns elementos acima da já citada cômoda,
sendo eles; um vaso de louça semelhante às outras louças com padrão
português, em azul e branco, também uma caçarola de louça porém
desta vez em amarelo e branco, ao lado um vaso com alguma planta
sem grandes detalhes e ao seu lado dois elementos que não pude
identificar exatamente, as que pra mim parecem elementos
não-decorativos e sim funcionais do dia-a dia do autor, talvez até
mesmo material de pintura.
■ Encostada na cômoda temos uma tela com bastante claridade e poucos
detalhes de cor de fato, e como nas outras também possui elementos de
figura humana no traço de Matisse. Acima da cômoda mais duas
pinturas, mas diferente das outras não se encontram emolduradas, mas
sim dispostas na parede como posters. Sendo a a mais próxima do
assoalho de um homem mais velho de roupa azul sentado em uma
cadeira pintada com o mesmo tom do estúdio e aparenta ser uma
pintura de estudo, por ser diferente na temática das outras pinturas e
por estar sem moldura ou apresentação formal. Abaixo dela mais uma
pintura que aparenta ser de estudo, neste caso de algo que me remete a
uma fonte de água de praça, com alguns elementos que também
lembram plantas e flores.
■ E por fim no canto direito em segundo plano temos um pequeno
aglomerado de elementos gráficos e elementos de figura humana.
Próximo do assoalho e do canto superior direito há um quadro
emoldurado com três figuras humanas, em diferentes níveis de
passabilidade do que se entende como anatomia correta, sendo este
uma mais Matisse possível. As figuras humanas seguem a paleta de
cores do restante da tela, e constroem um certo cenário diferente das
outras obras dispostas.
■ Abaixo da tela estão dispostas duas banquetas delimitadas pelo
amarelo e se misturando com o vermelho do restante da tela. Acima
delas temos duas esculturas de figura humana, uma em verde musgo e
a outra em branco, as duas bastantes expressivas trabalhando bastante
o movimento. E ao lado da escultura branda existe um retângulo na
vertical com um cilindro cinza no meio que sinaliza o interruptor de
luz do cômodo. Anexado ao pé das banquetas existe um vaso cônico
em um tom mais claro do vermelho usado no restante da tela, e com
um tímido trabalho de luz e sombra.

● Proporções e Relações : A atenção da cena se foca principalmente em elementos de


um cômodo de trabalho, com diversos elementos que delimitam de forma visual
especulativa como se dão os passos do processo de criação do artista. Os elementos
funcionais como mesa, cadeiras, cômodas, banquetas encontram-se mesclados à cor
dos chão e parede, e não levam trabalho de sombra e luz, além de não serem exatos na
questão de perspectiva e proporção. Os elementos “decorativos” que em sua maioria
são peças de arte recebem mais trabalho na questão de detalhes, cores e proporção.

● Efeito Conjunto : A tela entrega aos poucos os elementos, pois dentro do fauvismo a
mensagem chega depois do choque das cores. Primeiro o trabalho com o vermelho
sangue que tem um trabalho de iluminação ao meio nos faz enxergar um grande
borrão com pontos de cor que diferem do tom gritante. Ao abandonar o desejo de
receber um grande trabalho de iluminação e sombra do qual se entende por muito
tempo podemos ver a grandiosidade da tela e seu trabalho de formas e delimitações.
Apresenta áreas onde se veem vários objetos sobrepostos mas o destaque se faz em
elementos em cores chapadas e contrastantes entre eles como é o caso do canto
inferior e central da direita da tela.

2. Leitura interpretativa

Argan ao falar sobre a obra também fauvista de Matisse “A dança” ele analisa
a forma do artista de enxergar o trabalho das formas e assim podemos ver como o
trabalho de perspectiva foi feito pelo pintor no “Ateliê Vermelho” como fica claro no
trecho onde ele diz “Ao Cubismo que analisa racionalmente o objeto. Matisse
contrapõe a intuição sintética do todo. É este precisamente o quadro da síntese, da
máxima complexidade expressa com a máxima simplicidade. É a síntese das artes. A
música e a poesia confluem na pintura, e a pintura é concebida como uma arquitetura
de elementos em tensão no espaço aberto, é síntese entre a representação e a
decoração, o símbolo e a realidade corpórea, entre o volume, a linha e a cor.”
(ARGAN, 1910, p. 259); Assim com esta análise feita pelo autor sobre uma obra feita
em um ano antes da aqui analisada é possível ver seu papel no fauvismo com seu
trabalho escandaloso e cheio de detalhes escondidos na ignorância dos que
enxergavam como um trabalho desmantelado.

Na obra, ao nos atentarmos aos detalhes do que se é feito e do que “não é


feito, ou falta” podemos ver a intenção de cada escolha. O vermelho chega primeiro
como um flash de luz que o nos cega e aos poucos a vista volta, e assim a velocidade
da recepção de elementos da tela nos chega aos olhos. O olhar atento nos permite de
início ver os elementos de contraste, que estão em sua maioria em branco, amarelo, e
azul, mostrando seu domínio e conhecimento das cores e como se comportam
visualmente. Os elementos funcionais ou com utilidade, entre aspas, são tidos
coadjuvantes nesta obra, questionando qual a mensagem e papel dos elementos, e por
que se prender a o que é certo e proporcional. Com esses elementos sendo mesclados
ao plano de fundo da obra, sendo a da mesma cor e tendo sua delimitação individual
feita por uma quase que invisível linha amarela, que faz até o receptor se questionar se
ela foi desenhada foi a parte crua da tela que ficou ali. O destaque se dá nos elementos
tidos como inúteis, que são na verdade, peças de arte, como as esculturas, louças
quadros e molduras, e ao somarem se ao bloco de cor criado ao fundo e a distorção da
percepção de espaço arquitetônico as formas fazem brincadeiras gráficas e criam uma
grande composição de cores formatos, muito além de uma pintura de natureza morta.

Somando este trabalho de apagamento dos elementos funcionais, e destaque


das peças artísticas podemos ver a mensagem da importância dada a sua missão de
vida, que é a arte em si, e a influência que ela pode e tem no restante de um espaço,
mesmo que não convencional. Os detalhes de sombra, luz, textura e cor são
trabalhados de forma mais incisiva nestes elementos de contraste, mesmo que não de
forma realista, para que não saia da proposta da composição geral, eles acabam por
receber mais atenção e importância. Tendo estes detalhes atendidos, Matisse soma a
este trabalho a ilusão de espaço, ele se deve a perspectiva linear de definição em torno
da mesa ao primeiro plano, além das cadeiras somadas a delimitação da parede e piso.
Ele quis construir uma perspectiva terrível de espaço para que o cérebro fosse
obrigado a enxergar o que não era óbvio. A obra faz o receptor pensar consigo que
agora entendeu a proporção e então dar de cara com algo que o faça perceber que
novamente se perdeu. Além dos eixos onde o artista concentra a narrativa, dando
ênfase ao relógio sem ponteiro, que traz um adendo à obra dando a entender que em
seu espaço o tempo era suspenso, e que suas prioridades poderiam repensar, suas
certezas e dúvidas. Perante as obras e atividades de artistas como Manet, Degas,
Cézanne e Claude Monet a ilusão sofria a tentativa de ser minada, pois tinha seu
espaço dominado desde cerca de 1425. Esse movimento de ilusão espacial era quase
impossível, como mostram os primeiros pintores de vanguarda. Pois é esperado pela
parte do público o espaço tridimensional e vê-lo com a oportunidade. Sendo este o
maior desafio de Matisse.

O artista trabalha em vários elementos para destruir a ilusão espacial


tridimensional, primeiro com um dos elementos mais marcantes do fauvismo, que é a
incidência do vermelho, cor agressiva, que faz parte de quase a tela por completo, e
trás consigo elemento por elemento, de forma distorcida para que o olhar do receptor
seja levado a dar voltas e voltas para encontrar o eixo de funcionamento do espaço, e
aí encontra-se a ilusão de que o artista tanto buscava, o não óbvio e real. Seu trabalho
quando comparado ao de outros artistas do mesmo movimento como André Derain
nos mostra sua singularidade ao se tratar das cores e formatos, Derain por exemplo
trabalha com cores explosivas e delimitadas, porém sua diferença está na variedade de
tons dentro dos blocos de cores, de suas texturas criadas, enquanto matisse trabalha de
uma forma muito cartunesca, com blocos de cores delimitadas e quando detalhada
compete a si detalhes tímidos e bastante gráficos. E quando pensamos em Matisse
também podemos relacionar sua obra ao que se via em seu trabalho referente ao fim
de sua vida onde ele fazia recortes de papéis e criava formatos orgânicos e gráficos,
sendo uma grande inspiração dos estudos de design gráfico nos tempo atuais.

A pintura surgiu de uma comissão recebida por Matisse em 1906, encomendada por
um grande fã de arte moderna, Sergei Shchukin, onde ele pediu a um trio de obras de
qualquer tema que Matisse quisesse. E dentre as obras “The pink studio”, “La Danse”
lá estava “Ateliê Vermelho”, que vinha de uma comissão onde Matisse quis trabalhar
seu mundo, ali especificamente seu ateliê. Em contramão a esta história temos alguns
percalços no caminho, pois Shchukin, não quis a tela, e preferiu outro trabalho, e
assim a obra acabou participando de outras propostas, e de certa forma esperando pelo
momento certo, pois por ser uma tela diferente do que se entendia como arte, a
produção de Matisse foi bastante odiada e mal recebida. E com o tempo, depois de
muitas mudanças no imaginário dos apreciadores de arte, passou por paredes de
compradores, e com o tempo foi sendo uma obra de influência, como é considerado
até hoje.

● Obra escolhida para análise

Henri Émile Benoît Matisse (1869-1954), The Red Studio, oil on canvas, 1911, 181 x
219.1 cm (Museum of Modern Art, New York) natureza morta
Projeto criativo

Ana Clara Costa Dias (2001), Matisse kid, pintura digital, Goiânia, Goiás, Brasil, 2022, 3000
x 3000 pixels (Acervo Pessoal), abstrato.
Referências Bibliográficas

MOMA. Museum of Modern Art. Henri Matisse, The Red Studio Issy-les-Moulineaux,
Fall 1911. New York: MoMA, Floor 3, 3 East The Robert B. Menschel Galleries, 2022.
Disponível em: https://www.moma.org/collection/works/78389 . Acesso em: 14 ago.
2022.

MATISSE, The Red Studio. New York, 2018. 1 vídeo (4:36). Publicado pelo
Smarthistory. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nz_zwsgjRbw&ab_channel=Smarthistory . Acesso
em: 14 ago. 2022.

REDAÇÃO. Henri Matisse. L'Atelier Rouge , 1911 by Henri Matisse. New York:
Biography, Artworks, & Quotes, 2022. Disponível em:
https://www.henrimatisse.org/the-red-studio.jsp#prettyPhoto. Acesso em: 14 ago.
2022.https://www.henrimatisse.org/the-red-studio.jsp#prettyPhoto

HENRI Matisse 's The Red Studio: The Journey of a Painting. New York, youtube,
2022. 1 vídeo (8:03). Publicado pelo Smarthistory. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=zDYlSLWAjQs&ab_channel=TheMuseumofModer
nArt . Acesso em: 14 ago.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Cia das Letras, 1992.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Martins Fontes, São Paulo, 1998.


A partir desta página estou enviando meu trabalho sobre dadá e surrealismo pois não
consegui anexá-lo no sigaa na atividade específica.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS - EMAC
DISCIPLINA DE HISTÓRIA E TEORIA DA ARTE II
PROFESSORA PATRÍCIA BUENO GODOY

ANA CLARA COSTA DIAS

RESUMO
Trabalho sobre Dadaísmo e Surrealismo

08/08/2022
Goiânia - Goiás 2022
Resumo - Dadá e Surrealismo

Ao lermos o texto “Arte Moderna” de Giulio Carlo ARGAN, pude entender de forma
mais clara o funcionamento das duas vertentes escolhidas para a confecção deste resumo.
Quando falamos sobre o Dadaísmo especificamente encontramos nele uma nova percepção
artística de modalidade e criação, onde temos como método de trabalho a matéria e ação do
cotidiano como inspiração. Temos nessa modalidade uma visão mais profunda de elementos
do dia-a-dia e o afastamento das técnicas clássicas que são entendidas como arte a anos antes
do surgimento do segmento. No texto temos uma citação que explica especificamente como
funciona o movimento “Já não é uma operação técnica e linguística; ela pode se valer de
qualquer instrumento, retirar seus materiais seja onde for. De fato não produz valor; ela
documenta um processo mental, considerado estético por ser gratuito.” Sob esta análise
podemos ver como funciona essencialmente a ideia de criação do dadaísmo, onde temos o
objetivo principal em mudar o cenário do cotidiano e apurar o olhar do consumidor ao que o
cerca. Nesta vertente temos Marcel Duchamp, um dos grandes nomes que ilustra o
movimento nos livros de história da arte pelo mundo. Seu trabalho tem uma relevância ímpar
quando pensamos neste movimento por ser um exemplo que explica com exatidão a
mensagem da vertente, que é questionar o que pode ser considerado arte. Duchamp traz um
mictório para o higienizado espaço da arte e questiona o mundo que nos cerca, e traz uma
reflexão sobre a visão utópica que a arte clássica e polida tem da vida, não necessariamente
questiona a sociedade em si e suas mazelas mas a função e imposição da arte no imaginário
coletivo. Durante a leitura fica claro o dadaísmo como um movimento desordenado,
desconcertante e escandaloso. E tem como seu objetivo não por instaurar uma nova relação
mas sim demonstrar a impossibilidade e indeseiberabilidade de qualquer relação entre arte e
sociedade. O dadá tem em sua estrutura a contestação e se coloca como um contra senso, pois
nega o sistema de valores e técnicas cobradas para se considerar um trabalho como arte. Essa
vertente quando trabalha com essa narrativa tem sua atividade não como o objetivo de ser
arte de nova roupagem, mas apenas ser, e se aplicar nos espaços que alcança. O que se
diferencia do surrealismo que iremos abordar agora, pois o surrealismo trabalha com a nova
roupagem dentro das técnicas já existentes e o que a faz nova inovadora está no objetivo de
conceito fazendo a reinvenção da arte saindo do realista e criando a versão modificada e
inexistente e mergulhada nas profundidades da cabeça. Durante a leitura podemos perceber
de onde o surrealismo vem e sua relação com a herança irreverente deixada pelo dadaísmo e
trabalhar somado ao avanço dos estudos científicos feitos durante a época sobre como a
mente humana trabalha, a criatividade trabalhando de forma livre e as teorias sobre o
inconsciente humano e como a mente se estrutura sem amarras. Freud somou a este
movimento justamente entendendo como a mente trabalha e tivemos acesso ao conhecimento
de que a mente trabalha por imagens quando inconsciente, assim pudemos explorar algo que
sempre esteve conosco mas agora passava a ser material de trabalho nas artes, que é a mente,
e usá la de formas diferentes, ir além das regras de formatos e técnicas podendo passar a
mensagem desejada de forma diferente da de antes usada. No surrealismo é trabalhada a
região do consciente mental fazendo uma reflexão sobre um estado de inconsciência, onde o
ser não objetiva a realidade, mas faz se unidade junto dela. É importante perceber que este
estado de não consciência não exclui a história da arte sua bagagem até mas sim enxerga de
outra forma os processos de que se constituem a construção de um trabalho. Podemos ver
também o Cubismo como fonte e braço desta vertente tendo em vista que ambos possuem em
si uma nova forma de trabalhar formatos e técnicas. Estes movimentos assim como o
dadaísmo enxergam de forma diferente a arte e o trabalho de forma geral. Quando falamos de
outras áreas dentro das artes temos uma citação do texto que nos mostra claramente como o
surrealismo trabalha de diversas maneiras. Podemos ver isso no trecho “ O movimento
surrealista se desenvolve ao mesmo tempo que o programa racionalista para a arquitetura e o
desenho industrial, mas em flagrante oposição a ele; pela rapidez com que se transformou em
moda, pode ser considerado como o momento culminante da École de Paris, Naturalmente, o
Surrealismo também se propôs como fórmula internacional: no inconsciente, não podem
ocorrer distinções fundadas na história.” Assim podemos ver a clara diferença dos
movimentos. Dentro da história da arte pudemos perceber como estas vertentes trabalham de
acordo com a demanda temporal diante de movimentações políticas que possam vir a
enfrentar. A principal diferença se posiciona no objeto de inspiração, onde no dadaísmo os
objetos são o que são, só ocupam lugares e funções distintas das que são objetificadas. Já o
surrealismo trabalha a psicologia da criação e da forma como a mente visualiza e pode criar o
já inventado. Ambas as movimentações artísticas vieram para burlar a arte clássica.

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