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Transtorno dimórfico corporal

Transtorno dimórfico corporal é caracterizado pela preocupação com defeito percebido


na aparência física que não é aparente ou aparece apenas ligeiramente para outras
pessoas.

A preocupação com a aparência deve causar sofrimento clinicamente significativo ou


prejuízo no funcionamento. Os pacientes também apresentam comportamentos
excessivamente repetitivos (p. ex., olhar no espelho) em resposta à preocupação com a
aparência. O tratamento consiste em terapia farmacológica [especificamente, inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) ou clomipramina], psicoterapia
(especificamente, terapia cognitivo-comportamental) ou ambos.
O transtorno dimórfico corporal geralmente começa na adolescência e pode ser um pouco mais comum em
mulheres. A qualquer dado momento no tempo, entre 1,7% e 2,9% das pessoas têm esse transtorno .

Os sintomas do transtorno dimórfico corporal podem ocorrer de forma gradual ou súbita.


Embora a intensidade dos sintomas possa variar, o transtorno é considerado crônico, a
menos que os pacientes recebam tratamento adequado.

Os sintomas comumente envolvem a face ou cabeça, mas podem envolver qualquer parte
do corpo ou várias partes , podendo mudar de uma parte para outra ao longo do tempo. Por
exemplo, os pacientes podem se preocupar com perda de cabelo percebida, acne, rugas,
escaras, marcas vasculares, cor da fisionomia, excesso de pelos faciais ou corporais. Ou
pode focar em forma ou tamanho de uma parte do corpo, como nariz, olhos, orelhas, boca,
mamas, região glútea, pernas ou outras partes do corpo. Homens (e raramente mulheres)
podem ter uma forma do transtorno chamada dismorfia muscular, que envolve a
preocupação com a ideia de que seu corpo não é suficientemente magro e musculoso. Os
pacientes podem descrever as partes do corpo deles de que não gostam como repugnantes,
feias, deformadas, abdomináveis ou monstruosas.

Os pacientes costumam passar muitas horas por dia se preocupando com os defeitos
percebidos e, muitas vezes, acreditam erroneamente que as pessoas zombam ou dão atenção
especial a eles por causa desses defeitos percebidos. Muitos checam a si mesmos, com
frequência, em espelhos, outros evitam espelhos e outros ainda alternam entre os 2
comportamentos.

Outros comportamentos compulsivos comuns incluem comparar sua aparência com a de


outras pessoas, higiene excessiva, escoriação da pele (para remover ou corrigir defeitos
cutâneos percebidos), puxar ou arrancar cabelos , busca de tranquilização (sobre os defeitos
percebidos) e troca de roupas. A maioria tenta camuflar seus defeitos visíveis— p. ex.,
deixando crescer a barba para esconder cicatrizes ou usando chapéu para cobrir leve perda
de cabelos. Muitos procuram tratamentos dermatológicos, dentários, cirúrgicos ou outros
tratamentos cosméticos para corrigir seu defeito percebido, mas esse tratamento geralmente
não tem sucesso, o que pode intensificar suas preocupações. Homens com dismorfia
muscular podem usar esteroides anabolizantes androgênicos e vários suplementos para
construir músculos e/ou perder gordura, o que pode ser perigoso.

Como as pessoas com transtorno dismórfico corporal sentem-se inseguras sobre sua
aparência, elas podem evitar aparecer em público. Para a maioria, funcionamento social,
ocupacional, acadêmico e outros aspectos são substancialmente comprometidos pelas suas
preocupações com a aparência. Alguns deixam suas casas apenas à noite; outros nem assim.
Isolamento social, depressão, hospitalização psiquiátrica e comportamento suicida são
comuns. Em casos muito graves, o transtorno dismórfico corporal é incapacitante.

O grau de percepção varia, mas geralmente é fraco ou ausente. Ou seja, a maioria dos
pacientes realmente acreditam que a parte malvista do corpo provavelmente (má avaliação)
ou definitivamente (ausência de avaliação ou convicções delirantes) parece anormal, feia ou
pouco atraente.

Ao longo da vida, cerca de 80% das pessoas com transtorno dismórfico corporal
experimentam ideação suicida, e cerca de um quarto a quase 30% tenta o suicídio (ver
Comportamento suicida ). O transtorno dismórfico corporal apresenta níveis

significativamente mais altos de suicídio do que outros transtornos psiquiátricos. oral

 Critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição,

Como muitos pacientes se sentem envergonhados e embaraçados demais para revelar seus
sintomas, o transtorno dismórfico corporal pode não ser diagnosticado por anos. O
transtorno é diferente de preocupações normais com a aparência, pois consome tempo e
causa desconforto significativo, prejuízo no funcionamento ou ambos.

O diagnóstico do transtorno dismórfico corporal baseia-se na anamnese. Se a única


preocupação é a forma e o peso corporal e o comportamento alimentar é anormal, um
transtorno alimentar pode ser o diagnóstico mais preciso; se a única preocupação é a
aparência das características físicas sexuais, deve-se considerar o diagnóstico de disforia de
gênero.

Os critérios diagnósticos do transtorno dismórfico corporal são:

 Preocupação com um ou mais defeitos percebidos na aparência que não são observáveis
ou são sutis para os outros
 Comportamentos repetitivos (p. ex., olhar no espelho, cuidados excessivos com a
aparência) em resposta às preocupações com a aparência em algum momento durante o
transtorno
 A preocupação causa sofrimento significativo ou comprometimento do funcionamento
social, ocupacional ou de outras áreas

Tratamento:

 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) ou clomipramina mais, em


alguns casos, aumento da medicação
 Terapia cognitivo-comportamental

ISRSs ou clomipramina (um antidepressivo tricíclico com efeitos serotonérgicos potentes)


são frequentemente muito eficazes em pacientes com transtorno disfórmico corporal. Em
geral, prefere-se um ISRS à clomipramina como terapia farmacológica inicial. Os pacientes
frequentemente precisam de doses maiores do que aquelas normalmente necessárias para
depressão e a maioria dos transtornos de ansiedade. Embora os dados sejam limitados,
alguns pacientes que não melhoram substancialmente com tentativas adequadas com esses
fármacos podem se beneficiar da adição de um agente potencializador, como um
neuroléptico atípico (p. ex., aripiprazol), buspirona ou um modulador do glutamato (p. ex.,
N-acetilcisteína ou memantina).

A terapia cognitivo-comportamental adaptada a sintomas específicos do transtorno


dismórfico corporal é a terapia de escolha. Abordagens cognitivas (p. ex., reestruturação
cognitiva), exposição e prevenção de rituais são elementos essenciais da terapia. Os
médicos incentivam os pacientes a enfrentar gradualmente as situações que eles temem ou
evitam (que geralmente são situações sociais) enquanto se abstêm de realizar seus rituais,
como olhar no espelho, higiene excessiva e comparar sua aparência com a de outras
pessoas.

A terapia cognitivo-comportamental também abrange outros elementos como retreinamento


perceptual e treinamento de reversão de hábitos de dermatotilexomania (escoriação) ou
tricotilomania, se presentes. O treinamento de reversão de hábitos inclui:

 Treinamento de conscientização (p. ex., automonitoramento, identificação dos gatilhos


para o comportamento)
 Controle de estímulos (modificar as situações — por exemplo, evitando gatilhos —
para reduzir a probabilidade de deflagrar o comportamento)
 Treinamento de resposta alternativa ou competitiva (ensinar os pacientes a substituírem
os rituais por outros comportamentos, como cerrar os punhos, fazer tricô ou crochê ou
sentar sobre as próprias mãos, para o comportamento excessivo)

Como a maioria dos pacientes tem pouco ou nenhum senso crítico, muitas vezes são
necessárias técnicas motivacionais para aumentar seu engajamento e permanência no
tratamento.

Muitos especialistas acreditam que a combinação da terapia cognitivo-comportamental de


rituais ao tratamento farmacológico seja melhor para os casos graves.

Tratamento cosmético não é recomendado. É quase sempre ineficaz, e os médicos que


fornecem esse tratamento podem estar em risco de ameaças físicas ou legais por pacientes
insatisfeitos.

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