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174
(*) SÚMULA N. 174 (CANCELADA)
Referência:
CP, art. 157, § 2º, I.
Precedentes:
REsp 5.679-SP (5ª T, 06.02.1991 – DJ 18.03.1991)
REsp 12.279-SP (6ª T, 25.08.1992 – DJ 13.10.1992)
REsp 28.590-SP (5ª T, 07.12.1992 – DJ 10.10.1994)
REsp 33.003-SP (6ª T, 14.11.1995 – DJ 20.05.1996)
REsp 36.752-SP (6ª T, 19.10.1993 – DJ 29.11.1993)
REsp 38.136-SP (6ª T, 31.05.1994 – DJ 27.06.1994)
REsp 62.724-SP (5ª T, 17.05.1995 – DJ 07.08.1995)
REsp 67.524-SP (5ª T, 21.08.1995 – DJ 06.11.1995)
DJ 06.11.2001, p. 229
(*) RECURSO ESPECIAL N. 213.054-SP (99.0039960-9)
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 11.11.2002
RELATÓRIO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
274
SÚMULAS - PRECEDENTES
arma. Ora, revólver de brinquedo não é arma. Logo, o fato é atípico diante da
qualificadora.” (Direito Penal, Ed. Saraiva, São Paulo, 1979, 2º vol., p. 319 e 320).
Entre essas posições extremadas encontra-se o saudoso professor HELENO
CLÁUDIO FRAGOSO: “O fundamento da agravante reside no maior perigo que o
emprego da arma envolve, motivo pelo qual é indispensável que o instrumento
usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha idoneidade para ofender a
incolumidade física. Arma fictícia (revólver de brinquedo), se é meio idôneo para a
prática de ameaça, não é bastante para qualificar o roubo. O mesmo não se diga,
porém, da arma descarregada ou defeituosa em que a inidoneidade é apenas
acidental.” (Lições de Direito Penal, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1981, 6ª ed., arts.
121 a 160 do CP, p. 303 e 304).
Não obstante tratar-se de uma opinião intermediária, o texto que se segue
indica que HELENO se inclina, afinal, para uma posição que é defendida pela
corrente objetiva, acrescentando: “É corrente nos tribunais o entendimento,
data venia, incompreensível, segundo o qual o emprego de um revólver de
brinquedo é bastante para configurar o furto qualificado (RT 411/282, 434/422,
455/434; Julgados TACSP, 19/1, 78; 20/2, 304; 20/2, 172; 22/3, 298 etc.). A lei exige
emprego de arma. Um revólver de plástico ou de papelão não é arma na realidade
dos fatos, mas tão-somente na errônea interpretação da vítima. Confunde-se o
emprego da arma fictícia como meio idôneo para ameaçar, e pois para cometer
roubo, com o emprego real de arma que qualifica o crime. CF. Jur. Crim. n. 482.
O STF lamentavelmente se orienta no sentido da jurisprudência dominante (RTJ
72/961).” (Op. cit., p. 304).
JÚLIO FABBRINI MIRABETE, sem expender propriamente sua opinião, faz uma
importante resenha do assunto, dizendo: “Embora a arama simulada (brinquedo,
por exemplo) não configure esse instrumento, a jurisprudência predominante,
inclusive no STF, estudo no roubo.” Aponta, a seguir, numerosos arestos que
adotam esta orientação. E prossegue: “Entretanto, o fundamento da qualificadora
reside no maior perigo que o emprego da arma envolve, motivo pelo qual é
indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria)
tenha idoneidade para ofender a incolumidade física. Arma fictícia, se é meio
idôneo para a prática de ameaça, não é bastante para qualificar o roubo. Assim
pensam Fragoso e Damásio, com respaldo em orientação minoritária.” Alinha,
em continuação, a indicação da jurisprudência que consagra este entendimento
(Manual de Direito Penal, Ed. Atlas, São Paulo, 1986, 3ª ed., vol. 2, p. 214 e 215).
Observa, ainda, o mesmo autor, que: “Já quanto à arma descarregada ou
defeituosa, a opinião praticamente unânime é a do reconhecimento da
qualificadora, acentuando-se “que, no caso, a inidoneidade para vulnerar é apenas
acidental (RT 571/395). Contra: RT 565/345).” (Op. cit., p. 215)
5. Este é o quadro atual da disputa. Verifica-se que os argumentos, de
parte a parte, impressionam, como impressionante é, também, o renome e a
competência dos autores empenhados, sem desprezar, evidentemente, o elevado
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SÚMULAS - PRECEDENTES
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SÚMULAS - PRECEDENTES
I. Roubo: causa de aumento da pena: emprego de arma (CP, art. 157, par. 2º, I).
A corrente jurisprudencial que entende configurado o “emprego de arma”
- causa especial do aumento da pena do roubo -, na utilização da arma de
brinquedo, a melhor doutrina tem oposto crítica demolidora; ainda, porém, que
se aceite a discutível orientação, nem ela permite divisar a referida causa de
exacerbação da pena, que é puramente objetiva, na circunstância de o agente
simular estar armado, mediante gesto que aparente portar o revólver sob a
camisa.
II. Sentença condenatória: causa especial de aumento de pena: fundamentação
necessária para a exasperação maxima.
Quando, em razão de causa especial de aumento, a lei autoriza a exasperação
da pena dentro de determinados limites percentuais, a opção pelo máximo da
agravação permitida há de ser fundamentada, com base em dados concretos.
(HC n. 69.515-RJ, relator Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 12.03.1993, p. 3.561)
VOTO-PRELIMINAR
O Sr. Ministro José Arnaldo da Fonseca: Sr. Presidente, penso que, como
já se iniciou o julgamento, a intervenção do Ministério Público poderá se limitar
a algum esclarecimento, mas não a título de sustentação oral. Caso contrário,
atentaríamos contra a norma regimental que prevê, que, iniciado o julgamento,
não cabe sustentação oral, mas, sim, algum esclarecimento.
VOTO-PRELIMINAR
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO-PRELIMINAR
VOTO-PRELIMINAR
VOTO DE DESEMPATE
VOTO-VISTA
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SÚMULAS - PRECEDENTES
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(...)
§ 2º. A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
- Uma coisa é intimidação própria do roubo. Ela pode ocorrer pela violência,
desproporção física acentuada da ameaça e (...) até pelo uso de arma de
brinquedo. Até aí o aspecto subjetivo é de destaque. A majoração do § 2º, inciso
I, no entanto, se dá pelo maior perigo que representa a arma, o que é um aspecto
objetivo. Trata-se de um perigo real. Não se pode, pois, equiparar a conduta de
quem vai roubar sem pretender, ab initio, lesionar ou matar, com aquele que,
na mesma situação, pelo menos, assume o risco das conseqüências do uso de
uma arma de verdade. a Súmula n. 174-STJ fere o princípio da proporcionalidade
(atinge o senso comum).
por não ser arma, no sentido de instrumento apto a lesar a integridade física,
mostra-se inapta à tipificação da majorante.
Coaduno do entendimento perfilhado pela primeira corrente.
Tomando-se como base para análise o roubo perpetrado mediante grave
ameaça, é de se observar que o legislador, ao majorar a pena em razão da
utilização de arma de fogo, assim o fez tão-somente por verificar que a ameaça
exercida mediante esse instrumento é tão extrema, capaz de causar tamanho
pavor, que a vítima, geralmente, não pode oferecer qualquer tipo de resistência.
Observe-se que para a configuração da causa de aumento basta que a grave
ameaça tenha sido exercida mediante o emprego da arma, não sendo necessária
a ocorrência de dano à integridade física da vítima. Daí ser irrelevante o fato do
instrumento ser efetivamente eficaz para causar o dano ou não.
Tem-se, pois, para a caracterização da majorante a observação do caráter
subjetivo do seu conteúdo, ou seja, se a arma utilizada é realmente eficaz
para causar grande intimidação no homo medius, de forma a inviabilizar a sua
capacidade de resistir.
Sob esse prisma, é indiscutível que a arma de brinquedo é totalmente
idônea para alcançar o resultado típico - a ameaça extrema ocasionada pela
utilização do instrumento contra a vítima.
Com a tecnologia, a cada dia que passa, as armas de brinquedo estão mais
sofisticadas, sendo impossível até mesmo aos efetivos conhecedores do engenho
de ataque distinguir, a olho nu, uma arma verdadeira de outra falsa.
Tanto é verdade, que Marcelo Borelli (ex-estudante de direito, considerado
um dos maiores ladrões de caixa-forte do País, apontado, inclusive, como um
dos participantes do assalto ao avião da Vasp no ano passado, no qual foram
subtraídos 61 quilos de ouro), no semestre passado, fez refém o próprio chefe
da carceragem da Superintendência da Polícia Federal nesta Capital, Marco
Antônio Bandeira, mediante a utilização de uma arma de brinquedo.
Justamente por não ser possível à vítima reconhecer de pronto a farsa que
se configura a ameaça de extremo efeito, obtendo o assaltante o mesmo resultado
aterrorizante que causaria se estivesse utilizando uma arma de verdade.
Por ocasião do Julgamento do Recurso Especial n. 33.003-SP, publicado
no DJ de 20 de maio de 1996, o eminente Ministro Vicente Leal apresentou, de
forma translúcida, a questão:
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SÚMULAS - PRECEDENTES
É a exegese que melhor se coaduna com a ratio legis do cânon sub examen.
De fato, deve levar-se em consideração não a efetiva potencialidade da arma,
mas o poder que a mesma tem de intimidação da vítima, que temerosa por sua
integridade física, não opõe resistência à subtração da res.
A ameaça com uma arma ineficiente (ex.: revólver descarregado) ou fingida (ex.:
um isqueiro com feitio de revólver), mas ignorando a vítima tais circunstâncias,
E Magalhães Noronha3:
Muita vez, uma arma pode não ser idônea para a realização da violência, de
acordo com seu destino próprio; assim, p. ex. um revólver descarregado. Mas
será idôneo para a ameaça se a vítima desconhecer essa circunstância. A lei exige
apenas que a ameaça ou a violência sejam exercidas com emprego de arma. Não
há questionar se o agente preparou-se de antemão com ela, para pôr em ação
aqueles meios. É suficiente empregá-la, ofendendo a integridade corporal da
vítima ou ameaçando-a.
A técnica aperfeiçoa-se a cada instante. Hoje, não é fácil distinguir uma arma
real de uma de imitação. O conflito mundial acabou de revelar ao mundo diversos
tipos de armamentos de plástico imitando os verdadeiros, a tal ponto que foram
confundidos e bombardeados.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
Art. 10. Possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor à venda
ou fornecer, receber, ter em depósito, transporte, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de
uso permitido, sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Pena - detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
(...)
II - utilizar arma de brinquedo, simulacro de arma capaz de atemorizar outrem,
para o fim de cometer crimes;
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SÚMULAS - PRECEDENTES
Ante a onda de violência, que a cada dia parece mais engolfar a sociedade, não
vejo como se quedar a Justiça Criminal em exegese mais favorável aos facínoras,
quando se reclama um rigor consentâneo com a repressão mais efetiva de crimes
da natureza dos aqui revelados.
Com efeito, se admitimos a eficácia da arma inidônea para, qualificando
a figura de furto, reconhecermos a prática do roubo, erigido em nova figura
criminal, não vejo porque não admitir também essa potencialidade de infundir
temor à vítima, estarrecida ante o manejo ou exibição do brinquedo em forma de
arma, pelo meliante.
Não se estaria a dar dupla valoração ao meio empregado, para reconhecer a
ameaça e para ter como presente a qualificadora, pois que a primeira se afigura
independente, enquanto que a segunda requer o emprego do meio. A ameaça
ocorre por si ao passo que quando esta é feita com o emprego da arma, ainda
que ineficaz, perfaz-se a majorante da pena, a ser considerada em face da real
intimidação que causa à vítima (REsp n. 65-SP).
Roubo. Arma de brinquedo. Se houve intimidação da vítima, por não saber que
se tratava de arma de brinquedo, justifica-se o aumento da pena a que alude o
artigo 157, § 2º, I, do Código Penal. Precedente do STF (RECr n. 90.227).
Recurso extraordinário conhecido, mas não provido (RE n. 90.031, Rel. Min.
Moreira Alves, DJ de 05.10.1979).
Penal. Roubo. Majorante. Ameaça com arma de brinquedo. CP, art. 157, § 2º, I.
Intimidação da vítima. Súmula n. 174-STJ.
- A ameaça com arma ineficiente ou com arma de brinquedo, quando ignorada
tal circunstância pela vítima, constitui causa especial de aumento de pena
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SÚMULAS - PRECEDENTES
prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois tal conduta é suficiente para
causar a intimidação da vítima.
- Inteligência da Súmula n. 174 do Superior Tribunal de Justiça.
Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 263.639-SP, Rel. Min. Vicente
Leal, DJ de 19.02.2001)
Penal. Roubo. Majorante. Ameaça com arma descarregada. CP, art. 157, § 2º, I.
Intimidação da vítima.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
casa ou na rua, portando uma destas armas, ditas de brinquedo. Tenho certeza
que sob a ameaça, dirá até o número do segredo do cofre. Mesmo que não tenha
cofre.
Voto, portanto, conhecendo do Recurso do Ministério Público e lhe dando
provimento para, restabelecendo a sentença de primeiro grau, dizer que o Juiz
sentenciante estava certo ao reconhecer a arma de brinquedo para a aplicação da
causa de aumento.
É o voto.
VOTO-MÉRITO
VOTO-MÉRITO
294
SÚMULAS - PRECEDENTES
A subtração de coisa alheia é crime de furto, previsto no art. 155. Quando essa
subtração é feita mediante “grave ameaça”, o furto se transforma em roubo, com
pena bastante agravada. A jurisprudência e a doutrina, tomando as considerações
que foram feitas pelos eminentes Relator e Ministro Costa Lima, estendeu-as
ao crime de roubo com emprego de arma de brinquedo, por considerar que a
arma de brinquedo, devido a sua aparência, tem aptidão para fazer com que a
vítima suponha estar realmente sob grave ameaça. A jurisprudência, portanto,
passou a admitir o crime de roubo nessa ficção - emprego de arma de brinquedo
-, quando, na verdade, o que ocorre é uma hipótese de furto mediante fraude.
entretanto, essa tolerância tem uma justificação lógica, a arma de brinquedo
pode verdadeiramente criar ameaça subjetiva no espírito do sujeito passivo do
crime.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
pela forma como foram oferecidos, pelo modo como foram ajustados a uma
realidade presente de uma violência que alcança níveis inimagináveis de toda
ordem em que se faz presente o homem. Essa preocupação e esse modo de
expor, com clareza meridiana, o problema da violência em que vivemos, tornou
extremamente delicada a missão de votar e julgar no presente momento.
O voto do ilustre Sr. Ministro e Professor Edson Vidigal, se me permite,
é um voto pleno de sabedoria com a proficiência natural de S. Exª e com a
penetração, qual cirurgião, na realidade das coisas, como poucas vezes se pode
encontrar.
Essa colocação realmente mostra toda a perplexidade que, na verdade, esse
dispositivo vem trazendo. A velha doutrina veio estabelecer uma discussão que
hoje ainda se projeta - o Sr. Ministro Felix Fischer a repetiu - em que a causa
do aumento do emprego de arma - prefiro chamá-la assim - estaria na linha de
direção da incolumidade física do indivíduo, e não da liberdade subjetiva. Daí, a
exclusão da arma de brinquedo, mas não menos ilustres autores mostraram que,
por natureza, e tendo a arma potencialidade ofensiva material, ela tem também
extraordinária potencialidade ofensiva na direção da formação da vontade
interior, da liberdade, de modo que, precisamente por ser conceitualmente
dirigida à ofensa, ela produz uma intimidação profundamente maior.
Essa linha doutrinária, exatamente por isso, via que, na arma ali colocada,
a objetividade ali era dupla, não apenas da incolumidade física, mas também da
liberdade interior e subjetiva, provocando, na dimensão acadêmica, uma reflexão
permanente.
Além disso, no voto do Sr. Ministro Assis Toledo trazido à luz pelo Sr.
Ministro Gilson Dipp, o próprio conceito de arma, colocado como um conceito
metajurídico, fora do Direito, compreenderia todo e qualquer instrumento
dotado de capacidade ou de potencialidade ofensiva.
Ora, incluidamente, tem-se hoje que o medo, o temor, não é apenas uma
impressão subjetiva, que não deixa marcas no corpo, na parte física do homem;
há todo um processo físico que se desencadeia pelo medo. O próprio temor,
na ameaça, tem fisicidade e está presente no mundo. Com isso, esse conceito
mais abrangente de arma deslocaria e permitiria compreender, nessa categoria,
também, a arma de brinquedo.
Estou procurando inventariar, e serei breve, porque quero fundamentar
o meu voto. Trouxe sempre, das modestas aulas que ministrei nessas três
décadas de anos, que havia um problema de tipicidade. Restava saber se para
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SÚMULAS - PRECEDENTES
a lei, quando foi elaborada, a “arma” a que ela se referiu era a arma que hoje
chamamos de verdadeira, real, ou se ela usou “arma” em um sentido que pudesse
abranger a arma de brinquedo; no meu sentir, essa era a questão, a qual externei
para o ilustre Professor Felix Fischer, de certa feita, no corredor, quando de suas
preocupações acerca da causa de aumento pelo emprego de arma. Estava a viger,
ao mesmo tempo, a Lei de Contravenções Penais.
Esta, no seu artigo 19, fala “trazer consigo arma”; então, o termo “arma”
surge de novo no Código Penal.
Evidentemente, a lei, tipificando como contravenção aquele “trazer consigo
arma sem licença da autoridade” , não estava incluindo no termo “arma” a arma
que não fosse real. Estou trabalhando apenas com a interpretação dogmática
e, portanto, com a lei. Então, “arma” no Código Penal, e “arma” na Lei de
Contravenção Penal são, sem sombra de dúvida, arma verdadeira. Se é assim
acertada a conclusão, acertada seria afirmar-se a ausência de tipicidade, ou seja,
problema de tipicidade na causa de aumento, de maneira que só haveria causa de
aumento com o emprego da arma verdadeira.
Com a edição da Lei de Porte de Arma, penso que se criou uma situação
legal de exame da vigência ou, não, da súmula, porque trazer consigo arma de
brinquedo, simulacro de arma, para o fim de cometer crimes, é crime, e existe
uma pena que vai de um a dois anos. O emprego de arma verdadeira é crime com
a mesma pena; essa é a questão. A causa de aumento é de um terço à metade.
Pensado o roubo somente, o roubo, ela iria de um ano e quatro meses a até dois
anos na pena mínima. Se ultrapassada a mínima, a causa de aumento no roubo
vai ser punida mais gravemente do que se a considerássemos autonomamente
como crime, em concurso material.
A questão, a meu sentir, é, em última análise, de vigência formal no
presente momento. A tipificação autônoma do porte de arma, que passou a
ser crime, e da arma de brinquedo que foi criminalizada, coloca a questão,
pelo menos no que concerne à súmula, quanto a poder sobreviver, tornando a
causa de aumento mais grave do que o concurso material. Parece-me que seria
uma razão determinante dessa revogação da súmula, como é hoje uma questão
altamente elegante saber-se se as causas de aumento de arma de fogo verdadeira,
que conduziram a uma exasperação de pena maior do que o máximo do que a
pena abstrata por aquele crime, subsistem ou se devem ceder à força do concurso
material benéfico.
VOTO-VOGAL
300
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
VOTO-VISTA
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 18.03.1991
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SÚMULAS - PRECEDENTES
RELATÓRIO
VOTO
Penal. Crime de roubo. Ameaça com arma de Brinquedo. Exegese do art. 157,
parágrafo 2º, I, do Código Penal.
A ameaça com o emprego de arma de brinquedo é suficiente para tolher a
capacidade de resistência da vítima, inciente da inidoneidade ofensiva do meio
304
SÚMULAS - PRECEDENTES
Têm razão aqueles que entendem que o revólver de brinquedo é meio eficaz
para a qualificação do roubo. Obviamente, o reconhecimento da qualificadora há
que ser precedido de análise profunda que abranja as circunstâncias específicas
do caso, em especial, enfocando-se o temor que a vítima venha a sentir, julgando-
se ameaçada.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
Ante a onda de violência, que a cada dia parece mais engolfar a sociedade, não
vejo como se quedar a Justiça Criminal em exegese mais favorável aos facínoras,
quando se reclama um rigor consentâneo com a repressão mais efetiva de crimes
da natureza dos aqui revelados.
Com efeito, se admitimos a eficácia da arma inidônea para, qualificando
a figura de furto, reconhecermos a prática do roubo, erigido em nova figura
criminal, não vejo porque não admitir também essa potencialidade de infundir
temor à vítima, estarrecida ante o manejo ou exibição do brinquedo em forma de
arma, pelo meliante.
Não se estaria a dar dupla valoração ao meio empregado, para reconhecer a
ameaça e para ter como presente a qualificadora, pois que a primeira se afigura
independente, enquanto que a segunda requer o emprego do meio. A ameaça
ocorre por si, ao passo que quando esta é feita com o emprego de arma, ainda
que ineficaz, perfaz-se a majorante de pena, a ser considerada em face da real
intimidação que causa à vítima.
Quando se retrata ao agente uma situação de fato que, se real, tornaria
legítima a sua ação, reconhece-se a discriminante putativa, como estatuído no
parágrafo 1º do art. 20 do Código Penal, de modo que, aquela vítima de roubo,
com o emprego de arma de brinquedo, estaria autorizada a matar seu agressor,
por se reconhecer a ausência de dolo em sua ação, enquanto que, quando a
contrafacção da arma fosse capaz de anular a capacidade de reação da vítima,
consumando-se o roubo, esse emprego de meio sem potencialidade de inflingir
mal além da própria ameaça, seria tido como irrelevante, o que se apresenta
como verdadeiro absurdo.
VOTO
VOTO (VENCIDO)
O Sr. Ministro Assis Toledo: Sr. Presidente, lamento ter que discordar dos
votos que me precederam.
308
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
310
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
O Sr. Ministro José Dantas: Não obstante a boa lógica dos argumentos
do Sr. Ministro Assis Toledo, prefiro o apoio que o Sr. Ministro-Relator deu à
tranqüila jurisprudência dos Tribunais, reiterada nos cinqüenta anos de aplicação
prática do Código Penal.
Ousaria argumentar contra a tese de S. Exa. que, se há bis in idem no
concurso da grave ameaça com a qualificadora do uso de arma de brinquedo,
segundo a construção jurisprudencial, tal bis in idem estaria na própria lei, que
a seu tempo qualifica o roubo pelo uso de “arma” ofensiva sem consideração a
que já seja “grave a ameaça”, segundo a tipificação do caput do mesmo art. 157
do Cód. Penal; donde a objeção não me parecer procedente, com a devida vênia.
Portanto, peço permissão a S. Exa. para acompanhar o Sr. Ministro-
Relator.
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 13.10.1992
RELATÓRIO
312
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
314
SÚMULAS - PRECEDENTES
Penal. Crime de roubo. Ameaça com arma de brinquedo. Exegese do art. 157 §
2º do Código Penal.
A ameaça com o emprego de arma de brinquedo, é suficiente para tolher a
capacidade de resistência da vítima, inciente da inidoneidade ofensiva do meio
empregado, de modo a configurar a qualificadora do item I do § 2º do art. 157 do
Código Penal.
VOTO-VOGAL
VOTO-VOGAL
316
SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 10.10.1994
RELATÓRIO
VOTO
Sr. Presidente, lamento ter que discordar dos votos que me precederam.
A subtração de coisa alheia é crime de furto, previsto no art. 155. Quando essa
subtração é feita mediante “grave ameaça”, o furto se transforma em roubo, com
pena bastante agravada. A jurisprudência e a doutrina, tomando as considerações
318
SÚMULAS - PRECEDENTES
que foram feitas pelos eminentes Relator e Ministro Costa Lima, estendeu-as
ao crime de roubo com emprego de arma de brinquedo, por considerar que a
arma de brinquedo, devido a sua aparência, tem aptidão para fazer com que a
vítima suponha estar realmente sob grave ameaça. A jurisprudência, portanto,
passou a admitir o crime de roubo nesta ficção - emprego de arma de brinquedo
-, quando, na verdade, o que ocorre é uma hipótese de furto mediante fraude.
Entretanto, essa tolerância tem uma justificação lógica: a arma de brinquedo
pode verdadeiramente criar ameaça subjetiva no espírito do sujeito passivo do
crime.
Todavia, um segundo passo foi dado aqui, baseado em grave equívoco,
segundo penso: supor que a arma de brinquedo possa, numa segunda etapa,
ser considerada espécie de “arma” para qualificar o roubo. Note-se que, no art.
157, o legislador fala em “grave ameaça”, podendo esta ser feita por um objeto
de fantasia ou até verbalmente, mas, no § 2º, o legislador já não fala em “grave
ameaça” e sim em “emprego de arma”.
Para que possamos entender que arma de plástico, destinada a brinquedos
infantis, seja “arma”, teremos que recorrer à analogia in malam partem, que,
como se sabe, não é permitida em Direito Penal. Analogia é o raciocínio que vai
do semelhante para o semelhante, tomo como ponto de partida uma hipótese
regulada expressamente na lei e aplico a mesma solução a uma outra hipótese
semelhante não prevista em lei, baseado no raciocínio segundo o qual o que é
bom para a primeira também é bom para a segunda.
O que é bom para a arma de verdade, sê-lo-ia para a de brinquedo...
Ora, as imitações de plástico de revólver e outras, que as crianças usam para
brincar, não podem ser consideradas “arma”, porque arma é instrumento de
ataque, com aptidão para causar, no mínimo, lesões à integridade física, o que
não ocorre com aquelas imitações.
Não vendo razão para modificar esse entendimento que, mutatis mutandis,
aplico à extorsão qualificada, conheço do recurso pela divergência mas lhe nego
provimento.
É o voto.
VOTO-VOGAL
320
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO-VOGAL
ANEXO
RELATÓRIO
VOTO
322
SÚMULAS - PRECEDENTES
Penal. Crime de roubo. Ameaça com arma de brinquedo Exegese do art. 157,
parágrafo 2º, I, do Código Penal.
A ameaça com o emprego de arma de brinquedo é suficiente para tolher a
capacidade de resistência da vítima, inciente da inidoneidade ofensiva do meio
empregado, de modo a configurar a qualificadora do item I do parágrafo 1º do art.
157 do Código Penal. (in DJU de 25.09.1989, p. 14.953).
Têm razão aqueles que entendem que o revólver de brinquedo é meio eficaz
para a qualificadora do roubo. Obviamente, o reconhecimento da qualificadora há
que ser precedido de análise profunda que abranja as circunstâncias específicas
do caso, em especial, enfocando-se o temor que a vítima venha a sentir julgando-
se ameaçada.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
apto a lesar a integridade física (ex. uma barra de ferro, um furador de gelo, um
machete, etc.). Não é preciso que a arma seja efetivamente manejada, bastando
que seja portada ostensivamente, como uma ameaça implícita. A ameaça com
uma arma ineficiente (ex. revólver descarregado) ou fingida (ex. um isqueiro
com feitio de revólver), mas ignorando a vítima tais circunstâncias, não deixa de
constituir a majorante, pois a ratio desta é a intimidação da vítima, de modo a
anular-lhe a capacidade de resistir. Pela mesma razão, é irrelevante indagar-se se
o agente, ao empunhar ameaçadoramente mesmo uma arma eficaz, estava, ou
não, apenas simulando o propósito de atacar a vítima, desde que esta efetiva e
razoavelmente se intimidou.
Ante a onda de violência, que a cada dia parece mais engolfar a sociedade, não
vejo como se quedar a Justiça Criminal em exegese mais favorável aos facínoras,
quando se reclama um rigor consentâneo com a repressão mais efetiva de crimes
da natureza dos aqui revelados.
326
SÚMULAS - PRECEDENTES
registra maus antecedentes, tal como impostos na sentença, que fica assim,
reformada parcialmente.
É o meu voto.
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 20.05.1996
RELATÓRIO
VOTO
328
SÚMULAS - PRECEDENTES
Ementa: Criminal. Roubo. Arma de brinquedo. Art 157, parágrafo 2º, I, do CP.
- Na intimidação, feita com arma de brinquedo, para a prática do crime de
roubo, justifica-se o aumento da pena a que se refere o art. 157, parágrafo 2°, I,
do CP, quando o meio usado é bastante para tolher a capacidade de resistência da
vítima, que desconhecia a ineficácia do objeto.
Recurso conhecido e provido. (REsp n. 5.679-SP, 5ª Turma, Rel. Min. F1aquer
Scartezzini, Publ. no DJ 18.03.1991).
VOTO-VOGAL
O Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro: Sr. Presidente, o art. 157,
ao falar na subtração, afirma que o agente se valeu da ameaça ou violência,
incutindo terror e medo. Nas circunstâncias em que se encontrava, a vítima
acreditou que o agente - valendo-se de instrumento para o caso de haver reação
por parte da vítima - poderia matá-la. Não há dúvida alguma, a arma, seja no
sentido próprio ou impróprio, contribuiu para aumentar o terror, afastando a
possibilidade de defesa. No caso concreto não foi utilizada violência, sendo a
ameaça suficiente para incutir terror e medo. O objeto, apesar de estar com o
defeito mencionado, não foi relevante nesta hipótese, uma vez não percebido
pela vítima. Em face disso a resistência foi vencida e a ameaça exaurida.
Acompanho o eminente Ministro-Relator.
330
SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 29.11.1993
RELATÓRIO
Valdinei Faustino foi condenado, pelo Juízo da Nona Vara Criminal da Comarca
de São Paulo, a 1 ano, 9 meses e 10 dias de reclusão e 4 dias-multa, por infringência
ao art. 157, § 2º, I, c.c. o art. 14, II, ambos do Código Penal, concedido o sursis por
2 anos.
Inconformada, apelou a defesa, e a E. Décima Câmara desta Corte, à
unanimidade, deu provimento parcial ao recurso para fixar a pena privativa de
liberdade em 1 ano e 4 meses de reclusão.
Com apoio no art. 105, III, c, da Constituição da República, a Douta
Subprocuradoria Geral de Justiça interpõe recurso especial. Alega, em síntese,
que o ven. acórdão atacado, ao entender que o uso de revólver de brinquedo
não justifica a qualificadora prevista no inciso I do § 2° do art. 157 do estatuto
repressivo, divergiu de julgados do Col. Superior Tribunal de Justiça e do Pretório
Excelso.
Não foram apresentadas contra-razões.
VOTO
332
SÚMULAS - PRECEDENTES
Edelcio Martins dos Santos (fls. 60), empregado da vítima, presenciou toda
a cena e confirmou a detenção e a identificação do apelante como autor da
tentativa de roubo. (fl. 121).
O réu foi condenado por infração ao art. 157, § 2°, inc. I, c.c. o art. XIV,
inc. II, ambos do Código Penal, vale dizer, por tentativa de crime de roubo
especialmente agravado.
Diz a sentença que ele não logrou “retirar as coisas roubadas da esfera da
vigilância e disponibilidade da vítima”. (fl. 83).
O egrégio Tribunal a quo desclassificou o delito tentado para o caput do art.
157, reduziu a pena aplicada.
Tenho para mim, que essa desclassificação improcede. NELSON
HUNGRIA, nos seus Comentários ao Código Penal. vol. VII, Forense, 2ª ed. p.
58, ao comentar o art. 157, diz:
A ameaça com uma arma ineficiente (ex.: revolver descarregado) ou fingida (ex.:
um isqueiro com feitio de revolver), mas ignorando a vítima tais circunstâncias,
não deixa de constituir a majorante, pois a ratio desta é a intimidação da vítima,
de modo anular-lhe a capacidade de resistir. Pela mesma razão, é irrelevante
indagar se o agente, ao empunhar ameaçadoramente mesmo uma arma eficaz,
estava ou não, apenas simulando o propósito de atacar a vítima, desde que esta
efetiva e razoavelmente se intimidou.
334
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO VISTA
Muita vez, uma arma pode não ser idônea para a realização da violência, de
acordo com seu destino próprio; assim, p. ex., um revólver descarregado. Mas
será idôneo para a ameaça se a vítima desconhecer essa circunstância. A lei exige
apenas que a ameaça ou a violência sejam exercidas com emprego de arma. Não
há questionar se o agente preparou-se de antemão com ela, para pôr em ação
aqueles meios. É suficiente empregá-la, ofendendo a integridade corporal da
vítima ou ameaçando-a. (“Direito Penal”, Saraiva, 1977, II: 166).
EMENTA
336
SÚMULAS - PRECEDENTES
ACÓRDÃO
DJ 27.06.1994
RELATÓRIO
VOTO
338
SÚMULAS - PRECEDENTES
Muita vez, uma arma pode não ser idônea para a realização da violência,
de acordo com seu destino próprio; assim, p. ex., um revólver descarregado.
Mas será idôneo para a ameaça se a vítima desconhecer essa circunstância. A
lei exige apenas que a ameaça ou a violência sejam exercidas com emprego
de arma. Não há questionar se o agente preparou-se de antemão com ela,
para pôr em ação aqueles meios. É suficiente empregá-la, ofendendo a
integridade corporal da vítima ou ameaçando-a. (“Direito Penal”, Saraiva,
1977, II: 166).
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 07.08.1995
RELATÓRIO
VOTO
O Sr. Ministro Jesus Costa Lima (Relator): Diz o douto voto condutor do
acórdão:
Tenho o maior respeito pelas opiniões alheias. Mas, ainda se entenda que
a lei empregue arma no sentido técnico, este não se alheia do conceito geral
de que, como tal, se considera todo instrumento de ataque ou de defesa capaz
de infundir no espírito da vítima justo receio de uma agressão, coarctando-lhe
as possibilidades de agir. Quem, nos dias atuais, por amor ao tecnicismo, se
encadeia ao conceito de “arma verdadeira”, é porque não teve oportunidade
de vê, manusear um desses instrumentos tão perfeitos em sua estrutura e
apresentação que, somente a um detido exame, pode desfazer a dúvida.
A vítima declarou:
Por volta de vinte e três e trinta horas, quando voltava para sua casa pela
Avenida Nove de Julho, em São Vicente, foi abordado por um elemento, preto,
alto, o qual com um revólver na mão direita, disse ‘’pára, pára é assalto” e mandou
que o declarante entregasse dinheiro; que, o declarante disse que não tinha
dinheiro, sendo que então o elemento pediu o tênis que o declarante estava
usando e sua bicicleta, além da mochila que estava nas costas; que, o declarante
quando tirava a mochila, segurou-a nas mãos e saiu correndo; que, chamou uma
viatura da Polícia Militar, porém não esperou no local, ou próximo, pois, ficou com
medo, tendo em vista que o elemento estava armado. (fl. 12)
342
SÚMULAS - PRECEDENTES
Roubo.
O uso de arma de brinquedo, com efetiva intimidação da vítima, justifica a
capitulação do crime no art. 157, caput, do Código Penal, não sendo, no caso,
objeto do recurso, a qualificadora do par. 2°, do mesmo dispositivo.
Medida de segurança cuja exclusão se mantém, ante a superveniência da Lei
n. 7.209/1984.
Roubo. Arma de brinquedo. Se houve intimidação da vítima, por não saber que
se tratava de arma de brinquedo, justifica-se o aumento de pena a que alude o
artigo 157, a, 2º, I, do Código Penal. Precedente do STF (ReCr n. 90.227). Recurso
extraordinário conhecido, mas não provido. 10
Penal. Crime de roubo. Ameaça com arma de brinquedo. Exegese do art. 157
par. 2º, I, do Código Penal.
A ameaça com o emprego de arma de brinquedo, é suficiente para tolher a
capacidade de resistência da vítima, inciente da inidoneidade ofensiva do meio
empregado, de modo a configurar a qualificadora do item I do par. 2º do art. 157
do Código Penal.11
344
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO VENCIDO
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 06.11.1995
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Assis Toledo: Ivair Eleutério foi condenado a cinco anos e
quatro meses de reclusão, pela prática do crime do art. 157, § 2º, I, do Código
Penal, com regime inicial semi-aberto.
Apreciando os recursos, a Primeira Câmara do Tribunal de Alçada
Criminal do Estado de São Paulo, por maioria de votos, deu provimento ao
apelo ministerial para imposição do regime inicial fechado e parcial ao apelo da
defesa para afastar a qualificadora de arma de fogo. Por votação intermediária,
decretou a redução da pena para quatro anos de reclusão e dez dias-multa.
Inconformada, a Procuradoria-Geral de Justiça interpôs recurso especial,
apoiada na alínea c do permissivo constitucional, sustentando divergência
com diversos julgados do Supremo Tribunal Federal e desta Corte, no que diz
respeito à qualificadora do emprego da arma de brinquedo.
Admitida a irresignação, nesta instância a douta Subprocuradoria-Geral
da República, em parecer da lavra da Drª Julieta E. Fajardo Cavalcanti de
Albuquerque, opina pelo provimento.
É o relatório.
VOTO
346
SÚMULAS - PRECEDENTES
Sr. Presidente, lamento ter que discordar dos votos que me precederam.
A subtração de coisa alheia é crime de furto, previsto no art. 155. Quando essa
subtração é feita mediante “grave ameaça”, o furto se transforma em roubo, com
pena bastante agravada. A jurisprudência e a doutrina, tomando as considerações
que foram feitas pelos eminentes Relator e Ministro Costa Lima, estendeu-as
ao crime de roubo com emprego de arma de brinquedo, por considerar que a
arma de brinquedo, devido a sua aparência, tem aptidão para fazer com que a
vítima suponha estar realmente sob grave ameaça. A jurisprudência, portanto,
passou a admitir o crime de roubo nesta ficção - emprego de arma de brinquedo
-, quando, na verdade, o que ocorre é uma hipótese de furto mediante fraude.
Entretanto, essa tolerância tem uma justificação lógica: a arma de brinquedo
pode verdadeiramente criar ameaça subjetiva no espírito do sujeito passivo do
crime.
Todavia, um segundo passo foi dado aqui, baseado em grave equívoco,
segundo penso: supor que a arma de brinquedo possa, numa segunda etapa,
ser considerada espécie de “arma” para qualificar o roubo. Note-se que, no art.
157, o legislador fala em “grave ameaça”, podendo esta ser feita por um objeto
de fantasia ou até verbalmente; mas, no § 2º, o legislador já não fala em “grave
ameaça” e sim em “emprego de arma”.
Para que possamos entender que arma de plástico, destinada a brinquedos
infantis, seja “arma”, teremos que recorrer à analogia in malam partem, que,
como se sabe, não é permitida em Direito Penal. Analogia é o raciocínio que vai
do semelhante para o semelhante: tomo como ponto de partida uma hipótese
regulada expressamente na lei e aplico a mesma solução a uma outra hipótese
semelhante não prevista em lei, baseado no raciocínio segundo o qual o que é
bom para a primeira também é bom para a segunda.
348
SÚMULAS - PRECEDENTES
70.534-1, por mim relatado, cujo acórdão foi publicado no Diário da Justiça de 10
de outubro de 1993 - apenas afasta a causa de aumento inserta no inciso I, § 2º do
artigo 157 daquele Diploma. Existência, no caso, da grave ameaça, muito embora
sob a óptica da aparência, a evidenciar a violência à pessoa.
(HC n. 71.051-4, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 23.09.1994.
VOTO
ANEXO
VOTO
O Sr. Ministro José Dantas: Não obstante a boa lógica dos argumentos
do Sr. Ministro Assis Toledo, prefiro o apoio que o Sr. Ministro-Relator deu à
tranqüila jurisprudência dos Tribunais, reiterada nos cinqüenta anos de aplicação
prática do Código Penal.
VOTO-VOGAL
VOTO
350