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CABOS DE AÇO APLICADOS NOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS E TRANSPORTE

1. UMA BREVE HISTÓRIA DE CABOS DE AÇO

Alguns exemplos encontrados no Egito afirmam cabos produzidos em pêlo de camelo 4000
aC. Também em murais no Egito mostram a produção de cabos feitos de papiro. Naquela
época os cabos eram aplicados para rede de pesca e armadilhas e também para içar e deslocar
cargas pesadas. Leonardo da Vinci contribuiu em seu trabalho com desenho de produção de
arames de aço, o que tornaria viável a construção de cabos de aço. Com a invenção do cabo
de aço possibilitou a construção de guindastes móveis e outros equipamentos para
levantamento e deslocamento de cargas pesadas. No início do século XIX cabos feitos de
cânhamo e correntes de ferro eram utilizados para levantar cargas nas Indústrias de minérios.
O engenheiro de mineração Wilhelm Albert J. A. de Clausthal (1824- 1838), na Alemanha
propôs um processo de trefilação e torção de arames de aço visando substituir as correntes de
ferro utilizadas nas minas de carbono naquela época, justificando que o cabo de cânhamo em
que os elementos que suportam a carga estão em arranjos paralelos, mas também com as
vantagens da capacidade de força de resistência à tração em relação das correntes de ferro.
Então, sua tentativa de combinar as vantagens dessas duas formas de içar cargas marcou o
nascimento do primeiro "cabo de arames". O primeiro cabo de arames da história da
humanidade tinha aproximadamente 18 mm de diâmetro, constituído de três penas com quatro
arames em cada perna que tinha diâmetro aproximadamente de 3,5 mm e eram torcidos
manualmente.

2. CABOS DE AÇO

São elementos flexíveis compostos de fios metálicos (pernas) transados ou torcidos formando
combinações estruturais para transmissão de potência. Também pode ser definido como um
conjunto de arames de aço estirados a frio, agrupados de forma helicoidal (espiral), formando
uma seção transversal metálica capaz de resistir esforços de tração, associados às condições
de flexibilidade com uma tensão de resistência aproximadamente de 130 a 200 kgf/mm²
formado de pernas que envolvem um núcleo central chamado ALMA. Os cabos de aço
sempre trabalham sob tensão e tem a função de sustentar ou elevar e transportar cargas nas
posições horizontal, vertical ou inclinada (força de tração) e estão sujeitos aos seguintes
esforços:

- Cabos de aço que funciona como sustentação são submetidos a uma solicitação estática,
devendo ser dimensionados como elementos estruturais.
- Cabos de aço que se movimentam cargas durante um ciclo de trabalho, sofrem desgaste por
atrito e devem ser dimensionados como elementos de máquinas submetidos à fadiga.
Exemplos: Cabos para elevadores, escavadeiras, pontes rolantes, guindastes e outras
aplicações.

2.1 Classificação geral de cabo quanto ao tipo de material. Costuma-se classificar


em dois grandes grupos:

a) Cabos vegetais ou de manilha onde o elemento primário é uma fibra têxtil


(cânhamo, juta, etc.). Atualmente de pouca aplicação nas indústrias.

b) Cabos metálicos onde o elemento primário é um fio metálico (aço, alumínio,


bronze, aço liga, cobre, etc.) são empregados tanto como elemento de ligação à
tração, quanto como órgão de transmissão de potência.

2.2 - Classificação de cabo de aço de acordo com sua matéria prima:

- Galvanizado, inoxidável, polido e cabo de aço revestido.

2.3 - Comparação em relação às correntes, os cabos de aço possuem as seguintes


vantagens:

- Maior leveza.

- Menor suscetibilidade a danos, devido a solavancos na transmissão;

- Maior confiabilidade durante a operação;

- Custo menor de aquisição do que as correntes metálicas;

- Manutenção simples;

Desvantagem - Os arames externos são sujeitos a desgastes mais intensos,


rompem-se antes dos fios interno.

2.4-Propriedades de Cabos de Aço A maior parte dos cabos de aço é feita de fios de
aço, estirados a frio, principalmente de cinco categorias. Em ordem decrescente de resistência,
essas categorias são:

- Aço de alta resistência para cabo-IPS (Improved Plow Steel) mais usado em
geral;

- Aço de média resistência para cabo - PS (Plow Steel);


- Aço mole para cabo - MPS (Mild Plow Steel);

- Aço mais alto de resistência à tração - Extra Improved Plow Steel (EIPS);

-Aço muito mais alto grau de resistência à tração. Extra Extra Improved Plow
Steel (EEIPS);

As categorias de resistência mais baixa, chamadas aço-ferro e aço de tração, são feitas
para cabos de elevadores para transportes de materiais da construção civil.

As resistências à tração dos fios nos cabos são:

Aço de alta resistência à tração para cabo (IPS): 240 a 280 ksi (168 a 196 kgf/mm²);
Aço de média resistência à tração para cabo (PS): 210 a 240 ksi (147 a 168 kgf/mm²)
Aço mole para cabo (MPS); 180 a 210 ksi (125 a 147 kgf/mm²)

Valores extraídos do livro Elementos de Máquinas, autor Virgil M. Faires.

O gráfico acima mostra as variações das resistências dos arames em função dos seus
diâmetros nas qualidades Plow Steel, IPS, EIPS e EEIPS (Denominação americana). A curva
de resistência à tração "Plow Steel" forma a base para o cálculo de todas as resistências dos
arames. Observar que no gráfico, a resistência à tração dos arames para cada categoria, não é
constante, variando inversamente proporcional ao seu respectivo diâmetro nominal. Além da
resistência à tração cada categoria é ainda caracterizada pela qualidade da elasticidade do
cabo, resistência a fadiga e à abrasão (fonte: U. T. CABOS-F. S. C. Lopes)
2.5 Termos presentes no cabo de aço Em geral os modelos de cabos de aço
possuem números e letras que simbolizam as suas principais características. Por exemplo:
temos a classe do cabo 6 x 25 F x AF.

Leitura: 1 número significa a quantidade de pernas do cabo, neste caso 6.

2° número, indica a quantidade de arame que compõem em cada perna que são 25.
"F" origina do inglês "filler" que quer dizer enchimento. Ele mostra como os arames são
distribuídos nas pernas. Para o exemplo dado, os fios estão dispostos da seguinte forma:

 1 arame central;
 6 arames em volta do central;
 6 arames filler;
 12 arames formando a capa da perna;

AF - alma de fibra, que pode ser tipo natural, artificial ou cabo de aço independente.

Outro exemplo: temos o cabo 7 x 39 F x AF

Leitura: - 7 simboliza a quantidade de pernas do cabo.

- 39 é a quantidade de fios presentes em cada perna. "F" palavra inglesa


"filler" que significa enchimento.

- AF simboliza a alma de fibra, pode ser natural (AFN) ou artificial (AFA).

Atenção! Alma de fibra é apenas o núcleo que as pernas do cabo se torcem e ficam em
forma de hélice. A função desta "alma" é para permitir que as pernas fiquem posicionadas de
uma forma que a carga suportada pelo cabo de aço seja distribuída igualmente, assim
prevenindo que o cabo se parta ou sofra um desgaste acelerado por atrito.

2.6 Especificação do cabo de aço: - Diâmetro "d". De acordo com a norma


DIN15020 usa-se a fórmula:
 d = k(F) ^ (1/2) d - diâmetro da polia; F - força de tração atuante no cabo.
 k- coeficiente que depende da natureza da carga (experimental).
 Polia e Tambores - Seus diâmetros são selecionados pela tabela da norma DIN 15020.
 - Pernas - números de arames nas pernas e número de pernas.
 - Tipos de cabos de aço classe: 6 * 7; 6 * 19 6 * 21 6 * 37 8 * 19
 - Seleção de cabo de aço: Geometria das polias, material e bitola do cabo.
Estima-se que a deformação elástica de um cabo de aço, quando submetido a uma tensão,
varia 0,25 a 50%, quando o mesmo for submetido a 20% de sua carga de ruptura mínima. A
área metálica de um cabo de aço é constituída pelo somatório das áreas das seções
transversais dos arames individuais que compõe, exceto dos arames de enchimento (filler). A
área metálica varia em função da construção do cabo de aço através de uma fórmula
aproximada. Pode-se calcular aplicando-se a equação abaixo.

A=Fxd^2

A - área metálica da seção em mm²

F - Fator de multiplicação que varia em função da constante do cabo de aço.

d - Diâmetro nominal do cabo de aço.

Deformação estrutural do cabo de aço pode ser parcialmente usando a técnica do pré-
esticamento do cabo. A operação do pré-esticamento é realizada com uma carga de
aproximadamente 40% da carga de ruptura mínima. Assim para aplicações onde não é
permitido o alongamento, recomenda-se usar o cabo pré-esticado.

Deformação Elástica do cabo de aço é diretamente proporcional à carga aplicada e ao


comprimento do cabo, e inverso do seu módulo de elasticidade e a área metálica. Ao contrário
da deformação estrutural que é permanente.

A deformação elástica não fornece um valor com precisão, entretanto, a equação abaixo
mostra uma aproximação aceitável.

AL = P L/E A

onde
AL é a deformação elástica;

L é o comprimento do cabo;

E é o módulo de elasticidade;

P carga aplicada;

A é a área metálica;

DEFORMAÇÕES NOS CABOS DE AÇO

Ocorre principalmente por irregularidade no equipamento em contato com o cabo e por


métodos Inadequados de fixação; quando estas deformações forem acentuadas poderão alterar
a geometria do cabo e provocar uma instabilidade ou um desequilíbrio de esforços entre as
pernas e ocorrer a ruptura do cabo. As deformações mais comuns são:

I) Ondulação - Surgem quando o eixo do cabo de aço apresenta em forma de hélice, podendo
transmitir vibrações acelerando o desgaste prematuro, e ocasionando a ruptura do cabo.

II) Amassamento do cabo de aço - verifica-se pelo enrolamento desordenado no tambor. Uma
opção neste caso é usar um cabo de aço com alma de aço.

III) Gaiola de passarinho - É um tipo de deformação causada por um alívio repentino de


tensão

Resistência - Quanto mais espesso um cabo de aço, maior a resistência a ruptura. A medida da
resistência ela é feita em N/mm² isso para os cabos galvanizados e para os cabos polidos de
1770 N/mm² aproximadamente

Flexibilidade e Rigidez - Quanto maior o número de pernas e fios (arames) um cabo de aço
apresenta, maior flexibilidade. Dessa maneira, um cabo de 8 x 25 é mais flexível que um cabo
6 x 25 por exemplo. A escolha entre eles depende das suas funções, exemplo: cabos que
precisam ser enrolados e desenrolados com freqüência em estruturas como pontes e guinchos
costumam ser mais flexíveis.

2.7 Tipos de falhas de cabos de aço em função da carga e da velocidade.

- Aparecimento de tensões de contato de HERTZ;


- Deslizamento relativo entre os arames;

- Falha por fadiga sob um carregamento axial>

- Falha por fadiga de fretagem;

- Falha de desgaste;

- Falha de desgaste abrasivo; - Falha por escoamento ou ruptura do material

2.8 Fases para fabricação dos cabos de aço.

- Torcendo em forma de hélice vários arames de pequenos diâmetros juntos para formar uma
perna.

- Torcendo várias pernas juntas para formar o cabo.

Os cabos de aço normalmente são formados por 6 a 8 pernas, mas há cabos especiais com um
número maior de pernas e composto de arames, pernas e alma (núcleo central).

2.9 Aplicações comerciais dos cabos de aço convencionais.

Transporte; Elevação de cargas; Elevadores de passageiros; Teleféricos; Mineração;


Aeronaves; Eletrificação; Equipamento rodoviários e ferroviários, pontes, estals, tirantes,
monta-cargas, etc.
3 PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO E COMPOSIÇÃO DE CABOS DE
AÇO

Atualmente, com o aperfeiçoamento das técnicas de fabricação, existem máquinas para a


construção de cabos que possibilitam a confecção das pernas em uma única operação, tendo
todas as camadas o mesmo passo. Dessa forma, assegura-se um contato permanente entre os
arames de camadas sucessivas, obtendo-se melhor distribuição das tensões internas e tornando
os cabos mais estáveis.

3.1 Tipos de distribuição de fios nas camadas de cada perna do cabo. Os principais
tipos de composição que vamos estudar são os seguintes:

Cabo standard ou normal

Todos os fios dos arames e das pernas são de mesmo diâmetro, exemplo: cabo 6 x 7AF (seis
pernas, sete arames em cada perna - alma de fibra)

Cabo Seale

São projetados para oferecer boas características de durabilidade, pelo emprego de arames
grossos na parte externa e também boa flexibilidade pelo uso de arames finos nas camadas
internas., ou seja, as camadas são alternadas em fios de arames grossos e finos. Todos os
núcleos servem para proteger as pernas, evitando escorregamento. Existem pelo menos duas
camadas adjacentes com o mesmo número de camadas. Sem dúvida, núcleo de aço é um
apoio mais resistente do que um núcleo de cânhamo e apresentam arames de grande
diâmetro na sua última camada e todos possuem alta resistência ao desgaste. Cabo de aço
com 19 arames assim distribuídos: (1+9+9) "8 x 19 Seale AF"; "6x19 Seale AF" distribuição
(1+9+9).

Cabo Filler

Sua composição apresenta pernas com arames com diâmetro muito finos entre duas camadas
de arames com mesmo diâmetro que servem como enchimento dos vãos dos fios grossos,
permitindo para a boa acomodação dos outros arames. Os cabos de aço fabricados com essa
composição possuem boa resistência ao desgaste, elevada resistência à fadiga, maior
resistência ao esmagamento e maior área de contato. Sua configuração mais comum
apresenta a seguinte distribuição: 25 arames 12+6+6+1. Exemplo: 6 x 25 AACI-Leitura: 6
pernas, 25 arames, alma de aço de cabo independente.

Cabo Harrington

os cabos de aço fabricados com essa composição possuem boa resistência ao desgaste e
resistência à fadiga. Caracteriza-se por uma camada exterior formados por arames de dois
diâmetros diferentes e alternados. A distribuição mais comum dos arames: 1+6+6+6; 6x19;
Leitura: 6 pernas, 19 arames em cada perna.

Cabo Warrington-Seale

Composto por uma combinação de arames finos internamente que garante maior
flexibilidade, enquanto que arames grossos externamente garantem maior resistência à
abrasão conjugado com alta resistência à fadiga de flexão. A construção mais usual com 36
arames assim distribuídos: (1+7+7+7+14) "6 x 36 WS".

Atenção! A flexibilidade de um cabo de aço é inversamente proporcional ao diâmetro dos


seus arames externos.
Construções Típicas dos Cabos de Aço

É mostrado acima apenas 8 seções transversais das muitas existentes. O primeiro número em
cada ilustração correspondente ao número de pernas, ao passo que o segundo se refere ao
número de fios por perna. Em alguns casos o último número é apenas indicativo, visto que os
fios mais finos, de enchimento, podem não estar incluídos.

Os cabos de aço podem ser fabricados em dois modos distintos: ou as pernas são colocadas ao
redor da alma, em sentido contrário ao dos fios nas pernas, ou podem ser enroladas no mesmo
sentido. Visto externamente o primeiro apresenta os fios, individualmente, como paralelos ao
eixo do próprio cabo, ao passo que o segundo tipo mostra os fios formando um ângulo
considerável com o eixo do cabo.

5 TIPOS DE ALMA DE CABOS DE AÇO.

As almas de cabos de aço podem ser fabricadas de vários materiais de acordo com sua
aplicação: Alma de fibra; alma de algodão, alma de aço, alma de alumínio, entre outros.

5.1 CABO DE AÇO COM ALMA DE FIBRA - As fibras podem ser naturais
(AFN) ou artificiais (AFA). As almas de fibras em geral dão maior flexibilidade ao cabo de
aço. As almas de fibras artificiais são fabricadas com o composto orgânico chamado de
polipropileno e as fibras naturais são fabricadas normalmente de sisal.

*Vantagem das fibras artificiais:

-Não absorvem umidade;

*Desvantagem das fibras artificiais:

- Custo elevado e são aplicadas somente em casos especiais.

5.2 CABO DE AÇO COM ALMA DE AÇO - Material com maior resistência ao
amassamento e aumentam a resistência à tração. A alma de aço pode ser formada por uma
perna de cabo (AA) ou por um cabo de alma de aço independente (CAAI), sendo esta segunda
modalidade aplicada quando se exige do cabo maior flexibilidade combinada com elevada
resistência à tração. Por exemplo: um cabo de seis pernas com alma de aço apresenta um
percentual de 7,5% na resistência a tração e 10% na massa em relação a um cabo com alma de
fibra com o mesmo diâmetro.

5.3 CABO DE AÇO COM ALMA DE ALGODÃO - Usada em cabos de


pequena dimensão com aplicação para transporte horizontal, vertical ou inclinado de cargas
leve.

5.4 Cabo de aço com alma de asbesto - Um tipo de alma utilizado em cabos
especiais sujeito a temperaturas elevadas.

6 PROCESSOS DE ENROLAMENTO DOS CABOS METÁLICOS

Os cabos de aço, quando tracionados, apresentam torção das pernas ao redor da alma. Nas
pernas há também torção dos fios em torno do fio central (alma). O sentido dessas torções
pode sofrer uma variação os quais os cabos metálicos podem ser enrolados da seguinte forma:

Enrolamento ordinário ou cruzado - Um tipo de torção onde as pernas são enroladas à


direita ou à esquerda, sempre no sentido inverso do sentido dos arames elementares. Os cabos
de enrolamento ordinário são praticamente anti-giratórios e resistente à formação de dobras,
mas são muito sensíveis ao desgaste e a fadiga. Estes cabos são estáveis, possuem boa
resistência ao desgaste na sua parte interna e de montagem fácil. Também possuem elevada
resistência ao amassamento e elevada deformação.

Enrolamento ou torção Lang ou em Paralelo - Os fios de cada perna são torcidos no


mesmo sentido das pernas que ficam em torno da alma. As torções podem ser à esquerda ou à
direita. Este tipo de torção aumenta a resistência ao atrito (abrasão) e permite maior
flexibilidade ao cabo. Sendo que os arames externos apresentam uma maior área exposta. A
torção Lang proporciona ao cabo de aço maior resistência à abrasão, flexibilidade e possuem
maior resistência à fadiga enquanto estão sujeitos ao desgaste interno, distorções e
deformações. Uma inconveniência desse tipo de cabo é que não são recomendados para
movimentar cargas com apenas uma linha de cabo.

Enrolamento alternado - É aquele onde as pernas são enroladas alternadamente à direita ou


a esquerda. Qualquer um dos processos de enrolamentos citados pode ser associado a um
tratamento especial chamado "preformação ou preenrolamento".

7 ESFORÇOS QUE ATUAM SOBRE OS CABOS METÁLICOS

É importante ter conhecimento, todos os esforços que atuam sobre os cabos de transmissão
com o objetivo de verificar se o somatório dessas forças não ultrapasse a sua tensão de limite
elástico. Estas solicitações podem resultar em um esforço único, que é o produto do esforço
de tração estático pelo coeficiente de segurança que varia conforme a aplicação a que o cabo
se destina, com a sua composição e com a natureza da instalação. As solicitações que atuam
sobre os cabos metálicos podem seres classificados:

Esforço de tração estático

Esforço de tração estático de um cabo metálico é a tensão a que o cabo estará submetido ao
içar verticalmente uma carga de peso P. A tensão de tração estática admissível é dada pela
seguinte equação:

T=P/KA

'A' é a seção do cabo e 'K' o coeficiente de segurança.


Esforço de tração dinâmica ou de inércia no cabo

O esforço de tração dinâmica de um cabo é a tensão que somará à tensão de tração estática em
decorrência da inércia da carga acionada, seja na prática, quando o cabo é solicitado para
vencer a inércia de repouso da carga, seja na frenagem, quando o cabo é solicitado para
vencer a inércia do movimento da carga.

Fd = (P / g) a; a tensão de tração dinâmica é igual

Td = Test / g; g é a aceleração da gravidade.

Na prática, em instalações bem projetadas, onde as velocidades de funcionamento são


inferiores a 2 m/seg, admite-se que a tensão de tração dinâmica seja igual a 10% da tensão de
tração estática, de forma que

Td = 0,10Test

Esforço de flexão do cabo na polia ou no tambor.

É a tensão de flexão que lhe é imposta pelo dobramento que ele deve sofrer para abraçar o
tambor ou a polia. A tensão de flexão é uma tensão de fadiga do material, uma vez que a
curvatura é repetidamente feita e desfeito durante o funcionamento e depende da composição
do cabo e do diâmetro do tambor ou da polia. Um estudo quantitativo, mostra que a tensão de
flexão de um cabo pode ser estudada da seguinte maneira: Considere um cabo de diâmetro 'd'
envolvendo uma polia de diâmetro médio de enrolamento 'D' (linha neutra da seção do cabo
quando este se curva para abraçar a polia). Sabe-se que o cabo envolve a polia, a fibras
interiores à curvatura se encurtam e as exteriores à curvatura se alongam da quantidade:

3.14(D + d ) / 2 - ( 3.14 D / 2 ) = 3.14 d / 2 o alongamento relativo é:

L = d/2 e a tensão de flexão correspondente é:

Tf = E.d / D, E é o modulo de elasticidade do cabo.

Esforço de rigidez de um cabo na polia ou no tambor.

O esforço devido à rigidez de um cabo é o oposto ao seu assentamento sobre a polia, durante
o desenrolamento. O esforço é o resultado da inércia próprio de cada arame e principalmente
do atrito que se opõem ao deslocamento dos arames e das pernas uns em relação ao outro.
Pode-se avaliar a rigidez dos cabos através das distâncias de que eles se afastam ou se
aproximam do centro da polia, quando dobrados e desdobrados, como mostram os dois
desenhos a seguir.

Nos diagramas, a situação 'a' representa um cabo apoiado estaticamente sobre uma polia e a
situação 'b' mostra um cabo submetido ao movimento provocado pela força motora F, que
supera a força resistente F1. Como se pode verificar, o cabo se afasta do centro da polia de
uma quantidade € do lado F₁ e aproxima-se de uma quantidade €1, do lado de F. As duas

Medidas são praticamente iguais e são chamadas de "coeficientes de rigidez dos cabos. Seus
valores podem ser considerados iguais: € = €₁ = 0,12d² (cm).

8 PRÉ-FORMAÇÃO DOS CABOS DE AÇO.

Na maioria das aplicações, o cabo de aço pré-formado é considerado muito superior ao não
formado. A diferença entre os dois tipos está na fabricação, uma vez que, na do cabo de aço
pré-formado, é usado um processo adicional, que faz com que todos os arames fiquem
cruzados a forma helicoidal, e disposto no interior do cabo na sua posição natural, com uma
redução mínima de tensões internas entre as pernas.

As principais vantagens do cabo pré-formado são:

a) No cabo não pré-formado, os arames e as pernas tem a tendência de endireitar-se e a força


necessária para mantê-los em posição provoca tensões internas, às quais se adicionam as
tensões provocadas em serviço quando o cabo é curvado, em uma polia ou em um tambor.

As tensões internas provocam pressões dos arames e das pernas que se movimentam recíproco
no momento em que o cabo é curvado na polia ou no tambor, causando o atrito interno. No
cabo pré-formado, as tensões internas e o atrito interno são mínimos. Logo, o desgaste do
cabo é mínimo.
b) Devido da redução do atrito interno e das tensões resulta uma maior flexibilidade do cabo,
o que faz com que o escorregamento e a torção nos canais das polias e tambores sejam
reduzidos, o que causa uma redução do desgaste extremo do cabo, bem como da polia e do
tambor. O manuseio é facilitado pela ausência do atrito e das tensões o que ajuda para uma
maior segurança.

c) O equilíbrio do cabo é garantido, tendo cada perna tensão igual a outra, dividindo-se a
carga em partes iguais entre si.

d) Manuseio mais fácil e seguro;

e) não há necessidade de amarrar as pontas;

f) No caso da quebra de um arame, ele continuará curvado;

g) Divisão da carga equilibrada em todas as pernas;

Be careful!! O engenheiro para comprar um cabo de aço deve ser considerado, além da carga,
as condições de serviço, ou seja, velocidade, aceleração, quantidade de curvas feita pelo cabo,
abrasão, corrosão, peso próprio, etc. O coeficiente de segurança deve ser da ordem de 500%
podendo alcançar em alguns casos a 850% (carga útil representa 1/8 da carga de ruptura) e até
1300% em caso de elevadores de passageiros.

Na requisição de um cabo de aço devem constar os seguintes dados: comprimento, do cabo,


diâmetro, número de pernas e arames, tipo de construção (comum, Seale, Filler, Harrington,
Seale-Warrington, etc.), torção Cruzado ou Lang (esquerda ou direita), lubrificação, carga útil
e resistência dos arames (fonte: DRAPINSK, J. Manutenção Mecânica, 1975).

10. PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE CABOS DE AÇO

APLICAÇÃO CONSTRUÇÃO DE CABO DE AÇO GERALMENTE


UTILIZADO
Ponte Rolante 6x41WS + AF (baixa temperatura) ou AACI (alta temperatura),
torção regular, pré-formado, IPS, polido.
Monta carga 6x25F + AACÍ, torção regular, EIPS, polido
(guincho de obra)
Perfuração por 6x19S + AFA (alma de fibra artificial), torção regular à
percussão esquerda, IPS, polido
Cabo trator 6x19S + AFA, torção lang, IPS, polido.
Teleférico
Elevadores de 8x19S + AF, torção regular, traction steel, polido.
Passageiros
Pesca 6x19S + AFA e 6x7 + AFA, torção regular, galvanizado, IPS.
Guinchos, 6x25F + AACI ou 19x7, torção regular, EIPS, polido
Guindastes e Gruas
Laços para uso geral 6x25F + AF ou AACI, ou 6x41WS + AF ou AACI, polido.
Bate-estacas 6x25F + AACI, torção regular, EIPS, polido

Transmissão por Cabos de Aço

Estes cabos são usados em polias com ranhuras múltiplas e podem constituir a forma mais
económica de transmitir movimento através de longas distâncias e com grande potência. Não
é necessário um grande alinhamento das polias já que elas possuem ranhuras e a velocidade
do cabo deve ser bastante elevada.

Os cabos de aço são fabricados em dois tipos, quanto ao modo de torcer e enrolar o arame, e
estão representados na figura 2.16. O enrolamento diagonal normal ou cruzado, que é aceite
como padrão, e ainda o enrolamento Lang ou paralelo. Os cabos com o enrolamento Lang são
mais resistentes ao desgaste por abrasão e à falha por fadiga do que os com enrolamento
diagonal, porém, estão mais sujeitos a se dobrarem ou se destorcerem.

É também necessário o emprego de um lubrificante para impedir o atrito e o desgaste entre os


cabos de aço e roldanas, tambores ou demais superfícies sobre as quais eles passam.

FADIGA
Uma das principais causas do rompimento dos cabos de aço é a fadiga do material. Os
esforços de flexão e tração, inúmeras vezes repetidos, causam esta fadiga. Eventualmente,
alguns fios se rompem primeiro e o cabo vai progressivamente enfraquecendo até que seja
necessário retirá-lo de serviço. Se a lubrificação for inadequada, os esforços no cabo
aumentam devido à maior resistência ao movimento dos fios uns sobre os outros; a fadiga
aparece mais depressa e a vida útil do cabo de aço fica reduzida.

CORROSÃO

Outra causa importante de ruptura dos cabos de aço é a corrosão, termo que abrange não só o
ataque direto aos fios por fluidos corrosivos como sejam, águas ácidas nas minas, como
também o ataque pela ferrugem. A superfície total dos fios expostos ao ataque corrosivo é
muito grande. Por exemplo, já foi calculado que por 30 m de cabo de 1" de diâmetro e de 6 x
7, a superfície exposta atinge a 10 m² de 6 x 19 será 18 m² e de 6 x 37 atingirá
aproximadamente 25 m². Para que se possa proteger o cabo contra a corrosão, é preciso que o
lubrificante resista ao desalojamento pela umidade em qualquer ponto da superfície dos fios.

PROTEÇÃO DA ALMA DO CABO DE AÇO

Finalmente, o lubrificante também é imprescindível para reduzir ao mínimo o atrito e

o desgaste na superfície da alma do cânhamo, para evitar sua deterioração, protegendo-a


contra a penetração da água e impedindo o seu ressecamento. Ο desgaste, a deterioração ou o
ressecamento da alma redundam na diminuição do seu diâmetro, não lhe permitindo suportar
eficientemente os fios ao seu redor. As pernas tendem a se sobrepor, podendo acarretar sérios
danos aos fios.

Outra diferença estrutural importante resulta da maneira de formar o cabo durante a


fabricação. No processo normal, as pernas são forçadas ao redor da alma, ao passo que, no
processo de pré-formação, as pernas são torcidas helicoidalmente antes de serem dispostas ao
redor da alma. Se um cabo comum for cortado, as extremidades dos fios tendem a se
endireitar e a se afastar do cabo e as pernas deste tendem a se abrir. Por outro lado, nos cabos
pré-formados, os fios e as pernas do cabo tendem a manter sua posição quando este é cortado.

As diferenças estruturais dos cabos de aço influem na sua adequação aos diversos trabalhos.
Os cabos podem ser destinados a resistir ao máximo esforço de tração, flexibilidade,
resistência à abrasão, ao esmagamento ou à distorção. Geralmente, entretanto, prefere-se um
certo equilíbrio entre duas ou mais destas características.
PORQUE É NECESSÁRIO LUBRIFICAR OS CABOS DE AÇO

DESGASTE

Cada fio do cabo de aço pode estar em contato com três ou mais fios ao longo do seu
comprimento. Os contatos se dão teoricamente ao longo de uma linha, mas, na realidade, esta
linha se transforma numa estreita faixa pela deformação causada pela carga. A área total de
carga ou de suporte, no fio de um cabo de aço, é relativamente grande, provavelmente maior
do que numa máquina de peso similar.

Quando a carga é aplicada ao cabo de aço e quando este é dobrado ou fletido nas roldanas ou
tambores, as tensões se desenvolvem no sentido de causarem o movimento das pernas e dos
fios uns sobre os outros. A menos que se consiga manter uma película lubrificante nas áreas
de contato, poderão resultar considerável atrito e desgaste devidos a este movimento.

Podemos dizer, em resumo, que as várias ações destrutivas a que estão sujeitos os cabos de
aço, principalmente o atrito, abrasão, desgaste, fadiga, corrosão e rompimento dos fios devido
à deterioração da alma só podem ser atenuadas pela eficiente aplicação de um lubrificante
adequado.

Entretanto, outras causas mecânicas provocam o rompimento dos cabos de aço e não podem
ser evitadas mesmo com o uso das melhores práticas de lubrificação. Supondo que o cabo de
aço foi corretamente escolhido para determinada espécie de serviço (isto é, tenha suficiente
resistência, flexibilidade, etc.), estas causas mecânicas poderão incluir. roldanas de diâmetro
muito pequeno, provocando esforços de flexão desproporcionados; desnecessários esforços de
flexão ou dobramento reverso do cabo; ranhuras das roldanas inadequadas ao diâmetro da
cabo, pois se a ranhura for muito larga não poderá suportar convenientemente o cabo, e, se
muito estreita, poderá esmagá-la ou deformá-lo; velocidade excessiva e, finalmente, poderão
ficar retorcidos pelo manejo descuidado.

LUBRIFICAÇÃO DURANTE A FABRICAÇÃO

Um lubrificante existente no interior do cabo protege-o durante o embarque, armazenagem e


instalação. Sob condições favoráveis, continua protegendo o cabo durante longos intervalos
de tempo. Deve-se, entretanto, reconhecer que a maioria do lubrificante que impregna a alma
é expulso durante a formação das pernas; o restante vai-se perdendo durante a armazenagem e
quando o cabo é submetido à carga. Com raríssimas exceções, é preciso providenciar um
programa de lubrificação dos cabos de aço logo após sua instalação.

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