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GRUPO MARIGHEL LA
OEZEMBRO 1968
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J u.º
questões de organização

Nos ~ltimos tempos deu-se uma mudança de qualidade no movi-


mento revolucionârío brasileiro, obrigando- a ditadura a decre
taro Ato Institucional n~ 5, como fruto do golpe fascista de
13 de dezembro.
A mudança de qualidade do movimento revolucionârio evidenci.2,
se no fato de que novas fôrças s~ engajaram na luta antiditadura.
Essas fôrças surgiram no movimento de massas e se estenderam at~
A oposição eclesiàstica. Pela primeira vez no Brasil os atos te~
roristas passaram a desempenhar um papel na luta política. E por
seu turno, irromperam no cen!rio da luta antidutadura operações
e tâticas guerrilheiras, que estão levando o inimigo A perplexi-
dade e ao desesp ro •
• Em face disso, quais as mudanças que estão se operando na
nossa organização revolucionâria e que novas mudanças devemos in
traduzir?
-
Nossa organização foi constituida para levar A prâtica uma
linha revolucionâria que tem como ~stratêgia a guerrilha. Os
principios de tal organização não se confundem com os das organi,
zações politicas de esquerda tradicionais no Brasil, cujo .Eunci2
namento se dA A base de reuniões para elaborar documentos, e vez
por outra controlar tarefas mais ou menos burocrâticas, ditadas
pela cúpula, e que nunca se realizam.
O funcionamento de nossa organização, pelo contrário,~ de .
baixo para cima, e se faz A base do desencadeamento da ação e
da luta revolucionA.ria, dando ênfase à iniciativa tomada pelos
grupos que constituem nossas bases. A cúpula-em nossa organiza-
ção- ~ sempre composta de um número reduzido de companheiros
que para merecerem confiança devem destacar-se pelo seu despre_!!
dimento e pela participação nas ações mais arriscadas e respon-
sâveis. ·
o pequeno nácleo inicial de combatentes que se lançou à
ação e constituiu nossa organização revolucionâria partiu, por-
tanto, de principios revolucionârios opostos aos princípios opo!_
tunistas de organização.
Dai por que desde o prim~ro
. -
momento se orientou para a cons
truçio de wna infra-estrutura que permitisse a ação, em vez de
preocupar-se com a construção de uma estrutura orgãnica e hier~
quica, originâria de reunião de delegados ou da convocação de
antigos ôrgios dirigentes convencionais.
Dadas essas premissas, nossa organização -ao surgir- jA co~
tava com uma parte estratégica e titica dedicada a realizar o
tr balho secreto na ârea estrat~gica das op~rações de guerrilha
e a iniciar a ~ontagem clan-
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destina de um centro de aperf eiçoamento guerrilheiro. Esta par-


te estrat~gica e tâtica de nossa organização te um carãter mó-
vel, pois, pelo papel que desempenh., funciona de a~rdo com os
interêsses estrat~gicos e táticos imediatos da guerrilha e est!
sudeita a operações complexas de deslocamento.
A outra parte de nossa organizaçio ficou constituida de 9r:!:!,
pos revolucionhios classificados~ dois ti~s: 1) grupos pro-
venientes da transformação de nossos antigos 6rgãos convencio~
nais e grupos revolucionã.rios; 2) grupos não convencionais,
desvinculados de compromissos partidârios, que optaram por nos-
sos principies e vieram reforçar nossas fileiras.
Articulando os grupos existentes, surgiu a antiga coordena-
ção urbana; que se ampliou com outros tipos de coordenação, s'1!
gidos com o avanço do movimento.
Sirnult3.ne~nte, em vã.rios pontos do pais, pequenas organi-
zações revolucionâria com vida própria, alguns setores de ativi
dades revolucionârias, incluindo uma parte de - eclesiâsticos,
✓/e revolucionârios independentes decidiram
integrar nossa~ organização.
Tôda esta parte de nossa organização~ dedicada A atividade
local e mant&l com a parte estrat~gica e tâtica m6vel um elo
permanente de ligação.
t isto que permite a colaboração e o apoio má uo entre a
atividade estratfgica e tâtica móvel e a atividade local, em be
neficio do objetivo comum, ou seja a estrat~gia da guerrilha.
.-
Nosso conceito de organização não~ estâtico, neM dogmâtico,
pois não existe -segundo ensina a teori a marxista-leninista-
nenhuma organização abstrAta. A organização estâ sempre a serv,i
ço de uma determinad linha politica e tem que sofrer os refle-
xos do avanço ou dos reveses da linha política. A nosso ver,
qualquer mudança de qualidade do movimento revolucionârio dete~
mina mudanças de qualidade nA organização revolucionâria.
com o ~vanço do movimento revolucíonârio foram sendo intro-
duzidas mudanças na organização revolucionâria. Por sua vez,
certas mudanças no quadro da organização revolucionâria ín.flui-
ram no avanço do movimento.
Na parte estratégica e tâtica m6vel de nossa organização,
produziu-se um~ mudança com o centro de aperfeiçoamento guerri-
lheiro. Isto se verificou a partir do momento em que o centro de
aperfeiço~nto começou a dar os primeiros frutos, fornecendo
alguns dros para tarefas estratégicas
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e tâticas e para o r~forçamento da •~iria. atividade local. No_!
sa preocupação em dar prioridade ao centro de aperfeiçoamento e
em selecionu- melhor o pessoal que d~le se beneficia produzir!
mais adiante resultados compensadores. TAis resultados serão C_!
pazes de provocar nova mudança de qualidade na nossa organiza-
ção revolucionâria e no cont~do e na forma das operações e tâ-
ticas guerrilheiras, bem co~o na atividade local.

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Ao mesmo tempo, também na parte estrat~gica e tâtica de nos
sa organização revolucionâria a mudança produzida verificou-se
com o surgimento de unidades móveis, tais coDlO o grupo do trab!
lho estrat~gico e o grupo t!tico armado.
O gr-~po do trabalho estrat~gico e o grupo t,tico armado de-
senvolver8JJI atividades essenciais, independente.mente um do ou-
• tro, estabelecendo-se entre ~les apenas u elo de ligação. O
grupo tático armado foi W!\ grande apoio do trabalho estratfgicoJ
aumentou considerlvelmente . sua pot~ncia de fogo, realizou impo!:
tates operaçôes de deslocamento, e com sua experi~ncia e not!-
vel capacidade de ação permitir! no .futuro imediato o lançamen-
to da áre~ estratégicd no campo da lutaGi.herta contra a ditadu-
ra.
O grupo titico armado teve um d~sempenho heróico no cumpri-
niento de sua função.
O grupo tâtico armado assinala. com rel~vo especial, em no.!
sa organização, a passagem de a situação em que e~t!vamos na
estaca zero e não t1nhamos po t ência de fogo, para uma s~tuação
em que temos razoâvel potência de fogo. Trata-se aqui da mudan-
ça de qualidade mais importante. E @ste fato, por si s6, evide~
eia que demos um passo à frente, em t~rmos revolucionârios.
No ■w ■•• essencial, devemos nos~ avanço aos atos terroris-
tas revolucionArios e~ operações e t âticas guerrilheiras/ Pº!
• tas em prâtic clande stinamente por nossa organização •
Isto foi um fator ba~tante favorâvel e demonstra a import~
cía que tem desenvolver a luta guerrilheira siinultaneament e com
o avanço do movimento de ffi&ssas.
A lição mais importante a extrair dos fatos! que s6 foi
poss1vel avançar através do desencadeamento da ação revolucion!
ria. enfrentando t~da a sorte de sacrificios. entre os quais a
perda de vidas preciosas de companheiros que to barMl no cumpri
mento do dever , e a cujas memórias rendemos a ho nagem de nos-
so respeito e admiração.
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Apesar dessa lição é evidente que na parte de nossa organi-


zação dedicada à atividade local, em todo o país, e em cada um
dos pontos em que atu os, nem sempre consegui os colocar a or-
ganização revolucionâria altura dos acontecimentos. Não cheg~
mos a analisar as mudanças que foram sendo intro~uzidas no movi
mento revolucionârio em consequ!ncia do avanço da ~•rtst~ resi~
tfncia contra a ditadura, avanço caracterizado pela intensidade
das lutas de rua, a deflagração de atos terroristas revolucion,!
rios e o irrompintento das operações e tâticas guerrilheir s.
O rato nõvo n~ situaç-o do país e no movimento revolucionâ-
rio, e que nos leva a int:t-odu.zir novas mudanças ~..m nossa organJ..
zação, foi o surgimento de t~s frentes de atividadel: frente
guerrilheira, a fr nte de massas e a rlde de sustentação.
Essas t~s frentes der o tom na atividade local e todo o
pais. Dada, por~m, a ~culiaridade de que o movimento revoluci2
nârio se desenvolve desigualmente no )lrlx território nacional,
resultou e em alguns pontos importantes do pais uma ou outra
dessas frentes deixasse de manifestAr-se ou que uma predomina~-
se e pr ju1zo das de is.
Nosso próximo objetivo, no que diz respeito à atividade lo-
cal, é fazer que as tr s frentes surjam e~ todo o pais e que os
efeitos de su~ movimentação seja~ os mais contundentes.
A frente guerrilheira car cterizou-~e pela e ptura de arm•s
e explosivo, pelos atos erroristas revolucionftrios, pela sab_2
tagem, p~las ações armadas de todos os tipos, pela ação antiam!
ricana, p lo volwr~ da agitaç~o atrav~s dos grupos armados que
pintaram muros e distribuiram volantes ou fizeram comicios-rel _
pagos, pelo aparecimento d imprensa cl destina de combate A
ditadura. A frente gu<?rrilheira surge como resultado da criação
de uma infr -e~trut~ra, apoiada na fabricação e produção de ar-
mas e explosivos capturados,~ um dos fators decisivos na mu-
dança de qualid de do movimento revolucionãrio e de sua organi-
zação. Uma frente guerrilheira que cresce incessantemente deve
ir at~ execução de uma pol1tica de terr arrasada, para põr
em sobressalto a ditadur~ reter uma boa parte de suas fõrças
de repressão, impedindo-as ue mqi:r,c~xtJl{llJ!X'ük de perseguir
a guerrilha.
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Em qualquer ponto do pais, a atividade local deve contar co a


exist@ncia da frente guerrilheira e é nesse sentido que se de-
v voltar os esforços da organização revolucionãria loc~l.
A frente de assas -tendo 4 frente o movi~ento estudantil-
desempenhou um papel sem precedentes na luta antiditadura. Ocu-
pações, passeatas, protestos, greves, a luta contra a censura,
a prisão de policiais para a troca por pri~ioneiros politicos,
constituíram formas õe luta de aassas de nivel elevado. O pros-
seguimento da atividade dos grupos revolucion!riog locais entre
os operários, os camponeses e as e das exploradas da popula-
ç-o significaz·â um grande avanço n• luta antiditadura. O p&pel
dos estudantes e dos ~lesi!~ticos foi not6rio, o que quer di-
zer que cla~se m~dia brasileira r~pu ia a ditadura e consti-
• tui uma das f~rças mais co~bativas no atual processo revolucio-
nãrio. TÕda organização revolucionâria lo~al ajudar! imens n-
te a guerrilha bra~ileira, ~e pre que cujdar co incansâvel
atenção da frente de assas, indo at~ ao trabalho de conscienti
zação e A penetração entre as ~ssas atravês de meios cultur is.
A frente d~ assas exige a organização de grupos revolucio-
nã.rios nos locais de trabalho e de estudo, na cidade e n lrea
rural. Ao lado dito,~ preci~o dar~ frente de assas U.Jlla pot~n
eia de fogo razoâvel. A~ ações do ovimento de assas devem ser
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aç~s armadas, e uma infra-estrutura id~ntica â da frente guer-
rilheira dev~ ser mont~da na frente de sas . t gobretudo entre
as massas camponesas que d~ve .os cuidar de erguer tal infra-es-
trutura, dada a nec~ssidade de radicalizar as lutas na tt.rea ru-
r~.
A r@de d sustentação é a grande frente log1stica de apoio
da revolução brasileira e da guerrilha. Ai taJJ\bêm são necessâ-
rios os grupos revolucionãrios de sustentação, os pontos-de-
• apoio individuais e coletivos, na cid de~ principalmente no
e po.
Casas, ndereços, esconderijos, sist ma de comunicações, vi_!
turas. equipa,aentos, recursos financeiros, mantimentO!t infor a
ções, tais são os meios com que deve contar a r~de de sustenta-
-
ção, cuja formação mere:c~ o cafinho especi l dos revolucionhios.
Apreciando do ponto-de-vista de nossa organização o apar~ci
mento das trfs frent~s CTe atividade e a mmmi ma.~eira como ain-
da estamos atuando, v~ific os qu~ devemos evoluir da antiga
coordenação urb~na para um sistema atualizado de 11q:»UXJ• org,!
nização.
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tste sistema atualiz do deve co por-se - m cada local- de


tr@s frentes de atividade e de unidades móveis, como o grupo t!
tico armado, tendo cada frente e unidade 6vel o seu funciona-
mento independente.
O grápo tAtico armado é o instrumento especial das operações
mais co plexas de deslocamento, cuja efetivação exige pot~ncia
de fogo mais consider!vel. o manejo dessa potência de fogo, que
requer maior t6cnica u x u ~ , em is conhecimentos espe-
cializados, condiciona e d termina a ~atureza do grupo tâtico
armado como instrumento especial. Por isso mesmo, o grupo tâtico
ar~ado n-o pód er confundido com os grupos revolucionãrios
operando nas três frentes de atividade, que são grupos menos
preparados t~cnic ente, sem pot!ncia de fogo elevada e sem
• ·meios materiais adequados à co~plexidade d~~ operações de des12
camento •
• A fonte de recrutam nto para o grupo tâtico ~rmado são os
revolucionArios independen es mais decididos ou ispostos a tu-
do e os militantes de grupos operando nas tr~s frentes, milit~
tes jA experimentados na Aç-o, que optem pela p ssagem ao grupo
t!tico armado e e submetam às exig~n~ia~ oriundas dessa 111Udan-
ça de si ação .
Onde não e istir, o grupo t tico armado d ve ser criado e
fortalecido, pois isto, por si s6, ji determina ur:ta mudança de
qualidade na organização.
Cada uma das frentes de atividade e o grupo tâtico armado
devem, por sua vez, ser dotados de seus comandos pr6prios, est~
belecendo- e os elos de ligação entre cada um dêles I ou uma
coord nação de redu.zido número de pessoas.
t preciso evitar uma cadeia de comando complexa. A simplici
d~de do funcionanaento, a rapidez da ação, a mobilidade e~ cap.!
"' cidade de iniciativa são as caracteristicas fundl\11\entais de no.!
sa organização . onde os grupos revolucionârios desempenham o P.!
e
pel ~ais importante. A espinha dors l de nossa organizaçõo sSo
os grupos revolucionhios, e isso liquida qualquer tend!ncía a
co plicar as coisas.
Tudo o que se refere ao sistema atualizado de nossa organi-
zação, com as modificaçõe jntroduzidas. não constitui a pala-
vra final s~bre o assunto.
· Com êste tipo de organização revolucionã.ris, est os e face
de w,a experi~ncia in~dita no ovimento revolcuinârio br silei-
ro •. Subsiste , ssi. , problemas não amadurecidos no que diz re_!
peito ao .funcionam rto na~ional e
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e global de nossa organiz~ção, que s6 podem ser resolvidos de-


pois de avançar os mais na execução de operações e tâticas guer
rilheiras. E qualquer circunst!llcía, ainda que a autonomia e a
liberdade de ação pol1tica e revolucionâria sejam necessh.rias e
mes imprescind1veis ao .funcion nto da organização local, o
comedamento revolucionhio -e por isso mesmo politico-~ilitar-
não 6 esponttneo. Tal comandaJ'Aento ~ decorr~ncia direta da ação
estrat~gica e t!tica móvel, de carâter global, ~m como da po-
t~ncia de fogo, do seu maior volume, eficiência e capacidade
técnica Jt.aJDtj: manej~das pelo centro estr t~gico e t~tico.
u~ fato notório consiste m que atê agora nossa organização
não t uma sigla. t que para n6s uma organização revolucionâ-
ria se afirma pela aç-o que desenvolve e não pela sigla que
• adota •
Tão logo aumente o volume das ações revo1ucion!ria9 que de-
• senvolvemos e mude a qualidade do conte~do das operações e tâti
~as guerrilheiras, serâ indicado efetuarmos trocas de experiên-
cias e avaliarmos at~ que ponto atingiu nosso grau de créscime_!!
to.
Hã ainda um longo caminho a percorrer antes que a revolução
brasileira venha a ter um comando ~nico, em face da dispersão
': '~
das organizações em luta e da disparidade de ·./'Objetivos.
Quanto a nós, so suma organização que acredita na fôrça do
exe~plo e busca cumprir seu dever revolucionàrio. E tanto mais
nos empenhemos na ação, quanto Ais e melhores condições tere os
para atrair às nossas fil iras revolucionb-ios decididos edis-
postos a tudo.
Para isso~ necessârio ter presente que os nossos princ1-
pios sio os seguintes:
a) o principio bâsico de nossa organização.revolucionâria ~
partir da guerrilha e, uma vez assentada tal premiss9, fazer
dà organização um in5trumento da linha pol1tica que segue esta
estratégia; .
b) para ser revolucionã.ria, uma organização deve exercer
permanentemente pr1tica revolucionâria, mas jamais deve deixar
de ter sua conceituação e$trat!gica, seus principios tlbci ideol~
gicos e de organização e sua disciplina pr&pria;
e) a organização revoluci,nâria não se torna vanguarda pelo
fato de intiular-se como t al. Para isso precisa passar à ação e
acumular uma prâ-
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ica revolucionAria convincerte, pois s6 a ação faz a vanguarda;


d) nossa atividade principal não~ a construção de um pXVD
partido, mas desencadear a ação revolucionâria;
e) o fund ntal na. organização r@VOlucionâria não~ fazer
reuniões improdutivas sõbre temas gerais e )nrzb burocrâticos,
as, sim, dedicar-se sistemàticcmente a planejar e executar sob
o seu comando at~ mes~ as menores ações uvolucionârias; ~
f) o ele ento propulsor decisivo para o .funcionamento daº!
ganização revolucioniria é a capacidade de iniciativa dos seus
grupos r volucionirios. lenhum ~ comando ou coordenação
te~ autoridade para impedir qualquer iniciativa dos grupos rev:2
lucion!rios visando a desencadear a ação revolucionâria;
g} não t os um linha política e uma linha militar separa-
,, das, co linha militar submetida à linha politica. Nossa li- ·
nha é uma linha revolucionãria {mica, que contêm em si como uma
' s6 coisa a linha )d politica e a linha ilitar fn••s .fundidas;
. h} a guerrilha não é braço ar11ado de um partido ou de uma
organização politica, seja qual f~r, A guerrilha~ o pr6prio
comando político e militar da revolução;
i) o que determina o surgimento e a afinnação do comandame!
to politico ~ a pr!tica das ações revolucionârias, seu ac~rto e
consequência, e a participação definitiva, constante, direta e
pessoal dos integrantes do comandamento na axw«J(,i execução de~
sas ações;
j) não hâ comandam nto polltíco sem u ~ m despren-
di entoe capacidade de sacrificio, e sem participação diret
na ação revolucionAria. O comandamento político não significa
um mérito nem um reconhecimento pela importância e hierarquia
na ocupação decargo. os cargos não têm valor,
Ha organização revolucion!ria s6 hâ ~issões e tarefas a cumprir;
.• k) o dever de todo revolucionârio fazer ·a revolução;
1) não pedimos licenç a ningu~m para praticar atos revolu-
cionârios;
m) s6 temos compro íssos com a revoluç-o;
n} o limite de nossa organização revolucioniria vai atê on-
de alcançam noss influ~ncia e a nossa capacidade revolucionâria;
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o) manter a mais estrita vigil3ncía contra o inimigo de


classe e em particula~ contra a policia e~o dev r mais elemen-
tar da organização revolucionâria. Delatores, espiões, dedos-d~
ros e informantes dentro ~a de uma organização revolucionâria
devem ser punidos ex plarmente;
p) nosso principio b!sico em mat~ria de vigilância é que e~
da um s6 deve saber aquilo que diz respeito ao seu trabalho. ~
Sem isto f imposslvel garantir o funcionamento clandestino da
organização revolucionâria.

carlos marighella
Brasil, dezembro, 68

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