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A SOCIOLOGIA NO BRASIL do Brasil Contemporâneo (1942) e Historia econômica do

Brasil (1945).

01-GERAÇÃO DE 30 1.3-Fernando de Azevedo

A sociologia, como atividade voltada para o conhecimento Mineiro de São Gonçalo de

sistemático e metódico da sociedade, só aparece na década Sapucaí, em São Paulo participa
de 30 com a fundação da Universidade de São Paulo, da fundação da Universidade de
embora o pensamento sociológico já existia no Brasil dês do São Paulo, que na Faculdade de
final do século XIX, desenvolvido por Euclídes da Cunha em Filosofia, Ciências e Letras
sua obra Os Sertões e nas idéias abolicionistas e ocupou a cadeira de Sociologia e
republicanas. foi diretor da mesma.
Nessa época uma das preocupações em geral dos Antes na década de 20 foi
intelectuais era o interesse da descoberta do Brasil responsável pela reforma do ensino no país a parti de
verdadeiro, contradizendo aquela visão etnocêntrica dos experiências feitas no Rio de Janeiro e no Ceará.
europeus. Buscavam também desenvolver e modernizar a Ao mesmo tempo aristocrata e humanista, unia os anseios
estrutura social brasileira. liberais e moderadamente socialistas. Em sua principal obra
Os intelectuais desse período ficaram conhecidos como A cultura brasileira retoma a tese de uma unidade nacional
geração de 30, dentre eles podemos destacar: baseada em diferenças regionais, culturais e éticas.

1.1-Gilberto Freyre 1.4-Sérgio Buarque de Hollanda

Gilberto de Melo Freire nasceu
em Recife PE em 1900. Sua obra Inspirando-se na tese de Ribeiro
em geral representou um divisor Couto, que identificava o
de águas na evolução cultural do brasileiro como “homem
Brasil e contribuiu para que o cordial”, Sérgio teve um
país encarasse com mais pesquisa de primeira mão, com
confiança seu papel no mundo intuito de negligenciar a
moderno. interpretação dos fatos. Foi
Indo fazer sua pós-graduação nessa documentação que ele se
nas universidades norte- baseou para editar em 1936
americanas de Baylor (Waco, uma de suas principais obras;
Texas) e Colúmbia (Nova York) onde esteve sob a influencia Raízes do Brasil, a qual o tornou
de Frans Boas. Ao termino do curso apresentou em 1922 a autoridade internacionalmente reconhecida sobre assuntos
tese: Social live in Brazil in the middle of 19th century (A vida do Brasil colônia.
social no Brasil em meados do século XIX), que mais tarde se Foi um dos pioneiros a utilizar na análise histórica brasileira
transformaria em seu famoso livro Casa-Grande & Senzala, o método tipológico de Marx Weber.
publicado em 1932, tendo um impacto tão grande quanto Os Sua obra Visão do paraíso (1959) ele consegue pela primeira
Sertões de Euclides da Cunha. Nesta obra, Freire imprime vez intervir na visão estereotipada que os europeus tinham
sua visão poderosa e original dos fundamentos da sociedade do Brasil.
brasileira, descreve com objetividade a contribuição do
negro e o fenômeno da miscigenação na formação social do 2-SOCIOLOGIA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 50
Brasil.
A segunda guerra mundial trouxe profundas
1.2-Caio Prado Júnior desestruturações na sociologia mundial. Diversos
intelectuais europeus migram para America buscando novos
Procurava formalizar o método ares para produzirem suas obras. Esses “cronistas viajantes”
marxista para análise da realidade efervesceram o cenário sociológico, pois acharam aqui um
brasileira. panorama totalmente diferente da realidade onde eles
Caio Prado vinha de uma das viviam.
famílias mais ricas e conceituadas Esse período foi de grande importância para o
do Brasil naquela época. desenvolvimento das ciências da sociedade, pois temas
Em Evolução política do Brasil sócio-econômicos eram explorados por pensadores que tem
(1933) interpretava a situação repercussão ate hoje, são eles: Florestan Fernandes e Celso
político-colonial brasileira a parti Furtado.
das relações internacionais capitalistas e seu mecanismo
comercial, desde a expansão marítima européia. 2.1-Florestan Fernandes
Depois de uma viagem a União Soviética, em 1938 ele
publica: URSS: um novo mundo, desde então se torna Florestan Fernandes estudou na USP
militante de esquerda, assumindo a presidência da Aliança onde teve grande influencia de Roger
Nacional Libertadora em São Paulo, motivo este de sua Bastide, o qual desenvolveu com
prisão e exilo (1935-1939). Ao voltar para o Brasil publicou parceria de Florestan um estudo sobre
mais duas obras de grande repercussão nacional: Formação
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negros e a questão racial no Brasil, que originou umas de
suas mais prestigiadas obras: A integração do negro na
sociedade de classes.
Florestan pregava a “sociologia militante”, que visava unir a
teoria com a prática, logo teve uma grande influencia de
Marx. Essa busca em conciliar a teoria e a ação prática foi
uma grande marca em sua vida.
Entendia ele que a sociedade devia ser estudada por
fundamentos de sua organização e suas ocorrências
históricas, os dilemas assim por ressaltado. Esse era motivo
de sua concepção de analise, que por muitos foi definida
como “histórico-cultural”. Na visão florestaniana a sociedade
brasileira, por ter uma formação histórica peculiar exigisse
uma abordagem com traços nítidos e definidos no estudo
das relações sociais.
Desenvolveu diversas obras dentre elas podemos destacar:
A integração do negro na sociedade de classes; A revolução
burguesa no Brasil; Fundamentos empíricos da explicação
sociológica; e A sociologia numa era de revolução social.
2.2-Celso Furtado
Um dos grandes nomes do
pensamento econômico, não só do
Brasil, mas como em toda a America
Latina, sem duvida foi Celso Furtado.
Desenvolveu diversos trabalhos na
área econômica, principalmente em
parceria com a CEPAL (Comissão
Econômica para a America Latina),
criando assim a escola “cepaliana”. E
considerado o pai da economia política brasileira.
Antes de Furtado, o pensamento econômico brasileiro era
formado por esquemas interpretativos, como o
estabelecimento dos preços e a lei da oferta e procura, as
quais defendiam o interesse das classes dominantes.
Porem Furtado vem desmistificar toda essa ideologia,
propondo uma interpretação histórica da realidade
econômica. Defendia que o subdesenvolvimento não
correspondia a uma etapa histórica, mais sim de formação
econômica influenciada com o capitalismo internacional.
Analisava situações de países onde havia um notável
desenvolvimento industrial e o estágio agrário não tina sido
superado, como o caso da maioria dos países latino-
americano.
Durante o governo de Goulart, Celso Furtado exerceu
celebre trabalho como diretor do Banco Nacional de
Desenvolvimento (atual BNDES) e da SUDENE, este no
governo JK. Nessa época Furtado era visto como o principal
defensor dos interesses do Brasil perante ao capitalismo
internacional.
Suas principais obras são: Desenvolvimento e desconsiderado.
subdesenvolvimento, livro que se amplia em volume
posterior, Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico;
Um projeto para o Brasil; A pré-revolução brasileira; O Mito
do Desenvolvimento Econômico, que ele levanta duas
questões a primeira delas diz respeito aos impactos do
processo econômico no meio físico, na natureza – um tema
completamente alheio ao núcleo do pensamento tradicional
na economia- e a segunda se refere à constatação do caráter
de mito moderno do desenvolvimento econômico. Porem
seu clássico e Formação Econômica do Brasil, obra esta que
faz um estudo amplo e inédito da realidade histórica
econômica do Brasil, do tempo da colonização portuguesa
aos dias atuais, e claros em relação à época em que ela foi
escrita.
3-DITADIRA MILITAR
Na década de 60 a sociologia se preocupou com o processo
de industrialização do país, nas questões de reforma agrária
e movimentos sociais na cidade e no campo e a partir de
1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas
sócio políticos e econômicos originados pela tensão de se
viver em um pais cujo a forma de poder é o regime militar.
Surgiu nessa época também a Teoria da libertação, onde,
onde a igreja passou a radicalizar com seus pensamentos.
Nessa época, no Brasil, em que os militantes católicos se
aproximaram dos movimentos no campo, surge a Comissão
Pastoral da Terra, entidade que está na origem do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Essa
mudança delinear-se já na metade da década de 1950,
configurando-se plenamente de 1960 em diante.
A segunda questão diz respeito à derrogação do estatuto da
estabilidade, que até o ano de 1966 regeu a relação social de
contrato de compra e venda da força de trabalho e foi
substituído pela sistemática do fundo de garantia por tempo
de serviço. A consideração do caráter despótico do poder
imediato do capital sobre o trabalho levou a problematizar
duas tomadas de posições na produção de conhecimento
existente, particularmente na área de Sociologia Industrial e
do Trabalho. A primeira é a consideração de relações de
trabalho de dominação/subordinação de cunho
patrimonialista na indústria brasileira. A segunda é sobre o
caráter integração/ ajustamento/adaptação do trabalhador
na empresa industrial presente naquela consideração.
Na década de 60, os estudos sobre a formação do moderno
operariado fabril no Brasil e América Latina, centravam-se
em alguns binômios representativos:
industrialização/urbanização, moderno/tradicional,
migração rural/urbana; mobilidade social/acesso aos bens
materiais e simbólicos da sociedade moderna, o meio
urbano-industrial/baixa organização sindical dos
trabalhadores.
A classe operária foi revisitada, perdendo determinações e
teleologias, recuperando-se experiências, cultura e
cotidianidade que permitem discuti-la em sua
multiplicidade, fora dos limites de sua representatividade
externo-organizativa e também do chamado “chão de
fábrica”, das tecnologias, dos processos. As relações sociais
no mundo do trabalho passam a ser analisadas imbricadas
com o mundo da vida onde fatores como família e redes de
sociabilidade informais, demonstram possuir um peso antes
A classe com o sujeito se multiface ta nos indivíduos que a
compõem: homens, mulheres, crianças, jovens, velhos, com
seus projetos e perspectivas. A análise dessas práticas
permite compreender os sentidos atribuídos pelos
trabalhadores às suas condições de existência e à construção
de identidades sociais.
Azevedo (1951), enfocando esta fase de introdução do
ensino da Sociologia em escolas do País (1928-1935),
argumenta que a origem da consolidação da Sociologia na
mesma deve ser procurada, não em uma única causa
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determinante, senão em múltiplas causas que estão Em seus estudos sociológicos, pesquisou a evolução social da
estreitamente ligadas, sendo possível distingui-las America Latina e analisou a dependência dos países
unicamente para fins analíticos. A multiplicidade de fatores subdesenvolvidos no sistema internacional de produção e
decorrentes dos contatos, conflitos e acomodações de povos comercio, este pensamento e descrito com clareza em suas
e culturas diversas; o contraste entre as sociedades em obras: Dependência e Desenvolvimento na America Latina
mudança e as culturas de folk remanescentes em toda a (1964) esta escrita em parceria de Enzo Faleto, e Política e
vasta extensão territorial; a variedade de paisagens culturais Desenvolvimento em Sociedades Dependentes: ideologias
e a contemporaneidade ou justaposição nas realidades do empresariado industrial argentino e brasileiro. Nesta fase
concretas, de séculos ou de “camadas históricas”, deveriam FHC, como e conhecido por seu acrônimo, se destina a
certamente sacudir a atenção e despertar o interesse pelo sociologia do desenvolvimento, porém ele também
estudo científico dessas realidades sociais vivas e atuais. aprofundou se pela sociologia politica, pois teve um grande
destaque na politica nacional, como ja foi citado, sendo
4-REDEMOCRATIZAÇÃO senador-suplente de Franco Montoro em 78 e assumindoa
cadeira quando Montoro assumio o governo de São Paulo,
Com a abertura política nos anos 80 o país busca retomar elegendo do se novamente ao senado, agora pelo PSDB,
sua identidade social. Durante o regime militar, muitos partido esse que ajudou a fundar e que é Presidente de
intelectuais foram aposentados e impedidos de lecionar Honra. Em 1994 foi eleito Presidente de Republica
outros foram exilados ou se exilaram por espontânea reelegendo-se em 98.
vontade, passando a publicar suas obras no exterior.
Tendo o fim do bipartidarismo, agora sendo pluripartidal, 6-CONCLUSÃO
um grande número de celebres pensadores decidem deixar
a cátedra para ingressar na política. A sociologia e uma ciência muito complexa, e para a
Darcy Ribeiro, por exemplo; filia-se ao PTB (Partido realidade brasileira ela tem uma particularidade. Mesmo
Democrático Trabalhista), este de Getulio Vargas que vindo a aparecer como método sistemático cientifico no
reivindicava o nacionalismo e o populismo. Outros nomes da Brasil somente na década de 30, o pensamento sociológico
sociologia ajudaram a fundar o PSDB (Partido da Social- sempre existiu, tanto nas idéias abolicionistas como nas
Democrata Brasileiro) como Fernando Henrique Cardoso, republicanas, o losango em nossa bandeira e símbolo do
este assumindo a Presidência da Republica em 1994 sendo o positivismo europeu trazido por estes idealizadores no final
primeiro sociólogo na historia assumir tal cargo, falaremos do século XIX.
dele mais a frente. O estudo da particularidade da sociedade brasileira sempre
Entretanto o partido que mais se beneficiou com essa nova foi meta de estudo dos sociólogos, pois o Brasil e um caso a
atuação dos cientistas sociais foi o PT (Partido dos parte a ser estudado pela sociologia, e este trabalho tem o
Trabalhadores). Nomes como Florestan Fernandes, Antonio intuito dessa realidade vivida.
Candido e Mello e Souza e Francisco Weffort foram alguns
que engajaram na luta política do PT.
Esse engrossamento de intelectuais foi de imensa
importância para o período histórico que o país vivia,
tratava-se de uma integração das teorias sociais e praticas
políticas, e o resultado dessa parceria viria em 1988 quando
foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a sétima em
vigor porem a única com o emblema de “cidadã”, como dos
descrita por Ulysses Guimarães.
Percebe-se também nessa época uma grande diversificação
das ciências sociais em nosso país, e de se ressaltar que o
Brasil sempre foi um campo fértil para ciências sociais,
devido a toda sua historia, mas no período em que referimos
à multiplicidade dos campos de estudo, em especial na
sociologia. Surgem diversos estudos e análises sobre a
questão feminina, do menor, das favelas, das artes, da
violência urbana e rural, entre outras.
A sociologia se torna cada vez mais interdisciplinar e plural
no Brasil. Os sociólogos buscam redefinir seus conceitos de
interdependência em um mundo cada vez mais globalizado.
Não poderíamos deixa de falar com minuciosidade de
Fernando Henrique Cardoso. Nasceu no Rio de Janeiro RJ em
18-IV-1931, já em 1949 começou a estudar sociologia na USP
onde lecionaria quatro anos mais tarde. Com o golpe de 64
se exilou no Chile e argentina. Trabalhou como professor em
diversas instituições pelo mundo como a Universidade de
Nantere e a Faculdade de Ciências Socias de Santiago, no
Chile. Foi também nomeado diretor-adjunto do Instituto
Latino-Americano de Planificação Econômica Social.

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 A SOCIOLOGIA NO BRASIL
01. Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado
Júnior, Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro, em que pesem
suas diferentes construções teóricas, são intelectuais
brasileiros que possuem em comum o fato de:
a) terem se dedicado exclusivamente ao estudo das
sociedades europeias, por considerarem a realidade social
brasileira atrasada e destinada à absorção gradual dos
fundamentos civilizatórios franceses e ingleses.
b) terem se apropriado de conceitos da sociologia clássica
em seus esforços sistemáticos pelo conhecimento de nossa
realidade sociocultural, sendo que tais investigações
resultaram em obras que se tornaram referências
indispensáveis à compreensão da sociedade brasileira.
c) terem produzido estudos originais sobre as relações
sociais no Brasil, ainda que seus escritos estejam
desatualizados e, consequentemente, não sejam mais
referência para os estudiosos da sociedade brasileira neste
início de terceiro milênio.
d) terem estudado temas cruciais das sociedades latino-
americanas, o que somente foi possível porque esses
intelectuais descartaram o uso de conceitos sociológicos
produzidos por pensadores europeus.
02. A reflexão sociológica no Brasil tem em Gilberto Freyre
(1900-1987) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) suas
primeiras expressões intelectuais significativas. Esses
autores situam-se entre aqueles que pertencem à chamada
geração de 1930, à qual se atribui:
a) a redescoberta do Brasil, expressão com a qual se
pretende definir o caráter inovador dos estudos que
rompiam com as versões historiográficas e sociológicas
oficiais sobre a sociedade brasileira, procurando investigar
profundamente nossa realidade social.
b) a consolidação da versão historiográfica e sociológica
oficial sobre a sociedade brasileira, o que é possível pela
erudição desses autores, que, amparados por grandes
construções conceituais, excluem negros e indígenas de
nossas representações socioculturais.
c) um profundo redirecionamento nas perspectivas de
análise da realidade sociocultural brasileira, o que se nota no
fato de os conceitos de homem cordial e de miscigenação
retratarem a abertura de espírito dos homens desse país.
d) a redescoberta do Brasil, expressão que se explica pelo
caráter exclusivamente empírico de seus estudos, que não
se preocupavam com a realização de elevações conceituais.
03. As investigações sociológicas de Gilberto Freyre (1900-
1987) dedicam-se sistematicamente à compreensão da
realidade sociocultural brasileira, sendo que seu livro Casa-
grande & senzala é considerado um clássico da sociologia no
Brasil. Assinale a alternativa correta a respeito dessa obra.
a) Casa-grande & senzala é, com justiça, considerado um
estudo bastante original da realidade sociocultural brasileira,
pois realiza pormenorizada investigação acerca das relações
cotidianas que formam nossa sociedade, apresentando
importantes conceitos sociológicos, como o de democracia
racial, que posteriormente é adotado de modo integral por
Darcy Ribeiro, em sua obra O povo brasileiro.
b) Casa-grande & senzala, em que pese sua originalidade e
sua profundidade, possui limitações historiográficas e
sociológicas muito conhecidas, como é o caso do problema
da escravidão no Brasil colonial, tema completamente
ignorado por seu autor.
c) Estudo pioneiro e profundo acerca das relações sociais
cotidianas no período colonial, Casa-grande & senzala define
a miscigenação racial como aspecto nuclear na formação da
sociedade brasileira e elemento com o qual se constrói a
nossa democracia racial. Particularmente, esse conceito de
democracia racial é bastante criticado por pesquisas
realizadas posteriormente por outros estudiosos.
d) Gilberto Freyre notabilizou-se em sua obra Casa-grande &
senzala por restringir-se a descrições documentais,
eximindo-se de qualquer pretensão interpretativa, fato este
que é explícito na condenação que faz dos estudos
anteriores, que se baseavam no conceito puramente
abstrato de democracia racial da sociedade brasileira.
04. Assinale a alternativa que caracteriza as relações
políticas na sociedade brasileira de acordo com a obra Raízes
do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.
a) O Estado brasileiro é assinalado pela sobreposição de
interesses pessoais ao domínio público, constituindo práticas
clientelistas que, desconhecidas à época da colonização,
asseguram a eterna hegemonia das oligarquias em nossa
sociedade.
b) As relações políticas no Brasil são permeadas pelo
patrimonialismo, ou seja, as relações pessoais estendem-se
sobre o plano político, não havendo um poder propriamente
público.
c) A cordialidade cultural herdada do período colonial
dificultou a evolução política do Brasil, posto que
determinou o caráter exageradamente pacífico do povo
brasileiro, tornando-o facilmente manipulável.
d) A composição multicultural da nação brasileira, que
remonta às intersecções culturais entre portugueses,
indígenas e africanos no período colonial, fornece base
sólida para as instituições democráticas no Brasil.
05. Leia o texto.
Não só os mecanismos de dominação racial tradicionais
ficaram intactos. Mas a reorganização da sociedade não
afetou, de maneira significativa, os padrões
preestabelecidos de concentração racial de renda, do
prestígio social e do poder. Em consequência, a liberdade
conquistada pelo negro não produziu dividendos
econômicos, sociais e culturais. [...] A formação e a
consolidação do regime de classes não seguiram um
caminho que beneficiasse a reabsorção gradual do ex-agente
do trabalho escravo. A ordem social competitiva emergiu e
expandiu-se, compactamente, como um autêntico e fechado
mundo dos brancos.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São
Paulo: Dominus, 1965. p. 388-389.
De acordo com esse trecho, como se define a interpretação
de Florestan Fernandes sobre a situação dos negros
brasileiros no período posterior à abolição da escravatura?
a) Para Florestan Fernandes, a eliminação formal da
escravidão no Brasil constituiu-se, pelo menos em um
primeiro momento, em um retrocesso para a população
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negra, uma vez que os negros foram relegados à periferia da
sociedade.
b) Para Florestan Fernandes, a dominação social baseada em
pressupostos raciais persiste à abolição da escravatura, não
sendo possibilitada a inserção dos negros no universo da
competição socioeconômica da sociedade de classes.
c) Para Florestan Fernandes, o domínio social, econômico e
político da população branca no Brasil estendeu-se para o
período posterior ao fim do trabalho escravo, não
demorando a ser traduzido em leis de segregação racial.
d) Para Florestan Fernandes, após a abolição da escravatura,
o universo das classes sociais, então em formação,
permaneceu inacessível aos negros, o que os tornou
potencialmente favoráveis a uma sociedade sem classes.
e) Para Florestan Fernandes, a condição socioeconômica da
população negra após a abolição da escravatura,
caracterizada pela precariedade, resulta, principalmente, da
passividade a que foram habituados os negros no período
escravocrata.

GABARITO
1 B 2 A 3 C 4 A
5 B