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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Fortaleza
2018
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Fortaleza
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Resumo
Este trabalho investiga a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, averigua a
diminuição da prática do brincar nos ambientes públicos (rua), e examina as mudanças das
brincadeiras de rua para as brincadeiras atuais e a criação de novos espaços destinados às
atividades lúdicas. Realizamos esta pesquisa na abordagem qualitativa, desenvolvendo a
pesquisa bibliográfica e documental. Verificamos a relevância das brincadeiras como uma
forma de desenvolver habilidades, aprendizagens e socializações. Percebemos o quanto o
brincar estimula o desenvolvimento, a criatividade e a aprendizagem do sujeito, desse modo,
compreendemos que precisamos cada vez mais intensificar e ampliar esse olhar para a
realização do brincar nas suas diferentes formas e novos ambientes e sentidos.
Introdução
O presente trabalho investiga a importância do brincar no desenvolvimento infantil, e
examina o deslocamento do espaço destinado ao brincar das crianças, ou seja, a passagem da
rua para novos espaços. Percebem atualmente, a invenção de novos territórios dedicados à
prática do brincar.
Esse debate se revela importante para o contexto atual de nossa sociedade, porque
instaura questionamentos e novos paradigmas acerca das práticas do brincar. A partir dessa
discussão, surgem indagações e diálogos como um convite a respeito da magnitude do
brincar, da relevância desta ferramenta transformadora e potencializadora do desenvolvimento
infantil.
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Método
Para a elaboração do presente trabalho, utilizamos a metodologia da abordagem
qualitativa. Trata-se de um tipo de pesquisa, que tem como finalidade compreender aspectos
simbólicos dos fenômenos sociais como: crenças, percepções, comportamentos, sentimentos,
valores e significados das ações humanas. Conforme Minayo e Sanches (1993) a abordagem
qualitativa é um campo marcado pela adesão entre a subjetividade e o simbolismo sendo
compreendido através de atividades humanas e seus significados. Nesse contexto, esta
abordagem possui uma intimidade entre sujeito e objeto, pois ambos são da mesma natureza,
se revelando a importância fundamental desta aproximação.
É exatamente esse nível mais profundo (em constante interação com o ecológico), o
nível dos significados, dos motivos, das aspirações, das atitudes, das crenças e dos valores,
que se expressam pela linguagem comum e na vida cotidiana, que consiste no objeto da
abordagem qualitativa. (MINAYO; SANCHES, 1993, p. 245).
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tema do brincar na contemporaneidade. Desse modo, temos uma melhor compreensão das
queixas relacionadas à falta do brincar no contexto do sujeito.
Gil (2008) sustenta que as pesquisas documentais, que são usadas para fins científicos,
são objetos que não visam apenas esclarecer determinada coisa, mas, também, contribuir na
investigação de um fato ou fenômeno. Gil (2008) enfatiza a vantagem que esse tipo de
pesquisa proporciona ao pesquisador por fornecer dados em quantidade e qualidade
satisfatória, evitando um desperdício de tempo que, muitas vezes, são ofertados em contatos
diretos com as pessoas.
Resultados e Discussão
com a realização de desejos que não poderiam ser imediatamente satisfeitos. O brinquedo
seria um mundo ilusório, em que o desejo pode ser realizado”.
Quando uma criança tem acesso a um espaço mais favorável ao desenvolvimento de
sua criatividade, ela terá mais oportunidade de ser um adulto mais seguro, mais confiante no
ato de se expressar em público. O lúdico proporciona, sobretudo, uma maior interação com o
social. Ferreira (19898) nos ressalta que a criança deverá se sentir mais a vontade em
ambientes que sejam agradáveis, pois dessa forma se reconhece como integrante do meio em
que está inserida.
Jardim (2003) deixa claro que o brincar pode ser visto como uma ferramenta que
proporciona um espaço de criação, inovação e transformação. O brincar possibilita às crianças
acessarem práticas no mundo, que os adultos expostos às pressões do cotidiano não
conseguem saborear.
De acordo com Vygotsky (1994), a criança exerce o significado das coisas através de
um desenvolvimento no pensamento conceitual. A brincadeira, e possui um papel
indispensável no progresso do próprio pensamento da criança.
Brincar é também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para
verdadeiros processos cognitivos. Para aprender precisamos adquirir certo
distanciamento de nós mesmos, e é isso o que a criança pratica desde as primeiras
brincadeiras transicionais, distanciando-se da mãe. Através do filtro do
distanciamento podem surgir novas maneiras de pensar e de aprender sobre o
mundo. Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para
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aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no seu momento de aprender;
isso pode não ter a ver com o que o pai, o professor ou o fabricante de brinquedos
propõem que ela aprenda. (MACHADO, 2003, p. 37).
na década de 40, as crianças, que moravam nos bairros operários, se reuniam depois da escola
para brincar nas ruas, desse modo a criança participava ativamente da construção da cultura
infantil. “O desejo comum de brincar, o contínuo trato com as mesmas crianças, a preferência
por certos tipos de jogos, sua livre escolha, a liberdade de que goza nesses momentos e o
interesse que lhe desperta o brinquedo em bando conduzem a criança à formação das
primeiras amizades, dando-lhes a noção de posição social”. (FERNANDES, 1979, Pp. 378).
Kishimoto (1999) declara que em São Paulo, no século XX, o brincar e os jogos
tradicionais de ruas foram práticas condenadas, uma vez que essas práticas estavam
associadas às crianças pobres. Estas eram acusadas de criminosas, maltrapilhas e promíscuas.
Desse modo, as crianças ricas eram proibidas de saírem à rua, principalmente as meninas, e
deveriam brincar nos quintais e clubes. “A ideia do jogo associado ao prazer não era vista
como importante para a formação da criança, mas tida como causadora de corrupção”
(KISHIMOTO, 1999, p. 86).
Conforme Brougère (2001) pode-se dizer que antigamente as crianças praticavam
brincadeiras nas ruas de maneira grupal, como: cirandas, roda, pular corda, amarelinha. Essa
prática, que era perpassada de geração por geração, está sendo abandonada e substituída.
Figura 1 -TÍTULO
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Ketzer (2003) ressalta que a evolução da cultura lúdica proporcionou o atual cenário
para as brincadeiras. Novos brinquedos foram surgindo e uma ampla variedade apresentam
mais atrativos. Consequentemente, as brincadeiras de ruas passaram a ser substituídas pelos
brinquedos.
Postman (1999) destaca como as brincadeiras de ruas estão sendo extintas no nosso
contexto social; grande parte das crianças desconhecem essa prática. Os grandes índices de
violência nas cidades, contribuindo para que esse cenário de brincar na rua fosse reduzido e
muitas vezes esquecido.
O ser infantil precisa aprender a ser reconhecido pelos outros, por uma questão
de sobrevivência. Para aprender, o sujeito se utiliza da ação e das diversas
formas de linguagem. Esse é o processo que se instaura a partir do outro,
situando na posição de ensinante. O brincar faz mediação necessária entre o
sujeito e o contexto sociocultural, provando no aprendente a falta de saber
(HEINKEL, 2003, p. 18).
Dentre os espaços não formais, podemos citar a sala de espera de um Hospital situado
na Cidade de Porto Alegre. As salas de espera são consideradas como um espaço não formal
de aprendizagem e estimulado pela brincadeira. Santos (2001) reforça a ideia de que o
Hospital pode ser um ambiente que permite novas formas de integração e que todos são livres
para se encontrarem e interagirem. Além disso, essa integração torna-se importante para a
formação do indivíduo, principalmente para as crianças que aguardam atendimento
enfatizando a importância do brincar, construindo mais um espaço a ser explorado. Gohn
(1999) evidencia que esses espaços são vistos como campos e dimensões que contribuem para
o ensino e aprendizagem.
O espaço não formal contribui de forma significativa para a educação. Ele pode ser
concebido como um eixo pedagógico, onde são mostrados também setores como a cultura e
saúde. Freire (1986) rejeita a ideia de que exista uma autolibertação; para ele, a liberdade é
sempre social, coletiva, independente do espaço seja ele, formal ou não formal. Paulo Freire é
uma referência no que diz respeito à educação e sua utopia como forma relevante para
preparação de educadores que nos proporcionam a acreditar que mudar é difícil, mas é sempre
possível.
Segundo Voitille (2012), a brinquedoteca surge com um ambiente bastante procurado
para produzir o brincar. A brinquedoteca é considerada como o espaço da criança, onde serão
encontrados gibis, livros, jogos e brinquedos. Trata-se de um lugar onde a criança será
estimulada a desenvolver suas capacidades intelectuais e sociais, e, também, a aprender a ter
mais autonomia e criatividade. Dependendo do lugar onde essa brinquedoteca está inserida,
ela possui para cada lugar, uma finalidade diferente, mas todas cumprem as mesmas funções.
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Figura 2 - Título
Figura 3 - título
Figura 4- título
Elias (2010) destaca que grande parte das crianças, que chegam aos Grupos de
Criatividade, são tachadas como crianças problemas, crianças que não conseguem aprender.
Os grupos promovem a quebra desse paradigma, a ruptura com a ideia de que é preciso estar
em uma sala de aula para aprender e se desenvolver. Desse modo, o brincar é peça
fundamental para o desenvolvimento dessas crianças. As brincadeiras executadas sempre têm
um objetivo a ser realizado; sua finalidade consiste em trabalhar a percepção, a atenção, a
ajuda mútua, a memória e autoestima da criança.
Considerações Finais
Baseada em uma ampla pesquisa sobre a importância do brincar na
contemporaneidade, percebemos o quanto o lúdico se torna significativo para construção e
desenvolvimento do sujeito, o quanto o brincar possibilita a criatividade e a aprendizagem. A
partir disso, compreendemos que precisamos cada vez mais intensificar e ampliar esse olhar
para a realização do brincar nas suas diferentes formas e novos ambientes e sentidos.
Este estudo nos permite observar a importância das brincadeiras, e suas
representações, e os efeitos da falta do brincar, problema tão presente nos dias atuais. Apesar
da escassez do brincar, notamos, ao mesmo tempo, o surgimento de espaços direcionados à
atividade do brincar, espaços não formais de educação. Percebemos que o brincar na rua está
cada vez mais extinto na sociedade em que vivemos. Muitas crianças desconhecem essa
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prática, o que chega a ser lamentável, afinal, o brincar na rua proporciona sensação de
liberdade, leveza, interação grupal e troca de experiências.
Na nossa busca de fontes bibliográficas, encontramos muitas publicações que
articulam a importância do brincar com o desenvolvimento infantil, porém, para o debate a
respeito da atual prática do brincar em novos espaços, ainda encontramos escassez de estudos.
Esta constatação nos estimula a continuar esta pesquisa no mestrado.
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Anexos
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