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Análise II

M1042 M1015

Segundo semestre
2023/2024

Análise II 1 / 270
Docentes das unidades

Ana Paula S. Dias (regente)


apdias@fc.up.pt
Gabinete: 3.21 do edifício da Matemática

Gabriela Chaves
gchaves@fc.up.pt

Peter Gothen
pbgothen@fc.up.pt

Análise II 2 / 270
Bibliografia principal

Marsden and Weinstein; Calculus iii. 2nd ed. ISBN:


0-387-90985-0

Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN:


978-1-305-27237-8

Lang; Calculus of several variables. ISBN: 0-387-96405-3

Análise II 3 / 270
Slides das aulas teóricas e lista de exercícios

Conteúdo das aulas teóricas disponibilizado no Moodle

Lista de exercícios para as aulas teórico-praticas disponibilizada


no Moodle

Análise II 4 / 270
Bibliografia dos slides

Os slides seguem os livros apresentados na bibliografia principal

Algumas figuras foram geradas usando a ferramenta computacional


WolframAlpha https://www.wolframalpha.com/

Análise II 5 / 270
Visão geral do programa

Curvas parametrizadas

Cálculo diferencial de funções vectoriais de várias variáveis

Integrais múltiplos

Análise II 6 / 270
Avaliação distribuída sem exame final

Dois testes realizados nas aulas teórico-praticas

Teste 1: primeira aula teórico-pratica da semana de 8-12 de


abril

Teste 2: primeira aula teórico-pratica da semana de 27-29 de


maio

Análise II 7 / 270
Conteúdo

1 Curvas parametrizadas

2 Cálculo diferencial de funções vectoriais de várias variáveis

3 Integração de funções de várias variáveis

Análise II 8 / 270
1. Curvas parametrizadas

Bibliografia principal

Capítulos 10, 13 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Seção 10.4 do livro Marsden e Weinstein; Calculus II. 2nd ed. ISBN: 0-387-90975-3

Seção 14.6 do livro Marsden e Weinstein; Calculus III. 2nd ed. ISBN: 0-387-90985-0

Análise II 9 / 270
Curva parametrizada

Curva
Uma função c : D → Rn em que D é um intervalo de R diz-se uma
curva. O conjunto
{c(t) : t ∈ D}
que corresponde ao contradomínio de c é o traço de c.

Análise II 10 / 270
Curvas no plano e no espaço

Uma curva no plano é determinada por duas funções reais de


variável real, c(t) = (f (t), g(t));

Uma curva no espaço é determinada por três funções reais de


variável real, c(t) = (f (t), g(t), h(t));

t ∈ D é designado de parâmetro.

Se t indicar o tempo, podemos imaginar que c(t) descreve uma


trajetória no plano ou no espaço.

Análise II 11 / 270
Exemplo
Considere a curva
c : [0, 2π] → R2
.
t 7→ (cos(t), sen(t))

Uma vez que


n o
{(cos(t), sen(t)) : t ∈ R} = (x , y ) ∈ R2 : x 2 + y 2 = 1 ,

o traço de c é a circunferência de centro (0, 0) e raio 1, percorrida


uma vez no sentido direto (contrário ao do movimento dos ponteiros
do relógio).

0.8

0.6

0.4

0.2
sin(t)

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
-1 -0.5 0 0.5 1
cos(t)

Análise II 12 / 270
Exemplo
Considere a curva
c : R → R2
.
t 7→ (t, 6t + 1)

O traço de c é a reta de equação y = 6x + 1 que é percorrida uma


vez, no sentido ascendente.

Análise II 13 / 270
Exemplo
Considere a curva
3
c: R → R
t .
 
t 7→ cos(t), sen(t),
10
Ao traço de c chama-se hélice.

1.0
0.5

0.0

!0.5

!1.0
2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
!1.0
!0.5
0.0

0.5

1.0

Análise II 14 / 270
Exemplos

c(t) = (cos(t), sen(t)) , t ∈ [0, 2π] c(t) = cos3 (t), sen3 (t) , t ∈ [0, 2π]

Análise II 15 / 270
Exemplos

c(t) = cos(t), sen(t), 6t , t ∈ [0, 6π] c(t) = (cos(t), − cos(t), sen(t)) , t ∈ [0, 2π]

Análise II 16 / 270
Exemplo

O traço da curva

c(t) = (1 + t, 2 + 5t, −1 + 6t) , t ∈ R

é uma reta. Notar que

c(t) = (1 + t, 2 + 5t, −1 + 6t) = (1, 2, −1) + t (1, 5, 6) , t ∈ R .

Análise II 17 / 270
Observação

O gráfico de qualquer função g real de variável real pode ser


interpretado como o traço da curva parametrizada (t, g(t)) em que
t percorre o domínio de g.

Existem curvas parametrizadas no plano cujo traço não é o gráfico


de uma função real de variável real. Por exemplo, uma
circunferência não é o gráfico de uma função real de variável real.

Análise II 18 / 270
Retas

O traço da curva no plano c(t) = (at + b, ct + d) , t ∈ R, em que


(a, c) 6= (0, 0) é a reta que passa por c(0) = P0 = (b, d) e tem a
direção de v = (a, c), uma vez que c(t) = (b, d) + t(a, c), t ∈ R.

Análise II 19 / 270
Retas
Note-se que qualquer reta r no plano (ou no espaço) é determinada
por um ponto P0 e por uma direção v 6= 0. Assim:

P ∈ r ⇔ P = P0 + tv para algum t ∈ R .

v
P_0

P_0 ponto;
V direção

Análise II 20 / 270
Reta - equações paramétricas e equação cartesiana
Se P0 = (b, d) e v = (a, c), então o sistema
(
x = at + b
P = P0 + tv , t ∈ R ⇔ (t ∈ R)
y = ct + d

determina um par de equações paramétricas que definem r . Como


v 6= (0, 0), podemos usar uma destas para escrever t como função
de x ou de y e substituir na outra equação, obtendo assim uma
equação cartesiana da reta r .

Análise II 21 / 270
Exemplo
Considere a reta r que contem o ponto P0 = (1, −3) e a direção
v = (1, 2). Um par de equações paramétricas de r é
(
x =1+t
(t ∈ R)
y = −3 + 2t

e uma equação cartesiana de r é y = 2x − 5.

Análise II 22 / 270
Exercício

Determine equações paramétricas e equações cartesianas da reta no


espaço que contem o ponto P0 = (1, 1, 1) e a direção v = (1, 2, 3).

Análise II 23 / 270
Circunferências
Equações da forma
(
x = r cos(t) + x0
(t ∈ [0, 2π])
y = r sen(t) + y0

em que r > 0 são equações paramétricas da circunferência de centro


P0 = (x0 , y0 ) e raio r , uma vez que:
 x −x
(
 r
0
= cos(t)
x = r cos(t) + x0

(t ∈ [0, 2π]) ⇔ (t ∈ [0, 2π])
y = r sen(t) + y0  y −y0

r
= sen(t)

m
(
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r 2
.
(x , y ) ∈ R2
Análise II 24 / 270
Exercício

Mostre que o traço da curva


1 1
 
c(t) = cos(t), sen(t) (t ∈ R)
2 3
é uma elipse e 4x 2 + 9y 2 = 1 é uma equação cartesiana da curva.

Análise II 25 / 270
Exercício

Mostre que o traço da curva


 
c(t) = t 2 − 2t, t + 1 (t ∈ R)

é uma parábola.

Análise II 26 / 270
Exemplo
O traço da curva 
2
c(t) = sen(t), sen (t) (t ∈ R)

está contido na parábola de equação y = x 2 . Contudo, x (t) = sen(t) = sen(t + 2kπ) ∈ [−1, 1] para todo t ∈ R e k ∈ Z.

Assim, dada a periodicidade de sen(t), o traço de c é a parte da parábola compreendida entre (−1, 1) e (1, 1) e é percorrida

infinitas vezes em ambas os sentidos.

parametric plot (sin t, sin^2 t), -1 leq t leq 1

Análise II 27 / 270
Definição de limite

Sejam c : D → Rn uma curva e t0 um ponto de acumulação de D,


isto é, D contém pontos diferentes de t0 e tão próximos quanto se
queira de t0 . Diz-se que o limite de c(t) quando t tende para t0 é
um vetor L ∈ Rn quando

∀ > 0, ∃δ > 0 : 0 < |t − t0 | < δ ⇒ kc(t) − Lk <  .

Escreve-se limt→t0 c(t) = L.

Quando t0 ∈ D e limt→t0 c(t) = c(t0 ), diz-se que c é contínua em


t0 .

A curva c diz-se contínua quando c é contínua em todo t0 ∈ D.

Análise II 28 / 270
Observação

Seja c : D → Rn uma curva, L = (l1 , · · · , ln ) e


c(t) = (c1 (t), . . . , cn (t)).

(i) Sendo t0 um ponto de acumulação de D,

lim c(t) = L ⇔ lim ci (t) = li , i = 1, . . . , n .


t→t0 t→to

(ii) Sendo t0 ∈ D, a curva c é contínua em t0 se e só se cada


componente ci é contínua em t0 , para i = 1, . . . , n.

Análise II 29 / 270
Exemplo

!
3 −t sen(t)
lim 1 + t , te , = (1, 0, 1) .
t→0 t

Análise II 30 / 270
Definição de derivada

Sendo c : D → Rn uma curva e t0 ∈ D, diz-se que c é derivável em


t0 quando existe

c(t) − c(t0 ) c(t0 + h) − c(t0 )


lim ≡ lim .
t→t0 t − t0 h→0 h
c(t)−c(t0 )
Nesse caso, escreve-se c 0 (t0 ) = limt→t0 t−t0
.

Quando c 0 (t0 ) 6= 0 diz-se que c 0 (t0 ) é o vetor tangente a c no ponto


c(t0 ).

A curva c diz-se derivável quando c é derivável em todo t0 ∈ D.

Análise II 31 / 270
Figura 1 da Secção 13.2 do livro James Stewart; Calculus : early
transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 32 / 270
Curva regular

Um curva c : D → Rn derivável diz-se regular se c 0 (t) 6= 0 para


todo t ∈ D.

Vector tangente unitário


Sendo c uma curva derivável em t0 e c 0 (t0 ) 6= 0 então o vector
tangente unitário à curva c no instante t0 é o vector

c 0 (t0 )
T (t0 ) = .
kc 0 (t0 )k

Análise II 33 / 270
Observação

Seja c : D → Rn uma curva em que c(t) = (c1 (t), . . . , cn (t)).

(i) A curva c é derivável em t0 ∈ D se e só se ci é derivavável em t0


para i = 1, . . . , n.

(ii) A curva c é derivável se e só se cada componente ci é derivável,


para i = 1, . . . , n.

Segue que sendo c derivável em t0 então

c 0 (t0 ) = (c10 (t0 ), . . . , cn0 (t0 )) .

Análise II 34 / 270
Curvas no plano e no espaço deriváveis

Se c(t) = (f (t), g(t)), para t ∈ D, então sendo c derivável em t, a


derivada de c em t é o vector

c 0 (t) = (f 0 (t), g 0 (t)) .

Similarmente, se c(t) = (f (t), g(t), h(t)), para t ∈ D, então

c 0 (t) = (f 0 (t), g 0 (t), h0 (t)) .

Análise II 35 / 270
Reta tangente a uma curva plana
É habitual representar-se o vector c 0 (t0 ) aplicado no traço da curva
em c (t0 ).

Seja c(t) = (f (t), g(t)), para t ∈ D, uma curva derivável e seja


t0 ∈ D.
Se v = c 0 (t0 ) = (f 0 (t0 ), g 0 (t0 )) 6= (0, 0), então a reta tangente
ao traço de c em c(t0 ) é a reta que passa por c(t0 ) e tem a
direção de v .
Se c 0 (t0 ) = (0, 0) então não está definida reta tangente ao
traço de c em c(t0 ).

Observação
Se f 0 (t0 ) = 0 e g 0 (t0 ) 6= 0, então a reta tangente ao traço de c em
c(t0 ) é vertical.
Análise II 36 / 270
Exemplo

0.8

0.6

0.4

0.2
sin(t)

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
-1 -0.5 0 0.5 1
cos(t)

Análise II 37 / 270
Exemplo

Considerar
 
c(t) = 1 + t 3 , te −t , sen(2t) , t ∈ R .

Determinar c 0 e o vetor tangente unitário em t = 0.

Derivando cada componente de c,


 
c 0 (t) = 3t 2 , (1 − t)e −t , 2 cos(2t) .

Como c 0 (0) = (0, 1, 2) e ve (0) = k(0, 1, 2)k = 5 então
!
1 2
T (0) = 1, √ , √ .
5 5

Análise II 38 / 270
Exercício

Determine equações paramétricas da reta tangente à curva


c(t) = (2 cos(t), sen(t), t) no ponto c(π/2).
π
Solução: x (t) = −2t, y (t) = 1, z(t) = 2
+ t, t ∈ R.

Análise II 39 / 270
Exercício
Encontre equações paramétricas
 √ e cartesiana
 da reta tangente ao
traço da curva c(t) = t 4 + 2 t, sen(tπ) quando t = 1.

parametric plot (t^4 + 2 sqrt(t), sin (t*pi))

Análise II 40 / 270
Segunda derivada

Aceleração
Sendo c : D → Rn derivável tal que c 0 : D → Rn também é
derivável então c é duas vezes derivável; se t0 ∈ D então

c 00 (t0 )

diz-se a aceleração de c em t0 .

Exemplo
Sendo c : R → R3 tal que c(t) = (2 cos(t), sen(t), t) então

c 00 (t) = (−2 cos(t), − sen(t), 0) , t ∈ R .

Análise II 41 / 270
Terminologia

Se c(t) descreve o movimento de um objeto ao longo do tempo, no


plano ou no espaço, é usual usar a seguinte nomenclatura,
assumindo que a curva é duas vezes derivável:

v (t0 ) = c 0 (t0 ) vetor velocidade da curva c no instante t0 .

ve (t0 ) = kc 0 (t0 )k velocidade escalar de c no instante t0 .

a(t0 ) = c 00 (t0 ) vector aceleração de c no instante t0 .

Análise II 42 / 270
Algumas propriedades

Sejam c e r duas curvas deriváveis de D em Rn , f : D → R


derivável e λ ∈ R. Então:
(i) (c + r )0 = c 0 + r 0 ;
(ii) (λc)0 = λc 0 ;
(iii) (fc)0 = f 0 c + fc 0 ;
(iv) (c · r )0 = c 0 · r + c · r 0 ;
(v) Se n = 3 então (c × r )0 = c 0 × r + c × r 0 ;
(vi) Se f (D) ⊆ D então (c ◦ f )0 = f 0 (c 0 ◦ f ).

Análise II 43 / 270
Relembrar produto vetorial (em R3)
Definição

V = R3
Sendo u = (u1 , u2 , u3 ), v = (v1 , v2 , v3 ) ∈ R3 , o produto vetorial de u
por v é o vetor
u × v = (D1 , D2 , D3 )
onde
1 0 0 0 1 0 0 0 1
D1 = u1 u2 u3 D2 = u1 u2 u3 D3 = u1 u2 u3
v1 v2 v3 v1 v2 v3 v1 v2 v3

u × v = (u2 v3 − u3 v2 , (−1)(u1 v3 − u3 v1 ), u1 v2 − u2 v1 )

Análise II 44 / 270
Produto vetorial
Exemplo

(1, 0, −1) × (1, 1, 1) = (1, −2, 1)


uma vez que

1 0 0 0 1 0 0 0 1
1 0 −1 = 1, 1 0 −1 = −2, 1 0 −1 = 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1

Análise II 45 / 270
Produto vetorial
Propriedade importante

u ⊥ (u × v ) v ⊥ (u × v )

Análise II 46 / 270
Produto vetorial
Propriedade importante

u, v ∈ R3

u × v 6= (0, 0, 0) ⇔ u, v são l.i.

Análise II 47 / 270
Produto vetorial
Propriedade importante

ku × v k = kukkv k sen θ

= área do paralelogramo determinando por u, v

Análise II 48 / 270
Produto vetorial
Propriedade importante

u, v , w ∈ R3

u · (v × w ) = det(u, v , w )

Definição
u · (v × w ) designa-se de produto misto dos 3 vetores u, v , w

Assim:
|u · (v × w )| = volume do paralelipípedo determinado por u, v , w

Análise II 49 / 270
Produto misto: propriedades importantes

São equivalentes as seguintes afirmações:

(i) u · (v × w ) = 0

(ii) det(u, v , w ) = 0

(iii) u, v , w são l.d.

(iv) u, v , w pertencem ao mesmo plano

Segue que:
u · (v × w ) 6= 0 se e só se os vetores u, v , w formam uma base de R3

Análise II 50 / 270
Produto vetorial - propriedade

v × w 6= (0, 0, 0) (i.e., os vetores v , w são l.i.)

os vetores v , w , v × w formam uma base de R3

Análise II 51 / 270
Observação

Se c : D → Rn é uma curva derivável com velocidade escalar


constante então c(t) e c 0 (t) são ortogonais para todo t ∈ R.

Prova
Se kc(t)k2 = c(t) · c(t) ≡ k 2 para alguma constante k ∈ R então
derivando

(c(t) · c(t))0 = 2c(t) · c 0 (t) = 0, ∀t ∈ D .

Análise II 52 / 270
Observação
Se c : D → Rn é uma curva derivável com velocidade escalar
constante então c(t) e c 0 (t) são ortogonais para todo t ∈ R.

Este resultado afirma que se o traço de uma curva está contido


numa esfera de raio k > 0 então o vetor velocidade c 0 (t) é sempre
perpendicular ao vetor posição c(t).
Figura 4 da Secção 13.2 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 53 / 270
Uma fórmula para ve0

Derivando ve2 (t) = kc 0 (t)k2 = c 0 (t) · c 0 (t), obtém- se


2ve (t)ve0 (t) = 2c 0 (t) · c 00 (t), ou seja, se c é regular,

c 0 (t) · c 00 (t)
ve0 (t) = .
ve (t)

Análise II 54 / 270
Comprimento de arco
Definição
Sendo c : [a, b] → Rn uma curva continuamente derivável e regular então o comprimento da curva é o integral

Z b Z b
0
l(c) = ve (t) dt = kc (t)k dt,
a a

corresponde à distância percorrida entre os instantes t = a e t = b e depende da velocidade escalar e não da direção da

velocidade.

Figura 1 da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 55 / 270
Exemplo

O comprimento da curva c(t) = (cos(t), sen(t), t) para t ∈ [0, 2π] é


Z 2π √ √
l(c) = 2 = 2 2π
0

porque √
ve (t) = kc 0 (t)k = 2.

Análise II 56 / 270
Exercício

Mostre que o comprimento do gráfico de uma função f : [a, b] → R


continuamente derivável é
Z bq
1 + (f 0 (x ))2 dx .
a

Notar que o gráfico de f é o conjunto {(x , f (x )) : x ∈ [a, b]} que


corresponde ao traço da curva c(x ) = (x , f (x )), x ∈ [a, b].

Análise II 57 / 270
Reparametrização

Definição
Sendo c : [a, b] → Rn uma curva e f : [c, d] → [a, b] uma função
contínua bijetiva então c ◦ f : [c, d] → Rn diz-se uma
reparametrização de c. As curvas c e c ◦ f têm o mesmo traço e o
mesmo comprimento (sendo c e f curvas continuamente deriváveis
e regulares).

Análise II 58 / 270
Função comprimento de arco

Definição
Sendo c : [a, b] → Rn uma curva continuamente derivável e regular,
considere-se a função comprimento de arco a partir de t = t0 , onde
t0 ∈ [a, b], definida por
Z t
s(t) = ve (u) du, t ∈ [a, b] .
t0

Pelo Teorema Fundamental de Cálculo,

s 0 (t) = ve (t) > 0, ∀t ∈ [a, b]

e s é bijetiva considerando l : [a, b] → [s(a), s(b)]. Note-se que


|s(t)| é o comprimento do traço de c entre c(t0 ) e c(t).

Análise II 59 / 270
Reparametrização pelo comprimento de arco

Definição
A curva C = c ◦ s −1 : [l(a), l(b)] → Rn diz-se uma
reparametrização de c pelo comprimento de arco com origem em t0 .

Análise II 60 / 270
Reparametrização pelo comprimento de arco
C (s) é o vetor posição do vetor c(t) se s = s(t) depois de ter
percorrido s(t) unidades de comprimento a partir de t = t0 .

Figura da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 61 / 270
Reparametrização pelo comprimento de arco

kC 0 (s)k = 1
para s ∈ [s(a), s(b)] e
C 0 (s) = TC (s)
é o vetor tangente unitário à curva C em s. Além disso,

C 00 (s) = TC0 (s) .

Análise II 62 / 270
Exemplo

Considere-se c : R → R tal que c(t) = (cos(t), sen(t), t) , t ∈ R e


a função comprimento de arco a partir de t = 0, s : R → R tal que
Z t Z t √ √
s(t) = ve (u) du = 2 du = 2t .
0 0

Logo, s −1 : R → R é definida por s −1 (s) = √s2 . A reparametrização


de c pelo comprimento de arco com origem em t = 0 é C : R → R
tal que
! ! ! !
s s s s
C (s) = c √ = cos √ , sen √ , √ .
2 2 2 2

Análise II 63 / 270
Curvatura
Sendo c : [a, b] → Rn uma curva continuamente derivável e regular,
sabemos que T (t) indica a direção de c no tempo t que varia pouco
se o traço da curva não é muito sinuoso e varia muito caso
contrário. A curvatura de uma curva num ponto mede a variação da
direção da tangente à curva no ponto e define-se como sendo a
norma da derivada do vetor tangente unitário duma
reparametrização de c pelo comprimento de arco, para que seja
independente da parametrização escolhida:
κ(s) = kT 0 (s)k = kC 00 (s)k
onde T (s) = C 0 (s) é o vetor tangente unitário de C em s. Usando
a regra da cadeia, obtém-se
1
κ(t) = kT 0 (t)k
ve (t)
onde T é o vetor tangente unitário de c em t.
Análise II 64 / 270
Exemplo

Considerar a parametrização da circunferência de raio a > 0 definida


por c(t) = (a cos(t), a sen(t)), para t ∈ [0, 2π]. Segue que
1 0
T (t) = c (t) = (− sen(t), cos(t))
ve (t)
e
T 0 (t) = (− cos(t), − sen(t)) .
Assim,
1 1
κ(t) = kT 0 (t)k = .
ve (t) a
Circunferências de pequeno raio têm curvatura grande e
circunferências de grande raio têm curvatura pequena.

Análise II 65 / 270
Exemplo

A curvatura de uma reta é nula porque o vetor tangente não muda


de direção. Mostre que, na verdade, o traço de uma curva regular
está contido numa reta se e só se a curvatura é nula.

Análise II 66 / 270
Curvatura de uma curva no espaço

Fórmula
Sendo c : D → R3 é regular e duas vezes derivável,

kc 0 (t) × c 00 (t)k
κ(t) = .
ve3 (t)

Análise II 67 / 270
Curvatura de uma curva no espaço
Como c 0 (t) = ve (t)T (t), derivando obtém-se
c 00 (t) = ve0 (t)T (t) + ve (t)T 0 (t) .
Considerando
c 0 (t) × c 00 (t) = ve0 (t)c 0 (t) × T (t) + ve (t)c 0 (t) × T 0 (t)
= ve0 (t)ve (t)T (t) × T (t) + ve (t)c 0 (t) × T 0 (t) .
= ve (t)c 0 (t) × T 0 (t) = ve2 (t)T (t) × T 0 (t)
Como kT (t)k = 1 então T (t) e T 0 (t) são perpendiculares e
kc 0 (t) × c 00 (t)k = ve2 (t)kT (t) × T 0 (t)k = ve2 (t)kT 0 (t)k
1 1
κ(t) = kT 0 (t)k = 3 kc 0 (t) × c 00 (t)k .
ve (t) ve (t)
2

Análise II 68 / 270
Exercício

Mostre que a curvatura da curva c(t) = (t, t 2 , t 3 ), t ∈ R é



2 1 + 9t 2 + 9t 4
κ(t) = .
(1 + 4t 2 + 9t 4 )3/2

Análise II 69 / 270
Exercício
Mostre que a curvatura da curva c(x ) = (x , x 2 ) (cujo traço é uma
parábola) é
2
κ(x ) = .
(1 + 4x 2 )3/2

Análise II 70 / 270
Vetor normal principal unitário e vetor binormal

Sendo c : [a, b] → R3 uma curva continuamente derivável e regular, kT (t)k ≡ 1 e T (t) e T 0 (t) são ortogonais.

Definição
(i) Para t tal que κ(t) 6= 0, o vetor normal principal unitário é

T 0 (t)
N(t) = .
kT 0 (t)k

Podemos interpretar N(t) como um vetor que indica a direção na qual a curva está a virar no tempo t.

(ii) O vetor binormal é


B(t) = T (t) × N(t) .

Notar que B(t) é ortogonal a T (t) e a N(t); além disso, B(t) é unitário.

Análise II 71 / 270
Triedro de Frenet
Para cada t, o conjunto (T (t), N(t), B(t)) forma uma base de R3 e
denomina-se de Triedro de Frenet, que varia ao longo do tempo.

Figura 6 da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 72 / 270
Exemplo


Considerar a curva c(t) = (cos(t), sen(t), t). Como c 0 (t) = (− sen(t), cos(t), 1) e ve (t) = 2, então

1
T (t) = √ (− sen(t), cos(t), 1) ,
2

0 1 0 1
T (t) = √ (− cos(t), − sen(t), 0) e kT (t)k = √ .
2 2

Assim,
1
N(t) = (− cos(t), − sen(t), 0) e B(t) = T (t) × N(t) = √ (sen(t), − cos(t), 1) .
2

Notar que N(t) é horizontal e aponta para o eixo dos zz.

Análise II 73 / 270
Exemplo (continuação)
Figura 7 da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 74 / 270
Plano normal, plano osculador e círculo da
curvatura

Definição
O plano gerado por B(t) e N(t) e que contém c(t) é o plano normal à curva c no ponto c(t). Contém todas as retas
ortogonais a T (t).

O plano gerado por T (t) e N(t) e que contém c(t) é o plano osculador à curva c no ponto c(t). É o plano que está mais
próximo de conter a parte da curva próxima de c(t). Por exemplo, se a curva é plana, o plano osculador em qualquer ponto
da curva é o plano que contém a curva.

O círculo da curvatura de c em c(t) é o círculo no plano osculador de c em c(t), que tem o mesmo vetor tangente de c em

c(t), está situado no lado côncavo de c (para onde o vetor normal N aponta), tem raio 1/κ(t), assumido que κ(t) 6= 0, e

centro o ponto à distância 1/κ(t) de c(t) sobre N. É o círculo que melhor descreve o traço de c perto de c(t), partllhando

com c o vetor tangente, o vetor normal e a curvatura em c(t).

Análise II 75 / 270
Exemplo

Considerar a curva c(t) = (cos(t), sen(t), t) e o ponto


P = c(π/2) = (0, 1, π/2). Uma vez que c 0 (π/2) = (−1, 0, 1), uma
equação do plano normal a c em P é
π π
 
(−1)(x − 0) + 0(y − 1) + 1 z − =0⇔z =x+ .
2 2

O plano osculador a c em P é normal a B(π/2) = 1/ 2 (1, 0, 1) e
contém o ponto P:
π π
 
1(x − 0) + 0(y − 1) + 1 z − = 0 ⇔ z = −x + .
2 2

Análise II 76 / 270
Exemplo (continuação)
Figura 8 da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 77 / 270
Exemplo

Considerar a curva c(x ) = (x , x 2 ) , x ∈ R cujo traço é uma


parábola e o ponto P = c(0) = (0, 0). Já calculamos anteriormente
que κ(0) = 2. O círculo da curvatura de c em P tem raio 1/2 e
centro (0, 1/2). Uma equação é
2
1 1

2
(x − 0) + y − =
2 4
e pode ser parametrizado por
1 1 1
 
r (t) = cos(t), + sen(t) , t ∈ [0, 2π] .
2 2 2

Análise II 78 / 270
Exemplo (continuação)
Figura 9 da Secção 13.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 79 / 270
Fórmulas - triedro de Frenet e curvatura

Sendo c : [a, b] → R3 uma curva continuamente derivável e regular:

c 0 (t) T 0 (t)
T (t) = N(t) = B(t) = T (t) × N(t)
ve (t) kT 0 (t)k

1 kc 0 (t) × c 00 (t)k
κ(t) = kT 0 (t)k =
ve (t) ve3 (t)

Análise II 80 / 270
Relembrar: velocidade e aceleração

c : [a, b] → R3 uma curva continuamente derivável e regular em


que c(t) representa a posição de uma partícula em movimento no
espaço no tempo t; c 0 (t) é a velocidade em t; ve (t) = kc 0 (t)k é
velocidade escalar em t e c 00 (t) é a aceleração em t.

Análise II 81 / 270
Exemplo

Suponhamos r (t) descreve o movimento de uma partícula ao longo


do tempo no espaço e sabe-se que r (0) = (1, 0, 0),
r 0 (0) = (1, −1, 1) e r 00 (t) = (4t, 6t, 1). Determinar r 0 (t) e r (t).

Análise II 82 / 270
Componente tangente e normal da acelera¸ao
Sendo c : [a, b] → Rn uma curva continuamente derivável e regular,
sabemos que T (t) = 1/ve (t)c 0 (t). Então c 0 (t) = ve (t)T (t) e
derivando ambos os membros obtemos que

c 00 (t) = ve0 (t)T (t) + ve (t)T 0 (t) .

Note-se que como kT (t)k ≡ 1, então T (t) e T 0 (t) são ortogonais e


ve0 (t)T (t) e ve (t)T 0 (t) são também ortogonais. De
kT 0 (t)k = κ(t)ve (t) então

c 00 (t) = ve0 (t)T (t) + κ(t)ve2 (t)N(t) = aT (t)T (t) + aN (t)N(t),

onde
aT (t) = ve0 (t), aN (t) = κ(t)ve2 (t) .
aT (t) é a componente tangente da aceleração em t e aN (t) é a
componente normal da aceleração em t.
Análise II 83 / 270
Componente tangente e normal da aceleração
(i) A aceleração de um objeto a mover-se no espaço pertence ao
plano osculador (gerado por T e N).

(ii) A componente tangente da aceleração é ve0 , a taxa de variação


da velocidade escalar.

(iii) A componente normal da aceleração é κve2 e mede a variação


da direção da velocidade.

Página 874 da Secção 13.4 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8:

". . . if we think of a passenger in a car – a sharp turn in a road means a large value of the curvature, so the component of

the acceleration perpendicular to the motion is large and the passenger is thrown against a car door. High speed around the

turn has the same effect; in fact, if you double your speed, aN is increased by a factor of 4."

Análise II 84 / 270
Componente tangente e normal da aceleração
Figura 7 da Secção 13.4 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 85 / 270
Componente tangente e normal da aceleração

Vimos uma fórmula para ve0 e portanto

c 0 (t) · c 00 (t)
aT (t) = ve0 (t) = = c 00 (t) · T (t) .
ve (t)

Na decomposição c 00 (t) = aT (t)T (t) + aN (t)N(t), podemos então


começar por calcular

aT (t)T (t) = (c 00 (t) · T (t)) T (t)

e depois,
aN (t)N(t) = c 00 (t) − aT (t)T (t) .

Análise II 86 / 270
Exercício

Determine aT e aN da curva c(t) = (t 2 , t 2 , t 3 ) , t 6= 0.

Análise II 87 / 270
Fórmulas de Frenet

c : D → R3 regular e continuamente derivável pelo menos três vezes


dTC
ds
= κC NC

dNC
ds
= −κC TC + τC BC

dBC
ds
= −τC NC

Análise II 88 / 270
Primeira fórmula de Frenet

Sendo C uma reparametrização pelo comprimento de arco de c,


então C 0 (s) = TC (s), logo, C 00 (s) = TC0 (s) e κC (s) = kC 00 (s)k.
Como NC (s) = TC0 (s)/kTC0 (s)k, segue a primeira fórmula de Frenet:

dTC
= κC NC .
ds
2

Análise II 89 / 270
Segunda fórmula de Frenet

Como kNC (s)k ≡ 1, então Nc (s) e NC0 (s) são ortogonais, logo
NC0 (s) pertence ao complemento ortogonal de < N(s) >, isto é,
NC0 (s) é combinação linear de TC (s) e BC (s):

NC0 (s) = αC TC (s) + τC BC (s)

sendo αC , τC coeficientes reais. Como


NC0 (s) · TC (s) = αTC (s) · TC (s), então obtemos que

αC (s) = NC0 (s) · TC (s) .

Similarmente,
τC (s) = NC0 (s) · BC (s)
e τC (s) designa-se a torção de C em s.

Análise II 90 / 270
Segunda fórmula de Frenet

Como αC (s) = NC0 (s) · TC (s), TC (s) · NC (s) = 0 e


TC0 (s) = κC (s)NC (s), obtém-se que
0 0
TC (s) · NC (s) + TC (s) · NC (s) = κC (s)NC (s) · NC (s) + αC (s) = κC (s) + αC (s)

e
αC (s) = −κC (s) .
2

Análise II 91 / 270
Torção de uma curva no espaço e terceira fórmula
de Frenet
Como BC (s) = TC (s) × NC (s) então
dBC
ds
= TC0 (s) × NC (s) + TC (s) × NC0 (s)
= κC (s)NC (s) × NC (s) + TC (s) × (−κC (s)TC (s) + τC BC (s))
= TC (s) × τC (s)BC (s)
= −τC (s)NC (s)

uma vez que TC (s) × TC (s) = NC (s) × NC (s) = (0, 0, 0) e


TC (s) × BC (s) = −BC (s) × TC (s) = −NC (s). Escrevendo a
terceira fórmula de Frenet:
dBC
= −τC (s)NC (s) .
ds
2

Análise II 92 / 270
Fórmulas de Frenet para c

dT
dt
= ve κN

dN
dt
= −ve κT + ve τ B

dB
dt
= −ve τ N

Análise II 93 / 270
Fórmula para a torção

(c 0 (t) × c 00 (t)) · c 000 (t) det(c 0 (t), c 00 (t), c 000 (t))


τ (t) = =
kc 0 (t) × c 00 (t)k2 kc 0 (t) × c 00 (t)k2

Análise II 94 / 270
Fórmula para a torção
Derivando c 00 (t) = ve0 (t)T (t) + κ(t)ve2 (t)N(t),

000 00 0 0 2
0 2 0
c (t) = ve (t)T (t) + ve (t)T (t) + κ(t)ve (t) N(t) + κ(t)ve (t)N (t) .

Como T 0 (t) = ve (t)κ(t)N(t) e N 0 (t) = −ve (t)κ(t)T (t) + ve (t)τ (t)B(t),

0
c 000 (t) = ve00 (t)T (t) + ve0 (t)ve (t)κ(t)N(t) + κ(t)ve2 (t) N(t) + κ(t)ve2 (t) (−ve (t)T (t) + ve (t)τ (t)B(t))
0 .
= ve00 (t)T (t) + ve0 (t)ve (t)κ(t)N(t) + κ(t)ve2 (t) 3 2 3
N(t) − ve (t)κ (t)T (t) + ve (t)κ(t)τ (t)B(t)

Como c 0 (t) × c 00 (t) = ve3 (t)κ(t)B(t) e kc 0 (t) × c 00 (t)k = ve3 (t)κ(t), então

000 0 00
 6 2
c (t) · c (t) × c (t) = ve (t)κ (t)τ (t)

e 
c 000 (t) · c 0 (t) × c 00 (t) det(c 0 (t), c 00 (t), c 000 (t))
τ (t) = = .
kc 0 (t) × c 00 (t)k2 kc 0 (t) × c 00 (t)k2

Lembrar que (T (t), N(t), B(t)) é uma base ortonormada de R3 . 2

Análise II 95 / 270
Curvas planas têm torção nula
Suponhamos que c(t) = (x (t), y (t), z(t)) é uma curva plana que
satisfaz
Ax (t) + By (t) + Cz(t) = D
para algum vetor (A, B, C ) 6= (0, 0, 0). Derivando ambos os
membros, uma, duas e três vezes, obtém-se que

Ax 0 (t) + By 0 (t) + Cz 0 (t) ≡ 0


Ax 00 (t) + By 00 (t) + Cz 00 (t) ≡ 0 .
Ax 000 (t) + By 000 (t) + Cz 000 (t) ≡ 0

Assim, c 0 (t), c 00 (t), c 000 (t) são 3 vetores ortogonais a (A, B, C ), logo,
são linearmente dependentes e det (c 0 (t), c 00 (t), c 000 (t)) = 0. Segue,
pela fórmula da torção que τ (t) = 0. 2

Análise II 96 / 270
Curvas com torção nula são planas

Sendo c : [a, b] → R3 uma curva com torção nula, pela terceira


fórmula de Frenet, obtém-se que B 0 (t) ≡ 0. Logo, B(t) é constante
em [a, b]. Suponhamos B(t) ≡ B. Então

B · c 0 (t) = B · ve (t)T (t) = ve (t)B(t) · T (t) = 0,

pelo que B · c(t) é constante e c é uma curva plana. 2

Análise II 97 / 270
Exemplos
(i) Considere a curva c(t) = (4 cos(t), 4 sen(t), 3t) , t ∈ R. Mostre
que:
T (t) = 15 (−4 sen(t), 4 cos(t), 3)

N(t) = (− cos(t), − sen(t), 0)

B(t) = 15 (3 sen(t), −3 cos(t), 4)


e
4 3
κ(t) = , τ (t) = .
25 25
(ii) Considere c(t) = (a cos(t), a sen(t), bt) , t ∈ R, onde
(a, b) 6= (0, 0). Mostre que:

a b
κ(t) = , τ (t) = .
a2 + b2 a2 + b2
Análise II 98 / 270
Observação

Como

c 00 (t) = ve0 (t)T (t) + κ(t)ve2 (t)N(t) = aT (t)T (t) + aN (t)N(t),

então aN (t)N(t) e N(t) são dois vetores com a mesma direção e


sentido. Assim, o vetor N(t) que tem norma 1 pode ser obtido de
aN (t)N(t) normalizando c 00 (t) − ve0 (t)T (t).

Análise II 99 / 270
2. Cálculo diferencial de funções vectoriais de
várias variáveis

Bibliografia principal

Seção 14.3 e Capítulos 15-16 do livro Marsden e Weinstein; Calculus III. 2nd ed. ISBN: 0-387-90985-0

Capítulo 14 do livro Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 100 / 270


Funções escalares de várias variáveis, gráficos,
curvas e superfícies de nível

Consideremos funções escalares de uma ou duas variáveis. Isto é,


funções f : D → R em que D é um subconjunto de R ou R2 . O
seu gráfico é o subconjunto de D × R definido por:

Grf = {(x , f (x )) : x ∈ D} .

Análise II 101 / 270


Se D ⊆ R, o gráfico de f é um subconjunto de R2 e corresponde a
uma curva no plano.

Se D ⊆ R2 o gráfico de f é um subconjunto de R3 e representa


uma superfície em R3 .

Análise II 102 / 270


Exemplo
Gráfico da função f : R → R tal que f (x ) = sen(x ).
y=sen x
6

0
−7.5 −5.0 −2.5 0.0 2.5 5.0 7.5
−1
x

−2

y −3

−4

−5

−6

Exemplo
h i
Gráfico da função g : [−1, 1] → − π2 , π2 tal que g(x ) = arcsen (x )
y=arcsen x, x in [−1,1]
1.5

1.0

0.5

0.0
−1.0 −0.5 0.0 0.5 1.0
x
−0.5

−1.0

−1.5

Análise II 103 / 270


Observação

A função g é a função inversa da restrição principal da função seno


ao intervalo [−π/2, π/2] que é injetiva. Mais precisamente, g é a
inversa da função bijetiva
h i
− π2 , π2 → [−1, 1]
x 7→ sen x
y=sen x, x in [−pi/2,pi/2]
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
−1.5 −1.0 −0.5 0.0 0.5 1.0 1.5
x −0.2

−0.4
y
−0.6

−0.8

−1.0

Análise II 104 / 270


Exemplo
Gráfico da função f : R2 → R tal que f (x , y ) = x 2 + y 2
(parabolóide elíptico).

!5

!4
!2

Análise II 105 / 270


Exemplo
O gráfico da função f : R2 → R tal que f (x , y ) = −x − y + 1 é o
plano de equação z = −x − y + 1 que contem os pontos não
colineares (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1).

Análise II 106 / 270


Se f : D → R é uma função em que D ⊆ R e c ∈ R então o
conjunto dos pontos de nível c de f é denotado por Nc e definido
por
Nc = {x ∈ D : f (x ) = c} ⊆ R .

Exemplo
O conjunto dos pontos de nível 0 da função f : R → R tal que
f (x ) = sen(x ) é formado pelos zeros da função:

N0 = {kπ : k ∈ Z} .

Análise II 107 / 270


y=sen x
6

0
7.5 5.0 2.5 0.0 2.5 5.0 7.5
1
x

y 3

Análise II 108 / 270


Se f : D → R é uma função em que D ⊆ R2 e c ∈ R então a curva
de nível c de f é o conjunto

Nc = {x ∈ D : f (x ) = c} ⊆ R2 .

Exemplo
As curvas de nível de f : R2 → R tal que f (x , y ) = x 2 + y 2 são:

∅ se c < 0;


Nc = {(0, 0)} se c = 0;
{(x , y ) ∈ R2 : x 2 + y 2 = c} se c > 0 .

Análise II 109 / 270


5

!5

!4
!2

Análise II 110 / 270


Para funções escalares de três variáveis reais, isto é, funções
f : D → R, em que D ⊆ R3 , segue que Grf ⊆ R4 .

Muitas vezes é útil visualizar os subconjuntos de R3 correspondentes


às superfícies de nível c de f , em que c ∈ R, isto é, os conjuntos de
todos os pontos (x , y , z) ∈ D tais que f (x , y , z) = c.

Análise II 111 / 270


Exemplos
(a) A superfície de nível 4 da função f : R3 → R tal que
f (x , y , z) = x 2 + y 2 + z 2 é a esfera de raio 2 e centro (0, 0, 0).

(b) A superfície de nível 1 da função f : R3 → R tal que


f (x , y , z) = x + y + z é o plano de equação x + y + z = 1.

Análise II 112 / 270


O esboço de superfícies (em R3 ), quer sejam gráficos de funções de
duas variáveis ou superfícies de nível de funções de três variáveis,
pode ser facilitado visualizando curvas de interseção da superfície
com planos paralelos aos planos coordenados.

Análise II 113 / 270


Exemplo
A superfície em R3 de equação x 2 + y 2 = 4 é um cilindro. A
interseção do cilindro com cada plano de equação z = c (paralelo ao
plano coordenado xy ) é uma circunferência no plano z = c de
centro (0, 0, c) e raio 2.
1

-1

-5

-1

Análise II 114 / 270


Exemplo
A superfície em R3 de equação z = x 2 − y 2 corresponde a um
parabolóide hiperbólico. Note-se que a interseção desta superfície
com o plano z = c é uma hipérbole se c 6= 0.
5

-5

-5

-4
-2

4
Análise II 115 / 270
Exemplo
A superfície em R3 de equação z = sen(x ).

Análise II 116 / 270


Limites e continuidade

Aberto
Assuma-se que D é um aberto de R2 , isto é, dado qualquer
(x0 , y0 ) ∈ D, existe δ > 0 tal que todos os vetores (x , y )
satisfazendo k(x , y ) − (x0 , y0 )k < δ pertencem a D.

Definição
Sendo D ⊆ R2 , f : D → R uma função e (x0 , y0 ) ∈ D, diz-se que o
limite de f quando (x , y ) tende para (x0 , y0 ) é um número real L
quando

∀ > 0 ∃δ > 0 : 0 < k(x , y ) − (x0 , y0 )k < δ ⇒ |f (x , y ) − L| <  .

Escrevemos lim(x ,y )→(x0 ,y0 ) f (x , y ) = L.

Análise II 117 / 270


Limite
Figura 1 da Secção 14.2 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 118 / 270


Exemplo

Mostremos pela definição que


3x 2 y
lim = 0.
(x ,y )→(0,0) x2 + y2

Notar que x 2 ≤ x 2 + y 2 , logo, x 2 /(x 2 + y 2 ) ≤ 1 para qualquer (x , y ) 6= (0, 0) e

3x 2 y 3x 2 |y |
= ≤ 3|y | .
x2 + y2 x2 + y2

p
Dado  > 0, podemos escolher δ = /3 tal que, se 0 < x 2 + y 2 = k(x , y ) − (0, 0)k < δ = /3 então

3x 2 y 3x 2 |y | 
p p
|f (x , y ) − 0| = = ≤ 3|y | = 3 y2 ≤ 3 x 2 + y 2 < 3δ = 3 = .
x2 + y2 x2 + y2 3

Análise II 119 / 270


Propriedades

As propriedades de limite de funções reais de variável real também se generalizam para funções de várias variáveis. Por
exemplo, se lim(x ,y )→(x ,y ) f (x , y ) = L1 e lim(x ,y )→(x ,y ) g(x , y ) = L2 então
0 0 0 0

lim (f (x , y ) + g(x , y )) = L1 + L2
(x ,y )→(x0 ,y0 )

e
lim (f (x , y )g(x , y )) = L1 L2 .
(x ,y )→(x0 ,y0 )

Prova: Exercício.

Análise II 120 / 270


Limite

Observação
Na definição de limite, f (x , y ) está tão próximo de L (a distância inferior a  > 0) desde que seja possível escolher δ > 0 tal

que (x , y ) esteja próximo de (x0 , y0 ) o suficiente (a distância inferior a δ sem ser 0). Esta condição tem de se verificar para

qualquer (x , y ) à distância inferior a δ, ou seja, se lim(x ,y )→(x ,y ) f (x , y ) = L, então restringindo (x , y ) a qualquer


0 0

caminho S em que também (x , y ) se aproxime de (x0 , y0 ), ter-se-à que ter lim(x ,y )→(x ,y );(x ,y )∈S f (x , y ) = L.
0 0

Observação
Se existirem dois caminhos S1 e S2 tais que

lim(x ,y )→(x ,y );(x ,y )∈S f (x , y ) = L1 6= lim(x ,y )→(x ,y );(x ,y )∈S f (x , y ) = L2 então não existe
0 0 1 0 0 2

lim(x ,y )→(x ,y ) f (x , y ).
0 0

Análise II 121 / 270


Exemplo

O seguinte limite,
x2 − y2
lim
(x ,y )→(0,0) x2 + y2

não existe. Por exemplo,

x2 − y2 x2 x2 − y2 −y 2
lim = lim = 1 6= lim = lim = −1 .
(x ,0)→(0,0) x2 + y2 x →0 x2 (0,y )→(0,0) x2 + y2 y →0 y2

Análise II 122 / 270


Exercício

Mostre que não existe o seguinte limite


xy
lim ,
(x ,y )→(0,0) x2 + y2

apesar de
xy xy
lim = lim = 0.
(x ,0)→(0,0) x2 + y2 (0,y )→(0,0) x2 + y2

xy
Sugestão: determine lim(x ,x )→(0,0) 2 2 .
x +y

Análise II 123 / 270


Exercício

Mostre que não existe o seguinte limite


xy 2
lim .
(x ,y )→(0,0) x2 + y4

xy xy
Sugestão: determine por exemplo lim(x ,x )→(0,0) 2 2 e lim(y 2 ,y )→(0,0) 2 2 .
x +y x +y

Análise II 124 / 270


Continuidade

Definição
Sendo D ⊆ R2 , f : D → R uma função e (x0 , y0 ) ∈ D, diz-se que f
é contínua em (x0 , y0 ) quando lim(x ,y )→(x0 ,y0 ) f (x , y ) = f (x0 , y0 ).

A função f : D → R é contínua quando f é contínua em todo


(x0 , y0 ) ∈ D.

Análise II 125 / 270


Propriedades

Usando as propriedades de limite de funções, obtemos que a soma


(resp. produto) de duas funções contínuas é contínua, etc.

Análise II 126 / 270


Exemplo

 
(i) lim 2x 3 y 2 + 6xy + 7 = 15
(x ,y )→(1,1)

(ii) A função
 x 2 −y 2
 x 2 +y 2
 se (x , y ) 6= (0, 0);
f (x , y ) =

0 se (x , y ) = (0, 0)

não é contínua em (0, 0) porque não existe lim(x ,y )→(0,0) f (x , y )


como vimos anteriormente.

Análise II 127 / 270


Exemplo

A função
 3x 2 y
 x 2 +y 2
 se (x , y ) 6= (0, 0);
f (x , y ) =

0 se (x , y ) = (0, 0)

é contínua em (0, 0) porque lim(x ,y )→(0,0) f (x , y ) = 0 = f (0, 0) como


vimos anteriormente.

Análise II 128 / 270


Propriedade

A composição de uma função real de variável real contínua com


uma função escalar de duas variáveis contínua é também uma
função contínua.

Por exemplo, a função g(x , y ) = arc tg(y /x ) é contínua para


qualquer (x , y ) em que x 6= 0 uma vez que é a composição de duas
funções contínuas no seu domínio.

Análise II 129 / 270


Derivada parcial de uma função num ponto

Seja f : D → R uma função onde D é um aberto de R2 .

A derivada parcial de f relativamente a x num ponto


P0 = (x0 , y0 ) ∈ D existe se, considerando a variável y constante
igual a y0 em f , existe derivada de f em ordem a x em x = x0 , isto
é, se existe
f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
lim .
h→0 h
∂f
Nesse caso, denotamos por ∂x |P0 .

Análise II 130 / 270


Função derivada parcial

∂f
Se existir ∂x |P0 para todo P0 ∈ D, então podemos definir a função
derivada parcial de f em relação a x :
∂f
∂x
: D → R
∂f .
P0 7→ ∂x |P0

Análise II 131 / 270


Analogamente, considerando a variável x constante igual a x0 em f ,
a derivada parcial de f relativamente a y num ponto
P0 = (x0 , y0 ) ∈ D é o seguinte limite, caso exista,

f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
lim ,
h→0 h
∂f ∂f
e denota-se por ∂y |P0 . Se existir ∂y |P0 para todo P0 ∈ D, então
define-se a função derivada parcial de f em relação a y :
∂f
∂y
: D → R
∂f .
P0 7→ ∂y |P0

Análise II 132 / 270


Observação

∂f
Note-se que |
∂x P0
indica a variação de f (em P0 ) na restrição ao
conjunto

{(x0 + h, y0 ) : h ∈ R} = {(x0 , y0 ) + h(1, 0) : h ∈ R}

que corresponde à reta que passa por P0 e tem a direção de (1, 0).
∂f
Analogamente, ∂y |P0 indica como varia f (em P0 ) na restrição ao
conjunto

{(x0 , y0 + h) : h ∈ R} = {(x0 , y0 ) + h(0, 1) : h ∈ R} .

Análise II 133 / 270


Exemplo

Sendo f (x , y ) = xy + e x cos(y ), para (x , y ) ∈ R2 ,


∂f
|
∂x (x ,y )
= y + e x cos(y ),

∂f
|
∂y (x ,y )
= x − e x sen(y ) .

Análise II 134 / 270


Observação
Figura 1 da Secção 14.3 do livro James Stewart; Calculus : early transcendentals. ISBN: 978-1-305-27237-8

Análise II 135 / 270


Exercício

∂f ∂f
Determinar |
∂x (x ,y )
e |
∂y (x ,y )
onde
!
x
f (x , y ) = sin se y 6= −1 .
1+y

Análise II 136 / 270


Derivadas parciais

De forma análoga se define derivada parcial de uma função em R3


(ou Rn para n ≥ 1) em ordem a cada uma das suas variáveis.

Exercício: determine as derivadas parciais da função


f (x , y , z) = e xy ln(z) onde z > 0.

Análise II 137 / 270


Exemplos

Equação de Laplace
Considere a equação às derivadas parciais
∂2u ∂2u
+ = 0.
∂x 2 ∂y 2

Mostre que a função u(x , y ) = e x sen(y ) é uma solução.

Equação de onda
Considere a equação às derivadas parciais
∂2u 2 ∂2u
=a .
∂t 2 ∂x 2

Mostre que a função u(t, x ) = sen(x − at) é uma solução.

Análise II 138 / 270


Derivada direcional

De forma análoga se define derivada direcional de f em P0 na


direção Y 6= (0, 0), como sendo o seguinte limite, caso exista:

f (P0 + hY ) − f (P0 )
lim .
h→0 h
Indica como f varia na vizinhança de P0 na restrição à reta que
passa por P0 e tem a direção de Y .

Análise II 139 / 270


Função derivada parcial de segunda ordem

∂f
Se existe a função derivada de primeira ordem ∂x
, denote-se por h.

Podemos questionar agora se existe a derivada parcial de h em


ordem a x (resp. y ), em cada ponto P0 ∈ D. Se existir, denota-se
∂2f ∂2f
por ∂x 2 |P0 (resp. ∂y ∂x |P0 ) e chama-se de derivada parcial de segunda

ordem de f no ponto P0 .

Análise II 140 / 270


Derivadas parciais de ordem superior

De forma análoga se define derivada parcial de uma função f de


várias variáveis, relativamente a cada uma das suas variáveis, assim
como funções derivadas parciais de ordem superior.

Exercício
Determine as funções derivadas parciais de primeira e segunda
ordens da função f definida por
 
f (x , y , z) = xy 2 + ye −x + sen(x − z), (x , y , z) ∈ R3 .

Análise II 141 / 270


Resultado: simetria das derivadas parciais

Sendo f : D → R uma função onde D é um aberto de R2 com


derivadas de segunda ordem contínuas, verifica-se a seguinte
igualdade para qualquer P0 ∈ D:

∂ 2f ∂ 2f
|P0 = |P .
∂y ∂x ∂x ∂y 0

Este resultado é também válido para funções escalares de mais


variáveis e generaliza-se para derivadas parciais de ordem superior.

Análise II 142 / 270


Função de classe C 1

Uma função f : D → R onde D é um aberto de R2 com derivadas


de primeira ordem contínuas diz-se de classe C 1 .

Análise II 143 / 270


Plano tangente ao gráfico de uma função num
ponto

Definição
Seja D ⊆ R2 e f : D → R uma função de classe C 1 e P0 ∈ D. O
plano tangente ao gráfico de f em P0 é o plano de equação
∂f ∂f
z = f (P0 ) + |P0 (x − x0 ) + |P (y − y0 )
∂x ∂y 0

correspondente ao gráfico da função linear l : R2 → R tal que


∂f ∂f
l(x , y ) = f (P0 ) + |P0 (x − x0 ) + |P (y − y0 ) .
∂x ∂y 0

Análise II 144 / 270


Plano tangente ao gráfico de uma função num
ponto

Análise II 145 / 270


Plano tangente ao gráfico de uma função num
ponto

Considere-se as curvas C1 e C2 sobre o gráfico de f correspondentes


à interseção do gráfico de f com os planos x = x0 e y = y0 . Então o
plano tangente ao gráfico de f em P0 = (x , y , z) = (x0 , y0 , f (x0 , y0 ))
é o plano que contém as retas tangentes a C1 e C2 no ponto P0 .

Análise II 146 / 270


Observação
Note-se que l é a única função linear tal que
∂f ∂l ∂f ∂l
l (P0 ) = f (P0 ) , |P0 = |P , |P0 = |P .
∂x ∂x 0 ∂y ∂y 0
Diz-se também que l é a aproximação linear de f em P0 .

Análise II 147 / 270


Observação
Seja z0 = f (P0 ) e denote por π o plano tangente ao gráfico de f em
(x0 , y0 ) que tem equação
∂f ∂f
z = z0 + |P0 (x − x0 ) + |P (y − y0 ) .
∂x ∂y 0
Tem-se que
(x , y , z) ∈ π
  m
∂f ∂f
− ∂x |P0 , − ∂y |P0 , 1 é ortogonal a (x − x0 , y − y0 , z − z0 ) ;

Assim, π é o plano que contem P0 e é perpendicular a


!
∂f ∂f
n = − |P0 , − |P0 , 1 .
∂x ∂y
Análise II 148 / 270
Exemplo


Considere a superfície de equação
q z = 1 − x 2 − y 2 e seja
P0 = (x0 , y0 ) tal que z0 = 1 − x02 − y02 > 0. Uma equação do
plano tangente a f em (x0 , y0 ) é
x0 y0
z = z0 − (x − x0 ) − (y − y0 )
z0 z0
e (x0 , y0 , z0 ) é perpendicular ao plano.

Geometricamente, isto significa que o plano tangente num ponto P


~ onde O é o centro da
de uma esfera é perpendicular ao vetor OP
esfera.

Análise II 149 / 270


Exercícios

(i) Determine uma equação do plano tangente ao gráfico de f , onde


2 +y 2
f (x , y ) = x xy , com x , y 6= 0, no ponto (1, 2).

(ii) Determine uma equação do plano tangente ao parabolóide


elítico de equação z = 2x 2 + y 2 no ponto (1, 1, 3).

Análise II 150 / 270

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