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Fichamento do artigo como base bibliográfica

Desigualdades sociais no perfil de consumo de alimentos da população


brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013
Nathália de Lima Ferreira

A influência da qualidade da alimentação na saúde é essencial, no entanto, o acesso a


alimentos saudáveis está condicionado à possibilidade econômica das famílias. Nesse
sentido, uma alimentação nutricionalmente saudável e variada dependem de vários
aspectos, entre eles o poder econômico, o conhecimento acerca dos alimentos,
regionalidade, oferta e acesso, fatores que influenciam diretamente na alimentação.
Assim, muitas pessoas tendem a optar pela escolha dos alimentos levando em
considerações os seguintes fatores listados, ademais, é importante salientar que uma
parcela não possui essa escolha, se alimentando de acordo com a disponibilidade.
Desse modo, é exemplificado no artigo que os indivíduos optam por alimentos menos
saudáveis em virtude do preço, da saciedade que propiciam, da facilidade de acesso e do
nível de conhecimento que possuem sobre o impacto à saúde atribuído à inclusão desses
itens na alimentação.
• Por exemplo, 1 kg de carne de hambúrguer industrializada obtém um custo mais baixo
se comparado com a mesma quantidade de uma peça carne natural, o que torna o
produto industrializado mais acessível devido ao seu custo benefício, no entanto, a
carne de hambúrguer é menos saudável, visto que apresenta diversos ingredientes e
aditivos em sua composição. Esse é um exemplo de como a renda influencia no acesso
de uma boa alimentação.
Dessa maneira, a pesquisa divulgada no artigo estudado “confirmam que a qualidade
da dieta tende a ser melhor com o aumento da renda ou da escolaridade e que dietas
com alto teor de energia e baixa qualidade nutricional são consumidas
preferencialmente pelos grupos socialmente menos favorecidos”.
Paralelamente o consumo de frutas, verduras e legumes diversos também fica
condicionado ao preço desses produtos. Assim, o artigo visa analisar em que medida as
desigualdades impactam no perfil de consumo de alimentos na população brasileira.
A pesquisa de amostragem utilizou dados do PNS (pesquisa nacional de saúde)
realizada pelo IBGE, a qual recolheu dados sobre o a frequência do consumo de
diversos grupos de alimentos.
[...] As análises segundo o sexo revelam que as mulheres apresentaram melhor perfil alimentar em
comparação aos homens, por consumirem mais verduras e legumes crus e cozidos, frutas, suco natural,
leite semidesnatado e desnatado, carne vermelha sem gordura aparente e frango sem pele. As mulheres
também ingeriam carne vermelha, refrigerantes e suco artificial com menor frequência, contudo
indicaram menos consumo de feijão e de peixe e maior frequência de substituição das refeições principais
por sanduíches, salgados e pizzas.
[...] Nas análises segundo raça/cor da pele, verificou-se melhor perfil alimentar entre os brancos, levando
em conta a maioria dos indicadores analisados. Em contrapartida, foram também os brancos os que
apresentaram maior prevalência do consumo de doces e de sanduíches, salgados ou ​pizzas​ como
substitutos das refeições principais, além de menor prevalência do consumo regular de feijão.

[...] Quanto à análise segundo a renda, os 10% mais ricos da população apresentaram melhor perfil
alimentar considerando a maioria dos indicadores estudados, para os quais se observam gradientes
crescentes com a renda. Entretanto, o segmento mais rico exibiu menor consumo regular de feijão e maior
prevalência de consumo frequente de carne vermelha, de alimentos doces e de sanduíches, salgados
e ​pizzas.​

[...] Os resultados das análises segundo níveis de escolaridade, revelaram-se similares aos observados nas
análises de acordo com a renda, com maior prevalência do consumo de alimentos saudáveis nos
segmentos com maior nível de instrução. Os paradoxos da dieta também foram semelhantes: os grupos
mais escolarizados foram os que apresentaram as menores prevalências de consumo de feijão e maiores
prevalências de consumo de carne vermelha, alimentos doces e de substitutos de refeição.

• Conclusão do método de pesquisa - “Em síntese, os resultados deste estudo revelam


melhor perfil de consumo alimentar nas mulheres, nos indivíduos de cor da pele branca,
nos grupos sociais de maior renda, maior escolaridade e com plano de saúde. Esses
segmentos sociais apresentaram maior prevalência de consumo regular de verduras e
legumes crus e cozidos e de frutas, além de maior consumo de alimentos com teor
reduzido de gorduras”.
Os dados da pesquisa apontam que ainda existe uma diferenciação no perfil alimentar
de acordo com o gênero, isso devido muitas vezes as mulheres se preocuparem mais
com a estética e, consequentemente, obterem maior conhecimento nutricional, além de
ainda serem na maioria dos casos a responsável pelo preparo da alimentação da família,
propiciando escolhas mais saudáveis.
A pesquisa também confirmou, que os produtos de menor valor agregado foram
açúcares, óleos, gorduras e cereais refinados, como as farinhas e o macarrão.
[...] Tal condição elucida os limites econômicos para a adesão a uma dieta baseada em alimentos frescos e
nutritivos, principalmente entre os conglomerados de renda baixa.

[...] Para as diferenças nas escolhas alimentares entre estratos sociais encontradas neste estudo, outra
hipótese a ser aventada é a da influência do contexto espacial sobre as desigualdades ligadas à
alimentação, que considera a disponibilidade de ambientes saudáveis que garantam acesso a alimentos
frescos e de qualidade. As áreas economicamente desfavorecidas possuem menor número de
estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis, como supermercados, feiras livres e sacolões.
Além de serem poucos, esses estabelecimentos, quando presentes, oferecem produtos de pior qualidade
ou com preço elevado. Nesse sentido, as áreas mais pobres dos municípios ​tendem a concentrar pequenos
estabelecimentos e lojas de conveniência que comercializam opções de baixo valor nutricional.

• Desse modo, podemos observar como as desigualdades afetam no perfil alimentar de


acordo com a variação do grupo social pertencente, com forte influencia dos fatores
sociais e econômicos listados.
Embora o padrão de alimentação tenha se caracterizado pela adesão de muitos
produtos industrializados e ultra processados, ​[...] Popkin sugere que as sociedades têm migrado
para um quinto padrão, o padrão de mudança de comportamento. Este, ainda emergente, é o padrão que
deriva do interesse em prevenir a ocorrência de doenças crônicas e aumentar a expectativa de vida da
população.
Muitos são os fatores que exercem influência sobre o perfil alimentar das populações,
no entanto é valido a análise que devido ao maior poder aquisitivo tem se também maior
conhecimento, o que favorece a obtenção de informações nutricionais e maior facilidade
na aquisição de alimentos, concluindo que a desigualdade social interfere no perfil
alimentar da população brasileira, sendo necessário ações que visem difundir
conhecimento nutricional e mecanismos que atenuem as desigualdades afim de ofertar
qualidade de vida através de uma boa nutrição.

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