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AUTOGRAFIA
"Vocês, crianças que leem as minhas estórias, frequentemente ficam curiosas sobre a minha vida. Eu
conto. Eu nasci, faz muito tempo, no dia 15 de setembro de 1933, numa cidade do sul de Minas, Boa
Esperança (procurem no mapa). Façam as contas para saber quantos anos tenho agora. Meu pai foi muito
rico, perdeu tudo, ficamos pobres, morei numa fazenda velha. Não tinha nem água, nem luz e nem privada
dentro de casa. A água, a gente tinha de pegar na mina. A luz era de lamparina a querosene. A privada era
uma casinha fora da casa. Casinha do lado de fora. Não precisava de brinquedos. Havia os cavalos, as vacas,
as galinhas, os riachinhos, as pescarias. E eu gostava de ficar vendo o monjolo.
Depois mudei para cidades: Lambari, Tres Corações, Varginha. Me divertia fazendo meus
brinquedos. Brinquedo que a gente compra pronto não tem graça. Enjoa logo. Quantos brinquedos há no seu
armário, esquecidos? Fazer o brinquedo é parte da brincadeira. Foi fazendo brinquedos que aprendi a usar as
ferramentas, martelo, serrote, alicate. Gostava de andar de carrinho de rolemã. Brincava de soltar papagaio,
bolinhas de gude, pião. Fiz um sinuquinha. Como a gente era pobre nunca tive velocípede ou bicicleta.
Ainda hoje não sei andar de bicicleta.
Depois nos mudamos para o Rio de Janeiro onde sofri muito. Os meninos cariocas caçoavam de mim
por causa do meu sotaque de mineiro da roça. Gostava de ler Gibi e X-9. Nunca fui um bom aluno. Não me
interessava pelas coisas que ensinavam nas escolas. Estudei piano porque queria ser pianista. Mas eu não
tinha talento. Desisti. Pensei ser engenheiro, médico. Li a biografia de um homem extraordinário, chamado
Albert Schweitzer. Ele era filho de um pastor protestante. Pastor é uma espécie de padre das igrejas
protestantes. Schweitzer desde menino tocava órgão. Foi um especialista na música de Bach e dava
concertos por toda a Europa.
Fui ser pastor porque queria cuidar dos pensamentos e dos sentimentos das pessoas, porque é daí que
surgem nossas ações. Se a gente tem pensamentos bons a gente faz coisas boas. Se tem pensamentos maus
faz coisas ruins. Morei e estudei nos Estados Unidos. Voltei para o Brasil. Vim morar em Campinas. Fui ser
professor numa universidade. Tenho 3 filhos. O mais velho se chama Sérgio e é médico. O segundo se
chama Marcos, é biólogo. E a Raquel, minha última filha, que vai ser arquiteta. Meu maior brinquedo hoje é
escrever. Adoro escrever. Especialmente estórias para crianças. Já escrevi mais de trinta. Todas com
ilustrações. Meus dois últimos livros para crianças são O gato que gostava de cenouras e A história dos três
porquinhos ( A estória que normalmente se conta não é a verdadeira. Eu escrevi a verdadeira...). Para mim
cada livro é um brinquedo.
Sou também psicanalista, que é um tipo de médico que cuida dos pensamentos e dos sentimentos das
pessoas. Quando os pensamentos e os sentimentos não são cuidados eles podem ficar doentes. São várias as
doenças que podem atacar os pensamentos e os sentimentos. Aí as pessoas podem ficar mandonas,
malvadas, falam sem parar, ou não falam nunca, têm medo de coisas imaginadas, ficam tímidas, não sabem
repartir, ficam chatas, etc. A psicanálise existe para ajudar as pessoas a ter sentimentos e pensamentos
mansos.
Coisas que me dão alegria: ouvir música, ler, conversar com os amigos, andar nas matas, olhar a
natureza, tomar banho de cachoeira, brincar com as minhas netas (Mariana e Camila, filhas do Sérgio; Ana
Carolina e Rafaela, filhas do Marcos), armar quebra-cabeças, empinar pipas, cachorros. Fazer os próprios
brinquedos e armar-quebra - cabeças ajuda a desenvolver a inteligência. Cuidado com os brinquedos
comprado prontos: eles podem emburrecer!"
RELEMBRANDO A AUTOBIOGRAFIA
A autobiografia é um texto narrativo em que o próprio autor relata acontecimentos importantes de sua vida,
por isso é escrita usando pronomes e verbos em 1ª pessoa.
Ela contém informações quanto ao nome do autor, data e local de seu nascimento;
Uma característica da autobiografia é veracidade dos fatos. Costumam ser narrativas não ficcionais, ou seja,
não são histórias "inventadas". O relato dos fatos no texto autobiográfico aparece frequentemente pontuado
de lembranças, de um colorido emocional, que não é mostrado em outros tipos de textos.
ATIVIDADE
2. Entre as características abaixo, marque aquela que NÃO diz respeito à AUTOBIOGRAFIA:
“Sou Luiz Gonzaga, nasci na Fazenda Caiçara, em Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de
dezembro de 1912. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, "sanfoneiro de 8 baixos" e Ana
Batista de Jesus.
Sou músico: sanfoneiro, cantor e compositor. Dizem que ajudei na valorização dos ritmos
nordestinos e levei levou o baião, o xote e o xaxado para todo o país. Em razão disso, deram-me o título de
"Rei do Baião".
Minha música mais famosa, "Asa Branca", fiz em parceria com Humberto Teixeira. Ela foi gravada
no dia 3 de março de 1947 e virou hino do nordeste brasileiro, fato sobre o qual eu tenho muito orgulho.”
3. Em qual dos gêneros textuais abaixo poderia ser classificado o texto que você acabou de ler?
a) Biografia.
b) Autobiografia.
c) Diário.
d) Carta pessoal.
(...) Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto
fui obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma perda irreparável? Quase
me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo
a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas demoradas
tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num
pátio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que
significa isso? Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá-las no
esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porém, conservaram-se,
cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas?
Leviandade. (...) Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo
ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto, mas espero que não recusem as
minhas: conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade. (...)
A relação entre autor e narrador pode assumir feições diversas na literatura. Pode-se dizer que tal relação
tem papel fundamental na caracterização de textos que, a exemplo do livro de Graciliano Ramos,
constituem uma autobiografia – gênero literário definido como relato da vida de um indivíduo feito por ele
mesmo.
A partir dessa definição, é possível afirmar que o caráter autobiográfico de uma obra é reconhecido pelo
leitor em virtude de:
CARTAZ
RELEMBRANDO O GÊNERO CARTAZ
EXERCÍCIOS
1) Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a combinação dos elementos verbais e
não verbais visa
6) Entre as funções de um cartaz, está a divulgação de campanhas. Para cumprir essa função, as
palavras e as imagens desse cartaz estão combinadas de maneira a
a) refletir sobre a importância do silêncio para a restituição da saúde dos indivíduos que estão
em recuperação nos hospitais das redes públicas.
b) revisitar a antiga ideologia de que os ambientes médicos precisam de silêncio absoluto, distanciando
os pacientes de uma dinâmica mais social.
c) convidar os interlocutores a discutir, de forma aberta, os atos de racismo que ainda acontecem em
relação a muitos profissionais da área de saúde.
d) incentivar a população a denunciar qualquer situação que envolva discriminação racial nas unidades
da rede de saúde.