Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Beleza
levada
a sério
EDITORA
RIDEEL
Denise Steiner
Introdução
A beleza feminina através dos tempos
Carla Reis Longhi - Historiadora
7
Beleza levadaa sério
do esta uma prática necessaria, tambem, n0 universO masculino, jå que seus sacer-
dotes comprovavam seu estadode pureza por meio do banho, depilandoo corpo
e raspando a cabeça. Assim, esses rituais associavam-se à higiene, ao bem-estar, à
preocupação com a aparência e, fundamentalmente, àreligiosidade no Egito An-
tigo. Havia a crença na vida eterna, e esta poderia ser conquistada no julgamento
orquestrado pelos deuses, momento em que se avaliava a pureza da alma. Mas
uma alma pura de nada valeria se não tivesse um corpo preservado, cuidado. A
religiosidade egípcia, portanto, incentivava o cuidado coma aparência, possibili-
tando o desenvolvimento de uma vasta produção na área da cosmética.
O espelho no mundo romano aumentou em tamanho, garantindo à mulher
visualizar todo o corpo. Ele acabau por representar metaforicamente a busca de
espaço social efetuada por essa mulher. Diferentemente da mulher egipcia, que já
possuía seu lugar social, a romana o conquistou. Os próprios romanos associavam
essas proporções à condição teminina: ".. que os enteites eram finalmente para
elas a única maneira de se manifestar, pois sua exclusão de cargos importantes
parece aconselhá-las a voltar todos Os seus pensamentos para o cuidado com sua
toalete'".' Notamos que a mulher romana não tinha acesso à participação política,
mas possuía uma autonomia grande comparada à de mulheres de outras regiões
ou mesmo em relação às mulheres romanas do início da república. Estas ainda es-
tavam vinculadas à imagem da 'matrona', voltada exclusivamente à vida familiar,
aos cuidados com os filhos. Com o tempo, ganharam direitos legais, como o direito
ao divórcio e a possibilidade de frequentar os espaços públicos.
Essa condição elevava a preocupação com a aparência para além de uma
questão de higiene ou de bem-estar, significando uma forma de inserção social.
Seu cômodo transformava-se em um verdadeiro laboratório. Tal qual a mulher
egípcia, a nossa romana procurava reproduzir os padrões estéticos de seu tem-
po. Assim: "... era preciso branquear a pele com várias pinturas: um linimento
extraído de excrementos de crocodilo dava o melhor efeito, ou então um residuo
de chumbo preparado em pasta, procedente de Rodes. Porém, esta última pintura
tinha o inconveniente de derreter se exposta ao sol. O giz diluído num ácido não
temia o sol, mas dissolvia-se com a chuva"2 Para realçar as sobrancelhas usava-
-se carvão Ou aplicava-se, com a ponta de uma agulha, uma pasta feita à base de
ovos de formiga.
Os cuidados com o bem-estar e a aparência também eram cotidianos, utilizan-
do-se um pó adstringente para o suor e uma pomada para a depilação. Esta poderia
ser feita à base de sangue de morcego ou cinzas de porco-espinho. Além disso,
tratavam-se as espinhas e as manchas da pele com uma pasta à base de farinha e
evitavam-se as rachaduras dos lábios utilizando-se a gordura de
ganso.
Contudo, o aspecto mais interessante em relação à mulher romana era sua
preocupação com o envelhecimento. "Um pouco de ruge tirado da espuma do