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O METODO CLINICO DE CASOS MULTIPLOS

Contexto
- Uma variação interessante do método clínico
• Usualmente o método clínico é uma modalidade de investigação
qualitativa na qual um psicoterapeuta-pesquisador sistematiza
teoricamente questões de um atendimento clínico para as quais a teoria
não fornecia respostas.
• Estudo de caso único
• Transformação em pesquisa a posteriori

- Limitações
• Dificuldades na análise de recorrências
• Dificuldades de trabalho em equipe
• Proposta: Método de coleta sistemática de dados a partir do
atendimento de múltiplos casos previamente definidos como material
de pesquisa
• Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade
(NEPECC – UFRJ)

- Pesquisas sobre os impasses e desafios da clínica psicanalítica


contemporânea
• Origem: Estudo comparativo entre sujeitos melancólicos e pacientes
portadores de lúpus
• Método originado da perspectiva psicanalítica mas seus procedimentos podem
inspirar outras abordagens
• Clínica partilhada

O que é um caso clínico?

- Um caso é um conjunto sistemático e coerente de aspectos da realidade


• Tem estatuto de unidade
• É uma perspectiva de análise singular
• Há infinitas perspectivas de enxergar e analisar um caso
• Um caso é uma intervenção terapêutica
• Guiada por uma perspectiva teórica
• Motivadora de novas questões e desafios teóricos

O que é um estudo de caso?


“O caso jamais é uma evidência: para que se constitua como tanto, ele
depende de um enquadramento (...) O caso sempre emergirá de uma
pergunta decorrente do encontro de um pesquisador com um conjunto
de eventos ou características insuficientemente descritos” (p.70)

- Estudo no contexto natural de ocorrência


• Impossibilidade de separação do objeto de estudo e seu contexto
• Recorte do objeto se dá pela interpretação e não pela retirada do problema de
seu contexto
- Caso se torna estudo se ultrapassa sua função de ilustração e é capaz de gerar
conceitos e enriquecer a teoria.

Estudo de casos múltiplos


- Percepção de questões na clínica pelos psicanalistas
• Correlação de casos, supervisões, leituras
- Fomento à multiplicação de situações clínicas geradoras de conceitos em torno de
uma mesma questão
• Triagem prévia de casos
• Análise comparativa de casos
• Atendimento síncrono

Estudo de casos múltiplos


O que é comparar?
- Comparação de modelos de subjetividade e experiência
- Comparação de sujeitos (singulares) TAL COMO EM OUTROS METODOS QUALI:
ENFASE NAS CATEGORIAS ABSTRATAS
• Exemplos
• Tipos de fantasias
• Estratégias de defesa

- Parâmetros para a prática


• “A multiplicação de contextos clínicos (...) facilita a percepção de determinados
fenômenos, sintomas, experiências, estruturas, relações com o outro etc., que possam
se repetir em diferentes situações”. (p. 76)

Etapas
- Definição da questão:
• Organização subjetiva na melancolia e no paciente com lupus?
- Critério de recrutamento: amostra proposital com entrevistas de triagem
• Ser portador de lúpus
• Demanda de tratamento psicanalítico
• Formação de 2 grupos: pacientes lúpicas e pacientes melancólicas
• Entrevistas de triagem: exploração dos critérios e cuidados éticos
- Tratamento de longo prazo: Intervenção em si não é inovadora
• Coleta e análise sem limites claros
• Atendimento gratuito em ambulatório realizado por equipe múltipla
• Supervisão: discussão e análise
• Análise temática dos relatórios transcritos
• Discussão com equipe externa

Características
- Equipe: clínica partilhada
• Pesquisadores, bolsistas PIBIC e alunos de mestrado e doutorado
• Triagem  Pesquisadores
• Atendimento  Alunos de mestrado e doutorado

- Reuniões de supervisão  Toda a equipe


• Discussão de um caso por semana
Categorias de Análise

- Análise de categorias
• Top – down: baseada em conceitos teóricos
• Roteiro semiestruturado de análise
- Temporalidade
• História de vida: Ordem; Hiatos; diferenças de representação presente/passado
- Metas: projeção no futuro
- Corpo
• Unidade e desintegração corporal
• Reconhecimento/imagem corporal
• Relação doença somática e imagem corporal
- Transferência
• Demanda e suas modificações
• Vínculo transferencial e suas transformações
• Avaliação do tratamento pelo sujeito e pelo analista

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