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Fundamentos de Tecnologia

Nuclear

Prof. Susana Lalic


Aula 1

O átomo
Ementa da disciplina

Disciplina: Fundamentos de Tecnologia Nuclear

Créditos: 4 Carga Horária: 60 horas

Ementa: A constituição do núcleo. Diferença de massa, relação entre


massa e energia, energia de ligação. Isótopos Nucleares. Decaimento
radioativo, radioatividade natural, radioatividade artificial, cinética
radioativa, equilíbrio radioativo. Decaimento alfa, beta e gama,
esquemas de desintegração. Interação da radiação com a matéria.
Detectores de radiação. Modelos nucleares. Reações nucleares:
balanço de energia em reações nucleares, energia limiar, secção de
choque para reações nucleares. Análise por ativação com nêutrons.
Aplicações de radioisótopos na engenharia, na indústria e na
medicina.

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No. da aula data Assunto
1 28/08 O átomo e o núcleo
Planejamento 2 04/09 Energia, nuclídeos e spin nuclear
18 semanas 3 11/09
36 aulas 4 18/09
5 25/09 Diferença de massa, Energia de ligação e
Modelos Nucleares
6 02/10 Radioatividade e equilíbrio radioativo
7 09/10 Reações Nucleares
8 16/10 Interação da radiação e Detectores
9 23/10
10 30/10 Efeitos biológicos das radiações
11 06/11 SEMAC
12 13/11 seção de choque e ativação com nêutrons
13 20/11 Aplicações de radioisótopos
14 27/11 Aplicações de radioisótopos
15 04/12 Seminários
16 11/12 Seminários
17 18/12 Seminários
18 19/11 Seminários
Tudo começou como filosofia

Questões Eternas

Uma questão que sempre intrigou o


homem foi a constituição elementar da
matéria.

"Do que o mundo é feito?”


"O que o mantém unido?"
Do que o mundo é feito?
Por que tantas coisas neste mundo
compartilham as mesmas características?
• A matéria que compõe o mundo é um
conglomerado de alguns blocos fundamentais
de construção da natureza.

Blocos fundamentais: simples e sem estrutura -


- não são constituídos por nada menor.
Elementos fundamentais
Já na antiguidade as pessoas procuravam
organizar o mundo ao seu redor em
elementos fundamentais.

• Grécia - Empédocles - 1º a classificar os elementos como fogo,


ar, terra e água.
– Diagrama - homenagem à classificação de Aristóteles.
• China - 5 componentes básicos do universo físico eram terra,
madeira, metal, fogo e água
• Índia - 5 elementos básicos eram o espaço, ar, fogo, água e
terra.
• Hoje nós sabemos que há algo mais fundamental que terra,
água, ar e fogo...
Filosofia na Grécia Antiga
A palavra átomo deriva do grego a - (não)
e tomos - (parte), o que significa sem
partes, indivisível.

No ano 450 a.C., dois filósofos gregos,


Demócrito de Abdera e Leucipo de
Mileto, imaginaram que, se pegassem um
corpo qualquer e o fossem dividindo
sucessivas vezes, haveria um certo
momento em que essa divisão não seria
mais possível.

Nesse momento se chegaria ao átomo.

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Átomo
Por definição há cor,
Por definição há doce,
Por definição há amargo,
Mas na realidade há átomos e
espaço.
– Demócrito (c. 400 AC)

1900 - átomos são bolas


permeáveis com pequenas
quantidades de carga elétrica
vibrando internamente.
Das substâncias aos átomos

• Todas as substâncias que entram na constituição da matéria


resultam do arranjo entre átomos.
• O produto de tais arranjos são as moléculas.
• Para compor uma molécula os átomos devem interagir de
acordo com suas propriedades físicas e químicas
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Propriedades da matéria
Propriedades são uma série de características
que, em conjunto, definem a espécie de
matéria.
Podemos dividí-las em 3 grupos:
✓gerais
✓funcionais
✓específicas

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1. Propriedades gerais
São as propriedades inerentes a toda espécie de matéria.

➢ Massa: é a grandeza que usamos como medida da quantidade de matéria


de um corpo ou objeto.
➢ Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volume.
➢ Impenetrabilidade: é o fato de que duas porções de matéria não podem
ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.
➢ Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem alterar a sua
constituição (até um certo limite).
➢ Compressibilidade: o volume ocupado por uma porção de matéria pode
diminuir sob a ação de forças externas.
➢ Elasticidade: se a ação de uma força causar deformação na matéria,
dentro de um certo limite, ela poderá retornar à forma original.

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2. Propriedades funcionais
São propriedades comuns a determinados
grupos de matéria, identificadas pela função
que desempenham.
A Química se preocupa particularmente com
estas propriedades.
Podemos citar como exemplo:
✓acidez,
✓basicidade,
✓salinidade de algumas espécies de matéria.

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3. Propriedades específicas
São propriedades individuais de cada tipo particular de matéria.

• Organolépticas: são aquelas capazes de impressionar os nossos sentidos,


como a cor, que impressiona a visão, o sabor, que impressionam o paladar,
e a fase de agregação da matéria, que pode ser sólida, líquida ou gasosa e
que impressiona o tato.
• Químicas: são propriedades responsáveis pelos tipos de transformação
que cada matéria é capaz de sofrer. Por exemplo, o vinho pode se
transformar em vinagre; o ferro pode se transformar em aço, mas o vinho
não pode se transformar em aço nem o ferro em vinagre.
• Físicas: são certos valores constantes, encontrados experimentalmente,
para o comportamento de cada tipo de matéria, quando submetida a
determinadas condições. Essas condições não alteram a constituição da
matéria, por mais adversas que sejam. Por exemplo: sob uma pressão de 1
atmosfera, a água passa de líquida para gasosa à temperatura de 100°C,
sempre.

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Propriedades da energia
As propriedades fundamentais da energia são a
transformação e a conservação.
1. A transformação
Uma forma de energia pode se transformar em outra.
Uma queda d'água pode ser usada para transformar energia
potencial em energia elétrica. A energia elétrica se
transforma em luminosa quando acendemos uma lâmpada ou
em energia térmica quando ligamos um aquecedor. A energia
química se transforma em elétrica quando acionamos a
bateria de um carro, e assim por diante.

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2. A conservação
A energia não pode ser criada ou destruída.

Sempre que desaparece uma quantidade de uma classe de energia, uma


quantidade exatamente igual de outra(s) classe(s) de energia é (são)
produzida(s).

Albert Einstein mostrou que a massa (portanto a matéria) pode se


transformar em energia e que a energia pode se transformar em massa
(matéria).
A relação entre essas duas grandezas é dada pela equação:
E=m.c2
onde:
c = velocidade da luz no vácuo (3,0x108m/s)
E = energia que corresponde à massa m.

A partir daí elaborou-se um conceito mais avançado de matéria:

Matéria é energia condensada.


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Unidades de medida

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Unidades de medida

• Volt é a Unidade SI de tensão elétrica


(diferença de potencial elétrico), a qual
denomina o potencial de transmissão de
energia, em joules, por carga elétrica, em
coulombs, entre dois pontos distintos no
espaço.

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Unidades de medida

• A unidade padrão do SI para energia é o joule, mas,


por ser uma unidade macroscópica, não é adequada
para uso em fenômenos atômicos.
• No domínio atômico é utilizado o elétron-volt (eV),
definido como a energia que um elétron adquire ao
atravessar uma diferença de potencial de 1 volt.
Existem vários múltiplos do bastante utilizados:
• keV: mil elétron-volt = 103 eV.
• MeV: 1 milhão de elétron-volt = 106 eV.
• GeV: 1 bilhão (mil milhões) de elétron-volt = 109 eV.
• TeV: 1 trilhão de elétron-volt = 1012 eV.

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Unidades de medida

19
Unidades de medida

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O átomo é fundamental?
Podemos classificar os átomos em grupos
que compartilham propriedades químicas
similares (Tabela Periódica dos Elementos).

• Isso já indicava que os átomos são


simples blocos de construção, e que
esses blocos em diferentes combinações
é que determinavam quais átomos
teriam quais propriedades químicas.
Estrutura do átomo
Experimentos que "olharam" o interior de um átomo
usando sondas de partículas indicaram que os átomos
tinham estrutura e que não eram somente bolas
permeáveis.
Esses experimentos ajudaram os cientistas a determinar
que os átomos têm um núcleo minúsculo, denso e
positivo, e uma nuvem de elétrons negativos (e-).
Entidades que nós chamamos de átomos são feitas de
partículas mais fundamentais!
Então, o Núcleo é Fundamental?

• Por parecer pequeno, sólido e denso, os


cientistas pensaram originalmente que o
núcleo era fundamental.
• Mais tarde, descobriram que ele era feito de
prótons (p), que são carregados
positivamente, e nêutrons (n), que não têm
carga.
E então, os prótons e os nêutrons são
fundamentais?
• Os físicos descobriram que os
prótons e os nêutrons são compostos
de partículas ainda menores,
chamadas quarks.
• Até onde sabemos, os quarks não são
compostos de nada mais.
• Depois de testar extensivamente essa
teoria, os cientistas agora suspeitam
que os quarks e o elétron são
fundamentais.
Hoje conhecemos
muitas partículas

Quando encontramos uma nova partícula- classificamos e


tentamos achar padrões universais que dizem sobre como os
blocos fundamentais de construção do universo interagem.
Descobertas ~200 partículas (a maioria delas não é fundamental)
- representadas com as letras dos alfabetos grego e romano.
Modelo Padrão

Teoria que explica o que é o mundo e o que o mantém unido.


Explica todas as centenas de partículas e interações complexas
com apenas:
• 6 quarks.
• 6 léptons. O lépton mais conhecido é o elétron.
• Partículas transportadoras de força, como o fóton.

Todas as partículas de matéria que nós conhecemos são


compostas de quarks e léptons, e elas interagem trocando
partículas transportadoras de força.
Do que o Mundo é Feito?
Tudo, desde galáxias até montanhas e
moléculas, são feitas de quarks e léptons.
Quarks comportam-se diferentemente dos
léptons.
Investigando a essência da matéria
Por volta de 1856, muitas descobertas interessantes foram feitas
utilizando-se a ampola criada por Sir William Crookes, na qual
era introduzido um gás a baixa pressão para, em seguida, aplicar
uma alta voltagem entre os eletrodos.

Ampola de Crookes.
O eletrodo negativo (cátodo) está na parte mais estreita.
O eletrodo positivo (ânodo) está próximo à parte mais larga.
Descoberta dos raios X

Foi Röntgen quem descobriu e batizou os raios


Wilhelm Conrad X, além de fazer a primeira radiografia da
Röntgen história.
Isto ocorreu quando Röntgen estudava o
fenômeno da luminescência produzida por
raios catódicos num tubo de Crookes.
Descoberta dos raios X

Röntgen estava trabalhando em seu laboratório no


Instituto de Física da Universidade de Würzburg,
Alemanha, experimentando com o tubo de Crookes.
Descoberta dos raios X

Após exaustivas experiências com


objetos inanimados, Röntgen
resolveu pedir para sua esposa pôr
a mão entre o dispositivo e o papel
fotográfico.
A foto revelou a estrutura óssea
interna da mão humana, com
todas as suas formações ósseas, foi
a primeira chapa de raios X, nome
dado pelo cientista à sua
descoberta em 8 de novembro de
1895.
A radioatividade
Em 1896, Becquerel esperava demonstrar uma ligação
entre minerais fluorescentes sob luz forte (Sol) e os
raios X.
Antoine O clima nublado frustrou esse experimento - mas esse
Henri fracasso produziu uma nova descoberta: a
Becquerel radioatividade natural.
Becquerel descobriu que certos materiais que contêm
urânio emitem raios de grande poder de penetração,
capazes até de impressionar um filme fotográfico.

Uma placa fotográfica feita por


Becquerel mostra os efeitos da
exposição à radioatividade.
Uma cruz maltesa de metal, colocada
entre a placa e o sal de urânio
radioativo, deixou uma sombra
claramente visível na placa.
A radioatividade
Becquerel identificou através de diversas experiências
que esse fenômeno envolve 3 tipos de raios, de
características próprias.
Marie A radioatividade foi extensivamente investigada por
Skłodowska Pierre e Marie Curie e por Ernest Rutherford et al.
Curie
• A descoberta da radioatividade revolucionou o
mundo científico.

Foram inicialmente identificados 3 tipos distintos de radiação


• partículas alfa
• partículas beta
• fótons gama
Descoberta dos elétrons
• 1897 - JJ Thomson
estendendo o trabalho de
Perrin e outros foi o primeiro
a estabelecer
definitivamente a natureza
dos raios catódicos (elétrons
livres), medindo a sua massa
e carga.
• O átomo consistia de duas
componentes, com cargas
elétricas positivas e negativas
(elétrons)
Descoberta dos elétrons
No final do século XIX, o elétron já estava
estabelecido como partícula fundamental
Já se sabia que elétrons eram liberados por
• emissão termoiônica,
• no efeito fotoelétrico e
• no decaimento  de certos elementos
radioativos.

Desse modo, os elétrons já eram considerados


como constituintes básicos dos átomos.
Linhas espectrais
No final do século 19, os físicos sabiam que havia elétrons
dentro dos átomos, e que ao vibrá-los, havia a liberação de
luz ou outra radiação eletromagnética.
Mas não sabiam por que ao esquentar diferentes elementos
até que eles brilhassem, e ao passar essa luz através de um
prisma, eles conseguiam luzes brilhantes de determinadas
cores.

O prisma separa a luz solar Para os elementos só


em todas as cores do arco- algumas linhas coloridas
íris separadas. surgem. 36
Linhas espectrais
Se você puser a luz de uma lâmpada em um prisma você verá linhas
distintas. Cada uma delas tem uma “assinatura” espectral diferente, e você
pode dizer que tipo de lâmpada é devido às suas linhas espectrais.
Esta técnica é chamada de espectroscopia

Espectro de sódio

Espectro de mercúrio

Cada tipo de átomo dá um conjunto único de cores.


As linhas coloridas (ou linhas espectrais) são um tipo de “assinatura” para os átomos.
Linhas espectrais
Espectro de luz branca

Espectro de silício

Espectro de hidrogênio

Cada cor corresponde a uma energia diferente!


Proposta de Bohr
Em 1913, Bohr fez um modelo para o átomo para
poder interpretar as propriedades das séries
espectrais do hidrogênio.
Niels Bohr
Neste modelo de átomo, os elétrons podem orbitar
em torno do núcleo somente em órbitas “especiais”.
Todas as outras órbitas não são possíveis. Seria
possível para os elétrons “saltar” entre estas órbitas
especiais, e isso causaria radiação.

Os saltos não podem ser


divididos em passos menores.

Para um elétron se mover é


tudo ou nada!

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Quando um elétron muda para uma órbita menor um pequeno
facho de luz sai dele, mas para ele ir para uma órbita maior é
necessário que um facho de luz o atinja para que ele mude de
órbita.
Estes fachos são pequenos “pacotes” de luz (energia
eletromagnética) que chamamos de fótons.

Isto significa que a energia


somente poderia ser mudada
de determinados valores.
Este são chamados quanta e
essa é a razão porque este
tipo de física é chamada de
mecânica quântica.

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Física Quântica
Como as leis da física clássica não conseguiam
explicar o comportamento de coisas muito
Max Planck pequenas como o átomo, um físico alemão
chamado Max Planck introduziu em 1901 uma
teoria nova, denominada teoria dos quanta.

A energia E depende da frequência


(f) da radiação ou de seu
comprimento de onda ()

E = h. f f=c/

h = constante de Planck  E = h. c /  41
Modelos atômicos -Bohr

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Níveis de energia
A ideia dos elétrons girando em círculos trouxe alguns
problemas. Ao invés de pensarmos em órbitas circulares,
vamos pensar em níveis de energia.
Maior Órbita = Maior Energia

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Os fótons emitidos
saem com
determinada energia
que corresponde a
diferença de energia
Se a energia diminui,
entre os níveis.
uma energia extra
aparece como um fóton.

Para um elétron ter


maior energia ele
precisa absorver um
fóton.
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Modelos atômicos- Sommerfeld
Em 1915, o cientista A. Sommerfeld,
estudando espectros de emissão de átomos
mais complexos que o hidrogênio, admitiu que
para cada camada eletrônica (n), havia 1
órbita circular e (n-1) órbitas elípticas de
diferentes excentricidades.

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Transições eletrônicas

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O átomo
Hoje sabemos que o átomo é, na verdade, um
intrincado sistema contendo inúmeras partículas e
subpartículas.
Para a Química, porém, quase sempre é suficiente
estudar 3 partículas :
o próton, o nêutron e o elétron.
Um átomo é a menor porção em que pode ser dividido
um elemento químico, mantendo ainda as suas
propriedades.
Os átomos são os componentes básicos das moléculas e
da matéria comum.
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Voltando aos modelos atômicos
• 1803 - Dalton
modelo da bola de bilhar Indivisível e neutro
• 1904 – J. J. Thomson
Divisível e com natureza elétrica
Thomson sugeriu um modelo do átomo constituído por
algum tipo de fluido de forma esférica - em que os
elétrons estivessem embebidos e livres para se mover em
uma região de carga positiva preenchendo todo o volume
do átomo – “pudim de ameixas”.
Modelos atômicos

• O modelo de Thomson foi abandonado


principalmente devido aos resultados do
experimento de Rutherford.
• Rutherford formulou um “modelo planetário”
– Fótons de uma energia definida seriam emitidos
quando os elétrons mudassem de uma órbita para
outra.
– Esse modelo explicava a natureza discreta do
espectro eletromagnético observado quando
átomos excitados decaem.
Modelo de Rutherford

Ernest Rutherford (1911)


Experiência de Rutherford
Em 1911, Ernest
Rutherford realizou
experiências bombardeando
uma finíssima lâmina de ouro
(10-4 mm de espessura) com
partículas alfa, cuja carga
elétrica é positiva (2+),
emitidas pelo polônio, um
material radioativo.
Experimento de Rutherford
Conclusões de Rutherford
• A maioria das partículas alfa atravessa a placa  No
átomo há grandes espaços vazios.
• Algumas poucas partículas alfa foram rebatidas. 
No centro do átomo existe um núcleo muito
pequeno e denso.
• As partículas alfa, que possuem carga positiva,
quando passavam perto do núcleo, eram repelidas
sofrendo desvio em sua trajetória  O núcleo do
átomo tem carga positiva.

Rutherford admitiu que havia elétrons girando ao


redor do núcleo para equilibrar sua carga positiva.
Proposta de Rutherford
• 1911 – Rutherford propôs a nova estrutura atômica:
um núcleo massivo, com a carga positiva concentrada
no centro do átomo. O raio do núcleo seria 10 mil
vezes menor que o raio do átomo e conteria mais que
99,99% da massa desse átomo

A estrutura de um átomo
seria semelhante à do
Sistema Solar, com a
carga positiva
concentrada no centro
rodeada pelos elétrons
em órbitas
O Núcleo

• O raio de um núcleo típico é ~ 10.000


vezes menor que o raio do átomo ao qual
pertence, mas contém mais de 99,9% da
massa desse átomo.
• Por parecer pequeno, sólido e denso, os
cientistas pensaram originalmente que o
núcleo era fundamental.
• Mais tarde, descobriram que ele era feito
de prótons (p) e nêutrons (n).
Carga vs massa do núcleo
No átomo de H, o núcleo é um próton (p) com a carga elétrica +e, onde
e é a magnitude da carga do elétron, orbitado por um único elétron.

Átomos pesados foram considerados como tendo núcleos consistindo de


vários prótons.
Mas, isótopos são átomos cujos núcleos têm massas
diferentes, mas a mesma carga elétrica.

A=1 A=2 A=3


Carga = 1 Carga = 1 Carga = 1

– Mais massa e mesma carga. Como explicar?


Ainda faltava uma explicação para a
massa dos núcleos
O nêutron
1932 – James Chadwick
(1891 – 1974) – físico
britânico e colaborador de
Rutherford provou a
existência do nêutron
(prêmio Nobel 1935)

E se houvesse uma partícula


com massa mas sem carga no
núcleo?
Descoberta do nêutron
1932 – Chadwick, seguindo experiências de Irène Curie e
Frédéric Joliot, observou uma radiação neutra emitida
quando berílio era bombardeado por partículas alfa.
• Demonstrou que isso implicava na existência de uma
partícula eletricamente neutra com aproximadamente a
mesma massa do próton: nêutron (n)
Núcleo composto de
prótons e nêutrons
Balé dos átomos

• Os elétrons estão em constante


movimento em torno do núcleo; os prótons
e os nêutrons vibram dentro do núcleo e
os quarks vibram dentro dos prótons e
nêutrons.
Quarks
• Os físicos descobriram que os prótons e os
nêutrons são compostos de partículas ainda
menores, chamadas quarks.
• Até onde sabemos, os quarks são como os
pontos na geometria. Eles não são compostos
de nada mais.
• Depois de testar extensivamente essa teoria, os
cientistas agora suspeitam que os quarks e o
elétron são fundamentais.
Dividindo o
Átomo
Características Gerais do Núcleo
Componentes
No núcleo, prótons e nêutrons = partículas chamadas núcleons.
✓ prótons, com carga elétrica positiva,
✓ nêutrons, sem carga elétrica.
• Prótons e nêutrons têm spin ½ (férmions)
• e obedecem ao princípio de exclusão de Pauli.

O núcleo do elemento de número atômico Z é constituído de Z


prótons e N nêutrons.

No átomo neutro existem Z elétrons.

A = N + Z é o número de núcleons ou número de massa.


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Características Gerais do Núcleo
Isótonos - Isóbaros - Isômeros
• Isóbaros (mesmo A)
São núcleos associados a elementos diferentes da tabela periódica, mas com
iguais números de massa.
Por exemplo, os núcleos Be-10, B-10 e C-10:
– berílio-10 (Z = 4, N = 6),
– boro-10 (Z = 5, N = 5)
– carbono-10 (Z = 6, N = 4)

• Isótonos (mesmo N)
São núcleos associados a elementos diferentes da tabela periódica mas com
mesmo número de nêutrons.

• Isômeros - núcleos num estado excitado (com excesso de energia) com


um tempo de decaimento longo (estado isomérico ou metaestável) - núcleo
não estável: quando volta ao estado fundamental emite o excesso de
energia com radiação eletromagnética (raios gama)
Ex: radioisótopo usado na medicina
99mTc e seu isômero 99Tc.
Isótopos
• Átomos de um mesmo elemento químico com massas
diferentes são denominados isótopos.
(mesmo Z, diferente N)
– basicamente agem quimicamente de maneira idêntica.
– Mas apresentam propriedades físicas diferentes, tais como
temperatura de fusão e de vaporização e taxas de difusão.
Algumas propriedades dos núcleos

Z: número de prótons (número atômico)


N: número de nêutrons
A: número de massa
A=Z+N
Isótopos
Átomos de um mesmo elemento químico com números
de massa diferentes são denominados isótopos.

1 2 3
1 H 1 H 1 H 71
Exemplo: Isótopos de urânio

Urânio - possui 92 prótons.


Existe na natureza na forma de 3 isótopos:

• U-234, (em quantidade desprezível);


• U-235, com 143 nêutrons,
– 0,7%
• U-238, com 146 nêutrons no núcleo
– 99,3%

72
Curiosidade: Enriquecimento do
urânio
Aumento do teor de U-235 em razão maior
do que 0,7%, em relação ao que se dispõe
naturalmente, para uso como combustível
nuclear.

Usinas precisam de ~3%


Bombas precisam de > 90%

73
Qual a diferença entre combustível do
reator e das bombas?
Enriquecimento do urânio!!
• Usinas ~3%
• Bombas > 90%

74
Características Gerais do Núcleo
Massa
As massas nucleares são convenientemente expressas
em unidades de massa atômica (u).
• A unidade de massa atômica é uma unidade de medida de
massa utilizada para expressar a massa de partículas
atômicas. (não é do S.I. mas é aceita por ele).
• Ela é definida como 1/12 da massa de um átomo de
carbono-12 em seu estado fundamental.
• i.e, a massa de um átomo de C-12 é, por definição,
exatamente 12 u.

O melhor valor de u aceito atualmente é


1 u = 1,66053886(28) x 10-27 kg
Características Gerais do Núcleo
Usando o valor arredondado 1u = 1,6605 x 10-27kg

A massa de um átomo de C-12 é 12u, então:


m(C) = 12 (1,6605 x 10-27 kg) = 1,9926 x 10-26 kg

e esse valor inclui as massas dos prótons, nêutrons e elétrons.


A massa de um elétron é:
m(e) = 9,1093 x 10-31 kg
de modo que a massa dos 6 elétrons do átomo de carbono 12 é:
m(6e) = 6 ( 9,1093 x 10-31 kg ) = 5,46558 x 10-30 kg

Dessa forma:
m(C)/m(6e) = (1,9926 x 10-26 kg) / (5,4656 x 10-30 kg) = 3,6457 x 103

Ou seja, a massa do núcleo deve ser mais de 1000 vezes


maior que a dos 6 elétrons.
Características Gerais do Núcleo

Assim, a massa dos elétrons é desprezível


se comparada à massa do átomo, e a
massa do átomo pode ser considerada igual
à massa do núcleo atômico.
Em termos da unidade de massa atômica,
as massas do próton e do nêutron são:
• m(p) = 1,0078 u
• m(n) = 1,0087 u

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