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Introdução à

Agricultura
Edição 1
Introdução à Agricultura

Autoria: Máida Cynthia Duca de Lima

1ª Edição
2023

C397 Universidade Cesumar - UniCesumar


Introdução à Agricultura / Máida Cynthia Duca de Lima - Indaial, SC:

Arqué, 2023.

XXX p. : il.

ISBN papel xxxxxxxxxxxxxxx

ISBN digital xxxxxxxxxxxxxxx

“Graduação - EaD”.

1. Palavra-chave 1 2. Palavra-chave 2 3. EaD. I. Título.

CDD - XXXXX

Núcleo de Educação à Distância

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
Sumário

CAPÍTULO 1................................................................................... 10

INICIE SUA JORNADA.................................................................... 12

DESENVOLVA SEU POTENCIAL................................................... 14

1 AGRICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA


PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL................................... 14

1.1 Revolução verde........................................................................ 17

2 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA.............. 20

2.1 Início da Agricultura Brasileira.................................................. 20

2.2 Atividade agrícola e desenvolvimento econômico......................... 24

2.3 Desafios da agricultura para o futuro....................................... 28

3 SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA


E SUSTENTABILIDADE.................................................................. 30

3.1 Agricultura intensiva.................................................................. 30

3.2 Agricultura extensiva................................................................. 31

3.3 Sustentabilidade......................................................................... 34

4 CULTURAS ORGÂNICAS............................................................ 37

4.1 Técnicas usadas para fertilização orgânica. ............................... 39

NOVOS DESAFIOS........................................................................ 42

AUTOATIVIDADES......................................................................... 43

REFERÊNCIAS............................................................................... 45
Sumário

CAPÍTULO 2................................................................................... 47

INICIE SUA JORNADA.................................................................... 49

DESENVOLVA SEU POTENCIAL................................................... 51

1 ASPECTOS ECONÔMICOS, CULTURAIS, AMBIENTAIS E


SOCIAIS.......................................................................................... 51

1.1 Aspectos envolvidos................................................................... 51

2 ADUBAÇÃO VERDE.................................................................... 53

2.1 Espécies de adubos verdes e plantas de cobertura e


recomendações para uso. ................................................................. 53

2.2 Critérios empregados na seleção de espécies leguminosas para


adubação verde. ............................................................................... 57

2.3 Formas de utilização dos adubos verdes..................................... 58

3 FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO ....................................................... 63

3.1 Importância do nitrogênio........................................................... 63

3.2 Formas de fixação do nitrogênio gasoso. ................................... 65

3.3 Ciclo do N.................................................................................. 65

3.4 Principais grupos microbianos fixadores de nitrogênio . ............. 69

3.5 Formação do nódulo . ................................................................ 69

3.6 Fatores que afetam a fixação biológica


de nitrogênio ................................................................................... 69

3.7 O que é inoculante..................................................................... 70

3.8 Impactos da FBN na agricultura................................................. 70


4 COMPOSTAGEM......................................................................... 71

4.1 Importância da compostagem....................................................... 72

4.2 Fatores que influenciam na compostagem ................................... 74

4.2.1 Temperatura............................................................................ 74

4.2.2 Umidade................................................................................... 74

4.2.3 PH.......................................................................................... 75

4.2.4 Aeração. ................................................................................. 75

4.2.5 Relação C:N........................................................................... 76

4.2.6 Granulometria. ....................................................................... 76

4.3 Condições necessárias para a realização


da compostagem................................................................................ 77

4.4 Material adequado para o processo de compostagem.................. 77

4.5 Tipos de composteira.................................................................. 77

4.6 Ciclo da compostagem................................................................ 78

4.7 Vantagens do uso da compostagem. ............................................ 79

NOVOS DESAFIOS........................................................................ 82

AUTOATIVIDADES......................................................................... 83

REFERÊNCIAS............................................................................... 85
Sumário

CAPÍTULO 3................................................................................... 88

INICIE SUA JORNADA.................................................................... 90

DESENVOLVA SEU POTENCIAL................................................... 92

1 CONSERVAÇÃO DO SOLO E PRODUTIVIDADE...................... 92

1.1 Propriedades envolvidas. ........................................................... 92

2 PREPARO DO SOLO, PLANTIO E SEMEADURA...................... 97

2.1 Preparo do solo......................................................................... 97

2.1.1 Tipos de preparo. .................................................................... 97

2.1.2 Implementos utilizados no preparo do solo.............................. 97

2.2 Plantio e semeadura................................................................. 109

2.2.1 Tipos de plantio..................................................................... 109

2.2.2 Tipos de semeadura.................................................................110

3 COLHEITA...................................................................................112

3.1 Tipos de colheita.......................................................................112

3.2 Ponto de colheita .....................................................................114

3.2.1 Frutos climatéricos. ..............................................................116

3.2.2 Frutos não climatéricos.........................................................117

4 BENEFICIAMENTO.....................................................................118

4.1 Objetivos..................................................................................119

4.2 Beneficiamento de sementes.......................................................119

4.3 Beneficiamento de frutos. .........................................................119


5 ARMAZENAMENTO................................................................... 121

5.1 Fatores climáticos que influenciam no armazenamento.............. 121

5.2 Tipos de armazenamento para grãos.......................................... 121

5.3 Tipos de armazenamento de frutas e hortaliças. ....................... 122

NOVOS DESAFIOS...................................................................... 124

AUTOATIVIDADES ...................................................................... 125

REFERÊNCIAS............................................................................. 127
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Introdução à Agricultura vai permitir que o aluno ingressante
na área de conhecimento das Ciências Agronômicas entenda, de forma aplicada,
a importância da agricultura para o desenvolvimento regional e a relevância das
atividades agrícolas no desenvolvimento econômico. A disciplina vai provocar os
estudantes a refletirem sobre os principais problemas enfrentados pela agricul-
tura, fazendo que eles reconheçam o papel do solo, saibam como manejá-lo na
produção agrícola e compreendam o modelo de produção das culturas orgânicas,
assim como os aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais envolvidos
na agricultura.

Para isso, serão apresentadas diferentes áreas de conhecimento. Serão mi-


nistradas aulas com ênfase em exemplos práticos que farão parte do cotidiano do
aluno, a fim de que ele tenha uma visão holística das diferentes possibilidades de
atuação profissional e utilize esses conhecimentos articulados à disciplina. Com
isso, viabiliza-se um contato mais próximo com o mercado de trabalho, além de
apresentar os desafios, perspectivas e prospectivas de atuação, fomentando a
formação de profissionais e cidadãos competentes, conscientes e comprometidos.
C APÍTULO 1
TEMA DE APRENDIZAGEM

Agricultura e sua importância


para o desenvolvimento
regional; Atividade agrícola
e desenvolvimento econômico;
Sistemas de produção
agrícola e sustentabilidade;
Culturas orgânicas
Minhas metas:

3 Evidenciar a importância da agricultura para a sociedade


moderna.

3 Demonstrar a importância da agricultura para o desenvolvimento


regional e econômico.

3 Entender os primórdios da agricultura e a evolução da agricultura


moderna no Brasil.

3 Permitir que os estudantes reconheçam os diferentes sistemas


de produção agrícola e as particularidades de cada um.

3 Assimilar o modelo de produção das culturas orgânicas.

3 Compreender aspectos econômicos, culturais, ambientais e so-


ciais envolvidos na agricultura.

3 Fazer com que o estudante entenda os desafios da agricultura e


de que forma pode enfrentá-los.
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

INICIE SUA JORNADA


Falar sobre a agricultura e tudo o que ela representa e contribui para a
sociedade é sempre um exercício que nos exige bastante esforço de articula-
ção de conceitos, teorias e práticas — principalmente quando a atividade está
ligada à produção alimentar em nível mundial. Atualmente, o maior desafio que
a produção agrícola enfrenta é obter retorno econômico, garantir novos inves-
timentos e prover alimentos para toda a população levando em consideração
os fatores ambientais.

Nesse sentido, pretendemos apresentar conteúdos que ajudem o aluno a en-


tender a importância da agricultura para o desenvolvimento regional, assim como
as atividades agrícolas e o desenvolvimento econômico. Buscamos ajudar o alu-
no a compreender, de forma aplicada, como as culturas orgânicas conseguem
obter elevadas produtividades sem agredir o meio ambiente. Também vamos tra-
balhar aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais relacionados à agri-
cultura de um modo geral, além de entender como as novas tecnologias estão
sendo incorporadas aos sistemas produtivos para assegurar o abastecimento ali-
mentar atrelado ao aumento contínuo da produtividade.

Podemos dizer que, para garantir a segurança alimentar da população mun-


dial, a produção agrícola deve ser uma garantia desde o plantio. Isso porque,
quanto mais a população cresce, maior é a intensificação das atividades agríco-
las. Sendo assim, é necessário produzir mais em uma mesma área e expandir a
produção para novas áreas produtivas, impulsionando a busca por ganhos de efi-
ciência e de produtividade. Para isso, é necessário respeitar todas as etapas do
sistema solo-planta-atmosfera, manejando o solo de forma correta e eficiente a
partir de práticas adequadas e sustentáveis.

Diante disso, antes de abordarmos as práticas agrícolas, os métodos e as


técnicas de forma direta, vamos imaginar a seguinte situação: o aluno foi contra-
tado por uma fazenda para implantar um projeto em uma área pequena, onde se
pretende produzir diferentes culturas agrícolas em um mesmo local levando em
consideração aspectos voltados à sustentabilidade e à proteção do solo. Dian-
te dessa situação, tem-se como alternativa viável a implantação de um sistema
agroflorestal, com o qual é possível atender os requisitos e produzir uma diversi-
dade de produtos, favorecendo a ciclagem de nutrientes e a formação de microcli-
ma, melhorando as condições do solo e o aumento da biodiversidade e garantindo
produtividade. Essa abordagem é necessária para que se compreenda de que for-
ma os conhecimentos teóricos adquiridos nas aulas serão aplicados na prática do
estudante como profissional.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

P LAY N O CO NHECI M ENTO

Que tal conferir agora a vídeo aula “Revolução verde” que


discute os conceitos e o histórico do processo de moderniza-
ção tecnológica para o desenvolvimento da agricultura até os
dias atuais?

VAMOS RECORDAR?
Chegou o momento de relembrar os conceitos e a importância da agricultu-
ra no Brasil, abordando os tipos de cultivo, a comercialização dos produtos, os
impactos ambientais atrelados às práticas agrícolas e todos os aspectos que
envolvem o cenário agropecuário no Brasil. Confira este vídeo e refresque sua
memória!

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Inicialmente, falamos de forma bem geral da importância que a atividade
agrícola desempenha na produção de alimentos, serviços e produtos. Agora, va-
mos entender de que forma a agricultura contribui para o desenvolvimento regio-
nal, econômico e social.

1 AGRICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA


PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
O setor agrícola é um dos responsáveis por propiciar um grande vo-
lume de empregos, geração de renda e impostos, contribuindo para o cres-
cimento da economia mundial. Além disso, ele também contempla diversas
inovações tecnológicas, que vão desde a área de máquinas e equipamentos
até a área de biotecnologia, sendo todas elas significativas para o aumento
da produção alimentar.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Mas afinal, o que é agricultura para você?

Conforme definido por Lima, Silva e Iwata (2019), a agricultura se refere à ati-
vidade econômica responsável por produzir alimentos. No decorrer da história da
humanidade, foi uma atividade que ocupou as terras férteis de rios e vales e, pos-
teriormente, desenvolveu procedimentos e técnicas que possibilitaram aumentar
a produtividade dos solos.

A agricultura corresponde ao cultivo do solo por meio de procedimentos, mé-


todos e técnicas próprias, buscando produzir alimentos para o consumo humano
— como legumes, cereais, frutas e verduras — ou para serem usados como ma-
téria-prima na indústria.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

P E N SA N D O JUNTO S

Vamos conhecer um pouco da história da agricultura e como tudo come-


çou? A agricultura surgiu há cerca de 12 mil anos, durante o Período Neolítico.
Ela teve início, especialmente, em razão da fixação da população humana, sen-
do um dos processos constitutivos do início da civilização. Antes desse período,
os seres humanos retiravam da natureza os alimentos necessários para sua
sobrevivência. Para isso, baseavam-se na caça, na pesca e na coleta de frutos,
raízes, grãos e outros produtos.

A atividade agrícola surge a partir do momento que uma determinada socie-


dade consegue reunir condições suficientes para tirar proveito das potencialida-
des do ambiente. Pode-se dizer que, ao longo de milênios, a agricultura passou
por evoluções isoladas, culminando em uma grande diversidade de sistemas
fundiários em todo o planeta. O cultivo agrícola não surgiu como um passe de
mágica, em que os seres humanos, de caçadores e coletores, passaram a ser
agricultores. As diferentes populações humanas domesticaram certas espécies de
plantas por razões, fins e usos diversos.

A agricultura foi desenvolvida de forma gradual, sendo as plantações de ce-


reais e tubérculos as primeiras formas de cultivo. A partir disso, o ser humano
foi observando que algumas sementes, quando plantadas, germinavam, e que
os animais poderiam ser domesticados. Esse período também foi marcado pelo
início da pecuária, com o começo da domesticação e criação de animais, que até
então eram selvagens.

Dessa forma, aos poucos, o extrativismo deu lugar à Revolução Agrícola:


o ser humano observou que era necessário produzir seus próprios alimentos de for-
ma fixa. Assim, a partir da fixação humana, houve ascensão da agricultura, e o ser
humano passou de caçador, pescador, extrativista a criador de animais, agricultor
e produtor de alimentos (Wachekowski; Figueiredo; Rizzi, 2021).

Além disso, algumas técnicas agrícolas possibilitaram uma produção exce-


dente, a partir do que era possível realizar trocas comerciais, dando início tam-
bém à atividade econômica. Os excedentes também funcionavam como uma
reserva alimentar em situações em que o cultivo fosse prejudicado por fatores na-
turais, como geada, períodos de seca prolongada ou excesso de chuvas.

Diversos fatores contribuíram para a eclosão da agricultura, dentre os quais


se destacam:

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

CONSUMO ALIMENTAR

A alimentação ainda era proveniente da caça, da pesca e da coleta, e os cereais


começaram a ser componentes da dieta.

SEDENTARISMO

O sedentarismo se desenvolveu em regiões e locais onde as condições do meio


ambiente foram favoráveis ao desenvolvimento de plantas e animais.

CRIAÇÃO DE ANIMAIS

O sedentarismo possibilitou a criação de animais. A caça era ainda a principal


forma de alimentação.

USO DE INSTRUMENTOS

Os instrumentos foram se adaptando à necessidade de coleta de cereais, e a


cerâmica possibilitou a confecção de potes para armazenar os alimentos.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Anteriormente, a organização social era baseada em bandos; nesse período, sur-


ge a organização social da família.

Assim, quando o ser humano aprendeu a usar a força do boi e dos ventos,
inventou o arado e dominou os processos de fundição. Isso acelerou o desenvol-
vimento da agricultura e, concomitantemente, traçou o caminho da urbanização.

No século XVIII, o crescimento populacional aliado à urbanização, acele-


rada pelo novo modo de produção capitalista, possibilitou, pela primeira vez na
história, que a agricultura passasse de atividade fornecedora de alimentos para
atividade lucrativa.

Ao lado da Revolução Industrial, começou também uma Revolução Agrícola.


O sistema de produção agrícola, baseado numa forma de produção milenar, cujos
avanços incorporados tinham sido muito pequenos em relação ao tempo transcor-
rido, estava entrando numa nova fase , com a crescente incorporação de novos
conhecimentos.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Figura 1 – Fábrica na era da revolução industrial

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/fabrica-na-era-da-
industrializacao_4258273.htm#query=revolu%C3%A7%C3%A3o%20
industrial&position=0&from_view=search&track=ais&uuid=dded26
4c-5e29-4ad5-ba45-fb12dc7359cb. Acesso em: 22 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia em preto e branco de uma fábrica na


era da Revolução Industrial. É possível observar pessoas trabalhando e
chaminés liberando muita fumaça.

Depois da II Guerra mundial, desencadearam-se avanços na agricultura de


tal ordem e em tal intensidade que o processo em escala global passou a ser co-
nhecido como Revolução Verde.

1.1 Revolução verde

A Revolução Verde foi considerada a difusão de tecnologias agrícolas que


permitiram um aumento considerável da produção, sobretudo em países menos
desenvolvidos. Ela ocorreu, principalmente, entre 1960 e 1970, a partir da moder-
nização das técnicas utilizadas (Octaviano, 2010).

Baseada na seleção de variedades com bom potencial de rendimento, como


arroz, milho, trigo, soja e outras grandes culturas de exportação, a Revolução Ver-
de se caracteriza por uma ampla utilização de fertilizantes químicos, produtos de
tratamento e, eventualmente, um eficaz controle da água de irrigação e

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

drenagem. Sendo assim, ela foi adotada por agricultores que eram capazes de
adquirir esses novos meios de produção e desenvolvida em regiões favorecidas,
onde era possível de rentabilizar essa produção.

A P RO F UNDA NDO

A Revolução Verde teve como precursor Norman Ernest Borlaug, que ganhou o
prêmio Nobel da Paz em 1970, o qual iniciou a implantação na agricultura dessa
nova técnica de produção com uso de agrotóxicos, sendo conhecido como o
“pai da Revolução Verde” (Henriques, 2009).

No Brasil, seguindo o padrão adotado em outros países, a Revolução Verde


foi implementada por meio de três pilares: pesquisa agropecuária; assistência téc-
nica; e crédito rural subsidiado. A Revolução Verde desempenhou papel importan-
te no desenvolvimento das cadeias agroalimentares. Como aspectos positivos da
Revolução Verde, podemos mencionar:

TÉCNICA

Evolução técnica nas explorações agrícolas, pecuárias e florestais por meio da


incorporação de inovações tecnológicas.

CIÊNCIAS

Avanços da mecanização, da genética, dos conhecimentos sobre solos e outros


setores das ciências agrárias.

PESQUISA

Proporciona às instituições de pesquisas e ensino e às equipes de profissionais


de assistência um bom acervo de conhecimentos das tarefas a serem execu-
tadas, a fim de assegurar a produtividade e a recuperação das áreas, de modo
a garantir a execução de um programa de adequada subsistência da população
brasileira.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Como pontos negativos, podemos citar:

• A concentração fundiária e a mecanização do campo geraram o êxodo rural,


que potencializou o aumento das favelas nas periferias das cidades e uma
urbanização caótica.

• A especialização e a simplificação dos sistemas produtivos, com a implanta-


ção da monocultura em grandes áreas, reduzindo o número de espécies de
plantas cultivadas.

• A expansão da área cultivada gerou o desmatamento de áreas de vegetação


natural nos biomas brasileiros, como Amazônia e Cerrado.

• O aumento da ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras em virtude


da redução da biodiversidade terrestre levou à dependência de agrotóxicos
para o controle de pragas, doenças e plantas invasoras, tendo aumentado os
riscos à saúde humana e gerado desequilíbrios na flora e na fauna.

• A aplicação de fertilizantes sintéticos e o uso intensivo dos solos contribuíram


para a redução de sua biodiversidade, aumentando a incidência de patógenos
de plantas.

• Os processos de produção agropecuária têm contribuído para o aquecimento


global, devido à emissão significativa de gases do efeito estufa.

• Exclusão dos pequenos agricultores descapitalizados e desconsideração do


aprimoramento tecnológico dos sistemas tradicionais que se fundamentam na
diversificação produtiva e no uso e conservação dos recursos naturais.

A agricultura se apresentava como uma das principais atividades econômi-


cas, com grande potencial para incorporar avanços tecnológicos.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Figura 2 – Monocultura de soja no Brasil

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/mao-segurando-soja-
com-platation-e-o-ceu-no-horizonte-e-detalhes-em-macro_12907442.
htm#query=agricultura%20brasileira&position=17&from_view=search&track=ai
s&uuid=ee547b01-9689-44a6-896b-8d8b7ec5b8e5. Acesso em: 22 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma paisagem de monocultura de


soja. Uma mão está segurando um punhado de soja. Ao fundo, há uma
vasta plantação e o céu com nuvens.

Países do terceiro mundo como o Brasil, com recursos naturais abundantes,


um sistema produtivo baseado em tecnologia rudimentar e uma economia direcio-
nada à produção de produtos agrícolas exportáveis, tornaram-se mercados ideais
para a indústria multinacional capitalista, possuidora de tecnologia comercializável.

2 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

2.1 Início da Agricultura Brasileira


Como já abordado anteriormente, a agricultura passou por milênios de evolu-
ções isoladas, culminando em uma grande diversidade de sistemas fundiários em
todo o planeta. No Brasil, existem evidências em gravuras rupestres, objetos de
pedras e materiais acumulados de que os primeiros habitantes do Planalto Cen-
tral viveram há aproximadamente 10 mil anos.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Registros demonstram que, no Brasil, a agricultura teve início há 4 mil anos,


com cultivos de milho, mandioca, batata-doce, abóboras, amendoim, feijão e ou-
tras plantas. Diversas plantas foram utilizadas como alimento, remédios e maté-
ria-prima. Também era realizado extrativismo de plantas, como babaçu e pequi, e
coleta de frutas, como jabuticabas, caju, cajá e outras frutas nativas.

A P RO F UNDA NDO

A agricultura brasileira para a comercialização iniciou, efetivamente, com a cul-


tura da cana-de-açúcar, a partir de 1530, quando a produção açucareira tinha
como objetivo a ocupação efetiva pelo povoamento e a colonização da costa
brasileira. Além disso, o açúcar era a mercadoria de maior valor mundial, o que
traria benefícios financeiros à toda Colônia.

Além da cana-de-açúcar, o Brasil Colônia também produzia outras culturas,


como o tabaco e o algodão. As atividades do sistema de plantio da cana-de-açú-
car foi baseado na escravidão. No entanto, algumas camadas de pequenos e mé-
dios produtores conseguiram implantar uma agricultura diversificada de produtos
para a subsistência, com o plantio de mandioca, na bacia amazônica, batata-do-
ce, na região central, e milho.

No período da mineração, na região Centro-Sul do país, a criação de gado


teve destaque, principalmente devido à distância do litoral e à necessidade de
transporte de carga, que era realizado com o auxílio de animais como mulas, ca-
valos e gado. Além disso, a economia mineira foi diversificada, não sendo voltada
exclusivamente à extração do ouro.

O adensamento populacional da região propiciou o desenvolvimento


de atividades econômicas diferentes e complementares à atividade
extrativa, como criação de gado, além da produção de mandioca,
algodão, açúcar, carne de porco e outros gêneros.

No início do século XIX, ocorre o declínio do ouro e a decadência da região


mineira. O turbulento período na Europa fez com que a corte portuguesa viesse
para o Brasil. Após a Independência do Brasil, a Inglaterra já dominava o comér-
cio e pressionava o governo brasileiro para acabar com o tráfico de escravos. Em
meio a todo esse cenário de dificuldades, o café foi um produto agrícola que co-
meçou a surgir como nova fonte de riqueza para o Brasil.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Nessa época, o café foi um dos produtos agrícolas plantados em larga esca-
la, essencialmente para a exportação. A economia cafeeira iniciou com o trabalho
escravo e o estabelecimento de uma infraestrutura e tecnologia agrícola com bai-
xo custo de produção em relação ao sistema açucareiro.

Figura 3 – Plantação Cafeeira

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/graos-de-cafe-vintage-
derramados-do-saco-de-serapilheira-com-xicara-de-cafe-expresso-
fundo-retro_38628790.htm#query=PLANTA%C3%87%C3%83O%20
CAFEEIRA&position=19&from_view=search&track=ais&uuid=d0
af8141-eb2d-4070-9550-96354f21cd5d. Acesso em: 25 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma bolsa de café sobre uma


mesa de madeira em frente a uma plantação de café. A bolsa está aber-
ta e os grãos de café estão derramados sobre a mesa. Os grãos são de
cor marrom claro e têm um formato irregular. O céu é azul claro com al-
gumas nuvens brancas.

Na economia cafeeira, no final do século XIX, inicia-se o trabalho assalaria-


do e se estabelece uma infraestrutura e tecnologia agrícola. A abundância de mão
de obra advinda da região mineradora e a proximidade com o porto contribuíram
para a implantação dos cafezais. A expansão da cafeicultura aumentou a massa
de assalariados e marcou o início de um mercado interno no Brasil.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

ZO O M N O CO NHECI M ENTO

Devido à crise do café, ocorreu a redução de importação de mercadorias, fato


que contribuiu para o início de uma incipiente produção industrial. Nos anos de
1930, no governo de Getúlio Vargas, o modelo agrário exportador foi substituído
pelo modelo nacional-desenvolvimentista, quando se inicia o período de indus-
trialização no Brasil.

No período imperial, o Brasil começou a diversificar o seu modelo tradicional de


produção agrícola. Além da monocultura de latifúndio direcionada à exportação, ini-
ciou-se a agricultura familiar. Alguns fatores contribuíram para essa transformação,
tais como: o aumento contínuo da população total a partir da vinda da corte portu-
guesa; o crescimento da urbanização decorrente do início de algumas atividades de
industrialização e da organização político-administrativa do país; estruturação cres-
cente de um comércio interno de alimentos; a promoção de colônias de povoamento;
e a chegada de imigrantes com tradição e iniciativa na agricultura de subsistência.

A agricultura se tornou expressiva a partir de um processo de transformação na


década de 1960, graças a uma estratégia de expansão do crédito rural para a moder-
nização da atividade. Com a tecnificação intensiva da agricultura, essa atividade, que
até então era relativamente autônoma, passou a ficar gradativamente dependente do
conjunto de empresas e indústrias que atuavam no setor. A dependência não se res-
tringiu à área técnica, mas passou a ser também econômica e política.

A partir da década de 1960 intensificou-se o uso de máquinas, adubos


e defensivos agrícolas. Entretanto, o processo no Brasil é singular, pois
ele se desenvolve de forma desigual, o que reforça as tendências de
desequilíbrios regionais existentes no país.

Somado a isso, em 1973, outro forte impulsionador da transformação da agri-


cultura foi a criação de instituições de ensino e pesquisa voltadas para o campo,
como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), e vários cur-
sos de pós-graduação. A partir dessa modernização, a agricultura atingiu regiões
consideradas impróprias para o cultivo e aumentou a oferta de produtos.

Posteriormente, na década de 1980, a atividade agrícola foi responsável


por equilibrar a economia. A geração de superávit na balança comercial, decor-
rente da produção do setor, foi essencial para o Brasil na época, que enfrentava
uma enorme inflação, agravada pela crise da dívida externa. Entretanto, nos anos
1990, o destaque da agricultura na década foi por apresentar um saldo positivo na

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

balança comercial agrícola devido à abertura comercial. Desde então, o agrone-


gócio ganhou relevância na economia do país.

A P RO F UNDA NDO

Até o início do século XX, a produção agrícola brasileira era centrada em com-
plexos rurais, com baixo suporte tecnológico e pouco interesse no mercado
interno. Ao mesmo tempo em que os investimentos na modernização da agri-
cultura coincidem com o período de aumento da população urbana no país e
crescimento na procura por produtos agrícolas, acontece uma das principais
consequências da modernização da agricultura: o êxodo rural. Ele ocorreu de-
vido a vários fatores, como a introdução de máquinas agrícolas, o uso intensivo
de insumos, a substituição de culturas e a expansão da pecuária; tudo isso atre-
lado ao pacote tecnológico, com número reduzido de mão de obra.

A transformação da agricultura em atividade industrial foi possível em razão do


progresso tecnológico. Outros fatores também contribuíram para a modernização
da agricultura, dentre eles a disponibilidade de crédito, a abertura de novos merca-
dos externos, o crescimento da demanda internacional e do próprio mercado interno.
Além disso, a consolidação do parque industrial, a internacionalização do pacote tec-
nológico da Revolução Verde e a melhoria dos preços internacionais para os produtos
agrícolas foram as variáveis que impulsionaram a mudança do modo produtivo rural.

2.2 Atividade agrícola e desenvolvimento econômico

Ao longo da história, a atividade agrícola desempenhou um importante papel no


desenvolvimento econômico no Brasil e no mundo, sendo responsável por movimen-
tar toda a cadeia produtiva. O Brasil vem assumindo um protagonismo crescente no
comércio agrícola mundial. Estudos técnicos e projeções sinalizam o aumento dessa
contribuição do país nos mercados globais, ratificando a posição do Brasil como um
dos principais atores para o equilíbrio entre oferta e demanda de alimentos em âmbi-
to global e, portanto, para o alívio da fome e para a melhoria da nutrição no mundo.

Ao comparar a agricultura brasileira com os maiores sistemas produtivos


do mundo desenvolvido (América do Norte e Europa), é possível identificar
dois aspectos que caracterizam o sistema agrícola brasileiro. Pode-
se afirmar, em primeiro lugar, que a moderna agricultura brasileira é um
sistema relativamente novo do ponto de vista histórico; em segundo lugar,
que não há outra grande agricultura tropical de larga escala no mundo.

24
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Assim, fica evidente que o sistema brasileiro exigiu desenvolvimento tecno-


lógico específico e que foi essencialmente construído no decorrer dos últimos 30
anos. Ademais, pode-se afirmar que as novas tecnologias permitiram assegurar, ao
país, elevado grau de competitividade diante das principais agriculturas do mundo.

Figura 4 – Pulverização em uma plantação de soja

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/um-trator-verde-esta-passando-por-
um-campo-de-soja_44067553.htm#query=atividade%20
agricola&position=13&from_view=search&track=ais&uuid=26b2ba84-43b9-440d-
9b5e-6cc315703be3. Acesso em: 24 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um trator agrícola verde pulverizando


uma área bastante extensa de plantação de soja.

O Brasil é o principal produtor e exportador de diversos produtos e commodities


agrícolas. No Brasil, o setor gera cerca de 6 milhões de empregos e ocupa 16% da
mão de obra agropecuária do país (Sistema Feag Sear, 2023).

Em 2021, o País registrou marcos importantes no agronegócio: foi o maior


exportador mundial de soja do planeta (91 milhões de toneladas); terceiro
maior produtor de milho e feijão (105 milhões e 2,9 milhões de toneladas,
respectivamente); mais de um terço da produção mundial de açúcar foi
gerado aqui, liderança absoluta no produto; e o maior volume de carne
bovina exportada do mundo saiu daqui (2,5 milhões de toneladas).

25
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

No contexto mundial, a fruticultura brasileira se destaca como uma das maio-


res e mais diversificadas commodities do planeta, responsável pelo crescimento
socioeconômico, tanto como fonte de alimento para a população quanto na ge-
ração de emprego e renda. Isso se deve às condições climáticas favoráveis, ao
grande número de áreas cultiváveis e a grande variedade de espécies frutíferas
nativas e exóticas. Esses fatores, juntamente com os avanços tecnológicos e as
práticas agrícolas sustentáveis, permitem que o país figure entre os maiores pro-
dutores de frutas do mundo.

Figura 5 – Fruticultura - Laranja

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/detalhe-da-mao-colhendo-
fruta-laranja-de-uma-arvore_56875510.htm#query=fruticultura%20no%20
Brasil%20LARANJA&position=17&from_view=search&track=ais&uuid=0
7b9132b-caa4-441c-b328-b1007ced909c. Acesso em: 22 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: a imagem é uma fotografia de uma plantação de


laranjas. No primeiro plano, há uma mão que toca um galho com quatro
laranjas. Ao fundo, em desfoque, nota-se a plantação com muitas árvo-
res e frutos dessa fruta

As maiores áreas com fruticultura no Brasil são ocupadas com os culti-


vos de cacau, laranja, banana, caju e coco, sendo que cacau, caju e coco se
concentram no Nordeste. As frutas que se destacam por apresentar maior valor
de produção (VP) no Brasil são a laranja, com maior produção no estado de São
Paulo, e a banana, cultivada em todo o país (Fonseca, 2022).

26
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Mesmo em culturas com desempenho menor e produção estável ao longo


dos anos — a exemplo do trigo, que ocupa a 23ª posição mundial —, a perspec-
tiva é de aumento da produção e busca por redução da dependência do cereal
importado.

Figura 6 – Fruticultura: frutos do cacaueiro

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/o-cacaueiro-com-frutas-amarelo-
e-verde-cacau-vagens-crescem-na-arvore_5308322.htm#query=cultivo%20
de%20cacau&position=11&from_view=search&track=ais&uuid=5b01
5f3a-d5de-4ad7-8c1a-77c6bf38ca91. Acesso em: 24 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma planta de cacau com frutos. No


primeiro plano, há quatro frutos maiores e um fruto bem pequeno, em
desenvolvimento. Ao fundo, em desfoque, nota-se a plantação com al-
guns frutos.

27
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

A P RO F UNDA NDO

A agricultura é uma atividade econômica que teve início, sobretudo, em ra-


zão da fixação da população humana devido à necessidade de produção de
alimentos.
• A agricultura é uma atividade de grande importância econômica e estraté-
gica, especialmente no fornecimento de alimentos.
• Os diferentes tipos de agricultura estão ligados aos modelos extensivo e
intensivo de produção agrícola.
• A revolução verde promoveu aumento da produtividade, devido a moder-
nização da agricultura e o Brasil se tornou um dos maiores produtores e
exportadores mundiais de alimentos.

2.3 Desafios da agricultura para o futuro

A agricultura dos dias atuais evidencia a importância de pensarmos sobre a


agricultura do futuro, levando em consideração aspectos relacionados à demanda
por alimentos, à intensificação da produção e ao crescimento populacional. Isso
porque estima-se que, até 2030, a população mundial atinja 8,5 bilhões de pesso-
as. Sendo assim, produzir alimentos de forma sustentável e considerando os fa-
tores ambientais é um dos inúmeros desafios para a produção agrícola. Ademais,
será preciso considerar outras questões:
• Processos como expansão e intensificação agrícolas serão ainda mais dinâ-
micos e continuarão impulsionando a velocidade das mudanças socioeconô-
micas e espaciais na agricultura no Brasil.

• Concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais.

• Especialização e intensificação das produções animal e vegetal serão cres-


centes em todas as regiões. Haverá maior contribuição desses sistemas para
elevar a produtividade de forma sustentável, aumentando a oferta de alimen-
tos, fibras e bicombustíveis no mercado interno, assim como a diversidade na
pauta de exportações.

• Disponibilidade de mão de obra no campo continuará em queda, em razão


não somente da tendência de concentração da riqueza — que limita as opor-
tunidades sociais, mantendo a pobreza rural como importante desafio em al-
gumas regiões —, mas também da busca por melhores oportunidades nas
cidades, especialmente pela população mais jovem.

28
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

• Perda de solos produtivos, acarretando em grandes prejuízos para aumentar


a produtividade e a segurança alimentar da população.

• Abertura de postos de trabalho com maior nível de qualificação continuará


crescente, especialmente os postos atrelados à intensificação tecnológica.

• Crescente preocupação da sociedade quanto ao desenvolvimento de siste-


mas de produção mais sustentáveis, demandando atenção ao tema por parte
das instituições públicas, políticas e do setor produtivo.

• O Brasil poderá fortalecer seu reconhecimento e protagonismo mundial no au-


mento da produtividade e da oferta de produtos agrícolas com maior equilíbrio
ambiental.

• Será necessário elevar ainda mais os esforços para intensificar a susten-


tabilidade dos sistemas de produção agrícolas diante da limitação de re-
cursos naturais, especialmente na busca da maior eficiência no uso da água,
a fim de reduzir a pressão sobre os recursos hídricos, o solo e a cobrança
mundial pela sustentabilidade em seus três aspectos (social, econômico e
ambiental).

Portanto, em virtude do cenário futuro — do qual já sentimos alguns impactos


nos dias atuais —, é necessário produzir mais com menos. Ou seja: é necessário
aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, utilizar menos recursos do nosso
planeta. Menos expansão de terra para práticas agrícolas, menos água e energia;
menos produtos químicos; menor emissão de gases de efeito estufa e menor ris-
co de degradação do solo. Para isso, deve-se investir em tecnologias novas que
estão ganhando espaço rapidamente na produção agrícola, visando à mitigação
desses riscos e à ampliação das práticas sustentáveis.

Os produtos biológicos entram como alternativa ou assumem o papel de


complemento aos fertilizantes e defensivos químicos utilizados no manejo con-
vencional. Os microrganismos presentes nos bioinsumos têm importante papel na
sustentação e na melhoria da produção e da proteção das culturas. Seu potencial
está no auxílio ao cumprimento das necessidades nutricionais do solo, na amplia-
ção da absorção de água e nutrientes pelas plantas por meio de um sistema radi-
cular mais desenvolvido, na otimização do desempenho dos insumos, na melhoria
da saúde do solo devido à cobertura vegetal, na maior resistência ao ataque de
patógenos, na promoção do crescimento e do desenvolvimento de culturas por di-
versos mecanismos de promoção de crescimento (seja pela fixação biológica de
nitrogênio, solubilização de fosfato ou produção de fitohormônios) e, consequen-
temente, no aumento da rentabilidade da lavoura.

29
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

3 SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA


E SUSTENTABILIDADE
Conforme as características das práticas agropecuárias, os sistemas agríco-
las são divididos em dois grandes grupos: o extensivo e o intensivo. Vamos en-
tender cada um deles e as diferenças entre eles.

3.1 Agricultura intensiva

A agricultura intensiva é um sistema de produção agrícola que utiliza intensa-


mente insumos e tecnologia para aumentar a produtividade e reduzir o tempo de
produção. Caracteriza-se por:
• Mecanização: todas as etapas do processo produtivo são realizadas com
máquinas, desde a preparação do solo até a colheita.

• Insumos: são utilizados diversos tipos de insumos, como fertilizantes quími-


cos, agrotóxicos e sementes selecionadas.

• Mão de obra: a mão de obra é especializada e reduzida, pois a mecanização


é predominante.

• Tecnologia: são utilizadas técnicas e tecnologias, como irrigação, terracea-


mento e drenagem.

A principal característica da agricultura intensiva é a alta produtividade.


Para alcançar esse objetivo, é necessário investir em insumos e recursos tecnoló-
gicos. Como resultado, obtém-se aumento da produtividade e diminuição do tem-
po para a colheita. Entretanto, a agricultura intensiva também apresenta algumas
desvantagens, como:
• Impacto ambiental: o uso intensivo de insumos e a monocultura podem cau-
sar impactos ambientais, como falta de cobertura do solo, contaminação do
solo, da água e do ar, erosão, compactação, perda de fertilidade e perda da
biodiversidade.

• Desemprego: a mecanização substitui o trabalho manual pela utilização de


máquinas; com isso, reduz a necessidade de mão de obra, o que pode levar
ao aumento do desemprego no campo.

• Êxodo rural: saída da população da zona rural para a zona urbana, com as
periferias das cidades aumentando; assim, problemas urbanos como a violên-
cia e o desemprego se potencializam.

Como exemplos de agricultura intensiva, tem-se o agronegócio, a monocultu-


ra ou o monocultivo.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

AGRONEGÓCIO

Baseia-se em um tipo de agricultura de grande escala, englobando aspectos


desde a produção, o processamento, o armazenamento até a distribuição dos
produtos agrícolas, com uso de agroquímicos, mão de obra qualificada e elevadas
produtividades, abastecendo o mercado externo.

MONOCULTURA OU MONOCULTIVO

Baseia-se no cultivo de um único produto agrícola, realizado geralmente em lati-


fúndios. Essa prática está associada a impactos ambientais. O cultivo de soja no
Brasil representa uma das principais monoculturas do país.

A agricultura intensiva é um sistema de produção agrícola que apresenta


vantagens e desvantagens. Sua adoção deve ser feita de forma responsável, con-
siderando os impactos ambientais e sociais.

3.2 Agricultura extensiva

Já a agricultura extensiva é um sistema de produção agrícola que utiliza técni-


cas rudimentares e mão de obra humana, com baixo uso de insumos e tecnologia.

Em um contexto agrícola caracterizado pela baixa mecanização, a predomi-


nância da mão de obra humana se destaca como elemento central. Essa aborda-
gem reflete um emprego intensivo de trabalho manual, muitas vezes executado
por mão de obra não qualificada. Paralelamente, o uso reduzido de insumos,
como fertilizantes e agrotóxicos, define a prática de minimizar a dependência de
produtos químicos na produção agrícola.

Nesse cenário, a tecnologia desempenha um papel limitado, com a aplicação


de técnicas rudimentares de produção. A abordagem adotada valoriza métodos
tradicionais e práticas agrícolas menos tecnificadas. Em resumo, essa configu-
ração caracteriza um modelo agrícola que busca a sustentabilidade por meio
da contenção de insumos e da ênfase na mão de obra humana, ainda que não
qualificada, refletindo uma conduta mais tradicional e menos tecnologicamente
avançada.

A agricultura extensiva se destaca por suas vantagens, como a preserva-


ção do meio ambiente. Essa prática agrícola tem menor impacto ambiental,
o que é resultado do uso reduzido de insumos e da adoção de técnicas de manejo

31
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

conservacionistas. Além disso, a maior diversidade de produtos é uma caracterís-


tica positiva, derivada da menor especialização na produção, proporcionando uma
gama mais ampla de opções no mercado agrícola.

No entanto, a agricultura extensiva também apresenta desvantagens signifi-


cativas. A baixa produtividade por hectare é uma delas, representando um desa-
fio quando comparada à agricultura intensiva. Essa menor eficiência na produção
pode influenciar a viabilidade econômica do sistema. Além disso, a dependência
das condições naturais, como chuvas, temperatura e umidade, coloca a agricul-
tura extensiva em maior vulnerabilidade diante das flutuações climáticas, o que
pode afetar negativamente a estabilidade e a previsibilidade da produção. Essa
interação com fatores naturais destaca a necessidade de uma gestão cuidadosa
para mitigar riscos inerentes a essa abordagem agrícola.

Figura 7 – Homem cuidando de uma planta em uma agricultura de base orgânica

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-cuidando-de-seu-
close-up-de-fazenda_8797899.htm#page=3&query=sistemas%20
agroflorestais&position=49&from_view=search&track=ais&uuid=7
7f63888-3026-4c5b-9b2e-9f6c6991e48e. Acesso em: 22 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um homem colhendo uma planta em


uma plantação agrícola. No primeiro plano, há duas mãos que tocam
em uma folha danificada, onde se tem um solo protegido com algumas
culturas plantadas.

32
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

A agricultura extensiva é um sistema de produção agrícola que apresenta


vantagens e desvantagens. Sua adoção deve ser feita de forma consciente, con-
siderando os objetivos de produção e os impactos ambientais e sociais. Como
exemplos da agricultura extensiva, tem-se a agricultura familiar, os sistemas agro-
florestais, a permacultura, os sistemas orgânicos, os sistemas de rotação de cul-
turas e os sistemas em integração. Vejamos cada um deles detalhadamente.

Agricultura familiar

A agricultura familiar é um tipo de agricultura desenvolvida em pequenas


propriedades rurais. Recebe esse nome pois é realizada por grupos de famílias
(pequenos agricultores e alguns empregados). É a principal responsável pelo abas-
tecimento do mercado interno brasileiro, com uma grande diversidade de gêneros
alimentícios. São características desse modelo a pequena propriedade de terra, a
utilização de mão de obra familiar e a produção destinada ao mercado interno.

Permacultura

A permacultura consiste no planejamento e na execução de soluções que


tornem as ocupações humanas mais sustentáveis, unindo conhecimentos ances-
trais a práticas modernas de áreas diversas, como ciências agrárias, engenharias,
arquitetura e ciências sociais.

Sistemas agroflorestais

Os sistemas agroflorestais ocorrem quando duas ou mais culturas ocupam a


mesma área agrícola em um mesmo período de tempo. Como exemplo, o produtor
pode adotar um sistema consorciado com o feijão cultivado nas entrelinhas do milho.

Rotação de culturas

A rotação de culturas ocorre pela alternância ordenada, cíclica (temporal) e


sazonal de diferentes espécies vegetais em um espaço produtivo específico. Por
exemplo: em uma gleba, podem ser adotados, durante seis anos, três ciclos de
um sistema de rotação de culturas de dois anos, em que, no primeiro ano, tem-se
soja na primavera/verão e trigo no outono/inverno, enquanto no segundo ano tem-
-se milho na primavera/verão e aveia ou girassol no outono/inverno.

Sistema em integração

Os sistemas de integração ocorrem quando sistemas de cultivo/criação de


diferentes finalidades (agricultura ou lavoura, pecuária e floresta) são integrados

33
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

entre si, em uma mesma gleba, com o intuito de maximizar o uso da área e dos
meios de produção, além de diversificar a renda daquela propriedade. Nesse con-
texto, destacam-se quatro possíveis tipos de sistemas integrados.

A lavoura-pecuária, como milho e braquiária ou girassol e braquiária. É im-


portante ressaltar que, caso a braquiária não sirva para pastejo, mas sirva para
outros propósitos, como a formação de palhada no sistema plantio direto (SPD),
esse arranjo é considerado um consórcio, não uma integração. Outros modelos
incluem a lavoura-floresta, exemplificada por soja nas entrelinhas do eucalipto,
e a pecuária-floresta, em que o gado pastoreia em áreas de reflorestamento de
eucalipto. Ainda mais complexa é a lavoura-pecuária-floresta, evidenciada pelo
cultivo de milho seguido de pastagem e entrada de bovinos em áreas de euca-
lipto. Essas estratégias integradas não apenas maximizam a produtividade, mas
também promovem a sustentabilidade, adaptando-se às demandas multifaceta-
das da agricultura contemporânea.

Sistemas orgânicos

Por último, há os sistemas orgânicos, que são aqueles que buscam um equi-
líbrio ecológico entre as espécies vegetais e os micro e macro organismos. O
produtor orgânico deve se preocupar prioritariamente com a diversificação da pai-
sagem geral de sua propriedade, de forma a restabelecer o equilíbrio entre todos
os seres vivos da cadeia alimentar, desde microrganismos até animais maiores.

3.3 Sustentabilidade

A sustentabilidade pode ser compreendida como a capacidade de uso cons-


ciente dos recursos naturais sem comprometer o bem-estar das gerações futuras.
A sustentabilidade deve ser considerada em três dimensões: econômica, social
e ambiental.

A dimensão econômica — muitas vezes a mais considerada — é funda-


mental para a efetividade de qualquer atividade. Toda atividade precisa proporcio-
nar um retorno financeiro suficiente para garantir a manutenção dos processos e
uma adequada rentabilidade econômica para os que estão diretamente envolvi-
dos com ela.

Por sua vez, a dimensão social está fundamentada na capacidade que uma
determinada atividade tem para reduzir as desigualdades e/ou proporcionar equi-
dade social, ou seja, proporcionar condições dignas quanto aos aspectos de saú-
de, alimentação, educação, moradia, vestuário e lazer para todos os envolvidos
com a atividade.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Por fim, a dimensão ambiental está fundamentada na capacidade que uma


atividade tem de tomar medidas preventivas para evitar alterações do ambiente
que possam perturbá-lo de tal forma a interferir na vida de plantas e animais. Mais
recentemente, a sustentabilidade passou a considerar um novo componente, que
é a governança, tornando-se, assim, mais abrangente.

Figura 8 – Criança segurando uma muda de uma árvore

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/menina-asiatica-segurando-planta-
e-solo_5598508.htm#page=4&query=sustentabilidade&position=33&from_
view=search&track=sph&uuid=033ffaeb-1cea-46e0-97a1-
7c15c066d73a. Acesso em: 22 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma criança segurando uma muda


de uma árvore. No primeiro plano, há uma menina com as duas mãos
estendidas que seguram uma muda de uma árvore em um montinho de
terra solo aderido a ela. Ao fundo, em desfoque, nota-se uma floresta
com muitas árvores.

Dessa forma, está sendo frequente o uso do tripé ambiental, social e gover-
nança — chamado de ESG — como critério de sustentabilidade. Quando se fala
em ESG, os aspectos observados são os impactos ambientais e sociais da cadeia
de negócios, as emissões de carbono, a gestão de resíduos e rejeitos oriundos de
uma determinada atividade, as questões trabalhistas e de inclusão dos trabalha-
dores e a metodologia de contabilidade — ou seja, as práticas de gestão também

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

são consideradas. Com esse novo conceito, a governança interage de maneira


transversal e mais forte com as dimensões social e ambiental.

A questão da sustentabilidade vem ganhando cada dia mais força quando se


refere à produção de alimentos, fibra e energia. Com os novos conceitos, a questão
quantitativa deixa de ser a variável mais importante da equação de produção agrícola.

ZO O M N O CO NHECI M ENTO

Num outro viés da produção agrícola, o estoque de carbono no solo será cada
vez mais importante quando o assunto for sustentabilidade. Práticas agrícolas
que aumentam o estoque de carbono no solo, como sistema plantio direto, de-
verão ser mais valorizadas pelos compradores de produtos da agricultura.

O sistema plantio direto é aqui considerado como o sistema em que não há


revolvimento do solo. Ou seja, o solo fica permanentemente coberto por palha ou
vegetais em crescimento, no qual se pratica efetivamente a rotação de culturas.
É um sistema a ser adotado por aqueles que querem produzir com sustentabilida-
de. Produtos oriundos de sistemas menos conservacionistas, especialmente em
termos de mitigação de gases de efeito estufa, como CO2, poderão encontrar difi-
culdades para serem comercializados.

A questão da equidade social também passa a ser considerada como um


ponto importante pelos compradores dos produtos oriundos da agropecuária. As-
sim, o respeito ao ser humano envolvido na produção deve ser considerado; é
algo simples e que permeia os princípios mais básicos de humanidade. Têm-se
observado grandes avanços nesse importante quesito. As condições dos trabalha-
dores têm melhorado muito, e eles têm sido considerados sujeitos do processo.
É claro, ainda existem espaços para melhorias. No entanto, o nível de conscienti-
zação está muito melhor e várias organizações de produtores estão trabalhando
fortemente essa questão.

A governança engloba as questões ambientais, sociais e econômicas,


pois é através dela que se controla o cumprimento de metas de sustentabilida-
de de uma empresa. Alguns comportamentos que existiam não são mais acei-
tos, e as empresas, independentemente de seu porte, precisam mostrar, cada
vez mais, que os seus produtos são sustentáveis. Juntamente com a susten-
tabilidade, vem a rastreabilidade, que permite que o comprador de qualquer
parte do mundo saiba, em detalhes, como a soja e a carne que ele está consu-
mindo foi produzida.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

4 CULTURAS ORGÂNICAS

As culturas orgânicas são provenientes de sistemas de produção agrí-


cola que buscam a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Caracteri-
zam-se por:
• Uso reduzido de insumos: não utilizam fertilizantes sintéticos, agrotóxicos,
sementes geneticamente modificadas, reguladores de crescimento e intensa
mecanização.

• Manutenção da cobertura vegetal: buscam o menor revolvimento possível


do solo, mantendo a cobertura de matéria orgânica.

• Utilização de técnicas conservacionistas: o manejo é realizado com técni-


cas como rotação de culturas, combinação de plantios, uso de cobertura mor-
ta e de cultivos protegidos.

As vantagens das culturas orgânicas são:

• Menor impacto ambiental: reduz a poluição do solo, da água e do ar.

• Maior segurança alimentar: produz alimentos mais saudáveis e nutritivos.

• Melhor conservação dos recursos naturais: preserva o solo, a água e a


biodiversidade.

A Figura 9 apresenta um mapa mental para entender um pouco mais sobre


as culturas orgânicas.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Figura 9 – Mapa mental sobre as culturas orgânicas e no que elas se baseiam

Fonte: elaborado pela autora (2023).

#ParaTodosVerem: a imagem é um mapa mental ilustrando a definição,


os objetivos e no que se baseiam as culturas orgânicas. Do lado esquer-
do, há três retângulos com os seguintes textos: “Baseiam-se em práticas
ecologicamente corretas sem agredir o meio ambiente”; “Não se utiliza
fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, sementes geneticamente modifica-
das, reguladores de crescimento”; “Objetiva-se a sustentabilidade eco-
nômica e ambiental”. Do lado direito, há outros três retângulos com os
seguintes textos: “Menor revolvimento possível do solo - manutenção da
matéria orgânica”; “Rotação de culturas, combinação de plantios, uso de
cobertura morta e de cultivos protegidos”; “Manejar o solo de forma sus-
tentável”. Ao lado de cada retângulo, há imagens ilustrando as definições.

A P RO F UNDA NDO

Qual a diferença da agricultura orgânica para os sistemas intensivos de


cultivo? A agricultura orgânica é a forma de produção de alimentos em que
se busca manter e/ou aumentar os teores de matéria orgânica no solo para só
depois realizar o plantio. Consiste na baixa utilização de equipamentos, mecani-
zação e insumos agrícolas, e não está relacionada ao tamanho da área plantada.
Já o sistema intensivo de cultivo faz uso intenso de mecanização em todas
as etapas do processo produtivo, desde a preparação do solo, passando pelo
combate às pragas da lavoura e finalizando na colheita, além da utilização de
insumos agrícolas.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

4.1 Técnicas usadas para fertilização orgânica

A fertilização orgânica é um processo que utiliza materiais orgânicos para


melhorar a fertilidade do solo. As principais técnicas de fertilização orgânica são:

COMPOSTAGEM

Consiste na decomposição de material orgânico, como restos de plantas, animais


e alimentos, para produzir um composto rico em nutrientes. O composto é apli-
cado ao solo para fornecer nutrientes às plantas, melhorar a estrutura do solo e
reduzir a erosão.

ADUBAÇÃO VERDE

Consiste no cultivo de plantas que enriquecem o solo com nutrientes, como


nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes. As plantas da
adubação verde são incorporadas ao solo após o seu crescimento, liberando nu-
trientes para as plantas subsequentes.

PLANTIO DIRETO

Consiste na aplicação de cobertura morta sobre o solo após a colheita, a fim de


proteger o solo do impacto das gotas de chuva e do sol intenso. A cobertura mor-
ta também ajuda a melhorar a fertilidade do solo e a reduzir a erosão.

A agricultura orgânica é uma técnica de produção que emprega métodos


biológicos de adubação e controle de pragas em vez de fertilizantes químicos,
pesticidas e outros produtos sintéticos, considerados prejudiciais à saúde e ao
meio ambiente. Com isso, a produção orgânica vai além da não utilização
de agrotóxicos. O cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, cultu-
rais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável. Com a
agricultura orgânica, procura-se criar um ecossistema mais equilibrado, pre-
servar a biodiversidade e oferecer produtos mais saudáveis para a alimenta-
ção humana e animal.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Figura 10 – Colheita de tomate proveniente de agricultura orgânica

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/a-mulher-bonita-
trabalha-em-um-jardim_5557129.htm#query=agrcultura%20
organica&position=24&from_view=search&track=ais&uuid=5e1c3
ff4-fdc5-4ccd-9fd3-402cb885f3ed. Acesso em: 24 nov. 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma pessoa colhendo frutos de to-


mate e segurando em sua blusa alguns frutos que já foram colhidos. No
primeiro plano, há uma mão que faz a colheita do fruto de tomate dire-
tamente do pé e a outra que segura a blusa com três frutos de tomate e
três frutos de pepino.

É importante lembrar também que, para controlar as pragas, a agricultura or-


gânica utiliza métodos naturais e promove o uso racional de água. Um deles é a
agricultura diversificada: com a diversificação, o agricultor recicla e aproveita os
dejetos dos animais e os restos das plantas para a adubação do solo.

Por fim, a agricultura orgânica promove a rotação de cultivos e o plantio de


espécies de plantas que afastam as pragas. É comum o uso de técnicas como a
liberação de insetos predadores de pragas, ou seja, insetos que comem outros in-
setos prejudiciais às plantas e ao solo.

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Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

Durante esta unidade, vimos muitos conceitos, práticas e conhecimentos so-


bre a agricultura. Estudamos desde o seu nascimento decorrente das necessida-
des humanas, até sua expansão, crescimento e mudança.

E M FO C O

Chegou o momento de relembrar todo o conteúdo apresentado durante esta


unidade, na qual foram abordados conceitos, exemplos práticos e discussões
sobre: a agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; ativi-
dade agrícola e desenvolvimento econômico; sistemas de produção agrícola;
e sustentabilidade e culturas orgânicas. Aproveite este conteúdo para se apro-
priar um pouco mais sobre os assuntos.

41
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

NOVOS DESAFIOS
Chegou o momento de colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao
longo da disciplina. Para isso, queremos criar conexões de todo o conhecimento
construído até agora e atrelar ao futuro do seu ambiente profissional. A partir dis-
so, são propostas atividades práticas sobre situações com as quais você vai lidar
no dia a dia da vida profissional. Além disso, também foram propostas autoativida-
des para testar os conhecimentos adquiridos na unidade.

42
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

AUTOATIVIDADES
1 – Você foi contratado para prestar consultoria em uma fazenda que dis-
põe de pouca tecnologia e mão de obra rudimentar. Pretende-se implantar cul-
turas agrícolas em uma área pequena e não é possível utilizar fertilizantes
químicos, levando em consideração aspectos voltados à sustentabilidade e à
proteção do solo.

Diante dessa situação, qual técnica atenderia ao que foi proposto?

a) Agricultura extensiva baseada em técnicas ecológicas.


b) Agricultura intensiva baseada em uma agricultura moderna.
c) Prática agrícola tradicional de terraços.
d) Agricultura patronal.
e) Agricultura baseada no agronegócio.

2 – Na cooperativa rural de sua cidade, há treinamentos periódicos com os


produtores associados. Em um desses treinamentos, você foi convidado para en-
sinar os produtores a reaproveitarem os resíduos orgânicos gerados nas fazen-
das por meio da transformação a partir da atividade de microrganismos que, na
presença de oxigênio, origina um composto fertilizante que será utilizado como
nutriente, servindo como adubo orgânico.

Com base no conteúdo da estudado e nos seus conhecimentos como futuro


técnico, qual é a técnica citada?

a) Compostagem.
b) Adubação verde.
c) Plantio direto.
d) Cultivo orgânico.
e) Rotação de culturas.

3 – A modernização da agricultura brasileira foi induzida pelo processo de in-


dustrialização do país, ou seja, pela política econômica do governo entre 1950 e
1970, que favoreceu a indústria em detrimento da agricultura, o que reforçou o po-
der das cidades e acelerou o êxodo rural.

Assinale a alternativa que apresenta uma consequência do processo de mo-


dernização da agricultura brasileira:

43
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

a) Modificação intensa das paisagens naturais.


b) Atenuação do êxodo rural do interior local.
c) Redução do desemprego do tipo estrutural.
d) Diminuição da produtividade das lavouras.
e) Conservação da cobertura vegetal do país.

44
Agricultura e sua importância para o desenvolvimento regional; Atividade agrícola e desenvol-
vimento econômico; Sistemas de produção agrícola e sustentabilidade; Culturas orgânicas.

REFERÊNCIAS
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Mer-
cado de bioinsumos é tema de debate, 2023. Disponível em: https://www.
embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/80518305/mercado-de-bioinsumos-e-
tema-de-debate. Acesso em: 24 nov. 2023.

FONSECA, L. A. B. V. Fruticultura Brasileira: diversidade e sustentabilidade para


alimentar o Brasil e o Mundo. Confederação Nacional da Agricultura, 3 de maio
de 2022. Disponível em: https://cnabrasil.org.br/noticias/fruticultura-brasileira-
diversidade-e-sustentabilidade-para-alimentar-o-brasil-e-o-mundo. Acesso em: 20
nov. 2023.

HENRIQUES, F. S. A Revolução verde e a biologia molecular. Revista de Ciên-


cias Agrárias, Lisboa, v. 32, n. 2, p. 245-254, 2009.

LIMA, A. F.; SILVA, E. G. A; IWATA, B. F. Agriculturas e agricultura familiar no Bra-


sil: uma revisão de literatura. Retratos de Assentamentos, Araraquara, v. 22,
n. 1, p. 50-68, 2019.

OCTAVIANO, C. Muito além da tecnologia: os impactos da Revolução Verde.


ComCiência, Campinas, n. 120, s. p., 2010.

SISTEMA FEAG SEAR. Sindicato Rural. 2023. Página inicial, Disponível em:
https://sistemafaeg.com.br/. Acesso em: 24 nov. 2023.

WACHEKOWSKI, G.; FIGUEIREDO, T. C.; RIZZI, J. L.; SOARES, N. V. Agrotóxi-


cos, revolução verde e seus impactos na sociedade: revisão narrativa de literatu-
ra. Salão do Conhecimento Unijuí, Ijuí, v. 7, n. 7, p. 1-9, 2021.

45
Introdução à
Agricultura
Edição 1
Sumário

C APÍTULO 2
TEMA DE APRENDIZAGEM

Aspectos econômicos,
culturais, ambientais e
sociais, adubação verde,
fixação de nitrogênio e
compostagem
Minhas metas:

3 Fortalecer a importância das práticas agrícolas sustentáveis para


a sociedade moderna.

3 Compreender os aspectos econômicos, culturais, ambientais e


sociais envolvidos na agricultura.

3 Reconhecer a importância da adubação verde.

3 Conhecer a importância da compostagem na transformação dos


resíduos orgânicos em adubo.

3 Reconhecer a importância da fixação de nitrogênio para a adu-


bação de culturas orgânicas.
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

INICIE SUA JORNADA


Falar sobre agricultura e tudo o que ela representa, contribuindo em todos os
âmbitos da sociedade, é sempre um exercício que nos exige bastante esforço de
articulação de conceitos, teorias e práticas. Por um lado, é crescente a demanda
por alimentos, fibras, energia renovável e outros produtos, o que conduz o setor
a uma busca sistemática por produtividade e produções recordes de modo a con-
tribuir com as seguranças alimentar e energética global. Por outro lado, a exigên-
cia quanto ao emprego de práticas e processos de produção alinhados aos atuais
conceitos de sustentabilidade é cada vez maior pela sociedade.

Essa dinâmica tem provocado severas alterações nos atributos físicos, químicos
e biológicos do solo, que, somadas à aceleração da mineralização da matéria orgâ-
nica (com consequente diminuição da fertilidade do solo), têm diminuído o potencial
produtivo das regiões agroecológicas do Brasil e do resto do mundo. A essa situação,
somam-se questões atinentes ao clima (como temperaturas extremas e ocorrência
de inundações ou secas prolongadas), ao ataque de pragas e à exposição a doen-
ças, que têm causado sérios riscos à segurança alimentar das populações.

Nesse sentido, pretendemos apresentar conteúdos que ajudem o aluno a en-


tender sobre os aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais relaciona-
dos à agricultura, bem como a compreender de forma aplicada como a adubação
verde contribui para a reciclagem de nutrientes e a manutenção da fertilidade do
solo. Além disso, também é necessário compreender a importância da composta-
gem na transformação dos resíduos orgânicos em adubo e da fixação de nitrogê-
nio para o crescimento e o desenvolvimento das culturas, de forma a assegurar o
abastecimento alimentar atrelado ao aumento contínuo da produtividade de forma
sustentável. Essa abordagem é necessária para que se compreenda de que for-
ma serão aplicados os conhecimentos adquiridos nas aulas. Assim, não se trata
de uma atividade simplesmente teórica, mas da aplicação prática do estudante
como profissional na sua área de formação.

P LAY N O CO NHECI M ENTO

Que tal conferir agora a videoaula “Fixação de Nitrogênio”,


que discute os conceitos, a importância do nitrogênio para
as culturas e o potencial da Fixação Biológica de Nitrogênio
(FBN) para suprir a demanda desse elemento pelas plantas?
Além disso, você irá conhecer exemplos práticos da aplicação
da FBN em plantas de importância agrícola. Confira este vídeo
e refresque sua memória!

49
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

VAMOS RECORDAR?
Chegou o momento de relembrar os conceitos e a importância da composta-
gem, sendo uma das formas de destinação ambientalmente adequadas para
os resíduos orgânicos. Confira este vídeo e refresque sua memória!

50
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


A agricultura desempenha um papel crucial na sociedade global, enfrentan-
do desafios como a crescente demanda por alimentos e a necessidade de práti-
cas sustentáveis. A busca por produtividade, a preservação do solo e a resiliência
diante de desafios climáticos são elementos-chave. A dinâmica atual impacta ne-
gativamente a fertilidade do solo, exigindo abordagens inovadoras para manter a
segurança alimentar. O setor agrícola também enfrenta desafios climáticos, como
extremos de temperatura, inundações e secas, afetando a produção. Compreen-
der essas complexidades é vital para orientar políticas e práticas que promovam
uma agricultura sustentável e resiliente.

1 ASPECTOS ECONÔMICOS, CULTURAIS,


AMBIENTAIS E SOCIAIS
O desenvolvimento sustentável é um caminho trilhado diariamente, com
respeito mútuo e consciência de que todas as empresas, comunidades, pessoas
e demais seres estão integrados em um único ecossistema.

1.1 Aspectos envolvidos

• Social

O primeiro pilar refere-se à preocupação com o capital humano e com a so-


ciedade de uma maneira geral. Trata-se de todas as pessoas que estão, direta ou
indiretamente, envolvidas nas atividades desenvolvidas por uma empresa. Isso
inclui, além de seus funcionários, seu público-alvo, seus fornecedores, a comuni-
dade em seu entorno e a população como um todo.

• Econômico

Muitas vezes, a dimensão mais considerada é a dimensão econômica, fun-


damental para a efetividade de qualquer atividade. Toda atividade precisa propor-
cionar o retorno financeiro suficiente para garantir a manutenção dos processos
e a adequada rentabilidade econômica para os que estão diretamente envolvidos
com ela. Para que uma empresa seja economicamente sustentável, ela deve ser
capaz de consumir, produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de
forma que estabeleça uma relação de competitividade justa com os demais con-
correntes do mercado.

51
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

• Ambiental

Por fim, no terceiro pilar, deve-se considerar a valorização dos recursos natu-
rais, fundamentada na capacidade que uma atividade tem de tomar medidas pre-
ventivas para evitar alterações do ambiente que possam perturbá-lo de tal forma
a interferir na vida de plantas e animais. O desenvolvimento sustentável ambien-
talmente correto se refere a todas as condutas que podem causar algum impacto
- direto ou indireto - no meio ambiente, seja em curto, médio ou longo prazo.

Figura 1 – Pessoas segurando mudas de árvores

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/tres-maos-
segurando-uma-planta-jovem-para-plantar_8226727.
htm#page=3&query=sustentavel&position=38&from_vie
w=search&track=sph&uuid=0bf19338-260e-4de6-91ad-
19f42ebed5c4. Acesso em: 27 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de três pares de mãos estendidos, cada


um segurando uma muda de uma árvore com solo aderido a ela.

Procura-se, em primeiro lugar, minimizar ao máximo os danos ambientais


que podem ser causados pela atividade, além de evitar os possíveis desperdícios
no dia a dia de trabalho. Como práticas desse pilar, podemos citar a utilização de
matérias-primas renováveis, o reuso de água e até mesmo a reciclagem e o rea-
proveitamento de resíduos.

52
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Em um outro viés da produção agrícola, o estoque de nitrogênio no solo será


cada vez mais importante quando o assunto for sustentabilidade. Práticas agrí-
colas que aumentam o estoque de nitrogênio no solo e a síntese desse nutriente
pelas plantas, como a prática de adubação verde com as plantas leguminosas,
deverão ser mais valorizadas, acarretando em redução de custos com a utilização
de fertilizantes químicos.

2 ADUBAÇÃO VERDE

A adubação verde é uma prática importante para a agricultura sustentável.


Ela contribui para a melhoria da fertilidade do solo, a redução da erosão, o con-
trole de pragas e doenças e a melhoria da biodiversidade, por meio da utilização
de algumas plantas que são capazes de enriquecer o solo nutricionalmente com
nitrogênio.

2.1 Espécies de adubos verdes e plantas de cobertura e


recomendações para uso

Na recomendação ou na tomada de decisão por determinada espécie de


adubo verde, devem ser considerados alguns aspectos importantes, tais como:
histórico da área; adaptação das plantas ao clima e ao solo da região; especifici-
dade do sistema de produção adotado; não interferência com atividades agrope-
cuárias principais na propriedade; custo financeiro acessível; disponibilidade de
sementes no mercado; e produtividade de fitomassa e facilidade de manejo.

53
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 2 – Mulher segurando cesta de legumes

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-segurando-uma-cesta-cheia-de-
legumes-com-espaco-de-copia_8795314.htm#page=3&query=Agricultura%20
sustentavel&position=5&from_view=search&track=ais&uuid=63bc1e8b-
d034-42be-946e-aa0de81fe593. Acesso em: 28 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma mulher segurando uma cesta


cheia de legumes. Ao fundo, um plantio de culturas agrícolas.

Além disso, a preferência do agricultor pode estar relacionada à tradição de


uso de determinadas espécies e ao desconhecimento de opções mais adequadas
(Abranches et al., 2021).

As leguminosas são as espécies mais divulgadas como adubos verdes,


devido, geralmente, à simbiose com bactérias fixadoras do nitrogênio
atmosférico, o que possibilita a redução ou até mesmo a não utilização
da adubação nitrogenada mineral.

Outras espécies, entretanto, como as gramíneas, crucíferas e compostas,


prestam-se igualmente a essa prática agrícola, sendo denominadas mais frequen-
temente como plantas de cobertura do solo.

54
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

As leguminosas são mais tenras devido a relação C:N ser de aproximada-


mente 20 C:N (mais estreita) no pleno florescimento e no início de formação de
vagens (estádio apropriado para o corte, seguido ou não de incorporação). A de-
composição da fitomassa é mais rápida, sendo favorecidas a mineralização e a
liberação de nutrientes reciclados preexistentes no solo e do N fixado simbiotica-
mente pelos rizóbios.

A liberação do N é mais intensa nos primeiros 60 dias após a incorporação,


possibilitando a semeadura imediata de outra cultura. As chances de lixiviação
do NO-3 são maiores, sendo produzidas quantidades limitadas de húmus em
curto prazo.

As leguminosas são mais responsivas à fertilidade do solo do que a aduba-


ção, a não ser em solos muito degradados.

Figura 3 – Plantas leguminosas no solo

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/plantas-de-
crotalaria-na-leguminosa-comumente-cultivadas-como-adubo-
verde-e-usadas-como-racao-para-gado-bem-como_43594057.
htm#query=crotalaria&position=4&from_view=search&track=sph&uuid=75
ec0662-092c-4024-95e0-63973e169599. Acesso em: 28 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um trator azul sendo utilizado para a


incorporação de plantas leguminosas no solo.

55
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Os nutrientes residuais dos adubos verdes podem, portanto, ser aprovei-


tados pelas culturas posteriores, em quantidades variáveis, de acordo com os
seguintes fatores: espécie de adubo verde utilizada, tempo de decomposição,
temperatura do ambiente, umidade do solo, manejo e fertilidade do solo. Isso
se dá porque existe tendência para a aceleração do processo de decomposição
dos resíduos vegetais em condições de mais disponibilidade de água e de ar
(oxigênio) no solo, de temperaturas superiores, de revolvimento e mobilização
do solo por tratores, grades ou mesmo enxadas e de maior teor de matéria orgâ-
nica em associação ao incremento da população microbiana e ao elevado teor
de nutrientes (Ávila et al., 2023).

A seguir, na Tabela 1, pode-se observar algumas características de algumas


leguminosas utilizadas para adubação verde.

Tabela 1 – Características de algumas leguminosas


utilizadas para adubação verde

Hábito de
Espécie Ciclo Semente
crescimento

Nome Nome Dureza Massa


Vulgar científico (g/ 100 sem.)

Feijão C. anual volúvel Não 58,8


bravo brasilienses

Feijão C. anual ereto Não 114,0


de porco ensiformis

Crotalária C. juncea anual ereto Não 5,0

Mucuna M. pruriens anual volúvel Não 110,0


Cinza

Mucuna M. aterrima anual volúvel Não 68,0


preta

Calopo- C. mucu- perene volúvel Sim 3,5


gônio noides

56
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Hábito de
Espécie Ciclo Semente
crescimento

Siratro M. atropur- perene volúvel Sim 1,4


pureum

Cudzo P. phase- perene volúvel Sim 1,2


oloides

Soja G. wightii perene volúvel Sim 0,5


perene

Galáxia G. striata perene volúvel Sim 3,4

Centro- C. perene volúvel Sim 3,4


sema pubescens

Des- E. perene semi-ereto Sim 0,2


módio ovalifolium

Estilo- E. perene Ereto Sim 0,2


santes guianensis

Amen-
doim

Forra- A. pintoi perene Rastejante Não 14,0


geiro

Fonte: Costa (1993).

2.2 Critérios empregados na seleção de espécies


leguminosas para adubação verde

Entre os critérios empregados na seleção de espécies leguminosas para


adubação verde, podemos destacar:
• Tolerância à seca e geadas: as espécies leguminosas devem ser tolerantes
a condições adversas de clima (seca e geadas), para que possam sobreviver
e fixar nitrogênio mesmo em condições de estresse.

• Crescimento inicial rápido e eficiente cobertura do solo: as espécies legu-


minosas devem apresentar rápido crescimento inicial para que possam rapi-
damente cobrir o solo e impedir o crescimento de plantas daninhas.

57
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

• Produção elevada de massa verde e massa seca: as espécies legumino-


sas devem produzir elevadas quantidades de massa verde e massa seca
para que possam fornecer nutrientes ao solo.

• Elevados teores de N na fitomassa: as espécies leguminosas devem apre-


sentar elevados teores de N na fitomassa para que possam fixar nitrogênio do
ar e disponibilizá-lo para as culturas subsequentes.

• Reciclagem de nutrientes: as espécies leguminosas devem promover a re-


ciclagem de nutrientes como P, K, Ca e Mg, que são essenciais para o cresci-
mento das plantas.

• Pouca suscetibilidade a pragas e doenças: as espécies leguminosas de-


vem ser pouco suscetíveis a pragas e doenças para que não sejam um pro-
blema para as culturas subsequentes.

• Sistema radicular bem desenvolvido: as espécies leguminosas devem


apresentar sistema radicular bem desenvolvido para que possam explorar o
solo em profundidade e absorver nutrientes.

Esses critérios são importantes para garantir que as espécies leguminosas


sejam eficientes na adubação verde, fornecendo nutrientes ao solo e controlando
o crescimento de plantas daninhas.

2.3 Formas de utilização dos adubos verdes

A adubação verde pode ser classificada, de acordo com a sua utilização, em:

(a) Adubação verde de primavera/verão em cultivo solteiro

Consiste no plantio dos adubos verdes no período de outubro a janeiro,


visto que a ocorrência de chuvas, associada às altas temperaturas dessa épo-
ca do ano, permite a produção de grandes quantidades de massa verde, e,
quando se utilizam leguminosas, ocorre também um grande acréscimo de ni-
trogênio ao solo.

58
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 4 – Planta leguminosa utilizada na adubação verde

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/uma-planta-com-feijao-verde-
e-o-sol-brilhando-atraves-das-folhas_49179198.htm#query=PLANTIO%20
LEGUMINOSAS&position=10&from_view=search&track=ais&uuid=39de1113-
c946-4b5b-bab1-5c6425a4eace. Acesso em: 25 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma planta da família das legumino-


sas, utilizadas na adubação verde de culturas agrícolas.

A principal desvantagem desse tipo de adubação verde está na ocupação de


áreas agrícolas durante um período em que são cultivadas plantas de interesse
econômico. Uma alternativa para esse problema seria o plantio de leguminosas
em glebas em pousio na propriedade, deixando-se as outras partes para as cultu-
ras comerciais. No ano seguinte, seria realizada uma rotação.

(b) Adubação verde de outono/inverno em cultivo solteiro

Consiste na semeadura dos adubos verdes entre fevereiro e abril. O cultivo


dessas plantas permite, então, a proteção de áreas que normalmente não são cul-
tivadas nessa época do ano. Ocorre, ainda, uma diminuição da infestação do ter-
reno por ervas invasoras e redução das perdas de nutrientes do solo.

A forma de manejar os resíduos de adubos verdes também traz influências


marcantes sobre a produção de culturas comerciais subsequentes. Além de au-
mentar a produtividade de culturas comerciais, o pré-cultivo com adubos verdes
permite um aumento na população de microrganismos benéficos do solo.

59
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

(c) Adubação verde consorciada com culturas anuais

Consiste em semear o adubo verde nas entrelinhas da cultura comercial, per-


mitindo a produção durante todo o ano.

Esse sistema mostra-se particularmente interessante em pequenas proprie-


dades rurais, pois permite otimizar o aproveitamento de fatores de produção como
energia, água e nutrientes.

Um exemplo desse tipo de adubação verde consiste no consórcio do


milho com leguminosas. No caso da utilização de feijão de porco ou
caupi, a semeadura do milho pode ser feita juntamente com o adubo
verde. Já no caso da mucuna preta, a semeadura das leguminosas deve
ser feita depois do plantio do milho.

(d) Adubação verde consorciada com culturas perenes

O adubo verde, nessa modalidade, é cultivado entre as linhas de frutíferas ou


de outras plantas perenes. Devem ser evitados adubos verdes muito agressivos,
como as mucunas preta e cinza, realizando o coroamento das plantas quando for
necessário. Dentre as vantagens da adoção dessa prática, estão o controle de
erosão, a redução da incidência de ervas invasoras e a atenuação das perdas de
nutrientes do solo.

ZO O M N O CO NHECI M ENTO

A adubação verde consiste numa prática capaz de manter a fertilidade do solo,


colaborando para o aumento da produtividade agrícola. Entretanto, os benefí-
cios oriundos da adição de matéria orgânica ao solo são mais significativos em
médio e longo prazos e não se deve esperar respostas imediatas.

Assim, para otimizar os benefícios dos adubos verdes, é preciso, antes de


tudo, conhecer sua dinâmica de decomposição e a ciclagem dos nutrientes resul-
tantes desse processo, majoritariamente vinculado à atividade dos microrganis-
mos do solo. Outro fator importante a ser considerado relaciona-se à diversificação
de espécies utilizadas como adubos verdes. Isso porque a utilização de uma úni-
ca espécie vegetal pode trazer os mesmos inconvenientes da monocultura, princi-
palmente no que diz respeito ao aparecimento de pragas e doenças.

60
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 5 – Agricultura orgânica

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/perto-de-um-carrinho-de-
mao-com-amendoim_11290738.htm#query=Cons%C3%B3rcio%20
leguminosas&position=33&from_view=search&track=ais&uuid=ce011266-
fb01-412f-88e7-ca5abacd09d6. Acesso em: 27 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um carrinho de mão com amendoim


e outras plantas coletadas. Ao fundo, pessoas trabalhando.

O uso de adubos verdes (plantas de cobertura) conduzido em rotação de cul-


turas no sistema de plantio direto, com qualidade e adaptado regionalmente, traz
grandes benefícios, tais como:

SOLO

Promove melhor conservação e recuperação dos solos, tendendo a desenvolver


um sistema sustentável de produção.

SAIS MINERAIS

Libera gradualmente sais minerais diversos.

61
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

CONSUMO DE ENERGIA

Facilita a distribuição do trabalho durante todo o ano agrícola, levando a uma


economia de mão de obra e a um menor consumo de energia.

BIODIVERSIDADE

Favorece o incremento da biologia do solo (macro, meso e microfauna e flora),


promovendo, assim, maior biodiversidade e melhor equilíbrio ambiental, com
menos ocorrência de pragas e doenças.

UMIDADE

Possibilita melhor aproveitamento da umidade do solo, com diminuição da frequ-


ência de irrigação.

INSUMOS

Uso racional e constante da terra com o emprego mínimo de insumos externos.

FERTILIDADE

Melhoria da fertilidade do solo, em razão de uma maior reciclagem de nutrientes.

INFILTRAÇÃO E ARMAZENAMENTO

Promove aumento da infiltração e do armazenamento de água no solo.

CAPACIDADE PRODUTIVA

Contribui para uma adequada redistribuição (aproveitamento e equilíbrio) dos


nutrientes no solo, proporcionando um aumento da capacidade produtiva.

TRABALHO

Permite melhor distribuição do trabalho durante todo o ano.

62
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

CUSTOS

Favorece a diminuição dos custos de produção e contribui para maior estabilida-


de de produção.

DIVERSIFICAÇÃO DE CULTURAS

Conduz, geralmente, ao aumento dos rendimentos pela diversificação das dife-


rentes culturas e, consequentemente, à tendência de aumento da renda líquida
da propriedade e perspectivas de melhoria na qualidade de vida dos produtores.

3 FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO

O nitrogênio (N) é um constituinte importante da Terra, principalmente da li-


tosfera, sendo distribuído nas rochas, no fundo dos oceanos e nos sedimentos
que contêm 1x1023 g de N, representando 98% do N existente.

3.1 Importância do nitrogênio

O N em forma gasosa ocorre Na biosfera, encontram-se entre 2,8 e


em concentração de 78% da atmos- 6,5x1021 g de N, estando 96% do total
fera terrestre, que tem um estoque de N orgânico terrestre na matéria
estimado em 3,9x1021 g de N em for- orgânica morta e apenas 4% nos
ma diatômica (N2) não combinada, organismos vivos. O N da matéria viva
representando o segundo maior re- encontra-se predominantemente
servatório do elemento. nas plantas (94%), achando-se os
6% restantes nos seres vivos: 4% na
As interferências antrópicas microbiota e 2% nos animais. Não
sobre o ciclo de N são muito inten- existem dados precisos, mas estima-
sas. Por exemplo, o desmatamen- se entre 3 e 5,5x1017 g de N na MOS
to e o cultivo intensivo do solo, com e 1,0 a 1,5x1015 g de N na biomassa
culturas não leguminosas, que re- microbiana do solo. Por ser o solo o
cebem grande quantidade de N principal elo entre os componentes
reduzido, exercem profundas influ- da biosfera, esse reservatório de N é
ências nas transformações e nos de grande importância.
fluxos desse elemento no sistema
solo-planta-atmosfera.

63
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 6 – Solo e nutrientes

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/o-solo-e-rico-em-minerais-e-varios-
nutrientes-para-o-cultivo_7433315.htm#query=rela%C3%A7%C3%A3o%20
Carbono%20nitrogenio&position=7&from_view=search&track=ais&uuid=5
dd14590-2d59-4a6e-8afd-e8fc2937256c. Acesso em: 30 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma porção de solo, de cor marrom,


com uma planta jovem crescendo em seu interior. A planta é verde e
tem folhas pequenas e delicadas. O solo é rico em nutrientes, como po-
tássio, nitrogênio, fósforo, magnésio, cálcio, enxofre, ferro, manganês,
zinco, cobre e boro. A imagem foi tirada em um dia ensolarado, e a luz
do sol incide sobre o solo e a planta, criando sombras e contrastes.

O cultivo intensivo acelera a mineralização da MOS, além de promover a


aplicação de grande quantidade de N-solúvel como fertilizante nas lavouras, en-
quanto o plantio direto e o cultivo de leguminosas enriquecem o solo em N.

64
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

3.2 Formas de fixação do nitrogênio gasoso

O processo de fixação do N pode ocorrer de três formas: a fixação física, ou


espontânea, a fixação industrial e a fixação biológica, descritas a seguir.

Fixação espontânea, ou física

N atmosférico (N2) transforma-se em amônio por intermédio de fenômenos fí-


sicos, como relâmpagos, cuja elevada energia separa as moléculas de nitrogênio
e permite que os seus átomos se liguem com moléculas de oxigênio existentes no
ar, formando óxidos de nitrogênio, sobretudo o nitrato (NO3-). Estes são posterior-
mente dissolvidos na água da chuva e depositados no solo.

Fixação industrial

Sob alta temperatura e pressão, ocorre a ligação entre nitrogênio e hidro-


gênio, formando a amônia (NH3). Esse processo é conhecido como Haber-Bos-
ch, ponto de partida para a fabricação de diversos produtos para agricultura e
indústria.

Fixação biológica

A fixação biológica de N é realizada pelas bactérias diazotróficas, que pos-


suem um complexo enzimático chamado nitrogenase, uma enzima que consegue
quebrar a ligação tripla covalente do nitrogênio (N2) presente na atmosfera, con-
vertido em formas que podem ser utilizadas pelas plantas, as quais conseguem
absorvê-lo.

3.3 Ciclo do N

O gás nitrogênio (N2) é o mais abundante na atmosfera terrestre, represen-


tando 79% do volume do ar. Nos organismos, átomos de nitrogênio fazem parte
de diversas substâncias orgânicas, como proteínas e ácidos nucleicos. Porém,
a maioria dos seres vivos não consegue utilizar o nitrogênio na forma molecular
(N2). Apenas algumas espécies de bactérias são capazes de utilizá-lo, incorporan-
do os átomos de nitrogênio em suas moléculas orgânicas e disponibilizando-o em
outras formas moleculares para o uso de diversas espécies.

Aproximadamente 95% do N presente no solo encontra-se na forma orgâni-


ca. Somente cerca da metade desses compostos já foi identificada. Além do nitro-
gênio orgânico, existem as formas inorgânicas minerais (NH4+, NO2-, NO3-), que
são bem caracterizadas, uma vez que podem ser separadas e quantificadas.

65
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 7 – Ciclo do nitrogênio

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-
de-ciclo-de-nitrogenio_23985683.htm#query=CICLO%20DO%20
NITROGENIO&position=1&from_view=search&track=ais&uuid=46a0d1d8-
ce07-4697-87d4-c2b6d625b549. Acesso em 28 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: A imagem retrata o ciclo do nitrogênio, apresen-


tando os processos fundamentais envolvidos: fixação, amonificação,
nitrificação, desnitrificação e assimilação. Na representação visual,
duas vacas, uma árvore, nuvens e a terra estão presentes. As vacas
simbolizam a contribuição animal para o ciclo, enquanto a árvore repre-
senta a vegetação que utiliza o nitrogênio do solo. As nuvens indicam a
presença de nitrogênio na atmosfera, e a terra representa o solo, onde
ocorrem os diferentes estágios do ciclo, desde a decomposição até a
absorção de compostos nitrogenados pelas plantas.

A esse processo de incorporação de nitrogênio em moléculas orgânicas a


partir do N2, dá-se o nome de fixação do nitrogênio, sendo uma etapa essencial
do ciclo do nitrogênio.

O ciclo do nitrogênio é um ciclo biogeoquímico que garante a circulação do N


no ambiente físico e nos seres vivos.

66
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Ele pode ser dividido nas seguintes etapas: fixação, amonificação, nitrifica-
ção, desnitrificação e assimilação.

Fixação

A primeira etapa do ciclo do nitrogênio, a fixação biológica, ocorre através de


um processo enzimático, no qual o nitrogênio atmosférico (N2) é reduzido à amô-
nia (NH3), por intermédio da ação de microrganismos de vida livre, simbióticos ou
associados aos vegetais, como mostra a equação química abaixo:

N2 + 8e- + 8H+ + 16ATP → Nitrogenase → 2NH3 + H2 + 16ADP + 16Pi

Amonificação

Após a fixação, ocorre a etapa de amonificação, na qual o nitrogênio orgâni-


co, na forma de amônia (NH3) é mineralizado em amônio (NH4+) através de ação
enzimática e na presença de água. A forma amônia é insolúvel em água e alta-
mente tóxica aos tecidos vegetais. Nesse processo, atuam microrganismos tanto
aeróbios como anaeróbios, exclusivamente heterotróficos, que utilizam a matéria
orgânica como fonte de energia. Equação química do processo de amonificação:

NH3 + H2O → NH4+ + OH–

O processo de amonificação pode ser influenciado pelas condições edafo-


climáticas, como: umidade, aeração, temperatura e pH. Além disso, por se tratar
de um processo biológico, também pode ser diretamente afetado pelas atividades
microbianas do solo.

Nitrificação

A nitrificação consiste na oxidação do amônio (NH4+) a nitrato (NO3–), em que


as bactérias nitrificantes utilizam a amônia como fonte de energia e o dióxido de
carbono (CO2) como fonte de carbono (Nanes, 2017). Esse processo ocorre ape-
nas na presença de oxigênio, por ser realizado por bactérias aeróbias.

Dentre os fatores que afetam positiva ou negativamente o processo de nitri-


ficação, temos a aeração do solo, visto que as bactérias responsáveis por essa
etapa são aeróbias; a temperatura (ideal entre 26 ºC e 32 ºC); a umidade do solo;
a calagem e a utilização de fertilizantes.

67
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Desnitrificação

O processo de desnitrificação corresponde à retirada de compostos oxigena-


dos que estão ligados ao nitrogênio, devolvendo-o na forma gasosa à atmosfera
e completando o ciclo biogeoquímico desse elemento. Essa etapa só é possível a
partir da ação de microrganismos anaeróbios do solo que, ao realizarem sua res-
piração, utilizam o nitrato e compostos de carbono como fonte de energia, liberan-
do, assim, o N gasoso à atmosfera. A reação química é descrita a seguir:

5C2H6O + 12NO3– + 12 H+ → 10CO2 + 21H2O + 6N2(g)

No processo de formação de N2, podem ser formados alguns subprodutos,


como o óxido nitroso (N2O) e o óxido nítrico (NO) (Nanes, 2017). Esses gases são
altamente tóxicos e contribuem para o aquecimento global e a destruição da ca-
mada de ozônio.

As principais variáveis que afetam o processo de desnitrificação na natureza


são: a concentração de nitrato e nitrito, o teor de matéria orgânica, a presença de
oxigênio dissolvido, a faixa de valores de pH e a temperatura. Desses fatores, a
concentração de nitrato endógeno presente na água é um dos principais fatores
limitantes do processo

Assimilação

Os elementos presentes na solução do solo são absorvidos pelas plantas


através das raízes. A assimilação do nitrogênio pela planta se dá pelas formas mi-
nerais de NH4+ (amônio) e NO3– (nitrato).

P E N SA N D O JUNTO S

Todas as plantas fixam nitrogênio biologicamente em simbiose com os


rizóbios?
A resposta é NÃO, pois a simbiose é restrita às leguminosas e se caracteriza pela
formação de estruturas especializadas nas raízes, chamadas nódulos, nos quais
ocorre o processo de FBN. Após a formação de nódulos nas raízes, a bactéria passa
a fixar o nitrogênio atmosférico em compostos orgânicos que são utilizados pelas
plantas, eliminando ou diminuindo a necessidade de uso de adubos nitrogenados.

Existem outras espécies de bactérias, além das encontradas em legumino-


sas, capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Estas são conhecidas como bacté-
rias associativas. Em contraste com as plantas leguminosas, essas bactérias não
induzem a formação de nódulos nas raízes e, consequentemente, a quantidade
de nitrogênio fixada nessas plantas é menor.

68
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

3.4 Principais grupos microbianos fixadores de nitrogênio


Os microrganismos associados às plantas podem ser de vida livre, associa-
tivos ou simbióticos. Os simbióticos vivem em nódulos formados nas raízes de le-
guminosas, onde fixam nitrogênio.

VIDA LIVRE

Vivem livremente e não estão associados a nenhuma estrutura da planta.

ASSOCIATIVOS

São microrganismos que se associam à planta, seja pela raiz, pela folha ou pelo caule.

SIMBIÓTICOS

Sobrevivem no interior dos nódulos.

3.5 Formação do nódulo

O nódulo é uma estrutura especializada que se forma nas raízes das plantas
quando ocorre a simbiose. É no interior dos nódulos que as bactérias se alojam,
recebendo substâncias nutritivas produzidas pela própria planta, e, em troca, rea-
lizam o processo de captura e transformação do nitrogênio atmosférico.

As bactérias capazes de induzir a formação de nódulos em plantas legumino-


sas, em que convertem o nitrogênio atmosférico em formas utilizáveis pela planta
hospedeira, são as bactérias do gênero Rhizobium.

3.6 Fatores que afetam a fixação biológica


de nitrogênio

A FBN depende de fatores bióticos (ligados aos organismos vivos) e abióti-


cos (fatores de solo e clima).

Como fatores abióticos, a FBN é afetada principalmente pela acidez do solo,


pela temperatura, pela fertilidade do solo e pela umidade. A acidez do solo afeta
em particular os aspectos nutricionais, como menores teores de fósforo, cálcio e
magnésio, e teores excessivos de alumínio e manganês.

A P RO F UNDA NDO

As elevadas temperaturas do solo são limitantes à FBN, uma vez que afetam
69 praticamente todas as etapas de crescimento do rizóbio e das plantas hospe-
deiras. A deficiência hídrica, além de prejudicar o desenvolvimento das plantas,
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Em relação aos fatores bióticos, pode-se citar o tipo de inóculo e a via de ino-
culação; a seleção de cultivares apropriados; o controle de pestes e enfermida-
des; a competitividade do rizóbio na rizosfera; a sobrevivência saprofítica no solo;
e as interações sinergística e antagônica.

O N desempenha um papel-chave na obtenção de alta produtividade, uma


vez que ele ocupa posição de destaque na nutrição mineral de plantas. Entretan-
to, em decorrência das grandes perdas desse elemento para o ambiente, a efici-
ência de utilização do N pelas culturas é baixa.

3.7 O que é inoculante

O termo “inoculante” significa um produto biológico (microrganismos vi-


vos), ou seja, um adubo natural que ajuda a planta a crescer e produzir satis-
fatoriamente. É formado pela mistura de bactérias (no caso das leguminosas,
são os rizóbios) e um veículo, que pode ser um solo muito rico em matéria or-
gânica, denominado turfa, formulações líquidas ou combinações de turfa com
líquido ou géis.

A inoculação consiste em uma prática na qual ocorre a aplicação do inocu-


lante, o qual contém bactérias benéficas que promovem o crescimento das plan-
tas, seja por meio da fixação de nitrogênio, solubilização de fosfatos, produção de
hormônios ou promoção de biocontrole, comprovadas cientificamente. Essas bac-
térias são adicionadas nas plantas (sementes, raízes, estacas) selecionadas no
momento da semeadura.

3.8 Impactos da FBN na agricultura

A utilização da FBN na agricultura impacta positivamente diversos aspectos.


Ela permite a substituição dos gastos com a aquisição de adubos nitrogenados,
muitos dos quais são importados, aliviando a dependência do Brasil desses insu-
mos no mercado interno. Além disso, a FBN promove o crescimento das plantas,
resultando em maior produção das culturas, desenvolvimento robusto do sistema
radicular e benefícios como aumento da biomassa e área foliar.

Importante destacar que a FBN tem um impacto ambiental positivo, reduzindo

70
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

a emissão de gases de efeito estufa associados à fabricação e ao uso de adubos


químicos, contribuindo, assim, para a mitigação do aquecimento global.

Em resumo, a inoculação propicia a diminuição dos custos de produção e,


consequentemente, aumenta os rendimentos e os ganhos econômicos para a
agropecuária brasileira e para o setor produtivo, além de cooperar com a pre-
servação sustentável do meio ambiente. No Brasil, graças ao processo de FBN,
a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados
nas lavouras de soja.

Por tudo isso, a FBN é uma das tecnologias agrícolas contempladas pelo
Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

4 COMPOSTAGEM

A compostagem, também chamada de reciclagem do lixo orgânico, corres-


ponde a um processo biológico que necessita da presença de oxigênio (aeróbio),
em que um conjunto diversificado de microrganismos realiza a decomposição e a

A P RO F UNDA NDO

O inoculante contém bactérias selecionadas do gênero Bradyhrizobium, que,


quando associadas às raízes de soja, conseguem converter o N2 da atmosfera
em compostos nitrogenados, em quantidades de até 300 kg de N/ha, que serão
utilizados pela planta. Além da economia obtida quando se substitui a utilização
de fertilizantes nitrogenados industriais pela inoculação da soja com bactérias
do gênero Bradyhrizobium, essa é uma tecnologia extremamente simples e que
não polui o meio ambiente (Fey et al., 2020).

reciclagem dos resíduos orgânicos de origem animal ou vegetal e os transforma


em um composto orgânico que é utilizado como adubo orgânico.
Figura 8 – Compostagem

71
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/caixa-de-vermicompostagem-
cheia-de-rico-material-de-compostagem-escuro_65495479.
htm#page=2&query=compostagem&position=21&from_vi
ew=search&track=sph&uuid=537ccf39-e98b-479b-b764-
6f70da4b2b8b. Acesso em: 30 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um balde cheio de minhocas. O balde


é feito de plástico preto e tem uma alça de metal. As minhocas são de
cor marrom e de tamanho médio. Elas estão se movendo e se contor-
cendo no balde, que está coberto de material orgânico, como folhas e
restos de comida.

Alguns dos organismos que atuam no processo de transformação dos resí-


duos orgânicos em adubo são os animais como minhocas, cupins, formigas e mi-
crorganismos, invisíveis ao olho nu, como fungos, algas e bactérias.

Esses organismos obtêm, a partir da degradação da matéria orgânica,


o carbono e os demais nutrientes minerais, necessários para a sua
sobrevivência. Além desses compostos químicos, os microrganismos
também necessitam de condições ideais de temperatura, umidade,
disponibilidade de CO2 e O2, que são desenvolvidas naturalmente
durante o processo.

Os microrganismos provenientes do solo e dos restos vegetais e animais,


presentes durante a compostagem, liberam substâncias e compostos com pro-
priedades que melhoram o rendimento das culturas agrícolas, pelo fornecimento
de nutrientes às plantas e, ao mesmo tempo, promovem a melhoria das condi-
ções químicas, físicas e biológicas do solo.

4.1 Importância da compostagem

Com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil é um dos países que mais
gera resíduos sólidos (IPEA, 2023). Em 2022, o Brasil produziu aproximadamente
81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos nas áreas urbanas (RSU). O mon-
tante corresponde a 224 mil toneladas diárias, das quais 92% foram coletadas.
Com isso, cada brasileiro produziu, em média, 1,043 kg de detritos por dia e 380
kg de lixo por ano.

Dos resíduos coletados, apenas 59,5% foram dispostos em aterro sanitário,


ao passo que 40,5% foram enviados para lixões. Os RSU dispostos em aterro sa-
nitário são compostos por 51,4% de resíduos orgânicos (Abrelpe, 2022).

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Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Figura 9 – Criança em um lixão a céu aberto

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Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Fonte https://br.freepik.com/fotos-gratis/criancas-pobres-
coletam-lixo-a-venda_4553601.htm#query=lix%C3%A3o&from_
query=LIX%C3%95ES&position=15&from_view=search&track=sph&uuid=d93
99dc8-eaa7-4842-9024-3d533f6a1d5f. Acesso em: 27 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma criança agachada com uma fi-


sionomia triste em um lixão a céu aberto. Ao fundo, resíduos do lixão e
mais crianças.

Assim, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a com-


postagem é uma das formas de destinação ambientalmente adequadas para os
resíduos orgânicos. No entanto, apenas 1,6% dos resíduos orgânicos gerados no
Brasil são destinados a usinas de compostagem (IPEA, 2023).

4.2 Fatores que influenciam na compostagem


Os principais fatores que, quando alterados, podem influenciar na composta-
gem são: temperatura, umidade, pH, aeração, relação carbono: nitrogênio, granu-
lometria, sementes, patógenos e metais pesados.

4.2.1 Temperatura
A temperatura é usualmente utilizada como parâmetro indicador da eficiência
do processo de transformação da matéria orgânica, por ser considerada um refle-
xo da atividade metabólica dos microrganismos decompositores.

No início da compostagem, na fase mesófila (temperaturas de até 40 ºC),


predominam os microrganismos bacterianos que são responsáveis pela que-
bra inicial da matéria orgânica, promovendo a liberação de calor na massa em
compostagem. Com o aumento da temperatura para a faixa de 50 a 65 ºC, os
microrganismos mesófilos morrem e ocorre a multiplicação de microrganismos
termófilos, responsáveis pela decomposição acelerada da matéria orgânica.
A temperatura pode chegar a cerca de 80 ºC.

4.2.2 Umidade
No processo de decomposição da matéria orgânica, a umidade garante a
atividade microbiana. Isso porque toda a atividade metabólica depende da água.
Uma das maneiras de verificar o teor de umidade é apertar o composto com as
mãos: se ele tiver uma concentração de água adequada, poderemos sentir a umi-
dade e a agregação do material.

A umidade no interior da lira deve ser mantida em torno de 60%. Os microrga-


nismos apenas conseguem assimilar nutrientes através das suas paredes celulares

74
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

quando estes se encontram na forma dissolvida. A umidade, quando em excesso,


é capaz de dificultar a circulação do ar dentro do composto. A diminuição excessiva
da umidade ocasiona a redução da atividade microbiológica. Os limites ideais para
a umidade do composto, nos quais os microrganismos decompositores são capa-
zes de desenvolver suas funções, são acima de 40% e abaixo de 60%.

4.2.3 PH
Geralmente o pH começa a decair no início do processo de compostagem
como consequência da atividade das bactérias formadoras de ácidos que, ao hi-
drolisar os materiais orgânicos complexos, originam ácidos orgânicos intermedi-
ários. Após algum tempo, o pH volta a subir até que o material se torne alcalino.

No início da compostagem, o pH pode diminuir até, aproximadamente,


5,0, aumentando de forma gradual conforme o avanço da degradação
do composto e estabilizando-se em valores entre 7,0 e 8,0. Os
microrganismos que degradam a matéria orgânica apresentam pH entre
6,5 a 8,0 como faixa ideal para sua atividade metabólica.

O pH é responsável por regular a atividade dos microrganismos presentes na


massa composta. Com o pH elevado, ocorre um período maior de latência, devi-
do à diminuição da atividade microbiana, dificultando o arranque do processo. Por
outro lado, valores baixos de pH não inibem o início do processo, porém, tornam
mais lento o aumento da temperatura, visto que inibem o desenvolvimento de mi-
crorganismos termófilos.

4.2.4 Aeração

O oxigênio é de vital importância para a oxidação biológica do carbono dos


resíduos orgânicos, para que ocorra produção de energia necessária aos micror-
ganismos que realizam a decomposição. Parte dessa energia é utilizada no meta-
bolismo dos microrganismos e o restante é liberado na forma de calor.

ZO O M N O CO NHECI M ENTO

A finalidade da aeração, além de fornecer o oxigênio que a atividade meta-


bólica dos microrganismos demanda, tornando o processo mais rápido do
que se fosse apenas anaeróbio, é atuar como agente de controle da tempe-
ratura. É necessário fornecer ar a qualquer material em compostagem para
assegurar o oxigênio necessário à decomposição orgânica sem que este se
torne um fator limitante.

75
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

O calor resultante da oxidação biológica da matéria orgânica, principalmen-


te devido à oxidação do carbono, é retido na leira, em razão das características
isolante-térmicas da matéria orgânica. Durante o revolvimento, o calor é liberado
para o meio ambiente na forma de vapor de água.

4.2.5 Relação C:N

O carbono é a principal fonte de energia e, quando em excesso no processo,


ocasiona um aumento do tempo de compostagem. O nitrogênio, que é responsá-
vel pela síntese de proteínas, quando em quantidades elevadas, ocasiona uma
rápida degradação do material orgânico, provocando a sua perda por volatilização
da amônia e gerando mau cheiro da leira de compostagem. Assim, a quantidade
apropriada de nitrogênio e carbono favorece o crescimento e a atividade equili-
brada das colônias de microrganismos envolvidos no processo de decomposição,
possibilitando a produção de um melhor composto em menos tempo.

Tendo em vista que esses microrganismos utilizam o carbono (C) e o nitro-


gênio (N) numa proporção de 30 partes do primeiro para uma parte do segundo
(30/1), essa também será a proporção ideal nos resíduos. No entanto, conside-
ram-se os limites de 26/1 a 35/1 como sendo as relações C:N mais recomendadas
para uma rápida e eficiente compostagem.

As fontes de carbono são, em geral, resíduos folhosos (vegetais secos),


enquanto as fontes de nitrogênio são, por exemplo, legumes e folhosos (fres-
cos), bem como resíduos fecais. Durante a decomposição da matéria orgânica,
a relação C:N tende a diminuir, chegando a valores abaixo de 20/1. Ao final do
processo de compostagem, na fase de maturação do composto, a temperatura di-
minui e se estabiliza, e a relação C:N apresenta-se em torno de 10 a 12/1.

4.2.6 Granulometria

A granulometria refere-se ao tamanho das partículas das matérias-primas uti-


lizadas no processo de compostagem, no qual as partículas dos materiais não
devem ser muito pequenas, para evitar a compactação durante o processo, com-
prometendo a aeração. Por outro lado, resíduos como colmos inteiros retardam a
decomposição por reterem pouca umidade e apresentarem menor superfície de
contato com os microrganismos (exemplo, colmos de milho). Restos de culturas
de soja e feijão, gramas, folhas, por exemplo, podem ser compostados inteiros.

A intensidade da decomposição está relacionada à superfície específica do


material a ser compostado, sendo que, quanto menor a granulometria das partí-
culas, maior será a área que poderá ser atacada e digerida pelos microrganismos,

76
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

acelerando o processo de decomposição.

4.3 Condições necessárias para a realização


da compostagem

O local escolhido para a compostagem deve atender a diversos critérios es-


senciais para o sucesso do processo. Primeiramente, é crucial que seja de fá-
cil acesso, garantindo praticidade na manipulação dos materiais envolvidos. Além
disso, a proximidade em relação ao local de armazenamento do material pa-
lhoso, utilizado em grande quantidade, otimiza a logística e facilita o manejo da
composteira.

4.4 Material adequado para o processo de compostagem

Todos os restos de lavouras e capineiras, estercos de animais, aparas de


grama, folhas, galhos, resíduos de agroindústrias, como: restos de abatedouros,
cama de aviário, tortas e farinha de ossos podem ser usados. Quase todo material
de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto

Os materiais que não devem ser usados para fazer compostagem são os
seguintes: madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas, vidro,
metal, óleo, tinta, couro, plástico, laticínios, frutas cítricas, carnes em geral, fezes
e sementes de plantas invasoras, pragas, patógenos e metais pesados, que inter-
ferem na produção agrícola.

4.5 Tipos de composteira

Há dois tipos de composteira: com minhocas (vermicompostagem), melhor


para uso doméstico, ou sem (microbianas), mais indicadas para condomínios ou
comunidades, onde os volumes são maiores.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Como fazer?

A montagem das pilhas deve obedecer à seguinte sequência:


• Distribuir uma camada de palha e/ou capim no solo com 20 centímetros de al-
tura e 1,8 a 2,0 metros de largura ou mais, podendo o comprimento variar de

77
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

acordo com a quantidade de material a ser compostado, e molhar bem antes


de colocar outros materiais em cima;

• Misturar e umedecer os materiais a serem compostados: para cada 1 m3 de


materiais (0,5 m3 de dejetos sólidos e 0,5 m3 de palhadas);

• Formar a pilha até 1,20 m a 1,50 m de altura, com a mistura umedecida a 60%
(ao apertar a massa do composto com a mão não deve escorrer água);

• Cobrir com palhada seca a pilha pronta, para manter a umidade e a


temperatura.

P E N SA N DO JUNTO S

Qual o tempo da compostagem?


O tempo para decomposição da matéria orgânica depende de vários fatores.
Quanto maior for o controle das condições da temperatura e umidade, mais
rápido será o processo. Se as necessidades nutricionais da pilha ou leira fo-
rem satisfatórias, os materiais adicionados em pequenas dimensões, mantida
a umidade adequada e a pilha revolvida todas as semanas, o composto será
estabilizado dentro de 30 a 60 dias, e curado entre 90 a 120 dias.

Após esse período, estará pronto para ser utilizado. Percebe-se que o
composto está pronto quando não ocorre perda de água, é de cor escura, está
solto e com cheiro de terra. Quando esfregar o composto entre as mãos, elas
não se sujam.

4.6 Ciclo da compostagem

Primeiramente, há o alimento, que, após ser processado ou utilizado, trans-


forma-se em materiais orgânicos, como folhas, cascas e restos de comida, que
são levados a uma composteira (podendo ser doméstica ou não). Quanto mais
diversificados forem os materiais orgânicos, melhor será a qualidade do composto
em matéria de nutrientes.

Figura 10 – Ciclo da compostagem

78
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/compost-life-circle-infographic-
processo-de-compostagem-reciclagem-de-residuos-organicos_41125891.
htm#query=compostagem&position=13&from_view=search&track=sph&uuid=d9
e68c10-8989-46dd-b8b4-4dcdc3d37bba. Acesso em 27 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: a figura representa o ciclo da compostagem, em


que inicialmente há o alimento, que, após ser processado ou utilizado,
transforma-se em materiais orgânicos. Posteriormente, esses resíduos
orgânicos são transformados em um produto semelhante à terra, resul-
tado da ação de bactérias e fungos, resultando numa substância húmi-
ca designada como composto, o qual é utilizado em plantações.

Posteriormente, esses resíduos orgânicos são transformados em um produ-


to semelhante à terra, resultado da ação de bactérias e fungos, resultando numa
substância húmica designada como composto. Esse composto é utilizado em
plantações, melhorando as características do solo, tornando-o mais fértil para o
desenvolvimento das plantas. Com a utilização de húmus, é possível a diminuição
do uso de fertilizantes químicos e alimentos mais saudáveis e orgânicos; fechan-
do o ciclo virtuoso da alimentação saudável e sustentável (Rupani et al., 2018).

4.7 Vantagens do uso da compostagem

A prática da compostagem não apenas representa um compromisso ambien-


tal, mas também se revela como um investimento valioso para a saúde do solo e a
sustentabilidade agrícola. Vejamos, agora, algumas das vantagens dessa prática:

SOLO

A matéria orgânica compostada se liga às partículas do solo, ajudando na reten-


ção da água, na drenagem e na aeração. Isso torna o solo mais fértil e produtivo.
O composto favorece a reprodução de microrganismos benéficos às culturas
agrícolas, aumentando a fertilidade do solo.

EROSÃO

A matéria orgânica compostada aumenta a capacidade de infiltração de água,


reduzindo a erosão.

DOENÇAS DE PLANTAS

79
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

O composto aumenta a população de minhocas, insetos e microrganismos dese-


jáveis, que ajudam a controlar pragas e doenças.

TEMPERATURA E PH

O composto favorece a atividade biológica no solo, mantendo a temperatura e o


pH adequados para o crescimento das plantas.

MATÉRIA ORGÂNICA

A compostagem diminui a perda econômica ou aumenta o lucro da propriedade


rural, pois reduz a necessidade de fertilizantes químicos.

Além dos benefícios para o solo, a compostagem também traz benefícios


para o meio ambiente como um todo, tais como:
• Contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários, reduzindo a quan-
tidade de resíduos destinada a eles.

• Diminui a contaminação do solo e do lençol freático: a compostagem evita


que os resíduos orgânicos sejam lançados no meio ambiente, onde podem
contaminar o solo e o lençol freático.

• Produz adubo e biofertilizante natural e gratuito: a compostagem produz um


adubo natural e gratuito que pode ser usado para fertilizar plantas, hortas e
jardins.

• Pode ser um exemplo de sustentabilidade: a compostagem é uma prática


sustentável que pode ser replicada por todos, multiplicando a ideia para ami-
gos, vizinhos e escolas.

Portanto, a compostagem é uma prática benéfica para o solo, o meio am-


biente e a sociedade como um todo. É uma forma simples e eficaz de reduzir o
impacto ambiental e contribuir para a sustentabilidade.

80
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

81
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

NOVOS DESAFIOS
Chegou o momento de aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo da dis-
ciplina e colocá-los em prática. Para isso, queremos criar conexões de todo o
conhecimento construído até agora e atrelar ao futuro ambiente profissional de
vocês. A partir disso, foram propostas atividades práticas sobre situações com as
quais vocês irão lidar no dia a dia da vida profissional. Além disso, também foram
propostas autoatividades para testar os conhecimentos adquiridos na unidade.

82
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

AUTOATIVIDADES
1 – Muitos agricultores utilizam uma técnica conhecida como “adubação verde”
em suas culturas. Essa técnica consiste no uso de certas plantas que são capazes
de reciclar os nutrientes presentes em camadas profundas do solo ou na atmosfera,
tornando o solo mais fértil e produtivo. Ela pode ser realizada de duas formas:

I – plantando-se leguminosas em períodos alternados com outros tipos de


culturas;

II – plantando leguminosas em conjunto com outras plantas que não são


leguminosas.

De acordo com essa técnica, é correto afirmar que:

a) Alternando as culturas ou plantando leguminosas em conjunto com outras


plantas, ocorrerá um aumento na concentração de nitrogênio no solo, contribuin-
do para um melhor desenvolvimento do vegetal.
b) Esse tipo de adubação não difere da adubação química, pois ambos in-
terferem consideravelmente na taxa de aproveitamento desse composto pelos
vegetais.
c) A adubação verde não é tão favorável ao meio ambiente, pois, ao aumen-
tar a taxa de concentração de nitrogênio, causa danos irreversíveis ao solo.
d) Ela é possível somente se forem utilizados herbicidas e inseticidas nas
culturas.
e) Esse tipo de adubação é utilizado na agricultura intensiva, baseada em
uma agricultura moderna.

2 – Na cooperativa rural de sua cidade, há treinamentos periódicos com os


produtores associados, e você foi convidado para ensinar os produtores a reapro-
veitar os resíduos orgânicos que são gerados na fazenda. Os resíduos orgânicos
serão separados do lixo comum e, a partir da sua transformação com o auxílio
de microrganismos e na presença de oxigênio, darão origem a um composto fer-
tilizante que será utilizado como nutriente, servindo como adubo orgânico. Com
base no conteúdo da Unidade Curricular e nos seus conhecimentos como futu-
ro(a) técnico(a), assinale a alternativa que descreve a técnica citada.

a) Compostagem.
b) Adubação verde.
c) Plantio direto.
d) Cultivo orgânico.
e) Rotação de culturas.

83
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

3 – A adubação verde é uma prática de fertilização agrícola que consiste na


adição de determinadas plantas à superfície do solo, tornando-o mais fértil e pro-
dutivo e favorecendo a produção de biomassa vegetal. As plantas utilizadas nesse
tipo de adubação também proporcionam a incorporação ao solo do nitrogênio, es-
sencial à produção de aminoácidos e proteínas.

Assinale a alternativa que apresenta as plantas utilizadas para essa


finalidade.

a) As mais difundidas são as plantas leguminosas, pois enriquecem o solo.


b) Plantas não fixadoras de nitrogênio, para aumentar o conteúdo de nu-
trientes no solo.
c) Plantas que possuem bastante copa, para possibilitar maior quantidade
de resíduos.
d) Plantas não leguminosas, para não agredir o solo.
e) Espécies que possuem muita lignina, celulose e materiais de difícil
decomposição.

84
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

REFERÊNCIAS
ABRANCHES, M. de O. et al. Contribuição da adubação verde nas características
químicas, físicas e biológicas do solo e sua influência na nutrição de hortaliças.
Research, Society and Development, [s.l.], v. 10, n. 7, n.p., 2021.

ABRELPE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚ-


BLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil
2019/2020. São Paulo: ABRELPE, 2022.

ÁVILA, J. S. et al. Milho orgânico cultivado com Herbaspirillum seropedicae e


Azospirillum brasilense associados com adubos verdes. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, [s.l.], v. 27, p. 567-574, 2023.

COSTA, M. B. B. da. (coord.). Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro:


AS-PTA, 1993. 346p.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. So-


bre o tema | Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil. Brasília,
DF: Embrapa, 2023. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/
bitstream/item/249436/1/ADUBACAO-VERDE-VOL-01-ed02-2023.pdf. Acesso
em: 25 nov. 2023.

FAN, Y. V. et al. Evaluation of Effective Microorganisms on home scale organic


waste composting. Journal of Environmental Management, p. 1-8, 2017.

FEY, E. et al. Relato de experiência do controle de plantas espontâneas em cul-


tivos orgânicos de soja, milho e feijão. Cadernos de Agroecologia, [s.l.], v. 15,
n. 2, n.p., 2020.

IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Brasil em desen-


volvimento: Estado, planejamento e políticas públicas. Brasília: Ipea, 2023.

NANES, M. B. Influência da amônia livre na nitrificação parcial em reatores


em série anaeróbio e aeróbio. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017. 83 p.

NASCIMENTO, P. P.; MORANDI, M. A. B. ESG e agricultura: o imperativo da sus-


tentabilidade. AgroANALYSIS, [s.l.], v. 41, n. 12, p. 24-25, 2021.

85
Aspectos econômicos, culturais, ambientais e sociais, adubação verde, fixação de nitrogênio e
compostagem

RUPANI, P. F. w Effects of different vermicompost extracts of palm oil mill efluente


and palm-pressed fiber mixture on seed germination of mung bean and its relative
toxicity. Environmental Science and Pollution Research, [s.l.], v. 25, p. 35805–
35810, 2018.

86
Introdução à
Agricultura
Edição 1
C APÍTULO 3
TEMA DE APRENDIZAGEM

Conservação, preparo do
solo, plantio, semeadura
e colheita
Minhas metas:

3 Perceber a importância da conservação do solo e da produtivida-


de para as culturas agrícolas.

3 Compreender as etapas de preparo do solo, plantio e semeadura


para o sucesso dos cultivos agrícolas.

3 Reconhecer a importância de cada etapa, desde o preparo do


solo até a colheita e a pós-colheita dos frutos.

3 Conhecer as diferentes etapas envolvidas no processo de colhei-


ta, beneficiamento e armazenamento de frutos e sementes de
diferentes culturas de importância agrícola.
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

INICIE SUA JORNADA


A agricultura desempenha um papel fundamental na sociedade, o que de-
manda a integração cuidadosa de conceitos, teorias e práticas. Por um lado,
a contínua busca por alimentos, fibras, energia renovável e outros recursos im-
pulsiona a agricultura a se reinventar, visando alcançar maiores níveis de produ-
tividade e estabelecer novos recordes de produção. Esse esforço é crucial para
atender às crescentes demandas globais por segurança alimentar e energética.
Por outro lado, há uma pressão cada vez maior para que as práticas agrícolas es-
tejam em consonância com os princípios de sustentabilidade, o que exige a imple-
mentação de processos alinhados com esses ideais, atendendo às expectativas
da sociedade contemporânea.

Nesse sentido, pretendemos apresentar conteúdos que ajudem o estudante


a entender sobre os aspectos envolvidos na conservação do solo e na produtivi-
dade, bem como as práticas que visam ao manejo responsável das terras cultivá-
veis, evitando erosão e promovendo o uso eficiente dos recursos.

Ao adotar estratégias de conservação do solo, é possível garantir a sustenta-


bilidade da produção agrícola, proteger a biodiversidade e diminuir os impactos
negativos ao meio ambiente. Além disso, é necessário compreender as etapas
envolvidas desde o preparo do solo, o plantio e a semeadura, a colheita, o benefi-
ciamento e o armazenamento de frutos, de forma a assegurar o abastecimento
alimentar atrelado ao aumento contínuo da produtividade de forma sustentável.
É essencial adotar essa abordagem para entender como os conhecimentos ad-
quiridos em sala de aula serão empregados. Não se trata apenas de teoria; é a
oportunidade para o estudante aplicar, na prática, os conhecimentos adquiridos
em sua formação e se preparar para atuar como profissional em sua área.

P LAY N O CO NHECI M ENTO

Que tal conferir este vídeo sobre técnicas agrícolas? Clique


aqui e assista.

90
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

VAMOS RECORDAR?
Chegou o momento de relembrar os conceitos e a importância das práticas
conservacionistas do solo e da água para a produção de alimentos, ca-
pazes de viabilizar uma agricultura mais produtiva e com sustentabilidade am-
biental. Além de recuperar a capacidade produtiva do solo, ainda permitem o
uso contínuo da terra e reduzem custos de produção. Confira este vídeo e re-
fresque sua memória!

91
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


1 CONSERVAÇÃO DO SOLO E PRODUTIVIDADE

A conservação do solo se refere a um conjunto de práticas que visa preser-


var e proteger a qualidade da terra para garantir sua sustentabilidade em longo
prazo. É o uso da terra para a produção de maiores colheitas e, ao mesmo tem-
po, para resguardá-la da perda de sua produtividade. Para isso, o solo deve ser
manejado de forma a promover o uso adequado de terras, a defesa do solo e a
exploração lucrativa.

1.1 Propriedades envolvidas

O manejo, a proteção e o uso do solo devem se basear, primeiramente, no


seu potencial produtivo, sendo que, para um manejo adequado do solo, é neces-
sário considerar suas propriedades físicas, químicas e biológicas.

FÍSICAS

As propriedades físicas envolvidas são: aeração, retenção de água, compactação


e estruturação do solo.

QUÍMICAS

As propriedades químicas envolvidas referem-se à reação do solo, à disponibili-


dade de nutrientes e às interações entre esses fatores.

BIOLÓGICAS

As propriedades biológicas envolvidas referem-se ao teor de matéria orgânica, à


respiração, à biomassa de carbono, à biomassa de nitrogênio, à taxa de coloniza-
ção e às espécies de microrganismos.

Um bom manejo do solo é aquele que propicia boa produtividade no tempo


presente e que, também, possibilita a manutenção de sua fertilidade, garantindo
a produção agrícola no futuro. Entre os fatores a considerar na escolha do siste-
ma de manejo do solo, estão a conservação ou o aumento do teor e da qualidade
da matéria orgânica, a proteção do solo contra o impacto das gotas de chuva e a
economia da água armazenada.

92
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

A matéria orgânica, ou húmus do solo, desempenha um papel fundamental


para as plantas e para o solo: atua como um cimento que faz a união entre as par-
tículas do solo, formando os agregados. Estes são importantes porque tornam o
solo mais poroso, melhorando e aumentando a infiltração da água da chuva e da
irrigação no perfil e, consequentemente, reduzindo a quantidade da água que vai
com a enxurrada.

Os agregados estáveis também aumentam a resistência do solo ao impacto


das gotas de chuva. Como resultado, ele estará mais resistente aos processos ero-
sivos. A matéria orgânica é importante, também, para aumentar a Capacidade de
Troca Catiônica (CTC), que é a capacidade que o solo tem de armazenar nutrientes
para as plantas, tais como: cálcio, potássio e magnésio. Além disso, a matéria orgâ-
nica é capaz de fornecer nitrogênio, fósforo e enxofre para a nutrição das plantas.

Figura 1 – Resíduos vegetais no solo

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/maos-masculinas-tocando-
o-solo-no-campo-mao-de-especialista-do-agricultor-verificando-
a-saude-do-solo-antes-do-crescimento-da-semente_35032318.
htm#query=conserva%C3%A7%C3%A3o%20do%20solo%20e%20
produtividade&position=6&from_view=search&track=ais&uuid=16b243df-
9760-452b-98fe-7601acbbbc02. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um par de mãos segurando uma


muda de uma árvore com solo aderido a ela. Ao redor, um solo com co-
bertura vegetal.

93
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Nesse contexto, é importante entender as práticas que visam ao manejo res-


ponsável das terras cultiváveis, evitando erosão e promovendo o uso eficiente dos
recursos. São consequências da degradação do solo a erosão, a compactação e
o aumento da salinidade, entre outras. Solos que apresentam essas característi-
cas produzem menos.

Ao adotar estratégias de conservação do solo, é possível garantir a susten-


tabilidade da produção agrícola, proteger a biodiversidade e diminuir os impactos
negativos ao meio ambiente. Inicialmente, deve-se avaliar vários aspectos que
envolvem todo o processo de produção agrícola.

Como profissional contratado por uma fazenda, para prestar assistência téc-
nica, o primeiro passo para conhecer o solo da propriedade é solicitar uma análise
de solo, pois ela nos permite identificar a quantidade de nutrientes, de matéria or-
gânica e o pH do solo. Ela é muito importante, pois a partir dela é feita a recomen-
dação da adubação e calagem na área a ser plantada, permitindo uma nutrição
balanceada para as plantas e o alcance de alta produtividade.

Dentre as técnicas utilizadas para o manejo e a conservação dos solos, es-


tão o plantio direto, a rotação de culturas, a adubação verde, o cultivo em curvas
de nível, o terraceamento e o afolhamento. O sistema de plantio direto, como o
próprio nome sugere, baseia-se em realizar o cultivo diretamente sobre o solo,
aproveitando os restos orgânicos da colheita anterior.

94
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 2 – Plantio direto

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/fileiras-de-safras-
agricolas-no-campo_13060814.htm#query=plantio%20direto%20
palhada&position=34&from_view=search&track=ais&uuid=c148de76-
00f2-491a-a644-086e41ac5228. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um solo com o plantio de culturas


agrícolas, coberto com palhada de vegetação anterior.

Já no sistema de rotação de culturas, ocorre uma alternância entre os tipos


de espécies a serem cultivados. Tal alternância não pode ser realizada aleatoria-
mente, as culturas a serem cultivadas devem possuir certa demanda no mercado
e proporcionar recuperações dos nutrientes do solo. É a técnica mais adequada
para a manutenção da qualidade das terras ou, pelo menos, para conter as agres-
sões ambientais realizadas pela agricultura.

A adubação verde é uma técnica que consiste no enriquecimento do solo,


por meio do plantio de determinadas espécies de plantas (destaque para as legu-
minosas) que fornecem nitrogênio para o solo e visa promover a reciclagem de
nutrientes do solo para torná-lo mais fértil.

O plantio em curvas de nível é uma técnica de manejo utilizada na agricultu-


ra para aumentar a produtividade de uma determinada área. Essa técnica consis-
te na orientação de linhas de plantio em direção às curvas de nível de um terreno.

95
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Outra boa técnica de cultivo do solo é a do terraceamento. Ela consiste em


realizar a produção ordenando a plantação em linhas que seguem as diferenças
de altitude do solo. Essa técnica é mais adequada para terrenos com declividades
(morros, por exemplo) e ajuda a conter o processo de erosão dos solos. Além dis-
so, contribui para a contenção de água, pois, dessa forma, ela escorre mais deva-
gar e tem maior chance de se infiltrar na terra.

Figura 3 – Construção de terraços

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/foto-ampla-de-um-campo-
no-vale-do-douro-portugal-em-um-dia-ensolarado_10111958.
htm#query=terra%C3%A7os%20agricultura&position=39&from_vi
ew=search&track=ais&uuid=44166323-1855-4a4f-b278-
68f7957e1b97. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um solo com plantio de culturas agrí-


colas, plantadas em curvas de nível por meio da construção de terraços.

Além dessas técnicas, existe o afolhamento, método de plantio que divide o


terreno agricultável em duas partes cultivadas e uma em descanso. Essa última
parte permanece sem plantio para a recuperação de seus nutrientes durante cer-
ca de dois anos. Depois, acontece um revezamento entre as áreas.

96
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

2 PREPARO DO SOLO, PLANTIO E SEMEADURA

O preparo do solo é uma das etapas mais importantes na produção agrícola.


Isso porque preparar o solo é um meio de trabalhá-lo para que tenha as melhores
condições para o plantio, dispondo de características físicas e químicas propícias ao
desenvolvimento da cultura, ligadas diretamente à sustentabilidade da propriedade.

2.1 Preparo do solo

Existem diversos tipos de preparo do solo, que podem ser classificados de


acordo com a profundidade de revolvimento, o método utilizado e o objetivo do
preparo.

2.1.1 Tipos de preparo

O preparo convencional do solo consiste no revolvimento de camadas super-


ficiais, que envolve a quebra de torrões para reduzir a compactação, incorporar
corretivos e fertilizantes, aumentar os espaços porosos e, com isso, elevar a per-
meabilidade e o armazenamento de ar e água.

Esse processo facilita o crescimento das raízes das plantas. Além disso,
o revolvimento do solo promove o corte e o enterro das plantas daninhas
e auxilia no controle de pragas e patógenos do solo (Embrapa, 2021).

É importante usar corretamente as técnicas de preparo do terreno para evitar


sua progressiva degradação física, química e biológica. O preparo do solo tem por
objetivo básico otimizar as condições de brotamento, emergência e o estabeleci-
mento das plantas. O sistema, deve, ainda, aumentar a infiltração de água, redu-
zindo a enxurrada e, por consequência, a erosão (Embrapa, 2021).

2.1.2 Implementos utilizados no preparo do solo

Existem diferentes técnicas de preparo do solo para diferentes momentos do cul-


tivo. A seguir, vejamos algumas das principais conforme a etapa de preparo e manejo.

• Preparo primário: o preparo primário é realizado nas camadas mais grossei-


ras e normalmente provoca a irregularidade da terra. Seu objetivo é tornar o
solo menos compactado, revertendo os danos que, inevitavelmente, são cau-
sados pelo trânsito das máquinas e pelas chuvas. Dentre as técnicas de pre-
paração primária, algumas das mais empregadas são:

97
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

• Aração: o primeiro passo do preparo de solo é a técnica de aração, que nada


mais é do que o processo de revirar as camadas da terra. O objetivo é mistu-
rar, trazer o conteúdo que estava debaixo para cima e vice-versa. A etapa de
aração é chamada assim justamente por aumentar o nível de oxigenação da
matéria orgânica, ou seja, ela capta partículas de oxigênio para o solo.

Figura 4 – Sulcos abertos para o plantio

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/vista-da-terra-arada-
sulcos-do-arado-agricultura_3561270.htm#query=preparo%20do%20
solo&position=31&from_view=search&track=ais&uuid=3f627d13-38fd-
419c-8086-e09d4e433dc9. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de sulcos abertos para o plantio. O solo


foi preparado para receber as culturas agrícolas.

É uma prática muito utilizada em regiões de clima temperado, mas pode ser
prejudicial em solos tropicais, como os do Brasil. Como o clima brasileiro provoca
uma redução significativamente maior dos níveis de cálcio do que outros climas,
essa pode não ser uma boa estratégia no longo prazo. Portanto, é indicado procu-
rar alternativas menos agressivas.

98
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Ainda assim, ela apresenta benefícios considerados importantes, como:

• a descompactação da terra;

• o aumento do volume de poros;

• a mistura de componentes minerais e orgânicos;

• o controle de plantas daninhas;

• a incorporação dos restos de outras culturas, adubos verdes, corretivos e


fertilizantes;

• a obtenção de um leito de semeadura.

Para garantir a sustentabilidade da agricultura, é importante que o preparo


do solo seja realizado de forma adequada, de acordo com as características do
solo, a cultura a ser plantada e as condições climáticas. Além disso, é essencial
considerar os benefícios ambientais do preparo mínimo e do preparo direto, que
podem contribuir para a redução da compactação do solo, a melhoria da infiltra-
ção de água e o aumento da biodiversidade.

• Arado de disco: o arado é uma máquina agrícola que apresenta vantagens


e desvantagens. Entre as vantagens, destacam-se a capacidade de operar
em solos com restos de raízes e pedras, a boa incorporação de corretivos e a
atuação em camadas profundas. Entre as desvantagens, estão o baixo rendi-
mento operacional, o alto custo operacional, a formação de “pé de arado” e a
pouca penetração com solo muito infestado de plantas daninhas.

99
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 5 – Arado de disco

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/close-up-agricola-do-arado-na-
terra-maquinaria-agricola_5045258.htm?query=%EF%83%98Arado%20de%20
disco#from_view=detail_alsolike. Acesso em: 28 de novembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um arado de discos sendo utilizado


para o revolvimento do solo.

• Arado de aivecas: o arado de aiveca é uma máquina agrícola que consiste


em uma lâmina curva que corta o solo e o inverte. É uma alternativa ao arado
de disco, sendo mais indicado para solos secos ou compactados. As vanta-
gens do arado de aiveca incluem a melhor penetração no solo em condições
adversas, a capacidade de romper camadas compactadas e o bom enterrio
de plantas daninhas. Essas vantagens tornam o arado de aiveca uma opção
interessante para solos com esses problemas. As desvantagens do arado de
aiveca incluem o baixo rendimento operacional, a dificuldade de operação em
solos argilosos e a regulagem mais difícil. Essas desvantagens podem limitar
o uso do arado de aiveca em algumas situações.

• Escarificação: a escarificação é uma medida um pouco menos agressiva e


igualmente eficiente para fazer o preparo do solo. Com um instrumento pró-
prio, o escarificador mecânico, é possível romper as diferentes camadas do
solo, porém, sem revirá-las ou provocar tanta movimentação. Essa prática
é bastante utilizada para realizar o preparo mínimo da terra e se apresenta
como uma alternativa à aração. Seus principais benefícios são:

100
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

• maior cobertura do solo com restos de outras culturas;

• contribuição para um preparo conservacionista;

• menor demanda de tempo para o preparo do solo;

• menor consumo de combustível.

No entanto, ela também reduz de forma brusca os níveis de cálcio no solo,


o que é bastante desvantajoso. Além disso, não é um método eficiente contra er-
vas daninhas.

• Subsolagem: para aqueles solos que têm a camada superior impedindo o flu-
xo de água ou mesmo o desenvolvimento das raízes da planta, é recomenda-
da a subsolagem. Ela ajuda a descompactar a terra em uma profundidade
que ultrapassa 30 cm. Justamente por isso, os subsoladores têm hastes
maiores e mais longas do que os escarificadores mecânicos. O espaçamento
entre elas também é maior, deixando que a terra tenha vazão durante a ope-
ração da subsolagem.

A P RO F UNDA NDO

Esse é um método que consome mais energia e só é viável para algumas con-
dições específicas, como aqueles casos em que ocorre o impedimento do fluxo
d’água ou do desenvolvimento das plantas.

Além desse procedimento, também é necessária a execução de algumas


ações complementares. A subsolagem deixa a terra bastante irregular. Por isso,
será preciso finalizar o processo com outra técnica antes de iniciar a próxima
cultura.

• Preparo secundário: diferentemente do preparo primário, o secundário conta


com aquelas ações cujo objetivo é nivelar a terra e preparar o leito de seme-
adura, aumentando a facilidade e a eficiência no início de qualquer cultivo.
Para tanto, é preciso constituir uma camada de agregados finos e úmidos,
que favoreça a germinação das plantas. Normalmente, isso é feito por meio
da gradagem.

• Gradagem: gradagem é um processo indicado para fazer a finalização da


aração e da subsolagem. Seu objetivo é quebrar aqueles torrões que ficam
das técnicas aplicadas e tornar a terra mais plana e uniforme para receber a
cultura. Ela pode ser feita com grades de discos ou de dentes. Ainda há a

101
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

opção de utilizar enxadas rotativas ou mesmo os cultivadores de campo. A re-


gulagem conta com diferentes distribuições dos torrões, permitindo que o leito
seja adaptado a cada uma das culturas previstas. Atualmente, a gradagem já
não é mais tão utilizada, porque sistemas como o plantio direto, por exemplo,
não exigem um solo tão uniforme e solto. Além disso, é muito comum que
essa etapa acabe desfazendo tudo o que foi feito durante o preparo primário,
principalmente em função do trânsito das máquinas.

• Grades: a tecnologia apresenta diversas vantagens, sendo eficaz em so-


los infestados com plantas daninhas, garantindo um alto rendimento opera-
cional. Além disso, destaca-se pela facilidade de regulagem e manutenção,
contribuindo para uma operação eficiente com baixo consumo de combus-
tível nas áreas de atuação. No entanto, é importante considerar as desvan-
tagens, como a limitação em atingir pequenas profundidades de trabalho,
geralmente entre 10 a 13 cm, resultando na formação de "pé-de-grade". Adi-
cionalmente, a pulverização do solo pode levar à desagregação, resultando
em processos erosivos.

• Enxada rotativa: a técnica apresenta notáveis vantagens, destacando-se


pela facilidade de uso e sendo um incorporador eficiente para corretivos. Além
disso, proporciona um bom nivelamento do solo, contribuindo para uma
"cama" favorável para sementes. No entanto, é importante considerar as des-
vantagens associadas, como a alta desagregação do solo, resultando em
uma elevada suscetibilidade à erosão. Adicionalmente, o preparo raso pode
limitar o desenvolvimento das plantas, influenciando negativamente no rendi-
mento, e o processo pode implicar custos mais elevados.

A movimentação do solo para o plantio pode promover ou destruir a


agregação do solo. O solo fica mais solto e poroso, permitindo o fácil
crescimento de raízes e emergência das plântulas, mas também
mais suscetível ao desprendimento e carregamento de partículas
de solo (erosão). Em longo prazo, a prática de incorporação do solo
revela impactos significativos, culminando em efeitos adversos para a
qualidade e a saúde do solo.

102
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

A aceleração da oxidação da matéria orgânica superficial compromete a


fertilidade e a capacidade de retenção de nutrientes do solo. Além disso, a fra-
gilização dos agregados resulta em uma estrutura menos estável, reduzindo a
macroporosidade e, consequentemente, prejudicando a eficiência na drenagem
da água no solo. Esses desdobramentos ressaltam a importância de considerar
cuidadosamente as práticas de incorporação do solo, buscando estratégias sus-
tentáveis que preservem a saúde do solo em longo prazo.

• Preparos conservacionistas: são sistemas de manejo que diminuem a neces-


sidade de movimentação do solo para o cultivo, com predomínio de resíduos
vegetais sobre o solo: proteção contra erosão (práticas conservacionistas).

P E N SA N D O JUNTO S

Todas as práticas da agricultura convencional tendem a comprometer a produ-


tividade futura em favor da alta produtividade no presente. Portanto, sinais de
que as condições necessárias para sustentar a produção estão sendo erodidas
devem ficar cada vez mais evidentes com o tempo.

Dessa forma, é fundamental investir em sistemas agrícolas que visam à con-


servação dos solos, mas sem prejudicar a produção. São exemplos de sistemas
de cultivo conservacionistas o cultivo mínimo (ou reduzido) e o sistema de plantio
direto (ou semeadura direta).

• Cultivo mínimo: o cultivo mínimo (também conhecido como preparo redu-


zido) refere-se à eliminação de uma ou mais operações do preparo do solo
para a semeadura, comparado com o sistema convencional. A redução das
operações visa diminuir a compactação do solo causada pelo tráfego de
máquinas e o gasto com combustível, reparos e manutenção, o qual será
menor se houver menos máquinas envolvidas nas operações agrícolas de
preparo do solo.

103
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 6 – Máquina no solo

Fonte:https://br.freepik.com/fotos-premium/foto-do-trator-cultivando-uma-terra-
preparacao-para-o-ano-novo_9556349.htm#query=m%C3%A1quinas%20
no%20solo%20agricultura&position=30&from_view=search&track=ais&uuid=7f
5533c7-45fc-4570-944a-cac7b4a6a9e4. Acesso em: 9 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma máquina trabalhando no solo.


Em primeiro plano, há o solo arado com sementes e raízes espalhadas
e um trator com uma pessoa dentro. Em segundo plano, há a paisagem
com colinas, árvores e parte do céu.

Em resumo, o cultivo mínimo consiste em um sistema de cultivo situado entre


o sistema de cultivo convencional e o sistema de plantio direto. Com a finalidade
de menor envolvimento e compactação, o uso de máquinas agrícolas sobre o solo
é minimizado nesse tipo de sistema. Nele, o preparo do solo acontece apenas nas
linhas necessárias para o plantio.

• Sistema de Plantio Direto (SPD): também chamado de semeadura direta,


refere-se ao ato de depositar no solo sementes, plantas ou partes de plantas
na ausência de mobilização prévia do solo, mediante aração ou gradagem,
mantendo, por consequência, os restos de cultura na superfície do solo da
área cultivada (Denardin et al., 2016).

104
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 7 – Sistema de plantio direto

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/maos-de-mulheres-negras-
ou-plantando-mudas-no-cuidado-da-sustentabilidade-da-agricultura-do-
solo-ou-planejamento-de-crescimento-futuro-no-apoio-as-mudancas-
climaticas-agricultor-zoom-ou-plantas-de-folhas-verdes-no-ambiente-
natureza-ou-jardim_42285342.htm#page=200&query=plantio%20de%20
sementes&position=4&from_view=search&track=ais&uuid=a8056246-
db41-46c7-b786-8ef77be29098. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de mãos femininas realizando o plantio


de culturas agrícolas sobre a palhada com resíduos orgânicos.

Dessa forma, a semente ou a planta é colocada no solo não revolvido, e o


plantio ocorre por meio de plantadoras que abrem pequenos sulcos. Cada sulco
deve ter profundidade e largura suficientes para uma boa cobertura e para o con-
tato da semente com o solo, o que permite a germinação. As plantas daninhas
são controladas com herbicidas, já que as capinas mecânicas são dispensadas
para evitar que o solo se revolva (Reis, 2017).

Sendo assim, o plantio direto refere-se ao não revolvimento e à cobertura


permanente do solo, bem como à rotação de culturas. Dessa forma, é possível
evitar perdas causadas pela erosão, que, além do solo, carrega para os cursos

105
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

d’água adubos e outros produtos químicos, constituindo uma fonte de poluição e


de degradação dos rios e outros mananciais. De acordo com Cruz et al. (2019),
o SPD está fundamentado: na eliminação/redução das operações de preparo do
solo; no uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas; na formação e
manutenção da cobertura morta; na rotação de culturas; e no uso de semeadoras
específicas.

A P RO F UNDA NDO

O plantio direto pode ser considerado uma modalidade do cultivo mínimo, vis-
to que o preparo do solo se limita ao sulco de semeadura, procedendo-se à
semeadura, à adubação e, eventualmente, à aplicação de herbicidas em uma
única operação (Cruz et al., 2019). O SPD envolve, em síntese, três etapas. A
primeira envolve a colheita e a distribuição dos restos da cultura antecessora
para formação da palhada; a segunda é a aplicação de herbicidas; e a terceira,
por fim, é o plantio. Esse sistema é bastante eficiente para controlar a erosão,
porque deixa os resíduos vegetais sobre o solo, promovendo a sua mobilização
mínima (Reis, 2017).

Dentre os equipamentos utilizados nos manejos conservacionistas, tem-se o


rolo-faca. A função específica do rolo-faca é de derrubar, amassar ou picar a ve-
getação, os restos culturais ou as plantas de cobertura, facilitando o próximo plan-
tio e formando uma camada verde sobre o solo que pode se manter durante todo
o ciclo das culturas, interferindo o mínimo possível no solo.

A camada verde tem o poder de suprimir a germinação de plantas daninhas,


reduzir o número de aplicações de herbicidas, proteger o solo contra a ação erosi-
va do impacto das gotas de chuva, além de servir como um protetor solar do solo,
mantendo uma estabilidade da temperatura e diminuindo a perda de umidade por
evaporação.

106
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 8 – Rolo faca

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/combine-a-colheita-de-um-campo-
de-trigo-combine-o-trabalho-no-campo_21135968.htm#query=rolo%20faca%20
AGRICULTURA&position=41&from_view=search&track=ais&uuid=c4587
6c4-e80e-4986-8ed3-02e07d43fca4. Acesso em: 8 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um equipamento agrícola chamado


rolo-faca realizando a operação de deixar as plantas de soja no solo.

Para o sucesso do plantio direto, deve-se considerar alguns fatores:

• Qualificação do agricultor: é importante que o agricultor tenha um amplo co-


nhecimento e domínio de todas as fases do sistema, envolvendo o manejo de
mais de uma cultura e, muitas vezes, uma associação de agricultura e pecuária.

• Gerenciamento e treinamento de mão de obra: é especialmente importan-


te em relação às pessoas que irão operar as principais máquinas do sistema
(semeadoras, pulverizadoras e colhedoras) e realizar os tratos culturais.

• Boa drenagem de solos úmidos com lençol freático elevado: o Sistema


de Plantio Direto (SPD) já promove um aumento da água no solo (em con-
sequência do menor escoamento superficial, da maior infiltração e da menor
evaporação), o que pode agravar o problema de excesso de umidade em so-
los com drenagem deficiente.

107
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

• Eliminação prévia de compactação ou de camadas adensadas: a presen-


ça de camadas compactadas no solo geralmente resultantes do uso inade-
quado de arados ou de grades aradoras causa uma série de problemas que
podem reduzir a produtividade. Como no SPD não ocorre revolvimento do
solo, a eliminação dessas camadas compactadas deve ser realizada antes da
implantação do sistema.

• Nivelamento da superfície do terreno: solos cheios de sulcos ou valetas


devem ser nivelados previamente, tornando a superfície do terreno o mais
homogênea possível.

• Correção da acidez do solo antes de iniciar o plantio direto: como no


SPD o solo não é revolvido, é muito importante corrigi-lo tanto na camada
superficial como na subsuperfície. Para isso, ele deverá ser amostrado de
0 cm a 20 cm e de 20 cm a 40 cm e, se necessário, efetuar a calagem, será
preciso incorporar o calcário o mais profundamente possível; por isso, utili-
za-se a aração e a gradagem antes da implantação do sistema. Caso neces-
sário, deve-se providenciar a aplicação de gesso para correção da camada
subsuperficial.

• Cobertura de solo: os restos culturais devem cobrir, pelo menos, 80% da su-
perfície do solo ou manter 6 t/ha de matéria seca para cobertura do solo. Esse
é um dos requisitos mais importantes para o sucesso do plantio direto, por
afetar praticamente todas as modificações que o sistema promove.

• Uso do picador e do distribuidor de palhas nas colhedoras: atividade que


visa promover a melhor distribuição dos restos culturais na superfície do solo,
facilitando o plantio e protegendo o solo de maneira mais uniforme.

• Controle de plantas daninhas: as plantas daninhas deverão ser identifica-


das e receber um controle específico antes mesmo de o SPD ser iniciado.

Antes de realizar o plantio de qualquer cultura, deve-se realizar uma análi-


se de solo, para o diagnóstico de sua fertilidade, permitindo a recomendação das
quantidades de adubos e calcário necessárias para obter rendimentos elevados
das culturas. A calagem serve para fornecer Ca e Mg para as plantas e corrigir os
teores de alumínio do solo, mas seu principal objetivo é corrigir a acidez do solo.

A correção do solo com calcário, quando necessária, deve ser realizada


em duas etapas: a primeira antes da aração; e a segunda por ocasião da gra-
dagem e em quantidades suficientes para elevar a saturação por bases a 60% e
com teores de cálcio e magnésio trocáveis para o mínimo de 16 e 3 mmolc dm-3,
respectivamente.

108
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

2.2 Plantio e semeadura

O plantio é o ato de colocar partes vegetativas ou mudas no solo. É utilizado


para culturas que não produzem sementes, como a cana-de-açúcar, a mandioca
e algumas hortaliças. A semeadura é o ato de colocar sementes no solo. É utiliza-
da para culturas que produzem sementes, como o milho, o arroz, a soja, o trigo e
o algodão. Ambos os processos visam à implantação de uma cultura de interesse
socioeconômico. O plantio e a semeadura devem ser realizados de forma ade-
quada para garantir o sucesso da cultura.

2.2.1 Tipos de plantio

O plantio é o processo de colocar mudas ou estruturas vegetativas no solo.


Pode ser realizado em covas, sulcos ou a lanço.

COVAS

Covas são utilizadas para culturas perenes, como citrus, café, seringueira etc.
Também podem ser utilizadas para culturas semiperenes, como a mandioca.

ESTRUTURAS VEGETATIVAS

Estruturas vegetativas são partes de plantas que podem ser utilizadas para pro-
pagação, como toletes, manivas (mandioca), estacas etc.

SULCOS

Sulcos são utilizados para culturas anuais, como milho, soja, arroz etc.

LANÇAMENTO

Lançamento é o processo de espalhar as sementes ou mudas no solo de forma


aleatória.

A escolha do método de plantio depende da cultura, do tamanho da área e


das condições do solo. Entretanto, muitas culturas, mesmo com o plantio em co-
vas, são feitas a partir da abertura dos sulcos, facilitando a demarcação das linhas
de plantas e também a construção da cova.

109
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 9 – Plantio de batata em covas

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/muitas-plantas-jovens-de-batata-no-
jardim-bedx9xa_39782323.htm#page=200&query=Plantio%20em%20
covas&position=43&from_view=search&track=ais&uuid=23902426-c4f4-42aa-
bc56-05c834210b57. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um plantio de batatas realizado em


covas. No solo de terra, há sulcos e plantas crescendo entre eles.

Existe uma modalidade especial de plantio, que é a do arroz inundado, na


qual a semeadura é realizada em canteiros e depois o plantio é feito dentro da
água, utilizando-se máquinas ou manualmente.

2.2.2 Tipos de semeadura

A semeadura pode ser realizada de diferentes formas: em covas, direta (plan-


tio direto), em linhas e a lanço.

110
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

SEMEADURA DIRETA

A semeadura direta (plantio direto) é realizada diretamente em solo não revolvido,


sem utilização de canteiros, de modo a aumentar o número de plantas por área,
pela eliminação das ruas entre canteiros. Nesse caso, deve-se evitar épocas ou
locais sujeitos ao encharcamento.

SEMEADURA EM LINHAS

É o tipo mais utilizado principalmente para as culturas anuais. Normalmente,


as semeadoras mais utilizadas apresentam de duas a seis linhas, sendo que o
número varia de acordo com a cultura e a topografia do terreno. Quanto maior
for o espaçamento entre linhas e maior a declividade, menor deve ser o número
de linhas utilizado, uma vez que se torna difícil manter o trator no espaçamento
indicado, bem como aumentam as perdas com linhas mortas. No caso de controle
mecânico das plantas daninhas, deve-se levar em consideração o número de
linhas do cultivador.

SEMEADURA A LANÇO

Utilizada na cultura do trigo, principalmente quando se pretende ganhar tempo.


Nesse caso, o sistema é viável desde que se utilize 30% a mais de semente, quan-
do comparado com a semeadura em linhas.

As operações irão depender do tipo de sistema a ser utilizado, do solo, da


quantidade da cobertura do solo, da característica da cultura, entre outras variá-
veis, mas, em geral, as operações são:

• Sistema convencional:

• preparo do solo;

• adubação;

• incorporação do adubo (grade de disco);

• semeadura;

• aplicação de herbicida.

• Sistema direto:

• aplicação de herbicida; e

111
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

• semeadura com a adubação.

• Sistema de pré-germinadas: as sementes pré-germinadas são distribuídas


a lanço na área. Além disso, a época de plantio ou semeadura é importante,
uma vez que as culturas possuem exigência diferente com relação à tempera-
tura, à umidade e, às vezes, ao fotoperíodo.

O cronograma de semeadura para diferentes cultivos agrícolas varia ao longo


do ano. A soja, por exemplo, é semeada entre os meses de outubro e novembro.
Já o feijão tem seus períodos de semeadura distribuídos nas fases conhecidas
como "da seca", "das águas" e "de inverno". O milho, por sua vez, é semeado
em outubro e novembro, considerado o período normal, e também em fevereiro e
março, para a safra de safrinha. Para o trigo, a semeadura ocorre no intervalo de
março a maio, destacando a diversidade de épocas e cuidados necessários para
otimizar o cultivo dessas importantes culturas.

3 COLHEITA

A colheita é uma etapa extremamente importante na agricultura, porque é


dela que por vezes depende a qualidade e, em muitos casos, a quantidade do
produto agrícola colhido, devendo ser feita da melhor maneira possível para evitar
perdas significativas.

A colheita pode ser determinada por meio de critérios visuais ou critérios


técnicos e irá depender da espécie, comercialização, finalidade (mesa, indústria
etc.), época do ano, disponibilidade de mão de obra etc.

3.1 Tipos de colheita

A colheita manual é mais utilizada em pequenas áreas, em regiões onde a


mão de obra é barata ou naquelas onde limitações impostas por obstáculos (pe-
dras, tocos etc.) ou topografia impeçam a utilização de outros métodos de colhei-
ta. Esse tipo de colheita é geralmente de subsistência. Portanto, o cuidado com
os alimentos é feito individualmente. Isso possibilita observar imperfeições com
maior facilidade, impedindo ingestão de frutos de má qualidade. Uma das maiores
desvantagens é a quantidade de tempo gasto nesse processo.

A colheita é considerada semimecanizada quando consiste na associação


da colheita manual com a mecânica. É o caso, por exemplo, da derriça do café
fazendo-se uso de um derriçador: o estendimento da lona sobre o cafeeiro é ma-
nual, e a derriça se faz com o equipamento mecanizado. Na cultura do feijão,
o arranquio e o ajuntamento são realizados de forma manual, sendo seguidos
pela trilha, realizada mecanicamente.

112
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 10 – Colheitadeira de soja

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/colheitadeira-trabalhando-
no-campo-de-trigo-colheita-conceptgenerative-ai_39618217.
htm#page=2&query=colhedora%20automotriz&position=12&from_vi
ew=search&track=ais&uuid=14e76e29-2f2b-4476-a3c8-
80049efacb85. Acesso em: 7 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma colheitadeira de soja realizando


a colheita mecanizada.

A máquina empregada para esse fim é a trilhadora estacionária ou batedeira


de grãos. No caso da colheita do arroz, a ceifa (corte) e o recolhimento das plan-
tas é realizado manualmente. A trilha, como no caso do feijão, é feita utilizando-se
uma trilhadora estacionária.

O processo de colheita mecanizada é utilizado por agricultores de médio a


grande porte e faz o uso de maquinário específico. O investimento em máquinas
como trator, com vibrações das barras de ferro ao passar pelo campo do plantio,
auxilia na coleta rápida. Isso possibilita, por exemplo, que sejam colhidos apenas
os frutos maduros, mas não os verdes. Entre as desvantagens desse processo
está o fato de ser um investimento muito alto. Ex: uso de colhedora automotriz na
colheita de milho, arroz, soja, cana, eucalipto etc.

113
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

3.2 Ponto de colheita

A maturidade na colheita é o fator mais importante para se determinar o tem-


po de armazenamento e a qualidade final do fruto. Quando os frutos e as hortali-
ças são colhidos em seu ponto ideal, melhores condições de manuseio e
armazenamento serão possibilitadas, evitando-se que ocorram perdas ao longo
da cadeia. Com algumas exceções, a maioria das frutas alcança sua melhor qua-
lidade quando amadurecidas na planta. No entanto, a colheita é comumente reali-
zada antes desse período ideal, para que as frutas possam suportar o sistema de
manuseio pós-colheita e transporte a longas distâncias.

A P RO F UNDA NDO

A decisão da colheita envolve também aspectos como as condições climáticas


e econômicas, quando nem sempre a melhor ocasião de coleta coincide com a
melhor qualidade encontrada no campo. Nesse sentido, a execução da retirada
dos frutos do campo de modo prematuro ou tardio requer adaptações no mane-
jo pós-colheita, podendo afetar a qualidade ofertada ao consumidor.

Produtos colhidos prematuramente podem apresentar resistência mais eleva-


da a danos mecânicos, porém, isso não significa uma vantagem. Os danos mecâ-
nicos causados nos estágios iniciais de amadurecimento, e que não são visíveis
nessa etapa, resultarão posteriormente em produtos com a aparência e qualidade
comprometidas.

Em bananas verdes, por exemplo, danos causados por abrasão e compres-


são serão responsáveis pelo aparecimento de manchas escuras na casca. A co-
lheita prematura pode ocasionar redução no valor nutricional e, por vezes, baixa
aceitação dos consumidores. Aqui, faz-se necessária a distinção entre a colheita
antecipada de produtos que atingiram a maturidade fisiológica daqueles que fo-
ram colhidos imaturos. Mesmo colhidas prematuramente (desde que o produto
esteja em sua maturidade fisiológica), frutas e hortaliças poderão tornar-se aptas
ao consumo.

Por sua vez, frutos colhidos imaturos não continuarão o processo de amadu-
recimento e entrarão em senescência sem terem atingido a sua melhor qualidade.
Além da notória perda nutricional, a probabilidade de descarte é aumentada, uma
vez que o produto pode não estar agradável ao consumo. Temperaturas baixas na
hora da colheita podem causar mais danos.

114
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 11 – Colheita

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/tantos-vegetais-
neste-campo_10729697.htm#page=2&query=colheita%20
agricultura&position=23&from_view=search&track=ais&uuid=f2933189-
a6e4-4d81-b1f3-d5c2965f8d68. Acesso em: 9 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de uma colheita manual feita por um


homem e uma mulher. Eles estão em meio à plantação, agachando-se
para realizar a colheita.

Estudos com o pimentão mostraram que o tecido fica mais suscetível a da-
nos físicos quando colhido a 10 ºC ou abaixo disso (Brecht; Sargent, 2011).

A decisão de adiar a colheita para além do ponto ideal traz outros de-
safios. Frutas e hortaliças em estágios avançados de amadurecimento tendem
a apresentar textura macia, ficando mais suscetíveis a danos mecânicos. Desse
modo, todas as etapas após a colheita devem assegurar ainda mais a proteção
contra a incidência de cortes, abrasões e amassamentos.

Sistemas nessas operações devem evitar danos, como os causados por pe-
ças pontiagudas, compressões e quedas. Deve-se prestar atenção especial à
embalagem para envolver e proteger a produção. Além dos danos mecânicos,
há o risco de doenças e pragas pós-colheita. Frutos e produtos tardios são mais

115
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

suscetíveis a elas devido a aberturas por danos mecânicos ou paredes celulares


menos rígidas. Com a maturação, o aumento do teor de açúcares cria um ambien-
te propício a doenças fúngicas.

A colheita tardia, após o ponto ideal, exige coordenação entre armazenamen-


to e logística para preservar a qualidade e garantir escoamento eficaz. Isso inclui
controle contra patógenos e tecnologias para retardar o amadurecimento. O ponto
ideal de colheita varia por fruto, avaliado por observação prática, avaliações físi-
cas ou métodos físico-químicos. O método escolhido deve se adequar às caracte-
rísticas específicas de cada produto vegetal.

Os métodos de observação prática dependem da experiência e do treina-


mento do responsável pela colheita, enquanto as avaliações físicas são realiza-
das por instrumentos, gerando medições objetivas do amadurecimento. Por se
tratar de métodos não destrutivos, são avaliações amplamente adotadas. Já
os métodos físico-químicos são medidas mais sofisticadas, que requerem infraes-
trutura laboratorial, tempo para o processamento de resultados e a necessidade
de retirada de amostras dos frutos.

3.2.1 Frutos climatéricos

Frutos climatéricos são aqueles que apresentam um pico na atividade me-


tabólica na fase de amadurecimento. Portanto, nesse pico, também chamado de
pico climatérico, ocorre uma alta taxa de produção de etileno e uma elevada res-
piração. O etileno é responsável por induzir o amadurecimento do fruto. Já a res-
piração, por degradar substâncias de reserva. As substâncias de reserva do fruto
são principalmente ácidos, açúcares e vitaminas.

116
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 12 – Colheita de maçã madura

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/trabalhador-senior-
colhendo-macas-em-um-pomar_11139291.htm#query=colheita%20
p%C3%AAssego&position=4&from_view=search&track=ais&uuid=a0d5e3
1b-1320-46e0-b3f4-2186c14fe94d. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de um homem mais velho colhendo uma


maçã da árvore.

A principal implicação prática da classificação em frutos climatéricos e não


climatéricos é que frutos climatéricos podem ser colhidos quando seu processo de
maturação ainda não estiver completo, ou seja, o fruto pode ser colhido imaturo,
pois completará sua maturação e seu amadurecimento fora da planta. Exemplos
de frutos climatéricos: pêssego, caqui e maçã.

3.2.2 Frutos não climatéricos

Frutos não climatéricos não apresentam um pico climatérico. O comporta-


mento da produção do etileno e da respiração é constante, ou seja, não ocorre
um aumento acentuado durante o amadurecimento. Por essa característica, es-
ses frutos não amadurecem fora da planta. Portanto, a colheita deve ser realizada
quando o fruto estiver com seu processo de amadurecimento completo, com to-
das as características que os tornam aptos ao consumo.

117
Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Figura 13 – Morangos imaturos

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/morango-no-jardim_1156198.
htm#query=morango%20planta%C3%A7%C3%A3o&position=24&from_
view=search&track=ais&uuid=c892755e-bc39-405b-a268-
c44fcfdcee20. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de morangos imaturos na planta-


ção. Eles apresentam cor esbranquiçada, com alguns pontos mais
avermelhados.

Frutas como a laranja, a uva e o morango devem ser colhidas completamen-


te maduras. Se um fruto não climatérico for colhido ainda imaturo, permanecerá
com alta acidez e baixos teores de açúcares, e não ocorrerão mudanças na co-
loração, mesmo que permaneça por semanas destacado da planta. Após vários
dias, o fruto irá murchar e entrar em senescência sem ter se tornado apto para o
consumo, ao contrário dos frutos climatéricos.

4 BENEFICIAMENTO

O beneficiamento é uma das etapas finais do programa de produção, sendo


a unidade de beneficiamento a fase em que o produto adquire suas característi-
cas finais e é preparado para a distribuição no mercado. Isso é feito após a retira-
da de contaminantes, como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos,
pedra, sementes de plantas daninhas, pedaços de plantas, materiais indesejáveis
e que não estão relacionados com o produto.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

4.1 Objetivos

O beneficiamento de sementes tem como objetivos eliminar agentes conta-


minantes e classificar as sementes por tamanho.

4.2 Beneficiamento de sementes

O beneficiamento de sementes tem como objetivos eliminar agentes conta-


minantes e classificar as sementes por tamanho, utilizando características como
tamanho, peso específico, forma, grau de rugosidade da casca, cor e condutivida-
de elétrica.

4.3 Beneficiamento de frutos

O beneficiamento de frutos é um conjunto de operações que visa melhorar a


qualidade e a conservação dos frutos. As principais etapas do beneficiamento de
frutos são:
• Seleção: no Brasil, a seleção caracteriza-se pela retirada e eliminação manu-
al, antes da classificação de frutos danificados, deformados e com presença
de doenças. A eliminação de frutos com doenças é importante, pois limita a
sua disseminação.

• Limpeza: a etapa da limpeza é uma das principais no sistema de beneficia-


mento e classificação, e de maior influência na qualidade do produto, sendo
que pode ser realizada de maneiras distintas.

Alguns pontos nessa etapa merecem especial atenção. A água tem im-
portância tanto em relação à qualidade como à quantidade de água utilizada.
A lavagem pode ser realizada em tanques ou a partir de jatos de água, sejam es-
tes na forma spray ou de pequenas gotas de água, ou em uma associação de
duas alternativas, imersão em tanques e jatos de água, em geral, nessa ordem.
Para o tomate de mesa, é mais comum a lavagem dos frutos utilizando-se spray.
Observa-se em vários galpões de beneficiamento o entupimento dos bicos utiliza-
dos para lavagem, prejudicando a eficiência dessa operação.

Existem diversos modelos de escovas no mercado para utilização


na etapa de limpeza e classificação. As cerdas podem ser de origem
vegetal, sintética ou animal. As de origem sintética e vegetal, em geral,
são utilizadas na etapa inicial de lavagem; e as de origem animal são
mais usadas no polimento, após ou durante o processo de secagem. As
escovas na etapa de secagem são de espuma.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

A rotação das escovas pode variar, existindo recomendações na literatura de


que ela deve ocorrer entre 100 a 120 rpm. Essas recomendações são variáveis de
acordo com o fruto a ser beneficiado, o estádio de maturação e o equipamento utili-
zado. Estudos de avaliação das escovas nas etapas de limpeza e classificação de-
tectaram que, em alguns casos, as rotações no processo de lavagem podem atingir
até 160 rpm. Escovas mais novas e rotações muito altas podem causar danos físicos
aos frutos. Para o polimento e a secagem, essas rotações atingem em geral 120 rpm.

• Aplicação de ceras: no Brasil, a aplicação de ceras ocorre em geral para fru-


tas destinadas à exportação, por exemplo, limão, laranja e manga, sendo que,
para outras, como o tomate, essa utilização não é muito comum.

Outros países utilizam ceras à base de carnaúba com excelentes


resultados na conservação do produto.

Figura 14 – Tecnologia agrícola

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/fazendeiros-roboticos-
inteligentes-fazendeiros-roboticos-tecnologia-agricola-automacao-
agricola_21544355.htm#query=pesagem%20automatizada%20
plantio&position=1&from_view=search&track=ais&uuid=4c24b9dd-bcc8-
4ff2-b5c6-338dd513bda7. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

#ParaTodosVerem: fotografia de braços robóticos auxiliando na


plantação.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

Em geral, a aplicação de cera se dá por meio de spray, e, depois, o produ-


to passa por um túnel de secagem. A classificação de frutos pode ser realizada
com equipamentos nacionais ou importados, totalmente automatizados ou não.
As classificadoras mais utilizadas são: esteira de grade hexagonal e pesagem
automatizada.

5 ARMAZENAMENTO

A rede de armazenagem de produtos agrícolas apresenta-se como um ele-


mento indispensável ao incentivo à produção agrícola, sendo constituída de es-
truturas destinadas a receber a produção agrícola, conservá-la em perfeitas
condições técnicas e distribuí-la posteriormente, servindo ainda para manter o
produto até a fase de industrialização ou para aguardar melhores preços.

Estruturalmente, a rede de armazenagem de grãos brasileira é constituída


de unidades armazenadoras, as quais podem ser classificadas sob três critérios:
(a) entidades a que pertencem (órgãos governamentais, cooperativas e particu-
lares), (b) localização (a nível de fazenda, coletoras, subterminais e terminais),
e (c) tipos de edificação (convencional e a granel).

5.1 Fatores climáticos que influenciam no armazenamento


A umidade das sementes é função da umidade relativa do ar. Quanto maior a
UR do ar, maior a umidade das sementes e, portanto, menor o período de conser-
vação das sementes. Embora de importância menor que a umidade (UR), a tem-
peratura do ar também pode desempenhar um papel importante na conservação
de sementes.

A grande maioria das espécies terá suas sementes melhor conservadas


quanto menor for a temperatura de armazenamento. Entretanto, um pequeno nú-
mero de espécies não pode ser armazenado a baixas temperaturas, perdendo ra-
pidamente a viabilidade. Ex: sementes de cacau.

5.2 Tipos de armazenamento para grãos

O armazenamento de produtos pode ser realizado de duas maneiras:

A primeira diz respeito aos produtos embalados, isto é, quando os produtos


são acondicionados em sacos, caixas ou outros tipos de embalagens. Essa forma
de armazenamento é geralmente utilizada para produtos de pequeno porte ou que
precisam ser protegidos de danos físicos.

A segunda maneira é denominada a granel. Logo, os produtos são

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

armazenados sem embalagem, diretamente em silos ou outros tipos de estrutu-


ras. Essa forma de armazenamento é geralmente utilizada para produtos de gran-
de porte ou que não precisam ser protegidos de danos físicos.

5.3 Tipos de armazenamento de frutas e hortaliças

Existem diversos tipos de armazenamento de frutas e hortaliças, cada um


com suas próprias características e vantagens. A escolha do tipo de armazena-
mento adequado depende de uma série de fatores, como o tipo de produto, o vo-
lume a ser armazenado e as condições climáticas da região.

• Armazém comum: refere-se às condições normais de clima regional, que de-


vem ter temperaturas baixas. Sem meios de controle, torna-se inseguro para
a maioria dos produtos.

• Armazém em atmosfera controlada: consiste em ambientes com controle


de oxigênio, gás carbônico, temperatura e umidade. O oxigênio nas câma-
ras é reduzido para 1% a 3%, mantendo temperatura constante conforme a
espécie. A umidade fica em 95%, e o gás carbônico é monitorado. No Brasil,
é usado principalmente para maçãs.

• Armazém a frio: requer ambiente adequado para manter temperatura unifor-


me dentro de limites aceitáveis. Para reduzir a carga no sistema refrigerador,
é útil realizar pré-refrigeração, mesmo que seja desafiador. Após isso, o arma-
zém remove o calor gerado pela respiração dos produtos armazenados.

Os fatores envolvidos no armazenamento a frio são:

QUALIDADE

No armazenamento, não se melhora a qualidade. O objetivo é conservá-la ou


diminuir as perdas.

MATURIDADE DO PRODUTO

Obtém-se um máximo aproveitamento do produto quando os frutos são de alta


qualidade e quando se armazena logo após a colheita.

UMIDADE RELATIVA

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

A UR do ar afeta diretamente a qualidade do produto armazenado. Se ela é


baixa, ocorre o murchamento e enrugamento; se for alta demais, pode ocorrer
decomposição pela ação de microrganismos. Geralmente a UR recomendada é
de 85% a 95%.

TEMPERATURA

As baixas temperaturas são mais adequadas para a maioria dos produtos. Isso
porque retarda a respiração e o metabolismo geral.

O armazenamento adequado de frutas e hortaliças é fundamental para ga-


rantir a qualidade desses produtos e evitar perdas econômicas.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

NOVOS DESAFIOS
Chegou o momento de aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo da dis-
ciplina, colocando-os em prática. Para isso, queremos relacionar todo o conhe-
cimento construído até agora ao futuro ambiente profissional de vocês. A partir
disso, foram propostas atividades práticas sobre situações com as quais vocês
irão lidar no dia a dia da vida profissional. Além disso, também foram propostas
autoatividades para testar os conhecimentos adquiridos na unidade.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

AUTOATIVIDADES
1 – O preparo do solo compreende as práticas que antecedem a semea-
dura, oferecendo-se condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas. No
_______________, o solo é preparado mediante aração seguida de gradagem,
de gradagem com grades aradoras ou grades pesadas. No _______________,
o preparo do solo se caracteriza pela menor utilização de implementos. Nesse sis-
tema, basicamente, utiliza-se a grade niveladora e, eventualmente, o arado esca-
rificador, que revolve o solo, melhorando a sua drenagem e a condição física. No
_______________, o plantio é feito em pequenos sulcos abertos no solo coberto
de palha, sem a necessidade de aração ou gradagem da superfície do terreno,
sendo mantidos, no solo, os restos das culturas anteriores.

Preencha corretamente as lacunas na ordem em que estão dispostas no


texto:

a) Cultivo convencional, plantio direto e cultivo mínimo.


b) Cultivo mínimo, cultivo convencional e plantio direto.
c) Cultivo mínimo, plantio direto e cultivo convencional.
d) Plantio direto, cultivo mínimo e cultivo convencional.
e) Cultivo convencional, cultivo mínimo e plantio direto.

2 – Existe um equipamento simples e de custo acessível, usado no sistema


de plantio direto para o manejo da vegetação e de restos culturais superficiais,
que pode ser construído na propriedade. Sua finalidade básica é o manejo mecâ-
nico cultural de espécies de plantas protetoras e recuperadoras do solo, visando
ao acamamento da biomassa vegetal e um melhor desempenho das semeado-
ras de plantio direto com tração animal, evitando embuchamentos e facilitando as
operações de plantio com matracas. É constituído de um corpo cilíndrico, apoiado
em dois mancais, no qual se inserem lâminas dispostas ao longo de sua superfí-
cie e igualmente espaçadas, que giram livremente em torno do seu eixo longitudi-
nal. Pode ser acionado por tração animal ou motomecanizada.

Assinale a alternativa que descreve o implemento citado.

a) Rolo-faca.
b) Grade de dentes.
c) Grade de discos.
d) Rolo-disco.
e) Segadeira.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

3 – Na esfera das atividades agrícolas, as máquinas, as ferramentas e os im-


plementos desempenham um papel primordial ao executar uma ampla gama de
operações essenciais. Isso inclui não apenas as tarefas fundamentais de preparo
do solo e plantio, mas também abrange a aplicação precisa de defensivos e ferti-
lizantes. Além disso, esses equipamentos desempenham um papel crucial nas fa-
ses subsequentes do ciclo agrícola, englobando a colheita eficiente e o transporte
dos produtos cultivados.

Considerando os inúmeros tipos e funções das máquinas e dos implementos


agrícolas, assinale a alternativa correta.

a) O destocador é uma cadeia de elos, com reforços transversais, fabricado


para promover a derrubada e o arrancamento de árvores em terrenos de cerrado.
A população das plantas lenhosas não deve exceder 2.500 árvores por hectare.
b) A gradagem pesada é realizada com arado de aiveca, que tem a vanta-
gem de realizar a aração e a gradagem numa mesma operação.
c) Escarificadores e subsoladores são usados para diminuir a compactação
e aumentar a taxa de infiltração de água em solos. Como resultado, há melhor
controle da erosão hídrica.
d) O arado de discos promove melhor incorporação dos restos culturais
quando comparado com o de aivecas.
e) O arado de aiveca, devido ao grande número de discos e sua complexi-
dade, só é passível de uso por tração animal.

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Conservação, preparo do solo, plantio, semeadura e
colheita

REFERÊNCIAS
BRECHT, J. K; SARGENT, S. A. Bell Pepper Bruising Increases with Lower
Temperature and Higher Turgidity. Florida State Hort. Soc., Gainesville, v. 124,
p. 256-259, 2011.

CRUZ, J. C. et al. Sistemas de plantio direto de milho. Ageitec, 2019.

DENARDIN, J. E. et al. Boletim técnico informativo: sistema plantio direto. Pas-


so Fundo: Embrapa Trigo, 2016.

EMBRAPA. Preparo convencional. Embrapa, 2021.

REIS, A. C. Manejo de solo e plantas. Porto Alegre: Sagah, 2017.

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