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Modernismo –

Vanguardas
... O propósito da s Vanguarda s Europeia s er a romper contr a
os princípios tr adicionais, buscando, par a isso, nova s
maneir a s de expressão...
Arte tradicional X Arte Moderna
O gr ande conflito do começo do século XX foi entre os
tr adicionalista s, que visavam à manutenção dos princípios clássicos,
e os modernista s, que buscavam romper com tais valores. Por isso,
é importante esta belecermos uma compar ação entre essa s visões.

• Arte tr adicional
• Referência e influência clássica: valores greco-romanos.
• Busca de um ideal de perfeição por meio da imitação da
natureza.
• Arte mais a gr adável, voltada ao equilíbrio, r acionalizada e
de proporcionalidade.
• Marcada por muita s regr a s e convenções.

Na s ima gens a seguir, observe que a imitação da natureza na s


escultur a s, por exemplo, se dá por meio da riqueza de detalhes na
representação da anatomia do corpo humano.

Deus Possêidon Míron – D i s c ó b o l o


• Arte moderna
• Romper contr a os princípios clássicos.
• Ênfa se na interpretação da natureza.
• Busca de nova s forma s de expressão e interpretação.
• Arte expressiva, marcada por provocações e questionamentos.

Nesse contexto de oposição entre a arte tr adicional e a arte


moderna é que surgem a s Vanguarda s Europeia s, a s quais, de
maneir a r adical, buscam novos caminhos, nova s forma s de
interpretação e, consequentemente, nova s maneir a s de enxergar a
realidade.
As Vanguardas Europeias
A palavr a “vanguarda” origina-se da junção de dois termos
fr anceses: a v a n t (avante, adiante) e g a r d e (guarda, tropa). Sendo
a ssim, vanguarda é aquilo que segue adiante, à frente, tendo o
futuro como direção.

As Vanguarda s Europeia s, portanto, consistir am em uma postur a


r adical de ruptur a contr a os princípios clássicos tr adicionais,
negando, par a isso, o pa ssado. Tal rompimento se deu por meio da
busca de nova s forma s de expressão, visto que a s tr adicionais não
interessavam mais naquele momento.

Ao todo, for am cinco a s gr andes Vanguarda s Europeia s:


• Futurismo
• Expressionismo
• Cu bismo
• Dadaísmo
• Surrealismo
Futurismo
Matriz de toda s a s vanguarda s, o Futurismo surgiu na Itália, em
1909, com Filippo Tomma so Marinetti.

Em seu M a n i f e s t o F u t u r i s t a , Marinetti defendia a ruptur a contr a


o presente e o pa ssado por meio da adoção de uma postur a
r adicalmente destrutiva. Dessa forma, propunha a destruição de
biblioteca s e museus, da sintaxe da gr amática tr adicional, etc., a fim
de que se construíssem nova s forma s de expressão a partir do
zero.

O futuro, portanto, er a homena geado por meio da valorização da


velocidade e da exaltação da tecnologia que estava surgindo
naquele começo de século XX: luz elétrica, locomotiva a vapor,
automóvel, etc.
Sendo a ssim, o centro da pintur a futurista foi justamente a
valorização da tecnologia por meio da representação da eletricidade
e da velocidade; como autor mais relevante, destacou-se Giacomo
Balla.

Giacomo Balla – L u z d a r u a
Nesta obr a, por exemplo, em vez representar a figur a de um
automóvel, como seria na pintur a clássica, Giacomo Balla expressa
sua interpretação do que seria um automóvel em velocidade.

Giacomo Balla – V e l o c i d a d e d o a u t o m ó v e l

Em O s d e d o s d o v i o l i n i s t a , tam bém se vê a interpretação de


Giacomo Balla acerca da velocidade dos dedos de um músico ao
tocar o violino, em vez de ser apena s a representação perfeita de
um instrumento.

Giacomo Balla – O s d e d o s d o v i o l i n i s t a
Na linha futurista, a poesia foi marcada por apresentar versos
curtos e rápidos, demonstr ando velocidade. Além disso, a expressão
er a mais espontânea, sem preocupar-se em seguir regr a s
tr adicionais de escrita.

Ode Triunfal
À dolorosa luz da s gr andes lâmpada s elétrica s da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo r angendo os dentes, fer a par a a beleza disto,
Par a a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó roda s, ó engrena gens, r-r-r-r-r-r eterno!


Forte espa smo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria for a e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados for a,
Por toda s a s papila s for a de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó gr andes ruídos modernos,
De vos ouvir dema siadamente de perto,
E arde-me a ca beça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de toda s a s minha s sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquina s!
(Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa)
Expressionismo
O Expressionismo defendia a ruptur a contr a os moldes
tr adicionalista s por meio da adoção de uma postur a mais expressiva,
exa ger ada e expansiva par a retr atar angústia s, crises, desa bafos
interiores.

Assim, a arte expressionista car acteriza-se pela distorção da


realidade como expressão de angústia s interiores.

O nome do Expressionismo na pintur a foi Edvard Munch. Nos


quadros a seguir, por exemplo, temos a realidade distorcida de
maneir a exa ger ada e o uso de cores quentes e intensa s par a
mostr ar a percepção da vida a partir da angústia.

Edvard Munch – A m o r e d o r Edvard Munch – A n s i e d a d e

Edvard Munch – G ó l g o t a Edvard Munch – O g r i t o


O representante número um da arte expressionista é o quadro
O g r i t o , tam bém de Edvard Munch.

Na liter atur a, por fim, Augusto dos Anjos é exemplo de uma poesia
que vê a realidade distorcida, exa ger ada, a partir de uma angústia
interior.

Homem, carne sem luz, criatur a cega,


Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca te maldiz!

O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o ômega


Amargur am-te. Hebdômada s hostis pa ssam...
Teu cor ação se desa grega,
Sangr am-te os olhos, e, entretanto, ris!
(Augusto dos Anjos)
Cubismo
Par a compreendermos o Cu bismo, é melhor pensarmos no termo do
qual deriva o nome dessa vanguarda: “cu bo”, que, nesse ca so,
significa “pedaço”.

O Cu bismo, portanto, defende o rompimento com a perspectiva


tr adicional, consider ando que esta apresenta uma visão limitada.
Dessa forma, propõe a fr a gmentação da realidade em pedaços, par a
que se possa enxergar, ao mesmo tempo, toda s a s sua s faces.

Na pintur a, o principal nome cu bista foi Pa blo Pica sso, em cuja s


obr a s conseguimos ver a projeção simultânea de vários
fr a gmentos de um objeto ou pessoa.

Pa blo Pica sso – A M u l h e r q u e C h o r a


Pa blo Pica sso – V i o l i n o e U v a s

Pa blo Pica sso – M e n i n a c o m B a n d o l i m


Na poesia cu bista, a realidade tam bém é representada em
perspectiva s diversificada s, a s quais não apresentam uma ligação
aparente entre si.

Observe, a seguir, no trecho do P o e m a d e S e t e F a c e s , de Carlos


Drummond de Andr ade, como se dá a fr a gmentação do eu-lírico em
sete faces diferentes.

Quando na sci, um anjo torto


desses que vivem na som br a
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

As ca sa s espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde pa ssa cheio de perna s:


perna s br anca s preta s amarela s.
Par a que tanta perna, meu Deus, pergunta meu cor ação.
Porém meus olhos
não perguntam nada. [...]
(Carlos Drummond de Andrade)
Dadaísmo
Assim como o Futurismo, o Dadaísmo tam bém foi uma vanguarda
que propunha a ruptur a r adical e forte contr a os princípios
clássicos. Par a isso, pautou-se no deboche da arte tr adicional, que
er a vista como su blime, sa gr ada, séria e repleta de regr a s.

Lider ado por Tristan Tzar a e outros artista s do Ca baré Voltaire, em


1916, na Suíça, o Dadaísmo defendia a arte como resultado do
espontâneo. Sendo a ssim, valorizava a falta de planejamento e a
ausência de princípios, regr a s e correções.

É por isso que o Dadaísmo é muito compar ado a uma postur a


infantil, ou seja, ligada à espontaneidade de uma criança e ba seada
na irreverência, no deboche da própria arte. O poema a seguir é um
bom exemplo de como seria a produção dadaísta.

Receita par a fazer um poema dadaísta


Pegue um jornal.
Pegue uma tesour a.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção alguma s palavr a s que formam
esse artigo e meta-a s num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade
gr aciosa, ainda que incompreendido do público.
(Tristan Tzara)
Outr a car acterística marcante do Dadaísmo é o tr a balho com o
n o n s e n s e , a falta de lógica. A ideia er a exatamente não fazer
sentido, ma s, sim, debochar, zoar. Veja, a seguir, o que os próprios
dadaísta s falavam acerca de sua arte.

• “Ser dadá é ser antidadá.”


• “A arte não é séria.”
• “Nós escarr amos na humanidade.”

A seguir, confir a exemplos de obr a s dadaísta s, na s quais prevalece


uma arte metalinguística, que debocha de si mesma.

René Ma gritte

Nessa obr a, por exemplo, Ma gritte brinca ao dizer que, mesmo sendo
uma pintur a perfeita de um cachim bo, semelhante às produções
clássica s, “isto não é um cachim bo”, porque, segundo ele, é apena s
o desenho do objeto.

Marcel Duchamp é outro autor que se destacou no Dadaísmo ao


expor, como obr a s de arte, elementos da vida comum cotidiana.
Marcel Duchamp – Roda de Bicicleta Marcel Duchamp – A Fonte

Por fim, veja a pintur a L . H . O . O . Q . (do fr ancês “elle a chaud au cul”,


que significa “ela tem a bunda quente”), na qual Duchamp zom ba da
arte tr adicional ao pintar bigode e cavanhaque na famosa M o n a L i s a ,
de Leonardo Da Vinci.

Marcel Duchamp – L. H . O . O . Q
Surrealismo
O Surrealismo originou-se na França, em 1918, com André Breton, e
caracterizou-se pela expressão psicológica de aspectos relacionados ao
inconsciente reprimido do ser humano.

Sendo assim, enquanto o Dadaísmo trabalhava o nonsense por meio do


deboche, o Surrealismo foi uma vanguarda que abordou a falta de sentido
por meio da exploração psicológica.

O uso de imagens ligadas aos sonhos foi bastante evidente nas obras
surrealistas. A isso, damos o nome de exploração do mundo onírico, ou seja,
o mundo do sonho como expressão do inconsciente e extravasamento de
aspectos emocionais.

Na poesia, o poeta brasileiro Murilo Mendes foi bastante associado ao


Surrealismo. Observe um de seus poemas a seguir, em que predomina a
falta de lógica e a exposição de um erotismo inconsciente.

Estudo n.º 6
Tua ca beça é uma dália gigante que se desfolha nos meus br aços.
Na s tua s unha s se escondem alga s vermelha s,
E da árvore de tua s pestana s
Na scem luzes atr aída s pela s a belha s.
Caminharei nesta manhã par a teus seios:
Virei ciumento do orvalho da madrugada,
Do tecelão que tece o fio par a teu vestido.
Virei, tendo aplacado uma a uma a s estrela s,
E, depois de rolarmos pela escadaria de tapetes su bmarinos,
Voltaremos, deixando madrépor a s e concha s,
Obedecendo aos sinais precursores da morte,
Par a a gr ande pedr a que a s idades balançam à beir a-nuvem.
(Murilo Mendes)
Na pintur a, Salvador Dalí foi o nome mais importante; em sua obr a
mais conhecida, intitulada A p e r s i s t ê n c i a d a m e m ó r i a , Dalí
representa, por meio dos relógios, a diluição da memória humana
(lem br ança s) à medida que o tempo pa ssa.

Salvador Dalí

Salvador Dalí – A P e r s i s t ê n c i a d a M e m ó r i a

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