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UC ANESTESIOLOGIA & TERAPÊUTICA ODONTOLÓGICA

INTRODUÇÃO À ANESTESIOLOGIA
NEUROFISIOLOGIA / NEUROANATOMIA

Profa. Karine Duarte da Silva


ANESTÉSICOS LOCAIS
Muitos procedimentos odontológicos
seriam impraticáveis caso não
existisse o recurso da anestesia local.
~250-300 milhões
de anestesias
DOR odontológicas / ano
ANESTÉSICOS LOCAIS
Raros relatos de algum tipo de reação adversa grave.

Fármacos muito seguros.

Saber farmacocinética e farmacodinâmica,


incluindo toxicidade dos anestésicos locais e
Anestesia local segura, dos vasoconstritores, para assim poder
com profundidade e selecionar a solução mais apropriada ao tipo de
duração adequadas procedimento e condições de saúde do
paciente.
ANESTÉSICO LOCAL

São fármacos utilizados para bloquear


temporariamente a condução dos
impulsos nervosos, levando à perda ou
diminuição da sensibilidade dolorosa.
ANESTESIA LOCAL

“É definida como a perda da sensação em uma área circunscrita do corpo


causada pela depressão da excitação nas terminações nervosas ou pela inibição
do processo de condução nos nervos periféricos.”
(MALAMED)

Uma característica importante da anestesia local é a perda de


sensibilidade DOLOROSA sem indução da perda de consciência
Anestesiologia

NEUROFISIOLOGIA
O conceito por trás da ação dos anestésicos locais é simples:

✓ Eles impedem a geração e a condução de um impulso nervoso.

✓ Estabelecem um bloqueio da via química entre a origem do impulso e o cérebro.


Anestesiologia

ESTÍMULO
QUEM FAZ ESSA CONDUÇÃO:
• O neurônio, ou célula nervosa, é a unidade estrutural do sistema nervoso.

• Responsável por transmitir mensagens entre o sistema nervoso central (SNC) e


todas as partes do corpo.

• Existe dois tipos básicos de neurônios:


• SensoriAis (Aferentes – chegAm no SNC) e;
• MotorEs (Eferentes – saEm do SNC).
Neurônio sensorial
Fisiologia dos Nervos Periféricos
✓ A função de um nervo é carregar mensagens sob a forma de potenciais de
ação elétricos, que são denominadas impulsos nervosos.

✓ Os impulsos nervosos são desencadeados por estímulos químicos, térmicos,


mecânicos ou elétricos.
MEMBRANA CELULAR
• Todas as membranas biológicas são organizadas para bloquear a difusão de moléculas solúveis em
água, e para ser seletivamente permeáveis a determinadas moléculas através de poros ou canais
especializados.

• A membrana é constituída de duas camadas de moléculas de lipídeos (bicamada de fosfolipídeos) e


proteínas, lipídeos e carboidratos associados.

• As proteínas canais são consideradas poros através da membrana, permitindo o fluxo passivo de alguns
íons (Na+ , K+ , Ca++).

• Ela separa concentrações iônicas diferentes no interior do axônio daquelas do exterior.


Fisiologia dos Nervos Periféricos
• Os neurônios têm um corpo celular e um núcleo,
como todas as outras células;

• Diferem das outras células por terem um processo


axonal, do qual o corpo celular pode estar a uma
considerável distância.

• O axônio, é um longo cilindro de citoplasma neural


(axoplasma) envolto por uma bainha fina, a
membrana nervosa ou axolema.
IMPULSO NERVOSO

• A membrana nervosa em repouso tem uma resistência elétrica cerca de 50 vezes maior do que
aquela dos líquidos intracelular e extracelular.

• A condutividade elétrica da membrana nervosa no impulso aumenta aproximadamente 100 vezes.

• Esse aumento da condutividade permite a passagem de íons sódio e potássio através da


membrana nervosa.

• É o movimento desses íons que proporciona fonte de energia imediata para a condução de impulsos
ao longo do nervo.
Propagação de Impulsos
✓ O estimulo rompe o equilíbrio de repouso da membrana do nervo.

✓ O impulso (potencial de ação elétrico) precisa se mover ao longo da superfície do


axônio.

✓ O potencial é invertido momentaneamente, mudando o interior da célula de


negativo para positivo, e o exterior, de positivo para negativo (despolarização).
Essa diferença de potencial elétrico gera:

CORRENTE ELÉTRICA
Disseminação de Impulsos
• O impulso propagado trafega ao longo da membrana do nervo em direção ao SNC.

• A velocidade desse impulso difere, se é o nervo é mielinizado (bainha de mielina) ou não.


FIBRA NERVOSA

• Algumas fibras nervosas são cobertas por uma camada lipídica


isolante de mielina (individual por fibra).

• As fibras nervosas mielinizadas estão confinadas em camadas de


bainhas lipoproteicas de mielina enroladas em forma de espiral.

• Há constrições (nodos de Ranvier) localizadas em intervalos


regulares ao longo da fibra nervosa mielinizada. Nesses nodos, a
membrana do nervo está diretamente exposta ao meio
extracelular.

• As propriedades isolantes da bainha de mielina possibilitam que


um nervo mielinizado conduza impulsos de maneira muito mais
rápida que um nervo não mielinizado de tamanho igual.
Sem Mielina
Adaptado Malamed
Eletrofisiologia da Condução Nervosa

• Um nervo possui um potencial em repouso.

• Este é um potencial elétrico negativo de –70mV que existe através da membrana nervosa, sendo
produzido por diferentes concentrações de íons em cada lado da membrana.

• O interior do nervo é negativo em relação ao exterior.


Eletroquímica da Condução Nervosa
A condução nervosa depende de dois fatores importantes:

1. Da concentração de eletrólitos no interior da célula nervosa e nos líquidos extracelulares e;

2. Da permeabilidade da membrana nervosa aos íons sódio e potássio.

• Esses gradientes iônicos diferem porque a


membrana nervosa exibe permeabilidade seletiva.
MEMBRANA CELULAR
Estado de Repouso

Em seu estado de repouso, a membrana nervosa se mostra:

• Discretamente permeável aos íons sódio (Na+)

• Livremente permeável aos íons potássio (K+)

• Livremente permeável aos íons cloreto (Cl–)


Excitação da membrana
Despolarização
A excitação de um segmento do nervo provoca aumento na permeabilidade da membrana celular aos íons sódio.
Excitação da membrana
Repolarização
• O potencial de ação é encerrado quando a membrana se repolariza, causado pela inativação do
aumento de permeabilidade ao sódio.

• Em muitas células, a permeabilidade ao potássio também aumenta, ocasionando a saída de K+ e


levando à repolarização mais rápida da membrana e ao retorno a seu potencial de repouso.
Adaptado Mallamed
Onde e como agem os Anestésicos Locais?

✓ A membrana nervosa é o sitio onde os anestésicos locais exercem suas ações


farmacológicas.

✓ Os anestésicos locais que são lipossolúveis, podem penetrar facilmente na parte


lipídica da membrana celular, interferindo no processo de excitação da membrana
nervosa.
“CLICK!”
Como Funcionam os Anestésicos Locais

✓ O bloqueio de condução, consiste em diminuir a


permeabilidade dos canais iônicos aos íons sódio (Na+).
ANESTÉSICO LOCAL
EXISTEM VÁRIAS TEORIAS SOBRE COMO AGEM OS ANESTÉSICOS

A teoria do receptor específico, a mais aceita hoje em dia,


propõe que os anestésicos locais agem ligando-se a receptores
específicos nos canais de sódio.
Assim que o anestésico local tem acesso aos receptores, a
permeabilidade aos íons sódio é diminuída ou eliminada e a
condução nervosa é interrompida.
ANESTÉSICOS LOCAIS

A ligação específica ocorre no meio


intracelular, por isso é necessário
que o anestésico local molecular
ultrapasse a membrana plasmática
para então bloquear os canais de
sódio
Adaptado Malamed
ANESTÉSICO LOCAL
Anestésicos locais BLOQUEIO TEMPORÁRIO

Interrupção
da condução
nervosa

Despolarização é o aumento da Impede


permeabilidade da membrana aos despolarização
íons sódio
NEUROANATOMIA
Nervo Trigêmeo
Anestesiologia
NERVO MAXILAR
✓ Origina-se no gânglio trigeminal deixa a
cavidade craniana pelo forame redondo
e entra na fossa pterigopalatina.

Nervo Maxilar
NERVO MAXILAR

✓ Segue a direção anterior penetrando na


órbita pela fissura orbitária inferior

✓ Seguindo para anterior até se exteriorizar


na face através do forame infraorbitário.

✓ Neste trajeto emite vários ramos.


Anestesiologia

NERVO MAXILAR:
✓ Alveolar póstero superior
✓ Infraorbitário
✓ Alveolar superior médio
✓ Alveolar superior anterior
✓ Palatino maior
✓ Nasopalatino
Ramos do Maxilar

✓ Alveolar superior posterior

✓ Infraorbital
✓ Alveolar superior médio
✓ Alveolar superior anterior

✓ Nervos do gânglio Pterigopalatino


✓ Nervo nasopalatino
✓ Nervo palatino maior
✓ Nervo palatino menor
Nervo alveolar superior
posterior
✓ Emerge pela fissura pterigopalatina e
penetra pela tuberosidade da maxila

✓ Inerva:

✓ Seio maxilar
✓ Dentes molares*

*Com exceção da raiz mésio-vestibular do


1º MS
Nervo infraorbital:

Penetra no canal infraorbitário e divide-se em:

✓ Alveolar superior médio*


Inerva os pré-molares e a raiz mesio vestibular *
1º molar superior.

✓ Alveolar superior anterior


Inerva os dentes anteriores
Nervo infraorbital:

Se exterioriza na face através do forame


infraorbital

Inerva região:

✓ Palpebral inferior

✓ Nasal lateral

✓ Labial superior
Gânglio pterigopalatino
(esfenopalatino)

✓ Está situado na fossa pterigopalatina,


lateral ao forame esfenopalatino,
abaixo do nervo maxilar.
Gânglio
Pterigopalatino
Ramos:

✓ Nervo nasopalatino

✓ Nervo palatino maior

✓ Nervo palatino menor

✓ Ramo faríngico

✓ Ramos nasais sup./inf. posteriores


Nervo nasopalatino
✓ Origem no gânglio pterigopalatino,
penetra no forame esfenopalatino,
desce pelo septo nasal até a porção
anterior do palato

✓ Exterioriza pelo forame incisivo e


inerva a porção anterior do palato
duro
Nervo palatino maior (A)
Gânglio pterigopalatino
✓ Origem no gânglio pterigopalatino,
desce através dos canais palatinos e
dá origem aos ramos nasais
inferiores posteriores (C).
A
✓ Emerge no palato através do forame
palatino maior, inervando o palato C B
duro.
Nervo palatino menor (B)
Gânglio pterigopalatino
✓ Percorre seu trajeto paralelo ao N.
palatino maior e emerge na cavidade
bucal a através do forame palatino
menor e inerva o palato mole e
tonsilas A
C B
NERVO MANDIBULAR
✓ O nervo mandibular tem origem no gânglio
trigeminal e se une com a raiz motora do
nervo trigêmeo.

✓ Sai da cavidade craniana pelo forame oval,


chegando a fossa infratemporal.

✓ Emitindo vários ramos


NERVO MANDIBULAR
Ramos:

✓ Nervo meníngeo
✓ Pterigoideo medial
✓ Nervo bucal
✓ Nervo massetérico
✓ Nervos Temporais profundos
✓ Nervo pterigoideo lateral
✓ Nervo auriculotemporal
✓ Nervo lingual
✓ Nervo alveolar inferior
Anestesiologia

NERVO MANDIBULAR
✓ Alveolar inferior
✓ Mentual*
✓ Lingual
✓ Bucal
Nervo Alveolar Inferior
✓ Desce anteriormente a artéria de mesmo nome,
passando entre o ligamento esfenomandibular e o
ramo ascendente da mandíbula.

✓ Penetra na mandíbula pelo forame mandibular


percorrendo o canal mandibular inervando os
dentes inferiores

✓ Na região de pré-molares emite um ramo que se


exterioriza através do forame mentual.
Nervo Alveolar Inferior
Emite os seguintes ramos:
✓ Milohioideo

✓ Dentais inferiores

✓ Mentual

✓ Incisivo
Nervo Alveolar Inferior

✓ Nervo mentual (A): emerge através


do forame de mesmo nome e inerva a
pele do mento e do lábio inferior.

✓ Nervo incisivo (B): inerva os dentes


anteriores, se anastomosa com o
nervo incisivo do lado oposto.

B
A
Nervo Lingual
✓ O nervo lingual está localizado
anteriormente ao nervo alveolar
inferior

✓ Passando entre o pterigoideo medial


e o ramo da mandíbula.

✓ Inerva a mucosa lateral e dorso do


2/3 anteriores da língua, mucosa
bucal região lingual, assoalho bucal
Nervo bucal:
✓ Envia fibras sensitivas a pele da
bochecha e mucosa gengival
vestibular.
Ótimo semestre!

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